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Salvador
2
2008
3
Dedico este trabalho à memória de meu pai, José Spolaore, e à de meu mestre Gilberto
Gagliardi, que me iniciaram e conduziram no caminho e na vida musical.
AGRADECIMENTOS
A meus pais, José e Alice, que abdicaram de suas vidas pessoais dedicando todo o
tempo aos filhos. Jamais chegaria onde cheguei sem sua benção e presença em minha vida.
A minha filha Juliana, pela generosidade de ter cedido, por muitas noites, o seu quarto e
Ao prof. Gilberto Gagliardi, meu mentor, a quem devo eterna gratidão, pelas inúmeras
Ao prof. Carlos e sua esposa Rosecler, pela incondicional ajuda, através do incentivo e
Aos companheiros de curso, pela amizade sólida construída durante estes dois anos de
mestrado.
À Diretora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Anna Maria Lacombe Feijó,
A música só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida seguindo-se
adiante.
Soren Kierkegaard
RESUMO
ABSTRACT
The aim of this study was to examine the results that could be achieved with mouthpiece
practice by beginner instrumentalists (trombonists and euphoniumists). The development of the
instrumental technique of twelve male youths learning musical theory and either trombone
(seven individuals) or euphonium (five individuals) was observed. The subjects were divided
into a control group and experimental group, both of which consisted of six individuals. The
following fundamentals of instrumental technique were monitored to detect whether any
progress was being made by the instrumentalists: tuning, control of loudness, timbre (focus,
resonance, projection), articulation and evenness of sound. In addition, the extent to which
progress was being made was evaluated by comparing the experimental group with the control
group. The results showed that while both groups made progress, the group that practiced on
the mouthpiece alone (experimental group) made less progress than the group that practiced
with the mouthpiece in the instrument (control group). These findings indicate that practice on
the mouthpiece alone is not appropriate for beginners, as their lack of a basic knowledge of
theory ⎯ an understanding of musical symbols, embouchure and pitch ⎯ becomes an obstacle
to an activity as specific as mouthpiece practice. Although not detrimental, practice on a
mouthpiece alone does not make an effective contribution to the progress of young beginners
and should be used when they have acquired a greater knowledge of theory and technique.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
2.1 O TROMBONE 13
2.2 O BOMBARDINO 15
2.3.1 Respiração 18
2.3.2 Embocadura 18
4.2 MATERIAIS 31
4.2.1 População 31
8
4.2.2 Procedimento 33
4.2.3 Avaliação 34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 45
REFERÊNCIAS 47
ANEXOS 49
LISTA DE FIGURAS
.................................................................. 14
............................................................................. 14
.............................................................................. 15
.... 33
9
............. 34
.................................... 32
........................................................................... 32
.............. 35
.............. 35
.............. 36
.............. 37
.............. 38
.............. 38
....................................... 43
1 INTRODUÇÃO
que possam advir desta prática, através da análise do processo de desenvolvimento técnico
instrumental de sete trombonistas e cinco bombardinistas divididos em dois grupos (seis sujeitos
relacionados ao instrumento, desde a emissão sonora até a resistência muscular, timbre, extensão
e articulação. Embora defendida pela maioria dos instrumentistas profissionais, como ferramenta
adoção desse sistema. Na minha experiência prática, como instrumentista e professor, percebo a
relevância e eficácia desse método de trabalho, tanto no trabalho pessoal quanto no trabalho
com alunos.
1
O bocal é uma peça de metal em forma de taça que se encaixa na extremidade oposta à campana do trombone e
possibilita ao instrumentista produzir som através da vibração dos lábios.
11
Após uma experiência difícil que vivenciei nos anos noventa, senti a necessidade de
pesquisar novos métodos de técnica instrumental para o meu instrumento, o trombone. Assim,
através da troca de ideias com colegas, da leitura de artigos e de livros escritos por
instrumentistas profissionais e não apenas teóricos, tive a oportunidade de conhecer melhor este
método de trabalho com o bocal, muito usado nos Estados Unidos e em alguns países da
fazer uma cirurgia de pequeno porte para correção de ruptura muscular no lábio inferior. Se não
fosse instrumentista profissional, minha situação naquela tarde seria bem mais cômoda, pois
dependo dos lábios para desempenhar a função, que exerço desde 1985, como trombonista
situação em que me encontrava, tive que reiniciar minha vida instrumental praticamente do zero.
