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Zoroastro
Por volta de 700 a.C. teria nascido numa vila nas estepes da Ásia Central, atual Irã,
perto do Mar de Arai, um menino. Seus pais decidiram dar-lhe o nome de Zaratustra (ou
Zoroastro, versão grega de seu nome, como é mais conhecido). Ao nascer, segundo a tradi-
ção, Zoroastro não teria chorado, pelo contrário, teria rido sonoramente.
Na vila, entretanto, havia um sacerdote que teria percebido de imediato, que aquela
criança era distinta e, portanto, poderia vir a se tornar uma ameaça a aqueles que domi -
navam as crenças do povo. Dessa forma, ele, então, decidiu reagir e procurou Pourushas-
pa, o pai de Zoroastro, afirmando que seu filho era um mau presságio para sua vila porque
havia rido ao nascer e que, além disso, que ele teria em si um demônio. Tal sacerdote en-
tão teria ordenado a Pourushaspa a matar seu filho 1 ou os deuses iriam destruir suas cria-
ções e plantações.
* Este link abrirá a postagem no Dos Alicerces, onde a fonte original poderá ser consultada.
1 Aqui não se poderia deixar de mencionar a alusão à outra alegoria empregada pela Tradição Maçônica, o
sacrifício de Isaac por seu pai Abraão pelo mesmo motivo: oferecer sua progênie em sacrifício para apla-
car uma demanda divina.
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Pourushaspa não queria ferir seu filho, mas o sacerdote insistiu e impôs uma prova.
Na manhã seguinte, Pourushaspa faria uma grande fogueira colocando Zoroastro no meio
do fogo, mas a criança acabaria por não sofrer dano algum.
O sacerdote então demandou que Zoroastro fosse levado para um vale estreito e co-
locado no caminho de uma manada de mil cabeças de gado, a fim de ser pisoteado. O pri-
meiro boi da manada percebeu a criança e ficou parado sobre ela, protegendo-a, enquanto
o resto passava ao seu lado, e a criança novamente não teria sofrido dano algum.
Zoroastro por fim teria sido colocado na toca de uma loba que, ao invés de devorá-
lo, cuidou dele até que Dugdav, sua mãe, viesse buscá-lo. Diante de tantos prodígios o sa -
cerdote ficou humilhado e exilou-se da vila.
A partir de então vivendo uma vida voltada para a meditação Zoroastro passou a vi -
ver isolado, habitando no alto de uma montanha, em cavernas sagradas 2. Já com a idade
de trinta anos recebeu a revelação divina por meio de visões.
Assim, Zoroastro começou a missão de divulgar as suas ideias. Entretanto, ele en-
controu dificuldade para converter as pessoas à sua nova fé que diferia em muito daque-
las então praticadas. Aos 40 anos, Zoroastro conseguiria converter o rei Vishtaspa, que o
passaria a respeitá-lo e ouvi-lo após ter sido o único, entre todos do reino, a conseguir cu-
rar o seu corcel que tinha sido envenenado, tornando-se um fervoroso seguidor.
Dessa forma, Zoroastro iniciou a difusão de seus ensinamentos que pretendiam, de
maneira geral, reformar e sistematizar o antigo e tradicional politeísmo persa, dando-lhe
uma base ética e moral. Além disso, Zoroastro buscava a reforma das condições sociais
que prevaleciam na época. Assim sendo, denunciou a desorganização do nomadismo e lu-
tou pela fixação do homem a terra, introduzindo a prática da agricultura e outras técni-
cas.
A religião que Zoroastro pregou espalhou-se por todo atual Irã e por outros países, e
influenciou o desenvolvimento posterior do Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo. Se-
gundo a tradição, Zoroastro teria morrido aos 77 anos assassinado 3 enquanto rezava no
templo, diante do fogo sagrado.
2 Para certos povos da Antiguidade, as cavernas eram os mais altos Templos, pois seriam habitações “eri -
gidas” de forma natural, ou seja, pela arquitetação Divina.
3 Aqui uma similitude mais pungente com a Tradição Maçônica, especificamente com a própria Lenda do
Assassinado de Hiram Abiff. Tanto Hiram quanto Zoroastro teriam sido assassinado por traição de seus
pares em um Templo.
