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Toaz - Info Abiku PR
Toaz - Info Abiku PR
O têrmo Abikú não se pontua apenas à aqueles que nascem para morrer,
como determina o conceito Yurubá, pois sendo assim todos nós seríamos
Abikús. Costumo dizer, para exemplificar, que Abikú tem qualidade, ou seja,
existem vários tipos de abikú e formas de atuação e agregação, numa
mesma concepção.
Um conceito interessante, que vale uma reflexão é que: uma pessoa pode
introduzir em sua vida o espírito abikú, quando antecipa os seus ciclos
naturais em função da ambição ou opções de vida. Isto a levará a tornar-se
um Abikú, pois certamente terá a data da sua morte antecipada.
ÀDALU (mistura).
Inúmeros Babalorisas confundem tudo, de tal forma que só falta chamar um padre
na hora de dos rituais fúnebres, de um iniciado em Orisá.
Imagine o sujeito que adorou os Orisas, durante toda sua vida, quando ele morre,
quem faz o ritual é um sacerdote de outra religião, totalmente indiferente à fé do
falecido, isso é inaceitável.
A crença daquele que deveria ser naquele momento reverenciado, termina sendo
ofendida, e tal circunstancia provoca todo tipo de constrangimentos, tanto para o
sacerdote chamado naquele momento como para as pessoas da família do falecido.
Pobre daqueles então, que já nascem sem que o sacerdote de suas famílias,
tenham condições de oficializar um simples batizado, imagine que durante toda a
gravidez, a mãe pediu para Osun, que seu filho nascesse saudável; agora quem
oficializa o batismo, não permite se quer ser que seja mencionado o nome de um
orisa, isso é muito comum, mas não deveria acontecer.
Imagina então, outra situação, que ofende nossos antepassados, prejudica e muito
o futuro dos nossos descendentes.
O sujeito que coloca a foto do seu carro importado em um espaço dedicado para
falar de orisa, na verdade está querendo demonstrar poder aquisitivo, isso não
representa asé, e sim autoafirmação.
Essa é uma situação que não é nova, há quase três décadas, uma das maiores
Yalorisas do Brasil (Dona Stella de Osossi, do Ilê Opô Afonjá), já mencionava tal
situação.
A cada dia, nos deparamos com a ansiedade das pessoas em querer mostrar um
“Novo Candomblé”, seja para os filhos de sua comunidade, seja para as pessoas
que visitam seus terreiros. Muitos que defendem a “reciclagem” do Candomblé ou a
reafricanização, se fundamentam afirmando que o “Antigo Candomblé da Bahia”
não é como na África, que foi adaptado ao Brasil e, sendo assim, qual o problema
em se reciclar, em criar um novo Candomblé? Ou mesmo reafricanizar o existente.
Alguns dizem que cantamos errado que é necessário reciclar as palavras, que
nossas evocações não são como na África, etc. Mas quando analisamos com
cuidado o dialeto yorùbá (Candomblé de Ketu) ou o dialeto Fongbe (Candomblé de
Jeje) falado hoje na África, identificamos uma grande poluição linguística oriunda do
novo mundo, sobretudo dos povos colonizadores. Fazendo um paralelo, será que um
jovem brasileiro de hoje, consegue compreender com perfeição o português falado
na Bahia ou Rio de Janeiro de 300 anos? Certamente não, sendo que ele não está
acostumado com a língua arcaica. Isso é o que acontece com alguns jovens
africanos ou estudiosos que sugerem que nossas palavras, ditas e cantadas no
Candomblé da Bahia, não são yorùbá ou fongbe. Eles são de outra geração, estão
comparando coisas incomparáveis. Não podemos nos esquecer, ainda que, o dialeto
religioso é distinto do dialeto “social”, pois existem palavras que só são conhecidas
pelos adoradores de Òrìsà.
Talvez muitas pessoas também não se deem conta de que, após o período da
escravidão, ficamos longos e mais longos anos sem receber em massa, novos
africanos. Dessa forma, os tradicionais Terreiros de Candomblé, buscaram de forma
veemente a manutenção daquilo que foi implantado pelos seus fundadores
africanos, sendo que essa era uma das únicas maneiras de se preservar não
somente a sua religião, mas a sua identidade cultural, moral e ancestral. Em
contrapartida, a África sofria diversas mudanças, culturais e religiosas. Desse modo,
a religião dos Òrìsàs na África hoje, também é diferente da Religião dos Òrìsàs na
África de 300 ou 400 anos, nesse âmbito, qualquer tipo de comparação é
totalmente equivocada.
Outro ponto que passa muitas vezes despercebido pela grande maioria, é que a
África é um continente e não uma província em que todos os seus habitantes
comungam do mesmo pensamento e tradições. Ou seja, quando um Babalawo
Africano, oriundo de Ifon desembarca no Brasil e se depara com costumes de uma
casa que foi fundada por negros de Oyo, certamente haverá choque de cultura. O
mesmo acontecerá com o negro de Oyo que chegar aqui e for visitar uma casa
fundada por negros Egba, embora africanos, a cultura é distinta.
Não podemos deixar que exista um novo Apartheid, desta vez motivado pelas
diferenças existentes no Candomblé do Brasil em comparação com a África. Nós
valorizamos como poucos a cultura africana e obviamente, porque essa cultura
também é nossa. Mas observo com preocupação que nossa cultura africana está
sendo desprezada e, muitas vezes atacada. Nós também somos os guardiões do
culto ao Òrìsà, hoje se existe por alguns, uma busca pela África, é em decorrência
da cultura apresentada por nós, descendentes desses africanos que derramaram o
sangue para defender aquilo que acreditavam.
