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Questões que envolvem instalações sanitárias nos colégios privados do Rio de Janeiro.

 
QUESTÕES:
Estimados, boa tarde, surgiram algumas dúvidas sobre a quantidade ideal de banheiros que
temos que ter no colégio... Poderiam nos ajudar com base na legislação do RJ.
1 - Existe alguma legislação que obriga ter um número mínimo de banheiros por quantidade de
pessoas ou seria por edifício?
2 - Temos que considerar a quantidade de cabines pela quantidade de pessoas que circulam
em todo o colégio ou só em cada prédio?
3 – Tem alguma obrigatoriedade de se ter banheiros para pessoa com deficiência em todos os
edifícios?
 
SOLUÇÕES:
A Lei Complementar nº 198, de 14/01/2019, que institui o Código de Obras e Edificações
Simplificado do Município do Rio de Janeiro - COES, não contém disposições específicas sobre
a quantidade de banheiros em escolas ou prédios públicos.
Ou seja, não podemos com base no Código de Obras do município do Rio de Janeiro afirmar
que existem determinações específicas quanto ao número de banheiros em escolas ou prédios
públicos.
Enquanto isso, a Deliberação CEE N.º 388/2020, no tocante aos banheiros, estabelece:

 
Seção VI - Infraestrutura E Espaços Complementares
Art. 8º A disposição e organização das instalações sanitárias devem observar
os seguintes aspectos mínimos:
I - banheiros destinados exclusivamente para funcionários, devidamente
separados por gênero;
II - banheiros destinados exclusivamente para alunos, devidamente
separados por gênero.
§ 1º A quantidade de banheiros deverá obedecer à norma própria
estabelecida pela municipalidade.
§ 2º Na ausência de norma própria estabelecida pela municipalidade, os
Laudos de Segurança Predial e de Acessibilidade deverão atestar a
capacidade de atendimento dos banheiros existentes.
 
Podemos observar que o parágrafo 1º do artigo 8º na Deliberação acima destaca que o
número de banheiros “deverá obedecer à norma própria estabelecida pela municipalidade”.
Contudo, como vimos inicialmente, o Código de Obras e Edificações Simplificado do Município
do Rio de Janeiro não estabelece dispositivo acerca do tema. Nem mesmo o Conselho
Municipal de Educação regulou o assunto.
Diante dessa constatação, buscamos nos socorrer de normas infralegais, que devem ser
observadas e, assim, passamos a responder às questões 1 e 2:
 
1 - Existe alguma legislação que obriga ter um número mínimo de banheiros por volume de
pessoas ou seria por edifício?
2 - Temos que considerar a quantidade de cabines pela quantidade de pessoas que circulam
em todo o colégio ou só em cada prédio?
 
À solução dessas questões, tomamos a NR24, que trata das condições sanitárias e de conforto
no trabalho. Essa norma deverá ser tomada por analogia, pois ela trata de um regulamento,
em que determina que a área dos sanitários deve obedecer às dimensões mínimas necessárias,
vejamos:
 
Norma Regulamentadora n.º 24 (NR 24):
24.2 Instalações sanitárias
24.2.1 Todo estabelecimento deve ser dotado de instalação sanitária
constituída por bacia sanitária sifonada, dotada de assento com tampo, e
por lavatório.
24.2.1.1 As instalações sanitárias masculinas devem ser dotadas de mictório,
exceto quando essencialmente de uso individual, observando-se que:
a) os estabelecimentos construídos até 23/09/2019 devem possuir mictórios
dimensionados de acordo com o previsto na NR-24, com redação dada pela
Portaria MTb nº 3.214/1978.
b) os estabelecimentos construídos a partir de 24/09/2019 devem possuir
mictórios na proporção de uma unidade para cada 20 (vinte) trabalhadores
ou fração, até 100 (cem) trabalhadores, e de uma unidade para cada 50
(cinquenta) trabalhadores ou fração, no que exceder.
24.2.2 Deve ser atendida a proporção mínima de uma instalação sanitária
para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, separadas por sexo.
24.2.2.1 Será exigido um lavatório para cada 10 (dez) trabalhadores nas
atividades com exposição e manuseio de material infectante, substâncias
tóxicas, irritantes, aerodispersóides ou que provoquem a deposição de
poeiras, que impregnem a pele e roupas do trabalhador.
 
