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UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES

CURSO DE PEDAGOGIA

ESPAÇOS NÃO ESCOLARES: EM QUE MEDIDA PRÁTICAS


PROMOVIDAS POR UM GRUPO DE VOLUNTÁRIOS SE
MANIFESTAM COMO AÇÕES PEDAGÓGICAS?

Pauline Dahmer

Lajeado, novembro de 2017.


1

Pauline Dahmer

ESPAÇOS NÃO ESCOLARES: EM QUE MEDIDA PRÁTICAS


PROMOVIDAS POR UM GRUPO DE VOLUNTÁRIOS SE
MANIFESTAM COMO AÇÕES PEDAGÓGICAS?

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado na disciplina Trabalho de
Curso II - 2017/B, do Curso de
Pedagogia, da Universidade do Vale do
Taquari - UNIVATES, como requisito para
a obtenção do título de Bacharel em
Pedagogia.

Orientadora: Profª Dra. Danise Vivian

Lajeado, novembro de 2017.


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AGRADECIMENTOS

Chegando ao final dessa caminhada, passa um filme pela cabeça, trabalhos,


pesquisas, estágios, programações interrompidas, noites mal dormidas, lágrimas
derramadas nos momentos de frustrações. Tudo isso me fortaleceu para ir em busca
do meu sonho, sonho esse que muitas pessoas fizeram parte para torná-lo
realidade.

Primeiramente a Deus, por guiar meus passos, nunca me deixando desistir.


Obrigada Senhor, por ter colocado pessoas maravilhosas e essenciais na minha
vida.

Aos meus pais, Lismar Dahmer e Rosane Dahmer, por sempre terem me
incentivado a estudar, estando ao meu lado em todos os momentos. Eu devo tudo o
que sou a vocês, e se sinto orgulho de mim e do lugar aonde cheguei é porque sei
que vocês vieram segurando a minha mão.

Minhas irmãs Alissandra Dahmer e Emanuele Dahmer Knob, que me


apoiaram com palavras, gestos, conselhos ao longo do processo, entendendo minha
ausência. É lindo poder compartilhar meus sonhos com vocês!

Fico muito feliz, também, de poder estar com meu namorado Wiliam Buchele,
que me acompanhou nessa caminhada com todo apoio, carinho e incentivo, como
também a minha segunda família, meus sogros, cunhadas e cunhadas, e a vó Hersi,
por deixarem meus dias mais alegres.
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Aos mestres, pelos ensinamentos, sabedoria e dedicação. Pela sua presença


marcaram minha vida, vocês foram fundamentais na minha história. Em especial a
minha querida professora orientadora Danise Vivian, por não medir esforços para me
auxiliar e compreender, obrigada pelos ensinamentos e inspirações que me
motivaram a procurar sempre o correto. Faltam-me palavras para agradecer o quão
especial foi nesta conquista.

Aos meus amigos, por todo carinho e apoio, entendendo minha ausência
nessa caminhada.

Aos meus colegas e amigos que pude fazer nesses anos de faculdade, em
especial à Camila Bagio, Jéssica Patrícia Ribeiro e Suelen dos Passos, uma
amizade que se iniciou no primeiro semestre e que continuará para o resto de
nossas vidas. Obrigada pelos abraços nos momentos difíceis, e vocês sabem que
não foram poucos, pelos conselhos, risadas, obrigada pelos grandes momentos que
pude compartilhar com vocês.

Nessa caminhada aprendi que só uma coisa torna o sonho impossível: o


medo de fracassar e que ninguém pode prever do que você é capaz, nem você
mesmo, até tentar.

Sendo assim, dedico minha vitória, o sonho realizado a cada uma dessas
pessoas e agradeço por fazerem parte de minha vida.
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“Um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho.


Um sonho sonhado juntos é realidade.”
Yoko Ono
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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo compreender em que medida práticas promovidas por
um grupo de voluntários se manifestam como ações pedagógicas em espaços não
escolares. Sabe-se que o pedagogo tem a possibilidade de atuar em diferentes
espaços que ultrapassam os muros escolares. Em termos metodológicos, esta
pesquisa caracteriza-se como qualitativa, com inspiração no estudo de caso e valeu-
se de observações, diário de campo, fotografias, grupo focal e entrevista com a
idealizadora do grupo como forma de gerar dados. Para conseguir responder a
problemática central deste estudo três caminhos foram trilhados: (a) Investigar o que
são ações pedagógicas; (b) Compreender as diferenças conceituais entre Educação
formal, não formal e informal, dando destaque ao espaço não escolar; (c) Investigar
o que um grupo de voluntariado compreende como ações pedagógicas
desenvolvidas em espaços não escolares. Os resultados preliminares deste estudo
apontam que: 1) ações pedagógicas podem se caracterizar como práticas
educativas intencionais, já que toda atividade pedagógica constitui uma prática
educativa de forma abrangente, formativa e planejada podendo acontecer em
qualquer espaço e não somente nos espaços escolares, desde que ocorra de
maneira intencional; 2) educação formal é a educação tradicional e
institucionalizada, que ocorre dentro das escolas; educação informal é a transmissão
da cultura, dos hábitos, tradições e os valores, ocorrendo nos grupos de amigos,
igrejas, comunidade, família; educação não formal é uma ação intencional, com
objetivos determinados, que busca a transmissão de conhecimento, a formação de
indivíduos, ocorrendo em espaços não escolares; e 3) as ações que o grupo de
voluntariado promove, são realizadas de forma intencional, o planejamento é
organizado de uma maneira mais flexível, o improviso faz parte da rotina, pois cada
porta que se abre é um novo começo, a missão do grupo é promover experiências
da alegria para os pacientes hospitalizados e seu entorno enxergando o hospital de
uma forma lúdica e menos dolorida. Após observar o grupo em ação no hospital, na
escola e na reunião de planejamento, e vários questionamentos realizados nos
grupos focais que buscaram esmiuçar a existência dos pré-requisitos que
configuram a ação pedagógica se percebeu que possuem pouco conhecimento
sobre essa construção pedagógica, mesmo porque, como salientaram várias vezes
não ser esse o foco deles. Os palhaços doutores estão mais relacionados com
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ações educativas, ações lúdicas do que propriamente com as funções pedagógicas,


de uma preocupação pedagógica, de um compromisso para com o aluno ou
paciente.

Palavras-chave: Ações pedagógicas. Espaços não escolares. Planejamento.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Lista de figuras

Figura 1 - Bastidores da oficina teatral 35


Figura 2 - Visita da dupla do grupo Doutores P da Alegria ao hospital 38
Figura 3 - The Dream Doctors atuando durante uma intervenção médica. 43
Figura 4 - Grupo Doutores P da Alegria atuando para estudantes. 46

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9

2 ABORDAGENS CONCEITUAIS DO ESTUDO 12

2.1 Educação e Formação do Pedagogo 12

2.2 Ações pedagógicas 17

2.3 Educação formal, não formal e informal 21

3 CAMINHOS DA PESQUISA 27

3.1 Etapas para a geração de dados 29

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 32

4.1 Os Doutores da Alegria 32


8

4.2 Doutores P Multiplicadores da Alegria - Planejamento, organização e


funcionalidade 34

4.2.1 Reunião de planejamento 34

4.2.2 Observação no hospital 36

4.2.3 Análise dos grupos focais 41

4.3 A relação do grupo voluntariado com as ações pedagógicas 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS 53

REFERÊNCIAS 58

APÊNDICE A 65

APÊNDICE B 67

APÊNDICE C 68

APÊNDICE D 71
9

1 INTRODUÇÃO

Grande parte da sociedade associa a educação com o espaço da escola,


nada mais do que justo, mas que não contempla todas as dimensões na qual esta se
faz presente. E sobre os processos educativos o autor esclarece que: "[...] podem
ocorrer nos mais variados ambientes sociais, caracterizando como educação, não
apenas os processos de ensino-aprendizagem que ocorrem dentro do ambiente
escolar, mas, também, aqueles que ocorrem fora dele” (BRANDÂO, 2007, p. 17).

Para Gomes, Silva e Silva (2012, p.4) "[...] a educação, assim, se caracteriza
como um processo contínuo que se desenvolve a todo momento onde haja pessoas
construindo conhecimentos em interação e inter-relação". Brandão complementa:
"Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja, ou na escola, de um
modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender,
para ensinar, para aprender e ensinar.” (BRANDÃO, 2007, p.7).

É dentro do tema da educação não formal que envolve assuntos como


espaços educacionais, práticas educativas, ações pedagógicas, dentre outros, que o
presente estudo buscou contribuir por meio de informações e dados, na
fundamentação da importância exercida por esse tipo de educação e formação dos
cidadãos. O estudo irá se apoiar em autores como Maria da Glória Gohn (2001,
2006, 2010), Paulo Freire (1977, 2011, 2016), António Nóvoa (1995, 2014), Paulo
Padilha (2003), José Carlos Libâneo (2003, 2013), Paulo Ghiraldelli Júnior (2014)
que tratam de assuntos pertinentes ao tema da educação não formal.
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O problema central do presente estudo, assim como seu objetivo geral, foi
compreender e analisar em que medida práticas promovidas por um grupo de
voluntários se manifestam como ações pedagógicas em espaços não escolares.
Para auxiliar a responder o problema de pesquisa compus alguns objetivos
específicos que aprofundam os processos a serem analisados: a) investigar o que
são ações pedagógicas; b) compreender as diferenças conceituais entre educação
formal, não formal e informal, dando destaque ao espaço não escolar e c) investigar
o que um grupo de voluntariado compreende por o que sejam ações pedagógicas
desenvolvidas em espaços não escolares.

A motivação para o desenvolvimento desse estudo surgiu com base em


algumas disciplinas do curso de Pedagogia que abordavam os diferentes espaços
de atuação do pedagogo. Através de uma visita realizada ao Instituto do Câncer
Infantil - ICI em Porto Alegre, na disciplina Prática Investigativa II, ministrada pela
professora Fabiane Olegário me senti estimulada a aprofundar o assunto.

Atuo na área da saúde há dez anos e não cogitava, até aquele momento, a
possibilidade de um pedagogo poder atuar nesta área. O hospital que trabalho não
possui espaço de recreação e nenhuma ação pedagógica. Com o tempo foram
surgindo várias inquietações sobre a importância de ações pedagógicas em
diferentes espaços. Através disso, interessei-me em investigar e aprender sobre
esse assunto, até então desconhecido para mim.

Estas reflexões buscam o enfoque no planejamento e elaboração de ações


pedagógicas em que a prática vivenciada é parte colaborativa para a formação
assim como para ampliação dos conhecimentos, possibilitando o caminho do
aperfeiçoamento do saber/fazer relacionado ao ensino aprendizagem não formal.
Além disso, cabe destacar a importância de pensar a ampliação da atuação
pedagógica em espaços não escolares de forma a contribuir na formação de um
cidadão consciente, capaz de refletir sobre sua realidade e interagir de forma
positiva com o meio no qual se encontra.
11

Tendo em vista o exposto acima, esta pesquisa pode vir a contribuir com
futuros estudos com esta temática, além de servir como base prática para
professores, alunos, os mais variados representantes da sociedade civil, e
instituições interessadas no desenvolvimento de suas potencialidades.

Para melhor compreensão das ideias expostas, o estudo encontra-se dividido


em cinco capítulos: a introdução que realiza uma apresentação da pesquisa que
buscou tornar a leitura atrativa e reflexiva para o leitor, abordando a atualidade e a
importância do tema abordado. Um segundo capítulo de referencial teórico sob o
título de Abordagens Conceituais do Estudo que se acercou dos seguintes assuntos:
educação formal, não Formal, informal e seus significados, o que são ações
pedagógicas e, por fim, a relação entre educação e formação pedagógica. Em um
terceiro capítulo intitulado de Caminhos da Pesquisa, foi descrita a metodologia que
orientou a pesquisa, ao longo do estudo. A interpretação dos dados recolhidos foi
tema para o quinto capítulo denominado Apresentação e Análise dos Dados, no qual
foram discutidos os resultados das observações no hospital e na reunião de
planejamento, assim como os grupos focais, apoiando-se nos conhecimentos
descritos no referencial teórico do estudo, também de novas referências e de
comentários da autora. No sexto e último capítulo denominado de Considerações
Finais são apresentadas reflexões a respeito do problema central de pesquisa,
assim como sugestões a respeito do tema e as conclusões sobre a eficácia em
cumprir os objetivos propostos para o estudo.
12

2 ABORDAGENS CONCEITUAIS DO ESTUDO

Este capítulo se destina a construir os eixos conceituais do estudo, sendo


eles: 1) conceitos sobre a educação e formação do pedagogo, 2) ações
pedagógicas, 3) educação: formal, não formal e informal. Através dos argumentos de
diferentes autores tentarei explicar o que estou entendendo sobre estes conceitos.

2.1 Educação e Formação do Pedagogo

As ações pedagógicas ocorrem nos mais diversos espaços sociais, podendo


ser amplamente encontradas e citadas na literatura. A fim de melhorar o
entendimento, esclarecendo o como, o quando, o onde e o por que dessas ações,
faz-se necessário, primeiramente, tratar alguns conceitos históricos sobre educação
e a formação que apóia o exercício da profissão.

Historicamente a educação exerceu grande influência na sociedade e com o


passar do tempo exigências de conhecimentos e habilidades técnico-teóricas
tornaram-se essenciais para a formação dos profissionais docentes. Em se tratando
da educação no Brasil é possível mencionar que esta, inicialmente, em diferentes
fases da colonização do país, baseava-se em um processo de transmissão informal
do conhecimento (RIBEIRO, 2003; STIGAR; SCHUCK . 2008).

Com o passar dos tempos houveram mudanças significativas em relação à


educação, que viabilizaram um ensino que também se voltava às questões sociais.
Há época, final do século XIX e durante boa parte do século XX, predominou no país
13

a pedagogia tradicional, linha de pensamento na qual a educação deveria ser um


instrumento de transmissão da cultura desatrelado à realidade social. Dessa forma
em contrapartida a pedagogia tradicional surgiu a pedagogia nova, denominada de
Escola Nova. Mudanças consideráveis acontecem na educação, este movimento
valoriza o ser e sua espontaneidade além de basear-se em estudos da psicologia da
criança (MONARCHA, 2007; BALDAN; ARCE, 2009). A partir destas mudanças
começam a aparecer legislações e manifestos em relação à educação, que
contribuíram para uma trajetória que permeou distintos caminhos resultando nos
dias atuais em conquistas em relação à educação e mais precisamente em relação à
formação docente (MONARCHA, 2000; BALDAN; ARCE, 2009).