Movido pela pressão que eu mesmo colocava sobre meus ombros para voltar a tocar, fiz uso de
de metal enfrentam para atingir a meta da profissionalização com bom nível técnico e musical.
que os alunos têm de enfrentar ao longo de suas vidas. Grande parte destes alunos enfrenta este
problema nas bandas de música, local frequente de iniciação musical e instrumental. Embora
muitas vezes as bandas disponibilizem instrumentos, os alunos não os podem levar para casa
12
por razões que variam desde a dificuldade de transporte (tubas, trombones, bombardinos), até a
impossibilidade do estudo em ambiente doméstico, devido ao grande volume sonoro que estes
Entendo que uma das alternativas, pode ser a prática no bocal, por apresentar algumas
pode emitir sons com muito volume, e acima de tudo, pelos benefícios técnicos que produz.
Assim, esta prática pode ser utilizada como uma abordagem de estudo eficiente para ajudar
Acredito, pela experiência pessoal, que a prática no bocal não deva ser apenas dirigida
para os trombonistas, mas para todos os instrumentistas de metal, em todos os níveis, sendo
músico. Kleinhammer comenta que com o trabalho no bocal, pode-se estudar o controle da
respiração através do contato do bocal com os lábios, e que “tensões nervosas e musculares,
nocivas ao controle da respiração podem ser detectados mais prontamente.” (1963, p. 32).
Embora esta prática seja indicada por pedagogos de reconhecida reputação em seus
métodos e livros sobre técnica instrumental, ainda não há estudos em número suficiente que
corroborem, com comprovação científica, a eficácia desta prática. Meu desejo, então, é de
contribuir, com este trabalho, para que outros professores e pesquisadores se interessem pelo
assunto, que ainda é praticamente inédito e possui um campo vasto para investigação, reflexão e
estudos.
13
INSTRUMENTOS
2.1 O TROMBONE
O trombone é um membro da família dos trompetes e suas origens podem ser rastreadas
até os primórdios do século XII. Até atingir sua forma atual – em meados do século XV – o
qualquer instrumento feito de metal da época: a de executar escalas cromáticas, ou seja, poder
tocar os doze semitons que caracterizam o modelo musical do ocidente. É importante lembrar
que trompa e trompete não possuíam no sec.XV o sistema de válvulas ou rotores – mecanismo
que permite aos atuais instrumentos a execução da escala cromática - ficando limitados a
(ex: para o trompete em La, a execução se limita apenas ao La e seus harmônicos). Esta
música de câmara, nas cortes e nas igrejas, tocando em uníssono com as vozes do coro. Foi
externo desliza sobre o interno podendo produzir, a rigor, qualquer freqüência dentro da gama
de notas utilizadas.
14
o contralto, o tenor e o baixo, usados, por exemplo, por Giovanni Gabrielli (1577- 1612) em
suas canzonas instrumentais e corais por volta de 1600, e em inúmeras peças dos séculos XVI e
XVII.
O trombone contralto (Figura 01), construído em Mi bemol, foi muito utilizado com coro. O
trombone tenor (Figura 02), afinado em Si bemol é o mais conhecido dos três. É encontrado em
três tamanhos, de acordo com calibre dos seus tubos: pequeno, médio e grande. O trombone
baixo (Figura 03), originalmente com construção em Fa, sofreu mudanças, devido ao enorme
comprimento da sua vara e a impossibilidade física de muitos executantes para alcançar todas
suas posições. Atualmente, o trombone baixo é construído em Si bemol, mas traz consigo uma
série de tubos auxiliares que lhe rendem até quatro afinações distintas, podendo ser afinado em
Si bemol, Fa, Sol bemol e Re. É útil lembrar que o trombone é um instrumento não transpositor,
ou seja, escreve-se em Dó para ele, quer seja o contralto, o tenor ou o baixo.
