Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
UMA OBSERVAÇÃO
SOBRE A PRODUÇÃO DE CINEMA EM PERNAMBUCO E SUAS LEITURAS
GEOGRÁFICAS1
INTRODUÇÃO
1
Trabalho desenvolvido a partir da pesquisa individual do autor, assim como das atividades
desenvolvidas no Cineclube LECgeo, projeto de extensão vinculado ao LECgeo/UFPE (Laboratório de
Estudos sobre Espaço, Cultura e Política) sob coordenação do Prof. Dr. Caio Augusto Amorim Maciel.
2
Bolsista PIBIC/CNPq/UFPE e membro do LECgeo/UFPE. Desenvolve a pesquisa “A paisagem urbana
do Recife no olhar do cinema pernambucano: um estudo das imagens pela geografia cultural”.
condição na paisagem ali observada, sendo assim uma imensa gama de imagens no
espaço geográfico.
Então, percebendo as visualidades sobre a paisagem, nota-se inúmeras leituras
sobre este elemento tão importante para a geografia. Das primeiras pinturas rupestres,
que serviam de indicações de presença humana nos espaços pré-históricos, diversas
manifestações de recurso imagético surgiram para representar ou indicar ações sob a
dinâmica espacial. Dos mapas artísticos, utilizados em guerras antigas a filmes, a
geografia é visualizada da ação individual, refletida nas representações, até o seu
processo de criação no que tange a reprodução do espaço. Assim, temos na paisagem
uma extensão da experiência ontológica do que se observa, influenciada a partir das
representações e manifestações culturais incorporadas por cada indivíduo, tendo no olho
seu principal recurso de captação dos sentidos visíveis.
Neste sentido, encontramos uma “sociedade inundada pela produção de
imagens” (MACIEL, 2004, p. 37), o que nos indica uma vasta produção de imagens
propiciada com a intensa reprodução tecnológica de dispositivos imagéticos. Sendo
assim, considera-se que:
A imagem desperta interesse na geografia uma vez que
sua emergência e interpretação seriam elementos produtores e
diferenciadores da cultura, instituindo territórios que são ao
mesmo tempo um estímulo à ação humana sobre a natureza e
um exemplo de constituição identitária, incluindo perspectivas
como as de classe e demais divisões sociais (MACIEL;
GONÇALVES; PEREIRA, 2012, p. 06).
3
Vide por exemplo recente matéria no site UOL sobre a indicação, pelo governo brasileiro, de O Som ao
Redor para concorrer ao Oscar 2013: “Nos últimos 12 meses, as produções do estado ganharam mais
como produto, o cinema realizado em Pernambuco permite dialogar com temas
universais, transpondo a barreira do nacionalismo, característica presente em outras
fases do cinema mundial e fortemente presente na cultura do recente ciclo
pernambucano. Assim, podemos afirmar que essa nova safra do cinema feito em
Pernambuco ultrapassa as fronteiras nacionais e regionais, no que tange os elementos
presentes na obra de arte, ao discutir temas complexos em escalas macroespaciais
(FRANÇA, 2003).
OBJETIVOS
destaque ao conquistar vários prêmios dos festivais mais importantes do Brasil. "O Som ao Redor", de
Kléber Mendonça Filho, foi o vencedor do Prêmio Redentor da Première Brasil, no Festival do Rio 2012,
"Era uma vez eu, Verônica", de Marcelo Gomes, e "Eles Voltam", de Marcelo Lordello, dividiram o
Candango de Melhor Filme no Festival de Brasília. A conquista mais recente foi de "Tatuagem", estreia
de Hilton Lacerda na direção, que ficou com o Kikito de Melhor Filme no Festival de Gramado deste
ano”.
Fonte: http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2013/09/20/disputar-vaga-no-oscar-da-valor-ao-filme-
diz-diretor-de-o-som-ao-redor.htm, acessado em 10/10/2013.
diferentes perspectivas4, de modo que o campo estudo nesta temática mostra-se fértil no
que tange as representações iconográficas sobre a o espaço geográfico. Ressalta-se que
o estudo objetiva discutir e analisar obras da cinematografia pernambucana que tragam
os elementos da cidade em sua narrativa, provocando uma discussão em torno da
paisagem urbana do Recife. Ainda, propõe-se um estudo de imagens calcado nas bases
teóricas do campo da geografia cultural que compreendemos como melhor referente
teórico para o estudo sobre imagens na geografia.
METODOLOGIA
4
Ver trabalhos de AZEVEDO (2009), MAIA FILHO (2008), COSTA (2005) e OLIVEIRA JÚNIOR
(2012).
(2004), Paul Claval (1999), dentre outros. Ainda, refletindo sobre os conceitos pensados
para o norte desta pesquisa, compreendemos como elemento de importância maior a
utilização e apropriação do conceito de paisagem sob a perspectiva da geografia
cultural.
RESULTADOS PRELIMINARES
Para tanto, o percurso que adotamos até o momento como atividade de campo
que consiste no acompanhamento de obras lançadas durante o ano de 2013 pela
cinematografia pernambucana, através de festivais de cinema ou lançamentos no circuito
comercial de exibição. Nisso, percebemos da observação do público o estranhamento e
reconhecimento de si dentro de algumas filmografias produzidas em Pernambuco. Ainda,
de acordo com certos momentos, a recepção ultrapassa os limites do reconhecimento do
outro chegando a momentos de euforia, caso visto no curta “Em Trânsito” (2013).
Consideramos a ocasião como momento marcante na discussão em torno de um projeto
de cidade. Certa vez que o próprio autor, o diretor Marcelo Pedroso, tenha em sua
filmografia filmes que remetam a discussão política, a ocasião marca como ponto central
a discussão em torno da cidade. Ainda, percebemos que a maneira como a imagem
reverbera nas pessoas através dos dispositivos sensoriais que o cinema oferece repercute
diretamente com a sua atuação enquanto sujeito da cidade. Portanto, nos evidencia cada
vez mais o que Turner se refere ao cinema como prática social quando presenciamos tais
situações vividas durante o trabalho de campo. Podemos relacionar esse tipo de
observação aos estudos de comunicação de massa e relacioná-los a reprodução do espaço
geográfico por compreendermos o papel da imagem como mediador do moderno e do
retrógrado, ou seja, a imagem legitima o discurso do seu autor de acordo com o contexto
histórico ao qual se reproduz a imagem e a sua intencionalidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TURNER, Graeme. Cinema como Prática Social. São Paulo: Summus Editorial, 1997.
WYLIE, John. Landscape. Routledge: London, 2007.
FILMOGRAFIA