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edvaldo
Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e
lealíssimo, com um defeito apenas: não dá o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a
coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir ser alguma coisa. E por muito tempo
não quis nem se quer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua
Itaoca.
Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons – agora só um e bem
ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório.
Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho.
Decididamente a minha Itaoca está se acabando...
João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas para isso necessitava de um
fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto
ou arranjo possível.
– É isto, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale
mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso
homem recebeu a notícia como se fosse porretada no crânio. Delegado, ele! Ele que não era
nada, nunca fora nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada...
Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É
o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o
governo. Uma coisa colossal ser delegado – e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!...
João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando
as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.
Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.
– Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
– Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
– Mas, como? Agora que você está delegado?
– Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro mais.
Adeus.
E sumiu.
01 – Na frase “... O mais pacato e modesto dos homens” a forma adjetival está no grau
A) Comparativo de superioridade.
B) Superlativo relativo de superioridade.
C) Superlativo absoluto analítico.
D) Superlativo absoluto sintético.
A) São formas sintéticas das expressões “muito honesto”, “muito leal” e “muito sério”
respectivamente.
B) É o diminutivo de honesto, leal e sério respectivamente.
C) É o aumentativo de honesto, leal e sério respectivamente.
D) Todas são formas eruditas dos substantivos.
03. Na frase “Nunca fora nada na vida”, a forma grifada está conjugada no
A) Pretérito-perfeito do indicativo.
B) Pretérito imperfeito do indicativo.
C) Pretérito-mais-que-perfeito do indicativo.
D) Pretérito-imperfeito do subjuntivo.
04. A forma verbal grifada na frase “Nunca fora nada na vida” poderia ser substituída sem
prejuízo morfológico ou semântico por
A) havia sido.
B) tem sido.
C) tivesse sido.
D) tiver sido.
06. No trecho ‘que vai à capital falar com o governo”, o acento grave
A) iniciam o discurso-indireto.
B) têm como objetivo marcar o discurso direto.
C) intercalam trechos em que se pretende dar ênfase.
D) isolam elementos explicativos.
08. Os termos grifados no trecho “Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não
vale mais nada de nada”
09. Passando a frase “João Tenório foi visto por um amigo madrugador” para voz ativa, teríamos
o seguinte trecho
10. No período “É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à
capital falar com o governo.”, sobre os termos em destaque podemos afirmar corretamente
11. No texto, qual a grande “novidade” que acabou assustando o personagem principal?
12 – Na frase “Uma coisa colossal ser delegado”, a palavra destacada tem o significado igual a:
A) pequena
B) fraca
C) grandiosa
D) inútil
13. No parágrafo “ Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir ser alguma coisa. E
por muito tempo não quis nem se quer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.”
14. A respeito da frase “Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima.” Marque a
opção incorreta
A) Puramente argumentativa.
B) Estritamente dissertativa.
C) de natureza narrativa.
D) Apenas descritiva.
TEXTO II
“Vamos admitir que o estudante se encontre diante da página em branco”, de lápis e papel em
punho, a esperar que as ideias lhe jorrem da mente com ímpeto proporcional à sua ansiedade.
É um momento de transe em que estão sujeitos todos os que ainda não adquiriram o
desembaraço natural advindo da prática diuturna de escrever (transe e aflição traduzidos em
mordiscar a ponta do lápis). O assunto sobre o qual se propõe a escrever é vago, não depende
de pesquisa, mas apenas da experiência e das vivências. E agora?
Vejamos como resolver isso, mediante a sábia lição do professor Júlio Nogueira: “O assunto é
um desses temas abstratos, que nos aparecem áridos, avaros de ideias: a amizade, por
exemplo.”
Que dizer sobre a amizade? Como encher tantas linhas, formando períodos sobre períodos,
se as ideias nos escapam, se a imaginação está inerte, se nada encontramos no cérebro que
nos pareça digno de ser expresso de forma agradável e, sobretudo, correta? Antes de tudo, se
nosso estado de espírito é de perplexidade, se nos domina essa preocupação pungente, esse
desânimo de chegar a um resultado satisfatório, o que devemos fazer é não começar a tarefa
imediatamente. Em vez de lançar a esmo algumas frases inexpressivas no papel, devemos
refletir, devemos nos concentrar. Uma quarta parte do tempo de que dispomos deve ser
destinada a metodizar o assunto, a dividi-lo nos pontos que comporta.
(Othon Garcia. Comunicação em Prosa Moderna)
a) sair calmamente
b) sair de forma organizada
c) sair com grande força
d) sair piedosamente
19. “Em vez de lançar a esmo algumas frases inexpressivas no papel...”. A expressão em
destaque pode ser substituída sem alteração semântica por:
a) ao acaso
b) com violência
c) sistematicamente
d) coerentemente
A) Penetrante.
B) Agudo.
C) Intenso.
D) Brando´
TEXTO III
Aldo Bizzocchi, doutor em Linguística, aborda em um de seus textos o mito “de que aumentativos
representam coisas grandes, e diminutivos, coisas pequenas”. “Fogão” não é um fogo grande;
“balão” não é uma bala gigante; “escrivaninha” não é uma escrivã de baixa estatura nem
“cubículo” um cubo pequeno. Além desses casos extremos de aumentativos e diminutivos
puramente formais, existem muitos outros (a maioria) que revelam muito menos o tamanho do
objeto do que nosso estado de espírito em relação a ele. Meu “filhinho” pode ter 1,90 m de altura,
meu “brinquedinho” pode ser uma Ferrari, meu “cãozinho” pode ser um mastim napolitano Em
compensação, uma mulher não precisa ser alta nem gorda para ser um “mulherão”. (Aliás, esse
adjetivo raramente se aplica a mulheres gordinhas.) Às vezes, um diminutivo é aumentativo:
“rapidinho” é muito rápido, “cedinho” é bem cedo, um sujeito “espertinho” é o mesmo que um
“espertalhão”.
d. ao contrário do que se aprende na escola, aumentativos não designam coisas grandes, nem
diminutivos, coisas pequenas.
“Em compensação, uma mulher não precisa ser alta nem gorda para ser um “mulherão”. (Aliás,
esse adjetivo raramente se aplica a mulheres gordinhas.) Às vezes, um diminutivo é aumentativo:
“rapidinho” é muito rápido”.
a) Os parênteses isolam parte do texto que contém uma crítica às mulheres muito gordas.
d) O autor empregou aspas (em todo o texto e nesse fragmento) para acentuar os aumentativos
e diminutivos que analisa.
a) Vocativo.
b) Aposto.
c) é facultativo.
a) pronome relativo.
b) conjunção integrante.
c) sujeito.
d) objeto direto.
c) Abordou-se o mito.
d) Abordaram o mito.
a) Manzorra.
b) Patorra.
c) Pedregulho.
d) Homúnculo.
a) Pretenção.
b) coerção.
c) ascenção.
d) compreenção.
d) Estuda, rapaz!
d) é impessoal.