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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES/AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR PARA A PRÁTICA DA DANÇA DO
VENTRE

Debora Ferreira da Silva Rezende

Orientadora: Fabiane Muniz

Camaçari, BA

2018.
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES/AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR PARA A PRÁTICA DA DANÇA DO
VENTRE

Debora Ferreira da Silva Rezende

Apresentação de monografia à AVM Faculdade integrada-


Universidade Candido Mendes, como requisito parcial
para a obtenção do grau de especialista em
Psicomotricidade.

Por: Debora Ferreira Da Silva Rezende.


“Cada movimento-forma, na dança do ventre, é interpretado
diferentemente por cada praticante, mediante o significado
arquetípico que o mesmo assume no interior feminino”.

(Luciaurea)
RESUMO

Esta pesquisa, ostenta o seguinte tema; ” A relação da prática da dança do


ventre com a educação psicomotora”, desenvolvida como principal objetivo de
demonstrar como a educação psicomotora, é essencial para a prática e
aprendizado satisfatório na dança do ventre. Ou seja, a finalidade desta, é
demonstrar como a educação psicomotora é indispensável no desenvolvimento
de novas habilidades relacionadas a pratica da dança do ventre, para diversas
faixas etárias, como possibilidade de entrar em contato consigo mesmo, e com
o mundo a volta.
São, portanto, objetivos propostos desta pesquisa; demonstrar a dança como
linguagem expressiva, a dança do ventre como expressividade corporal e
psíquica, as dificuldades no processo de aprendizagem da dança do ventre,
relacionadas a educação psicomotora, a educação psicomotora como
norteadora para o aprendizado na dança do ventre, e demonstrar como a
educação psicomotora, é essencial para a pratica e aprendizado satisfatório da
dança do ventre. Trabalhar a educação psicomotora, dentro da dança,
possibilita contribuições para as alunas, não apenas nos movimentos propostos
para a mesma, contribui também, para o desenvolvimento de capacidades que
as acompanharão para toda a vida.
METODOLOGIA

A partir do problema delineado neste trabalho, foi optada como procedimentos


metodológicos, a pesquisa web gráfica, a pesquisa explicativa e a pesquisa
bibliográfica.

A pesquisa explicativa registra fatos, analisa-os, interpreta-os,


e identifica suas causas. Esta pratica visa ampliar
generalizações, definir leis mapas amplas, estruturar e definir
modelos teóricos, relacionar hipóteses em uma visão mais
unitária do universo ou âmbito produtivo em geral e gerar
hipóteses ou ideias por força de dedução logica
(Colaboradores da página pós graduando.com, apud Lakatos e
Marconi, 2001).

Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra descritiva, posto que
a identificação de fatores que determinam um fenômeno exige que este seja
suficientemente descrito e detalhado (GERHARDT; SILVEIRA, apud GIL 2007,
p. 43). Sobre a pesquisa bibliográfica,

A pesquisa bibliografia é feita, a partir do levantamento de


referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios
escritos eletrônicos, como livros, artigos científicos, página de
web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, procurando referencias teóricas
publicadas com o objetivo de recolher informações ou
conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do que se
procura a resposta. (GERHARDT; SILVEIRA, apud FONSECA,
2002)

Buscando identificar a importância da relação existente entre a educação


psicomotora e a dança do ventre, em sala de aula, foi utilizado um indicador
como fonte de informação, a análise da professora em sala, e o
desenvolvimento das alunas, a partir do melhoramento psicomotor aplicados.
Como fonte de informação, foi levado em consideração o processo de
desenvolvimento psicomotor, através de atividades relacionadas à mesma. Om
pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revela-lo
como ele o percebe. (GERHARDT; SILVEIRA, apud FONSECA, 2002).
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - A DANÇA DO VENTRE COMO LINGUAGEM


EXPRESSIVA 11
1.1 Características antigas e atuais da dança do ventre 12
1.2 Dança do ventre; elevação da autoestima, integração e inclusão 14
1.3 Dança do ventre como terapia 16
1.4 Benefícios advindos da dança do ventre, ao corpo humano 17

CAPÍTULO II – PSICOMOTRICIDADE E SEU DESENVOLVIMENTO

(AQUISIÇÃO BÁSICA PARA UM TRABALHO PSICOMOTOR) 20

2.1 Esquema corporal 20


2.2 Imagem corporal 21
2.3 Coordenação global, fina, óculo manual e equilíbrio 21
2.4 Relaxamento 23
2.5 Dissociação de movimentos 24
2.6 Ritmo (Adaptação ao tempo) 24
2.7 Percepção espacial 25
2.8 Percepção temporal 26
2.9 Lateralidade 26

CAPÍTULO III - DIFICULDADES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM


DA DANÇA DO VENTRE RELACIONADA À EDUCAÇÃO
PSICOMOTORA 28

3.1 Dificuldades no processo de aprendizagem, lateralidade 29


3.2 Dificuldades no processo de aprendizagem, orientação temporal e
ritmo 29
3.3 Dificuldade no processo de aprendizagem, dissociação corporal 30
3.4 Dificuldades no processo de aprendizagem, coordenação geral 31
3.5 Dificuldades no processo de aprendizagem, tônus musculares e
equilíbrio 33
3.6 Dificuldades no processo de aprendizagem, orientação espacial 35

CAPÍTULO IV - A REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA COMO


NORTEADORA PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA
DANÇA DO VENTRE 37
4.1 Contribuição da Educação Somática no processo 38
4.2 A influência da dança do ventre na imagem corporal de mulheres, o
resgate da imagem corporal 39

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 43

WEBGRAFIA 45
9

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa ostenta o seguinte tema; “A relação da prática da dança do


ventre com a educação psicomotora”, desenvolvida como principal objetivo de
demonstrar como a educação psicomotora, é essencial para a prática e
aprendizado satisfatório na dança do ventre. Ou seja, a finalidade desta, é
demonstrar como a educação psicomotora é indispensável no desenvolvimento
de novas habilidades relacionadas a pratica da dança do ventre, para diversas
faixas etárias, como possibilidade de entrar em contato consigo mesmo, e com
o mundo a volta.

A dança é uma das linguagens expressivas mais importantes que existe, ela
aprimora as habilidades básicas, agrega integração e inclusão quando
praticada em grupo. A prática da dança tem aumentado gradativamente, e a
dança do ventre tem se expandido no país, muitos médicos estão indicando a
mesma para diversos tratamentos, como exemplo; tratamento contra
depressão, e tratamento contra o sedentarismo. E qual a relação do
desenvolvimento psicomotor, para a pratica da dança do ventre? A dança do
ventre especificamente trabalha com dissociação corporal, ou seja, a
capacidade de individualizar segmentos corporais que tomam parte na
execução de um gesto intencional. O que torna a dança clara, bonita e difícil de
ser executada é exatamente esse trabalho de dissociação e consciência
corporal.

O que vemos em sala de aula são alunas de todas as idades com muita
dificuldade de aprendizado, decorrente da carência de educação psicomotora,
problemas como lateralidade, ritmo, dissociação corporal, coordenação motora
fina, óculo manual e pedal, são apenas amostras de bloqueio de
aprendizagem. Trabalhar a educação psicomotora, dentro da dança, possibilita
contribuições para as alunas, não apenas nos movimentos propostos para a
mesma, contribui também, para o desenvolvimento de capacidades que as
acompanharão para toda a vida. A educação psicomotora é sem dúvida
importante para o aprendizado e pratica da dança do ventre, pois a mesma
agrega aprendizagens consideradas básicas, previne e corrigi inadaptações,
10

auxiliando no desenvolvimento da aluna em sala na execução dos movimentos


e em seu cotidiano.