Peço que valorizem a nossa cultura e o sangue derramado pelos nossos ancestrais.
O Candomblé no Brasil conseguiu superar muitos obstáculos, a escravidão e o
preconceito (que ainda sofremos). Nossa religião possui casas centenárias, que
carregam em suas terras, paredes, árvores, pedras e ferro, não somente a memória
ancestral do povo negro, mas a herança cultural e religiosa, que conseguiu de
forma próspera chegar aos dias de hoje.
O Candomblé não é imutável e talvez nada seja. Sim, há muitas coisas que o
Candomblé no Brasil precisa avançar, uma delas é se valorizar. Valorizar seus
ancestrais e sua cultura. Precisamos igualmente avançar nos aspectos sociais.
Precisamos de avanços nas iniciativas que contribuam para a diminuição das
distâncias sociais. Precisamos de avanços nas iniciativas que preservem a natureza
(como é triste ir à mata ou cachoeira e deparar com alguidares, garrafas, plásticos,
etc.). Precisamos de avanços no meio político, de avanços na educação das nossas
tradições para as nossas crianças. Esses sim são alguns pontos que precisam
evoluir rapidamente na nossa religião.
Precisamos, sobretudo, avançar naquilo que verdadeiramente move a nossa
religião. A Fé! De nada adianta a busca por uma tradição que já mudou mesmo no
berço da civilização se não existir a fé, se não existir a crença na Divindade para a
qual nos prosternamos.
Que nosso Pai Òsùmàrè, abençoe todos e sejamos unidos e munidos de fé.
AS PENAS SAGRADAS
Ìkódíde, Agbè, àlùkò e Lékeléke são as quatros penas sagradas de nossa religião,
somente sendo utilizadas dentro da ritualística e nunca como um simples adorno.
Elementos primordiais e indispensáveis dentro dos Ìgbèrè– Ritos Iniciáticos e de
Passagens de qualquer simbologia e significado, ou seja, são insubstituíveis dentro
do Corpo Literário.
KÓDÍDE ou ÌKÓÓDE
Trata-se de uma pena vermelha, extraída da cauda de um tipo
de papagaio africano da espécie Psittacus erithacus conhecido popularmente por
papagaio-cinzento, papagaio-do-Gabão ou papagaio-do-congo entre o povo iorubá é
denominado de Odíde ou Odíderé. Tornou-se Rei entre todas as aves, simbolo da
fecundação, da menstruação, da gestação, representa o nascimento e o simbolo do
poder feminino. Representação da realeza, honra e status, esta acima da simbologia
do Adé – Coroa. Fixado a frente da cabeça, representa o processo iniciático e
confirma os ritos de iniciação e/ou de passagem;
AGBÈ
Pena azul extraída da cauda da ave africana Turaco da família
dos Musophagidae Touraco porphyreolophus. Descritos nos mitos, como o pássaro
que carregava a boa sorte e a riqueza para Olokun – Divindade dos Oceanos. Para
que possa agir, tem que ser utilizada em contrapartida com o Àlùkò;
ÀLÙKÒ
Pena de cor púrpura (entre escarlate e violeta) extraída das asas da ave africana
Turaco da família dos Musophagidae Touraco ruspolii. Descritos nos mitos, como o
pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Olosa – A Divindade das Águas
Doces. Da mesma forma que sua contrapartida, somente age em companhia do
Agbè;
LÉKELÉKE
Pena de cor branca, extraída da ave Bubulcus ibis conhecida popularmente por
garça-vaqueira ou garça-boieira, nativa da África e do Sul da Europa, que invadiu a
América do Norte no início do Século XX e atingiu o Brasil na década de 1960.
Descritos nos mitos como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para
Orixá Nla e toda a sua corte.
Simbolo por excelência de todos os Orixá Funfun.
Hùngevè,Rungébè...
O Hùngevè é o fio de contas sagrado da nação jeje e fõn. Ele representa o elo entre
o orum e o aiye. É o fio de conta da vida e da morte, símbolo do próprio céu,do
mundo espiritual,invisível e transcendente, o séu cósmico particularmente em suas
relações com a terra,somente vodunsis recebem o Hùngevè, temos visto ogans e
ekedis usando erradamente o Hùngevè, quando o iniciado torna-se um vodunsi, ele
recebe o Hùngevè pois acaba de nascer no mundo do santo, quando o vodunsi
morre, o rungebê vai com ele pois ele nos liga ao orum,nos traz o orum,e nos leva
de volta ao orum, temos observado no Rio e em São Paulo, erroneamente, algumas
casas de santo darem o Hùngevè aos seus filhos de santo somente na obrigaçao de
sete anos. Cabe aqui uma pergunta de uma velha doné de Salvador(do bogúm) ao
relatarmos esse fato--oxente? vocês no rio e em sumpaulo só nascem aos sete anos
é?
A preparação de um Hùngevè é igual ou maior que a feitura de um vodun incluindo,
obrigações, cúrráns, zandros (efún) e mójúbas, etc. O poder do Hùngevè ultrapassa
a mente humana, ele sempre nos avisa quando vai acontecer algo de muito grave.
