Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REAPROVEITAMENTO DE CINZA DA
QUEIMA DO CARVÃO MINERAL
Florianópolis
Julho 2000
1
2
1. INTRODUÇÃO
Nas palavras de Vázquez (1997), a proteção ambiental é um dos
maiores desafios que a sociedade enfrenta na atualidade. Os
elementos centrais desta preocupação são as reduções no consumo
energético e de matérias-primas naturais, e a produção de resíduos.
Sob essa perspectiva, Costa (1998) cita duas razões que justificam a
utilização de rejeitos industriais em produtos de construção. A
primeira atende a uma conceituação geral, internacionalmente
reconhecida e intimamente ligada à própria expansão e sedimentação
das ações, visando à preservação ambiental e ecológica do planeta. A
segunda razão, mais particular ao Brasil, diz respeito ao setor da
construção civil e contempla interesses de ordem técnica e
econômica.
3
natural – e benigna, na medida em que provoca um deslocamento
para uma posição de equilíbrio – aos excessos cometidos contra o
meio ambiente por aqueles que pretendem produzir de forma
indiscriminada, tendo como limites apenas sua própria economia de
produção, sem considerar o impacto de suas ações sobre a ambiência
e a ecologia. ...O aproveitamento de rejeitos de qualquer tipo, e em
particular os rejeitos industriais, deve ser encarado como uma prática
preservacionista restauradora, de elevado sentido ambiental e
ecológico. Por esta razão e apenas por esta, já se justificaria a busca
de utilização desses produtos na construção civil, independente de
outras ações simultâneas” (Costa, 1998, p. 45-46).
Sobre esse contexto, Isaia (1995, p. 01) menciona que “além dos
aspectos técnicos e funcionais, hoje a sociedade exige não só bom
desempenho dos materiais ou da construção, mas também das
interações com o meio ambiente, em busca daqueles cuja obtenção
ou realização se materializam com menor impacto ecológico e menor
ônus energético”.
4
Isaia (1996) afirma, ainda, que a perspectiva de consumo destes
resíduos é uma contribuição que a engenharia oferece à sociedade,
com o objetivo de preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo,
produzir construções mais duráveis e com menor custo econômico e
social.
5
Ademais, Viegas (1997) menciona que o setor elétrico brasileiro vem
passando por profundas mudanças institucionais nesta década, que
vão da expansão do sistema elétrico, através da abertura para o
capital privado, à inserção da variável a mbiental.
2. AS USINAS TERMELÉTRICAS E O
CARVÃO MINERAL
A história da geração de energia elétrica no Brasil já ultrapassa um
século. A primeira usina termelétrica foi construída em Campos (Rio
de Janeiro) nos idos de 1.883. Em Juiz de Fora (Minas Gerais), em
1.889, implantou-se a primeira usina hidrelétrica do país, pioneira
também na América do Sul (ELETROBRÁS, 1998a).
6
detalhados em produção percentual de Itaipú, térmica, hidráulica e
de autoprodutores, na figura 1.
80,0%
72,2% 71,6%
70,2%
70,0%
60,0%
50,0%
1995
40,0% 1996
1997
30,0% 25,5% 25,5% 26,4%
20,0%
10,0%
2,3% 2,9% 3,2%
0,0% 0,0% 0,2%
0,0%
ITAIPÚ TÉRMICA HIDRÁULICA AUTOPRODUTORES
7
ii. Turbina a vapor: É uma máquina térmica rotativa que transforma
a energia potencial do vapor produzido na caldeira em energia
mecânica.
8
19%
O. Comb.
2%
49% O. Diesel
Nuclear
30% Carvão
9
A Síntese Anual do SIESE (ELETROBRÁS, 1998c) informa, na tabela
2, o consumo de carvão mineral na geração de energia térmica para
o país.
? ? Emissões da chaminé;
? ? Efluentes líquidos;
? ? Resíduos sólidos.
10
2.1 O CARVÃO MINERAL COMO MATÉRIA-PRIMA DA
CINZA
11
Os carvões possuem quantidades consideráveis de matéria mineral a
eles associada que, tanto no processo de combustão quanto na
gaseificação, se constituem em resíduos genericamente denominados
de cinza (Rohde, 1998).
12
Na atualidade, a caracterização carbonífera é realizada a fim de
prever a eficácia do processo evolutivo da partícula de carvão durante
a combustão. Para tanto, determinam-se: carbono, hidrogênio,
oxigênio, enxofre, umidade, densidade, material volátil, cinza, poder
calorífico e poder refletor, entre outros. A estes valores agregam-se
características como tamanho de partícula, conteúdo de matéria
mineral, grau de carbonificação e composição morfológica (Abreu,
1993).
No entanto, Alpern & Nahuys apud Abreu (1993) comentam que essa
classificação apresenta vários inconvenientes relacio nados a utilização
da cinza e a proteção adequada do meio ambiente, devendo ser
complementada com dados adicionais sobre a matéria mineral e
morfológica do carvão.
