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Edição Berg&Steigen 3/2000

Tempos modernos para


cordas de escalada
As nossas cordas são mais resistente do que
pensamos.

...unidos na vida e na morte pela corda” - é rompimento de corda na Alemanha e


o refrain de uma canção tradicional de áustria; felizmente o montanhista
montanhistas. Realmente existem poucos sobreviveu. Razão foi a queda sobre um
equipamentos que definem tão claro a canto de rocha afiado. Hoje em dia, isto
palavra “segurança” como a corda. Essa é a única causa possível para o
posição central dentro do montanhismo é rompimento de uma corda. Nenhuma
de tanta importância que a primeira norma corda pode mais romper quando forcado
da UIAA era a das características de uma num freio, mosquetão ou nó. Isto é valido
corda de montanhismo. tanto para uma corda pouco usada como
para uma de 15 anos de uso (comprovado
De Sisal para Poliamida em varias pesquisas).

O medo de um rompimento da corda é Mas, essa constatação precisa ser limitada:


natural mas, hoje em dia não existe mais
Com o uso diminue a capacidade da corda
razão para isto. Esse medo remonta dos
de “trabalhar” quando sendo forcado sobre
tempos da corda de sisal, que terminou em
um canto. Uma corda muito usada tem uma
meados dos anos cinquenta com a capacidade de resistir a um canto, menor
introdução das cordas de náilon
do que uma corda pouco usada e uma
(poliamida). Cordas de sisal molhadas
corda nova resiste mais do que uma pouco
secaram apenas externamente no interior
usada. Numa queda onde a corda esta
permaneceram úmidas e apodreceram por
sendo forcada sobre um canto afiado resta
dentro. Era possível romper uma corda de
apenas a esperança, a esperança que ela
sisal apodrecida de 16 mm com as mãos.
aguenta ou que o escalador não esteja
Na época das cordas de fibras naturais
muito pesado ou que a queda esteja
eram comum acidentes fatais por causa de
pequena (fator de queda menor).
rompimento de corda. Estatisticamente essa esperança esta
praticamente sempre atendida.
Tempos modernos Rompimentos são muito raro também em
outros países. Conhecemos apenas um
Felizmente esse tempo acabou. Nos caso entre os montanhistas italianos e um
últimos 18 anos aconteceu apenas um entre os tchecos; em ambos a causa era
queda sobre um canto afiado. Caneta piloto

Arqui-inimigo Acido Até onde canetas piloto podem diminuir a


resistência de cordas examinamos apenas
Como já foi conhecido, qualquer acido num caso. Também não adianta averiguar
prejudica cordas. Nos últimos 18 anos todas as canetas comercializadas pois cada
aconteceram 4 rompimentos de corda entre momento o fabricante pode mudar a
escaladores alemães e austríacos; por composição da tinta. No mencionado caso
influência de acido sulfúrico (acido de testamos uma caneta piloto produzido nos
bateria de carro). Temos conhecimento de EUA que, segundo o fabricante, seria
um rompimento de corda por contaminação inofensivo a cordas. O resultado da nossa
com acido, na Inglaterra, nos EUA e no pesquisa mostrou uma diminuição de
Canada. resistência da corda de até 65% . O que
significa que a descrição do fabricante
estava incorreto mas, mesmo assim a
corda não ia romper a não ser que, o lugar
da marcação cairá durante uma queda
sobre um canto. Um risco muito remoto, já
que uma marcação não passa de 2 – 3 cm.

Acidos acabam com qualquer corda !

