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Universidade de Pernambuco - UPE

Campus Mata Norte - CMN


Geografia Urbana, 5° Período, 2023.1
Docente: Dr. Gevson Silva Andrade

Discente: Naiara Ferreira da Silva

RESENHA: AS DESIGUALDADES SOCIAIS PRESENTES NA CIDADE DO


RECIFE, PERNAMBUCO.

Os 4 (quatro) materiais audiovisuais trazem uma curta metragem, expondo de vários


aspectos, a desigualdade social que vão se interligando entre si, presente na cidade do Recife,
a capital do estado de Pernambuco, que de acordo com o censo do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) de 2022, possui 1.488.920 habitantes e vem crescendo cada vez
mais. Porém, esse crescimento ocorre cada vez mais de forma desigual, em que é perceptível
observar a disparidade da “qualidade” de vida que os demais grupos sociais possuem no
espaço, em que Roberto Lobato Corrêa vai discorrer sobre o espaço em seus livros “O espaço
Urbano” e “Geografia conceitos e temas”.
O primeiro vídeo intitulado “Recife frio”, lançado em 20 de novembro de 2009 foi
desenvolvido por Kleber Mendonça Filho, diretor, produtor, roteirista e crítico de cinema
brasileiro. Inicialmente é exibido um meteorito que caiu sobre o Recife acarretando em
diversos problemas de cunho social por causa das baixas temperaturas. O acontecimento é
visto de forma sobrenatural, porque a cidade é conhecida pelas altas temperaturas, e de
repente tudo está “congelado” fazendo com que até pinguins apareçam na região.
Ao analisar de forma minuciosa, é possível observar que a curta metragem traz na
verdade uma crítica à desigualdade social presente na população do Recife. Com a chegada do
frio, as pessoas que habitam em moradias precárias e moradores de ruas são os que mais
sofrem com a consequência desse mal planejamento do “Novo Recife” que tanto é discutido
ao longo do tempo.
É possível observar que por causa do frio, não é mais vantajoso morar em prédios
luxuosos à beira mar, por causa dos fortes ventos, assim como o exemplo apresentado, em que
um menino troca sua suite espaçosa pelo quarto da empregada, que possui espaço menor,
além de ser um ambiente quente e fechado.
Os vídeos denominados "Recife MD” e “Recife, cidade roubada” se interligam entre
si, onde um traz a visão positiva da implementação do Novo Recife e o segundo em
contrapartida apresenta o lado negativo e as consequências. Destaca-se a fala presente no
segundo curta metragem: “Nem tudo que é novo é bom, e nem tudo que é novo é novo. O
projeto Novo Recife nem é novo e nem é bom”. Ou seja, o novo só será bom para a população
rica, enquanto isso, a população pobre perde seu direito de aproveitamento do espaço público.
O terceiro documentário intitulado “Recife de Dentro para fora” foi dirigido por Kátia
Mesel em 1997, a partir do poema "O Cão sem Plumas" de João Cabral de Melo Neto e
musicado por Geraldo Azevedo, em que expõe os inúmeros aspectos do rio capibaribe, do
mar e do mangue trazendo sua relação inerente com a miséria e a cidade. Pode-se observar
como essas aŕeas foram poluídas ao decorrer do tempo.
Fazendo um paralelo com as obras de Roberto Lobato Corrêa é possível contemplar o
funcionamento da reprodução do espaço urbano, assim como é exposto pelo autor em sua
obra “Geografia Conceitos e Temas” que dispõe de concepções sobre o espaço por diversos
autores desde a Geografia Tradicional até a Geografia Humanista. Ao relacionar com os
documentários, percebe-se a concepção de espaço na geografia humanista/cultural, porque a
população de recife tem uma história, um apego cultural ao espaço, e quando se vem com
projetos que priorizem determinado espaço apenas para a classe média, ocorre uma exclusão
da população mais pobre e assim eles buscam pelos seus direitos de pertencimento daquele
local.
Sendo assim, nota-se quem são os produtores do espaço, como é disserto por Corrêa
(P.13-31, 1995), em seu livro “O espaço urbano” que existe desde ao proprietários, os donos
de empresas, de terras visando apenas no lucro e os excluídos que não possuem nem mesmo
condições para se ter uma moradia própria e consequentemente vão morar em áreas públicas e
privadas formando favelas com condições precárias. Um exemplo disso é o documentário
“Recife de dentro pra fora” que apesar de abordar a questão do rio capibaribe poluído,
também mostra as condições que essa parte da população está vivendo, como: lugares
poluídos, próximos a rios, mangues e etc.
Em síntese, todos os documentários trazem um problema central que a desigualdade
social e os lados negativos de expandir e construir áreas pensando apenas nas pessoas de
classe alta e assim fazendo comparação com as obras de Roberto Lobato Corrêa percebe-se
como a a forma de ocupação do espaço é importante e como a sociedade pode buscar pelos
seus direitos enquanto cidadãos.
REFERÊNCIAS

CASTRO, Iná Elias, GOMES, Paulo César da Costa, CORRÊA, Roberto Lobato (orgs.)
Geografia: Conceitos e Temas. 5ª edição. Bertrand: Rio de Janeiro, 2003.

CARVALHO, Ernesto. SAMPAIO, Leon. et al. Recife, Cidade Roubada (filme). Produção
Ocupe Estelista; 13 min; 30mm; Brasil - PE: 2014, Colorido. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=dJY1XE2S9Pk>. Acesso em: 24 Jul. 2023.

CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. 3ª Ed. São Paulo: Editora Ática
S.A, 1995.

MENDONÇA FILHO, Kleber. Recife frio (filme). Produção Cinemascópio Filmes e


Co-produção de Emilie Lesclaux; Direção, Roteiro e Fotografia de Kleber Mendonça Filho;
Montagem de Emilie Lesclaux e Kleber Mendonça Filho; 24 min; 35mm ; Brasil - PE: 2009,
Colorido. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=U9mu2TJ0scY>. Acesso em
24 Jul. 2023.

MESEL, Katia. Recife de dentro pra fora (Documentário). Produção Katia Mesel; 15min;
33mm; Brasil - PE: 1997, colorido. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=asULkiyJzrQ>. Acesso em: 24 Jul. 2023.

VURTO. Recife MD. Youtube, 8 nov. 2011. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=CRYHDRi9QRc>. Acesso em 24 Jul. 2023.

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