13
Tabela 3 – Classificação brasileira do carvão
Carvão tech - -
Fonte: PPGEMM/UFRGS apud ABREU (1993)
14
Tabela 4 – Especificações dos carvões energéticos brasileiros
Características CE CE CE CE CE CE CE CE CE
600 590 520 470 450 420 370 330 310
0 0 0 0 0 0 0 0 0
Pod er calorífico superior mínimo
570 590 520 470 450 420 370 315 295
Base seca (Kcal/Kg)
0 0 0 0 0 0 0 0 0
Granulometria (mm) 35x 50x (*) 50x (*) 50x 50x 50x 75x
0 0 0 0 0 0 0
Conteúdo máximo de Enxofre 6,5 1,5 2,5 1,5 3,5 1,5 1,5 1,5 1,0
(%)
15
desmembradas e repassadas a uma nova empresa, denominada
GERASUL.
16
um crescimento médio de 6,8% nos últimos cinco anos, período em
que o crescimento médio nacional foi de 4,8%.
17
primeiros geradores entraram em fu ncionamento no ano de 1966 e
os demais, em 1975.
18
energia elétrica desse atendimento e promovendo o rateio equânime
dos ônus e das vantagens decorrentes da operação interligada;
maximizando o aproveitamento do potencial hidrelétrico com a
conseqüente redução dos custos operacionais de geração térmica.
19
Interligados em tempo real, em conjunto com os centros de operação
das empresas, visando atender as necessidades do mercado de
energia elétrica, carga própria de energia e demanda máxima no
horário de ponta.
20
Jorge Lacerda e das demais usinas termelétricas brasileiras são
originários da Conta de Consumo de Combustíveis.
21
fixação dos montantes de armazenamento de combustível necessário,
cujos custos são calculados com base nos preços previstos para os
combustíveis fósseis.
22
3. AS USINAS TERMELÉTRICAS E AS
CINZAS DO CARVÃO MINERAL - OS
RESÍDUOS
23
Além disso, aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica
exigida pelo órgão público competente.
24
? ? Classificação dos resíduos, de acordo com resultados de testes
químicos, em três categorias (perigosos, não inertes e inertes);
Exigências à GERASUL:
25
geradores de vapor, centrais para geração de eletricidade, fornos,
fornalhas, estufas e secadores para a geração e uso de energia térmica,
incineradores e gaseificadores.
a) pH entre 5 e 9;
26
e) Óleos e graxas: Óleos minerais até 20 mg/l; Óleos vegetais e
gorduras animais até 50 mg/l;
27
Da Resolução CONAMA 020/86, a observação da FATMA é realizada na
GERASUL, especialmente nos itens a), b), c) e d), no que diz respeito à
água que conduz a cinza pesada da usina à bacia de sedimentação e, da
bacia de sedimentação ao Rio Tubarão.
Para a Fundação do Meio Ambiente, a cinza pode ser tratada como uma
matéria-prima convencional para o setor da construção, desde que
cumpra as funções de desempenho, de acordo com as normas técnicas
pertinentes.
28
Quanto a implantação de uma unidade industria l que utiliza cinza do
carvão mineral, as exigências da FATMA dizem respeito ao seu
enquadramento dentro dos limites impostos pela legislação vigente, em
sua área de implantação.
29
analisado e aprovado pelo órgão controlador, que irá usá-lo como
parâmetro básico na fiscalização da implantação do empreendimento.
Durante a vida útil da unidade industrial, esta poderá ficar sujeita, por
força de lei, a instalação de sistemas (obras e equipamentos) adicionais
de controle ambiental. Os sistemas de tratamento e monitoramento da
unidade industrial deverão ser revisados e modificados caso se verifique
estarem inadequados às suas finalidades.
30
3.2 RESÍDUOS EM GERAL
31
Tabela 6 – Resíduos usados na construção civil e grau de desenvolvimento da
pesquisa no Brasil
ambiental do
Desenvolvim
Caracterizaç
Transferênci
Alternativas
tecnologias
Estudos de
Viabilidade
laboratório
econômica
ambiental
qualidade
Controle
ento do
Novas
Risco
Risco
a de
de
ão
Resíduo
Escória
de alto
forno
Cinza
volante
Escória
de
aciaria
Cinza de
grelha
Entulho
de obra
Cinza de
casca de
arroz
Escória
de cobre
Cinza de
xisto
betumino
so
Fosfoges
so
Fibras
vegetais
Microsílic
a
Cal de
carburet
o
Resíduos
32
de
madeira
Areia de
fundição
Beneficia
mento de
rochas
Aparas
de
plástico
Fonte: JOHN (1997)
1
Vila Tecnológica: Trata-se de um programa de difusão de tecnologia para construção de habitação de baixo
custo que reúne sistemas industrializados, em caráter experimental, numa vila tecnológica. A Vila
Tecnológica de Cutitiba/PR compreende 120 unidades habitacionais, das quais 100 são financiadas para
avaliação durante o uso e 20, para alternativas de construção popular procedentes de vários estados brasileiros
(Maia et al., 1995).