São, portanto, objetivos propostos desta pesquisa; demonstrar a dança como


linguagem expressiva, expressividade corporal e psíquica, a psicomotricidade e
seu desenvolvimento, as dificuldades no processo de aprendizagem da dança
do ventre, relacionadas à educação psicomotora, e a educação psicomotora
como norteadora para o aprendizado na dança do ventre. Demonstrar como a
educação psicomotora, é essencial para pratica e aprendizado satisfatório da
dança do ventre.
11

CÁPITULO I

A DANÇA DO VENTRE COMO LINGUAGEM EXPRESSIVA,


EXPRESSIVIDADE CORPORAL E PSÍQUICA

Considerando a dança como uma forma de expressão,


podemos jugar a Dança do Ventre essencialmente feminina,
como elemento catalizador que poderá levar a figura feminina a
busca de descobertas e novas perspectivas. Significa que
podemos considerar a dança do ventre um elemento catártico
em que a mulher pode equilibrar e transformar seu interior. Ela
surge como elemento exorcizante do “eu” que aniquila do
cotidiano e que acorrenta a mulher ao estresse da vida
moderna. (FIGUEIREDO, s.d.)

A dança em si, sempre foi usada como linguagem expressiva, com a dança do
ventre, não é diferente. Os termos “danse du ventre” do francês (1798-invação
napoleônica no Egito), “belly dance” do inglês (adaptação do termo francês,
1882- ocupação britânica) e traduzidos para o português como dança do ventre
são termos ocidentais. O termo usado nos países árabes é “Raqs El Sharki”
que seria o equivalente a dança do oriente ou simplesmente “Raqs”, dança.
Segundo Cristina Antoniadis, em seu e-book Dança do Ventre Conceitos e
Histórico, material integrante do Curso de Especialização em Dança Oriental do
Pandora Danças (p.09).

Esta forma de se movimentar o corpo ao som da música, é algo


inerente aos povos daquela região, e eles mesmos não possuem
nomenclaturas nem definições especificas para esta linguagem
corporal, pois é algo incrustado nos seus costumes e tradições.

A dança oriental pode ser dividida em três estilos: o Clássico, o Folclórico e o


Moderno. O clássico é tido como o mais elaborado de todos os estilos, o
12

folclórico respeita hábitos regionais, e é dançado com roupas, elementos e


gestos típicos que caracterizam cada região, e o moderno que são danças que
permitem a fusão, mesclando o estilo do oriente e ocidente, com a criatividade
esse estilo permite novas criações, sem que a essência da dança oriental seja
perdida. A dança do ventre propicia o desenvolvimento da criatividade, trabalha
o físico, emocional e mental, de maneira feminina e natural.

Tive oportunidade de praticar diversas atividades físicas, desde


ballet, danças em geral, artes marciais e esportes coletivos,
todos possuem suas qualidades, porem afirmo que a dança do
ventre é a atividade ideal para a mulher em todos os sentidos.
Ela abrange de forma holística todos os aspectos da mulher, ou
seja, favorece o aspecto físico, mental emocional e espiritual, de
maneira individual e única. (NÍJME, 2005, p.23).

1.1 Características antigas e atuais da dança do ventre

Até os movimentos utilizados na dança do ventre, os oitos, as


ondulações, e outros que as dançarinas utilizam em suas
performances são executados da mesma forma, por civilizações
diferentes, e em diferentes períodos de tempo, muitas vezes até
com objetivos semelhantes. (BENCARDINI, 2009, p. 29).

É muito difícil apresentar um registro cronológico preciso da origem da dança


do ventre, de acordo com o livro Dança do Ventre: Ciência e Arte, de patrícia
Bencardini, a antiga civilização Suméria é um dos prováveis berços dessa arte,
países como a Turquia e a Índia apresentavam alguns dos primeiros registros
mais antigos de movimentos e cultos que evoluíram para o que se conhece
hoje, como dança do ventre. Há quem diga que a dança nasceu com
características religiosas e ritualísticas, ou com forma de se incentivar a
fertilidade, já que a dança trabalha com o ventre e fortalece a região pélvica.
Embora muitas pessoas acreditem que a dança do ventre seja de origem
egípcia, outras teorias aventam que ela chegou ao Egito vinda de outro lugar.
13

Uma das razões para o mistério é um grupo chamado Ghawazi, do qual fazem
partes dançarinas profissionais errantes chamadas as Ghawazi (também
Ghawazze ou Ghazye, cujas origens são desconhecidas. A dança (raqs
sha’abi) das Ghawazi que ainda existe hoje se caracteriza por um contínuo
requebrar dos quadris de um lado para o outro, que também pode ser visto nos
movimentos clássicos da dança do ventre. Elas dançam em um compasso
rápido 4/4. A sua música deriva de instrumentos folclóricos como o mizmar, o
rebabi e o tabla baladi.
A dança do ventre e outros rituais da dança do nascimento na Antiguidade
preparavam o corpo da mulher para o ato físico do parto. A forma tradicional da
dança enfatizava mais o abdômen do que a pelve.

A pratica da dança do ventre durante a gravidez confere uma


maior disposição e força física, trabalha de forma gradativa e
suave os músculos das pernas, panturrilhas e coxa-grupo
muscular bastante exigido durante o parto. [...]
Ao mesmo tempo que a dança é um exercício aeróbico ela
também é um treino isotônico, já que com seus movimentos
básicos trabalhamos praticamente todos os grupos musculares
atuantes no parto. Só de ficar na postura básica da dança por
alguns minutos, por exemplo, a mulher se torna consciente do
fortalecimento dos músculos do quadríceps. (SOUZA, Pâmela,
2015)

Esse movimento de contração/relaxamento também é visível em outros tipos


de dança.
Impossível comentar sobre o desenvolvimento da dança do ventre, nesses
últimos 50 anos, sem falar sobre o Reda Trupe, fundada em 06 de agosto de
1959, que teve como a primeira bailarina Farida Fahmy, que é um ícone da
dança do ventre e instrumento de estudo de várias bailarinas. Responsável por
apresentar e levar o folclore árabe aos palcos e filmes, Mahmoud Reda,
atualmente com 86 anos, expandiu a arte das danças populares em países
árabes, especialmente no Egito. Reda desenvolveu sua criatividade e
14