2.2 O BOMBARDINO
O nome latino Euphonium deriva do grego euphonia: soar bem. Basicamente, podemos
predominantemente cônicos tem um timbre mais escuro e um som mais aveludado (Figura 04).
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Figura 04 – Eufônio
diversos tipos de instrumentos com a característica comum de tocarem a voz baixo, talvez
Naquela época o nome era empregado para um tipo de instrumento de palheta dupla
No início do século XIX, o construtor de instrumentos Adolphe Sax criou uma família
Em 1845, Sax patenteou os seus instrumentos, provocando uma reação negativa de seus
imitadores. Tendo sido introduzido no Brasil no início do séc.XX, através dos imigrantes
europeus, adotou-se aqui os nomes empregados pelos europeus na época. O Bombardino surgiu
como diminutivo de Bombardão, por soar normalmente uma oitava acima deste. Vejamos agora
Podemos dizer que a história do Euphonium começa com a Serpente, instrumento baixo
da família dos cornetos, instrumentos híbridos de corpo de madeira com orifícios e tocados com
bocal similar aos dos instrumentos de metal, usados até o princípio do período barroco.
Este instrumento foi usado até o sec. XVIII, tanto em bandas quanto em igrejas, tocando
família de instrumentos de metal de bocal com chaves. O baixo da família foi batizado com o
nome Ophicleide. Sua aparência era algo entre um fagote e um sax barítono. Ele tinha uma
afinação melhor e um som mais penetrante que o da serpente. Mas ainda a afinação dependia
demais do executante. O instrumento foi fabricado na França até 1922 e é possível encontrar até
Paris, onde desenvolve uma família completa de instrumentos de bocal, os chamados Saxhorns,
que estão na origem de vários instrumentos modernos. Eles foram desenhados principalmente
Cópias e variantes destes instrumentos foram feitas em vários países, o que foi o início
diferentes em diferentes lugares. A confusão chegou a tal ponto que, em 1921, realizou-se em
Embora ainda pouco conhecido e muito confundido, o Eufônio já conta com uma boa
literatura original de solos orquestrais e música de câmara, bem como algumas transcrições.
Não obstante ser um instrumento no seu formato de considerável diferença foi utilizado
nesta experiência, por pertencer a mesma família (metais) e usar o mesmo tipo de bocal do
trombone tenor. Para que possamos tratar dos tópicos Bocal e Prática de estudos no bocal,
e bombardino.
2.3.1 Respiração
performance.
Em alguns casos, o ato de não pensar na forma como se respira provoca tensão na
de ar, devem ser os lábios” (KLEINHAMMER, 1963, p. 15). Um bom controle aeróbico
resultando em uma execução mais natural e na diminuição da pressão excessiva do bocal contra
os lábios. “O excesso de pressão faz com que o resultado sonoro seja tenso, ocorrendo perda de
flexibilidade desta forma gerando ansiedade por parte do músico” (id. ibid.).
19
“O tocar sem provocar tensão na emissão sonora tem que ser uma busca constante do
movimento rápido e que não deforme a embocadura, o mais natural possível, e mantendo a
sensação de relaxamento para se obter uma perfeita técnica respiratória, é indicada por muitos
profissionais. O trombonista pode estudar a inalação somente com o bocal para verificar o
mecanismo, descobrindo assim, a maneira pela qual inalará o ar o mais rápido possível sem
É necessário assoprar através dos lábios de maneira relaxada para obter uma boa
qualidade sonora. Respirar corretamente é ficar bem posicionado, tanto sentado como em pé,
2.3.2 Embocadura
Kleinhammer (1963, p. 23) diz que a embocadura é talvez o mais importante e o mais
delicado dos mecanismos dos instrumentistas de metal. Segundo Farkas (1989, p. 5),
embocadura correta para cada músico depende do formato do seu rosto, arcada dentária e
Para Philip Farkas (1989, p. 5), a função da embocadura é permitir que o executante
toque em toda a extensão do instrumento com diversas articulações e com diversas dinâmicas
mantendo um som adequado. O autor ainda afirma que é aconselhável apoiar o bocal cerca de
três quartos no lábio superior e um quarto no lábio inferior (id., p. 32). Entretanto, caso o
trombonista obtenha uma boa sonoridade, flexibilidade, extensão e volume, mesmo não
satisfazendo as condições acima, é correto dizer que este possui uma boa embocadura e não há
envolvidos no processo de produção sonora. A vibração dos lábios, neste caso, se dá através do
estiramento dos mesmos fazendo com que se perca a firmeza e a solidez da emissão – o que
compromete a afinação das notas que exijam esforço maior para serem tocadas. No modelo
enrugado todos os músculos ao redor da boca são direcionados para o centro desta ao tocar,
possibilitando força, porém com um resultado sonoro muito escuro e sem projeção. O ideal seria
melhor qualidade.