Hoje a educação necessita contar com profissionais comprometidos com as


mudanças e transformações e assim buscar uma educação que, sobretudo, integre
os desafios do cotidiano. Que possibilite o desenvolvimento das múltiplas
linguagens, possibilitando, por exemplo, a inserção das tecnologias da informação e
comunicação nas práticas pedagógicas a fim de integrar os processos educacionais
à realidade do educando e da pedagogia em diferentes espaços sociais que não tão
somente a escola tradicional (LIBÂNEO, 2013).

Portanto, a formação dos pedagogos como profissionais voltados para o


mercado caracteriza-se como uma busca pela melhoria da qualidade da educação e
da própria sociedade. Neste sentido, aliada às políticas públicas educacionais, a
formação continuada de forma fundamentada e planejada permeia a tradicional
identidade do pedagogo possibilitando a ele atuar de forma significativa e
transformadora (NÓVOA, 1995).

A educação relaciona-se a processos históricos, por isso a formação que


emerge dos diferentes cursos busca responder às necessidades colocadas pela
sociedade desenvolvendo retorno às demandas desta. Essa evolução leva à
necessidade de implementar nas práticas pedagógicas o uso de tecnologias,
competências e habilidades como recurso facilitador aos processos de ensino e
aprendizagem. Portanto a busca pela melhora nas práticas pedagógicas se desenha
14

como um campo em que o profissional precisa estar apto, ter conhecimento e


clareza assim como possibilidade de estar inserido em sala de aula (NÓVOA, 1995).

A ideia de Nóvoa (2014) revela a importância dos diálogos em torno da


formação que deve enfatizar o aperfeiçoamento do profissional no âmbito
educacional e as contribuições no fazer pedagógico. Valorizar a caminhada dos
docentes e a evolução durante a carreira, ou seja, observar o que o aperfeiçoamento
contribuiu para a formação, o que as vivências e trocas de experiências
possibilitaram para a reflexão e a ação. Desta forma para Nóvoa:

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim
através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)
construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão
importante investir na pessoa e dar estatuto ao saber da experiência.
(NÓVOA, 1995, p. 25).

Neste sentido, Freire defende a relação da prática com o sujeito, quando diz
que:

Toda a prática educativa requer a existência de sujeitos que ensinam e aprendem os conteúdos, por
meio de métodos, técnicas e materiais, e implica em função do seu caráter
diretivo, objetivos, sonhos, utopias, ideais. Daí a sua politicidade, qualidade
que tem a prática educativa de ser política, de não poder ser neutra
(FREIRE, 2011, p. 78).

Pensar a formação docente é investir na qualificação dos profissionais, e sem


dúvida na qualidade da educação. Desta forma a prática educativa frente a essas
possibilidades permite que o profissional esteja à frente de seus objetivos e possa
ampliar seus conhecimentos assim como redimensioná-los na prática pedagógica,
contribuindo assim para suas práticas (FREIRE, 2016).

Nunes (2001) ao analisar a formação dos professores e saberes docentes,


caracteriza o modelo de educador e a contextualização de seus saberes. O autor
afirma:

Dessa forma, resgata a importância de se considerar o professor em sua própria formação, num
processo de auto-formação, de reelaboração dos saberes iniciais em
confronto com a prática vivenciada. Assim seus saberes vão se constituindo
a partir de uma reflexão na e sobre a prática. Essa tendência reflexiva vem-
se apresentado como um novo paradigma na formação de professores,
15

sedimentando uma política de desenvolvimento pessoal e profissional dos


professores e das instituições escolares. (NUNES, 2001, p.30).

Seguindo essa linha de pensamento, o enfoque em relação à formação


continuada, aos trabalhos voluntários, à participação em Organizações não
Governamentais (ONGs) ou em grupos comunitários possibilita através do
aperfeiçoamento constante e contínuo, reflexão sobre a própria prática dos
profissionais que contribuem para a implementação de políticas que envolvam a
formação a partir deste envolvimento pessoal. Entende-se que a partir das próprias
reflexões que os educadores fazem acerca de sua prática, seja possível encontrar
uma amplitude reflexiva da sua ação docente e do seu fazer pedagógico, possuindo
assim instrumentos para repensá-lo (NUNES, 2001; ONGSBRASIL, 2017).

Cabe destacar que a formação do educador deve estar relacionada ao seu


contexto, possibilitando experiências e troca de saberes, em que possa compartilhar
ideias e construir relações. Nesse sentido o fazer pedagógico aliado às construções
e saberes diversos, articulados por um referencial teórico-prático, possibilita a
aprendizagem significativa e comprometida, contextualizando a formação/atuação, e
favorecendo para a aprendizagem do aprendiz (BOLFER, 2008).

É importante ressaltar que as práticas pedagógicas devem considerar as


Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia, presentes na
Resolução CNE/CP n. 01/2006, nos artigos 4º e 5º, que caracterizam o curso de
pedagogia e as aptidões requeridas do profissional desse curso. E a parte que
interessa à atuação do profissional em pedagogia fora do campo escolar é:

Art. 4º - (...) Parágrafo único. (...) II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e


avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares; III -
produção e difusão do conhecimento científicotecnológico do campo
educacional, em contextos escolares e não-escolares. (Resolução CNE/ CP
Nº 1, de 15 de Maio de 2006).

A área de trabalho para a pedagogia, ao contrário do que pensam muitos, é


muito ampla e vem crescendo de forma exponencial nos últimos anos. Entre as
áreas mais promissoras para a atuação do pedagogo está a área hospitalar onde o
profissional tem a oportunidade de trabalhar com crianças e jovens, em idade
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escolar, internados e desenvolver atividades pedagógicas que acompanhem o ritmo


da vida escolar, reduzindo o prejuízo de aprendizado em função da estadia no
hospital.

Há destaque também para a área empresarial onde o pedagogo atuando no


setor de recursos humanos poderá trabalhar questões comportamentais,
desenvolver habilidades e competências dos funcionários gerando um melhor
ambiente de trabalho e ganhos produtivos. A área jurídica onde o pedagogo auxilia
na compreensão e instrui na compreensão dos processos e normas jurídicas sob o
ponto de vista social, e educacional. A área militar atuando na educação dos
soldados, no planejamento e coordenação de projetos com alunos e instrutores
dentre outras (HOLTZ, 2006; MATTOS; MUGIATTI, 2009, COTEMAR, 2017).

Para Libâneo (2013), o profissional em pedagogia da atualidade enfrenta um


desafio referente a sua atuação, que pode se dar tanto nos espaços escolares ou
não escolares, o que acaba, por conta disso, remetendo a uma reflexão sobre sua
formação relacionada ao exercício da profissão. O momento de globalização atual
que se caracteriza por estabelecer inter-relações de natureza econômica, política,
cultural e pessoal entre as pessoas, países, povos, exige do pedagogo uma postura
atuante não apenas na escola, como o ambiente que existe fora dela. Libâneo
(2013) descreve a importância da formação de um pedagogo stricto:

O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, isto é, um profissional qualificado para
atuar em vários campos educativos para atender demandas sócio-
educativas de tipo formal e não formal e informal, decorrentes de novas
realidades – novas tecnologias, novos atores sociais, ampliação das formas
de lazer, mudanças nos ritmos de vida, presença dos meios de
comunicação e informação, mudanças profissionais, desenvolvimento
sustentado, preservação ambiental – não apenas na gestão, supervisão e
coordenação pedagógica das escolas, como também na pesquisa, na
administração dos sistemas de ensino, planejamento educacional, na
definição de políticas educacionais, nos movimentos sociais [...] na
produção de vídeos, filmes, brinquedos, nas editoras, na requalificação
profissional etc. (LIBÂNEO, 2013, p. 38-39)

Partindo dessas reflexões iniciais, nota-se que o pedagogo da atualidade


deve ter ciência com relação a sua prática a qual não mais se limita aos processos
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tradicionais de ensino-aprendizagem, nos conhecidos espaços escolares formais


onde os ensinos eram ministrados (LIBÂNEO, 2013).

Através das reformulações que o Curso de Pedagogia vem experimentando


nos últimos anos, desde a sua criação em 1939 até o momento da aprovação das
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia – Resolução CNE/CP
nº 1 de 15 de maio de 2006, pensa-se em uma Pedagogia Social onde a formação
de pedagogos não pode mais ficar limitada a docência somente no âmbito dos
espaços tradicionais escolares, mas deve englobar os seus diferentes espaços de
atuação (GOHN, 2001).

2.2 Ações pedagógicas

Na minha busca por uma definição sobre o que são ações pedagógicas não
encontrei uma resposta precisa a esse termo. Por isso neste capitulo procurarei
explicar, através da interpretação de alguns autores, o que estou entendendo por
este conceito. Para tanto, primeiramente é necessário explicitar os conceitos de
ação, Pedagogia e pedagógico.

Houaiss (2009) apresenta algumas definições para o substantivo feminino


"ação" que se adéquam ao presente estudo como a evidência de uma força de um
agente e seu efeito, o efeito de alguém ou algo sobre uma pessoa, a maneira de
proceder, ou seja, um comportamento que resulta em atividade e movimento. Para
Libâneo (2013) a ação refere-se aos sujeitos, o modo que age, pensa, reflete, seus
compromissos, valores, suas escolhas, seus modos de ensinar, de planejar, suas
crenças, procedimentos. O sentido amplo da palavra ação refere-se a atividade
humana, o fazer. A ação também pode ser referida a objetivos, finalidades e meios.

Libâneo (2013) explica de forma sintética que pedagogia é o ensino em si, o


modo de ensinar. E que, originalmente, o termo “peda” vem do grego “paidós”, que
significa criança, e "agein" que significa conduzir". Isto se deve ao fato dos escravos
que conduziam as crianças para a aulas serem chamados de pedagogos, pois
apesar de serem servis às crianças, necessitavam lhes ensinar boas maneiras, a
18

decorar as lições e poemas, além de fazer valer sua autoridade quando necessário
(ARANHA, 2006). Ainda segundo Libâneo (2013), o ensino é primordialmente
dirigido para as crianças, e quem ensina para as crianças é o pedagogo. Portanto, a
pedagogia se ocupa de processos educativos, métodos, maneiras de ensinar;
buscando uma constante melhoria nos processos de aprendizagem dos indivíduos.

Outra definição pode ser encontrada em Cadinha (2007, p.21), para quem “a
pedagogia é o campo do conhecimento científico, que se ocupa do estudo
sistemático da educação em suas várias modalidades, e da prática educativa
concreta, que se realiza em todos os aspectos que formam uma sociedade de
ações”. Nesse sentido, Cadinha (2007, p.20), destaca que o profissional em
pedagogia não é apenas aquele que conduz a criança, mas “o pedagogo é um
estudioso dos resultados educativos que acontecem em todas as vidas sociais,
culturais e intelectuais do sujeito inserido em uma sociedade na qual contribui para o
seu desenvolvimento”.

Conforme citado no parágrafo anterior a pedagogia se ocupa de processos


educativos, sendo um deles a maneira de ensinar. É baseado nessa premissa que
Ghiraldelli Júnior (2014) explica que a pedagogia é uma área do conhecimento
humano que engloba os saberes da área da educação como a didática, a filosofia, a
sociologia, entre muitas, buscando formar o ser humano como um todo em seu
caráter. E por esse motivo é que a pedagogia não é apenas o ato de conduzir
crianças para as salas de aula ou em seus estudos, mas um meio de formação da
personalidade do indivíduo com suas qualidades e peculiaridades.

Também para Freire (2016), ensinar não é apenas transferir conhecimentos e


conteúdos, é a ação pela qual se dá forma à personalidade do indivíduo. Para o
autor, nos processos educativos, são encontrados desafios e diferentes maneiras de
pensar as aprendizagens, não existindo uma forma nem um único modelo de
educação. Por conseqüência, a escola não é o único lugar em que ela acontece, a
educação está em todos os lugares na vida das pessoas.
19

Para que os processos educativos aconteçam, são necessárias,


primeiramente, teorias que embasem esses métodos, além de um conjunto de
objetivos bem traçados derivados de um processo de reflexão sobre como agir.
Assim a Pedagogia orienta a prática educativa de modo consciente, intencional,
sistemático para finalidades sociais e políticas, formulando e desenvolvendo
condições metodológicas e organizativas para viabilizar a atividade educativa
(LIBÂNEO, 2013). Portanto, o que defini algo como pedagógico é:

A direção de sentido, o rumo que se dá às práticas educativas. É, pois, o caráter pedagógico que faz
distinguir os processos educativos que se manifestam em situações sociais
e concretas, uma vez que a análise pedagógica que explicita a orientação
do sentido (direção) da atividade educativa. (LIBÂNEO, 2013, p.142)

Ou seja, a pedagogia ocupa-se da educação intencional, já que existe sempre


uma intencionalidade educativa em suas ações, implicando em escolhas, valores e
compromissos éticos para com o seu cliente e a sociedade como um todo. Ela
investiga fatores que contribuem para a construção do ser humano como membro de
uma sociedade, os processos e os meios dessa formação. Relacionando ao trabalho
docente tem-se que o mesmo é um ato pedagógico porque é uma atividade
intencional, que implica em seguir caminhos e metas. (LIBÂNEO, 2013)

Portanto, segundo Houaiss (2009) o termo "pedagógico" é um adjetivo que


significa uma ação ou algo relativo ou próprio da pedagogia, ou que esteja de acordo
com a mesma. Nessa mesma perspectiva, conforme Libâneo (2013), na sociedade
existem diferentes práticas educativas, e em todas elas, desde que se configurem
como intencionais, está presente a ação pedagógica.

Machado (2005) propõe que duas simples questões poderiam auxiliar a


identificar quais atividades propostas podem ser consideradas como práticas
pedagógicas. A primeira é voltada ao pedagogo e aborda se: o que está sendo
proposto como atividade vai auxiliar na formação, capacitação, planejamento ou
organização do estudante, indivíduo ou instituição na qual está inserido. E ao
indivíduo/instituição deve ser perguntado: O que você está aprendendo ou
incorporando como melhorias que esteja promovendo o desenvolvimento de suas
atividades, relacionamentos ou resultados? A partir desse ponto se torna possível
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concluir que: definir quais atividades podem ser consideradas práticas pedagógicas
não é o mais importante, mas sim o quanto o “cliente” – indivíduo ou instituição –
está disposto a tomar consciência e criar atitudes a respeito do que lhe
proporcionará a construção de conhecimentos, de melhorias ou da obtenção de
benefícios e alcance de metas.

Segundo Matos e Mugiatti (2008), a prática pedagógica nos espaços não


escolares deve ser pensada e elaborada para atender as necessidades do indivíduo,
acreditando nas suas potencialidades. A prática pedagógica deve superar as
barreiras impostas pela educação tradicional dotada de uma visão restrita sobre o
ato de ensinar e seus conteúdos. Desta forma entende-se que a visão do
profissional em pedagogia deve ser e estar atenta às mudanças e movimentos ao
seu redor, buscando pensar sobre suas práticas, reforçando suas potencialidades
para que consiga desenvolver um planejamento, trazendo situações enriquecedoras
àqueles que orienta.

Existem na sociedade diferentes práticas educativas, para as quais não é


necessária a existência de um espaço específico. Basta que se configurem como
intencionais para efetivar a presença e o desenvolvimento de ações pedagógicas, e
que contribuam de forma construtiva para a formação do ser humano como membro
de uma sociedade (LIBÂNEO, 2013).

Segundo Vasconcelos e Brito (2010, pp. 156-157), Paulo Freire definiu a


prática educativa como aquela que: “Envolve a capacidade do educador de somar
conhecimento, afetividade, criticidade, respeito, ação e, em conjunto com seu
educando, concorrer para a transformação do mundo”. É uma troca de habilidades,
conhecimentos entre educador e educando, para que juntos consigam alcançar seus
objetivos.

Então, a partir das leituras realizadas para este capítulo pude compreender
que ações pedagógicas podem se caracterizar como práticas educativas
intencionais, já que toda atividade pedagógica constitui uma prática educativa de
forma abrangente e formativa podendo acontecer em qualquer espaço e não
21

somente nos espaços escolares, desde que ocorra de maneira intencional. Impondo
assim, desafios e exigências para a sociedade, envolvendo as finalidades
educativas, especificidades institucionais dependendo de onde se atuará, como por
exemplo as unidades hospitalares, e também segundo o perfil da clientela a ser
atendida (LIBÂNEO, 2013).

Antes de iniciar o desenvolvimento do processo de planejamento, Freire


(2012) aconselha que este, a fim de obter sucesso, seja fundamentado no
regionalismo local, ou seja, nas características apresentadas pela região onde serão
implantadas as ações educativas. Outro aspecto a ser considerado se fundamenta
na convicção de Freire de que a educação local não se muda por decreto e tão
quanto menos pode ser transformada de imediato pela chegada de agentes
educativos com suas ideias. Para ele, o bom planejamento vem precedido de uma
fase de debates, de troca de idéias e experiências sobre a realidade local. Portanto,
para que hajam mudanças significativas, a participação de todos e o acolhimento de
suas reflexões e contribuições de forma respeitosa é a forma de fazer com que a
implementação das ações seja efetiva.

Freire (2012) coloca que o planejamento educativo possui alguns atributos


básicos como o protagonismo da dimensão local na construção de soluções, pela
diversidade e pluralidade de propostas de reorganização e de distribuição territorial,
pelo significativo volume financeiro. Já para Gandin (2012, texto digital), o
planejamento possui quatro funções distintas: "a) esclarecer as ideias, firmar as
opções; b) compreender melhor a realidade; c) organizar os processos de prática; d)
estabelecer a coerência entre as ideias, os processos e os resultados".

Gandin (2011) explica que o planejamento é uma ferramenta de organização


de idéias e ações a serem tomadas, e também uma ferramenta que auxilia na
tomada de decisão. Esta não deve ser confundida com uma ferramenta de execução
de alguma tarefa como é caso de instrumentos como o computador, o lápis, o papel
e a caneta. O planejamento permite o estabelecimento de um caminho a ser seguido
de forma que as ações estejam sempre alinhadas para o alcance dos objetivos, e
não se dispersem gerando desorganização durante a execução das tarefas.
22

Consequentemente o planejamento é essencial para a avaliação dos resultados


obtidos por permitir que se organizem indicadores dos mesmos.

2.3 Educação formal, não formal e informal

Para a compreensão desses conceitos, às vezes, tão próximos que apenas


uma tênue linha os mantém separados, é conveniente ao estudo que seja feita,
inicialmente, uma distinção genérica entre os mesmos. Enquanto que a educação
formal, de um lado, realiza a transferência dos conhecimentos por meio da
comunicação, a educação informal, no outro lado, ocorre quando o indivíduo passa a
adquirir conhecimentos por meio de experimentações (experiência), explorações,
estudos por sua própria motivação ou interesse (GOHN, 2001; GOHN, 2010).

Os termos não formal e informal são matéria base da idéia difundida por
Brandão (2017, p.17), para o qual a educação não é composta apenas pelas
tradicionais práticas de ensino desenvolvidas nas escolas, mas que: “abrange todos
os processos de formação dos indivíduos, de modo que, toda troca de saberes se
constitui como uma prática educativa e pode se desenvolver nos mais variados
ambientes sociais”.

Gohn (2006) complementa a concepção de Brandão (2017) afirmando que a


educação não deve estar trancafiada entre muros, funcionando como em um
sistema feudal, onde os professores são os detentores do conhecimento. Mas sim,
deve promover a construção da inclusão social, ou seja, uma estrutura articulável
que favoreça o acesso a todos os aspectos da cidadania, como; ao conhecimento,
às técnicas, às práticas e experiências, ao respeito e a tolerância, entre muitos.

Segundo Pereira e Burity (2011) e Libâneo (2013), a educação formal é a


educação tradicional e institucionalizada, que ocorre dentro de escolas públicas e
privadas, nas instituições de educação básica, ensino superior e técnico e em cursos
de aperfeiçoamento e treinamento oferecidos pelas mesmas. As aulas, para
construir os conhecimentos para os alunos (que, na maioria dos casos são apenas
receptores) podem ocorrer tanto dentro como fora da estrutura escolar na forma de
23

saídas à campo, estágios, visitas e as mais variadas formas atividades educativas


fora do espaço da sala de aula. Mas a base para o desenvolvimento desse tipo de
educação ocorre dentro de uma estrutura chamada sala de aula, ou laboratório, e se
utiliza primeiramente da comunicação por meio de um emissor denominado
professor, além de livros didáticos, quadro negro, cadernos e folhas.

Esse tipo de educação se denomina como formal por ter sido instituída e ser
controlada pelo governo como a forma de educação padrão. Ela é padrão
primeiramente em função de sua obrigatoriedade (dos 4 aos 17 anos), e por fornecer
ao aluno um currículo de estudos ao longo da vida, que é socialmente aceito pelas
mais variadas organizações e pessoas para as contratações e acordos profissionais.
Ou seja, este tipo de educação representa um padrão de formação universalmente
aceito pela sociedade (GOHN, 2001).

Gohn (2001) complementa esse conceito explicando que a educação formal


busca transferir o conhecimento que o professor tem, ou que deveria ter, para o
aluno, com o uso de livros e diversos materiais de apoio. Durante um determinado
período de tempo (uma hora ou mais) o professor se comunica com os alunos por
meio da fala, escrevendo no quadro negro, ou projetando imagens em uma tela, e os
alunos escrevem, ou anotam aquilo que lhes é transmitido. E para que essas
mensagens sejam aprendidas pelos alunos é que na educação formal existe a
principal atividade de apoio extra classe: a lição de casa, para que o aluno exercite,
adquirindo experiência e fixando em sua memória aquele material.

A educação informal, segundo Freire (2016), Libâneo (2013) e Trilla (2006), é


construída por fatores espontâneos, na qual o processo de socialização do indivíduo
é realizado com a família, parentes, amigos, meios de comunicação, pela mídia, no
bairro em que reside, etc. Gohn (2001) explica que a educação informal está
relacionada com a transmissão da cultura, dos hábitos, tradições e os valores
estabelecidos historicamente. O conhecimento é repassado ao indivíduo pelos
grupos sociais com os quais a pessoa se relaciona (família, igreja, amigos, clubes,
24

associações, grupos de interesses, etc.) E por sua vez, meio dessas interações, o
indivíduo o repassa esses conhecimentos para outras pessoas.

Por consequência, este é um tipo de educação não obrigatória, não


institucionalizada, que está relacionada à transmissão da cultura, valores e hábitos
de forma não intencional e não ligado às organizações (PARK; FERNANDES;
CARNICEL, 2009; GOHN, 2010). A partir do já exposto passo então a dissertar
sobre a educação não formal, alvo maior deste estudo.

O homem não pode participar ativamente na história, na sociedade, na transformação da realidade se


não for ajudado a tomar consciência da realidade e da sua própria
capacidade para transformar [...]. Ninguém luta contra forças que não
entende, cuja importância não meça, cujas formas e contornos não discirna;
[...] Isto é verdade se refere às forças da natureza [...] isto também é assim
nas forças sociais [...]. A realidade não pode ser modificada senão quando o
homem descobre que é modificável e que ele o pode fazer (FREIRE, 1977,
p. 48).

É por meio das palavras de Paulo Freire que se entende a existência da


educação não formal, como a que vem de encontro daquelas demandas e
necessidades não atendidas pelas formas de educação tradicional.

Gohn (2006) explica que a educação não formal é uma ação intencional, com
objetivos determinados, que busca a transmissão de conhecimento, a formação de
indivíduos, assim como o aprimoramento das qualidades dos participantes ou do
grupo participante, ocorrendo em espaços não escolares. Este tipo de educação é
desenvolvida nos mais diversos setores da sociedade, economia e política
(movimentos sociais, organizações, empresas, grupos de interesse, governo,
organizações não governamentais, entre muitos). Segundo Gohn (2006) a educação
não formal atua com a intenção de buscar resultados como:

Consciência e organização de como agir em grupos coletivos; A construção e reconstrução de


concepção (ões) de mundo e sobre o mundo; Contribuição para um
sentimento de identidade com uma dada comunidade;
Forma o indivíduo para a vida e suas adversidades (e não apenas capacitado para entrar no mercado
de trabalho); Quando presente em programas com crianças ou jovens
adolescentes a educação não-formal resgata o sentimento de valorização
de si próprio [...] Os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria
prática, os indivíduos aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca
(GOHN, 2006, p. 30-31).
25

Freire (2016) explica que a educação não formal possui uma forma própria de
organização e se associa com conteúdos de aprendizado de outra maneira a que a
escola o faz, pois as relações pessoais e a transmissão do saber, por se
encontrarem ligados à prática, transcorrem diferentemente do meio formal e escolar.

Em seu conceito, Libâneo (2013) estabelece que a diferença básica da


educação não formal está no fato desta centrar-se nas organizações, sejam elas
políticas, profissionais (indústria, comércio, extrativismo, agricultura), científicas,
culturais, escritórios e movimentos para grupos sociais, organizações não
governamentais, etc., desenvolvendo atividades de forma intencional. Nas últimas
décadas a educação não formal apresentou um crescimento significativo no Brasil,
principalmente por meio de obras sociais, organizações não governamentais e
instituições religiosas, em função da realidade social de crianças e adolescentes de
famílias de baixa renda, que vivem em regiões afastadas e desassistidas pelo
estado ou nos grandes bolsões de pobreza compostos pelos bairros pobres de
grandes periferias. Dessa forma outra característica da educação não formal em
relação aos jovens alunos é que ela ocorre no período inverso ao da educação
formal nas escolas.

É possível aprofundar o entendimento de outra característica fundamental da


educação não formal que, segundo Gohn (2006), é o fato desta surgir a partir das
necessidades de um determinado grupo, naquele local e naquele momento, como
por exemplo um treinamento em uma empresa, um problema de alguma
comunidade, etc.

Na educação não-formal, as metodologias operadas no processo de aprendizagem parte da cultura


dos indivíduos e dos grupos. O método nasce a partir de problematização
da vida cotidiana; os conteúdos emergem a partir dos temas que se
colocam como necessidades, carências, desafios, obstáculos ou ações
empreendedoras a serem realizados os conteúdos não são dados a priori.
São construídos no processo. O método passa pela sistematização dos
modos de agir e de pensar o mundo que circunda as pessoas (GOHN,
2006, p. 31-32).

Trilla (2006) explica que parte do crescimento da educação não formal se


deve à questão de restrição de vagas no mercado de trabalho nas escolas formais,
onde o excedente de educadores migrara para entidades como ONGs, associações
26

e centros comunitários, empresas, instituições de saúde, para o terceiro setor em


geral como necessidade ou opção profissional. No entanto, Gohn (2006) estabelece
uma crítica sobre o pouco conhecimento por parte dos professores das escolas e
instituições superiores em relação ao significado e funções que a educação não
formal assume, deixando de explorá-la e difundi-la no meio escolar e social. Para
Gohn (2006), é adequada a expressão “pouca compreensão” acerca do significado
deste tipo de educação entre os professores, não apenas como a falta de
informações acerca desta, mas também em um sentido de intencionalidade, de um
baixo interesse.

Historicamente o conceito de educação não formal surgiu na década de


sessenta, baseado nos princípios da educação popular proposta por Paulo Freire por
meio de projetos com currículos alternativos, voltados às classes populares e ao
desenvolvimento de uma autonomia econômica e social das famílias (TRILLA, 2006;
GOMES; SILVA; SILVA, 2012). A educação popular proposta por Freire (2016) visa
uma cidadania plena de forma a conscientizar e integrar as pessoas na construção
da sociedade. Freire buscava contribuir com a formação de um cidadão capaz de
perceber o que lhe ocorre, refletir sobre isso e agir de forma construtiva sobre o seu
meio, ou seja, uma pessoa consciente e interativa com a realidade que a cerca. Esta
concepção buscou e busca romper com os currículos tradicionais que não
consideram a cultura e o modo de vida das classes populares, os conhecimentos e
saberes do mundo.

Segundo Trilla (2006) e Souza (2008), a educação não formal passou a ser
pensada no momento em que os diferentes setores da sociedade como a
agricultura, as indústrias, as empresas, a igreja, a saúde, a assistência social, a
cultura, e a própria pedagogia perceberam que a família e a escola não conseguiam
mais atender às demandas sociais, econômicas e políticas que emergiam a partir
daquele momento histórico.

Com isso foram se desenvolvendo e consolidando práticas educativas por


meio de ações pedagógicas alternativas que não seguiam os princípios e normas
formais da escola que, no entanto, eram tão ou até mais educativas dependendo do
27

meio em que se realizavam. Esta ideia de mudança está expressa nas palavras de
Paulo Freire:

Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que aprendemos ser possível ensinar, teríamos
entendido com facilidade a importância das experiências informais nas ruas,
nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios dos
recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal administrativo, de
pessoal docente se cruzam cheios de significação (FREIRE, 2016, p. 50).

Souza (2008) explica que as ações em educação não formal ao longo dos
anos somadas às transformações das relações sociais na família, no trabalho, no
lazer possibilitaram uma contínua reformulação das formas e meios de educação
nas escolas possibilitando ganhos pedagógicos e principalmente na sociedade como
um todo. E ao agente dessas ações fora do mundo escolar é denominado de
educador social, ou seja, o profissional envolvido com projetos e ações em
organizações e instituições. Esse educador não é apenas um profissional da
pedagogia, mas também estagiários, um número considerável de voluntários,
profissionais liberais dos mais diversos ramos, entre muitos.

No próximo capítulo serão abordados os procedimentos metodológicos do


estudo.
28

3 CAMINHOS DA PESQUISA

A importância que vem sendo atribuída ao desenvolvimento de ações


pedagógicas com crianças e adolescentes por grupos voluntários motivou-me como
pesquisadora, sobre o processo de planejamento, acompanhamento e observações
dos integrantes, que suponho promover ações pedagógicas durante suas práticas.

Para o desenvolvimento deste estudo, que visa analisar em que medidas


práticas promovidas por um grupo de voluntários se manifestam como ações
pedagógicas em espaços não escolares, a pesquisa foi realizada a partir do
acompanhamento de um grupo de voluntários denominado Doutores P -
Multiplicadores da Alegria1, que realizam ações motivadoras e educativas dentro de
instituição hospitalar. Após o contato inicial com a idealizadora do grupo, que
assinou o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A), autorizando a
realização da pesquisa junto ao mesmo, esta explicou que este se constituiu através
de um trabalho originalmente solicitado pela Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA) do hospital onde realizam suas ações.

Este estudo de campo necessitou ser de uma natureza qualitativa. Segundo


Negrine (2010), a base de investigação qualitativa se centra na descrição, análise e
interpretação das informações recolhidas durante o processo investigatório,
procurando entendê-las de forma contextualizada. A pesquisa qualitativa responde à
questões muito particulares. Ela trabalha com um universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, e isso se refere a um espaço mais profundo

1
O grupo autorizou a divulgação de seu nome neste estudo.
29

das relações, dos processos e dos fenômenos, sendo que estes não podem ser
quantificados (MINAYO, 2010).

O entendimento sobre a natureza da pesquisa qualitativa pode ser mais bem


compreendido quando comparado à pesquisa quantitativa que, segundo Brenner e
Jesus (2008), normalmente apresenta os dados recolhidos através de gráficos e
tabelas de forma a facilitar a comparação e a análise, sucinta e ordenada e com
características estatísticas básicas.

Para alcançar os objetivos específicos propostos no projeto e tentar, portando,


responder o problema desse estudo, a pesquisa realizada necessitou, basear-se em
uma exploração de campo, ou seja, precisarei sair do ambiente acadêmico, onde já
coletei os dados iniciais, para o ambiente externo a fim de coletar novos dados
oriundos das observações das práticas adotadas pelo grupo teatral.

Portanto, no momento em que a pesquisa de campo se iniciar os dados


iniciais, oriundos de fontes como livros, periódicos (jornais e revistas), censos,
estatísticas, artigos e bancos de dados impressos ou digitais como a internet, já
estarão coletados (MATTAR, 2016). Os novos dados, a serem coletados por meio de
entrevistas ou grupos de discussão, observação e imagens fotográficas, serão
obtidos junto aos componentes do grupo Doutores P - Multiplicadores da Alegria.

Marconi e Lakatos (2008) descrevem que ciências como a Pedagogia, Ciência


Política, História, Sociologia, entre outras se utilizam com grande freqüência da
pesquisa de campo. Por meio dela busca-se um aprofundamento e melhor
compreensão por diferentes ângulos das diversas características e comportamentos
que compõe os indivíduos, seus grupos e comunidades, e a realidade da sociedade
com suas diferentes instituições.

Dentre o rol dos tipos de pesquisa existentes a que mais se aproxima com
esta investigação é o estudo de caso. O estudo de caso, para Molina (2010), pode
ser definido como um processo que tenta descrever e analisar algo ou um fenômeno
em termos complexos e compreensivos, desvendando suas características e
levantando dados relevantes. De acordo com Yin “A estratégia de estudo de caso
30

pode ser utilizada para explorar aquelas situações nas quais a intervenção que está
sendo avaliada não apresenta um conjunto simples e claro de resultados” (2003,
p.62).

Como busquei compreender o meu problema de pesquisa, suprindo minhas


dúvidas e anseios, o estudo de caso se tornou muito adequado à pesquisa, já que
permitiu uma exploração com maior profundidade do objeto de estudo em relação,
por exemplo, a um questionário com perguntas e respostas de múltipla escolha e
aos métodos quantitativos em geral. Nesse método de pesquisa é possível se utilizar
de diversos meios para a geração de dados como entrevistas, formulários,
questionários, observações dos processos, atividades e sujeitos envolvidos,
recursos de multimídia como filmagem, fotografia, gravações de áudio, diários,
recordatórios, ou até de equipamentos de medição específicos aos objetivos do
estudo, entre outros (CRESWELL, 2010).

Para que eu pudesse obter um levantamento de dados bem sucedido, ele se


desenvolveu durante o semestre 2017 B, de forma a me tornar íntima aos processos
e indivíduos envolvidos, conhecendo suas características e peculiaridades, neste
caso em especial, a aproximação ocorreu com o grupo Doutores P - Multiplicadores
da Alegria.

A pesquisa caracterizou-se também como um estudo descritivo e exploratório.


Marconi e Lakatos (2008), explicam que a pesquisa qualitativa descritiva delineia
fenômenos atuais, observando, descrevendo, registrando, analisando e
interpretando suas características. Para Triviños (2009), a pesquisa qualitativa é
essencialmente descritiva, por apresentar descrições dos fenômenos que estão
carregados de significados, que são concedidos pelo ambiente, fruto de uma visão
particular.

Assim, a escolha por este tipo de pesquisa inspirada no estudo de caso


fundamenta-se em suas características que são as que mais se enquadram nos
objetivos do estudo.
31

3.1 Etapas para a geração de dados

Os meios utilizados para a geração de dados deste estudo foram: realização


de observações e entrevistas semi-estruturadas, análise fotográfica e grupo focal.
Primeiramente entrei em contato com o grupo “Doutores P - Multiplicadores da
Alegria” explicando o projeto e solicitando a parceria deles na realização da
pesquisa.

Uma das ferramentas utilizadas no projeto foi a fotografia. Solicitei para que
cada integrante do grupo tirasse uma foto do que eles acreditam serem ações
pedagógicas durante as suas práticas. Essas foram registradas com seus aparelhos
celulares. Não foram fotografados pacientes internados, por uma perspectiva ética,
para evitar a identificação do hospital e dos pacientes envolvidos. A fotografia, uma
tecnologia de fácil acesso nos dias atuais, possui uma grande importância em
estudos de caso, pois permite a realização de amplos registros dos acontecimentos,
revelando em detalhes o ambiente de estudo. Tal fato não seria possível, ou se
tornaria um aspecto dificultador, caso apenas se utilizasse a escrita com simples
anotações de dados. Todos os integrantes do grupo autorizaram o uso de sua
imagem pessoal no presente estudo mediante a assinatura do TCLE (APÊNDICE A).
As outras pessoas que apareceram nas fotografias tiveram seus rostos distorcidos
em editor de imagem (Photoshop CS5) a fim de evitar seu reconhecimento.

Outra ferramenta utilizada foi o grupo focal, que veio ao encontro para
aprimorar o meu projeto. Segundo Gondim (2003) grupos focais representam uma
técnica de pesquisa que coleta dados por meio das interações grupais ao se discutir
um tópico especial sugerido pelo pesquisador. O grupo focal é um grupo pequeno
onde as pessoas estão reunidas com o objetivo de tratar ou debater um determinado
tema. Para que essa técnica seja bem sucedida deve haver uma pessoa que
funcione como administradora do grupo iniciando os assuntos, coordenando os
diálogos e estimulado a participação dos componentes de forma igualitária (BAUER;
GASKELL, 2010). Aconteceram dois encontros de grupo focal, com duração
aproximada de uma hora cada. E durante um dos encontros aproveitei para recolher
32

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (APÊNDICE A), assinado


pelos voluntários do grupo.

A entrevista foi realizada com a idealizadora do grupo (ver roteiro de


entrevista no Apêndice C). A técnica de entrevistas destina-se principalmente às
finalidades exploratórias, sendo muito utilizada para o detalhamento de questões,
como casos individuais, e a formulação mais precisa dos conceitos relacionados aos
objetivos, assuntos e ao tema proposto (MINAYO, 2010). Isto propicia a obtenção de
dados mais detalhados que podem esclarecer peculiaridades do objeto observado
ou do grupo avaliado, o que permite a realização de comparações mais precisas dos
diversos aspectos envolvidos no tema.

A observação foi um momento importante da pesquisa, pois através dela


saciei algumas curiosidades em relação ao grupo de voluntários, a maneira que se
portam no espaço da prática, como lidam com as pessoas, as diferentes ferramentas
que utilizam para aplicar as ações, e por esse motivo aconteceram dois momentos
(dias) de observação. Negrine (2010) ressalta a importância da observação como
um instrumento valoroso para a pesquisa qualitativa. Para ele uma observação deve
ser planejada para evitar a captura/registro de dados aleatórios e sem relevância ao
estudo.

Durante as observações realizei alguns registros, e por isso a utilização do


diário de campo foi importante nesta etapa. Nele expressei minhas impressões sobre
as ações observadas. O diário de campo serviu como material de suporte para
análise e interpretação de determinadas situações, além de facilitar a descrição das
observações. Permitiu selecionar pautas de observação de acordo com os objetivos
pré-estabelecidos da pesquisa (MINAYO, 2010; NEGRINE, 2010).

Segundo Minayo (2014):

[...] um diário de campo é caracterizado, desta maneira: “...constam todas as informações que não
sejam o registro das entrevistas formais. Ou seja, observações sobre
conversas informais, comportamentos, cerimoniais, festas, instituições,
gestos, expressões que digam respeito ao tema da pesquisa. Falas,
comportamentos, hábitos, usos, costumes, celebrações e instituições
compõem o quadro das representações sociais”. (MINAYO, 2014, p. 100)
33

O diário de campo é uma boa forma de apoio ao estudo, pois nele é possível
registrar, de forma imediata, todos os fatos e acontecimentos observados no local de
pesquisa.
34

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Inicio esta etapa do estudo lembrando Paulo Freire que certa vez escreveu: “A
alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da
busca. E ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e
da alegria” (Freire, 2016, p. 16). Freire aqui nos lembra que Educação e alegria são
valores indissociáveis e que o sucesso educacional está em um ensino prazeroso,
que estimule o aluno a aprender.

Para uma melhor compreensão da pesquisa realizada o capítulo será dividido


em três etapas. Na parte inicial o grupo é apresentado, assim como um breve
histórico da atuação de palhaços em hospitais. Em uma segunda etapa é analisada
a funcionalidade do grupo, ou seja, sua forma de atuar, como realizam seu
planejamento, como se organizam, como o grupo se constrói. E na etapa final é
analisado o que o grupo de voluntários compreendem por ações pedagógicas
desenvolvidas em espaços não escolares, buscando assim responder o terceiro
objetivo especifico desse estudo.

4.1 Os Doutores da Alegria

A atuação de palhaços como auxiliares no tratamento de enfermos remonta à


época de Hipócrates na Grécia Antiga. Mas foi a partir do século XX que a técnica
passou a ser documentada, com notícias em jornais, tanto na Europa como na
América. E nos anos 70 deste mesmo século o Dr. "Patch" Adams com seu instituto
Gesundheit, assim como nos anos 80 com a criação do The Big Apple Circus Clown
35

Care (BACCC) em Nova Iorque representaram um marco que fundamentou a


utilização das técnicas de palhaço em hospitais, as quais incentivaram o surgimento
de diversas iniciativas semelhantes pelo mundo afora (MASETTI, 2015).

No Brasil, essa iniciativa teve seu início em 1991 com a fundação do grupo
Doutores da Alegria, uma organização sem fins lucrativos que busca promover a
cultura e a saúde intervindo junto à crianças, adolescentes e outros públicos em
situação de vulnerabilidade e risco social nos hospitais públicos e ambientes
desfavoráveis. A figura do palhaço é o meio que busca transmitir alegria e manter ou
até recuperar a dignidade do público convalescente (DOUTORES DA ALEGRIA,
2016).

O grupo, objeto do presente estudo, foi organizado de forma lúdica em uma


cidade de médio porte do interior do Rio Grande do Sul - BR utilizando a linguagem
do palhaço como forma de comunicação em uma proposta de integração entre a
saúde das pessoas (pacientes e funcionários) e o trabalho como colaborador do
hospital. Essa atividade foi tão bem sucedida que foi solicitado ao grupo que
continuasse, e se organizassem em forma de trabalho voluntário. A partir desse
momento o grupo começou a fazer cursos para se aperfeiçoar na área.

O nome Doutores P Multiplicadores da Alegria é uma paródia ao médico, por


isso Doutores, “P” de palhaço, e multiplicadores por justamente multiplicarem e
transmitirem a alegria, já que as pessoas ao retornarem para suas casas e famílias
levam consigo um pouco da felicidade dos Doutores. Atualmente o grupo é
composto por cinco atores e dois coordenadores, caracterizando-se como um grupo
de teatro.

Segundo definição encontrada no blog do grupo na Internet, este, através de


visitas, estimula e alegra a vida de crianças, adultos e idosos hospitalizados, e se
caracteriza como um grupo de teatro que iniciou seus trabalhos em 2008.

Através da arte do palhaço contribuímos de forma efetiva com a qualidade de vida destes pacientes e
profissionais de saúde, contribuindo em sua recuperação clínica,
desmistificando o hospital como um local apenas de dor e tristeza
(DOUTORES P - MULTIPLICADORES DA ALEGRIA, 2008, texto digital).
36

A missão dos Doutores P- Multiplicadores da Alegria é promover experiências


da alegria para os pacientes hospitalizados e seu entorno enxergando o hospital de
uma forma lúdica e menos dolorida. Os hospitais já carregam por si próprios uma
realidade fria, impessoal e repleta de carência de afetividade e para melhorar esse
quadro é preciso oferecer aos usuários um atendimento de forma mais humanizada,
proporcionando experiências lúdicas, que possibilitem a manifestação de diferentes
sentimentos nas pessoas.

O grupo possui em sua formação um quadro bem diversificado contando com


uma profissional de Educação Física há oito anos participando, um servidor público,
há cinco anos no grupo, uma dentista, uma professora e uma servidora pública,
todas há dois anos no grupo. A atuação da trupe teatral, atualmente, não se
restringe apenas à hospitais, mas também realizam peças teatrais para escolas.

4.2 Doutores P Multiplicadores da Alegria - Planejamento, organização e


funcionalidade

A pesquisa de campo abrangeu as seguintes etapas: uma observação no


hospital no dia 26 de agosto, a realização de dois grupos focais nos dia 23 de 30 de
setembro e uma observação da reunião de planejamento no dia 30 de setembro.
Essa sequência foi estabelecida de forma proposital. Primeiramente um
acompanhamento no hospital a fim de embasar a pesquisadora sobre os
procedimentos do grupo e dessa maneira, aprimorar as questões abordadas,
melhorando o rendimento do grupo focal. Já a reunião de planejamento foi a última
etapa da pesquisa de campo, tanto em função da disponibilidade do grupo, quanto
por ter sido uma reunião de maior importância em função da escolha do novo
integrante do grupo.

4.2.1 Reunião de planejamento

A reunião foi realizada em um sábado à tarde às 17h, que é o dia da semana,


o turno e o horário que permite a participação de todos em função de seus
compromissos, ocorrendo em uma sala disponibilizada pela Prefeitura Municipal.
37

Após a reunião foi realizada a oficina para escolha dos novos integrantes do
Doutores P Multiplicadores da Alegria.

Durante a reunião foi utilizada uma agenda em papel para programar os dias
para atuação de cada componente. Não foi realizado nenhum registro em ata após a
reunião e os assuntos comentados foram referentes aos participantes das oficinas,
qual deles teria mais chances de ser escolhido, como estavam atuando, qual estava
se saindo melhor em quesitos teatrais. Foi observada uma conversa para troca de
ideias, sustentada pela informalidade, entre um grupo de amigos.

E para a segunda metade da reunião chegaram as participantes da oficina


teatral, quatro mulheres. Estavam presentes para a avaliação quatro componentes
dos Doutores P, faltando uma que chegaria mais tarde. A atividade laboral iniciou
com uma confraternização e muito bate-papo. Após esse momento foi explicado que
a pessoa selecionada para participar dos Doutores P receberia um email, como
também no final de semana seguinte já participaria da ação no hospital, como
observadora. A Figura 1 mostra o momento da maquiagem durante a oficina teatral.

Figura 1 - Bastidores da oficina teatral


38

Fonte: Da autora (2017).

A oficina foi ministrada pela coordenadora do grupo em conjunto com os


outros integrantes dos Doutores P. Todos foram convidados a sentarem no chão e
as candidatas, uma de cada vez, entraram para se apresentar aos demais colegas.
Em seguida saíram novamente e dessa vez, reapareceram com o nariz vermelho.
Uma música animada tocava ao fundo e a pessoa se apresentava como palhaço,
fazendo coreografias e palhaçadas e também interagindo com outros integrantes do
grupo conforme se observa na Figura 1. Os integrantes dos Doutores P analisavam
a apresentação, dando dicas, idéias de como poderia melhorar a encenação,
fazendo o participante recomeçar sua interpretação.

Descrita a observação da reunião de planejamento é possível avaliar que o


grupo foca em três metas para suas ações: primeiro o de manter uma agenda de
compromisso de forma a organizar seu tempo. A segunda é uma preocupação
técnica com o padrão de qualidade, ou seja, averiguar se o participante domina
técnicas de palhaço e qual a sua desenvoltura para atuar e improvisar frente ao
público. E a terceira e a mais informal das metas é uma auto-avaliação, uma análise
das atuações dos participantes realizada durante o bate-papo da roda de amigos.

Portanto é inegável que há uma situação de planejamento, mesmo sendo um


planejamento básico como o melhor dia, horário e local para as reuniões, pois
segundo Kenski (2005), o ato de planejar ocorre em cada momento do cotidiano.
Desde o momento em que levantam as pessoas são obrigadas a tomar decisões
sobre o que fazer e como fazer as suas atividades. E isto significa desde o que
comer no café da manhã ou por onde atravessar a rua até deliberar sobre as coisas
mais complexas.
39

No entanto, todos os requisitos necessários ao planejamento de ações


educacionais (conhecimento formal, metodologia de aplicação, avaliação de
resultados) não foram observados, não sendo, portanto atendidos. Segundo Padilha
(2008) o planejamento irá materializar o conhecimento (o saber) em ações (o saber
fazer). E a mesma ideia é descrita por Libâneo (2013), para o qual o planejamento é
um processo de sistematização e organização, que sob o ponto de vista pedagógico
irá articular os conteúdos teóricos com a atividade prática na escola ou em outro
ambiente educacional. E mesmo existindo uma preocupação com o conhecimento e
a instrução apresentada pelo integrante em técnicas teatrais e de palhaço de forma
a exercer o seu papel com desenvoltura, da forma que o grupo se organiza, não há
um compromisso com a transmissão de conhecimentos de forma intencional, pelo
menos não os saberes sistematizados e acumulados ao longo da história. Assim
sendo, não se caracterizou a preparação de ações pedagógicas de fato.

4.2.2 Observação no hospital

Foi realizada uma observação no hospital (26/08/2017), em função da


coordenadora do grupo ter me informado de não haver a necessidade de outras
visitas de minha parte. O motivo foi por aquele que eu iria observar ser o padrão de
atuação dos atores. Também o porte da instituição permitia ao grupo abranger todos
os locais em uma visita. Dessa forma, todas outras apresentações, independente de
suas peculiaridades, seguiriam no mesmo estilo.

O grupo atua dentro do hospital somente nos finais de semana, se organizam


em duplas e a cada final de semana uma dupla se apresenta. Vão ao hospital
caracterizados de palhaço, com maquiagem, perucas, chapéus, nariz vermelho e um
jaleco branco onde se lê Doutores P Multiplicadores da Alegria.

A dupla que acompanhei levava consigo um violão e uma pasta com músicas.
Seu itinerário foi completo, entrar na porta da frente do hospital e dos quartos e
apenas sair na dos fundos. Primeiramente passaram nos postos de enfermagem
pedindo quais os quartos que poderiam visitar (FIGURA 2). Em seguida anunciaram
40

nos alto-falantes que as Doutoras P chegaram. Existe uma afinidade e cumplicidade


muito grande entre as duplas.

O primeiro quarto visitado foi de um casal de idosos. Entrando no quarto


perguntaram de forma teatralizada aos presentes como fazer para as pessoas rirem,
conversaram com os acompanhantes, o paciente que estava internado pediu para
que cantassem a música “encosta a cabecinha no meu ombro e chora”. Foi diversão
total e muitas risadas, e ao saírem se despediram com um abraço e um até logo. Em
outro quarto uma moça estava de aniversario (FIGURA 2) e pediu para tirar uma foto
com os Doutores P que cantaram parabéns, conversaram e agradeceram por terem
recebido elas.

"Um fato que chamou a atenção foi um paciente muito debilitado, conectado à
vários aparelhos que mexeu a mão e os pés assim que começaram a tocar e cantar.
Também pacientes internados há mais tempo pediam pelos outros participantes do
grupo" (DIÁRIO DE CAMPO, 26/08/2017).

A ala pediátrica, que representa um foco de interesse para a pesquisa, possui


uma sala de recreação com mesas, televisão, livros e brinquedos diversos. "Ao
passarem pela ala, todas crianças foram reunidas ali, conversaram, cantaram
músicas, tiraram fotos. As crianças interagiam com os Doutores P, desde as mais
pequenas às maiores" (DIÁRIO DE CAMPO, 26/08/2017). A Figura 2, abaixo, mostra
três momentos da visita da dupla de Doutores P ao hospital.

Figura 2 - Visita da dupla do grupo Doutores P da Alegria ao hospital


41

Fonte: Da autora (2017).

Na figura a imagem à esquerda mostra a caracterização do grupo (violão,


maquiagem, nariz vermelho, roupas coloridas e jaleco). A imagem superior à direita
mostra o momento da reunião da dupla com as enfermeiras a fim de definir o
itinerário da visita e a imagem inferior direita apresenta a visita ao quarto da paciente
que estava de aniversário.

Durante a observação foi constatado que o trabalho é feito no improviso.


Apesar do objetivo de gerar alegria nas pessoas não há uma metodologia padrão de
aplicação de conhecimentos, em cada quarto é uma situação diferente. A dupla
passa em todas as alas do hospital: particular, SUS, maternidade, ala psiquiátrica,
UTI, pronto atendimento (PA) e ala pediátrica. A interação com a equipe médica é
muito boa e tranqüila, tendo inclusive as enfermeiras pedido para tirarem fotos junto
à dupla.

Descrita a observação da passagem das Doutoras P pelo hospital, é possível


avaliar que esta é uma visita com características lúdicas, ou seja, com muita
animação, alegria, algumas brincadeiras, fazendo com que os pacientes esqueçam
um pouco do ambiente que se encontram. Também é possível afirmar que esta se
caracteriza como uma atividade social e humanizadora do ambiente hospitalar.

A promoção e a difusão da alegria no ambiente hospitalar são atividades de


grande importância para a saúde física e mental dos pacientes, principalmente em
se tratando de crianças e adolescentes. Essa afirmação vem ressaltar a importância
do serviço prestado pelo palhaço nessas instituições, já que os efeitos da internação
42

hospitalar sobre o desenvolvimento infantil levantam muitas questões por parte de


pesquisadores e estudiosos do tema como Mitre e Gomes (2004) e Lima (2009) e
preocupação por parte dos familiares.

O processo de hospitalização, dependendo de sua duração e intensidade


provoca alterações nos hábitos de sono, higiene e alimentação, e na sua rotina em
casa e na escola já que a criança se encontra submetida a um meio com o qual
pouco pode interagir e com poucas opções de atividades. A estrutura apresentada
pelos hospitais com ambientes pouco iluminados por luzes naturais, concentração
de pacientes em um único local, a monocromia da cor branca em uniformes de
médicos, enfermeiras e demais profissionais, assim como na pintura dos ambientes;
além da quantidade de aparelhos, macas, instrumentos e demais equipamentos; os
procedimentos evasivos e dolorosos; e a própria forma técnica de se comunicar
causam uma situação de retraimento e afastamento da realidade do dia a dia para a
criança e o adolescente. Assim sendo, a existência de espaços lúdicos nos hospitais
pode vir a ajudar na terapia desses pacientes. (MITRE; GOMES, 2004; LIMA et al,
2009).
Visto o que é afirmado por Mitre e Gomes (2004) e Lima (2009), se torna
possível estabelecer um paralelo sobre a situação em que se encontra um jovem em
baixa hospitalar e o que afirma Snyders à Camillis (2006) sobre a alegria na
educação:

A maior parte das crianças em situação de fracasso são as de classe popular e elas precisam ter
prazer em estudar; do contrário, desistirão, abandonarão a Escola, se
puderem. Se não puderem, continuarão, mas não aprenderão muito. Quanto
mais os alunos enfrentam dificuldades - de ordem física e econômica - mais
a Escola deve ser um local que lhes traga outras coisas. Essa alegria não
pode ser uma alegria que os desvie da luta, mas eles precisam ter o
estímulo do prazer. A alegria deve ser prioridade para aqueles que sofrem
mais fora da Escola. Sei que é um pouco utópico, mas de vez em quando é
necessário sonhar. A grande maioria dos alunos das classes populares
freqüenta a escola pública durante sua escolaridade básica, portanto, é
fundamental que essa escola seja capaz de proporcionar-lhes prazer, prazer
de conquistas, prazer que prepare-os para a luta (SNYDERS apud
CAMILLIS, 2006, p. 164).

Assim como muitas das crianças de classes populares se encontram


subtraídas em seus direitos fundamentais, de incentivos e insumos dos mais
diversos, o que lhes suprime a alegria de aprender, a criança hospitalizada também
43

se encontra em uma situação semelhante. Longe da escola, família, amigos e em


um ambiente desfavorável, e dependendo do quão duradouro e invasivo se tornou
seu processo de internação, esta, por um fator descompesatório, de subtração de
possibilidades e redução de resultados satisfatórios tende a perder a alegria para
muitas coisas, entre elas a escola e os estudos.

Da mesma forma as ideias de Gadotti (2000), Padilha (2003) e Freire (2016)


concordam entre si de que a alegria deve ser uma presença nas escolas e locais
que promovam o aprendizado. Essas crianças e adolescentes se encontram em
idade escolar e assim como as crianças na escola também precisam da alegria
como motivadora do aprender.

Freire (2016) é afirmativo sobre a função da alegria na educação como um


dos atributos indissociáveis, uma característica intrínseca quando a pedagogia é
progressista e orientada pela democracia. Apenas a ciência, a técnica e a exigência
rigorosa não sustentam a transmissão dos conhecimentos.

É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos
outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura
ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos
fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível
a prática pedagógico-progressista (FREIRE, 2004, p. 120).

Claro que, cabe aqui à pesquisadora fazer um adendo ao tema em questão e


lembrar que a alegria na educação, mesmo quando utilizando de ações organizadas
de Doutores Palhaços, deve ser realizada com responsabilidade, com as devidas
cobranças aos alunos, e não como uma ação libertina do "tudo pode", na filosofia do
"laissez-faire, laissez-passer". Freire (2016) pensa da mesma forma:

A alegria deve fazer parte do clima ou atmosfera do espaço pedagógico, mas crianças e jovens
precisam saber que estudar é um “ato sério” no qual a alegria não pode ser
confundida com a “alegria fácil do não-fazer”. A alegria está relacionada à
esperança (ou certeza) de que se pode aprender, produzir e resistir aos
obstáculos. É falso também tomar como inconciliáveis seriedade docente e
alegria, como se a alegria fosse inimiga da rigoridade. Pelo contrário, quanto
mais metodicamente rigoroso me torno na minha busca e na minha
docência, tanto mais alegre me sinto e esperançoso também. A alegria não
chega apenas no encontro do achado mas faz parte do processo da busca.
E ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e
da alegria (FREIRE, 2004, p. 142).
44

Para investigar o nexo causal entre a pedagogia e o grupo teatral é


importante observar o que Freire (2016) disse sobre o ensinar não ser apenas o ato
de transferir conhecimentos e conteúdo, mas sim a ação pela qual se dá forma à
personalidade do indivíduo, não existindo uma forma nem um único modelo de
educação. Isso porque a Pedagogia e a educação não são existências restritas aos
muros escolares, mas exercem uma responsabilidade social para com a criança em
processo de internação impossibilitada de participar das aulas na escola. Sobre essa
responsabilidade lembra Oliveira (2009, p. 10.614) que: “Cada pessoa, enquanto
cidadão deve ser vista como sujeito único, com personalidade, modo de ver, sentir e
com potencialidades [...]”.

4.2.3 Análise dos grupos focais

Foram realizados dois grupos focais. Para que a atividade alcançasse o


objetivo de averiguar a presença dos pré-requisitos necessários à ação pedagógica.
Tanto as perguntas programadas, como as que surgiram de forma espontânea
durante a atividade puderam ser organizadas em dois planos. Em um plano
principal, de profundidade, direcionadas no sentido dos conhecimentos adquiridos,
da intencionalidade educativa e do planejamento. E em um plano secundário, a fim
de não tornar a atividade maçante e repetitiva, estimulando a participação dos
integrantes, foram inseridos, entre as perguntas de interesse da pesquisa,
questionamentos mais desamarrados à temática central. É possível citar o retorno -
sorrisos, alegria e agradecimentos - que o grupo recebe das pessoas, o sentimento
de cada integrante em realizar o trabalho, o desgaste provocado por apresentações
que duram em média três horas, se o grupo pode emitir um certificado a quem
queira participar das oficinas de teatro e sobre haver planejamento para as oficinas
realizadas e como este é feito.

A fim de garantir os preceitos éticos do sigilo dos participantes do estudo os


nomes dos integrantes do grupo passam a ser citados a partir de agora, na
reprodução de suas falas, apenas com a palavra integrante adicionada à letra inicial
de seus nomes em maiúsculo. A coordenadora do grupo passa a ser identificada
como coordenadora. E para garantir a veracidade dos fatos foi mantida a linguagem
45

coloquial dos integrantes, de acordo com o sugerido pelo Manual de Trabalhos


Acadêmicos da Univates (CHEMIN, 2015), sendo observadas as devidas
pontuações dos textos transcritos, assim como a escrita de palavras pronunciadas
dentro das normas gramaticais.

A primeira pergunta buscou saber se o grupo tem uma consciência de si


mesmo como atividade de importância social. Foi perguntado qual é o objetivo do
grupo, qual a intenção em realizar essas ações. Foram obtidas as seguintes
respostas:

Coordenadora: É levar a linguagem do palhaço pra dentro do hospital. Essa é nossa perspectiva,
nosso objetivo, levar esse trabalho artístico da linguagem do palhaço de
forma lúdica pra dentro do hospital.
Integrante W: A gente trabalha com uma subversão da realidade, então através do teatro, com esse
nosso trabalho dentro do hospital, a gente reverte a realidade da pessoa
que tá internada. Então a pessoa que está posta aquele quadro de dor,
aquele quadro de doença, através da arte. A gente subverte isso, a gente
transforma e faz a pessoa conseguir se modificar por conta própria.

Esse objetivo, de levar a alegria para o hospital subvertendo a realidade, é


encontrado como meta principal em outros grupos de palhaços como os The Dream
Doctors em Jerusalém (FIGURA 3), nos quais os palhaços atuam junto à
profissionais de saúde durante procedimentos em crianças (DOUTORES DA
ALEGRIA, 2017).

Os palhaços se envolvem em mais de 40 procedimentos, acompanhando crianças em exames como


tomografia, ressonância magnética, quimioterapia, radioterapia, fisioterapia
e reabilitação; além de procedimentos dolorosos e complexos, como
injeções nas articulações, terapias de queimaduras e acompanhamento de
cirurgias (DOUTORES DA ALEGRIA, 2017, TEXTO DIGITAL).

Ou também o grupo Companhia do Riso - Cia. do Riso, que é composto por


alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em Enfermagem, Medicina,
Informática Médica e Farmácia e Bioquímica da Universidade de São Paulo (USP)
de Ribeirão Preto, e que tem como objetivo de resgatar a alegria das crianças
adolescentes hospitalizados, bem como dos seus familiares e da equipe de saúde,
por meio de atividades, como: cantigas de roda, mágicas, improvisações, danças,
dramatizações, jogos infantis e músicas, auxiliadas pelas técnicas de palhaço.

Figura 3 - The Dream Doctors atuando durante uma intervenção médica.


46

Fonte: Doutores da Alegria (2017)2.

A segunda pergunta versou em saber se o grupo realiza o planejamento


dessas ações dos finais de semana e das práticas no hospital:

Integrante W: A gente faz reuniões assim esporádicas, praticamente todos os meses nós fazemos
uma reunião, é assim.
Coordenadora: Não é que tem um planejamento.
Integrante W: São outros planejamentos, de como a gente vai agir, de como estão acontecendo as
visitas, a sistemática, o que acontece, as realidades que a gente tem.
Coordenadora: A gente trabalha muito na questão do improviso. O nosso trabalho do teatro, ele, é a
partir do não saber o que fazer, é chegar lá e trabalhar com o improviso, né.
Porque não tem como tu chegar com uma coisa planejada, porque tu não
sabe o destino que tu vai encontrar lá.
Integrante W: O nosso planejamento basicamente permeia essa lógica de formação, essa lógica de
fazer o treinamento, de estudar, sobre essa linguagem, sobre a linguagem
do palhaço no hospital. Então nossas reuniões de planejamento são uma
troca de conhecimentos, uma troca de informações, uma troca de idéias
sobre oficinas a fazer, sobre leituras, por ventura, que venhamos a fazer e
esse crescimento do nosso saber, sobre essa arte.

Tendo em vista o que foi respondido para a segunda pergunta, que o grupo
não possui um planejamento rígido, do tipo retroativo e fechado, trabalhando com o

2
Disponível em:
<https://www.doutoresdaalegria.org.br/blog/palhacos-acompanham-procedimentos-medicos-em-israel
/>. Acesso em: 22 out. 2017.
47

improviso e que a sua preocupação se relaciona com o fato do integrante ser uma
pessoa hábil em técnicas de palhaço e que realize treinamentos regulares como
forma de planejar sua preparação, foi realizada uma terceira pergunta: “Então o
planejamento não é das ações, porque vocês trabalham no improviso, mas é um
planejamento das oficinas, de cursos, mais nesse sentido assim?”

Integrante M: Até porque a gente tem bastante, assim, eventos que a gente trabalha nas escolas, o
teatro nas escolas. A gente às vezes se reúne pra ver essas datas, como
vai fazer.
Integrante A: Pra organizar esse processo que a gente vai fazer nas escolas.
Integrante W: Até por que o evento nas escolas nós apresentamos uma peça. Então é algo pontual,
não é no improviso, são momentos que foram vividos dentro do hospital.
Mas a gente trabalha uma cena, uma cena que está escrita, mas a gente
tem um leve improviso nessas cenas. Então o que a gente apresenta nas
escolas é uma peça de teatro, não é a mesma linguagem especificamente
que a gente utiliza no hospital. Por que no hospital a gente não entra com
uma cena pronta, cada quarto é uma nova história, cada quarto quando
abre a porta surge a história. Então a gente não tem como entrar com uma
coisa pronta, por que a gente não sabe qual é a realidade, diferente desse
trabalho que a gente propõe nas escolas ou até nas comunidades carentes.
A gente vai pros interiores de Venâncio que são muito vastos levando a
arte, né, levando essa cultura.
Coordenadora: O que agente tem é um planejamento do ano, do semestre. A gente planeja as datas,
as duplas. Sábado que vem que é eu e o W, no outro sábado que é fulano e
beltrano. Então a gente tem esse planejamento de estrutura, do que vai
acontecer ao longo do semestre, quem vai que dia que vai.

Para complementar a investigação do planejamento, ainda foram feitas mais


duas perguntas. Primeiramente, se o planejamento dos dias e das duplas é feito
uma vez por ano ou por semestre, tendo como resposta por parte da coordenadora
que o mesmo é programado semestralmente. E quando indagados se possuíam
algum registro desse planejamento responderam. Integrante A: “Não como ata, a
gente faz a nossa agenda, bem informal, tanto que as duplas a gente, às vezes
acontece que agente troca, é que todos tem uma outra vida por trás, e as vezes
acontece final de semana de trocar. Mas assim nada com ata”. Integrante W: “E
nessa sistemática de vida moderna, a gente manda tudo por WhatsApp, o que foi
definido na reunião agente manda por WhatsApp para que todos lembrem e ta posto
já, agente lida dessa forma”.

Portanto, o planejamento do grupo ocorre para algumas ações maiores e


pontuais como as realizadas em escolas e a preocupação com as técnicas de clown
(técnicas de palhaço). Da mesma forma no estudo de Guedes et al (2014), sobre a
48

palhaçoterapia, que é um projeto de extensão destinado aos estudantes de saúde da


Univesridade Federal de Pernambuco, que busca a humanização no atendimento
hospitalar, planejou como meio para concretizar tal objetivo, a realização de oficinas
de iniciação em técnicas de clown. Ou seja, em todos esses projetos a questão da
humanização é a razão áurea do ser desses grupos de palhaços doutores.

Nessa etapa do grupo focal, voltando a atenção ao encontro dos alunos nas
escolas, sabendo que no hospital trabalham no improviso, o grupo realiza algum
encontro para decidir o que vai ser apresentado nas instituições de ensino?

Integrante W: Assim, nós já temos a peça desenhada, como ela acontece. Essa peça foi desenhada
já faz algum tempo e a gente vai aprimorando ela, modificando a cena. Faz
um ano que estamos com essa peça, foi no final do ano passado, e a gente
vai aprimorando nossa peça. Quando a gente inicia a apresentação, isso é
uma coisa que já tá desenhada. Desde a nossa entrada, já pintados, é
improviso. Antes de iniciar a peça a gente fica no improviso, pois já estamos
como palhaços e vamos interagindo com as pessoas. Então essa parte sim
é um improviso, mas depois disso, a peça, ela é desenhada, ela tem moldes
fixos e a gente dá uma leve mudada nela em cada interpretação, mas ela é
fixa.

E a peça foi montada pelo grupo. E ocorre algum tipo de modificação anual
motivada pelos fatores sociais externos?

Integrante W: Sim, e nessa lógica inspirada um pouco nos Doutores da Alegria, que tem uma roda
chamada Roda Bestereológica, que é exatamente isso. Eles pegam uns
recortes do que eles vivem no hospital e eles trazem para uma peça. Essas
cenas, elas não tem conexão umas com as outras e a gente se inspirando
nisso começamos a desenhar. Cada um propôs alguma cena, algumas
numa reunião, outras surgiram na hora.

E nesse caso, os registros que são anotados, também se restringem aos


nomes de quem vai atuar naquele final de semana? Coordenadora: “Isso”. E em
termos de conhecimentos de montagem, direção e roteirização, algum componente
do grupo Doutores P tem formação em teatro? Integrante W: “Não, bacharelado
nenhum de nós”.

A Figura 4, abaixo, mostra na imagem superior a montagem da peça teatral e


na imagem inferior o grupo em ação para uma turma de estudantes, o que lembra
Ghon (2001, 2010) ao abordar a educação em espaços não escolares.
49

Figura 4 - Grupo Doutores P atuando para estudantes.

Fonte: Da autora (2017).

Na Figura 4 é possível perceber a capacidade do grupo em produzir conceitos


e estruturas de maior complexidade. Observa-se ainda com mais clareza a função
exercida pelo grupo, em uma área muito importante, que é a da ludicidade.

Já no final século XVIII, época na qual o teatro e os palhaços há muito


existiam, as idéias de Rousseau e Pestalozzi salientavam a importância dos jogos e
das brincadeiras como instrumento de formação da criança, pois além de exercitar o
corpo, os sentidos e as aptidões também preparavam para a vida em comum e para
as relações sociais. Também, tais pensadores, sugeriam que o aluno não deveria
50

receber apenas lições verbais (comum na época) e sim, vivenciar experiências


concretas (Kishimoto, 2010).

Froebel, no final do século XVIII a meados do XIX, incorporou os jogos e as


brincadeiras como parte integrante da educação infantil desenvolvendo métodos
lúdicos para a educação, tornando-os um importante instrumento para promover a
educação para crianças. Pregava uma pedagogia de ação na qual a criança para se
desenvolver não deveria apenas olhar e escutar, mas agir e produzir (SILVA, 2006).

A interação do grupo teatral com os pacientes e alunos geram resultados


positivos. E isto fica evidenciado por Rizzi e Haydt (2004), para as quais a criança,
ao brincar e jogar, reproduz as suas vivências, transformando o real de acordo com
seus desejos e interesses; fazendo com que através do brinquedo e do jogo
expresse, assimile e construa a sua realidade. Durante as brincadeiras todos os
aspectos de vida da criança tornam-se temas de jogos e, sendo assim, tanto o
conteúdo a ser ensinado quanto o papel do adulto, especialmente do professor
devem ser cuidadosamente planejados para atender as reais necessidades da
criança.

E a função do simbolismo com o qual um grupo teatral trabalha é de grande


relevância. A questão do símbolo é explorada por Piaget (2009), para o qual tanto no
jogo quanto na brincadeira e no brinquedo a criança é capaz de relacionar as coisas
umas com as outras, e ao relacioná-las é que ela contrai o conhecimento. As
atividades lúdicas implicam em ações, que por consequência geram a cooperação e
estimulam a representação da realidade e dos fatos que envolvem a criança.
Vigotsky (2010) também compartilhava da mesma ideia:

Brincando e jogando a criança reproduz sua vivências, transformando o real de acordo com seus
desejos e interesses, por isso pode-se dizer que através do brinquedo e do
jogo a criança expressa, assimila e constrói a sua realidade (Vygotsky,
2010, p. 146).

A importância do grupo teatral também se evidencia nas ideias de Pedroza


(2005), que relaciona o desenvolvimento da criança com as brincadeiras:

Através da brincadeira, a criança, tem a oportunidade de experimentar novas formas de ação,


exercitá-las, ser criativas, imaginar situações e reproduzir momentos e
51

interações importantes de sua vida. O lúdico representa uma fonte de


conhecimento sobre o mundo e sobre si mesmo, contribuindo para o
desenvolvimento de recursos cognitivos e afetivos que favorecem o
raciocínio, tomada de decisões, soluções de problemas e o
desenvolvimento do potencial criativo (PEDROZA, 2005, P. 62).

E para finalizar a questão da mensagem lúdica observada surgiu durante a


realização do grupo focal uma nova pergunta que buscou estabelecer uma relação
entre o trabalho no hospital com aquele realizado nas escolas. Os integrantes foram
questionados se a mensagem que o grupo leva pra dentro do hospital é a mesma
que leva para as escolas.
Coordenadora: É a linguagem, é o teatro é arte que agente leva para aquele espaço como forma
curativa dentro do hospital né. E quando a gente leva para as escolas é a
arte que agente ta levando também pra escola de forma lúdica. Até mesmo
curativa, porque as pessoas saem de lá muitas vezes renovadas, felizes,
tristes, pensativas.
Integrante W: E a nossa lógica, é a da palhaçaria, sempre vai ser nesse embasamento da palhaçaria.
A gente sempre trabalha com dinâmicas sobre palhaçaria. A gente não
muda para outro tipo de arte, a gente é palhaço.
Integrante M: E a gente acredita nessa transformação da pessoa, aquilo que a gente apresenta a
gente consiga talvez transformar essa pessoa, de mudar o pensamento.
Alguma coisa a gente acredita que esta deixando para essas pessoas.

A partir das respostas ficou claro que a mensagem passada pelo grupo é a da
alegria, a linguagem da palhaçaria, que busca a desconstrução do ambiente
desfavorável do hospital, ou da escola, visando uma transformação do paciente, ou
até do aluno, ao modificar sua atitude de forma positiva. Segundo Matos (2009), o
cerne da construção do repertório do palhaço é o resultado de sua vivência e suas
experiências junto ao público. Ser palhaço é aliar um conhecimento técnico e criativo
com a espontaneidade gerada pelo meio e pelo público com o qual ele interage. E
ao longe de sua trajetória o artista vai acumulando um repertório ao qual vai abrindo
mão no momento de interação com o público.

E nesta etapa a que chegou o grupo focal o objetivo de pesquisa passou para
a investigação de fatores externos, ou seja, procurar por elementos de
planejamento, controle e avaliação realizados por terceiros, a fim de ver o quanto o
grupo está próximo dessa forma de sistematização e, sobretudo, o quanto se
aproxima da área pedagógica. Também busquei verificar o quão promissora poderia
52

vir a ser essa aproximação. Então foi perguntado se o planejamento do grupo é


supervisionado por alguém que não faça parte do grupo.

Integrante W: A E é a coordenadora do grupo, mas o nosso grupo é muito dinâmico. Então todos nós
temos voz, todos temos a mesma voz no grupo.
Integrante M: Até o J que está trabalhando em Porto Alegre no grupo de teatro, ele nos dá acessoria.
Integrante W: Nessa idéia de formação até sobre palhaço, existe pouca formação de palhaço no
mundo, existem pouquíssimas escolas no mundo. As maiores escolas de
palhaços são em Portugal e França. A linguagem do palhaço no contexto
histórico ela surge nos circos, de pai para filho. Geralmente tinha no circo o
pai palhaço que gera o filho palhaço. J é o que mais tem oficinas na área,
cursos sobre palhaçaria. A coordenadora também tem, eu tenho, as gurias
também já fizeram oficinas e a gente vai fazendo essa troca de informações.
Um troca o que aprendeu com o outro e agente vai crescendo dessa forma.
A formação não é tão assim excepcional pra gente, porque a gente
consegue fazer essa formação não tão puxada, não chega a ser um
bacharelado, mas não deixa de perder qualidade.
Integrante A: Como se fosse um curso, na verdade um aperfeiçoamento da pra dizer, não tem como
você ser formado naquilo, mas sempre aparecem experiências de outros
palhaços, oficinas com outras pessoas, que nada mais é a vivência, não tem
uma receita de bolo.

O que se observa pelas respostas é que o grupo possui um intercâmbio para


troca de experiências, busca de novos conhecimentos e técnicas de atuação que
irão agregar ao planejamento das peças, mas que não estão ligadas a uma
supervisão de atividades. E de forma complementar foi questionado ao grupo se
dentro do hospital, a equipe hospitalar supervisiona e dá dicas em relação às
práticas do grupo.

Coordenadora: Já teve um período em que eles estavam mais vivos dentro do grupo, mais
participativos, mas foi mais antigamente. A gente tinha uma equipe que era
composta pela L. A L até hoje em dia tem participado bastante ainda. Muito
eles me perguntam também, e nós perguntamos para o pessoal “E ai como
que ta?” Quando a gente precisa de alguma coisa deles também. A
psicóloga do hospital se dispôs sempre, principalmente a questão da
psicologia de dar um apoio. Como a gente passa por todo um processo
dentro do hospital, por toda uma situação, se precisar tem esse apoio
psicológico dela quanto ao nosso trabalho se a gente precisar. Então ela
sempre está bem disposta se agente precisar de alguma coisa. Já participou
de reuniões com a gente.
Integrante W: A minha seleção foi diferente, ela foi feita dentro do hospital. Eu fui selecionado dentro
do hospital. Então a junta médica, todos esses parceiros que estavam ali
com a gente, participaram tiveram voto também. Mas assim, na lógica que
eu iria falar antes, o grupo era novo, era mais novo ainda. Como o hospital
já conhece o nosso trabalho e sabe da nossa ética, o hospital atualmente
não interfere mais diretamente no nosso trabalho. Eles já sabem como a
gente se propõe, e que dá certo, então atualmente a gente tem uma
liberdade bem grande dentro do hospital. A gente sabe o que pode e o que
não pode. Até por ter esse contato mais aprofundado com o hospital no
início.
53

Coordenadora: Parece que a gente criou uma maturidade. A eles cresceram, a gente confia no
trabalho de vocês. Quando acontece alguma coisa. A gente esteve numa
reunião do Coren que tem que cuidar tal coisa. Quanto à ética no hospital
que estava acontecendo, que eles mesmo do hospital foi chamado a
atenção. Tirar foto com os funcionários por exemplo. Então o Coren pediu
para que não tirasse mais fotos com os funcionários do hospital, até
conseguirem uma forma legal de poder acontecer isso, suspende por
enquanto. Estamos trabalhando para que possa a vir, porque os
funcionários gostam.

Aqui se constata uma interação mais elaborada do grupo com um profissional


da área da saúde, que no caso é da psicologia, mas caso o hospital dispusesse de
profissional em Pedagogia, possivelmente também seria com essa. Isso vem a
suscitar que o embasamento desses dois questionamentos está tanto na Pedagogia
Hospitalar quanto na relação entre Pedagogia e palhaços.

A Pedagogia Hospitalar é o resultado das novas demandas sociais, de uma


sociedade que cresceu e se transformou buscando por igualdade social, por
igualdade de condições que se realizam quando atendem às reais necessidades da
população (MATTOS; MUGIATTI, 2007). A área de trabalho para a pedagogia, ao
contrário do que pensam muitos, é muito ampla e vem crescendo de forma
exponencial nos últimos anos. Entre as áreas mais promissoras para a atuação do
pedagogo se encontra a área hospitalar onde o profissional tem a oportunidade de
trabalhar com crianças e jovens, em idade escolar, internados e desenvolver
atividades pedagógicas que acompanhem o ritmo da vida escolar, reduzindo o
prejuízo de aprendizado em função da estadia no hospital (MATTOS; MUGIATTI,
2007).

E um dos aparatos utilizados pelos profissionais da Pedagogia que atuam em


hospitais é a figura palhaço. No estudo de Caires e Masetti (2005) foi criado um
espaço no hospital estruturado para os profissionais da saúde que por meio de
oficinas sobre o trabalho do palhaço em contexto hospitalar buscaram desenvolver
condutas que não foram exploradas durante a educação formal desses profissionais.
Foram abordados os seguintes aspectos:

(i) a experiência de quem aprende como o principal recurso de formação;


(ii) o corpo e os afetos como lugares estruturantes do aprendizado e da construção de conhecimento;
(iii) as perguntas como mais importantes do que as soluções;
54

(iv) a ambiguidade, o erro e a confusão como elementos do processo de aprendizagem (CAIRES;


MASETTI, 2005, p. 50).

Santos (2013) acredita que a interação com o palhaço proporciona à criança


um fortalecimento de outras características que não seja apenas a aprendizagem de
conteúdos, tais como, o desenvolvimento da cognitividade, do caráter, da vida social
e da autonomia como cidadão ético e humanista. E essa relação com o palhaço é
tão importante para a Educação que a Faculdade de Educação (FE) da USP
realizou, entre os dias 21 e 23 de outubro de 2015, o 1° Encontro Circo, Arte e
Educação para uma Pedagogia do Palhaço. Foram três dias de debates, oficinas,
apresentações de pesquisas que reuniram atores, pedagogos e pedagogos
circenses entre outros profissionais, alunos e simpatizantes (FACULDADE DE
EDUCAÇÃO - USP, 2015).

4.3 A relação do grupo voluntariado com as ações pedagógicas

Nessa etapa final é analisado se o integrante da trupe teatral possui alguma


compreensão do significado das ações pedagógicas desenvolvidas em espaços não
escolares, e o que ele entende que sejam essas ações. Esse processo investigativo
se iniciou ainda no momento de desfecho do segundo grupo focal por meio de dois
questionamentos. Primeiramente como o grupo se define, um grupo de teatro ou um
grupo que promove ações voluntárias. Estas foram as respostas:

Coordenadora: Um grupo de teatro que faz uma ação voluntária dentro de um hospital.
Integrante W: O trabalho voluntário é apenas a forma que a gente optou para levar o nosso trabalho,
não é um trabalho voluntário é um trabalho de teatro, que vai muito além
que um serviço voluntário, que se reúne apenas para fazer alguma coisa
sem muito critério. No nosso grupo existe critério, existe estudo, existe muito
embasamento.
Coordenadora: É teatro.

Nas respostas os integrantes salientaram que a existência do grupo extrapola


a questão do voluntariado, e estes se identificam primeiramente com o palhaço, com
o prazer da atuação que aí sim, lhes dá base para o exercício de outras atividades,
sejam elas nos hospitais, em escolas ou na comunidade.
55

E para confirmar o que foi dito, foi realizado um segundo questionamento: se


o que surgiu antes foi a ação que existe dentro do hospital, que é uma ação
voluntária, que foi o primeiro passo para o grupo ou o grupo de teatro. O
esclarecimento foi dado pela coordenadora do grupo.

Coordenadora: Na verdade o que surgiu primeiro, vou contar a história que eu conheço. Existiam três
participantes e eles tinham um grupo de teatro que era na Casa de Cultura
aqui de Venâncio Aires, do museu, aliás, do museu, e ai o hospital entrou
em contato com eles para fazerem um trabalho de CIPA dentro do hospital.
Só que foi um negócio que deu tão certo que o pessoal do hospital queria
que eles continuassem. Aí que foi organizado todo o projeto. Era um grupo
de teatro que não existe mais e dali surgiu os Doutores P, que é o grupo de
teatro de hoje em dia. É uma trupe, na verdade, de palhaços que faz esse
trabalho no hospital.

Após a realização do grupo focal e como última atividade, os participantes


foram convidados a escolherem, cada um, uma foto dentre as várias fotos que o
grupo possui de suas atuações e interações com o público. Após lhes foi dito para
levarem essa foto consigo e responderem: Por que a escolha dessa fotografia? O
trabalho desenvolvido pelos Doutores P Multiplicadores da alegria é uma ação
pedagógica?

As fotos se encontram no Apêndice D e a íntegra das respostas no Apêndice


E. Abaixo seguem trechos do que os Doutores P responderam:

Integrante W: Acredito que essa foto seja um exemplo de ação pedagógica por entender seu conceito
teleológico enquanto ação que visa a um fim através de meios menores, ao
que me proponho, o pouco que levo é capaz de subverter a realidade de
quem se aproxima, mesmo face às duas figuras tão ambivalentes, o médico
e o palhaço, desse encontro, há uma troca, cada um saindo dele um pouco
mais completo.
Integrante M: Escolhi essa foto por ser o momento em que levamos o teatro para as escolas.
Proporcionar momentos de cultura e junto o trabalho que realizamos dentro
do hospital para as escolas do interior, nada mais é que um momento
pedagógico. Espaço em que crianças do interior que não tem acesso ao
teatro, possam contar com um momento de alegria e aprendizado, levado
de maneira lúdica.
Integrante R: Escolhi essa foto, pois foi um convite da escola, nos proporcionando uma linda
oportunidade de explanar sobre nosso trabalho. Uma maneira da
comunidade escolar nos conhecer mais, como palhaços de hospital, e
também como grupo de teatro.
Coordenadora: A fotografia escolhida fala do encontro com o ser lúdico que é o palhaço. É através do
jogo entre palhaço e paciente que as relações se estabelecem, podendo
serem encontros de olhares, sorrisos, encontros tristes e encontros felizes.
Porém, sempre há uma relação estabelecida e algo sempre fica deste jogo
lúdico.
56

Da mesma forma como foi aqui informado, no estudo de Guimarães e Araújo


(2009), os Doutores Palhaços entendem que as suas ações incitam a uma
desestruturação do ambiente formal do hospital, o que desloca as interações entre
todos que ali se encontram para um patamar mais leve e descontraído. Percebe-se
que em ambos os estudos os Doutores Palhaços tem uma dificuldade em avaliar os
efeitos de suas intervenções, assim como o de estabelecer uma planificação mais
complexa de suas atividades.

Enquanto que a pedagogia se ocupa da educação intencional e do ato


pedagógico que implica em planejar, seguir caminhos e metas, revendo seus
resultados (LIBÂNEO, 2013), os Doutores P tem no improviso, nas suas habilidades
circenses a sua linha de atuação.
57

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O jogo e a brincadeira é para a criança a


coisa mais importante da vida.

(Jacquim, 1963, p. 7)

É com essa frase dos anos sessenta, mas tão atual, de Guy Jacquim que
inicio a apresentação das ideias que esse estudo me suscitou. Aliás, ao lado dessa
trupe de pessoas maravilhosas foi um estudo que me proporcionou momentos de
muita alegria e até, arrisco afirmar, de um reencontro comigo mesma. O palhaço é
aquele que com sua máscara derruba as máscaras da pessoa, libertando o ser
escondido por trás dos padrões sociais, dos medos, das angústias e dos
estereótipos. É o inusitado, o incoerente, que "senti na pele", que vivenciei com os
Doutores P Multiplicadores da Alegria capaz de libertar o ser para que este possa se
deslocar e ver as coisas de um modo, de um ângulo diferente. Nem sempre o jeito
como fazemos as coisas, "o meu jeito", é o único jeito de se fazê-las. Por isso, me
permito categoricamente afirmar que, primeiramente, em termos dos objetivos
propostos é possível afirmar que os mesmos foram satisfatoriamente cumpridos. E
também posso especular que uma parceria desse grupo teatral com profissionais da
Pedagogia, seja no hospital, seja na escola, viria a ser algo muito promissor em
termos de ações educacionais.

Motivada pelas disciplinas cursadas em aula e também por uma curiosidade


natural desenvolvida ao longo de meu período como profissional atuante na área da
saúde surgiu o problema central, e objetivo geral do presente estudo, que foi
58

compreender e analisar em que medida práticas promovidas por um grupo de


voluntários se manifestam como ações pedagógicas em espaços não escolares.
Para auxiliar a responder o problema de pesquisa, decompondo a questão central,
compus alguns objetivos específicos que aprofundaram os processos a serem
analisados: a) investigar o que são ações pedagógicas; b) compreender as
diferenças conceituais entre educação formal, não formal e informal, dando destaque
ao espaço não escolar e c) investigar o que um grupo de voluntariado compreende
por o que sejam ações pedagógicas desenvolvidas em espaços não escolares.