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Do zênite ao nadir
O prolifico escritor maçom J.M. Ragon afirma que “A Maçonaria é como a fé de Zoro-
astro” reforçando ainda mais os encontros entre Zoroastro e a Tradição Maçônica, e dis-
correndo ainda mais:
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Outras alusões dão conta que o Meio-Dia é à hora em que o Sol se encontra no zêni-
te, no pico de sua elevação, antes de desbancar para o poente. Simbolicamente, a hora em
que começam os trabalhos na Oficina Maçônica. Outra, é que a contagem temporal entre
determinados povos antigos era diferente, onde o dia era dividido em 2 partes de 12 horas
cada e se iniciaria na noite do dia anterior, assim o Meio-Dia seria equivalente às 6 horas,
ou seja, ou trabalhos maçônicos se dariam nas 12 horas as quais o sol opera. Tal medição
de tempo teria sido posteriormente adotada pelas agremiações de pedreiros na Idade Mé-
dia.
Com efeito, nos tempos antigos, quando as artes e ciências não possuíam um caráter
laico e estavam intimamente (chegando a confundir-se) associadas às escolas de mistérios
e religiões, a astrologia/astronomia foi elemento preponderante para os primitivos Ma -
çons Operativos.
As primeiras construções quais não possuíam apenas função de abrigo/defesa eram
destinadas a prática religiosa que por sua vês estavam imbricadas de fatores astronômico-
astrológicos. Afinal, os astros eram a única forma de medir o tempo, e a mediação do tem-
po era essencial à perpetuação da humanidade, principalmente em tempos longevos
quando o ambiente era hostil em relação a ainda frágil cultura humana.
Dada a importância da mecânica celeste para os antigos construtores, o Sol como
maior luminar do firmamento e regente das estações certamente assumiria papel central
entre estes. O Sol passava a figurar como o maior símbolo da Lei Divina, afinal, era o mo-
triz do firmamento e das evoluções do tempo. Os antigos iniciados passaram a decodificar
o comportamento dos astros em princípios para o comportamento humano, e Zoroastro
em suas meditações encontrava-se dentre tal grupo.
A altíssima morada
4 Para a melhor análise do tema, demandou-se uma tradução do texto zoroastriano denominado “Os Ga-
thas”, cuja tradução e adaptação integral encontram-se apensada a este trabalho.
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Essa compreensão que os céus eram a morada do divino por vezes era tanto meta-
fórica quanto literal, o que voltava parte dos estudos iniciáticos a observação (e registro)
do firmamento, e esse fato permeia a obra de Zoroastro6:
Neste verso fica a interpretação que a contemplação das evoluções do sol e da terra
permite a seu observador conclusões morais, como o respeito aos ensinamentos sagrados,
ao meio ambiente e as pessoas honradas.
5 Outra paridade entre as Tradições Maçônicas e Zoroastrianas, Zoroastro, assim como os Maçons, tam-
bém operava em uma fraternidade ou irmandade, denominada “A Irmandade dos Magos” ou “A Assem-
bleia dos Magos”. O termo “Mago” ou “Magi” (plural do termo persa magus, significando tanto “ima -
gem” quanto “[homem] sábio”, do verbo cuja raiz é meh, “grande”) é um termo usado desde o século IV
a.C. para denotar um seguidor de Zoroastro. O termo ainda denominaria um seguidor do que a civiliza-
ção helenista associava com o Zoroastro, o que, em suma, era a habilidade de ler as estrelas e manipular
o destino que elas previam.
6 Que como citado anteriormente era iniciado e iniciador na astronomia, além disso, outra evidência está
na forte associação dos seus seguidores (os magos) com a observação celeste.
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Outra alusão usualmente empregada pelas Tradições Maçônicas, o sol como agente
iluminador, tanto no sentido físico quanto intelectual (as ciências que como o sol vieram
do Oriente ao Ocidente) e espiritual. A luz assume ao clarear os olhos e liberar as vistas o
viés do conhecimento, que ilumina o coração do iniciado.
Vohuman e Asha
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tas cometidas, uma vida futura (post-mortem), o paraíso celestial (e o inferno), o dia do
julgamento, a vinda de um salvador etc. já estavam ali presentes antes do Judaísmo, do
Cristianismo e do Islamismo os apresentarem.
O bem e o mal existem antes de tudo dentro do próprio ser, e estão sempre em con -
flito. Como o homem conduz seus pensamentos, palavras e ações são o que definirá qual
lado será triunfante. Entretanto, para que o bem triunfe, não basta o progresso unicamen-
te pessoal, se faz necessário que o homem trabalhe em função da conservação e avanço do
sagrado, do mundano e da humanidade em si, combatendo todas as formas na qual o mal
se manifeste. Ou seja, se faz necessário levantar Templos a Virtude e Masmorras ao Ví-
cio…
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