Na vida daquele vodunsi ou no kwe (casa), a voz do Hùngevè está num grande
segredo da nação jeje efõn, é um segredo guardado a sete chaves,cada Hùngevè
confeccionado pertence àquele vodunsi e em hipótese alguma, pode ser usado por
outra pessoa nem tocado por outra pessoa e quando um Hùngevè arrebenta ele
tem que passar por todo um processo especial para ser reenfiado. A confecção de
um Hùngevè segue características rígidas, deve ter a quantidade certa de miçangas
entre os corais e seu fechamento também é um só. Não se fecha Hùngevè com
contas na cor do santo do yao e sim como se deve ser. Temos visto em alguns
candomblés o Hùngevè enrolado no pescoço, esta é uma atitude que quebra todo o
seu significado sagrado. A quantidade de corais que compõem um Hùngevè,ao
contrario que muitos pensam, não é fixa, o comprimento de um Hùngevè, varia de
acordo com a altura da pessoa, devendo sempre está um pouco abaixo do quarto
chacra, em alguns seguimentos jeje ou fõn ,encontramos o Hùngevè composto por
dois seguis, um no fechamento e outro no meio, que também é certo e correto. O
Hùngevè é composto de contas, coral e segui; o coral é a árvore das águas,
participa do simbolismo da árvore (eixo do mundo) e do simbolismo das águas
profundas, origem da vida no mundo. Sua cor vermelha tem simbolismo com o
sangue,segundo uma lenda grega, o coral teria surgido das gotas de sangue
derramado pela decapitação da medusa, o simbolismo do coral tem tanto a ver com
sua cor, quanto com a rara particularidade que tem de fazer coincidir,na sua
natureza, os três reinos: animal,vegetal e mineral. Devemos lembrar também,do
simbolismo guerreiro da cor vermelha,como símbolo da árvore da vida e das águas
profundas, onde faz o elo entre vida e a morte. Sua cor vermelha é o símbolo
universal do principio de vida,com sua força,seu poder e seu brilho,cor do fogo e do
sangue,representa não a expressão, mas o mistério da vida e da morte. Um lado
seduz, encoraja, provoca, o outro lado alerta, detém, incita á vigilância, este é com
efeito,ambivalência do vermelho do sangue profundo escondido. Ele é a condição
da vida, espalhando o significado da morte, o azul do segui, é mais profunda das
cores, nele, o olhar mergulha sem o azul do segui, é a mais profunda das cores,
nele, o olhar mergulha sem encontrar qualquer obstáculo, perdendo até o infinito. É
também a cor mais imaterial e fria em seu valor absoluto, a mais pura, à exceção
do vazio total do branco neutro. O conjunto de suas aplicações simbólicas depende
dessas qualidades fundamentais aplicada a um objeto, a cor azul suaviza as formas,
abrindo-as e desfazendo-as, desmaterializa tudo aquilo que dele se impregna, é o
caminho do infinito, onde o real se torna imaginário.
Embutido no azul do segui, como podemos observar, há uma enorme simbologia
religiosa e cósmica no nosso Hùngevè.
Palha da Costa.
Iniciação Ketu
Para saber se uma pessoa precisa ser iniciada ou não, no Candomblé, o Babalorixá
ou Iyalorixá consulta o jogo de búzios no merindilogun, onde terá as respostas. Essa
é uma das formas de saber. A outra é quando uma pessoa vai assistir uma festa de
candomblé e entra em transe profundo. Esse transe é chamado de "Bolar no Santo"
é a declaração em público do Orixá que quer a iniciação de seu filho, nesse caso o
babalorixá vai consultar o jogo de búzios para saber qual é o Orixá e suas
condições, se pode esperar ou se caso de urgência. Normalmente são feitos acordos
com os Orixás para que aguardem até o filho ter condições financeiras e de férias
para poder se recolher.
A primeira fase da iniciação ou feitura de santo na nação Ketu é de 21 dias, onde a
pessoa fica em retiro longe da vida profana e da família, devendo desligar-se de
tudo e dedicar-se totalmente aos ritos de passagem. Saliente-se que todo o ritual
dainiciação não é público. Saliente-se também que essa iniciação só pode ser feita
por uma pessoa iniciada, segundo as normas do candomblé só pode transmitir o
Axé quem os recebeu de alguém iniciado na obrigação de Odu ijè.
Quanto ao fato da pessoa ser recolhida para ser Iaô, Ogan ou Ekedi, essa questão
só é resolvida durante a iniciação. Se a pessoa entrar em transe será um Iaô
elegun, se não entrar em transe e for homem, será um Ogan, se for mulher será
uma Ekedi.
Barco de Iaô
A iniciação pode ser de apenas um Iaô ou pode ser de muitos. Nesse caso recebe o
nome de "Barco de Iaô". Quando entra para fazer o santo sozinho será chamado de
Dofono (homem) ou Dofona (mulher), por ser o primeiro e único.
Já houve barcos com quinze Iaôs, mas isso é muito raro, pois implica muito trabalho
e dedicação de muitas pessoas para cuidar dos Iaôs. A maioria das casas recolhe no
máximo três ou quatro. Existem Orixás que não podem ser iniciados junto com
outros; nesse caso será recolhido sozinho.
Iniciação
Nos 3 primeiros dias a pessoa ficará descansando e fazendo os ebós de limpeza,
que serão apurados no jogo de búzios e tomando banhos com folhas sagradas e
abô. Ficará recolhida no roncó (quarto específico de recolhimento) próximo ao peji e
será feita a primeira obrigação, que é o bori. No final dos três dias é suspenso o bori
e passa para as fases seguintes.
Saída de Iaô
No final tem a festa que é chamada de "saída de iaô", essa festa é dividida em 4
partes: A primeira saída no barracão é interna sem a presença do público, somente
os membros da casa estarão presentes. Pode ter variação de uma casa para outra
ou de nação para nação, uns fazem três saídas públicas outros fazem quatro.