“Os problemas com a embocadura ocorrem, em geral, devido ao uso fatigante dos
músculos faciais, mal posicionamento do bocal na face e a pressão demasiada que o bocal
exerce sobre a mesma. O uso indevido não somente ocasiona estresse na musculatura como
Frederiksen (1996 p. 122) diz que, em muitos anos de experiência, todos os problemas
instrumento.
O bocal que flutua, não tendo posição definida, limita a flexibilidade e a agilidade do
músico. Este problema pode ser combatido com um aquecimento feito somente com o mesmo,
levando ao instrumentista prestar mais atenção na melhor posição e o encaixe correto deste
acessório na boca.
Para que o estudante possa ver claramente a disposição dos músculos de sua
embocadura, ele pode usar um aro de bocal com uma haste (visualizador de embocadura) em
“Os músculos devem ser usados com controle, de maneira natural e delicada para que
necessidade, este deve ser o último recurso, pois é necessário que o estudante esteja sob a
Kleihammer (1963, p. 28), diz que “ao instrumentista de bocal é necessário o preparo
da embocadura para que os músculos não sejam exauridos em seu potencial em um ritmo de
A resistência física não é adquirida pelo número de horas com longos exercícios
racional e equilibrado. O instrumentista deve ter em mente que toca graças a ação de músculos
e, por isso, pode ser comparado a um atleta que deve zelar pelo seu bem mais precioso: o corpo.
Trabalhando de uma forma relaxada, isto é, usando a embocadura sem tensões extremas, é
possível, ao longo de certo tempo, desenvolver a resistência necessária para tocar de forma não
exaustiva.
No processo de produção sonora dos instrumentos de bocal, a força física dos músculos
faciais é essencial. Quando o músico não está bem preparado no que refere à força física ou
fatigado pelo excesso de atividades, há uma tendência a compensar a falta da força com pressão
do bocal sobre os lábios. Esta pressão pode se tornar prejudicial para o músico, pois está
diretamente ligada a uma boa qualidade sonora. Além disso, ela prejudica a circulação
sangüínea no lábio. Os tecidos e músculos da boca são delicados e qualquer abuso por parte do
23
instrumentista pode levar a um cansaço extremo ou até mesmo a uma lesão do epitélio (tecido
Kleinhammer (1963, p. 28) afirma que “existe a necessidade de uma pressão moderada
– benéfica – para que haja um perfeito encaixe entre bocal, lábios e a vedação necessária para
que o ar que deve ser direcionado através do bocal não escape pelos cantos da boca”.
Para que o aluno consiga aumentar a sua resistência, deve procurar alternar os períodos
e a língua deve funcionar como uma válvula que libera a passagem de ar” (JACOBS, 1996, p.
127). De acordo com a tessitura do trecho a ser tocado, a língua naturalmente assumirá posições
diferentes no interior da cavidade bucal: o mais relaxada possível no fundo da boca na região
grave (utilizando a forma da vogal “O” fechada) e mais arcada, para cima e para frente na
A boa escolha do bocal é fundamental e deve seguir alguns parâmetros de acordo com
o instrumento (contralto, tenor e baixo usam bocais diferentes), o calibre do mesmo (para
tamanhos diferentes, bocais diferentes) e com o estágio técnico que se encontram o trombonista
e bombardinista.
25
A formação labial do estudante, também deve ser considerada, tendo em vista que
pessoas com lábios mais grossos geralmente usam bocais maiores do que pessoas com lábios
mais finos. A dentição é outro fator que influi na escolha do bocal, pois alunos com uma
dentição irregular devem usar bocais com bordas mais arredondadas a fim de evitar ferimentos.
melhor som, com uma boa extensão e que seja confortável ao se tocar” (KLEINHAMMER,
1963, p. 4).