Para o primeiro objetivo específico as leituras de autores como Paulo Freire


(1977, 2010, 2011, 2012 e 2016), Libâneo (2013), Ghiraldelli Jr. (2014) auxiliaram a
compreender que uma ação para ser considerada como pedagógica deve ser guiada
pela intencionalidade educativa. Deve haver um propósito de difundir, de disseminar
conhecimento de forma que o receptor (criança, adolescente, adulto, idoso) assimile
esse conhecimento, e da mesma forma não pode ser qualquer conhecimento,
qualquer coisa, mas informações validadas como conhecimento e que tem como
suporte, como guia, um planejamento e uma coordenação dessas ações. E é claro
que sem uma avaliação dos resultados, sem um retorno que mostre se a direção e
os caminhos tomados estão alcançando as metas traçadas a ação educacional
perde seu significado pedagógico.

E para o segundo objetivo a leitura obrigatória foi Maria da Glória Gohn (2001,
2006 e 2010), que sempre esteve envolvida com o estudo dos movimentos sociais e
por isso é uma entusiasta do meio não formal de educação. Mas antes é preciso
saber que os tipos de educação, formal, não formal e informal, existem
primeiramente em função do local, do espaço social onde ocorrem, que conferem as
características próprias de cada um desses três estilos. A educação formal é aquela
que ocorre basicamente no espaço escolar e outros espaços oficializados pela
educação governamental, e por isso, possui currículo, protocolos e procedimentos
pré estabelecidos. Já a educação informal é aquela que assimilamos no convívio
com a família, com os amigos, na utilização das redes sociais, da Internet, em
bibliotecas, etc. Já a educação não formal é muito promissora em função das inter-
relações econômicas, sociais e políticas que vivenciamos na atualidade. É
59

basicamente fundamentada em três aspectos: ocorre em espaços não formais como


associações e centros comunitários, cursos profissionalizantes, ONGs, e entidades
da sociedade civil, etc. Ali o professor não precisa ser uma pessoa com uma
formação específica para ensinar, mas é na maioria das vezes alguém que domina
aquela área de conhecimento, e que tem informações e experiências para
compartilhar. Apesar de possuir planejamento e objetivos o currículo da mesma
forma é passível de alterações e modificações de acordo com o ambiente em que se
encontra. Ele pode ser alterado com a inclusão de uma nova técnica, novos métodos
de maneira muito mais ágil do que um currículo formal que depende de avaliações e
autorizações de diferentes níveis hierárquicos de governos e direções.

E antes de me retratar ao terceiro objetivo específico do trabalho, que é o


cerne de toda a busca realizada em campo, faço um adendo para comentar sobre
algo relevante ao curso de pedagogia que observei. Para analisar os dados colhidos
nas reuniões, grupos focais e observações, necessitei de leituras, principalmente de
artigos que realizaram pesquisas semelhantes com grupos de palhaços doutores. E
ao pesquisar comecei a perceber o quanto essa área, esse espaço educacional da
sociedade em hospitais e escolas quando relacionados à figura do palhaço tende a
ser promissor para a Pedagogia. Não realizei uma busca extensiva em bases de
dados e nem uma contagem estatística, mas a maioria dos artigos, monografias, e
dissertações encontradas eram de autoria de alunos e profissionais da área da
saúde como Psicologia, Enfermagem, Medicina, Fisioterapia e Educação Física. E
isso mostra o potencial a ser explorado pela Pedagogia que é quem, creio eu, mais
possua as bases de conhecimento e treinamento em processos educativos em
métodos e maneiras de ensinar. E este potencial não explorado é fato, pois em caso
contrário não teria ocorrido em 2015 o 1° Encontro Circo, Arte e Educação para uma
Pedagogia do Palhaço organizado pela Faculdade de Educação da Universidade de
São paulo - USP. E que não foi uma noite ou um dia com palestrantes, mas foram
três dias com debates, exposições e oficinas. Ou melhor ainda, se este não fosse
um campo promissor não haveria a pedagogia hospitalar, isso sem falar em um
termo novo que encontrei que foi pedagoga circense.
60

Agora, para responder o terceiro objetivo específico proposto foi realizada a


pesquisa de campo. Após muito observá-los em ação no hospital, na escola e na
reunião de planejamento, e muitos questionamentos nos grupos focais que
buscaram esmiuçar a existência dos pré-requisitos que configuram a ação
pedagógica se percebeu que eles pouco sabem, que possuem pouco conhecimento
sobre essa construção pedagógica, mesmo porque, como salientaram várias vezes
não ser esse o seu foco.

Os palhaços doutores estão mais relacionados com ações lúdicas do que


propriamente com as funções pedagógicas, de uma preocupação pedagógica, de
um compromisso pedagógico para com o aluno ou paciente. Por exemplo, é possível
fazermos um comparativo com as pessoas que possuem conhecimentos,
habilidades e experiências vividas. Elas podem repassá-las adiante por meio de um
ato educativo, através da comunicação e experimentação voltada à terceiros, a
outras pessoas, mas isto não significa que este seja um ato planejado, controlado,
definido por um processo central, com padrões para serem reproduzidos nos mais
diversos ambientes e que se preocupe em avaliar seus resultados e consequencias.
Em todos os projetos de palhaçoterapia pesquisados, assim como no grupo
Doutores P Multiplicadores da Alegria a questão da humanização é a razão áurea do
ser desses grupos de palhaços doutores, o que não deixa de ser um ato educativo.
As respostas, os achados da pesquisa deixaram claro que a mensagem passada
pelo grupo é a da alegria, a linguagem da palhaçaria, que busca a desconstrução do
ambiente desfavorável do hospital visando uma transformação do paciente, ou até
do aluno, ao modificar sua atitude de forma positiva.

E chegando ao cerne do estudo com a pergunta central que questiona em


qual medida as práticas promovidas pelo grupo de voluntários Doutores P
Multiplicadores da Alegria se manifestam como ações pedagógicas em espaços não
escolares, tem-se a resposta de que o grupo não atende aos requisitos para que
suas ações se manifestem como ações pedagógicas. A própria reunião de
planejamento já mostrava um clima e um desenrolar de atividades muito
61

diferenciadas de uma reunião de planejamento de aulas dentro dos requisitos da


prática pedagógica.

O grupo trabalha com o improviso e o seu planejamento é a preocupação de


primeiramente manter uma agenda em papel com as datas que cada dupla vai se
apresentar no hospital e em segundo lugar com o fato do integrante ser uma pessoa
hábil em técnicas de palhaço, que realize treinamentos e oficinas regulares como
forma de planejar sua preparação. Portanto, o planejamento não é das ações, já que
trabalham no improviso, mas é um planejamento das oficinas, de cursos, e outros
nesse sentido.

Os doutores podem não agir diretamente como uma ação educativa, mas são
componentes desta. O trabalho de palhaço já é estudado e aplicado pelos
profissionais em instituições de saúde e escolas. A alegria que o palhaço transmite
compõe um subsídio educacional, principalmente em se tratando de Pedagogia
Hospitalar. Assim como Snyders, Freire, Padilha e Gadotti disseram que a alegria no
ambiente escolar é um dos pilares do aprendizado também o palhaço pode ser
considerado como um promotor indireto da educação, pois dissemina alegria para as
crianças, seja no hospital, na escola, ou nos ambientes não formais do cotidiano.

Como os integrantes do grupo fazem isso porque gostam e porque se sentem


recompensados, isto representa uma possibilidade para ações pedagógicas
apoiadas por profissionais da pedagogia. Foi observado que o grupo possui muito a
oferecer e que seus integrantes detém potencialidades a serem exploradas. A
realização de parcerias com ONGs que possuem apoio financeiro sucinta a
realização de atividades mais elaboradas e com a incorporação de objetivos
pedagógicos, como por exemplo, assuntos atuais como a educação para o trânsito,
a preservação ambiental, o respeito aos direitos humanos, entre muitos.
62
63

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71

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO VOLUNTÁRIO DA


PESQUISA

Eu,.........................................................................................................................,
portador do CPF:............................................, voluntário do
grupo.............................................................................. aceito, pelo presente Termo,
participar de entrevista/grupo focal para o trabalho com o titulo provisório “Espaços
não Escolares: Em que medida práticas promovidas por um grupo de voluntários se
manifestam como ações pedagógicas?” da acadêmica/estudante do Curso de
graduação em Pedagogia do Centro Universitário UNIVATES, de Lajeado/RS,
Pauline Dahmer, orientada pela professora Dra. Danise Vivian, que tem por objetivo
Analisar em que medida praticas promovidas por um grupo de voluntários se
manifestam como ações pedagógicas em espaços não escolares?

Pelo presente Termo fico ciente que:

1. A pesquisa poderá solicitar registros fotográficos de minha própria autoria,


garantido o sigilo da minha identidade se assim o desejar.
2. A geração de informações será feita por meio de entrevista semi estruturada e
grupo focal e autorizo a gravação da mesma para possível transcrição desta
para a pesquisa referida aluna supra citada;
3. Posso pedir esclarecimentos sobre quaisquer aspectos da pesquisa antes e
durante o seu desenvolvimento;
4. Posso abandonar a entrevista e/ou grupo focal antes e durante o seu curso, sem
quaisquer prejuízos para mim;
5. É-me garantido o sigilo quanto à origem das informações, não podendo ser
revelada a minha identidade,a não ser que eu o queira e registre esse desejo
quando da assinatura deste documento;
6. As informações coletadas serão interpretadas e gerarão uma parte do Trabalho de
Conclusão de Curso da acadêmica Pauline Dahmer, cujo resultado será
apresentado no mês de dezembro/2017, garantindo-me o sigilo da fonte das
informações;
7. Caso a atividade/trabalho, após sua apresentação/defesa em aula/evento, seja
enviada para a Biblioteca da UNIVATES, este Termo não a acompanhará.
Ficará como apêndice da atividade uma cópia em branco deste Termo;
8. Frente a qualquer dúvida, estão à disposição para esclarecimentos a professora
orientadora: Dra. Danise Vivian pelo e-mail dvivian@univates.br e a acadêmica:
Pauline Dahmer pelo telefone (51) 992416878, ou pelo e-mail
paulinedahmer@universo.univates.br
72

Assim, este Termo será expedido em duas vias, sendo uma via da acadêmica
para inserção na atividade/trabalho de pesquisa e outra do entrevistado.

..................................,....... de ..........................................de 2017.

Acadêmica/estudante Entrevistado
73

APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre Informado para Representante do


Grupo: Idealizadora

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE INFORMADO PARA REPRESENTANTE


DO GRUPO: IDEALIZADORA

Eu, , aceito
participar de uma entrevista a ser desenvolvida pela aluna Pauline Dahmer, através
do Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Pedagogia do Centro Universitário
UNIVATES – Lajeado/RS. Orientada pela professora Dra. Danise Vivian. Esse
trabalho tem como objetivo analisar o que faz a criança sentir-se pertencente ao
espaço escolar da Educação Infantil.
Fui esclarecido (a) de que a pesquisa poderá se utilizar de observações e
gravações de voz, a fim de contribuir no campo educacional. As informações obtidas
nesta pesquisa terão o propósito único de pesquisa, respeitando-se as normas
éticas quanto ao seu uso e ao sigilo nominal, e identidades, assegurando o sigilo das
informações adquiridas.
Assim, este Termo será expedido em duas vias, sendo uma via da acadêmica
para inserção na atividade/trabalho de aula e outra do entrevistado.

....................................................../RS, .................de........................de 2017.

Nome do entrevistado:
CPF

Acadêmica: Pauline Dahmer


CPF
74

APÊNDICE C - Roteiro de entrevista com a idealizadora do grupo de voluntariado

ENTREVISTA COM A IDEALIZADORA

Nome:

1) Como o grupo “Multiplicadores P da alegria” se constituiu?


2) A origem do nome do grupo?
3) Há quantos anos praticam esse trabalho voluntário?
4) Atualmente o grupo é composto por quantos integrantes?
5) Aonde são desenvolvidas as ações do grupo?
6) Quem é esse voluntário que hoje participa dessa prática?
7) As reuniões de planejamento para a promoção dessas ações ocorrem em
qual periodicidade?
8) Como a pessoa que tem interesse em participar do grupo é selecionada?

Realizarei os registros da entrevista com o auxilio de um gravador de voz,


dessa maneira conseguirei reproduzir com mais precisão as respostas.
75

APÊNDICE D - Fotografias escolhidas pelos integrantes do grupo


76
77
78

APÊNDICE D - Respostas dadas pelos integrantes do grupo em função da foto


escolhida

"Acredito que essa foto seja um exemplo de ação pedagógica por entender seu
conceito teleológico enquanto ação que visa a um fim através de meios menores, ao
que me proponho, o pouco que levo é capaz de subverter a realidade de quem se
aproxima, mesmo face às duas figuras tão ambivalentes, o médico e o palhaço,
desse encontro, há uma troca, cada um saindo dele um pouco mais completo".

"Escolhi essa foto por ser o momento em que levamos o Teatro para as escolas...
proporcionar momentos de Cultura e junto o trabalho que realizamos dentro do
hospital para as escolas do interior, nada mais é que um momento pedagógico.
Espaço em que crianças do interior que não tem acesso ao teatro, possam contar
com um momento de alegria e aprendizado, levado de maneira lúdica".

"Adoro essa foto, por ser um momento em que todas crianças e adultos vivenciam e
compartilham da alegria mesmo nos corredores do hospital".

"Escolhi essa foto, pois foi um convite da Escola, nos proporcionando uma linda
oportunidade de explanar sobre nosso trabalho. Uma maneira da comunidade
escolar nos conhecer mais, como palhaços de hospital, e também como Grupo de
Teatro".

"Para mim esse foi um momento importante para o grupo, uma vez que no Roda
Artística foi numa intervenção com os alunos do curso de Pedagogia da UNIVATES,
em ambiente acadêmico, a convite da professora. Isto nos mostra a importância de
79

nosso trabalho e de como abrange, direta ou indiretamente, outros municípios.


Quanto a serem consideradas ações pedagógicas. Acredito que todas as nossas
ações, de alguma forma, em algum momento, são ações pedagógicas, uma vez que
a sempre interação, troca de possibilidades, tanto como o corpo de enfermagem,
médicos e pacientes, como também com a platéia nas Rodas Artísticas, ou mesmo
público em alguma outra intervenção. O processo de ensino-aprendizagem é
constante e, para nós da trupe, crescente.

COORDENADORA

"A fotografia escolhida fala do encontro com o ser lúdico que é o palhaço... é através
do jogo entre palhaço e paciente que as relações se estabelecem, podendo serem
encontros de olhares, sorrisos, encontros tristes e encontros felizes, porém sempre
há uma relação estabelecida e algo sempre fica deste jogo lúdico.

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