incrementou a dança, com vestimentas, maquiagens, movimentos da dança


folclórica, e as apresentou para o mundo com a sua trupe; Reda Trupe.
No Brasil, muitas bailarinas acreditam que SHAHRAZAD Shahid Sharkey,
palestina que tem como nome de nascimento, Madeleine Iskandarian, é a
pioneira da dança do ventre no Brasil, entretanto, segundo um artigo publicado
no site Central Da Dança do Ventre, escrito pela mesma equipe, afirma por
entrevista com a bailarina e por imagens e recortes de jornais da época que a
primeira bailarina a realizar uma apresentação de dança no ventre no Brasil,
em 1954, foi a bailarina Zuleika Pinho, em um clube árabe chamado Homes,
ano de 1954, mesmo assim a dança do ventre era pouco difundida na época e
o material de estudo escasso. O primeiro vídeo didático brasileiro, foi lançado
em 1993, pela casa de Chá Egípcia Khan El Khalili, que atualmente é
referência em dança do ventre no Brasil, tendo como professora e bailarina
Lulu Sabongi, conhecida hoje como Lulu from Brazil.
É sabido que vários motivos levam a procura dessa arte milenar, em
experiências em sala de aula, vemos muitas mulheres procurarem a dança do
ventre, como forma de resgatar o feminino e a autoestima, muitos profissionais
(psicólogos e terapeutas) tem indicado a dança do ventre, como tratamento
contra a depressão, assim como pessoas a procuram como atividade física. As
características atuais predominantes da dança do ventre evoluíram ao longo
dos anos, de dança da sexualidade, fertilidade, ritualística, para uma dança do
ventre cultural, artística, terapêutica e profissional.
A dança do ventre foi destaque na novela O Clone, da emissora Globo (2001),
o que contribui também para a divulgação da mesma. Atualmente o acesso ao
aprendizado da dança do ventre aumentou significativamente, no país temos
muitos espaços, com profissionais que ensinam a arte, podemos encontrar
também muito conteúdo didático de diversas formas, blogs que ensinam
virtualmente a prática da dança oriental, e um curso técnico em São Paulo,
reconhecido pelo MEC de danças árabe.

1.2 Dança do ventre; elevação da autoestima, integração e inclusão


15

Os valores ideológicos – “as verdades” – da Dança do Ventre


de cultuar o corpo, visando a beleza interior, cultuando a
capacidade da mulher de ser a geradora da vida, valorizar o
ventre e os fatores que caracterizam a feminilidade trazem para
o sujeito uma outra subjetivação, um novo sujeito. A mulher
que aceita entrar nessa “ordem de curso”, conhece seu próprio
corpo porque sente os resultados no seu corpo. (FIGUEIREDO,
Ana Cristina, [201-?]).

O projeto ‘Pérolas- A arte da dança gerando autoestima e autoconhecimento’,


idealizado e realizado pela bailarina, professora e corégrafa Nira Lucchesi, tem
como objetivo fazer com que portadoras com Síndrome de Down, desenvolvam
suas capacidades e habilidades físicas, além de funcionais, necessárias para
seu desenvolvimento biopsicossocial o que contribui, sem dúvida, para a
inclusão dessas meninas na sociedade. Na dança, o corpo é um veículo de
expressão e sentimentos, através dela podemos mostrar a capacidade criativa,
motora e emocional de uma pessoa. Nesse projeto, pudemos mostrar não só
as possibilidades de cada uma, mas de todo um grupo. A força e o empenho
desse grupo demonstram cada vez mais o poder transformador da arte,
Lucchesi (2015).

Quando aprendemos a lidar com o corpo, mudamos a forma de encarar o


mundo, de atitude corporal, transforma-se em atitude mental.

Quem consegue visualizar a contribuição que a técnica desta


dança pode trazer, torna-se mais autoconfiante porque se
conhece. Sabe lidar com seu corpo e também com suas
emoções. Junto com a confiança vem também a autoestima.
Na dança, a mulher para a ver o corpo não como um simples
espaço para a modelagem estética, mas como veículo de sua
mente e a sua forma mais direta de se relacionar com o
mundo. (BENCARDINI, 2009, p. 175).
16

Em Camaçari-Ba, região metropolitana de Salvador surgiu o projeto Flor de


Lótus, na comunidade da Gleba H/Buri Satuba, com a ousada proposta de
transformar vidas através da dança do ventre, o projeto consiste na oferta
gratuita de aulas de dança do ventre para a comunidade carente em situação
de vulnerabilidade e de violência doméstica. Também para crianças e
adolescentes com atividade lúdica, prazerosa e de interação. O projeto Flor de
Lótus foi idealizado pela mantedora, bailarina e professora do projeto, Ângela
Cheirosa, após passar por um árduo processo de depressão e sofrimento
devido à perda do marido, o grande amor de sua vida; com seu filho pequeno
de 04anos na época, fechada em seu luto, viu na dança do ventre a
possibilidade de renascer, desde então a dança tornou-se seu alimento e com
a intenção de fazer mais pessoas renascerem, criou este lindo projeto.

1.3 Dança do ventre como terapia

“Como cada movimento tem um significado especial, além de fortalecer os


grupos musculares trabalhados, faz com que a dançarina viva um momento
pessoal, percebendo como seu corpo reage aos estímulos”. (Andrade, apud
Lima, 2010)

Muitos praticantes da dança do ventre procuram através da dança


condicionamento físico e bem-estar corporal, algumas vezes por indicação
médica.

As potencialidades sensoriais, sensitivas, perceptivas,


sinestésicas, motoras, criativas e comunicativas são ampliadas,
segundo a própria dança do ventre, o reconhecimento da
identidade, a sensação de acolhimento que a dança do ventre
trabalha, diminuem os sintomas psicossomáticos. A dança
pode estimular e equilibrar os hormônios femininos, auxiliando
na cura da insuficiência ovariana, bem como combater a prisão
de ventre, uma vez que trabalha os tônus da parede
abdominal, contribuindo para o peristaltismo voluntario. Isso
17

acontece através das ondulações abdominais, combinados a


respiração. Fatores como uma boa circulação sanguínea
contribuem para a manutenção da juventude. Os movimentos
conjuntos e isolados executados na dança ativam o fluxo
sanguíneo principalmente da região gênito-urinária, os
tremidos, nomeados shimmies provocados pela liberação de
endorfina, um neurotransmissor que gera prazer e assim, bom
humor. (BREVILIERE, Mel. [201-?]).

Quanto ao aspecto corporal, é uma técnica milenar de intenso


condicionamento físico que vai trabalhar de forma completa
todos os grupos musculares que formam o corpo humano.
Apresenta um elaborado conjunto de movimentos para
estimular o comando neuromotor. Pode ser uma alternativa
segura para a ginastica ocidental, a partir do momento em que
tonifica e modela o corpo feminino. Traz inúmeros benefícios
fisiológicos e psicológicos para suas praticantes (Bencardini,
2009, p.18).

1.4 Benefícios advindos da dança do ventre, ao corpo humano

É bom lembrar que a dança do ventre não tem como primeira função o trabalho
terapêutico, embora apresente condições para isso devido à complexidade de
movimentos, é preciso equilíbrio, bom senso e observação constante para o
trabalho corporal, considerar as características individuais de cada aluna.