O bocal é uma peça de metal em forma de taça que se encaixa na extremidade oposta
O bocal não pode ser considerado apenas um acessório, mas um importante recurso de
aprimoramento técnico que um instrumentista tem disponível para uma boa performance.
Não obstante esta afirmação ser um consenso geral, profissionais de relevância na música
instrumental para metais concordam que o uso do bocal fora do instrumento tem grande
Kleinhammer diz, ainda, que “quando falamos em produção sonora dos instrumentos
nesta região que o ar colocado pelo músico dentro do instrumento motivará a vibração dos
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localizados ao redor da boca que serão produzidas uma gama de notas em diferentes alturas
desde o grave até o agudo. É aqui que a língua nas suas diferentes funções desempenha um
Muitos benefícios podem ser alcançados tocando com o bocal fora do instrumento. Um
deles é poder ajudar o instrumentista a melhorar o timbre com um grande progresso no foco
vibração das cordas vocais no canto. ”Cante com os lábios como se eles fossem as cordas
“Quando ouvimos um cantor desafinado, somos muito críticos; o mesmo rigor devemos
ter com a afinação, na prática de estudos no bocal” (KLEINHAMMER, 1963, p. 31). Isto
relaxada podem ser prontamente detectados e mais conscientemente controlados por meio da
Por outro lado, músicos como Cristian Lindeberg e Sam Burtis de igual importância no
cenário profissional instrumental não compartilham da mesma opinião. Afirmam eles que o
resultado sonoro com o uso do bocal fora do instrumento pode ser um fator negativo, causando
Lindeberg a produção de uma nota qualquer no bocal sem o instrumento provoca alterações na
28
embocadura que não ocorrem quando produzidas com o bocal no instrumento (LINDEBERG,
Não existe muito material para pesquisa às pessoas que não tiveram uma boa adaptação
Pude observar durante a coleta de material para este trabalho, que através de leitura de
tratam deste assunto e também conversando com amigos que adotam ou adotaram o bocal em
sua prática de estudos, acharam satisfatório o estudo no bocal fora do instrumento. Os poucos
que não tiveram um bom resultado com esta prática de estudo, quando indagados, ficam
sejam feitos com muito cuidado, sob orientação de um professor que tenha adquirido
afirma que “muitos dos excelentes instrumentistas de metal não conseguem praticar estudos no
bocal fora do instrumento (produzir vibração dos lábios no bocal). Em compensação, alguns
objetivo de tocar no instrumento com a mesma embocadura que se toca com o bocal fora do
pelo emprego desta técnica, a de se reconhecer que por outro lado, músicos de reconhecido
mérito não sentiram nenhuma necessidade do emprego desta técnica. Embora estas duas
realização deste estudo foi utilizada a metodologia de pesquisa experimental de duas amostras,
resultados com um ou mais grupos de controle que não receberam determinado tratamento”
deverão ser selecionados aleatoriamente de uma população e aleatório também deve ser a
educação musical tem aumentado consideravelmente estes últimos anos, não apenas
quantitativamente, mas também em qualidade. Phelps (1993, p. 256) declara que “enquanto a
31
Madsen (1960, p. 60) diz que a experimentação é apenas uma área de pesquisa. O valor
quando se chega ao que se propôs. O experimento quando apresenta resultados similares com a
repetição, é confiável.
um maior rigor no controle das variáveis. A música como uma atividade humana, está sujeita a
variáveis incontroláveis, portanto não podemos obter dela, neutralidade absoluta. “Deve-se
De uma mesma população podemos tirar duas amostras para obtermos dois grupos
pesquisador pode fazer a comparação. O método de duas amostras é superior ao de uma porque
o grupo de controle existe de fato. Quando temos duas amostras semelhantes, o método se
chamado de grupo experimental e o que não recebe é chamado de grupo de controle. Antes e
depois da introdução da variável, os grupos são testados duas vezes no mesmo período
independente. O grupo de controle não recebe este tratamento. Durante o período experimental,
os dois grupos são tratados exatamente iguais, exceto por um fator: o tratamento experimental.