Na primeira saída pública o Iaô sai do roncó (nome dado ao quarto onde ficam
recolhidos) para o barracão todo vestido de branco, essa saída é em homenagem a
Oxalá, trás na testa uma pena vermelha chamada Ekodidé e na parte superior da
cabeça o adoxu e pintado com efun, ele vem acompanhado de sua mãe pequena,
da Iyalorixá e todos que ajudaram na feitura. Nessa saída o Iaô deverá saudar a
porta, os atabaques o Axé do centro do barracão onde estar o fundamento da casa
e a Iyalorixá. Em seguida é recolhido para mudar de roupa.
A quarta e última saída o Orixá vem todo paramentado com roupas e ferramentas
características de cada Orixá, para dançar e ser homenageado por todos os
presentes. No final canta-se para Oxalá e a festa é encerrada.
Banquete
Quando é encerrado o candomblé todas as filhas da casa ocupam seus postos e
começam a distribuir a comida ritual do banquete farto. Sempre tem comida para
todos e sempre sobra. Esse banquete é composto de cabritos assados ou cozidos,
galinhas,patos, pombos, canjica, milho cozido, inhame, pipoca, acaçá e acarajé.
Toda comida ritual servida ao Orixá é distribuída para os presentes. Muitos
candomblés não permitem bebidas alcoólicas e nesse caso é servido o Aluá. Nas
casas que permitem, é servido refrigerante e cerveja.
Passada a festa o Iaô ficará mais uns dias na roça dependendo do jogo de búzios e a
confirmação no merindilogun, depois será levado para sua casa pela Iyalorixá que a
entregará a sua família.
Ritual do Panã.
O iaô ainda desorientado devido ao longo período de transe e clausura, com os
movimentos ainda trôpegos, recebe orientação do seu Babalorixa ou Yalorixa para
executar as tarefas que serão usadas em seu dia a dia, tais como varrer, costurar,
lavar, passar, sentar-se à mesa, cozinhar, etc. Numa dramatização muito divertida
onde todos da comunidade tem um grande prazer de participar, rindo e até mesmo
ajudando o novo iniciado. O ritual de apanã tem a finalidade de fazer com que o
noviço reaprenda as atividades do mundo profano e cotidiano, para que nada lhe
seja prejudicial no futuro e também entenda que já é hora de voltar à sua vida
normal, apesar de aproveitar mais um pequeno período do seu mundo sobrenatural,
estabelecendo neste momento o ewo temporário ou permanente, que o noviço terá
a responsabilidade de obedecer, finalizando este ritual com outro rito chamado Kàrô
(juramento feito diante do obi e uma quartinha).
Caída de kelê
Porém a Iaô ainda não terminou as obrigações terá ainda que cumprir um resguardo
normalmente de três meses e continuar usando o kelê (uma gargantilha de contas)
que foi colocada em seu pescoço no início da feitura de santo. Durante esses três
meses o Iaô continuará dormindo numa esteira, usará roupas brancas e seguir uma
série de restrições denominada de ewo. Terminado o período de quelê, é feita a
retirada do mesmo e outra festa é feita para comemorar a comumente chamada
"caída de quelê".
É o período mais difícil para o Iaô que precisa voltar a trabalhar, muitos se iniciam
no período de férias do trabalho e quando termina as férias precisam voltar para um
ambiente onde sem dúvida será notado por todos, discriminado por alguns e terá
que se manter calado, terá muitos problemas na hora das refeições, pois está
proibido de entrar em bares e restaurantes, terá que levar uma marmita e aceitar
os olhares de curiosidade.
Algumas casas atualmente por esse motivo têm feito alguns acordos com os Orixás
para que o Iaô que precisa trabalhar já saia da roça sem o kelê, mas terá que
cumprir todos os itens do resguardo nos mínimos detalhes. Nesse caso não
precisará usar somente branco, poderá usar roupas de cores bem claras como azul,
rosa, bege, cinza, tudo para não chamar muito a atenção. Existem casos de firmas
que o uniforme é preto, marrom, azul marinho, nesses casos o Orixá permite, não
vai querer que seu filho perca o emprego.
Obrigações
Iyawo São os novos iniciados de Orixá da Casa de Candomblé, durante o período de
sete anos, e serão subordinados pelas pessoas de Cargos/Posto da casa. E deve
obediência aos seus mais velhos. E deverão concluir suas obrigações de 1, 3 e 7
anos. Ser Iyawo, além de outros preceitos, é permanecer recolhido por um período
de 21 dias, passando por doutrinas e fundamentos, para conceber a força do Orixá.
Saem da vida material e nascem na vida espiritual com um novo nome orùnkò. O
Mòócan e os Delègún são os comprovantes e o diploma do iniciado.
Obrigação de um ano
(Odueta) ou (odú Kíní) É às obrigações muito importantes é considerada como fim
do resguardo do Iyawo após sua iniciação. Somente esta obrigação dará ao iniciado
à liberdade de viver materialmente sem restrições na sociedade e no seu convívio
familiar e pessoal.
Até fazer um ano de feitura ou pagar sua obrigação de um ano (odú Kíní), ainda terá
algumas restrições (ewo temporário. como cortarcabelo, tomar banho de mar e
outros. Será feita na obrigação de um ano de feitura, uma nova festa para
comemorar a data onde serão oferecidos comida ritual, frutas e flores.
Outra obrigação é feita aos três anos de feitura (odú kétà), algumas casas ou
nações fazem também uma de cinco anos, mas nocandomblé ketu considera-se um
ano, três e sete anos. Ele ou ela permanecerá como Iaô até completar os sete anos
de feitura e fazer a obrigação de sete anos (odu ejé).
Só quando fizer a obrigação de sete anos Odu ejé é que será considerado um
Egbomi.
Caso o Orixá da pessoa não queira abrir uma casa e queira continuar na roça da
Iyalorixá, o Orixá depositará os objetos recebidos nos pés da Iyalorixá e sua filha
não abrirá uma casa, continuará na roça onde normalmente receberá um posto
para ajudar a Iyalorixá.