De acordo com o livro Sagrado Feminino, escrito por Ju Marconato não existe
tipo físico nem idade para praticar a arte milenar e seus benefícios são
encontrados com o tempo e pratica regular. A dança mobiliza aspectos físicos,
mentais, nossas energias femininas e nos desperta para luz interior. A prática
nos confere benefícios como:

 Autoestima e autoconhecimento
18

 Desbloqueia energias estagnadas em pontos de tensão, como couraças


musculares.
 Auxilia na percepção cinestésica e amplia a consciência corporal.
 Melhora postura global.
 Melhora condicionamento cárdio respiratório. É uma excelente atividade
aeróbica, ativa a circulação sanguínea e previne aparecimento de
varizes e problemas relacionados ao sedentarismo.
 Coordenação motora: com movimentos alternados de diversas partes do
corpo, aprimoramos a capacidade neuro-motora e isolamento de grupos
musculares específicos (dissociação).
 Aumenta flexibilidade e promove o que chamamos de Liberação
Miofascial. Um corpo alongado e flexível pode realizar com muito mais
facilidade todos os tipos de movimentos. A dança é uma arte de
aprender a soltar, relaxar suavizar diversas partes do corpo. (O
alongamento previne lesões e deve ser realizado antes e depois da
prática, sendo também necessários aos movimentos compensatórios
para a coluna).
 Diminui a ansiedade, alivia tensões, evita o estresse que pode
desencadear todos os tipos de doenças. (Durante a atividade, ocorre
liberação de hormônios como a serotonina e endorfina, responsáveis
pela sensação de bem-estar, melhorando a disposição e energia,
tornando a vida mais ativa e criativa).
 Os movimentos ondulatórios massageiam os órgãos internos.
 Alivia cólicas menstruais; promove maior irrigação sanguínea em toda
região pélvica.
 Diminui os sintomas da tensão pré-menstrual. Durante o período
menstrual, sugiro treinar movimentos arredondados e sinuosos,
associados a uma respiração calma, lenta e profunda.
 Equilibra hormônios: auxilia na regulação endócrina de hormônios
sexuais secretados pelos ovários.
 Melhora a função sexual e controle sobre os esfíncteres, fortalecendo a
musculatura do períneo e assoalho pélvico, prevenindo doenças como
incontinência urinária. Resulta em controle e mobilidade pélvica.
19

 Estimula equilíbrio: corporal e emocional (clareza mental).


 Estimula concentração: sequencias coreográficas.
 Desenvolve percepção musical: desenvolvendo sensibilidade auditiva,
aprendendo a identificar os tempo, contagens, frases, melodias e ritmos.
 Expressão corporal: com o tempo, de maneira única, a mulher
exterioriza sentimentos, emoções e pensamentos por meio da
linguagem corporal. A dança pode ser considerada em sua essência
uma forma de expressão pessoal, uma linguagem não verbal.
 Tonifica e fortalece a musculatura: a ação voluntaria de músculos
agonistas e antagonistas.
 Fortalece principalmente a musculatura abdominal. Modela a cintura.

O livro, Ventre que Encanta por, Luciana Ferraz do Amaral, faz referência às
palavras do obstetra Nelson Shiroshi Taki;

Desde a concepção até o parto a mulher passa por grandes


transformações, tanto anatômicas, fisiológicas como
emocionais, fazendo com que ela sinta o poder infinito de gerar
e abrigar o novo ser em seu ventre. Isto a torna mais feliz, mais
segura, e preparada para essa missão. Para conseguir ter um
final feliz, com glória, a cada dia desde os primeiros dias da
concepção, a gestação, se possível, deve trabalhar o seu
emocional, o sentimento, o amor, a dedicação, ter uma boa
alimentação, de preferência o mais natural possível, exercícios
físicos, hidroginástica, e cum bom acompanhamento obstétrico.
A dança do ventre poderá ser praticada se não houver
contraindicações.
(MARTINS, apud TAKI, 2005, p.24)
20

CÁPITULO II

PSICOMOTRICIDADE E SEU DESENVOLVIMENTO


(AQUISIÇÕES BÁSICAS PARA UM TRABALHO PSICOMOTOR)

A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) (fundada em 1980), em


meados dos anos 90, procurando especificar a abrangência da
Psicomotricidade no país, elaborou um primeiro conceito geral dessa área do
conhecimento: Psicomotricidade é “uma ciência que tem como objetivo o
estudo do Homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu
mundo interno e externo” (Silva, apud SBP, 1995).

2.1 Esquema corporal

O corpo não é somente algo biológico e orgânico. Esquema


Corporal é a representação mental do nosso corpo à nível
cortical. Conhecimento necessário, na qual o corpo organiza-se
no espaço que o rodeia, seus movimentos e ações. É
referencia para todas as “práxis” que o individuo vai
construindo e se adaptando ao longo da vida. A construção do
esquema corporal se dá através da síntese dos dados
proprioceptivos (sensações obtidas pelo próprio corpo),
sensoriais e esteroceptivos (vindo do ambiente que o corpo
atua). (GURGEL, 2010)

O esquema corporal se diferencia da imagem corporal, para facilitar a


compreensão, como se o esquema corporal fosse nossa representação
global, e a imagem corporal, a visão que temos nós mesmos, podemos
conhecer nosso corpo, mas não temos noção exata de como somos
fisicamente, um exemplo típico de imagem corporal distorcida, é uma
pessoa com anorexia, cuja noção da imagem, não é a mesma com a
realidade física do seu corpo.
21

A partir do momento que o individuo descobre, utiliza e controla


o seu corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter
consciência dele e suas possibilidades, na relação com o meio
ambiente em que vive. Vivenciar estímulos sensoriais, para
discriminar as partes do próprio corpo e exerce um controle
sobre elas, implica:
 A percepção do corpo;
 O equilíbrio;
 A lateralidade;
 A independência dos membros em relação ao tronco e entre si;
 O controle muscular;
 O controle de respiração.
(ALVES, Fátima, 2012, p.54)

2.2 Imagem corporal

De acordo com Alves, 2012:

A imagem corporal diz respeito aos sentimentos do individuo


em relação à estrutura do seu corpo como bilateralidade,
lateralidade, dinâmica e equilíbrio corporal As relações entre o
corpo e os objetos situados no espaço ao seu redor referem-se
aos conceitos direcionais do indivíduo e a consciência de si
próprio e do desempenho do que ele cria no espaço.

Imagem corporal são todas as experiências sentidas e vividas.

2.3 Coordenação global, fina, oculomanual e equilíbrio

No segundo capítulo do livro Psicomotricidade, educação e reeducação


num enfoque psicopedagógico (OLIVEIRA, 2015, p. 41) vemos que para
22

uma pessoa manipular os objetos da cultura em que vive precisa ter certas
habilidades que são essenciais, precisa saber se movimentar no espaço
com desenvoltura, habilidade e equilíbrio, e ter o domínio do gesto e do
instrumento (coordenação fina). Esses movimentos desde o mais simples
ao mais complexo são determinados pelas contrações musculares e
controlados pelo sistema nervoso (BRANDÃO, apud OLIVEIRA, 2015,
p.42).

DEFONTE, citado por NEGRINE (1987 p.42), diz que a


coordenação motora é a “união de movimentos harmônicos,
que supõem a integridade e a maturação do sistema nervoso”.
Esta afirmação enfatiza um aspecto importante no estudo da
coordenação motora, pois mostra como a maturação do
sistema nervoso influencia diretamente o desenvolvimento das
funções psicomotoras. Compreender a relação da coordenação
motora com o desenvolvimento do Esquema Corporal se torna
fundamental para o bom andamento do processo ensino-
aprendizagem, pois o grau de complexidade das tarefas
planejadas deve ser condizente com o nível de maturação das
crianças. Por exemplo: uma criança de três anos não
apresenta maturidade para aprender a técnica de um “nado de
costas”, nem executar grandes movimentos refinados e de
grande precisão com as mãos. (GOMES, 2010)

O trabalho de coordenação geral global deve começar com jogos livres e


atividades de livre expressão que permitem segundo (GOMES, apud LE
BOULCH, 1983, p.65), que a experiência vivida do corpo em confronto com
o objeto, propicie o esboço da “primeira maqueta” do esquema corporal,
garantindo a destreza global do corpo em relação com o seu meio de
comportamento.
Constituem um aspecto particular da coordenação geral, a coordenação
motora-fina e óculo manual, a primeira consiste na habilidade manual,
exigindo ação de pequenos grupos musculares para realização de tarefas
complexas, entretanto somente a coordenação motora fina não é suficiente,
23

é necessário que exista um controle ocular, o olhar acompanhar os gestos


da mão. Ambas são indispensáveis para o desenvolvimento da
coordenação geral.
A coordenação global depende da capacidade de equilíbrio postural, refere-
se às atividades dos grandes músculos.
De acordo com Ajuriaguerra (1972), citado por OLIVEIRA “o tônus que
prepara e guia o gesto é simultaneamente a expressão da realização ou
frustação do indivíduo”. Quanto maior o equilíbrio, mais coordenadas serão
suas ações. O tônus apresenta-se como uma tensão elástica (contração
ligeira) que regula e controla a atividade postural como suporte do
movimento.
Como não pode haver movimento sem atitude, também não pode haver
coordenação de movimento sem um bom equilíbrio, permitindo o
ajustamento do homem a seu meio.