Gasolina e Diesel não prejudicam. Nos


deixamos cordas uma noite inteira em
Gasolina e Diesel e avaliamos as cordas
depois de uma semana. Gordura ou óleo
também não prejudicam porém, permitem
Sem perigo..
que poeira e microcristais aderem na corda.
Com o tempo os microcristais de rocha
causam lesões dos filamentos da corda. A ....paga uma cerveja
corda não vai romper por esta razão, a não
ser que aquela parte da corda esteja sendo Uma regra tradicional diz : Quem pisa na
forçado, durante uma queda, sobre um corda paga uma cerveja ! É bom assim pois
canto. Nesse caso a corda pode romper escaladores costumam ter sede. Mas, pisar
com um fator de queda menor . na corda não vai danificar-la; nem
machucando a capa. Isto vale também para
Petróleo, álcool e vinagre (até 80% de crampons. É muito difícil danificar uma
essência ) não danificam cordas. Agua do corda pisando nela, mesmo com crampons.
mar também é inofensivo porém, ao secar Quem não acredite pode testar isto com
depositarão se cristais de sal na corda com uma corda antiga; mesmo com a corda
a mesma influência menosprezível de deitada no gelo ou rocha, pisando nela
poeira. Urina diminue a resistência da corda propositalmente é praticamente impossível
em torno de 15%, no caso de algumas danificar-la. As lesões, caso consegue
gotas e até 30% quando a corda foi realmente danificar-la, não comprometem a
depositada numa balde com urina a noite resistência da corda. Nos deitamos cordas
toda; como nos fizemos mas, como em cima de rocha e pisamos nelas vestindo
nenhuma pessoa normal faria. crampons e percebemos que as pontas dos
crampons nem penetraram nas cordas.
Mesmo quando usamos no laboratório um canto de uma rocha durante uma queda,
martelo para fazer a ponta do crampon ela não pode romper, nem que seja uma
atravessar a corda, não conseguimos corda de 15 anos. Em contrapartida, a
diminuir com isso a resistência da corda. corda mais nova pode-se romper na
Ela suportou o mesmo número de quedas primeira queda quando esteja forçada
UIAA como cordas novas. É claro que a sobre um canto afiado. Uma queda assim já
ponta do crampon deve ter cortado aconteceu. Na Laserzwand, em 1981
algumas centenas de fibras da corda mas, (Rocha nos Dolomites austríacos - Altitude
como a alma de uma single rope (corda 2614 m - com vias de mais de 400 m )
única) contem 65000 fibras, correspondem rompeu-se uma corda nova por queda
1300 fibras rompidas apenas 2 %. Esses 2 sobre um canto de rocha durante uma
% não comprometem a resistência nem queda com fator 2; o montanhista não
quando submetida a uma queda UIAA sobreviveu. Isso mostra a inutilidade de
(Fator 1,7).Mas, quando nos afiamos as informações sobre a expectativa de vida de
pontas dos crampons - como alguns cordas.
escaladores de gelo fazem – e repetimos o
experimento, registramos uma diminuição
de resistência de 50 % . E mesmo assim a
corda não ia romper na pratica, a não ser o
lugar da lesão cairá durante uma queda
sobre um canto. Nesse caso a corda podia
romper numa queda com 50 % menos
energia de queda. A probabilidade de uma
queda assim é remota .

Combustivel não prejucica

Quem não confia mais na sua corda, que


use-la para escalar em Toprope, ela não vai
romper nem com a capa muito judiada.
Quero dizer com isto que é possível usar
uma corda em Toprope até a capa esteja
cortada. Nas montanhas altas onde
precisamos contar mais com o risco de
A ponta de um crampon atravessa a corda
rochas afiadas, do que nas vias esportivas,
sem diminuir a resistência.
recomendo o uso de corda gêmea (2 x 8
mm) ou dupla (2 x 9 mm). A corda dupla ou
Expectativa de vida gêmea apresenta vantagens em relação a
segurança, caso uma das cordas seja
Segundo as normas europeias sobre cortada.
equipamento de segurança pessoal , cada
fabricante de cordas deve especificar a
durabilidade do produto. As indicações
mais comuns se apresentam mais ou Autor : Pit Schubert
menos assim : Uso ocasional 4 à 5 anos, Pit Schubert, 63 anos, é Presidente da
uso regular 2 anos, uso frequente 1 ano ou comissão de segurança da UIAA como também
menos. Independente da pergunta o que há 28 anos do DAV ( Deutscher Alpen Verein –
quer dizer “frequente”, as informações Associação Alemã de Alpinismo )
sobre a vida útil de uma corda não tem
nenhum valor pratico pois, enquanto uma
corda não esteja sendo forçado sobre o

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