Quando o Orixá aceita a Egbomi receberá todas as homenagens dos presentes pois
está sendo consagrada como uma nova Iyalorixáse for homem Babalorixá. Nesse
caso terá que providenciar uma casa para onde será levado seu Orixá e iniciar um
novo Ile axé.
- OIYE - quer dizer titulo independência, são pessoas que já tomaram seus sete anos
e necessitam de um TITULO dado pelo seu babalorixá, para ser independente e
Zelador (a) de Orixás, sacerdócio. Esse Oiye pode ser também um cargo na casa do
babalorixá onde fez a obrigação.
Uma vez que não entram em transe, Ogans e Ekedis passam por todos os preceitos
que passam os Iaôs inicialmente e até um determinado momento, mas durante o
desenrolar da obrigação constatado que não entrará em transe, é confirmado
através do jogo de búzios no merindilogun o Orixá que trará o Orunkó do Ogan ou
da Ekedi na festa.
Se foi escolhido pelo Orixá da Iyalorixá ou Babalorixá ou pelo Orixá de uma das
Egbomis da casa, o Orixá que o escolheu é que sairá no barracão acompanhando o
iniciado. Nesse caso a festa não terá tantas saídas como as saídas de Iaô. Mas no
final terá o mesmo banquete de confraternização entre todos presentes.
Quanto ao resguardo e ewo também não será igual ao do Iaô, será de acordo com o
jogo de búzios, mas geralmente é de 21 dias de Quelê e normalmente cumpridos na
roça, no caso de impossibilidade por motivo de trabalho, sai de manhã para
trabalhar e vem dormir na roça até terminar o período de Quelê. Normalmente o
Ogan e a Ekedi não cumprem o mesmo resguardo do Iaô, por não ter realizado
todos os preceitos necessários ao último. Quando iniciados, equivalem ao Ebômi em
idade de santo, tendo portanto os 7 anos.
Nação Ketu
No início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias da Igreja
Católica na região de Salvador, Bahia. Dentre os escravos pertencentes ao grupo
dos Nagôs estavam os Yoruba(Iorubá). Suas crenças e rituais são parecidos com os
de outras nações do Candomblé em termos gerais, mas diferentes em quase todos
os detalhes.
Teve inicio em Salvador, Bahia, de acordo com as lendas contadas pelos mais
velhos, algumas princesas vindas de Oyó e Ketu na condição de escravas, fundaram
um terreiro num engenho decana. Posteriormente, passaram a reunir-se num local
denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de Jeje-Nagô
pretextando a construção e manutenção da primitiva Capela da Confrariade Nossa
Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha que,
segundo historiadores, efetivamente conta com cerca de três séculos de existência.
O fato é que não se sabe ao certo precisar a data exata da origem da Irmandade da
Boa Morte.Odorico Tavares arrisca uma opinião: a devoção teria começado mesmo
em 1820, na Igreja da Barroquinha, tendo sido os Jejes, deslocando-se até
Cachoeira, os responsáveis pela sua organização. Outros ressaltam a mesma época,
divergindo quanto à nação das pioneiras, que seriam alforriadas Ketu. Parece que o
“corpus” da irmandade continha variada procedência étnica já que fala-se em mais
de uma centena de adeptas nos seus primeiros anos de vida.
Origens
- "Um dos mitos da criação do mundo diz que Odùduwà. é seu criador, fundador e o
primeiro Ọba Òóni Ifè de Ilé-Ifè – o progenitor de todo o povo yorùbá . Numa
sociedade polígama, Odùduwà teve muitas esposas e uma grande prole.
Enfim, alguns de seus filhos geraram as linhagens dos Ọba dos yorùbá (Reis
considerados como descendentes diretos do Òrìṣàcultuado, que representam ou
“são” o próprio Òrìṣà em vida) e uns foram os precursores dos principais subgrupos,
ou mais, que deram origem à civilização dos yorùbá e, religiosamente falando, de
todos os povos do mundo.
O grupo étnico yorùbá é subdividido em vários subgrupos, tais como: os Kétu, Òyó,
Ìjèṣà, Ifè, Ifòn, Ègbà, Èfòn, etc. Esses deram origem na diáspora à religião dos Òrìṣà.
Os Kétu, no nosso caso, foi um importante percussor da religião no Brasil.
Portanto, nos candomblés ditos de nação Kétu, de origem étnica Yorùbá, o Òrìṣà
Òsóòsì, o senhor da caça e dos caçadores, é revivido, reverenciado e aclamado
como “Ọba Alákétu (título real de Kétu), Rei e Senhor de Kétu e dos Kétu”: rei do
“Candomblé” Kétu. Nessa mesma nação, o Òrìṣà Èṣù, principal comunicador,
“articulador” e “transformador” de todo o sistema religioso yorùbá e do candomblé,
ganha ainda maior notoriedade quando é agraciado, saudado e cultuado como Èṣù
Alákétu, Rei em Ilé-Kétu.
Sendo assim, os Òrìṣà Èṣù e Òsóòsì – que intitulamos Òrìṣà Alákétu, que, além de
seus valores naturais, revelam-se como poderosos identificadores dos Kétu e de
fundamental importância para a continuidade do candomblé Kétu.
Alákétu continua sendo o titulo do rei da atual cidade de Kétu, antigo reino yorùbá,
situada na República do Benim (antigo Daomé), país que faz fronteira, a oeste, com
a Nigéria. Essas regiões são conhecidas por yorubaland: terras onde habitam os
yorùbá, independentemente das divisões geopolíticas e/ou sociológicas impostas às
etnias africanas."