2.4 Relaxamento

O relaxamento é uma técnica que busca desfazer as tensões


físicas, mentais e emocionais. Em estado normal, o organismo
humano permanece isento de qualquer tipo de tensão, mas
através do dia-a-dia adquirimos tensões de várias origens. Em
que alguns casos as tensões são originadas a partir de
pensamentos e emoções omitidas e reprimidas de forma que
se torna imperceptível.

(CABRAL, Gabriela. [201-?]).

O relaxamento é muito importante na educação psicomotora, pois participa


de todos os níveis para o aprimoramento dos gestos pela supressão de
tensões musculares supérfluas e maiores controles.

Nosso próprio corpo possui mecanismo para liberar tensões, como o bocejo
ou o suspiro, entretanto, às vezes, isso não é suficiente para o grande
acúmulo de tensões.
24

É o fenômeno neuromuscular resultante de uma redução de


tensão da musculatura esquelética. O estado de relaxamento
total envolve o corpo e está diretamente vinculado a processos
psicológicos, onde o trabalho mental é determinante no alcance
da redução da tensão muscular. O relaxamento diferencial
responde pela descontração de grupos musculares que não
são necessários a execução de determinado ator motor
especifico. O relaxamento segmentar é o relaxamento
alcançado entre partes do corpo.
(Turbino 1979, apud Mello. [201-?] p. 39).

2.5 Dissociação de movimentos

“É a capacidade de individualizar os segmentos corporais que tomam parte


na execução de um gesto intencional” (Fonseca, 1976, p.183 apud Mello,
[201?] p.33). Dissociar é sinônimo de diferenciar, e no campo da
psicomotricidade está em relação com o grau de dificuldade do controle
mental do gesto.
A independência segmentar que nos é mais significativa é que se
estabelece entre o superior (diferenciação dos braços em relação ao tronco)
e o inferior (diferenciação das pernas em relação ao tronco).
Propõe uma utilização cada vez mais diversificada deste corpo, põem
progressivamente em jogo todos os segmentos e solicitam, ao mesmo
tempo, o esquema corporal e o domínio, as representações mentais;
coordenação dinâmica dos membros superiores, coordenação dinâmica dos
membros inferiores, coordenação dinâmica e postural e movimentação dos
outros segmentos e do conjunto do corpo.

2.6 Ritmo (Adaptação ao tempo)


25

Ser capaz de ouvir não significa necessariamente ser


capaz de escutar, ser capaz de ver não significa
necessariamente ser capaz de olhar.
(Myklebust, apud OLIVEIRA 2015, p. 98).

O ritmo é considerado um dos conceitos mais importantes da orientação


temporal, envolve noções de tempo e espaço, ele traduz uma igualdade de
tempo. (Kephart, apud OLIVEIRA, 2015, p.93) distingue três tipos de ritmo.
 Ritmo motor- refere-se ao movimento do organismo quando se
realiza em intervalo de tempo contexto, como marchar e correr.
 Ritmo auditivo- refere-se geralmente quando é trabalhado com
algum movimento, exemplo temos a dança, tema abordado aqui.
 Ritmo visual- temos a leitura como um dos principais exemplos de
ritmo visual, outro exemplo interessante é assistir um filmes
legendados.

2.7 Percepção espacial

A percepção espacial, na concepção de Meur & Staes apud OLIVEIRA


(2015, p. 75) é definida como “a tomada de consciência da situação de seu
próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar de orientação que
pode ter relação às coisas e pessoas”; “a tomada de consciência das coisas
e situações entre si”; “a possibilidade para o sujeito, de reorganiza-se
perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de coloca-las
em um lugar, de movimentá-las”.
Segundo Poppovic, apud ALVES, Fátima 2012, p. 80. Orientar-se no
espaço é:

“ver-se e ver as coisas no espaço em relação a si próprio, é


dirigir-se, é avaliar os movimentos e adaptá-los ao espaço. É
principalmente estabilizar o espaço vivido e desta forma poder
situar-se e agir correspondentemente”.
(Poppovic, apud ALVES, 2012, p.8
26

A percepção espacial é a percepção do nosso corpo, em relação ao mundo


exterior, ou seja, com relação ao espaço a volta.

2.8 Percepção temporal

Sabemos que não podemos conceber a ideia de espaço, sem a noção de


tempo. A respeito dessa afirmação Piaget, segundo OLIVEIRA 2015, p.85
declara:
O tempo é a coordenação dos movimentos: quer se trate dos
deslocamentos físicos ou movimentos no espaço, que se trate
desses movimentos internos que são as ações simplesmente
esboçadas, antecipadas ou reconstituídas pela memoria, mas
cujo desfecho e objetivo final é também espacial...

A estruturação temporal insere o homem no tempo e garantirá


experiências de localização dos acontecimentos passados e a iniciação
da capacidade de projetar-se para o futuro.

2.9 Lateralidade

Jackson (1876) e Zazzo (1976), apud ALVES 2012, p.71 nos dizem que
“a dominância funcional de um lado do corpo é determinada não só pela
educação, mas pela predominância de um hemisfério cerebral sobre o
outro”.

A lateralidade é definida a partir da preferência neurológica que se tem


por um lado do corpo, essa dominância é importante para desenvolver
diferentes habilidades. É sabido que a metade esquerda do corpo é
controlada pelo hemisfério direito, ao passo que a outra metade é
controlada pelo hemisfério esquerdo. Quando a dominância do
hemisfério esquerdo, temos o indivíduo destro; quando a dominância é
27

do hemisfério direito, temos o indivíduo canhoto, porém existe uma


colaboração dos dois hemisférios para a construção da inteligência.

Sob o ponto de vista da avaliação psicopedagógica, os termos


lateralidade e dominância cerebral se aplicam, geralmente, para
designar as condições de:

 Destro- Quando existe um predomínio claro do lado direito na


utilização dos membros e órgãos.
 Sinistro ou canhoto- Quando o referido predomínio se faz
presente do lado esquerdo.
 Ambidestro- Quando não existe um predomínio claro estabelecido
e se usa indistintamente os dois lados, isto significa que o
indivíduo pode possuir uma condição de lateralidade cruzada, que
se manifesta, por exemplo, em olho dominante direito e mão
dominante esquerda, ou vice-versa.
28

CAPÍTULO III

DIFICULDADES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA DANÇA DO


VENTRE RELACIONADA À EDUCAÇÃO PSICOMOTORA

(BUENO, apud ALVES 2012, p. 14) Afirma:

Entende-se por estimulação psicomotora o [processo] que


envolve contribuições para o desenvolvimento harmonioso da
criança no começo da sua vida. Caracteriza-se por atividades
que se preocupam e vão ao encontro das condições que o
individuo apresenta, acima de tudo, na sua capacidade
maturacional, procurando despertar o corpo e a atividade por
meio de movimentos e jogos e buscando harmonia constante.
Estimulação quer dizer despertar, desabrochar o movimento.
Dirige-se prioritariamente a recém-natos e pré-escolares.
Alguns autores referem-se á estimulação psicomotora como
estimulação precoce, mas consideramos o termo errôneo,
sendo mais sensato utilizarmos estimulação essencial.

Dificuldades relacionadas à educação psicomotora são vistas


diariamente em salas de aula durante o processo de aprendizagem da
dança do ventre em diversas faixas etárias, importante perceber essas
dificuldades para orientar e trabalhar juntamente com o aluno, para a
melhor resolução possível.

Importante salientar que as dificuldades apresentadas nesse capítulo,


são devido a falta de trabalho e preparação motora contínuos e
conscientes, não por transtornos de desenvolvimentos como o TDHA,
que era considerado um transtorno da infância e seu diagnóstico não era
realizado na vida adulta, entretanto, ao longo dos 30 anos, estudos
mostraram claramente que uma proporção significativa das crianças com
TDAH mantém critérios da perturbação na idade adulta, como publicou o
29

site Psicologias do Brasil. O diagnóstico preciso do TDAH ou TDA, só


podem ser diagnosticados por um médico.

As dificuldades básicas no processo de aprendizagem da dança do


ventre, relacionadas à educação psicomotora, serão apresentadas a
seguir.

3.1 Dificuldades no processo de aprendizagem, lateralidade

A lateralidade é a capacidade de movimentar, controlar os dois lados do


corpo, junto ou separadamente, é a preferência na utilização de um
determinado lado.

A dificuldade com a lateralidade dificulta muito o processo de


aprendizagem, alguns alunos possuem lateralização cruzada, mas não
se dão conta disso, talvez pela falta de informação e conhecimento,
outros por ter um lado dominante não trabalham o lado menos
dominante, não compreendem que o motivo da descoordenação de
alguns movimentos, incluindo os deslocamentos, se dá pela ausência de
prática de movimentações de ambos os lados.

A lateralidade demonstra ser um fator necessário para a aquisição da


estabilidade e do equilíbrio, com relação a linha vertical que divide o
corpo, e também para aquisição de boa postura, indispensável para
algumas movimentações durante a dança, como exemplo, a rotina
oriental.

3.2 Dificuldade no processo de aprendizagem, orientação temporal


e ritmo

“Orientar-se no tempo é avaliar o movimento no tempo, distinguir rápido


do lento, o sucessivo do simultâneo. É saber situar os movimentos do
tempo, uns em relação aos outros” (Poppovic, apud ALVES 2012, p.85).
30

A estruturação temporal insere o homem no tempo e a percepção


temporal permite, além da consciência e da interiorização dos ritmos
motores corporais, a percepção dos ritmos exteriores.

O ritmo é considerado uns dos conceitos mais importantes da orientação


corporal, por não envolver apenas noções de tempo, como também
noções de espaço.

A dificuldade de percepção motora, dentro de sons, em determinado


período de tempo, é nítida, principalmente no início nas aulas, causando
desestímulo a maioria dos alunos. O ritmo auditivo, normalmente é
trabalhado em associação com algum movimento, quando a bailarina (o)
se permite dançar e tocar algum instrumento, simultaneamente, como o
pandeiro na base rítmica da música, o ritmo visual envolve a
estruturação sistemática de um ambiente visual muito amplo para ser
incluído no campo visual em uma só fixação, geralmente é trabalhado
quando utilizamos movimentações de mãos ao som da melodia,
acompanhados pela expressão ocular.

É necessário que possua certa organização de ritmo, deficiência em


alguma dessas áreas, traz dificuldades na reprodução de sequências
coreográficas, movimentos dentro do tempo e contagem da música.

3.3 Dificuldades no processo de aprendizagem, dissociação


corporal

Sem dúvida a dissociação corporal, é uma das mais importantes


aquisições básicas para o desenvolvimento dos alunos na dança do
ventre, já que a dança do ventre resumidamente é constituída de um
trabalho de movimentações corporais em dissociação, esta é a maior
dificuldade. Uma das grandes dúvidas da maioria das pessoas que
iniciam na dança do ventre é saber se conseguirão dissociar o corpo.

Como são chamados no Brasil os solos de derbake (derbake é um


instrumento de percussão originário dos países árabes, no oriente
31

médio, recebe diversos nomes como tabla, durbak, dirbakki, darbuka


dentre outros, como também, variações em sua estrutura dependendo
da região ou país de utilização) música árabe constituída com a maioria
dos instrumentos percussivos árabes, permite a dançarina (o) mostrar
toda a destreza com a dissociação corporal, assim como em outros
estilos. O trabalho de fusão da dança do ventre com outras
modalidades, como exemplo, o tribal e a dança indiana. Parece difícil,
mas com o treino e trabalho de consciência corporal, tudo é possível.

3.4 Dificuldades no processo de aprendizagem, coordenação geral

A tomada de consciência do corpo é necessária para a


execução e o controle de movimentos precisos que serão
executados. Os dois elementos seguem elaborando-se e
fortalecendo-se, mutualmente, para que executem
corretamente um movimento coordenado, quer seja
simultâneo, simétrico ou de coordenação assimétrica. É preciso
alcançar a plena dissociação de movimento, dissociação esta
que implica um grau de maturação neuromotora e que passa
por diversos estágios.
(ALVES, 2012, p. 64)

Uma pessoa só consegue executar o movimento bem, se entender o


que vai fazer, o cérebro participa da compreensão dessas informações.
De acordo com um artigo do G1, São Paulo, sobre a falta de
coordenação motora, em 2012, a ação de uma pessoa pode ser;
descoordenada, quando ela tem dificuldade para controlar seus
movimentos corretamente, pode ser por uma questão de pouca
habilidade corporal, ou por alguma lesão que prejudica seu movimento;
incoordenada quando pensa em fazer o movimento e faz outro,
geralmente está associada a alguma doença.
32

Segundo ALVES 2012, 66. Podemos considerar cinco tipos de


Coordenação Motora:

 Coordenação Motora Fina

A coordenação motora fina diz respeito à habilidade e destreza manual


e constitui um aspecto particular da coordenação motora global. Temos
que ter condições de desenvolver formas diversas de pegar diferentes
objetos. Uma coordenação elaborada dos dedos da mão facilita a
aquisição de novos conhecimentos. É através do ato de preensão que
uma criança vai descobrindo pouco a pouco os objetos de seu meio
ambiente. (Oliveira, 2015, p.42)

Alguns elementos trabalhados na dança do ventre como; snujs


(conhecido também como sagat), e o véu, necessitam de uma precisão
manual bem desenvolvida, ou seja, da coordenação motora fina.
Na dança com o véu tradicional, é segurado na mão, com os dedos em
posição de pinça ou tesoura pela bailarina, na maioria das vezes é
usado o véu de seda, muito leve e fino, os snujs são também
trabalhados em posição de pinça, a bailarina precisa coordenar o toque
do instrumento, com os movimentos corporais, assim como os
movimentos de variação do véu ao som da melodia.
 Coordenação Motora Ampla

Envolve movimentos “amplos” por todo o corpo, incluindo tomada de


consciência do próprio corpo, autocontrole, destreza, lateralidade, ritmo,
velocidade e equilíbrio. Na dança podemos citar movimentos de giros
contínuos e paradas no eixo, requer a coordenação de grandes grupos
musculares.

 Coordenação Visório-Motora

É a habilidade de coordenar a visão com movimentos do corpo. Na


música romântica árabe e de ritmos e estilos (como o Taksim) mais
lentos, alguns dos movimentos, principalmente movimentações de mãos
33

e braços, se faz necessário à coordenação dos olhos e das mãos na


realização do movimento, óculo-manual, para dar elegância e entonação
à dança.

 Coordenação Audiomotora

É a capacidade e transformar em movimentos um comando


sensibilizado pelo aparelho auditivo. A música é definida entre a
combinação de ritmo, melodia e harmonia, a música árabe é altamente
melosa, na leitura musical encontramos dificuldade de percepção de
som, diferenciação de instrumentos e da leitura melódica com a base
rítmica, muitas vezes a melodia passa despercebida, por voltarmos a
atenção somente a base rítmica.

 Coordenação Facial

A coordenação facial é o primeiro e mais importante modo de


comunicação interpessoal (RILL, apud ALVES 2012, p.67).

Cada dança tem sua forma particular de ser interpreta e representada,


não podemos generalizar, precisamos traduzir o que sentimos, o que a
música nos proporciona, o corpo dança, juntamente com a expressão.
Difícil em momento de nervosismo controlar o nervoso e permitir que a
expressão facial traduza o que a música nos permite sentir. A dança é
um conjunto de expressões.

3.5 Dificuldades no processo de aprendizagem, tônus musculares e


equilíbrio

Ressaltando que todos os movimentos humanos, sob todas as formas,


elaboram-se a partir de um fundo tônico para cada grupo muscular que
trabalha em contração, outro grupo trabalha de forma oposta.

Para Jean Le Boulch, segundo OLIVEIRA 2015, p.27 “o tônus muscular


é o alicerce das atividades práticas”.
34

A falta da ativação correta dos tônus musculares na realização de


alguns movimentos durante a dança agrega má execução do
movimento, o movimento passa a ter intencionalidade diferente da
desejada, e pode acarretar alguma lesão, os problemas durante a
realização dos movimentos de dança estão na ativação dos tônus em
excesso (hipertonia) ou na falta dele (hipotonia).

Uma contratura muscular crônica significa que os músculos


permanecem contraídos permanentemente. Por isso, eles não
podem mais fazer seu papel primordial de se contrair para
fazer os ossos se moverem. Essa contração crônica não tem
por efeito somente a de restringir a liberdade de movimento de
uma articulação, mas ela age também como um amortecedor,
“observando” o movimento ao invés de deixa-lo transmitir-se ao
resto do esqueleto. (GOLDFARB, apud BOLSANELLO, p.14)

Como vimos no capítulo anterior, o tônus apresenta-se como uma


tensão que regula e controla a atividade postural como suporte do
movimento.

“A colocação perfeita do centro de gravidade e a combinação perfeita de


ações musculares como o proposito de sustentar o corpo sobre uma
base” (TURBINO, apud ALVES 2012, p.70).

Assim como não pode haver movimento sem atitude, também não pode
haver coordenação de movimentos sem um bom equilíbrio, permitindo o
ajustamento do homem ao seu meio.

Através da movimentação e da experimentação, o indivíduo


procura seu eixo corporal, vai se adaptando e buscando um
equilíbrio cada vez melhor. Consequentemente vai
coordenando seus movimentos vai se conscientizando de seu
corpo e das posturas. Quanto maior o equilíbrio, mais
35

econômica será a atividade do sujeito e mais coordenadas


serão as suas ações, Oliveira (2015, p.41).

Diversas movimentações durante a dança requerem equilíbrio,


movimentos de descida e subida, poses, meia ponta, giros,
deslocamentos, são alguns dos exemplos da necessidade deste.
Elementos usados durante as performances da dança oriental, como
espada e candelabro, necessitam de equilíbrio e eixo corporal
aprimorados, para muitos ainda é um extremo desafio.

A vivência corporal não é senão o fator produtor das respostas


adequadas, em que se descrevem todas as tensões e as
emoções que caracterizam a evolução psicoafetiva da criança.
Segundo as vivências motoras, o tônus adquire uma
expressão representativa, demonstrando ao longo da evolução
da tonicidade e na dialética dos seus estados hipotônicos e
hipertônicos. O estudo do tônus põe em pratica a relação entre
a extensibilidade e a passividade e os estudos da evolução das
sincinesias. No primeiro aspecto, considera-se o grau de
estiramento dos pontos de inserção muscular; no aspecto, o
movimento produzido à volta de uma articulação, ou seja, a sua
resistência passiva; e no ultimo, os movimentos associados e
indiferenciados. (SILVA, 2012, p. 20)

3.6 Dificuldades no processo de aprendizagem, orientação espacial

As perturbações da orientação espacial podem ter como causas;


motoras, perturbações ligadas ao ritmo irregular da respiração do sujeito
ou um problema auditivo; psicomotoras, falta de orientação e de
organização espaciais e causas psicológicas, choque afetivo.

Muitos educandos apresentam dificuldade em deslocar-se no ambiente,


principalmente em coreografias em grupo, uns esbarram-se nos outros,
36

no espelho, móveis, demonstrando a dificuldade de orientação espacial,


como também a dificuldade de troca de posicionamentos e desenhos
coreográficos, outra observação importante é a falta de exploração do
espaço durante as performances.

“A estruturação espacial não nasce com o individuo. Ela é uma


elaboração e uma construção mental que se opera através de seus
movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio”.
(OLIVEIRA 205, p. 77).
37

CÁPITULO IV

A REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA COMO NORTEADORA PARA


O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA DANÇA DO VENTRE

Conforme (SILVA, 2012) a reeducação motora:

É a ação desenvolvida em indivíduos que sofrem com


perturbações ou distúrbios psicomotores. A reeducação
psicomotora tem como objetivo retomar as vivências anteriores
com falhas ou as fases de educação ultrapassadas
inadequadamente. Em termos gerais, reeducar significa educar
o individuo que não assimilou adequadamente em etapas
anteriores. Deve começar um tempo hábil em razão da
instalação das condutas psicomotoras, diagnosticando as
dificuldades a fim de traçar o programa de reeducação.

(SILVA, 2012, p.15)

O professor deve identificar o problema psicomotor que cada aluno


apresenta em sala de aula, independente de faixa etária, referente à
dificuldade no processo de aprendizagem.

O processo de reeducação motora precisa ser colocado em pratica, o


mais rápido possível, de acordo com cada dificuldade apresentada por
cada aluno, devido a isso, o educador deve ficar atento a essas
inconformidades apresentadas, para que a dança na vida do aluno se
torne um momento prazeroso e de aprendizagem contínua. Para uma
pessoa agir no meio ambiente, é necessário que possua, além de uma
organização motora, uma vontade, um desejo de realizar um movimento.

