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EDUCANDO PARA A IGUALDADE: COMBATENDO A CIGANOFOBIA NO

ESTADO DA BAHIA

Elaine Pereira 1
Patrícia Cristina de Aragão 2

Resumo:

Neste artigo, cujo lócus é o estado da Bahia, no período dos últimos anos, estuda-se casos
relatados em sites jornalísticos, de extrema violência cometida contra pessoas da comunidade
cigana fixada em diversos municípios, culminando em execuções de vários homens jovens,
em uma caçada humana a seus membros, dentre outras violações graves de inúmeros direitos.
Objetivou-se observar o racismo estrutural e o racismo institucional da Polícia Militar por trás
destas violações de direitos, voltado à esta população, o chamado anticiganismo e, seu
extremo, a ciganofobia. Assim, a partir desta análise, refletir sobre alternativas capazes de
evitar novas violações de Direitos Humanos, seja através da Educação em Direitos Humanos,
seja em campanhas públicas educativas antirracistas para com o povo cigano, somadas e
acompanhadas de outras ações governamentais.

Foi escolhida a abordagem qualitativa, documental e bibliográfica, com aporte de


historiadores, do jurista Almeida (2019), bem como de reportagens de sites de notícias,
datando de julho de 2021 a janeiro de 2023. O conteúdo dos textos jornalísticos virtuais foi
selecionado e analisado para fundamentar as reflexões feitas ainda respaldando-se na
legislação brasileira e na Declaração Internacional de Direitos Humanos vigente.

O estudo foi concluído com um artigo a ser publicado. Acredita-se que, assim como o racismo
foi incutido ou aprendido, o antirracismo e a aceitação da igualdade também podem ser
ensinados. É premente a ação através de medidas de combate às violações dos direitos
fundamentais e dos Direitos Humanos desta população tradicional, visando a promoção da
justiça social e da paz na região onde grande contingente do povo Romani estabeleceu
residência.

Concorda-se com Almeida quando diz que o racismo é inerente à ordem social que vige em
nossa sociedade e de que [...] a única forma de uma instituição combatê-lo é por meio da

1
 Especialista em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: elaine8hill@gmail.com
2
Doutora em Educação, Universidade Estadual da Paraíba. E-mail: patriciaaragao@servidor.uepb.edu.br
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ANAIS DO III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO
VOLUME 2, 2023, CEEINTER. ISSN: 2965-0666
implementação de práticas antirracistas efetivas. É dever de uma instituição que realmente se
preocupe com a questão racial investir na adoção de políticas internas que visem o fim dos
preconceitos (ALMEIDA, 2019, p.32-33).

Portanto, acredita-se que não bastam punições às violações de direitos e crimes cometidos. É
preciso avançar propondo à população também formas de conviver melhor com o povo
romani da região que vem resistindo e buscando se fixar e viver ali.

Espera-se que as análises e reflexões do artigo possam adicionar elementos para o respeito aos
Direitos Humanos, bem como aos Direitos Fundamentais da nossa Constituição Federal ao
povo cigano, ou romani, não apenas na Bahia. Não se pode calar à omissão da
responsabilização do Estado cujo compromisso é para com todos/as/es brasileiros/as/es.

Palavras-chave: Direitos Humanos; Ciganofobia; Anticiganismo; Racismo; Educação.


REFERÊNCIAS

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