Orixás
Os Orixás do Ketu são basicamente os da Mitologia Yoruba.
Exu, Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das
pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.
Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca
Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
Ayrà, Usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas, Orixá da Cura.
Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
Ossaim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.
Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do Rio Niger
Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, do jogo de búzios, e do amor.
Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.
Nanã, Orixá feminino dos pântanos, e da morte, mãe de Obaluaiê.
Yewá, Orixá feminino do Rio Yewa.
Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô
Axabó, Orixá feminino da família de Xangô
Ibeji, Orixás gêmeos
Irôco, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
Onilé, Orixá do culto de Egungun
Oxalá, Orixá do Branco, da Paz, da Fé.
OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do
mundo e dos corpos humanos.
Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do
destino.
Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua
Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká
Olokun, Orixá divindade do mar
Olossá, Orixá dos lagos e lagoas
Oxalufon, Qualidade de Oxalá velho e sábio
Oxaguian, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro
Orixá Oko, Orixá da agricultura
Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro.
Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Şàngó em Oyó, Yemoja na
região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ògún em Ekiti e Ondo, Òşun em Ilesa, Osogbo e
Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Oşàálà-Obàtálá em
Ifé, subdivididos em Oşàlúfon em Ifon e Òşágiyan em Ejigbo
Ritual
O Ritual de uma casa de Ketu, é diferente das casas de outras nações, a diferença
está no idioma, no toque dos Ilus (atabaque no Ketu), nas cantigas, nas cores
usadas pelos Orixás, os rituais mais importantes são: Padê, Sacrifício, Oferenda,
Sassayin, Iniciação,Axexê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum,...
Hierarquia
As posições principais do Ketu (são chamados de cargo ou posto, em yoruba
Olóyès , Ogãns e Àjòiès), em termos de autoridade, são:
Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai.
Iyakekerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
Babakekerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos rituais.
Ojubonã ou Agibonã: mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação
Egbomis: são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação
(significado: egbon mi, "meu irmão mais velho").
Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas-de-santo
Iaô: filha-de-santo que já entra em transe.
Abiã ou abian: novato.
Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais (não entra em transe).
Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques (não entra em transe).
Ogãs ou Ogans: tocadores de atabaques (não entram em transe).
Ajoiê ou ekedi: camareira do Orixá (não entra em transe). Na Casa Branca do
Engenho Velho, as ajoiés são chamadas deekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na
Angola, é chamada de "makota de angúzo". "Ekedi" é nome de origem Jeje, que se
popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.
Ele replicou com um refrão de uma canção dizendo que ele já tinha feito o sacrifício
e seus pedidos, não faltando nada. Enquanto estava cantando ele estava correndo
em frente apavorado.
Quando yeyemuwo viu que ela não conseguiria capturá-lo, ficou quieta e esticou
seu polegar e disparou através de suas costas com ele. Aquela é a linha oca que
corre por meio da espinha dorsal do ser humano, até hoje, a qual está nos
recordando constantemente que a única maneira que nós podemos escapar das
longas mãos do infortúnio é fazendo sacrifício.
Com aquela marca yeyemuwo proclamou a Irosun-meji e para o resto da
humanidade – nunca lembrar seus pedidos celestes chegando a terra, visto que os
olhos não podem ver as costas do corpo e que antes de dar conta de seus pedidos,
ele teria que andar nas trevas por um longo tempo e experimentar um processo
muito sofrido.
A dor do ferimento fez Irosun-meji inconsciente e ele caiu em um transe de total
escuridão. Quando levantou, se achou em sua cama na terra. Ele havia esquecido
tudo que aconteceu desde então.
Todavia ele circulou seus negócios e prosperou depois.”
ENTÃO, CULTUE SEU ORI, FORTALEÇA SEU ORI, ACATE AS RECOMENDAÇÕES DE IFÁ
E SE AFASTE DE PERIGOS EM AGLOMERAÇÕES, BEBIDAS, DROGAS, PARA NÃO SER
ATACADO E PERMITIR A AÇÃO DE ÈLÈNÍNÍ.
ISSO NÃO QUER DIZER QUE VOCÊ DEVA FICAR TRANCADO EM CASA E NÃO CURTIR
A VIDA SOCIAL.
MAS ANTES DE IR PARA SUA FESTA, JOGUE COM IFÁ, PERGUNTE A ÈSU O QUE VOCÊ
DEVE FAZER PARA SE PROTEGER DE ENERGIAS NEGATIVAS.
CONECTAR-SE AO SEU ÈSU BARA PARA QUE NOS ALERTE DE POSSÍVEIS PERIGOS À
NOSSA VOLTA, COMO BRIGAS, TIROS, AGRESSÕES E DROGAS.
E QUE VOCÊS TENHAM UM ÓTIMO DIA A DIA, E QUE PASSEM A CULTUAR ORI COM
MAIS FREQUÊNCIA E CARINHO.
LEMBRANDO SEMPRE :
YÁ OPAOKÁ
Saudar o solo
Acreditavam os nagô que existiam nove espaços (planos) no além.
Era através desse espaço que chegavam à Terra os orixás e ancestrais vindos dos
vários outros planos.
O solo diante dos tambores também era tocado (antes ou depois de tocarem com
os dedos o próprio atabaque), afinal, quem chamava (através do som) os orixás
eram os tambores.