A NR24 não apresenta qualquer regulamentação específica sobre o número de cabines
sanitárias por pessoa em escolas ou qualquer outra instituição privada. Entretanto, qualquer
prédio que atenda ao público deve conter um certo número de cabines de banheiro com base
no número total de pessoas que usam as instalações.
Ou seja, o número de cabines de banheiros pode variar dependendo do volume de público a
ser atendido.
O Ministério da Educação elaborou um encarte em 2006 com parâmetros básicos de
infraestrutura para instituições públicas de educação infantil. Neste documento ficou
estabelecido que:
“Os banheiros infantis devem ser implantados próximos às salas de
atividades, não devendo ter comunicação direta com a cozinha e com o
refeitório. Sugerimos a seguinte relação do número de crianças por
equipamento sanitário: 1 vaso sanitário para cada 20 crianças; 1 lavatório
para cada 20 crianças; 1 chuveiro para cada 20 crianças. Devem ser previstos
banheiros de uso exclusivo dos adultos, podendo acumular a função de
vestiário, próximos às áreas administrativa, de serviços e pátio coberto.
         piso impermeável e de preferência antiderrapante, de fácil
conservação, manutenção e limpeza, com caimentos adequados, de
maneira que impeçam empoçamentos;
         paredes revestidas com material impermeável, de fácil conservação,
manutenção e limpeza, até uma altura mínima de 1,50 m;
         janelas com abertura mínima de 1/8 da área do piso, permitindo a
ventilação e a iluminação natural;
         as portas das cabines sanitárias individuais não devem conter chaves
ou trincos;
         as divisórias devem ser mais baixas, em torno de 1,50 m;
         os chuveiros para crianças de 1 a 3 anos devem, sempre que possível,
ser alteados, em torno de 40 cm, para facilitar o trabalho dos professores no
momento do banho das crianças; as bancadas dos lavatórios devem ter
altura em torno de 60 cm;
         previsão de vaso sanitário, chuveiro, cadeira para banho e lavabo
para crianças com necessidades especiais;
         previsão de vaso sanitário e lavabo para adultos com necessidades
especiais.”
 
Entretanto, tal recomendação do MEC não evoluiu para uma norma, tampouco para as
Instituições de Ensino privadas, podendo apenas ser seguida como um parâmetro.
 
3 - Tem alguma obrigatoriedade de se ter banheiros para Pessoas Com Deficiência em todos os
edifícios?
 
A Lei Federal n.º 10.098/200 e o seu Regulamento n.º 5.296/2004 estabelecem normas gerais
e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida em todo o território brasileiro, determinando o seguinte no tocante aos
banheiros:
 
Art. 22. A construção, ampliação ou reforma de edificações de uso público
ou de uso coletivo devem dispor de sanitários acessíveis destinados ao uso
por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
(...)
§ 3º Nas edificações de uso coletivo a serem construídas, ampliadas ou
reformadas, onde devem existir banheiros de uso público, os sanitários
destinados ao uso por pessoa portadora de deficiência deverão ter entrada
independente dos demais e obedecer às normas técnicas de acessibilidade
da ABNT.
§ 4º Nas edificações de uso coletivo já existentes, onde haja banheiros
destinados ao uso público, os sanitários preparados para o uso por pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida deverão estar
localizados nos pavimentos acessíveis, ter entrada independente dos
demais sanitários, se houver, e obedecer às normas técnicas de
acessibilidade da ABNT.
Art. 24. Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou
modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso e
utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive salas de
aula, bibliotecas, auditórios, ginásios e instalações desportivas,
laboratórios, áreas de lazer e sanitários.
 
 
Diante das normas referenciadas, ou seja, Lei n.º 10.098/200 e o seu Regulamento n.º
5.296/2004, e, ainda, da Lei 13.146/2015, o Ministério Público do Estado tem autuado escolas
que não estão observando as normas de acessibilidade, e não só com relação aos banheiros,
mas em todos os ambientes do estabelecimento.
 
Diante disso, e para promover a acessibilidade de alunos, empregados, colaboradores e todos
que transitam na escola, é importante observar as normas jurídicas, fazendo as adaptações
necessárias em seus estabelecimentos.
 

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