Muitos alunos desistem da pratica da dança do ventre, justamente por


encontrarem dificuldades durante o processo de aprendizagem,
dificuldade essas que não são observados com atenção por alguns
38

educadores em sala de aula, e consequentemente não trabalhados.


Alguns sintomas quando não cuidados e sinalizados, podem
desencadear uma série de outros.

Dentro da dança do ventre é possível trabalhar atividades que


desenvolvam a reeducação psicomotora, no qual o aluno desenvolverá
na dança e levará esses conhecimentos e experiências corporais para a
vida. De Fontaine (1980) diz

A reeducação embasa sua eficácia no fato de que se remonta


às origens, aos mecanismos de base que estão na origem da
vida mental, controle gestual e do pensamento, controle das
reações tônico-emocionais, equilíbrio, fixação na atenção, justa
preensão do tempo e do espaço. (apud SILVA, 2012)

O artigo 7o. Da proposição da lei francesa de 15/2/74 cita que a


reeducação deve ser “neurológica em sua técnica, psicológica e
psíquica em sua meta, destinada pela intermediação do corpo e atuar
sobre as funções mentais e psicológicas perturbadas tanto na criança
como adolescente ou no adulto”.

A reeducação motora durante o processo de aprendizado da dança do


ventre possibilita aos alunos o resgate do desenvolvimento motor, como
segurança na realização dos movimentos, afetividade e
consequentemente autoconfiança.

4.1 Contribuição da Educação Somática no processo

O termo somática tem origem da palavra grega soma, que significa


corpo vivido.
39

“(...) você não aprenderá nada de novo, mas aprenderá um certo


números de hábitos adquiridos ao longo de sua vida”. (BRENNAN, apud
BOLSANELLO, p.04)

A Educação Somática objetiva a manutenção e recuperação da saúde,


através da aplicação de técnicas precisas cujo eixo central é o
movimento do corpo no espaço.

De acordo com “A Educação Somática e o Contemporâneo Profissional


da Dança”, por Débora Bolsanello, p.02 destacam-se os métodos de
educação somática: Antiginástica, técnica Alexander, Ideokinesis,
Método Feidenkrais, Eutonia, Ginástica Holística, Método Danis Bois,
Método das cadeias musculares e articulares GDS, Eutonia, Body-Mind
Centering, Bartenieff, Continuum, Somaritmos Ginastica Sensorial, e
algumas correntes do Método Pilates: cada um desses métodos de
Educação Somática tem sua própria historia, princípios, técnicas
preconizadas por um idealizador e desenvolvida por seus colaboradores,
discípulos e assistentes, revolucionando a maneira de viver o corpo no
ocidente.

4.2 A influência da dança do ventre na imagem corporal de


mulheres, o resgate da imagem corporal

Conforme Ledoux (1991):

[a] imagem inconsciente do corpo não é o corpo fantasiado,


mas um lugar inconsciente de emissão e recepção das
emoções, inicialmente focalizado nas zonas erógenas de
prazer. Ela se tece em torno do prazer e do desprazer de
algumas zonas erógenas. [...] trata-se de uma memoria
inconsciente da vivencia relacional, de uma encarnação do EU
em crescimento [...] a imagem do corpo, individual, esta ligada
à história pessoal, a uma relação libidinal marcada por
40

sensações erógenas eletivas. Como vestígio estrutural da


história emocional, e não como prolongamento psíquico do
esquema corporal, ela se molda como elaboração das
emoções precoces com os pais tutelares.

Atualmente a sociedade levou a mulher à desconstrução da sua


imagem, estereótipos, distanciam a mulher da sua verdadeira
feminilidade. A mídia destaca um ideal de mulher que na maioria das
vezes está muito distante de ser alcançado, comprometendo a imagem
que cada mulher tem de si mesma.

Segundo Penna (1989);

A mulher quando percebe que seu corpo não está adequado


ao ideal do corpo feminino, na media em que é internalizado,
torna-o indiretamente responsável por sentimentos de culpa e
de frustações e pelo aumento da ansiedade.

O sujeito-mulher, em seus diferentes contextos institucionais,


distancia-se de sua feminilidade por ocupar um lugar regido
pelo discurso institucionalizado do mito da beleza. Discursos
são veiculados, em relação ao corpo “perfeito”, que não pode
“deformar-se”. Com tais práticas discursivas, estabelece-se
uma relação com o corpo: uma relação comercial e de
industrialização da beleza. (FIGUEIREDO, apud Haas;
Gonçalves; Ribas 2013)

A dança do ventre surge como um resgate da imagem corporal, no


sentido da percepção da individualidade e características de cada
indivíduo.
41

Os movimentos de lateralização, que envolvem separadamente


o quadril e o tronco, [...] vão trabalhar exaustivamente os
músculos abdominais, particularmente os oblíquos do abdômen
que chegam a ficar definidos, dando a impressão de que a
cintura está mais fina e o corpo mais esbelto. (BENCARDINI,
2002, p.135)

[...] a dança do Ventre é o elemento catalizador que recupera a


feminilidade. É a relação do poder que a dança do Ventre tem
de recuperar a essência feminina que faz com que a mulher, a
partir de uma realidade ideológica institucionalizada, se veja de
forma diferente; ela aceita o seu corpo e passa a amá-lo, aceita
sua situação de mulher, conhece o próprio corpo através dos
movimentos da Dança do Ventre, e constrói uma relação de
bem-estar consigo mesmo e com a feminilidade, portanto,
passa a aceitar a menstruação, a maternidade, a maturidade,
as transformações. (FIGUEIREDO, apud Haas; Gonçalves;
Ribas 2013)

Por ser uma dança inclusiva, pode ser praticada por mulheres
de todos os tipos físicos e faixas etárias. Entre os benefícios
físicos e emocionais que esta prática proporciona, destacam-se
a melhora da postura, a motricidade, o raciocínio e a
coordenação. Trabalha de forma lúdica diferentes cadeias
musculares, modelando o corpo, afinando a cintura e deixando-
o mais feminino. Através dos exercícios pélvicos, proporciona
uma melhora do metabolismo e uma sensação de bem-estar.
(MAHAILA, Brisa)
42

CONCLUSÃO

O desenvolvimento da análise do presente estudo possibilitou


compreender a importância da educação e reeducação psicomotora
como norteadora para o aprendizado da dança do ventre, agregando
contribuições além da sala de aula.
Dada à importância do assunto, a educação psicomotora associada a
pratica da dança do ventre atribui habilidades para a aprendizagem
considerada básica, previne e corrige inadaptações, aumentando o
desenvolvimento do aluno em sala de aula e em suas performances na
execução de movimentos, de forma mais consciente.
Através do estudo de campo, percebemos os benefícios contínuos em
sala de aula, alunos demonstrando mais conhecimento, consciência
corporal e por muitas vezes o resgate da imagem corporal e
feminilidade. Entrar em contato consigo mesmo e com o mundo ao redor
possibilita um novo ciclo de descobertas, a dança do ventre permite
contribuições, não apenas nos movimentos propostos para a dança,
como também para o desenvolvimento de novas capacidades e
habilidades, presente em diversas áreas da vida.
Nesse sentido, a pesquisa acadêmica corroborou para importância do
tema abordado e da continuidade de pesquisas do assunto em questão.
Ressaltando que a monografia em questão, não se trata de certezas
absolutas, pois vivemos em constante mudança.
43

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