O solo era sempre tocado três vezes; o três representa na cultura nagô ação,
movimento, expansão …
Tocar o solo três vezes era o gestual que significava o “assim seja”, o cumpra-se …
Então quando, por exemplo, o nome de Ogum pronunciado, todos tocavam três
vezes o solo; “assim seja”, “que Ogum venha até nós”…
No candomblé dos anos 50, 60 e até 70, uma pessoa que chegava à porta de um
candomblé vestida de preto, era sempre repudiada
Por aquela comunidade, e pedia-se para a pessoa se retirar. Quando a pessoa se
negava a sair era entendido como um afronta
a Oxalá Pai de todas as cabeças por antecipação.
Vestir preto em uma saída de Iyawo é mesma coisa que dizer que o dono casa não
sabe fazer o que esta fazendo.
Vestir preto em uma festa de 7 anos é a mesma coisa que dizer; não estou de
acordo com esse titulo (oye).
Vestir preto em um funeral é desejar que aquela alma não tenha paz pela
eternidade...
Vestir preto em um Ikomojade é desejar má sorte para criança
Vestir preto no dia a dia é afirmar se intimo de Iya mi Osoronga!!!
Vestir vermelho é dizer em alto e bom som!!! Não tenho medo das mães feiticeiras,
por isso uso sua cor.
No itan de Bábà Ofuru, onde conta se que ele foi praguejado por Iya mi, e é por isso
que entre uma saia branca e outra é obrigado a usar um faixa preta de tecido.
Para lembra lo de sua vergonha!!!!
Nos dias de hoje isso tudo esta sendo desrespeitado pelo mais novos, que
acreditam estarem sendo desrespeitados pelos mais velhos.
Egunitá
Egunitá é considerado um orixá feminino cuja existência tem sido questionada por
alguns adeptos da Umbanda e do Candomblé.
Para muitos estudiosos e seguidores não seria um orixá singular mas, uma das
qualidades (manifestações) de Iansã ou Oyá que vestiria rosa, visão mais comum
dos fiéis do Candomblé. Como Oyá do Culto Igbalé é associada aos mortos, aos
ventos e ao bambuzal, é ligada aos orixás Oxalá e Nanã.
Existiam mesmo terreiros que veiculavam essa mensagem. Um exemplo advém do
falecido escritor e sacerdote, José Ribeiro, que era dirigente do Terreiro de Iansã
Egunitá (Senhora de Egum) que se encontrava na estrada Santa Efigênia, 152,
Taquara, Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Era de Candomblé da nação Angola.
Oyá Egunitá teria fundamento com Ogum Wari e Odé. Em outra visão, Oyá Egunitá
é um Orunkó (nome, dijina) e não qualidade de Oyá.
Os livros umbandistas, da dita Umbanda popular, mais antigos, não remetem a este
orixá de forma singular, como os de Altair Pinto, Antônio de Alva e de Átila Nunes
(Pai), nem se encontra referências na Umbanda Esotérica a partir de W. W. da Matta
e Silva.
Os centros de Umbanda mais antigos como a Tenda Espírita Nossa Senhora da
Piedade, bem como a Tenda Mirim, fundada pelo Caboclo Mirim, não rendem culto a
Egunitá.
A difusão do seu culto em separado do de Iansã, se deu a partir das obras do
escritor umbandista Rubens Saraceni e de seus seguidores, como Alexandre
Cumino. O pólo irradiador de sua doutrina é o Colégio de Umbanda Sagrada "Pai
Benedito de Aruanda", no estado de São Paulo. Na visão destes umbandistas, é o
orixá feminino do fogo, a Mãe Ígnea, associada à deusa Héstia ou Vesta na
mitologia greco-romana. Senhora da Lei e da Justiça, ora faz par com Ogum (Lei),
ora com Xangô (Justiça), assim como Iansã. Seu ponto de força são os caminhos e
as pedreiras, sua cor é a laranja e sua pedra a ágata de fogo.É sincretizada com
Santa Brígida da Irlanda ou ainda com Santa Sara Kali dos ciganos. Como dito
anteriormente, Egunitá é o Orixá que pode ser interpretado como uma qualidade de
Iansã. Assim, atende-se a todas as vertentes que buscam interpretar a religião de
Umbanda. Onde nos cultos litúrgicos onde existe a manifestação do orixá Iansã, ali
se manifesta as vibrações de Oiá e Egunitá.
"Pano Da Costa"
Também conhecido como alaká, pano-de-alaká ou pano-de-cuia, o pano-da-costa é
de origem africana e compõe a indumentária da roupa de baiana. Seu uso está
intimamente ligado ao âmbito das religiões afro-brasileiras e obedece às cores
simbólicas dos orixás. Sua denominação faz referência à costa africana, mais
precisamente a ocidental, local de origem dos muitos produtos trazidos para o
Brasil, especialmente para o recôncavo baiano.
De formato retangular – o tamanho padrão é de dois metros de comprimento por 60
centímetros de largura, é composto de faixas, tecidas em tear horizontal,
depois,costuradas manualmente, formando padrões, em geral geométricos e
bicolores, que seguem as texturas dos fios de algodão combinados com os de seda,
caroá e outros materiais.
Seguindo esses padrões formais, o pano-da-costa – usado sobre um ombro,
pendendo uma das pontas sobre o peito e a outra sobre as costas – adquire sua
identidade de produto que integra a roupa tradicional de baiana e suas variações
sociais e religiosas. Listrado, liso, estampado ou bordado em richelieu ou renda, é
por meio dele que a mulher demonstra sua posição
hierárquica na organização sócio-religiosa dos terreiros.
Em Salvador/BA, mais precisamente no Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, a tecelagem
tradicional do pano-da-costa está ligada ao uso e ao simbolismo sócio-religioso do
tecido na composição das roupas rituais do candomblé.
Sendo este presença e distintivo do posicionamento feminino nas comunidades
religiosas afro-brasileira, o pano-da-costa, não é apenas um complemento da
indumentária da mulher; é a marca do sentido religioso nas ações da mulher como
iniciada ou dirigente dos terreiros.
