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UMA DISSERTAÇÃO
Professor Raphael Alves
1- Lugares-comuns ou clichês:
Não há nada mais desgastante para um texto do que o
costume de repetir infinitamente os chamados clichês. Fuja disso,
forme opiniões próprias com expressões também suas, que
carreguem os seus pontos de vista de maneira absolutamente
particular quando articulados. O clichê pode se manifestar das
seguintes maneiras:
1. Frases prontas: são as frases e construções repetidas à exaustão.
Exemplos: fechar com chave de ouro, obra faraônica, voltar à
estaca zero, era uma vez. Também são incluídos os ditos populares,
como “a pressa é inimiga da perfeição”.
2. Expressões: não necessariamente são escritas sempre do mesmo
modo, mas a ideia é sempre a mesma. Exemplos: a população
precisa ser conscientizada, a natureza deve ser preservada, o
homem deve parar de fazer guerras.
3. Senso comum: são as ideias prontas, já muito batidas, mas
transmitidas como verdade incontestável. Exemplo: todos os
políticos são corruptos, asiáticos são inteligentes. É preciso ficar
atento, porque às vezes o senso comum e a generalização podem
reproduzir preconceitos: muçulmanos são terroristas, portugueses
são burros, mulheres dirigem mal.
2- Linguagem coloquial e abstrações grosseiras:
Você já ouviu falar que a teoria na prática é outra, não
ouviu? Pois, então, acrescente a isso uma outra circunstância
também já citada: falar é uma coisa e escrever é outra,
completamente diferente. Você já leu que, às vezes,
carregamos os vícios da fala para o texto que estamos
escrevendo. Evite isso, vigie-se constantemente. Observe os erros
mais frequentes:
a) Se o apagão vai vir para ficar… (Se o apagão virá…).
b) O presidente pegou e pensou que o povo brasileiro era burro.
(O presidente pensou (imaginou) que o povo brasileiro fosse…).
c) A nível de competência, João é muito mais que José. (João é
mais competente que José. A expressão a nível de jamais deve
ser usada como ordem indicadora ou comparativa).
d) Com a derrota da inflação, o povo ficou hiperfeliz. (… ficou
demasiadamente feliz).
e) E as deploráveis expressões coloquiais: isto quer dizer
que… isto significa que… que podem ser vastamente usadas na
fala (os professores usam muito, observe), mas são condenadas
na escrita.
3- Verdades evidentes (os conhecidos truísmos):
Os chamados truísmos são denunciadores, em primeiro
lugar, da fragilidade de nossas ideias, que se deixam assentar
sobre o óbvio; em segundo, denunciam o uso do senso
comum, das obviedades constantes que ouvimos. Veja os
exemplos:
• “O primeiro turno das eleições brasileiras acontece sempre
em outubro…”
• “Os homens, que são animais racionais…”