32
Depois do tratamento, ambos os grupos são comparados para medir a variável independente, a
qual é presumida para ser afetada pelo tratamento experimental (PHELPS, 1993, p. 257).
experimento no grupo de controle será o resultado das variáveis que não podemos controlar,
Essas medidas são então analisadas estatisticamente para verificar se há uma diferença
significativa entre os dois grupos, ou para determinar o alcance no qual os dois grupos se
diferem. Isso também possibilita verificar a probabilidade que estas diferenças ocorram por
acaso ou a probabilidade que elas resultem a partir da variável independente. (PHELPS, 1993,
p. 257).
de alturas nos quais os componentes desse instrumento – cordas, tubos – podem ser afinados),
4.2 MATERIAIS
4.2.1 População
33
A população escolhida para esta pesquisa tem como composição alunos que pertencem
Desta população foi tirada uma amostra composta de doze sujeitos (sete trombonistas e
cinco bombardinistas) entre quatorze e dezesseis anos, escolhidos aleatoriamente pelo diretor
musical responsável. Estes eram alunos no seu processo de desenvolvimento inicial, ou seja,
estudantes que praticamente tiveram o seu primeiro contato com o instrumento durante o
experimento. Entre os doze sujeitos da amostra, foram sorteados aleatoriamente seis sujeitos,
pertencentes ao grupo de controle (GC) que realizaram exercícios somente com o bocal dentro
do instrumento (Quadro 01) e seis sujeitos que pertenceram ao grupo experimental (GE), que
realizaram exercícios com o bocal dentro e fora do instrumento (grupo experimental – Quadro
02).
Quadro 02 – Indivíduos que trabalharam com bocal dentro e fora do instrumento (grupo
experimental).
4.2.2 Procedimento
Os trabalhos dos dois grupos foram distribuídos em três contatos semanais com duração
de duas horas cada, durante três semanas. As aulas foram coletivas e ministradas pelo próprio
Antes do início e ao término desse trabalho, foram realizadas gravações para comparação dos
Antes do pré-teste, foi escrito no quadro negro e tocado pelo pesquisador o exercício a
ser gravado, para a assimilação visual e auditiva (Figura 06). Este exercício é uma variante do
primeir exercício dos Warm-up exercises de autoria de Joseph Alessi. As gravações, não
identificadas e distribuídas aleatoriamente, foram avaliadas por três professores do
Departamento de Sopros da Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
Todos os sujeitos foram gravados com um gravador MD, posicionado no mesmo local
estudantes tiveram a chance de tocar duas vezes o trecho analisado. A Figura 08 mostra
4.2.3 Avaliação
Os três jurados ouviram inicialmente a gravação do pré-teste por três vezes tendo como
itens a serem julgados timbre, afinação, fluência sonora e articulação. A avaliação constou de
avaliação. Os resultados dos testes foram analisados tendo como base as notas dadas pelos
Os dados foram analisados a partir das notas atribuídas pelos juízes e transformadas em
gráficos para melhor visualização. Os dados não foram tratados estatisticamente devido ao
pós-teste em relação ao pré-teste. O gráfico mostrou que os três juízes, embora atribuindo notas
O gráfico 02 mostra que o sujeito 02 do GC não teve uma ascensão considerável, mas
houve progresso. Também aqui ocorreu coerência entre as notas dos jurados.
Interessante observar que as notas dos juízes foram altas. O avaliador 3 por exemplo, no
pós-teste deu nota 7 para todos os itens julgados. Isto aconteceu pelo fato de que o sujeito 02
tinha 1 ano e 2 meses de instrumento, possuindo maior domínio dos itens analisados.
praticamente não teve ascensão. De acordo com o avaliador 01, o item afinação no pós-teste
sofreu uma queda de meio ponto enquanto que no item articulação ocorreu uma ascensão de
0,5. O avaliador 02 achou que o sujeito teve uma queda em todos os itens no pós-teste em
relação ao pré-teste e o avaliador 03 observou uma pequena ascensão em todos os itens, menos