Observemos a profunda conotação sócioreligiosa desse simples pedaço de tecido,
que atua em tão diversificadas situações, desempenhando papéis dos mais
significativos e necessários para a sobrevivencia dos rituais africano.
O pano-da costa é assim chamado por ter sido um tipo de tecido vindo da costa dos
escravos, Costa Mina, Costa do Ouro.
O tecido original foi substituido por outros tipos de tecidos, o que não diminui em
nada as funções do pano-da-costa.
O pano-da-costa identifica a mulher feita, mesmo que ela não esteja de roupa de
santo completa.
A situação do pano-da-costa é de maior importância, se colocarmos a presença da
mulher como símbolo do poder sócio religioso e arquétipo dos valores mágicos da
fertilidade, isso motivado pelas formas anatômicas características da mulher.
O sentido protetor do pano-da-costa é outro aspecto que merece atenção. As
iyawos, ao terminar o período de feitura começam a travar seus primeiros contatos
com o mundo exterior protegidas pelo pano-da-costa branco, que representa o
prolongamento do Ala de Oxala, envolvendo praticamente todo o seu corpo no
grande pano-da-costa, procura manter os valores religiosos de sua feitura quando
em contato com os valores profanos encontrados extramuros dos terreiros
Nos sirruns/axexes, a mesma proteção do pano-da-costa, ateado como capa
envolvente mágica, aparece guardando as mulheres das presenças de egum.
O pano-da-costa é de uso exclusivo da mulher nos cultos afro-brasileiro,
porque uma das principais funções do mesmo é proteger os orgão reprodutores das
mulheres, das Yamis, já que as energias emanadas das mesmas prejudicam muito
todo o aparelho reprodutor da mulher.
Nos rituais de sirrum/axexe as mulheres usam dois panos-da-costas branco: um
protegendo seus ventres e outro sobre os ombros como uma capa que envolve todo
o seu colo e seios.
No Rio de Janeiro convencionou-se que o pano-da-costa deve ser usado de acordo
com a idade de santo, isto é, só usa preso acima dos seios aquelas que ainda são
yaos. Esta errado, pano-da-costa é para ser usado dessa forma mesmo
independente da idade de feitura.
De alguns anos para cá os homem aderiram o pano-da-costa, mas nenhum deles
até agora explicou o porque de usa-lo e nem podem explicar pois o mesmo é de uso
exclusivamente feminino.
Observem que as santas mulheres usam o pano-da-costa, os santos homens usam
o pano-da costa amarrados no ombro.
Em algumas casas encontramos abians usando pano da costa, esse procedimento
esta errado. As abians ainda não tiveram seus chakras abertos durante uma feitura,
portanto as mesmas não necessitam dessa proteção ainda.
No caso das Egbómis, o pano da Costa deve ser colocado na cintura elegantemente
ou sobre o peito, jamais deve ser enrolado ou torcido, feito uma faixa ou Ojá, na
cintura.
Uma iniciada deve saber usar o pano da Costa, pois este é uma peça do vestuário
muito importante. Outro fato relevante é quanto à estampa e cor do tecido. São
adequadas as estampas em listras e quadros que lembram as formas presentes na
indumentária nigeriana. Quando feitos de tecido liso, devem ser de cores claras:
branca, bege, rosa ou azul claro.
Nunca devem ser de cores quentes, berrantes, de seda ou estampados vivos, o que
causaria “risos” entre as iniciadas mais antigas.
Pano da Costa na cintura ou no peito é demonstração de trabalho, assim usados no
barracão, quando em função religiosa.Caso contrário, no dia-a-dia do terreiro pode
ser “jogado” sobre o ombro direito e se mantém esticado ao longo do tronco. Não se
“dança” sem esta peça da indumentária.
Mesmo fora do trabalho, para visita ou passeio o seu uso é indispensável. Em casas
tradicionais, quando uma iniciada chega sem o pano da Costa é comum a
proprietária do terreiro emprestar um à visitante, que, em sinal de educação ou
respeito, coloca-o sobre o ombro direito ou, se entrar na roda, usa-o de maneira
adequada à sua posição dentro da hierarquia do Candomblé;
O pano da Costa é a peça de maior significado histórico dentro do vestuário
africano, em conjunto com o torso. O uso de saia, Camisu ou bata e pano da Costa
são indispensáveis dentro do Axé… A maneira de amarrar, colocar ou “enrolar” o
pano varia de acordo com a situação, o ritual desenvolvido ou a posição
hierárquica;
Defumação
Existem, para cada objetivo que se tem ao fazer-se uma defumação, diferentes
tipos de ervas, que associadas, permitem energizar e harmonizar pessoas e
ambientes, pois ao queimá-las, produzem reações agradáveis ou desagradáveis no
mundo invisível. Há vegetais cujas auras são agressivas, repulsivas, picantes ou
corrosivas, que põem em fuga alguns desencarnados de vibração inferior. Os
antigos Magos, graças ao seu conhecimento e experiência incomuns, sabiam
combinar certas ervas de emanações tão poderosas, que traçavam barreiras
intransponíveis aos espíritos intrusos ou que tencionavam turbar-lhes o trabalho de
magia.
Cargos
Obs: Todos os cargos são intransferíveis, uma vez dado através da confirmação no
jogo de Orunmilá e o Orixá da casa, não podem mais serem retirados, os cargos são
vitalícios e confirmados em orô interno, só podem serem substituídos na morte da
pessoa.Existem cargos transitórios dados pelos zeladores e não estão aqui
descritos.
QUARTINHAS