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Pensando na dimensão técnica, que teve seu auge durante a ditadura militar, o
professor caixa postal é o que mais se encaixa. Isso porque ele estabelece um
distanciamento entre a prática musical e a realidade cultural dos alunos; é aquele
que tem um método mais "tradicional", focado em teorias, ditando o que deve, ou
não, ser passado para o aluno. É a partir de um pensamento enraizado que ele
acredita poder ditar o que é "bom" e o que vale a pena ser ensinado em sala de aula.
Tudo isso vai de encontro com o que Gandelman se refere como gênero estudo:
Ainda nesse mesmo viés, temos, durante a década de vinte, o surgimento da Escola
Nova: focada nas necessidades da criança, questionando a passividade imposta ao
discente. Portanto, ela surgiu com uma ideia muito semelhante às do professor
jardineiro e do agente cultural: eliminar esse método de ensino tão enraizado, a
partir de outros métodos mais ativos, que valorizam uma maior participação dos
estudantes em sala de aula. Com esse preceito, junto à Escola Nova, também surgiu
a didática fundamental, sempre com o foco na transformação e na não-
conformação.
Trabalhar, portanto, com essa diversidade de gostos e saberes, é trazer, para dentro
da sala de aula, o olhar e os conhecimentos daquele aluno, fazendo-o emergir
naquele espaço, de uma forma que vai muito além de ouvir teorias. Inclusive, o texto
"Diversidade musical e desigualdade social" faz um alerta a respeito: “Embora isso
possa parecer óbvio, promover a diversidade das expressões não é tocar repertórios
estrangeiros ou exóticos.” (LINS, p. 117)
Vera Candau também trata sobre esse ponto em seu texto “Multiculturalismo e
educação: desafios para prática pedagógica”:
Seguindo, também temos a didática crítica, que tem como seu principal norteador o
compromisso com a transformação social. Dentre as suas definições de professor,
temos o “professor pesquisador” e o “militante”, uma clara referência a Paulo Freire.
Sua importância, claro, é indiscutível: visa o ensinar sobre os interesses de classes
populares, através da democratização real da escola pública, com o intuito de gerar
a transformação das relações de opressão e dominação.
Um fato que me marcou foi que, durante uma das nossas discussões em sala de
aula sobre didática, uma estudante do curso de Educação Física pontuou que havia
um certo "descuido" com o ensino de esportes na região em que ela mora, por ser
uma área rural, que é tradicionalmente posta à margem de diversos projetos sociais
– até mesmo de mobilidade, visto que a mesma citou que é comum moradores
precisarem andar a cavalo para fazer suas atividades diárias. Ela ainda confessou
sentir falta de um projeto de esporte que mostre e incentive os moradores locais,
apresentando possibilidades de crescimento no meio em que vivem. Então, um
questionamento que fica é: como criar projetos que considerem aquela realidade?
Para isso, a didática tem seus conceitos técnicos, que servem para auxiliar na
melhor organização. São eles: