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l) Decreto-Lei n.o 69-A/87, de 9 de Fevereiro (lei p) Lei n.o 9/2000, de 15 de Junho (trabalhadores
do salário mínimo); destacados);
m) Decreto-Lei n.o 64-A/89, de 27 de Fevereiro (lei q) Decreto-Lei n.o 111/2000, de 4 de Julho (regu-
da cessação do contrato de trabalho e do con- lamentação da Lei n.o 134/99, de 28 de Agosto);
trato a termo); r) Decreto-Lei n.o 230/2000, de 23 de Setembro
n) Artigos 26.o a 30.o do Decreto-Lei n.o 358/89, (regulamentação do regime de protecção da
de 17 de Outubro (lei do trabalho temporário maternidade e da paternidade);
e da cedência ocasional); s) Decreto-Lei n.o 107/2001, de 6 de Abril (lei apli-
o) Decreto-Lei n.o 261/91, de 25 de Julho (lei da cável aos menores no que respeita aos trabalhos
pré-reforma); leves e actividades proibidas ou condicionadas);
p) Decreto-Lei n.o 400/91, de 16 de Outubro (lei t) Lei n.o 96/2001, de 20 de Agosto (privilégios
do despedimento por inadaptação); creditórios);
q) Decreto-Lei n.o 404/91, de 16 de Outubro (tra- u) Decreto-Lei n.o 58/2002, de 15 de Março (admis-
balho em comissão de serviço); são de trabalho de menores);
r) Decreto-Lei n.o 5/94, de 11 de Janeiro (obri- v) Decreto Regulamentar n.o 16/2002, de 15 de
gação de informação); Março (formação profissional de menores);
s) Decreto-Lei n.o 88/96, de 3 de Julho (lei do x) Lei n.o 40/99, de 9 de Junho (conselhos de
subsídio de Natal); empresa europeus).
t) Lei n.o 21/96, de 23 de Julho (redução dos perío-
dos de trabalho e polivalência); 3 — O regime sancionatório constante do livro II não
u) Lei n.o 38/96, de 31 de Agosto (regras sobre revoga qualquer disposição do Código Penal.
cessação por mútuo acordo e por rescisão do
trabalhador e sobre contrato a termo); Aprovada em 15 de Julho de 2003.
v) Lei n.o 73/98, de 10 de Novembro (organização
do tempo de trabalho); O Presidente da Assembleia da República, João Bosco
x) Lei n.o 36/99, de 26 de Maio (participação das Mota Amaral.
associações de empregadores na elaboração da
legislação do trabalho); Promulgada em 4 de Agosto de 2003.
z) Lei n.o 103/99, de 26 de Julho (trabalho a tempo Publique-se.
parcial);
aa) Lei n.o 116/99, de 4 de Agosto (contra-orde- O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
nações laborais);
ab) Lei n.o 81/2001, de 28 de Julho (quotizações Referendada em 8 de Agosto de 2003.
sindicais).
O Primeiro-Ministro, José Manuel Durão Barroso.
2 — Com a entrada em vigor das normas regulamen-
ANEXO
tares são revogados os seguintes diplomas:
CÓDIGO DO TRABALHO
a) Decreto-Lei n.o 215-B/75, de 30 de Abril (lei
sindical);
b) Lei n.o 46/79, de 12 de Setembro (lei das comis- LIVRO I
sões de trabalhadores);
c) Decreto-Lei n.o 392/79, de 20 Setembro (igual- Parte geral
dade e não discriminação em função do sexo);
d) Lei n.o 4/84, de 5 de Abril (lei de protecção
da maternidade e da paternidade), com a nume- TÍTULO I
ração e redacção constantes da Lei n.o 70/2000,
de 4 de Maio; Fontes e aplicação do direito do trabalho
e) Lei n.o 17/86, de 14 de Junho (lei dos salários
em atraso); Artigo 1.o
f) Decreto-Lei n.o 396/91, de 16 de Outubro (tra- Fontes específicas
balho de menores);
g) Lei n.o 100/97, de 13 de Setembro (lei dos aci- O contrato de trabalho está sujeito, em especial, aos
dentes de trabalho e das doenças profissionais); instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho,
h) Lei n.o 105/97, de 13 de Setembro (igualdade assim como aos usos laborais que não contrariem o prin-
no trabalho e no emprego); cípio da boa fé.
i) Lei n.o 116/97, de 4 de Novembro (Estatuto do Artigo 2.o
Trabalhador-Estudante);
j) Lei n.o 20/98, de 12 de Maio (trabalho de Instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho
estrangeiros); 1 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de
l) Decreto-Lei n.o 143/99, de 30 de Abril (regu- trabalho podem ser negociais ou não negociais.
lamento dos acidentes de trabalho); 2 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de
m) Decreto-Lei n.o 219/99, de 15 de Junho (fundo trabalho negociais são a convenção colectiva, o acordo
de garantia salarial); de adesão e a decisão de arbitragem voluntária.
n) Lei n.o 58/99, de 30 de Junho (lei aplicável ao 3 — As convenções colectivas podem ser:
trabalho subordinado e regulamentação do
emprego de menores); a) Contratos colectivos — as convenções celebra-
o) Decreto-Lei n.o 248/99, de 2 de Julho (regu- das entre associações sindicais e associações de
lamento das doenças profissionais); empregadores;
5562 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
b) Acordos colectivos — as convenções celebradas 5 — Sendo aplicável a lei de determinado Estado, por
por associações sindicais e uma pluralidade de força dos critérios enunciados nos números anteriores,
empregadores para diferentes empresas; pode ser dada prevalência às disposições imperativas
c) Acordos de empresa — as convenções subscri- da lei de outro Estado com o qual a situação apresente
tas por associações sindicais e um empregador uma conexão estreita se, e na medida em que, de acordo
para uma empresa ou estabelecimento. com o direito deste último Estado essas disposições
forem aplicáveis, independentemente da lei reguladora
4 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de do contrato.
trabalho não negociais são o regulamento de extensão, 6 — Para efeito do disposto no número anterior deve
o regulamento de condições mínimas e a decisão de ter-se em conta a natureza e o objecto das disposições
arbitragem obrigatória. imperativas, bem como as consequências resultantes
tanto da aplicação como da não aplicação de tais
Artigo 3.o preceitos.
7 — A escolha pelas partes da lei aplicável ao contrato
Subsidiariedade de trabalho não pode ter como consequência privar o
Os instrumentos de regulamentação colectiva de tra- trabalhador da protecção que lhe garantem as dispo-
balho não negociais só podem ser emitidos na falta de sições imperativas deste Código, caso fosse a lei por-
tuguesa a aplicável nos termos do n.o 2.
instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho
negociais, salvo tratando-se de arbitragem obrigatória.
Artigo 7.o
Artigo 4.o Destacamento em território português
Princípio do tratamento mais favorável 1 — O destacamento pressupõe que o trabalhador,
contratado por um empregador estabelecido noutro
1 — As normas deste Código podem, sem prejuízo
Estado e enquanto durar o contrato de trabalho, preste
do disposto no número seguinte, ser afastadas por ins- a sua actividade em território português num estabe-
trumento de regulamentação colectiva de trabalho, salvo lecimento do empregador ou em execução de contrato
quando delas resultar o contrário. celebrado entre o empregador e o beneficiário da acti-
2 — As normas deste Código não podem ser afastadas vidade, ainda que em regime de trabalho temporário.
por regulamento de condições mínimas. 2 — As normas deste Código são aplicáveis, com as
3 — As normas deste Código só podem ser afastadas limitações decorrentes do artigo seguinte, ao destaca-
por contrato de trabalho quando este estabeleça con- mento de trabalhadores para prestar trabalho em ter-
dições mais favoráveis para o trabalhador e se delas ritório português e que ocorra nas situações contem-
não resultar o contrário. pladas em legislação especial.
Artigo 5.o
Artigo 8.o
Aplicação de disposições
Condições de trabalho
Sempre que numa disposição deste Código se deter-
minar que a mesma pode ser afastada por instrumento Sem prejuízo de regimes mais favoráveis constantes
de regulamentação colectiva de trabalho, entende-se que da lei aplicável à relação laboral ou previstos no contrato
o não pode ser por cláusula de contrato de trabalho. de trabalho e ressalvadas as excepções constantes de
legislação especial, os trabalhadores destacados nos ter-
mos do artigo anterior têm direito às condições de tra-
Artigo 6.o balho previstas neste Código e na regulamentação colec-
Lei aplicável ao contrato de trabalho tiva de trabalho de eficácia geral vigente em território
nacional respeitantes a:
1 — O contrato de trabalho rege-se pela lei escolhida
pelas partes. a) Segurança no emprego;
2 — Na falta de escolha de lei aplicável, o contrato b) Duração máxima do tempo de trabalho;
de trabalho é regulado pela lei do Estado com o qual c) Períodos mínimos de descanso;
apresente uma conexão mais estreita. d) Férias retribuídas;
3 — Na determinação da conexão mais estreita, além e) Retribuição mínima e pagamento de trabalho
de outras circunstâncias, atende-se: suplementar;
f) Condições de cedência de trabalhadores por
a) À lei do Estado em que o trabalhador, no cum- parte de empresas de trabalho temporário;
primento do contrato, presta habitualmente o g) Condições de cedência ocasional de trabalha-
seu trabalho, mesmo que esteja temporaria- dores;
mente a prestar a sua actividade noutro Estado; h) Segurança, higiene e saúde no trabalho;
b) À lei do Estado em que esteja situado o esta- i) Protecção da maternidade e paternidade;
belecimento onde o trabalhador foi contratado, j) Protecção do trabalho de menores;
se este não presta habitualmente o seu trabalho l) Igualdade de tratamento e não discriminação.
no mesmo Estado.
ritório de outro Estado, tanto num estabelecimento do legislação especial, os contratos que tenham por objecto
empregador como em execução de contrato celebrado a prestação de trabalho, sem subordinação jurídica, sem-
entre o empregador e o beneficiário da actividade, ainda pre que o trabalhador deva considerar-se na dependên-
que em regime de trabalho temporário, enquanto durar cia económica do beneficiário da actividade.
o contrato de trabalho e sem prejuízo de regimes mais
favoráveis constantes da lei aplicável à relação laboral
ou previstos contratualmente, tem direito às condições SECÇÃO II
de trabalho constantes do artigo anterior. Sujeitos
SUBSECÇÃO I
TÍTULO II Capacidade
Contrato de trabalho
Artigo 14.o
CAPÍTULO I Princípio geral
direito ao controlo dos respectivos dados pessoais, 2 — O disposto no número anterior não prejudica
podendo tomar conhecimento do seu teor e dos fins o poder de o empregador estabelecer regras de utili-
a que se destinam, bem como exigir a sua rectificação zação dos meios de comunicação na empresa, nomea-
e actualização. damente do correio electrónico.
5 — Os ficheiros e acessos informáticos utilizados
pelo empregador para tratamento de dados pessoais do SUBSECÇÃO III
candidato a emprego ou trabalhador ficam sujeitos à
legislação em vigor relativa à protecção de dados Igualdade e não discriminação
pessoais. DIVISÃO I
estejam impedidos ou inibidos totalmente de exercer 4 — O direito referido no número anterior pode
o poder paternal têm direito, alternativamente: estender-se aos casos em que não há lugar a amamen-
tação, quando a prática de horário organizado de acordo
a) A licença parental de três meses; com o regime de adaptabilidade afecte as exigências
b) A trabalhar a tempo parcial durante 12 meses, de regularidade da aleitação.
com um período normal de trabalho igual a
metade do tempo completo;
c) A períodos intercalados de licença parental e Artigo 46.o
de trabalho a tempo parcial em que a duração Trabalho suplementar
total da ausência e da redução do tempo de
trabalho seja igual aos períodos normais de tra- 1 — A trabalhadora grávida ou com filho de idade
balho de três meses. inferior a 12 meses não está obrigada a prestar trabalho
suplementar.
2 — O pai e a mãe podem gozar qualquer dos direitos 2 — O regime estabelecido no número anterior apli-
referidos no número anterior de modo consecutivo ou ca-se ao pai que beneficiou da licença por paternidade
até três períodos interpolados, não sendo permitida a nos termos do n.o 2 do artigo 36o
acumulação por um dos progenitores do direito do
outro. Artigo 47.o
3 — Depois de esgotado qualquer dos direitos refe- Trabalho no período nocturno
ridos nos números anteriores, o pai ou a mãe têm direito
a licença especial para assistência a filho ou adoptado, 1 — A trabalhadora é dispensada de prestar trabalho
de modo consecutivo ou interpolado, até ao limite de entre as 20 horas de um dia e as 7 horas do dia seguinte:
dois anos. a) Durante um período de 112 dias antes e depois
4 — No caso de nascimento de um terceiro filho ou do parto, dos quais pelo menos metade antes
mais, a licença prevista no número anterior é prorrogável da data presumível do parto;
até três anos. b) Durante o restante período de gravidez, se for
5 — O trabalhador tem direito a licença para assis- apresentado atestado médico que certifique que
tência a filho de cônjuge ou de pessoa em união de tal é necessário para a sua saúde ou para a do
facto que com este resida, nos termos do presente artigo. nascituro;
6 — O exercício dos direitos referidos nos números c) Durante todo o tempo que durar a amamen-
anteriores depende de aviso prévio dirigido ao empre- tação, se for apresentado atestado médico que
gador, com antecedência de 30 dias relativamente ao certifique que tal é necessário para a sua saúde
início do período de licença ou de trabalho a tempo ou para a da criança.
parcial.
7 — Em alternativa ao disposto no n.o 1, o pai e a 2 — À trabalhadora dispensada da prestação de tra-
mãe podem ter ausências interpoladas ao trabalho com balho nocturno deve ser atribuído, sempre que possível,
duração igual aos períodos normais de trabalho de três um horário de trabalho diurno compatível.
meses, desde que reguladas em instrumento de regu- 3 — A trabalhadora é dispensada do trabalho sempre
lamentação colectiva de trabalho. que não seja possível aplicar o disposto no número
anterior.
Artigo 44.o Artigo 48.o
Licença para assistência a pessoa com deficiência ou doença crónica Reinserção profissional
1 — O pai ou a mãe têm direito a licença por período A fim de garantir uma plena reinserção profissional
até seis meses, prorrogável com limite de quatro anos, do trabalhador, após o decurso da licença para assis-
para acompanhamento de filho, adoptado ou filho de tência a filho ou adoptado e para assistência a pessoa
cônjuge que com este resida, que seja portador de defi- com deficiência ou doença crónica o empregador deve
ciência ou doença crónica, durante os primeiros 12 anos facultar a sua participação em acções de formação e
de vida. reciclagem profissional.
2 — À licença prevista no número anterior é aplicável,
com as necessárias adaptações, inclusivamente quanto Artigo 49.o
ao seu exercício, o estabelecido para a licença especial Protecção da segurança e saúde
de assistência a filhos no artigo anterior.
1 — A trabalhadora grávida, puérpera ou lactante tem
direito a especiais condições de segurança e saúde nos
Artigo 45.o locais de trabalho, de modo a evitar a exposição a riscos
Tempo de trabalho para a sua segurança e saúde, nos termos dos números
seguintes.
1 — O trabalhador com um ou mais filhos menores 2 — Sem prejuízo de outras obrigações previstas em
de 12 anos tem direito a trabalhar a tempo parcial ou legislação especial, nas actividades susceptíveis de apre-
com flexibilidade de horário. sentarem um risco específico de exposição a agentes,
2 — O disposto no número anterior aplica-se, inde- processos ou condições de trabalho, o empregador deve
pendentemente da idade, no caso de filho com defi- proceder à avaliação da natureza, grau e duração da
ciência, nos termos previstos em legislação especial. exposição da trabalhadora grávida, puérpera ou lactante,
3 — A trabalhadora grávida, puérpera ou lactante tem de modo a determinar qualquer risco para a sua segu-
direito a ser dispensada de prestar a actividade em rança e saúde e as repercussões sobre a gravidez ou
regime de adaptabilidade do período de trabalho. a amamentação, bem como as medidas a tomar.
5568 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
b) Natureza, grau e duração da exposição aos agen- uma qualificação profissional bem como o menor que
tes físicos, biológicos e químicos; tenha completado a idade mínima de admissão sem ter
c) Escolha, adaptação e utilização de equipamen- concluído a escolaridade obrigatória ou que não possua
tos de trabalho, incluindo agentes, máquinas e qualificação profissional só podem ser admitidos a pres-
aparelhos e a respectiva utilização; tar trabalho desde que se verifiquem cumulativamente
d) Adaptação da organização do trabalho, dos pro- as seguintes condições:
cessos de trabalho e da sua execução;
a) Frequente modalidade de educação ou forma-
e) Grau de conhecimento do menor no que se
ção que confira a escolaridade obrigatória e uma
refere à execução do trabalho, aos riscos para
qualificação profissional, se não concluiu
a segurança e a saúde e às medidas de pre-
aquela, ou uma qualificação profissional, se con-
venção.
cluiu a escolaridade;
b) Tratando-se de contrato de trabalho a termo,
3 — O empregador deve informar o menor e os seus
a sua duração não seja inferior à duração total
representantes legais dos riscos identificados e das medi-
da formação, se o empregador assumir a res-
das tomadas para a prevenção desses riscos.
ponsabilidade do processo formativo, ou per-
4 — O empregador deve assegurar a inscrição do tra-
mita realizar um período mínimo de formação,
balhador menor ao seu serviço no regime geral da segu-
se esta responsabilidade estiver a cargo de outra
rança social, nos termos da respectiva legislação.
entidade;
5 — A emancipação não prejudica a aplicação das
c) O período normal de trabalho inclua uma parte
normas relativas à protecção da saúde, educação e for-
reservada à formação correspondente a pelo
mação do trabalhador menor.
menos 40 % do limite máximo constante da lei,
da regulamentação colectiva aplicável ou do
Artigo 54.o período praticado a tempo completo, na res-
Formação profissional
pectiva categoria;
d) O horário de trabalho possibilite a participação
1 — O Estado deve proporcionar aos menores que nos programas de educação ou formação pro-
tenham concluído a escolaridade obrigatória a formação fissional.
profissional adequada à sua preparação para a vida
activa. 2 — O disposto no número anterior não é aplicável
2 — O empregador deve assegurar a formação pro- ao menor que apenas preste trabalho durante as férias
fissional do menor ao seu serviço, solicitando a cola- escolares.
boração dos organismos competentes sempre que não 3 — O empregador deve comunicar à Inspecção-Ge-
disponha de meios para o efeito. ral do Trabalho, nos oito dias subsequentes, a admissão
de menores efectuada nos termos do número anterior.
Artigo 55.o
Artigo 57.o
Admissão ao trabalho
Formação e comunicação
1 — Só pode ser admitido a prestar trabalho, qualquer
que seja a espécie e modalidade de pagamento, o menor A concretização do disposto no n.o 1 do artigo ante-
que tenha completado a idade mínima de admissão, rior, bem como os incentivos e apoios financeiros à for-
tenha concluído a escolaridade obrigatória e disponha mação profissional dos menores, são objecto de legis-
de capacidades física e psíquica adequadas ao posto de lação especial.
trabalho. Artigo 58.o
2 — A idade mínima de admissão para prestar tra-
balho é de 16 anos. Celebração do contrato de trabalho
3 — O menor com idade inferior a 16 anos que tenha 1 — É válido o contrato de trabalho celebrado direc-
concluído a escolaridade obrigatória pode prestar tra- tamente com o menor que tenha completado 16 anos
balhos leves que, pela natureza das tarefas ou pelas de idade e tenha concluído a escolaridade obrigatória,
condições específicas em que são realizadas, não sejam salvo oposição escrita dos seus representantes legais.
susceptíveis de prejudicar a sua segurança e saúde, a 2 — O contrato celebrado directamente com o menor
sua assiduidade escolar, a sua participação em progra- que não tenha completado 16 anos de idade ou não
mas de orientação ou de formação e a sua capacidade tenha concluído a escolaridade obrigatória só é válido
para beneficiar da instrução ministrada, ou o seu desen- mediante autorização escrita dos seus representantes
volvimento físico, psíquico, moral, intelectual e cultural legais.
em actividades e condições a determinar em legislação 3 — A oposição a que se refere o n.o 1, bem como
especial. a revogação da autorização exigida no número anterior,
4 — O empregador deve comunicar à Inspecção-Ge- podem ser declaradas a todo o tempo, tornando-se efi-
ral do Trabalho, nos oito dias subsequentes, a admissão cazes decorridos 30 dias.
de menor efectuada nos termos do número anterior. 4 — Na declaração de oposição ou de revogação da
autorização, o representante legal pode reduzir até
Artigo 56.o metade o prazo previsto no número anterior, demons-
trando que tal é necessário à frequência de estabele-
Admissão ao trabalho sem escolaridade obrigatória
ou sem qualificação profissional
cimento de ensino ou de acção de formação profissional.
5 — O menor tem capacidade para receber a retri-
1 — O menor com idade inferior a 16 anos que tenha buição devida pelo seu trabalho, salvo quando houver
concluído a escolaridade obrigatória mas não possua oposição escrita dos seus representantes legais.
5570 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
1 — O período de trabalho diário do menor deve ser a) Em serviço doméstico realizado em agregado
interrompido por um intervalo de duração entre uma familiar;
e duas horas, por forma que não preste mais de quatro b) Numa empresa familiar e desde que não seja
horas de trabalho consecutivo, se tiver idade inferior nocivo, prejudicial ou perigoso para o menor.
a 16 anos, ou quatro horas e trinta minutos, se tiver
idade igual ou superior a 16 anos. 3 — Por instrumento de regulamentação colectiva de
2 — Por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, pode ser de um dia o descanso semanal do
trabalho pode ser estabelecida uma duração do intervalo menor com idade igual ou superior a 16 anos que tra-
de descanso superior a duas horas, bem como a fre- balhe em embarcações da marinha do comércio, hos-
quência e a duração de outros intervalos de descanso pitais e estabelecimentos de saúde, na agricultura,
no período de trabalho diário ou, no caso de menor turismo, hotelaria, restauração e em actividades carac-
com idade igual ou superior a 16 anos, pode o intervalo terizadas por períodos de trabalho fraccionados ao longo
ser reduzido até trinta minutos. do dia, desde que a redução se justifique por motivos
objectivos e o menor tenha descanso adequado.
Artigo 67.o
Artigo 69.o
Descanso diário
Descanso semanal em caso de pluriemprego
1 — O horário de trabalho de menor com idade infe-
rior a 16 anos deve assegurar um descanso diário mínimo 1 — Se o menor trabalhar para vários empregadores,
de catorze horas consecutivas, entre os períodos de tra- os descansos semanais devem ser coincidentes e a soma
balho de dois dias sucessivos. dos períodos de trabalho não deve exceder os limites
2 — O horário de trabalho de menor com idade igual máximos do período normal de trabalho.
ou superior a 16 anos deve assegurar um descanso diário 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, o
mínimo de doze horas consecutivas, entre os períodos menor ou, se este tiver idade inferior a 16 anos, os
de trabalho de dois dias sucessivos. seus representantes legais devem informar por escrito:
3 — Em relação a menor com idade igual ou superior
a 16 anos, o descanso diário previsto no número anterior a) O empregador, antes da admissão, da existência
pode ser reduzido por instrumento de regulamentação de outro emprego e da duração do trabalho e
colectiva de trabalho se for justificado por motivos objec- descansos semanais correspondentes;
tivos, desde que não afecte a sua segurança ou saúde b) Cada um dos empregadores, da duração do tra-
e a redução seja compensada nos três dias seguintes: balho e descansos semanais praticados ao ser-
viço dos outros.
a) Para efectuar trabalhos nos sectores do turismo,
hotelaria, restauração, em hospitais e outros 3 — O empregador que, sendo previamente infor-
estabelecimentos de saúde e em actividades mado nos termos do número anterior, celebre contrato
caracterizadas por períodos de trabalho frac- de trabalho com o menor ou que altere a duração do
cionados ao longo do dia; trabalho ou dos descansos semanais é responsável pelo
b) Na medida do necessário para assegurar os cumprimento do disposto no n.o 1.
intervalos de descanso do período normal de
trabalho diário.
Artigo 70.o
4 — O disposto no n.o 2 não se aplica a menor com Participação de menores em espectáculos e outras actividades
idade igual ou superior a 16 anos que preste trabalho
ocasional por prazo não superior a um mês ou trabalho A participação de menores em espectáculos e outras
cuja duração normal não seja superior a vinte horas actividades de natureza cultural, artística ou publicitária
por semana: é objecto de regulamentação em legislação especial.
a) Em serviço doméstico realizado em agregado
familiar; SUBSECÇÃO VI
b) Numa empresa familiar e desde que não seja
nocivo, prejudicial ou perigoso para o menor. Trabalhador com capacidade de trabalho reduzida
Artigo 71.o
Artigo 68.o
Princípio geral
Descanso semanal
1 — O empregador deve facilitar o emprego ao tra-
1 — O menor tem direito a dois dias de descanso, balhador com capacidade de trabalho reduzida, propor-
se possível consecutivos, em cada período de sete dias, cionando-lhe adequadas condições de trabalho, nomea-
salvo se, relativamente a menor com idade igual ou supe- damente a adaptação do posto de trabalho, retribuição
rior a 16 anos, razões técnicas ou de organização do e promovendo ou auxiliando acções de formação e aper-
trabalho a definir por instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho justificarem que o descanso sema- feiçoamento profissional apropriadas.
nal tenha a duração de trinta e seis horas consecutivas. 2 — O Estado deve estimular e apoiar, pelos meios
2 — O descanso semanal pode ser de um dia rela- que forem tidos por convenientes, a acção das empresas
tivamente a menor com idade igual ou superior a 16 anos na realização dos objectivos definidos no número
que preste trabalho ocasional por prazo não superior anterior.
a um mês ou trabalho cuja duração normal não seja 3 — Independentemente do disposto nos números
superior a vinte horas por semana, desde que a redução anteriores, podem ser estabelecidas, por lei ou instru-
5572 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
Artigo 108.o ou título com valor legal equivalente vier a ser retirado
Contratos a termo ao trabalhador, o contrato caduca logo que as partes
disso sejam notificadas pela entidade competente.
Nos contratos de trabalho a termo, o período expe- 3 — O disposto nos números anteriores não prejudica
rimental tem a seguinte duração: a aplicação de outras sanções previstas na lei.
a) 30 dias para contratos de duração igual ou supe-
rior a seis meses;
SECÇÃO VI
b) 15 dias nos contratos a termo certo de duração
inferior a seis meses e nos contratos a termo Invalidade do contrato de trabalho
incerto cuja duração se preveja não vir a ser
superior àquele limite.
Artigo 114.o
Artigo 109.o Invalidade parcial do contrato
1 — Cessando a causa da invalidade durante a exe- 1 — Sem prejuízo de outras obrigações, o trabalhador
cução do contrato, este considera-se convalidado desde deve:
o início.
a) Respeitar e tratar com urbanidade e probidade
2 — O disposto no número anterior não se aplica aos
o empregador, os superiores hierárquicos, os
contratos a que se refere o artigo anterior, em relação
companheiros de trabalho e as demais pessoas
aos quais a convalidação só produz efeitos a partir do
que estejam ou entrem em relação com a
momento em que cessar a causa da invalidade.
empresa;
b) Comparecer ao serviço com assiduidade e pon-
SECÇÃO VII tualidade;
c) Realizar o trabalho com zelo e diligência;
Direitos, deveres e garantias das partes d) Cumprir as ordens e instruções do empregador
em tudo o que respeite à execução e disciplina
SUBSECÇÃO I
do trabalho, salvo na medida em que se mostrem
Disposições gerais contrárias aos seus direitos e garantias;
e) Guardar lealdade ao empregador, nomeada-
Artigo 119.o mente não negociando por conta própria ou
Princípio geral
alheia em concorrência com ele, nem divul-
gando informações referentes à sua organiza-
1 — O empregador e o trabalhador, no cumprimento ção, métodos de produção ou negócios;
das respectivas obrigações, assim como no exercício dos f) Velar pela conservação e boa utilização dos bens
correspondentes direitos, devem proceder de boa fé. relacionados com o seu trabalho que lhe forem
2 — Na execução do contrato de trabalho devem as confiados pelo empregador;
partes colaborar na obtenção da maior produtividade, g) Promover ou executar todos os actos tendentes
bem como na promoção humana, profissional e social à melhoria da produtividade da empresa;
do trabalhador. h) Cooperar, na empresa, estabelecimento ou ser-
Artigo 120.o viço, para a melhoria do sistema de segurança,
higiene e saúde no trabalho, nomeadamente por
Deveres do empregador intermédio dos representantes dos trabalhado-
Sem prejuízo de outras obrigações, o empregador res eleitos para esse fim;
deve: i) Cumprir as prescrições de segurança, higiene
e saúde no trabalho estabelecidas nas disposi-
a) Respeitar e tratar com urbanidade e probidade ções legais ou convencionais aplicáveis, bem
o trabalhador; como as ordens dadas pelo empregador.
b) Pagar pontualmente a retribuição, que deve ser
justa e adequada ao trabalho; 2 — O dever de obediência, a que se refere a alínea d)
c) Proporcionar boas condições de trabalho, tanto do número anterior, respeita tanto às ordens e instruções
do ponto de vista físico como moral; dadas directamente pelo empregador como às emanadas
d) Contribuir para a elevação do nível de produ- dos superiores hierárquicos do trabalhador, dentro dos
tividade do trabalhador, nomeadamente pro- poderes que por aquele lhes forem atribuídos.
porcionando-lhe formação profissional;
e) Respeitar a autonomia técnica do trabalhador Artigo 122.o
que exerça actividades cuja regulamentação pro-
fissional a exija; Garantias do trabalhador
f) Possibilitar o exercício de cargos em organiza- É proibido ao empregador:
ções representativas dos trabalhadores;
g) Prevenir riscos e doenças profissionais, tendo a) Opor-se, por qualquer forma, a que o traba-
em conta a protecção da segurança e saúde do lhador exerça os seus direitos, bem como des-
trabalhador, devendo indemnizá-lo dos prejuí- pedi-lo, aplicar-lhe outras sanções, ou tratá-lo
zos resultantes de acidentes de trabalho; desfavoravelmente por causa desse exercício;
h) Adoptar, no que se refere à higiene, segurança b) Obstar, injustificadamente, à prestação efectiva
e saúde no trabalho, as medidas que decorram, do trabalho;
para a empresa, estabelecimento ou actividade, c) Exercer pressão sobre o trabalhador para que
da aplicação das prescrições legais e conven- actue no sentido de influir desfavoravelmente
cionais vigentes; nas condições de trabalho dele ou dos com-
i) Fornecer ao trabalhador a informação e a for- panheiros;
mação adequadas à prevenção de riscos de aci-
dente e doença; d) Diminuir a retribuição, salvo nos casos previstos
j) Manter permanentemente actualizado o registo neste Código e nos instrumentos de regulamen-
do pessoal em cada um dos seus estabelecimen- tação colectiva de trabalho;
tos, com indicação dos nomes, datas de nas- e) Baixar a categoria do trabalhador, salvo nos
cimento e admissão, modalidades dos contratos, casos previstos neste Código;
categorias, promoções, retribuições, datas de f) Transferir o trabalhador para outro local de tra-
início e termo das férias e faltas que impliquem balho, salvo nos casos previstos neste Código
perda da retribuição ou diminuição dos dias de e nos instrumentos de regulamentação colectiva
férias. de trabalho, ou quando haja acordo;
5578 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
Termo certo
Artigo 135.o
Preferência na admissão Artigo 139.o
Duração
1 — Até 30 dias após a cessação do contrato, o tra-
balhador tem, em igualdade de condições, preferência 1 — O contrato a termo certo dura pelo período acor-
na celebração de contrato sem termo, sempre que o dado, não podendo exceder três anos, incluindo reno-
empregador proceda a recrutamento externo para o vações, nem ser renovado mais de duas vezes, sem pre-
exercício de funções idênticas àquelas para que foi juízo do disposto no número seguinte.
contratado. 2 — Decorrido o período de três anos ou verificado
2 — A violação do disposto no número anterior obriga o número máximo de renovações a que se refere o
o empregador a indemnizar o trabalhador no valor cor- número anterior, o contrato pode, no entanto, ser
respondente a três meses de retribuição base. objecto de mais uma renovação desde que a respectiva
3 — Cabe ao trabalhador alegar a violação da pre- duração não seja inferior a um nem superior a três anos.
ferência prevista no n.o 1 e ao empregador a prova do 3 — A duração máxima do contrato a termo certo,
cumprimento do disposto nesse preceito. incluindo renovações, não pode exceder dois anos nos
casos previstos no n.o 3 do artigo 129.o, salvo quando
Artigo 136.o se tratar de trabalhadores à procura de primeiro
emprego cuja contratação a termo não pode exceder
Igualdade de tratamento 18 meses.
O trabalhador contratado a termo tem os mesmos Artigo 140.o
direitos e está adstrito aos mesmos deveres do traba- Renovação do contrato
lhador permanente numa situação comparável, salvo se
razões objectivas justificarem um tratamento diferen- 1 — Por acordo das partes, o contrato a termo certo
ciado. pode não estar sujeito a renovação.
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5581
1 — A duração média do trabalho deve ser apurada 1 — Os limites dos períodos normais de trabalho fixa-
por referência ao período que esteja fixado em instru- dos no artigo 163.o só podem ser ultrapassados nos casos
mento de regulamentação colectiva de trabalho apli- expressamente previstos neste Código, salvo o disposto
cável, não podendo ser superior a 12 meses, ou, na falta no número seguinte.
de tal previsão, por referência a períodos máximos de 2 — O acréscimo dos limites do período normal de
4 meses. trabalho pode ser determinado em instrumento de regu-
2 — O período de referência de quatro meses referido lamentação colectiva de trabalho:
no número anterior pode ser alargado para seis meses
nas seguintes situações: a) Em relação ao pessoal que preste serviço em
actividades sem fins lucrativos ou estreitamente
a) Trabalhadores familiares do empregador; ligadas ao interesse público, desde que se mostre
b) Trabalhadores que ocupem cargos de adminis- absolutamente incomportável a sujeição do seu
tração e de direcção ou com poder de decisão período de trabalho a esses limites;
autónomo; b) Em relação às pessoas cujo trabalho seja acen-
c) Havendo afastamento entre o local de trabalho tuadamente intermitente ou de simples pre-
e o local de residência do trabalhador ou entre sença.
diferentes locais de trabalho do trabalhador;
d) Pessoal operacional de vigilância, transporte e
tratamento de sistemas electrónicos de segu- 3 — Sempre que as actividades referidas na alínea a)
rança, designadamente quando se trate de guar- do número anterior tenham carácter industrial, o
das ou porteiros. período normal de trabalho é fixado de modo a não
ultrapassar a média de quarenta horas por semana no
termo do número de semanas estabelecido no respectivo
3 — O disposto no número anterior é ainda aplicável
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
a actividades caracterizadas pela necessidade de asse-
gurar a continuidade do serviço ou de produção, nomea-
damente recepção, tratamento ou cuidados de saúde Artigo 168.o
em hospitais ou estabelecimentos semelhantes, institui-
ções residenciais e prisões, incluindo os médicos em Redução dos limites máximos dos períodos normais de trabalho
formação:
1 — A redução dos limites máximos dos períodos nor-
a) Portos ou aeroportos; mais de trabalho pode ser estabelecida por instrumento
b) Imprensa, rádio, televisão, produção cinemato- de regulamentação colectiva de trabalho.
gráfica, correios, telecomunicações, serviço de 2 — Da redução dos limites máximos dos períodos
ambulâncias, sapadores-bombeiros ou protec- normais de trabalho não pode resultar diminuição da
ção civil; retribuição dos trabalhadores.
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5585
1 — Sem prejuízo dos limites previstos nos arti- 1 — Não podem ser unilateralmente alterados os
gos 163.o a 167.o, a duração média do trabalho semanal, horários individualmente acordados.
incluindo trabalho suplementar, não pode exceder qua- 2 — Todas as alterações dos horários de trabalho
renta e oito horas, num período de referência fixado devem ser precedidas de consulta aos trabalhadores
em instrumento de regulamentação colectiva de traba- afectados, à comissão de trabalhadores ou, na sua falta,
lho, não devendo, em caso algum, ultrapassar 12 meses à comissão sindical ou intersindical ou aos delegados
ou, na falta de fixação em instrumento de regulamen- sindicais, ser afixadas na empresa com antecedência de
sete dias, ainda que vigore um regime de adaptabilidade,
tação colectiva, num período de referência de 4 meses, e comunicadas à Inspecção-Geral do Trabalho, nos ter-
que pode ser de 6 meses nos casos previstos nos n.os 2 mos previstos em legislação especial.
e 3 do artigo 166.o 3 — O prazo a que se refere o número anterior é
2 — No cálculo da média referida no número anterior, de três dias em caso de microempresa.
os dias de férias são subtraídos ao período de referência 4 — Exceptua-se do disposto no n.o 2 a alteração do
em que são gozados. horário de trabalho cuja duração não exceda uma
3 — Os dias de ausência por doença, bem como os semana, não podendo o empregador recorrer a este
dias de licença por maternidade e paternidade e de regime mais de três vezes por ano, desde que seja regis-
licença especial do pai ou da mãe para assistência a tada em livro próprio com a menção de que foi pre-
pessoa com deficiência e a doente crónico são consi- viamente informada e consultada a comissão de tra-
derados com base no correspondente período normal balhadores ou, na sua falta, a comissão sindical ou inter-
de trabalho. sindical ou os delegados sindicais.
4 — O disposto nos n.os 1 e 2 não é aplicável a tra- 5 — As alterações que impliquem acréscimo de des-
balhadores que ocupem cargos de administração e de pesas para os trabalhadores conferem o direito a com-
direcção ou com poder de decisão autónomo que este- pensação económica.
jam isentos de horário de trabalho. Artigo 174.o
Intervalo de descanso
SUBSECÇÃO III
A jornada de trabalho diária deve ser interrompida
Horário de trabalho por um intervalo de descanso, de duração não inferior
a uma hora, nem superior a duas, de modo que os tra-
balhadores não prestem mais de cinco horas de trabalho
Artigo 170.o consecutivo.
Definição do horário de trabalho Artigo 175.o
1 — Compete ao empregador definir os horários de Redução ou dispensa de intervalo de descanso
trabalho dos trabalhadores ao seu serviço, dentro dos
condicionalismos legais. 1 — Por instrumento de regulamentação colectiva de
2 — As comissões de trabalhadores ou, na sua falta, trabalho pode ser estabelecida a prestação de trabalho
as comissões intersindicais, as comissões sindicais ou até seis horas consecutivas e o intervalo diário de des-
os delegados sindicais devem ser consultados previa- canso ser reduzido, excluído ou ter uma duração supe-
rior à prevista no artigo anterior, bem como ser deter-
mente sobre a definição e a organização dos horários minada a frequência e a duração de quaisquer outros
de trabalho. intervalos de descanso do período de trabalho diário.
Artigo 171.o 2 — Compete à Inspecção-Geral do Trabalho,
mediante requerimento do empregador, instruído com
Horário de trabalho e períodos de funcionamento declaração escrita de concordância do trabalhador
abrangido e informação à comissão de trabalhadores
1 — O empregador legalmente sujeito a regime de da empresa e ao sindicato representativo do trabalhador
período de funcionamento deve respeitar esse regime em causa, autorizar a redução ou exclusão dos intervalos
na organização dos horários de trabalho para os tra- de descanso, quando tal se mostre favorável aos inte-
balhadores ao seu serviço. resses dos trabalhadores ou se justifique pelas condições
2 — Os períodos de funcionamento constam de legis- particulares de trabalho de certas actividades.
lação especial. 3 — Não é permitida a alteração aos intervalos de
descanso prevista nos n.os 1 e 2, se ela implicar a pres-
Artigo 172.o tação de mais de seis horas consecutivas de trabalho,
excepto quanto a actividades de pessoal operacional de
Critérios especiais de definição do horário de trabalho vigilância, transporte e tratamento de sistemas electró-
1 — Na definição do horário de trabalho, o empre- nicos de segurança e indústrias em que o processo de
laboração não possa ser interrompido por motivos téc-
gador deve facilitar ao trabalhador a frequência de cur- nicos e, bem assim, quanto a trabalhadores que ocupem
sos escolares, em especial os de formação técnica ou cargos de administração e de direcção e outras pessoas
profissional. com poder de decisão autónomo que estejam isentos
2 — Na definição do horário de trabalho são prio- de horário de trabalho.
ritárias as exigências de protecção da segurança e saúde 4 — O pedido de redução ou dispensa de intervalo
dos trabalhadores. de descanso previsto no n.o 2 considera-se tacitamente
3 — Havendo trabalhadores pertencentes ao mesmo deferido se não for proferida a decisão final dentro do
agregado familiar, a fixação do horário de trabalho deve prazo de 15 dias a contar da apresentação do reque-
tomar sempre em conta esse facto. rimento.
5586 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
dias da semana, sem prejuízo do descanso semanal, foi celebrado para a duração máxima do período normal
devendo o número de dias de trabalho ser fixado por de trabalho admitida para o contrato a tempo parcial
acordo. pela lei ou por instrumento de regulamentação colectiva
4 — Para efeitos da presente subsecção, se o período de trabalho aplicável.
normal de trabalho não for igual em cada semana, é
considerada a respectiva média num período de quatro Artigo 185.o
meses ou período diferente estabelecido por instru-
Condições de trabalho
mento de regulamentação colectiva de trabalho.
1 — Ao trabalho a tempo parcial é aplicável o regime
Artigo 181.o previsto na lei e na regulamentação colectiva que, pela
Liberdade de celebração sua natureza, não implique a prestação de trabalho a
tempo completo, não podendo os trabalhadores a tempo
A liberdade de celebração de contratos de trabalho parcial ter um tratamento menos favorável do que os
a tempo parcial não pode ser excluída por aplicação trabalhadores a tempo completo numa situação com-
de disposições constantes de instrumentos de regula- parável, a menos que um tratamento diferente seja jus-
mentação colectiva de trabalho. tificado por motivos objectivos.
2 — As razões objectivas atendíveis nos termos do
Artigo 182.o n.o 1 podem ser definidas por instrumento de regula-
Situações comparáveis mentação colectiva de trabalho.
3 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de
1 — As situações de trabalhadores a tempo parcial trabalho, sempre que tal for consentido pela natureza
e de trabalhadores a tempo completo são comparáveis das actividades ou profissões abrangidas, devem conter
quando, no mesmo estabelecimento, prestem idêntico normas sobre o regime de trabalho a tempo parcial.
tipo de trabalho, devendo ser levadas em conta a anti- 4 — O trabalhador a tempo parcial tem direito à retri-
guidade e a qualificação técnica ou profissional. buição base prevista na lei ou na regulamentação colec-
2 — Quando não exista no estabelecimento nenhum tiva, ou, caso seja mais favorável, à auferida por tra-
trabalhador a tempo completo em situação comparável, balhadores a tempo completo numa situação compa-
o juízo de comparação pode ser feito com trabalhador rável, em proporção do respectivo período normal de
de outro estabelecimento da mesma empresa onde se trabalho semanal.
desenvolva idêntica actividade. 5 — O trabalhador a tempo parcial tem direito a
3 — Se não existir trabalhador em situação compa- outras prestações, com ou sem carácter retributivo, pre-
rável nos termos dos números anteriores, atender-se-á vistas na regulamentação colectiva ou, caso seja mais
ao regime fixado em instrumento de regulamentação favorável, auferidas por trabalhadores a tempo completo
colectiva de trabalho ou na lei para trabalhador em numa situação comparável, nos termos constantes dessa
tempo completo e com a mesma antiguidade e qua-
regulamentação ou, na sua falta, em proporção do res-
lificação técnica ou profissional.
4 — Por instrumento de regulamentação colectiva de pectivo período normal de trabalho semanal.
trabalho podem ser estabelecidos critérios de compa- 6 — O trabalhador a tempo parcial tem direito ao
ração para além do previsto no n.o 1. subsídio de refeição previsto na regulamentação colec-
tiva ou, caso seja mais favorável, ao definido pelos usos
da empresa, excepto quando a sua prestação de trabalho
Artigo 183.o diário seja inferior a cinco horas, sendo então calculado
Preferência na admissão ao trabalho a tempo parcial em proporção do respectivo período normal de trabalho
semanal.
1 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de
trabalho devem estabelecer, para a admissão em regime Artigo 186.o
de tempo parcial, preferências em favor dos trabalha-
dores com responsabilidades familiares, dos trabalha- Alteração da duração do trabalho
dores com capacidade de trabalho reduzida, pessoa com
deficiência ou doença crónica e dos trabalhadores que 1 — O trabalhador a tempo parcial pode passar a tra-
frequentem estabelecimentos de ensino médio ou supe- balhar a tempo completo, ou o inverso, a título definitivo
rior. ou por período determinado, mediante acordo escrito
2 — O trabalhador que pretenda usufruir do regime com o empregador.
de reforma parcial beneficia, independentemente de 2 — O acordo referido no número anterior pode ces-
previsão em instrumento de regulamentação colectiva sar por iniciativa do trabalhador até ao sétimo dia
de trabalho, da preferência prevista no número anterior. seguinte à data da respectiva celebração, mediante
comunicação escrita enviada ao empregador.
Artigo 184.o 3 — Exceptua-se do disposto no número anterior o
acordo de modificação do período de trabalho devi-
Forma e formalidades damente datado e cujas assinaturas sejam objecto de
1 — Do contrato de trabalho a tempo parcial deve reconhecimento notarial presencial.
constar a indicação do período normal de trabalho diário 4 — Quando a passagem de trabalho a tempo com-
e semanal com referência comparativa ao trabalho a pleto para trabalho a tempo parcial, nos termos do n.o 1,
tempo completo. se verificar por período determinado, até ao máximo
2 — Quando não tenha sido observada a forma de três anos, o trabalhador tem direito a retomar a pres-
escrita, presume-se que o contrato foi celebrado por tação de trabalho a tempo completo.
tempo completo. 5 — O prazo referido no número anterior pode ser
3 — Se faltar no contrato a indicação do período nor- elevado por instrumento de regulamentação colectiva
mal de trabalho semanal, presume-se que o contrato de trabalho ou por acordo entre as partes.
5588 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
3 — O trabalhador nocturno cuja actividade implique turno por trabalhadores que corram riscos de segurança
riscos especiais ou uma tensão física ou mental signi- ou de saúde relacionados com o trabalho durante o
ficativa não deve prestá-la por mais de oito horas num período nocturno, bem como as actividades que impli-
período de vinte e quatro horas em que execute trabalho quem para o trabalhador nocturno riscos especiais ou
nocturno. uma tensão física ou mental significativa, conforme o
4 — O disposto nos números anteriores não é apli- referido no n.o 3 do artigo 194.o
cável a trabalhadores que ocupem cargos de adminis-
tração e de direcção ou com poder de decisão autónomo
que estejam isentos de horário de trabalho. SUBSECÇÃO VII
5 — O disposto no n.o 3 não é igualmente aplicável:
Trabalho suplementar
a) Quando seja necessária a prestação de trabalho
suplementar por motivo de força maior, ou por
ser indispensável para prevenir ou reparar pre- Artigo 197.o
juízos graves para a empresa ou para a sua via- Noção
bilidade devido a acidente ou a risco de acidente
iminente; 1 — Considera-se trabalho suplementar todo aquele
b) A actividades caracterizadas pela necessidade que é prestado fora do horário de trabalho.
de assegurar a continuidade do serviço ou da 2 — Nos casos em que tenha sido limitada a isenção
produção, nomeadamente as actividades indi- de horário de trabalho a um determinado número de
cadas no número seguinte, desde que através horas de trabalho, diário ou semanal, considera-se tra-
de instrumento de regulamentação colectiva de balho suplementar o que seja prestado fora desse
trabalho negocial sejam garantidos ao trabalha- período.
dor os correspondentes descansos compensa- 3 — Quando tenha sido estipulado que a isenção de
tórios. horário de trabalho não prejudica o período normal de
trabalho diário ou semanal considera-se trabalho suple-
6 — Para efeito do disposto na alínea b) do número mentar aquele que exceda a duração do período normal
anterior atender-se-á às seguintes actividades: de trabalho diário ou semanal.
a) Pessoal operacional de vigilância, transporte e 4 — Não se compreende na noção de trabalho suple-
tratamento de sistemas electrónicos de segu- mentar:
rança; a) O trabalho prestado por trabalhador isento de
b) Recepção, tratamento e cuidados dispensados horário de trabalho em dia normal de trabalho,
em hospitais ou estabelecimentos semelhantes, sem prejuízo do previsto no número anterior;
instituições residenciais e prisões; b) O trabalho prestado para compensar suspensões
c) Portos e aeroportos; de actividade, independentemente da causa, de
d) Imprensa, rádio, televisão, produção cinemato- duração não superior a quarenta e oito horas
gráfica, correios ou telecomunicações, ambulân- seguidas ou interpoladas por um dia de descanso
cias, sapadores-bombeiros ou protecção civil; ou feriado, quando haja acordo entre o empre-
e) Produção, transporte e distribuição de gás, água gador e o trabalhador;
ou electricidade, recolha de lixo e incineração; c) A tolerância de quinze minutos prevista no n.o 2
f) Indústrias em que o processo de laboração não do artigo 163.o;
possa ser interrompido por motivos técnicos; d) A formação profissional, ainda que realizada
g) Investigação e desenvolvimento; fora do horário de trabalho, desde que não
h) Agricultura.
exceda duas horas diárias.
7 — O disposto no número anterior é extensivo aos
casos de acréscimo previsível de actividade no turismo. Artigo 198.o
Obrigatoriedade
Artigo 195.o
Protecção do trabalhador nocturno O trabalhador é obrigado a realizar a prestação de
trabalho suplementar, salvo quando, havendo motivos
1 — O empregador deve assegurar que o trabalhador atendíveis, expressamente solicite a sua dispensa.
nocturno, antes da sua colocação e, posteriormente, a
intervalos regulares e no mínimo anualmente, beneficie
de um exame médico gratuito e sigiloso, destinado a Artigo 199.o
avaliar o seu estado de saúde. Condições da prestação de trabalho suplementar
2 — O empregador deve assegurar, sempre que pos-
sível, a transferência do trabalhador nocturno que sofra 1 — O trabalho suplementar só pode ser prestado
de problemas de saúde relacionados com o facto de quando a empresa tenha de fazer face a acréscimos even-
executar trabalho nocturno para um trabalho diurno que tuais e transitórios de trabalho e não se justifique a
esteja apto a desempenhar. admissão de trabalhador.
3 — Aplica-se ao trabalhador nocturno o disposto no 2 — O trabalho suplementar pode ainda ser prestado
artigo 190.o havendo motivo de força maior ou quando se torne indis-
Artigo 196.o pensável para prevenir ou reparar prejuízos graves para
Garantia
a empresa ou para a sua viabilidade.
3 — O trabalho suplementar previsto no número
São definidas em legislação especial as condições ou anterior apenas fica sujeito aos limites decorrentes do
garantias a que está sujeita a prestação de trabalho noc- n.o 1 do artigo 169.o
5590 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
Artigo 209.o dos, não podendo as férias ter início em dia de descanso
Feriados facultativos
semanal do trabalhador.
3 — A duração do período de férias é aumentada
1 — Além dos feriados obrigatórios, apenas podem no caso de o trabalhador não ter faltado ou na even-
ser observados a terça-feira de Carnaval e o feriado tualidade de ter apenas faltas justificadas, no ano a que
municipal da localidade. as férias se reportam, nos seguintes termos:
2 — Em substituição de qualquer dos feriados refe-
ridos no número anterior, pode ser observado, a título a) Três dias de férias até ao máximo de uma falta
de feriado, qualquer outro dia em que acordem empre- ou dois meios dias;
gador e trabalhador. b) Dois dias de férias até ao máximo de duas faltas
ou quatro meios dias;
Artigo 210.o c) Um dia de férias até ao máximo de três faltas
Imperatividade ou seis meios dias.
São nulas as disposições de contrato de trabalho ou 4 — Para efeitos do número anterior são equiparadas
de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho às faltas os dias de suspensão do contrato de trabalho
que estabeleçam feriados diferentes dos indicados nos por facto respeitante ao trabalhador.
artigos anteriores. 5 — O trabalhador pode renunciar parcialmente ao
direito a férias, recebendo a retribuição e o subsídio
SUBSECÇÃO X respectivos, sem prejuízo de ser assegurado o gozo efec-
tivo de 20 dias úteis de férias.
Férias
1 — O trabalhador tem direito a um período de férias 1 — O trabalhador admitido com contrato cuja dura-
retribuídas em cada ano civil. ção total não atinja seis meses tem direito a gozar dois
2 — O direito a férias deve efectivar-se de modo a dias úteis de férias por cada mês completo de duração
possibilitar a recuperação física e psíquica do trabalha- do contrato.
dor e assegurar-lhe condições mínimas de disponibili- 2 — Para efeitos da determinação do mês completo
dade pessoal, de integração na vida familiar e de par- devem contar-se todos os dias, seguidos ou interpolados,
ticipação social e cultural. em que foi prestado trabalho.
3 — O direito a férias é irrenunciável e, fora dos casos 3 — Nos contratos cuja duração total não atinja seis
previstos neste Código, o seu gozo efectivo não pode meses, o gozo das férias tem lugar no momento ime-
ser substituído, ainda que com o acordo do trabalhador, diatamente anterior ao da cessação, salvo acordo das
por qualquer compensação económica ou outra. partes.
4 — O direito a férias reporta-se, em regra, ao tra- Artigo 215.o
balho prestado no ano civil anterior e não está con-
dicionado à assiduidade ou efectividade de serviço, sem Cumulação de férias
prejuízo do disposto no n.o 3 do artigo seguinte e do 1 — As férias devem ser gozadas no decurso do ano
n.o 2 do artigo 232.o
civil em que se vencem, não sendo permitido acumular
Artigo 212.o no mesmo ano férias de dois ou mais anos.
Aquisição do direito a férias 2 — As férias podem, porém, ser gozadas no primeiro
trimestre do ano civil seguinte, em acumulação ou não
1 — O direito a férias adquire-se com a celebração com as férias vencidas no início deste, por acordo entre
do contrato de trabalho e vence-se no dia 1 de Janeiro empregador e trabalhador ou sempre que este pretenda
de cada ano civil, salvo o disposto nos números seguintes. gozar as férias com familiares residentes no estrangeiro.
2 — No ano da contratação, o trabalhador tem direito, 3 — Empregador e trabalhador podem ainda acordar
após seis meses completos de execução do contrato, a na acumulação, no mesmo ano, de metade do período
gozar 2 dias úteis de férias por cada mês de duração de férias vencido no ano anterior com o vencido no
do contrato, até ao máximo de 20 dias úteis. início desse ano.
3 — No caso de sobrevir o termo do ano civil antes
de decorrido o prazo referido no número anterior ou Artigo 216.o
antes de gozado o direito a férias, pode o trabalhador
usufrui-lo até 30 de Junho do ano civil subsequente. Encerramento da empresa ou estabelecimento
4 — Da aplicação do disposto nos n.os 2 e 3 não pode O empregador pode encerrar, total ou parcialmente,
resultar para o trabalhador o direito ao gozo de um a empresa ou o estabelecimento, nos seguintes termos:
período de férias, no mesmo ano civil, superior a 30 dias
úteis, sem prejuízo do disposto em instrumento de regu- a) Encerramento até 15 dias consecutivos entre
lamentação colectiva de trabalho. 1 de Maio e 31 de Outubro;
b) Encerramento por período superior a 15 dias
consecutivos ou fora do período entre 1 de Maio
Artigo 213.o e 31 de Outubro, quando assim estiver fixado
Duração do período de férias em instrumento de regulamentação colectiva de
trabalho ou mediante parecer favorável da
1 — O período anual de férias tem a duração mínima comissão de trabalhadores;
de 22 dias úteis. c) Encerramento por período superior a 15 dias
2 — Para efeitos de férias, são úteis os dias da semana consecutivos entre 1 de Maio e 31 de Outubro,
de segunda-feira a sexta-feira, com excepção dos feria- quando a natureza da actividade assim o exigir;
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5593
2 — Se o contrato cessar antes de gozado o período b) As motivadas por falecimento do cônjuge, paren-
de férias vencido no início do ano da cessação, o tra- tes ou afins, nos termos do artigo 227.o;
balhador tem ainda direito a receber a retribuição e c) As motivadas pela prestação de provas em esta-
o subsídio correspondentes a esse período, o qual é sem- belecimento de ensino, nos termos da legislação
pre considerado para efeitos de antiguidade. especial;
3 — Da aplicação do disposto nos números anteriores d) As motivadas por impossibilidade de prestar tra-
ao contrato cuja duração não atinja, por qualquer causa, balho devido a facto que não seja imputável
12 meses, não pode resultar um período de férias supe- ao trabalhador, nomeadamente doença, aci-
rior ao proporcional à duração do vínculo, sendo esse dente ou cumprimento de obrigações legais;
período considerado para efeitos de retribuição, subsídio e) As motivadas pela necessidade de prestação de
e antiguidade. assistência inadiável e imprescindível a mem-
Artigo 222.o bros do seu agregado familiar, nos termos pre-
vistos neste Código e em legislação especial;
Violação do direito a férias f) As ausências não superiores a quatro horas e
Caso o empregador, com culpa, obste ao gozo das só pelo tempo estritamente necessário, justifi-
férias nos termos previstos nos artigos anteriores, o tra- cadas pelo responsável pela educação de menor,
balhador recebe, a título de compensação, o triplo da uma vez por trimestre, para deslocação à escola
retribuição correspondente ao período em falta, que tendo em vista inteirar-se da situação educativa
deve obrigatoriamente ser gozado no primeiro trimestre do filho menor;
do ano civil subsequente. g) As dadas pelos trabalhadores eleitos para as
estruturas de representação colectiva, nos ter-
mos do artigo 455.o;
Artigo 223.o h) As dadas por candidatos a eleições para cargos
Exercício de outra actividade durante as férias públicos, durante o período legal da respectiva
campanha eleitoral;
1 — O trabalhador não pode exercer durante as férias i) As autorizadas ou aprovadas pelo empregador;
qualquer outra actividade remunerada, salvo se já a j) As que por lei forem como tal qualificadas.
viesse exercendo cumulativamente ou o empregador o
autorizar a isso. 3 — São consideradas injustificadas as faltas não pre-
2 — A violação do disposto no número anterior, sem vistas no número anterior.
prejuízo da eventual responsabilidade disciplinar do tra-
balhador, dá ao empregador o direito de reaver a retri-
buição correspondente às férias e respectivo subsídio, Artigo 226.o
da qual metade reverte para o Instituto de Gestão Finan- Imperatividade
ceira da Segurança Social.
3 — Para os efeitos previstos no número anterior, o As disposições relativas aos tipos de faltas e à sua
empregador pode proceder a descontos na retribuição duração não podem ser objecto de instrumento de regu-
do trabalhador até ao limite de um sexto, em relação lamentação colectiva de trabalho, salvo tratando-se das
a cada um dos períodos de vencimento posteriores. situações previstas na alínea g) do n.o 2 do artigo anterior
ou de contrato de trabalho.
SUBSECÇÃO XI Artigo 227.o
Faltas Faltas por motivo de falecimento de parentes ou afins
1 — As faltas justificadas não determinam a perda Para efeitos deste Código, considera-se teletrabalho
ou prejuízo de quaisquer direitos do trabalhador, salvo a prestação laboral realizada com subordinação jurídica,
o disposto no número seguinte. habitualmente fora da empresa do empregador, e atra-
2 — Sem prejuízo de outras previsões legais, deter- vés do recurso a tecnologias de informação e de
minam a perda de retribuição as seguintes faltas ainda comunicação.
que justificadas: Artigo 234.o
a) Por motivo de doença, desde que o trabalhador Formalidades
beneficie de um regime de segurança social de
1 — Do contrato para prestação subordinada de tele-
protecção na doença;
trabalho devem constar as seguintes indicações:
b) Por motivo de acidente no trabalho, desde que
o trabalhador tenha direito a qualquer subsídio a) Identificação dos contraentes;
ou seguro; b) Cargo ou funções a desempenhar, com menção
c) As previstas na alínea j) do n.o 2 do artigo 225.o, expressa do regime de teletrabalho;
quando superiores a 30 dias por ano; c) Duração do trabalho em regime de teletrabalho;
d) As autorizadas ou aprovadas pelo empregador. d) Actividade antes exercida pelo teletrabalhador
ou, não estando este vinculado ao empregador,
3 — Nos casos previstos na alínea d) do n.o 2 do aquela que exercerá aquando da cessação do
artigo 225.o, se o impedimento do trabalhador se pro- trabalho em regime de teletrabalho, se for esse
longar efectiva ou previsivelmente para além de um mês, o caso;
aplica-se o regime de suspensão da prestação do tra- e) Propriedade dos instrumentos de trabalho a uti-
balho por impedimento prolongado. lizar pelo teletrabalhador, bem como a entidade
4 — No caso previsto na alínea h) do n.o 2 do responsável pela respectiva instalação e manu-
artigo 225.o as faltas justificadas conferem, no máximo, tenção e pelo pagamento das inerentes despesas
direito à retribuição relativa a um terço do período de de consumo e de utilização;
duração da campanha eleitoral, só podendo o traba- f) Identificação do estabelecimento ou departa-
lhador faltar meios dias ou dias completos com aviso mento da empresa ao qual deve reportar o
prévio de quarenta e oito horas. teletrabalhador;
5596 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
Ajudas de custo e outros abonos Para os efeitos do presente diploma, o valor da retri-
buição horária é calculado segundo a seguinte fórmula:
1 — Não se consideram retribuição as importâncias
recebidas a título de ajudas de custo, abonos de viagem, (Rm×12) : (52×n)
despesas de transporte, abonos de instalação e outras
equivalentes, devidas ao trabalhador por deslocações, em que Rm é o valor da retribuição mensal e n o período
novas instalações ou despesas feitas em serviço do normal de trabalho semanal.
empregador, salvo quando, sendo tais deslocações ou
despesas frequentes, essas importâncias, na parte que Artigo 265.o
exceda os respectivos montantes normais, tenham sido Fixação judicial da retribuição
previstas no contrato ou se devam considerar pelos usos
como elemento integrante da retribuição do traba- 1 — Compete ao julgador, tendo em conta a prática
lhador. na empresa e os usos do sector ou locais, fixar a retri-
2 — O disposto no número anterior aplica-se, com buição quando as partes o não fizeram e ela não resulte
as necessárias adaptações, ao abono para falhas e ao das normas de instrumento de regulamentação colectiva
subsídio de refeição. de trabalho aplicável ao contrato.
5600 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
5 — Para efeitos do disposto nos números anteriores, f) Empresas de 1001 a 1500 trabalhadores — seis
deve ser facultado o acesso: representantes;
g) Empresas com mais de 1500 trabalhadores —
a) Às informações técnicas objecto de registo e sete representantes.
aos dados médicos colectivos não individua-
lizados; 5 — O mandato dos representantes dos trabalhadores
b) Às informações técnicas provenientes de ser- é de três anos.
viços de inspecção e outros organismos com- 6 — A substituição dos representantes dos trabalha-
petentes no domínio da segurança, higiene e dores só é admitida no caso de renúncia ou impedimento
saúde no trabalho. definitivo, cabendo a mesma aos candidatos efectivos
e suplentes pela ordem indicada na respectiva lista.
6 — O empregador deve informar os trabalhadores 7 — Os representantes dos trabalhadores dispõem,
com funções específicas no domínio da segurança, para o exercício das suas funções, de um crédito de
higiene e saúde no trabalho sobre as matérias referidas cinco horas por mês.
nas alíneas a), b), h), j) e l) do n.o 3 e no n.o 5 deste 8 — O crédito de horas referido no número anterior
artigo. não é acumulável com créditos de horas de que o tra-
7 — As consultas, respectivas respostas e propostas balhador beneficie por integrar outras estruturas repre-
referidas nos n.os 3 e 4 deste artigo devem constar de sentativas dos trabalhadores.
registo em livro próprio organizado pela empresa.
8 — O empregador deve informar os serviços e os Artigo 278.o
técnicos qualificados exteriores à empresa que exerçam Formação dos trabalhadores
actividades de segurança, higiene e saúde no trabalho
sobre os factores que reconhecida ou presumivelmente 1 — O trabalhador deve receber uma formação ade-
afectam a segurança e saúde dos trabalhadores e as quada no domínio da segurança, higiene e saúde no
matérias referidas na alínea a) do n.o 1 e na alínea f) trabalho, tendo em atenção o posto de trabalho e o
do n.o 3 deste artigo. exercício de actividades de risco elevado.
9 — A empresa em cujas instalações os trabalhadores 2 — Aos trabalhadores e seus representantes, desig-
nados para se ocuparem de todas ou algumas das acti-
prestam serviço deve informar os respectivos empre- vidades de segurança, higiene e saúde no trabalho, deve
gadores sobre as matérias referidas na alínea a) do n.o 1 ser assegurada, pelo empregador, a formação perma-
e na alínea f) do n.o 3 deste artigo, devendo também nente para o exercício das respectivas funções.
ser assegurada informação aos trabalhadores. 3 — A formação dos trabalhadores da empresa sobre
segurança, higiene e saúde no trabalho deve ser asse-
Artigo 276.o gurada de modo que não possa resultar prejuízo para
os mesmos.
Serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho
Artigo 324.o para a sua segurança ou saúde, salvo se for essa a sua
Condições
qualificação profissional.
4 — A entidade cessionária deve elaborar o horário
A cedência ocasional de trabalhadores é lícita quando de trabalho do trabalhador cedido e marcar o seu
se verifiquem cumulativamente as seguintes condições: período de férias, sempre que estas sejam gozadas ao
serviço daquela.
a) O trabalhador cedido esteja vinculado ao empre-
5 — Os trabalhadores cedidos ocasionalmente não
gador cedente por contrato de trabalho sem
são considerados para efeito do balanço social, sendo
termo resolutivo;
incluídos no número de trabalhadores da empresa
b) A cedência ocorra no quadro de colaboração
cedente, de acordo com as adaptações a definir em legis-
entre sociedades coligadas, em relação socie-
lação especial.
tária de participações recíprocas, de domínio
6 — Sem prejuízo da observância das condições de
ou de grupo, ou entre empregadores, indepen-
trabalho resultantes do respectivo contrato, o trabalha-
dentemente da natureza societária, que man-
dor pode ser cedido ocasionalmente a mais de uma
tenham estruturas organizativas comuns;
entidade.
c) O trabalhador manifeste a sua vontade em ser
cedido, nos termos do n.o 2 do artigo seguinte; Artigo 328.o
d) A duração da cedência não exceda um ano,
Retribuição e férias
renovável por iguais períodos até ao limite
máximo de cinco anos. 1 — O trabalhador cedido ocasionalmente tem direito
a auferir a retribuição mínima fixada na lei ou no ins-
Artigo 325.o trumento de regulamentação colectiva de trabalho apli-
cável à entidade cessionária para a categoria profissional
Acordo correspondente às funções desempenhadas, a não ser
1 — A cedência ocasional de um trabalhador deve que outra mais elevada seja por esta praticada para o
ser titulada por documento assinado pelo cedente e pelo desempenho das mesmas funções, sempre com ressalva
cessionário, identificando o trabalhador cedido tempo- de retribuição mais elevada consagrada em instrumento
rariamente, a actividade a executar, a data de início de regulamentação colectiva de trabalho aplicável ao
da cedência e a duração desta. empregador cedente.
2 — O documento só torna a cedência legítima se 2 — O trabalhador tem ainda direito, na proporção
contiver declaração de concordância do trabalhador. do tempo de duração do contrato de cedência ocasional,
3 — Cessando o acordo de cedência e em caso de a férias, subsídios de férias e de Natal e a outros subsídios
extinção ou de cessação da actividade da empresa ces- regulares e periódicos que pela entidade cessionária
sionária, o trabalhador cedido regressa à empresa sejam devidos aos seus trabalhadores por idêntica pres-
cedente, mantendo os direitos que detinha à data do tação de trabalho.
início da cedência, contando-se na antiguidade o período
de cedência. Artigo 329.o
Consequências do recurso ilícito à cedência ocasional
Artigo 326.o
Enquadramento dos trabalhadores cedidos ocasionalmente 1 — O recurso ilícito à cedência ocasional de traba-
lhadores, bem como a inexistência ou irregularidade de
1 — O trabalhador cedido ocasionalmente não é documento que a titule, confere ao trabalhador cedido
incluído no efectivo do pessoal da entidade cessionária o direito de optar pela integração na empresa cessio-
para determinação das obrigações relativas ao número nária, em regime de contrato de trabalho sem termo
de trabalhadores empregados, excepto no que respeita resolutivo.
à organização dos serviços de segurança, higiene e saúde 2 — O direito de opção previsto no número anterior
no trabalho. deve ser exercido até ao termo da cedência, mediante
2 — A entidade cessionária é obrigada a comunicar comunicação às entidades cedente e cessionária, através
à comissão de trabalhadores, quando exista, no prazo de carta registada com aviso de recepção.
de cinco dias úteis, a utilização de trabalhadores em
regime de cedência ocasional.
SECÇÃO IV
o
Artigo 327. Redução da actividade e suspensão do contrato
Regime da prestação de trabalho
SUBSECÇÃO I
1 — Durante a execução do contrato de cedência oca-
sional, o trabalhador cedido fica sujeito ao regime de Disposições gerais
trabalho aplicável à entidade cessionária no que respeita
ao modo, lugar, duração de trabalho e suspensão da Artigo 330.o
prestação de trabalho, segurança, higiene e saúde no Factos que determinam a redução ou a suspensão
trabalho e acesso aos seus equipamentos sociais.
2 — A entidade cessionária deve informar o empre- 1 — A redução do período normal de trabalho ou
gador cedente e o trabalhador cedido sobre os riscos a suspensão do contrato de trabalho pode fundamen-
para a segurança e saúde do trabalhador inerentes ao tar-se na impossibilidade temporária, respectivamente,
posto de trabalho a que é afecto. parcial ou total, da prestação do trabalho, por facto
3 — Não é permitida a utilização de trabalhador respeitante ao trabalhador, ou por facto respeitante ao
cedido em postos de trabalho particularmente perigosos empregador, e no acordo das partes.
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5611
Artigo 337.o por escrito, dentro dos cinco dias seguintes, ou quando
Procedimento de informação e negociação o trabalhador abrangido pela prorrogação manifeste,
por escrito, o seu acordo.
1 — Nos cinco dias contados da data da comunicação 4 — A data de início da aplicação da redução ou sus-
prevista nos n.os 1 e 3 do artigo anterior, tem lugar pensão não pode verificar-se antes de decorridos 10 dias
uma fase de informação e negociação entre o empre- sobre a data da comunicação a que se refere o n.o 3
gador e a estrutura representativa dos trabalhadores, do artigo anterior, salvo se se verificar impedimento
com vista à obtenção de um acordo sobre a dimensão imediato à prestação normal de trabalho que seja conhe-
e duração das medidas a adoptar. cido pelo trabalhador, caso em que o início da medida
2 — Das reuniões de negociação é lavrada acta con- poderá ser imediato.
tendo a matéria acordada e, bem assim, as posições 5 — Terminado o período de redução ou suspensão,
divergentes das partes, com as opiniões, sugestões e pro- são restabelecidos todos os direitos e deveres das partes
postas de cada uma. decorrentes do contrato de trabalho.
3 — Celebrado o acordo ou, na falta deste, decorridos
10 dias sobre a data da comunicação referida nos n.os 1
e 3 do artigo anterior, o empregador deve comunicar, Artigo 340.o
por escrito, a cada trabalhador, a medida que decidiu Fiscalização
aplicar, com menção expressa do motivo e da data de
início e termo da sua aplicação. 1 — Durante a redução ou suspensão, os serviços
4 — Na data em que forem expedidas as comunica- competentes do ministério responsável pela área laboral,
ções referidas no número anterior, o empregador deve por iniciativa própria ou a requerimento de qualquer
remeter à estrutura representativa dos trabalhadores e dos interessados, deve pôr termo à aplicação do regime,
aos serviços de conciliação do ministério responsável relativamente a todos ou a alguns dos trabalhadores,
pela área laboral a acta a que se refere o n.o 2 deste nos seguintes casos:
artigo, bem como relação de que conste o nome dos
trabalhadores, morada, data de nascimento e de admis- a) Não verificação dos motivos invocados, quando
são na empresa, situação perante a segurança social, não tenha havido o acordo mencionado nos
profissão, categoria e retribuição e, ainda, a medida indi- n.os 1 e 3 do artigo 337.o;
vidualmente adoptada com indicação da data de início b) Falta das comunicações ou recusa de partici-
e termo da aplicação. pação no processo negocial por parte do empre-
5 — Na falta da acta a que se refere o n.o 2 do presente gador;
artigo, o empregador, para os efeitos referidos no c) Falta de pagamento pontual da compensação
número anterior, deve enviar documento em que jus- retributiva devida aos trabalhadores;
tifique aquela falta, descrevendo as razões que obstaram d) Admissão de novos trabalhadores para funções
ao acordo, bem como as posições finais das partes. susceptíveis de serem desempenhadas por tra-
balhadores em regime de redução ou suspensão
Artigo 338.o da prestação do trabalho.
Outros deveres de informação e consulta 2 — A decisão que ponha termo à aplicação das medi-
1 — O empregador deve consultar os trabalhadores das deve indicar os trabalhadores a que se aplica.
abrangidos sobre a elaboração do plano de formação 3 — São restabelecidos todos os direitos e deveres
referido no n.o 2 do artigo 344.o das partes decorrentes do contrato de trabalho a partir
2 — O plano de formação deve ser submetido a pare- do momento em que o empregador seja notificado da
cer da estrutura representativa dos trabalhadores pre- decisão que põe termo à aplicação do regime de redução
viamente à sua aprovação. ou suspensão.
3 — O parecer referido no número anterior deve ser Artigo 341.o
emitido no prazo indicado pelo empregador, que não Direitos do trabalhador
pode ser inferior a cinco dias.
4 — O empregador deve informar trimestralmente as 1 — Durante o período de redução ou suspensão,
estruturas representativas dos trabalhadores da evolução constituem direitos do trabalhador:
das razões que justificam o recurso à redução ou sus- a) Auferir retribuição mensal não inferior à retri-
pensão da prestação de trabalho. buição mínima mensal legalmente garantida,
nos termos do disposto no n.o 2;
Artigo 339.o b) Manter todas as regalias sociais e as prestações
Duração da segurança social, calculadas na base da sua
retribuição normal, sem prejuízo do disposto no
1 — A redução ou suspensão determinada por moti- n.o 3;
vos de mercado, estruturais ou tecnológicos deve ter c) Exercer actividade remunerada fora da empresa.
uma duração previamente definida, não podendo,
porém, ser superior a seis meses. 2 — Sempre que a retribuição mensal auferida pelo
2 — Em caso de catástrofe ou outra ocorrência que trabalhador em regime de prestação normal de trabalho
tenha afectado gravemente a actividade normal da seja inferior à retribuição mínima mensal garantida, o
empresa, o prazo referido no número anterior pode ter trabalhador mantém o direito a esta.
a duração máxima de um ano. 3 — Em caso de doença, o trabalhador cujo contrato
3 — Os prazos referidos nos números anteriores esteja suspenso mantém o direito à compensação retri-
podem ser prorrogados até ao máximo de seis meses, butiva, nos termos do artigo 343.o, não lhe sendo atri-
desde que, comunicada a intenção de prorrogação por buível o respectivo subsídio pecuniário da segurança
escrito e de forma fundamentada à estrutura represen- social e cessando o que, porventura, lhe esteja a ser
tativa dos trabalhadores, esta não se oponha, igualmente concedido.
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5613
devidos a caso fortuito ou motivo de força maior, o 4 — Para efeitos do disposto no n.o 2, considera-se
empregador passa a pagar 75 % da retribuição aos de longa duração a licença superior a 60 dias.
trabalhadores.
Artigo 351.o Artigo 355.o
Facto imputável ao empregador Efeitos
No caso de encerramento temporário do estabele- 1 — A concessão da licença determina a suspensão
cimento ou diminuição de actividade por facto imputável do contrato de trabalho, com os efeitos previstos no
ao empregador ou por motivo do interesse deste, os artigo 331.o
trabalhadores afectados mantêm o direito à retribuição.
2 — O trabalhador beneficiário da licença sem retri-
buição mantém o direito ao lugar.
Artigo 352.o 3 — Pode ser contratado um substituto do trabalha-
Dedução dor na situação de licença sem retribuição, nos termos
previstos para o contrato a termo.
Do valor da prestação a satisfazer pelo empregador,
ao abrigo dos artigos anteriores, deve deduzir-se o que
o trabalhador porventura receba por qualquer outra acti- SUBSECÇÃO V
vidade remunerada que passe a exercer durante o
período em que o impedimento subsista e que não Pré-reforma
pudesse desempenhar não fora o encerramento.
Artigo 356.o
o
Artigo 353. Noção de pré-reforma
Cessação do impedimento
Considera-se pré-reforma a situação de redução ou
Verificada a cessação do impedimento, deve o empre- de suspensão da prestação do trabalho em que o tra-
gador avisar desse facto os trabalhadores cuja actividade balhador com idade igual ou superior a cinquenta e
está suspensa, sem o que não podem aqueles consi- cinco anos mantém o direito a receber do empregador
derar-se obrigados a retomar o cumprimento da pres- uma prestação pecuniária mensal até à data da veri-
tação do trabalho. ficação de qualquer das situações previstas no n.o 1 do
SUBSECÇÃO IV artigo 361.o
Licenças Artigo 357.o
Acordo de pré-reforma
Artigo 354.o
Concessão e recusa da licença 1 — A situação de pré-reforma constitui-se por
acordo entre o empregador e o trabalhador.
1 — O empregador pode conceder ao trabalhador, 2 — Do acordo de pré-reforma devem constar as
a pedido deste, licenças sem retribuição. seguintes indicações:
2 — Sem prejuízo do disposto em legislação especial
ou em instrumento de regulamentação colectiva de tra- a) Data de início da situação de pré-reforma;
balho, o trabalhador tem direito a licenças sem retri- b) Montante da prestação de pré-reforma;
buição de longa duração para frequência de cursos de c) Forma de organização do tempo de trabalho
formação ministrados sob responsabilidade de uma ins- no caso de redução da prestação de trabalho.
tituição de ensino ou de formação profissional ou no
âmbito de programa específico aprovado por autoridade 3 — O empregador deve remeter o acordo de pré-
competente e executado sob o seu controlo pedagógico -reforma à segurança social, conjuntamente com a folha
ou frequência de cursos ministrados em estabelecimento de retribuições relativa ao mês da sua entrada em vigor.
de ensino.
3 — O empregador pode recusar a concessão da
licença prevista no número anterior nas seguintes Artigo 358.o
situações: Direitos do trabalhador
a) Quando ao trabalhador tenha sido proporcio-
nada formação profissional adequada ou licença 1 — O trabalhador em situação de pré-reforma tem
para o mesmo fim, nos últimos 24 meses; os direitos constantes do acordo celebrado com o empre-
b) Quando a antiguidade do trabalhador na empresa gador, sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes.
seja inferior a três anos; 2 — O trabalhador em situação de pré-reforma pode
c) Quando o trabalhador não tenha requerido a desenvolver outra actividade profissional remunerada.
licença com uma antecedência mínima de
90 dias em relação à data do seu início;
d) Quando se trate de microempresa ou de pequena Artigo 359.o
empresa e não seja possível a substituição ade- Prestação de pré-reforma
quada do trabalhador, caso necessário;
e) Para além das situações referidas nas alíneas 1 — A prestação de pré-reforma inicialmente fixada
anteriores, tratando-se de trabalhadores incluí- não pode ser inferior a 25 % da última retribuição aufe-
dos em níveis de qualificação de direcção, che- rida pelo trabalhador, nem superior ao montante desta
fia, quadros ou pessoal qualificado, quando não retribuição.
seja possível a substituição dos mesmos durante 2 — Salvo estipulação em contrário constante do
o período da licença, sem prejuízo sério para acordo de pré-reforma, a prestação referida no número
o funcionamento da empresa ou serviço. anterior é actualizada anualmente em percentagem igual
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5615
b) Avarias repetidas nos meios afectos ao posto qual se verifique a inadaptação tem direito a reocupar
de trabalho; o posto de trabalho anterior, com garantia da mesma
c) Riscos para a segurança e saúde do próprio, retribuição base, salvo se este tiver sido extinto.
dos restantes trabalhadores ou de terceiros.
Artigo 409.o
2 — Verifica-se ainda inadaptação do trabalhador
quando, tratando-se de cargos de complexidade técnica Direitos dos trabalhadores
ou de direcção, não tenham sido cumpridos os objectivos
previamente fixados e formalmente aceites por escrito, Ao trabalhador cujo contrato cesse nos termos desta
sendo tal determinado pelo modo de exercício de fun- divisão aplica-se o disposto nos artigos 398.o a 401.o
ções e desde que se torne praticamente impossível a
subsistência da relação de trabalho. Artigo 410.o
Manutenção do nível de emprego
Artigo 407.o
1 — Da cessação do contrato de trabalho com fun-
Requisitos damento na inadaptação do trabalhador não pode resul-
1 — O despedimento por inadaptação a que se refere tar diminuição do volume de emprego na empresa.
o n.o 1 do artigo anterior só pode ter lugar desde que, 2 — A manutenção do volume de emprego deve ser
cumulativamente, se verifiquem os seguintes requisitos: assegurada no prazo de 90 dias, a contar da cessação
do contrato, admitindo-se, para o efeito, qualquer das
a) Tenham sido introduzidas modificações no posto seguintes situações:
de trabalho resultantes de alterações nos pro-
cessos de fabrico ou de comercialização, da a) Admissão de trabalhador;
introdução de novas tecnologias ou equipamen- b) Transferência de trabalhador no decurso de pro-
tos baseados em diferente ou mais complexa cesso visando a extinção do respectivo posto de
tecnologia, nos seis meses anteriores ao início trabalho.
do procedimento previsto no artigo 426.o; SUBSECÇÃO II
b) Tenha sido ministrada acção de formação pro-
fissional adequada às modificações introduzidas Procedimento
no posto de trabalho, sob controlo pedagógico
da autoridade competente ou de entidade por DIVISÃO I
esta credenciada; Despedimento por facto imputável ao trabalhador
c) Tenha sido facultado ao trabalhador, após a for-
mação, um período não inferior a 30 dias de Artigo 411.o
adaptação ao posto de trabalho ou, fora deste,
sempre que o exercício de funções naquele posto Nota de culpa
seja susceptível de causar prejuízos ou riscos 1 — Nos casos em que se verifique algum compor-
para a segurança e saúde do próprio, dos res- tamento susceptível de integrar o conceito de justa causa
tantes trabalhadores ou terceiros; enunciado no n.o 1 do artigo 396.o, o empregador comu-
d) Não exista na empresa outro posto de trabalho nica, por escrito, ao trabalhador que tenha incorrido
disponível e compatível com a qualificação pro- nas respectivas infracções a sua intenção de proceder
fissional do trabalhador; ao despedimento, juntando nota de culpa com a descri-
e) A situação de inadaptação não tenha sido deter- ção circunstanciada dos factos que lhe são imputados.
minada pela falta de condições de segurança,
higiene e saúde no trabalho imputável ao 2 — Na mesma data é remetida à comissão de tra-
empregador; balhadores da empresa cópia daquela comunicação e
f) Seja posta à disposição do trabalhador a com- da nota de culpa.
pensação devida. 3 — Se o trabalhador for representante sindical, é
ainda enviada cópia dos dois documentos à associação
2 — A cessação do contrato prevista no n.o 2 do artigo sindical respectiva.
anterior só pode ter lugar desde que, cumulativamente, 4 — A comunicação da nota de culpa ao trabalhador
se verifiquem os seguintes requisitos: interrompe a contagem dos prazos estabelecidos no
artigo 372.o
a) A introdução de novos processos de fabrico, de
novas tecnologias ou equipamentos baseados Artigo 412.o
em diferente ou mais complexa tecnologia impli- Instauração do procedimento
que modificação nas funções relativas ao posto
de trabalho; A instauração do procedimento prévio de inquérito
b) A situação de inadaptação não tenha sido deter- interrompe os prazos a que se refere o n.o 4 do artigo
minada pela falta de condições de segurança, anterior, desde que, mostrando-se aquele procedimento
higiene e saúde no trabalho imputável ao necessário para fundamentar a nota de culpa, seja ini-
empregador; ciado e conduzido de forma diligente, não mediando
c) Seja posta à disposição do trabalhador a com- mais de 30 dias entre a suspeita de existência de com-
pensação devida. portamentos irregulares e o início do inquérito, nem
entre a sua conclusão e a notificação da nota de culpa.
Artigo 408.o
Artigo 413.o
Reocupação do anterior posto de trabalho
Resposta à nota de culpa
O trabalhador que, nos três meses anteriores à data
do início do procedimento previsto no artigo 426.o, tenha O trabalhador dispõe de 10 dias úteis para consultar
sido transferido para posto de trabalho em relação ao o processo e responder à nota de culpa, deduzindo por
5622 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
escrito os elementos que considere relevantes para o nota de culpa, desde que o empregador, por escrito,
esclarecimento dos factos e da sua participação nos mes- justifique que, tendo em conta indícios de factos impu-
mos, podendo juntar documentos e solicitar as diligên- táveis ao trabalhador, a sua presença na empresa é
cias probatórias que se mostrem pertinentes para o inconveniente, nomeadamente para a averiguação de
esclarecimento da verdade. tais factos, e que não foi ainda possível elaborar a nota
de culpa.
Artigo 414.o Artigo 418.o
Instrução Microempresas
1 — O empregador, por si ou através de instrutor que 1 — Nas microempresas são dispensadas, no proce-
tenha nomeado, procede às diligências probatórias dimento de despedimento, as formalidades previstas nos
requeridas na resposta à nota de culpa, a menos que n.os 2 e 3 do artigo 411.o, no artigo 413.o, nos n.os 1
as considere patentemente dilatórias ou impertinentes, e 3 do artigo 414.o e no artigo 415.o
devendo, nesse caso, alegá-lo fundamentadamente por 2 — É garantida a audição do trabalhador, que a pode
escrito. substituir, no prazo de 10 dias úteis contados da noti-
2 — O empregador não é obrigado a proceder à audi- ficação da nota de culpa, por alegação escrita dos ele-
ção de mais de 3 testemunhas por cada facto descrito mentos que considere relevantes para o esclarecimento
na nota de culpa, nem mais de 10 no total, cabendo dos factos e da sua participação nos mesmos, podendo
ao trabalhador assegurar a respectiva comparência para requerer a audição de testemunhas.
o efeito. 3 — A decisão do despedimento deve ser fundamen-
3 — Concluídas as diligências probatórias, o processo tada com discriminação dos factos imputados ao tra-
é apresentado, por cópia integral, à comissão de tra- balhador, sendo-lhe comunicada por escrito.
balhadores e, no caso do n.o 3 do artigo 411.o, à asso- 4 — No caso de o trabalhador ser membro da comis-
ciação sindical respectiva, que podem, no prazo de cinco são de trabalhadores ou representante sindical, o pro-
dias úteis, fazer juntar ao processo o seu parecer cesso disciplinar segue os termos dos artigos 411.o e
fundamentado. seguintes.
Artigo 415.o DIVISÃO II
data da recepção daquela comunicação, uma comissão 2 — Na data em que for expedida aos trabalhadores
representativa, com o máximo de três ou cinco elemen- a decisão de despedimento, o empregador deve remeter
tos, consoante o despedimento abranja até cinco ou mais ao serviço competente do ministério responsável pela
trabalhadores. área laboral a acta a que se refere o n.o 5 do artigo 420.o,
5 — No caso previsto no número anterior, o empre- bem como um mapa, mencionando, em relação a cada
gador envia à comissão nele designada e aos serviços trabalhador, nome, morada, data de nascimento e de
mencionados no n.o 3 os elementos referidos no n.o 2. admissão na empresa, situação perante a segurança
social, profissão, categoria e retribuição e ainda a
Artigo 420.o medida individualmente aplicada e a data prevista para
a sua execução.
Informações e negociações 3 — Na mesma data é enviada cópia do referido mapa
1 — Nos 10 dias posteriores à data da comunicação à estrutura representativa dos trabalhadores.
prevista nos n.os 1 ou 5 do artigo anterior tem lugar 4 — Na falta da acta a que se refere o n.o 5 do
uma fase de informações e negociação entre o empre- artigo 420.o, o empregador, para os efeitos do referido
gador e a estrutura representativa dos trabalhadores, no n.o 2 do presente artigo, deve enviar justificação
com vista à obtenção de um acordo sobre a dimensão daquela falta, descrevendo as razões que obstaram ao
e efeitos das medidas a aplicar e, bem assim, sobre a acordo, bem como as posições finais das partes.
aplicação de outras medidas que reduzam o número
de trabalhadores a despedir, designadamente: DIVISÃO III
a) Suspensão da prestação de trabalho; Despedimento por extinção de posto de trabalho
b) Redução da prestação de trabalho;
c) Reconversão e reclassificação profissional; Artigo 423.o
d) Reformas antecipadas e pré-reformas.
Comunicações
2 — Se no decurso de um procedimento de despe- 1 — No caso de despedimento por extinção de posto
dimento colectivo se vierem a adoptar as medidas pre- de trabalho, o empregador comunica, por escrito, à
vistas nas alíneas a) e b) do n.o 1, aos trabalhadores comissão de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão
abrangidos não se aplica o disposto nos artigos 336.o intersindical ou comissão sindical respectiva a neces-
e 337.o sidade de extinguir o posto de trabalho e o consequente
3 — A aplicação das medidas previstas nas alíneas c) despedimento do trabalhador que o ocupe.
e d) do n.o 1 pressupõem o acordo do trabalhador. 2 — A comunicação a que se refere o número anterior
4 — O empregador e a estrutura representativa dos é igualmente feita a cada um dos trabalhadores envol-
trabalhadores podem cada qual fazer-se assistir por um vidos e enviada ao sindicato representativo dos mesmos,
perito nas reuniões de negociação. quando sejam representantes sindicais.
5 — Das reuniões de negociação é lavrada acta con- 3 — A comunicação a que se referem os números
tendo a matéria aprovada e, bem assim, as posições anteriores é acompanhada de:
divergentes das partes, com as opiniões, sugestões e pro-
postas de cada uma. a) Indicação dos motivos invocados para a extinção
Artigo 421.o do posto de trabalho, com identificação da sec-
ção ou unidade equivalente a que respeitam;
Intervenção do ministério responsável pela área laboral b) Indicação das categorias profissionais e dos tra-
1 — Os serviços competentes do ministério respon- balhadores abrangidos.
sável pela área laboral participam no processo de nego-
ciação previsto no artigo anterior, com vista a assegurar Artigo 424.o
a regularidade da sua instrução substantiva e procedi-
mental e a promover a conciliação dos interesses das Consultas
partes. 1 — Nos 10 dias posteriores à data da comunicação
2 — A pedido de qualquer das partes ou por iniciativa prevista no artigo anterior, a estrutura representativa
da entidade referida no número anterior, os serviços dos trabalhadores, em caso de oposição ao despedi-
regionais do emprego e da formação profissional e a mento, emite parecer fundamentado do qual constam
segurança social definem as medidas de emprego, for- as respectivas razões, nomeadamente quanto aos moti-
mação profissional e de segurança social aplicáveis, de vos invocados, quanto à não verificação dos requisitos
acordo com o enquadramento previsto na lei para as previstos nas alíneas a) a d) do n.o 1 do artigo 403.o
soluções que vierem a ser adoptadas. ou quanto à violação das prioridades a que se refere
o n.o 2 do mesmo artigo, bem como as alternativas que
Artigo 422.o permitam atenuar os seus efeitos.
Decisão
2 — Dentro do mesmo prazo os trabalhadores abran-
gidos podem pronunciar-se nos termos do número
1 — Celebrado o acordo ou, na falta deste, decorridos anterior.
20 dias sobre a data da comunicação referida nos n.os 3 — A estrutura representativa dos trabalhadores e
1 ou 5 do artigo 419.o, o empregador comunica, por cada um dos trabalhadores abrangidos podem, nos três
escrito, a cada trabalhador a despedir a decisão de des- dias úteis posteriores à comunicação referida nos n.os 1
pedimento, com menção expressa do motivo e da data e 2 do artigo anterior, solicitar a intervenção dos serviços
da cessação do respectivo contrato, indicando o mon- competentes do ministério responsável pela área laboral
tante da compensação, assim como a forma e o lugar para fiscalizar a verificação dos requisitos previstos nas
do seu pagamento. alíneas c) e d) do n.o 1 e no n.o 2 do artigo 403.o
5624 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
b) Não tiver observado o prazo para decidir o des- 3 — Na acção de impugnação do despedimento, o
pedimento, referido no n.o 1 do artigo 422.o; empregador apenas pode invocar factos e fundamentos
c) Não tiver posto à disposição do trabalhador des- constantes da decisão de despedimento comunicada ao
pedido, até ao termo do prazo de aviso prévio, trabalhador.
a compensação a que se refere o artigo 401.o Artigo 436.o
e, bem assim, os créditos vencidos ou exigíveis
Efeitos da ilicitude
em virtude da cessação do contrato de trabalho,
sem prejuízo do disposto no número seguinte. 1 — Sendo o despedimento declarado ilícito, o
empregador é condenado:
2 — O requisito constante da alínea c) do número
anterior não é exigível na situação prevista no a) A indemnizar o trabalhador por todos os danos,
artigo 391.o nem nos casos regulados em legislação espe- patrimoniais e não patrimoniais, causados;
cial sobre recuperação de empresas e reestruturação b) A reintegrá-lo no seu posto de trabalho sem
de sectores económicos. prejuízo da sua categoria e antiguidade.
bunal fixar o montante, entre 15 e 45 dias de retribuição 3 — Constitui ainda justa causa de resolução do con-
base e diuturnidades por cada ano completo ou fracção trato pelo trabalhador:
de antiguidade, atendendo ao valor da retribuição e ao
grau de ilicitude decorrente do disposto no artigo 429.o a) Necessidade de cumprimento de obrigações
2 — Para efeitos do número anterior, o tribunal deve legais incompatíveis com a continuação ao
atender a todo o tempo decorrido desde a data do des- serviço;
pedimento até ao trânsito em julgado da decisão judicial. b) Alteração substancial e duradoura das condi-
3 — A indemnização prevista no n.o 1 não pode ser ções de trabalho no exercício legítimo de pode-
inferior a três meses de retribuição base e diuturnidades. res do empregador;
4 — Caso a oposição à reintegração nos termos do c) Falta não culposa de pagamento pontual da
n.o 2 do artigo anterior seja julgada procedente, a indem- retribuição.
nização prevista no n.o 1 deste artigo é calculada entre
30 e 60 dias nos termos estabelecidos nos números 4 — A justa causa é apreciada nos termos do n.o 2
anteriores. do artigo 396.o, com as necessárias adaptações.
5 — Sendo a oposição à reintegração julgada proce-
dente, a indemnização prevista no número anterior não Artigo 442.o
pode ser inferior a seis meses de retribuição base e
diuturnidades. Procedimento
Artigo 455.o
SUBSECÇÃO III
Faltas
Dever de reserva e confidencialidade
1 — As ausências dos trabalhadores eleitos para as
estruturas de representação colectiva no desempenho
das suas funções e que excedam o crédito de horas con- Artigo 458.o
sideram-se faltas justificadas e contam, salvo para efeito Informações confidenciais
de retribuição, como tempo de serviço efectivo.
2 — Relativamente aos delegados sindicais, apenas se 1 — Os membros das estruturas de representação
consideram justificadas, para além das que correspon- colectiva dos trabalhadores não podem revelar aos tra-
dam ao gozo do crédito de horas, as ausências motivadas balhadores ou a terceiros as informações que, no exer-
pela prática de actos necessários e inadiáveis no exercício cício legítimo da empresa ou do estabelecimento, lhes
das suas funções, as quais contam, salvo para efeito de tenham sido comunicadas com menção expressa da res-
retribuição, como tempo de serviço efectivo. pectiva confidencialidade.
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5629
enquanto o trabalhador não revogar a sua declaração dicais, bem como daqueles que fazem parte de comissões
com as seguintes indicações: sindicais e intersindicais de delegados, sendo o teor dessa
comunicação publicitado nos locais reservados às infor-
a) Nome e assinatura do trabalhador; mações sindicais.
b) Sindicato em que o trabalhador está inscrito; 2 — O mesmo deve ser observado no caso de subs-
c) Valor da quota estatutariamente estabelecida. tituição ou cessação de funções.
3 — O trabalhador deve enviar cópia ao sindicato res- Artigo 500.o
pectivo da declaração de autorização ou do pedido de
Número de delegados sindicais
cobrança, previstos no artigo anterior, bem como da
respectiva revogação. 1 — O número máximo de delegados sindicais que
4 — A declaração de autorização ou o pedido de beneficiam do regime de protecção previsto neste
cobrança, previstos no artigo anterior, bem como a res- Código é determinado da seguinte forma:
pectiva revogação, produzem efeitos a partir do 1.o dia
do mês seguinte ao da sua entrega ao empregador. a) Empresa com menos de 50 trabalhadores sin-
dicalizados — um membro;
b) Empresa com 50 a 99 trabalhadores sindicali-
SUBSECÇÃO IV zados — dois membros;
c) Empresa com 100 a 199 trabalhadores sindi-
Exercício da actividade sindical na empresa calizados — três membros;
d) Empresa com 200 a 499 trabalhadores sindi-
Artigo 496.o calizados — seis membros;
Acção sindical na empresa e) Empresa com 500 ou mais trabalhadores sin-
dicalizados — o número de delegados resultante
Os trabalhadores e os sindicatos têm direito a desen- da fórmula 6+[(n – 500) : 200], representando n
volver actividade sindical no interior da empresa, o número de trabalhadores.
nomeadamente através de delegados sindicais, comis-
sões sindicais e comissões intersindicais. 2 — O resultado apurado nos termos da alínea e) do
número anterior é sempre arredondado para a unidade
Artigo 497.o imediatamente superior.
Reuniões de trabalhadores
Artigo 501.o
1 — Os trabalhadores podem reunir-se nos locais de
Direito a instalações
trabalho, fora do horário de trabalho observado pela
generalidade dos trabalhadores, mediante convocação 1 — Nas empresas ou estabelecimentos com 150 ou
de um terço ou 50 dos trabalhadores do respectivo esta- mais trabalhadores, o empregador é obrigado a pôr à
belecimento, ou da comissão sindical ou intersindical, disposição dos delegados sindicais, desde que estes o
sem prejuízo do normal funcionamento, no caso de tra- requeiram, a título permanente, local situado no interior
balho por turnos ou de trabalho suplementar. da empresa, ou na sua proximidade, e que seja apro-
2 — Os trabalhadores podem reunir-se durante o priado ao exercício das suas funções.
horário de trabalho observado pela generalidade dos 2 — Nas empresas ou estabelecimentos com menos
trabalhadores até um período máximo de quinze horas de 150 trabalhadores o empregador é obrigado a pôr
por ano, que contam como tempo de serviço efectivo, à disposição dos delegados sindicais, sempre que estes
desde que assegurem o funcionamento dos serviços de o requeiram, um local apropriado para o exercício das
natureza urgente e essencial. suas funções.
3 — A convocação das reuniões referidas nos núme- Artigo 502.o
ros anteriores é regulada nos termos previstos em legis-
Direito de afixação e informação sindical
lação especial.
Artigo 498.o Os delegados sindicais têm o direito de afixar, no
interior da empresa e em local apropriado, para o efeito
Delegado sindical, comissão sindical e comissão intersindical reservado pelo empregador, textos, convocatórias,
1 — Os delegados sindicais são eleitos e destituídos comunicações ou informações relativos à vida sindical
nos termos dos estatutos dos respectivos sindicatos, em e aos interesses sócio-profissionais dos trabalhadores,
escrutínio directo e secreto. bem como proceder à sua distribuição, mas sem prejuízo,
2 — Nas empresas em que o número de delegados em qualquer dos casos, do funcionamento normal da
o justifique, ou que compreendam vários estabelecimen- empresa.
tos, podem constituir-se comissões sindicais de dele- Artigo 503.o
gados. Direito a informação e consulta
3 — Sempre que numa empresa existam delegados
de mais de um sindicato pode constituir-se uma comissão 1 — Os delegados sindicais gozam do direito a infor-
intersindical de delegados. mação e consulta relativamente às matérias constantes
das suas atribuições.
2 — O direito a informação e consulta abrange, para
Artigo 499.o além de outras referidas na lei ou identificadas em con-
Comunicação ao empregador sobre eleição e destituição venção colectiva, as seguintes matérias:
dos delegados sindicais
a) A informação sobre a evolução recente e a evo-
1 — As direcções dos sindicatos comunicam por lução provável das actividades da empresa ou
escrito ao empregador a identificação dos delegados sin- do estabelecimento e a sua situação económica;
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5635
processo eleitoral uma comissão eleitoral com- cópia da acta da assembleia que os elegeu, ao ministério
posta pelo presidente da mesa da assembleia responsável pela área laboral no prazo de 10 dias após
geral e por representantes de cada uma das listas a eleição, para publicação imediata no Boletim do Tra-
concorrentes; balho e Emprego.
g) O mandato dos membros da direcção não pode Artigo 520.o
ter duração superior a quatro anos, sendo per-
mitida a reeleição para mandatos sucessivos; Dissolução e destino dos bens
h) Os corpos sociais podem ser destituídos por deli- Em caso de dissolução de uma associação de empre-
beração da assembleia geral, devendo os estatutos gadores, os respectivos bens não podem ser distribuídos
regular os termos da destituição e da gestão da pelos associados.
associação sindical até ao início de funções de
novos corpos sociais; Artigo 521.o
i) As assembleias gerais devem ser convocadas Cancelamento do registo
com ampla publicidade, indicando-se a hora,
local e objecto, e devendo ser publicada a con- A extinção judicial ou voluntária da associação de
vocatória com antecedência mínima de três dias empregadores deve ser comunicada ao ministério res-
em um dos jornais da localidade da sede da ponsável pela área laboral que procede ao cancelamento
associação sindical ou, não o havendo, em um do respectivo registo produzindo efeitos a partir da res-
dos jornais aí mais lidos; pectiva publicação no Boletim do Trabalho e Emprego.
j) A convocação das assembleias gerais compete
ao presidente da respectiva mesa, por sua ini- Artigo 522.o
ciativa ou a pedido da direcção, ou de 10 %
ou 200 dos associados. Aquisição e perda da qualidade de associação de empregadores
O presidente da mesa da assembleia geral deve reme- Nenhum projecto ou proposta de lei, projecto de
ter a identificação dos membros da direcção, bem como decreto-lei ou projecto ou proposta de decreto regional
5638 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 197 — 27 de Agosto de 2003
relativo à legislação de trabalho pode ser discutido e separata, e solicitar à Assembleia da República, ao
votado pela Assembleia da República, pelo Governo Governo da República, às Assembleias Regionais ou
da República, pelas Assembleias Regionais ou pelos aos Governos Regionais audição oral, nos termos da
Governos Regionais sem que as comissões de traba- regulamentação própria da orgânica interna de cada um
lhadores ou as respectivas comissões coordenadoras, as destes órgãos.
associações sindicais e as associações de empregadores
se tenham podido pronunciar sobre ele. Artigo 530.o
Resultados da apreciação pública
Artigo 526.o
1 — As posições das entidades referidas no
Participação da Comissão Permanente de Concertação Social artigo 525.o constantes de pareceres ou expressas nas
audições são tidas em conta pelo legislador como ele-
A Comissão Permanente de Concertação Social pode
mentos de trabalho.
pronunciar-se sobre qualquer projecto ou proposta de
2 — O resultado da apreciação pública consta:
acto legislativo previsto no artigo 524.o, podendo ser
convocada por decisão do Presidente mediante reque- a) Do preâmbulo do decreto-lei ou do decreto
rimento de qualquer dos seus membros. regional;
b) Do relatório anexo ao parecer da comissão espe-
Artigo 527.o cializada da Assembleia da República ou das
comissões das assembleias regionais.
Publicação dos projectos e propostas
Artigo 563.o
Artigo 558.o
Adesão a convenções colectivas e a decisões arbitrais
Denúncia
1 — As associações sindicais, as associações de
1 — A convenção colectiva pode ser denunciada, por empregadores e os empregadores podem aderir a con-
qualquer das outorgantes, mediante comunicação escrita venções colectivas ou decisões arbitrais em vigor.
dirigida à outra parte, desde que seja acompanhada de 2 — A adesão opera-se por acordo entre a entidade
uma proposta negocial. interessada e aquela ou aquelas que se lhe contraporiam
2 — A denúncia deve ser feita com uma antecedência na negociação da convenção, se nela tivessem par-
de, pelo menos, três meses, relativamente ao termo de ticipado.
prazo de vigência previsto no artigo 556.o ou na alínea a) 3 — Da adesão não pode resultar modificação do con-
do n.o 2 do artigo 557.o teúdo da convenção colectiva ou da decisão arbitral
ainda que destinada a aplicar-se somente no âmbito
da entidade aderente.
Artigo 559.o 4 — Aos acordos de adesão aplicam-se as regras refe-
Revogação
rentes ao depósito e a publicação das convenções
colectivas.
Decorrido o prazo de vigência mínimo de um ano, CAPÍTULO IV
a convenção colectiva pode cessar os seus efeitos
mediante revogação por acordo das partes. Arbitragem
SECÇÃO I
Artigo 560.o
Arbitragem voluntária
Sucessão de convenções colectivas
Artigo 564.o
1 — A convenção posterior revoga integralmente a
Admissibilidade
convenção anterior, salvo nas matérias expressamente
ressalvadas pelas partes. A todo o tempo as partes podem acordar em submeter
2 — A mera sucessão de convenções colectivas não a arbitragem, nos termos que definirem ou, na falta
pode ser invocada para diminuir o nível de protecção de definição, segundo o disposto nos artigos seguintes,
global dos trabalhadores. as questões laborais que resultem, nomeadamente, da
3 — Os direitos decorrentes de convenção colectiva interpretação, integração, celebração ou revisão de uma
só podem ser reduzidos por nova convenção de cujo convenção colectiva.
texto conste, em termos expressos, o seu carácter glo-
balmente mais favorável.
Artigo 565.o
4 — No caso previsto no número anterior, a nova con-
venção prejudica os direitos decorrentes de convenção Funcionamento
anterior, salvo se, na nova convenção, forem expres-
1 — A arbitragem é realizada por três árbitros, um
samente ressalvados pelas partes.
nomeado por cada uma das partes e o terceiro escolhido
por estes.
SECÇÃO VII 2 — O ministério responsável pela área laboral deve
ser informado pelas partes do início e do termo do res-
Cumprimento pectivo procedimento.
3 — Os árbitros podem ser assistidos por peritos e
têm o direito a obter das partes, do ministério respon-
Artigo 561.o
sável pela área laboral e do ministério responsável pela
Execução área de actividade a informação necessária de que estas
disponham.
1 — No cumprimento da convenção colectiva devem 4 — Os árbitros enviam o texto da decisão às partes
as partes, tal como os respectivos filiados, proceder de e ao ministério responsável pela área laboral, para efei-
boa fé. tos de depósito e publicação, no prazo de 15 dias a
2 — Durante a execução da convenção colectiva aten- contar da decisão.
der-se-á às circunstâncias em que as partes fundamen- 5 — O regime geral da arbitragem voluntária é sub-
taram a decisão de contratar. sidiariamente aplicável.
N.o 197 — 27 de Agosto de 2003 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 5643
O âmbito de aplicação definido nas convenções colec- Compete ao ministro responsável pela área laboral
tivas ou decisões arbitrais pode ser estendido, após a e ao ministro da tutela ou ao ministro responsável pelo
sua entrada em vigor, por regulamentos de extensão. sector de actividade a emissão de regulamentos de con-
dições mínimas, nos termos dos artigos seguintes.
Artigo 574.o
Competência
Artigo 578.o
1 — Compete ao ministério responsável pela área Admissibilidade de emissão de regulamentos de condições mínimas
laboral a emissão de regulamentos de extensão, nos ter-
mos dos artigos seguintes. Nos casos em que não seja possível o recurso ao regu-
2 — A competência para a emissão dos regulamentos lamento de extensão, verificando-se a inexistência de
de extensão é conjunta com a do ministro responsável associações sindicais ou de empregadores e estando em
pelo sector de actividade em causa quando a oposição causa circunstâncias sociais e económicas que o justi-
a que se refere o n.o 2 do artigo 576.o se fundamentar fiquem, pode ser emitido um regulamento de condições
em motivos de ordem económica. mínimas de trabalho.
3 — Se a mediação for requerida apenas por uma 3 — As assembleias referidas no número anterior
das partes, o mediador deve solicitar à outra parte que deliberam validamente desde que participe na votação
se pronuncie sobre o respectivo objecto. a maioria dos trabalhadores da empresa e que a decla-
4 — Se as partes discordarem sobre o objecto da ração de greve seja aprovada pela maioria dos votantes.
mediação, o mediador decide tendo em consideração
a viabilidade de acordo das partes.
5 — Para a elaboração da proposta, o mediador pode Artigo 593.o
solicitar às partes e a qualquer departamento do Estado Representação dos trabalhadores
os dados e informações de que estes disponham e que
aquele considere necessários. 1 — Os trabalhadores em greve serão representados
6 — O mediador deve remeter às partes a sua pro- pela associação ou associações sindicais ou por uma
posta por carta registada no prazo de trinta dias a contar comissão eleita para o efeito, no caso a que se refere
da sua nomeação. o n.o 2 do artigo anterior.
7 — A proposta do mediador considera-se recusada 2 — As entidades referidas no número anterior
se não houver comunicação escrita de ambas as partes podem delegar os seus poderes de representação.
a aceitá-la no prazo de 10 dias a contar da sua recepção.
8 — Decorrido o prazo fixado no número anterior,
o mediador comunica, em simultâneo, a cada uma das Artigo 594.o
partes, no prazo de cinco dias, a aceitação ou recusa Piquetes de greve
das partes.
9 — O mediador está obrigado a guardar sigilo de A associação sindical ou a comissão de greve pode
todas as informações colhidas no decurso do procedi- organizar piquetes para desenvolver actividades tenden-
mento que não sejam conhecidas da outra parte. tes a persuadir os trabalhadores a aderirem à greve,
por meios pacíficos, sem prejuízo do reconhecimento
Artigo 589.o da liberdade de trabalho dos não aderentes.
Convocatória pelos serviços do ministério responsável
pela área laboral Artigo 595.o
1 — Até ao termo do prazo referido na parte final Aviso prévio
do n.o 7 do artigo anterior, o mediador pode realizar 1 — As entidades com legitimidade para decidirem
todos os contactos, com cada uma das partes em sepa- o recurso à greve devem dirigir ao empregador ou à
rado, que considere convenientes e viáveis no sentido
da obtenção de um acordo. associação de empregadores, e ao ministério responsável
2 — As partes são obrigadas a comparecer nas reu- pela área laboral, por meios idóneos, nomeadamente
niões convocadas pelo mediador. por escrito ou através dos meios de comunicação social,
um aviso prévio, com o prazo mínimo de cinco dias
úteis.
SECÇÃO IV 2 — Para os casos das alíneas do n.o 2 do artigo 598.o,
Arbitragem o prazo de aviso prévio é de 10 dias úteis.
3 — O aviso prévio deve conter uma proposta de defi-
Artigo 590.o nição dos serviços necessários à segurança e manutenção
Arbitragem
do equipamento e instalações, bem como, sempre que
a greve se realize em empresa ou estabelecimento que
O conflitos colectivos podem ser dirimidos por arbi- se destine à satisfação de necessidades sociais impre-
tragem nos termos previstos nos artigos 564.o a 572.o teríveis, uma proposta de definição de serviços mínimos.
2 — Relativamente aos vínculos laborais dos grevis- belecida, sem prejuízo do disposto no n.o 4, por despacho
tas, mantêm-se, durante a greve, os direitos, deveres conjunto, devidamente fundamentado, do ministro res-
e garantias das partes na medida em que não pressu- ponsável pela área laboral e do ministro responsável
ponham a efectiva prestação do trabalho, assim como pelo sector de actividade.
os direitos previstos na legislação sobre segurança social 4 — No caso de se tratar de serviços da administração
e as prestações devidas por acidentes de trabalho e doen- directa do Estado ou de empresa que se inclua no sector
ças profissionais. empresarial do Estado, e na falta de um acordo até
3 — O período de suspensão não pode prejudicar a ao termo do 3.o dia posterior ao aviso prévio de greve,
antiguidade e os efeitos dela decorrentes, nomeada- a definição dos serviços e meios referidos no n.o 2 com-
mente no que respeita à contagem de tempo de serviço. pete a um colégio arbitral composto por três árbitros
constantes das listas de árbitros previstas no artigo 570.o,
Artigo 598.o nos termos previstos em legislação especial.
Obrigações durante a greve 5 — O despacho previsto no n.o 3 e a decisão do
colégio arbitral prevista no número anterior produzem
1 — Nas empresas ou estabelecimentos que se des- efeitos imediatamente após a sua notificação aos repre-
tinem à satisfação de necessidades sociais impreteríveis sentantes referidos no n.o 2 e devem ser afixados nas
ficam as associações sindicais e os trabalhadores obri- instalações da empresa ou estabelecimento, nos locais
gados a assegurar, durante a greve, a prestação dos ser- habitualmente destinados à informação dos trabalha-
viços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação dores.
daquelas necessidades.
6 — Os representantes dos trabalhadores a que se
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, con-
sideram-se empresas ou estabelecimentos que se des- refere o artigo 593.o devem designar os trabalhadores
tinam à satisfação de necessidades sociais impreteríveis que ficam adstritos à prestação dos serviços referidos
os que se integram, nomeadamente, em alguns dos no artigo anterior, até quarenta e oito horas antes do
seguintes sectores: início do período de greve, e, se não o fizerem, deve
o empregador proceder a essa designação.
a) Correios e telecomunicações; 7 — A definição dos serviços mínimos deve respeitar
b) Serviços médicos, hospitalares e medicamen- os princípios da necessidade, da adequação e da pro-
tosos; porcionalidade.
c) Salubridade pública, incluindo a realização de
funerais;
d) Serviços de energia e minas, incluindo o abas- Artigo 600.o
tecimento de combustíveis;
e) Abastecimento de águas; Regime de prestação dos serviços mínimos
f) Bombeiros;
g) Serviços de atendimento ao público que asse- 1 — Os trabalhadores afectos à prestação de serviços
gurem a satisfação de necessidades essenciais mínimos mantêm-se, na estrita medida necessária à pres-
cuja prestação incumba ao Estado; tação desses serviços, sob a autoridade e direcção do
h) Transportes, incluindo portos, aeroportos, esta- empregador, tendo direito, nomeadamente, à retribui-
ções de caminho de ferro e de camionagem, ção.
relativos a passageiros, animais e géneros ali- 2 — O disposto no número anterior é aplicável a tra-
mentares deterioráveis e a bens essenciais à eco- balhadores que prestem durante a greve os serviços
nomia nacional, abrangendo as respectivas car- necessários à segurança e manutenção do equipamento
gas e descargas; e instalações.
i) Transporte e segurança de valores monetários.
d) Se praticadas por empresa com volume de negó- número de infracções corresponde ao número de tra-
cios igual ou superior a E 5 000 000 e inferior balhadores concretamente afectados, nos termos e com
a E 10 000 000, de 55 UC a 140 UC em caso os limites previstos em legislação especial.
de negligência e de 145 UC a 400 UC em caso
de dolo;
e) Se praticadas por empresa com volume de negó- Artigo 625.o
cios igual ou superior a E 10 000 000, de 90 UC Determinação da medida da coima
a 300 UC em caso de negligência e de 300 UC
a 600 UC em caso de dolo. 1 — Na determinação da medida da coima, além do
disposto no regime geral das contra-ordenações, são
5 — O volume de negócios reporta-se ao ano civil ainda atendíveis a medida do incumprimento das reco-
anterior ao da prática da infracção. mendações constantes do auto de advertência, a coac-
6 — Se a empresa não tiver actividade no ano civil ção, a falsificação, a simulação ou outro meio fraudu-
anterior, considera-se o volume de negócios do ano mais lento usado pelo agente.
recente. 2 — No caso de infracções a normas de segurança,
7 — No ano do início de actividade serão aplicáveis higiene e saúde no trabalho, são também atendíveis os
os limites previstos para as empresas com volume de princípios gerais de prevenção a que devem obedecer
negócios inferior a E 500 000. as medidas de protecção, bem como a permanência ou
8 — Sempre que o empregador não indique o volume transitoriedade da infracção, o número de trabalhadores
de negócios aplicam-se os limites previstos para as
empresas com volume de negócios igual ou superior potencialmente afectados e as medidas e instruções
a E 10 000 000. adoptadas pelo empregador para prevenir os riscos.
3 — As publicações referidas no número anterior são pector do trabalho pode levantar auto de advertência,
promovidas pelo tribunal competente, em relação às com a indicação da infracção verificada, das medidas
infracções objecto de decisão judicial, e pela Inspec- recomendadas ao infractor e do prazo para o seu
ção-Geral do Trabalho, nos restantes casos. cumprimento.
2 — O inspector do trabalho notifica ou entrega
Artigo 628.o imediatamente o auto de advertência ao infractor, avi-
sando-o de que o incumprimento das medidas recomen-
Destino das coimas dadas determina a instauração de processo por con-
1 — Em processos cuja instrução esteja cometida à tra-ordenação e influi na determinação da medida da
Inspecção-Geral do Trabalho, metade do produto das coima.
coimas aplicadas reverte para esta, a título de compen- 3 — Se o cumprimento da norma a que respeita a
sação de custos de funcionamento e despesas proces- infracção for comprovável por documentos, o sujeito
suais, tendo o remanescente o seguinte destino: responsável apresenta os documentos comprovativos do
cumprimento na Inspecção-Geral do Trabalho, dentro
a) Fundo de Garantia e Actualização de Pensões, do prazo fixado.
no caso de coimas aplicadas em matéria de segu- 4 — No caso de infracção não abrangida pelo disposto
rança, higiene e saúde no trabalho; no número anterior, o inspector do trabalho pode orde-
b) 35 % para o Instituto de Gestão Financeira da nar ao sujeito responsável pela infracção que, dentro
Segurança Social e 15 % para o Orçamento do do prazo fixado, comunique à delegação ou subdele-
Estado, relativamente às demais coimas. gação territorialmente competente dos serviços indica-
dos no número anterior que tomou as medidas neces-
2 — A Inspecção-Geral do Trabalho transfere, tri- sárias para cumprir a norma.
mestralmente, para as entidades referidas no número 5 — O disposto nos números anteriores não prejudica
anterior as importâncias a que têm direito. a aplicação das normas gerais relativas à desistência.
Constitui contra-ordenação muito grave a violação 1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio-
do disposto no n.o 1 do artigo 71.o lação do disposto nos artigos 129.o, 137.o e 143.o
2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
Artigo 646.o disposto na alínea e) do n.o 1 e no n.o 3 do artigo 131.o,
no n.o 1 do artigo 132.o e no n.o 1 do artigo 135.o
Trabalhador com deficiência ou doença crónica 3 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio- disposto no artigo 133.o
lação do disposto no n.o 1 do artigo 73.o
2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do Artigo 656.o
disposto nos artigos 75.o a 77.o
Exercício de funções afins ou funcionalmente ligadas
à actividade contratada
Artigo 647.o
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis-
Trabalhador-estudante posto no n.o 4 do artigo 151.o e no artigo 152.o
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis-
posto nos artigos 80.o a 83.o Artigo 657.o
Regulamento de empresa
Artigo 648.o
Trabalhador estrangeiro
Constitui contra-ordenação leve a violação do dis-
posto nos n.os 2 e 3 do artigo 153.o
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis-
posto no artigo 87.o
Artigo 658.o
Duração do trabalho
Artigo 649.o
Prestação de trabalho a vários empregadores Constitui contra-ordenação grave a violação do dis-
posto nos artigos 156.o, 162.o a 165.o e no n.o 4 do
1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do artigo 166.o
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 92.o
2 — São responsáveis pela infracção todos os bene-
ficiários da prestação. Artigo 659.o
Horário de trabalho
Artigo 650.o 1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
Dever de informação disposto nos artigos 172.o a 174.o, no n.o 3 do artigo 175.o,
no n.o 1 do artigo 176.o, no n.o 3 do artigo 177.o, nos
Constitui contra-ordenação leve a violação do dis- n.os 3 e 4 do artigo 178.o
posto no artigo 98.o, nos n.os 1, 2, 4 e 5 do artigo 99.o, 2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
no artigo 100.o e no n.o 1 do artigo 101.o disposto no n.o 2 do artigo 170.o e no n.o 1 do artigo 179.o
Artigo 651.o
Artigo 660.o
Perda de vantagens em caso de contrato de trabalho
com objecto ilícito Trabalho a tempo parcial
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do e no n.o 2 do artigo 440.o, bem como a violação
disposto no n.o 3 do artigo 316.o do direito à retribuição no caso previsto no n.o 1
do artigo 417.o;
Artigo 675.o b) O despedimento do trabalhador com funda-
mento em justa causa com violação do disposto
Transmissão de estabelecimento ou de empresa nos n.os 1, 2 e 3 do artigo 411.o, nos artigos 413.o
1 — Constitui contra-ordenação muito grave a vio- a 415.o e 418.o;
lação do disposto no n.o 1 e na primeira parte do n.o 3 c) O despedimento colectivo com violação do dis-
posto nos n.os 1, 2 e 4 do artigo 419.o, nos n.os 1
do artigo 318.o
e 3 do artigo 420.o e no n.o 1 do artigo 422.o;
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
d) O despedimento com fundamento na extinção
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 320.o
do posto de trabalho com violação do disposto
nos n.os 1, 2 e 4 do artigo 403.o, no artigo 423.o
Artigo 676.o e no n.o 1 do artigo 425.o;
Cedência ocasional de trabalhadores e) O despedimento com fundamento na inadap-
tação com violação do disposto no n.o 1 do arti-
1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do go 407.o, e nos artigos 408.o, 410.o e 426.o, bem
disposto no artigo 324.o, no n.o 3 do artigo 325.o, nos como a falta de fundamentação da comunicação
n.os 2, 3 e 4 do artigo 327.o e no artigo 328.o de despedimento, nos termos do n.o 1 do
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do artigo 428.o
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 325.o e no n.o 2 do
artigo 326.o 2 — Excluem-se do disposto nas alíneas b), c), d) e e)
do número anterior os casos em que, existindo funda-
Artigo 677.o mento para a ilicitude do despedimento, o empregador
assegure ao trabalhador os direitos previstos no artigo
Redução da actividade e suspensão do contrato 436.o
1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do 3 — No caso de violação do disposto no artigo 410.o,
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 331.o, no artigo 336.o, o não cumprimento da obrigação no prazo fixado pela
nos n.os 1, 2 e 3 do artigo 341.o, no artigo 342.o no autoridade administrativa constitui uma nova infracção
punida com o dobro da coima prevista no n.o 1 deste
n.o 1 do artigo 343.o e nos artigos 346.o, 348.o, 350.o
artigo.
e 351.o
4 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do
disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 394.o, nos n.os 1 e 2
disposto nos artigos 337.o, 338.o e nos n.os 1 e 2 do
do artigo 399.o, incluindo quando aplicáveis em caso
artigo 339.o
de despedimento por extinção do posto de trabalho ou
por inadaptação do trabalhador, no n.o 3 do artigo 419.o,
Artigo 678.o nos n.os 2, 3 e 4 do artigo 422.o, no n.o 2 do artigo 425.o,
Licenças assim como o impedimento à participação dos serviços
competentes do ministério responsável pela área laboral
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis- no processo de negociação referido no n.o 1 do artigo 421.o
posto no n.o 2 do artigo 354.o e no n.o 2 do artigo 355.o
Artigo 682.o
o
Artigo 679. Autonomia e independência
Pré-Reforma
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis-
Constitui contra-ordenação grave a violação do dis- posto nos n.os 1 e 2 do artigo 452.o e no artigo 453.o,
posto no n.o 3 do artigo 357.o no n.o 1 do artigo 454.o, nos artigos 457.o e 459.o, nos
artigos 501.o, 502.o e 504.o, no n.o 1 do artigo 505.o
e no n.o 1 do artigo 507.o
Artigo 680.o
Sanções disciplinares Artigo 683.o
1 — Constitui contra-ordenação grave a violação do Quotização sindical
disposto no artigo 368.o, no n.o 1 do artigo 369.o, no
n.o 1 do artigo 370.o, no n.o 1 do artigo 371.o e no Constitui contra-ordenação muito grave a recusa ou
artigo 373.o, bem como a aplicação de sanção abusiva falta de cobrança, pelo empregador, da quota sindical,
nos termos do artigo 374.o através da dedução na retribuição do trabalhador que
2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do a haja autorizado ou pedido expressamente, nos termos
disposto no artigo 376.o do n.o 1 do artigo 494.o