33
Tabela 7 – Número de sistemas construtivos por tipo de material na Vila
Tecnológica de Curitiba
Painel de concreto 8
Madeira 5
Tijolo de cimento 1
Argamassa armada 1
Concreto celular 1
Bloco de concreto 1
Bloco intertravado 1
Total 18
Fonte: Maia et al. (1995)
34
alto consumo energético, têm tendência crescente. O aumento da oferta
pode ser um fator importante no barateamento das construções,
contribuindo para a minimização do problema habitacional cujo déficit
estimado chega a 10 milhões de unidades (Haddad et al., 1997).
35
3.1.1 AVALIAÇÃO DO RESÍDUO QUANTO AO SEU
POTENCIAL DE USO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
36
Tabela 8 - Avaliação global dos resíduos e subprodutos (omitida a Classe 4)
37
(e) Processos industriais e preços baseados em matérias-primas
virgens e em produtos convencionais;
38
3.2.3.1 Avaliação técnica
A primeira questão a ser avaliada, quando da possibilidade de uso do
resíduo, deve ser seu desempenho técnico como material de construção.
Menor atenção para tal aspecto pode conduzir seu uso ao descrédito
(Haddad et al., 1997).
39
A norma NBR-10007 fixa as condições exigíveis para a amostragem,
preservação e estocagem das amostras de resíduos sólidos necessárias
à sua classificação.
40
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilização de constituintes
em água.
Sobre o assunto, Bellia (1996) explica que não existem mercados que
possam ser usados para determinar diretamente o valor da grande
maioria dos bens e serviços ambientais . Este fato exige a criação de
soluções alternativas que permitam incorporar seu valor nas análises
econômicas. Neste sentido, autores como Pearce e Serôa da Motta apud
41
Bellia (1996) indicam que o valor do meio ambiente é representável,
economicamente, pela seguinte expressão:
42
? ? Escória, ou cinza grossa (slag ou boiler slag): É a cinza originada na
queima ou gaseificação do carvão granulado em grelhas móveis.
Retirada pelo fundo da fornalha após ser resfriada com água.
Freqüentemente apresenta granulometria grosseira e blocos
sinterizados, e teores de carbono não queimado entre 10 e 20%.
43
Trata-se de uma material pozolânico, que segundo a NBR-12653 e a
ASTM C618, “são silicosos ou sílicoaluminosos que, por si sós, possuem
pouca ou nenhuma atividade aglomerante, mas que, quando finamente
divididos e na presença de água, reagem com o hidróxido de cálcio á
temperatura ambiente para formar compostos com propriedades
aglomerantes”.
44
transportada pneumaticamente para os silos de armazenagem (tabela
9).
45
Já parcela da cinza que cai no fundo das fornalhas, nas usinas do
Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, é misturada em um jato de água,
transportada via úmida e conduzida à bacia de sedimentação.
46
O sistema da usina termelétrica Jorge Lacerda C opera em circuito
fechado e possui torres de resfriamento, evitando o lançamento de
efluentes e os efeitos térmicos no rio Tubarão.
47
Figura 7 – Bacias de sedimentação (no 4 e 5) da usina Jorge Lacerda C
48
100t
100t CARVÃO
CARVÃO CE
CE 4500
4500
29,4t
29,4t CINZA
CINZA SECA
SECA 12,6t
12,6t CINZA
CINZAÚMIDA
ÚMIDA
70%
42t
42t CINZA
CINZA
70%Cinza
Cinzaleve
leve 30%
30%Cinza
Cinzapesada
pesada
SILOS
SILOS BACIA
BACIA DE
DE DECANTAÇÃO
DECANTAÇÃO
100t
100t CARVÃO
CARVÃO CE
CE 4500
4500
29,4t
29,4t CINZA
CINZA SECA
SECA 12,6t
12,6t CINZA
CINZAÚMIDA
ÚMIDA
70%
42t
42t CINZA
CINZA
70%Cinza
Cinzaleve
leve 30%
30%Cinza
Cinzapesada
pesada
UMIDIFICADOR
UMIDIFICADOR BACIA
BACIADE
DEDECANTAÇÃO
DECANTAÇÃO
49
(leve) comercializada entre os anos de 1996 e 1998, no Complexo
Termelétrico Jorge Lacerda.
50
milhão de toneladas por ano, da qual aproximadamente 65% eram
comercializadas, principalmente como pozolanas.
Por sua vez, Zwonok et al. (1996, p. 45) comentam que “cerca de 34%
das cinzas produzidas nas termelétricas brasileiras foram
comercializadas no ano de 1995”.
51
Na tabela 1 do anexo estão descritos o consumo de carvão mineral CE
4500, a produção mensal da cinza seca, úmida e total, bem como a
quantidade comercializada mensalmente pela GERASUL, ao longo de
1998.
Ressalta-se que a cinza seca, uma vez não comercializada, precisa ser
retirada dos silos armazenadores por limitação de volume (capacidade
total dos silos = 56.000t), sendo umidificada e destinada às bacias de
sedimentação. Destas bacias, a cinza úmida (pesada e volante
umidificada) é removida por caminhões contratados e remunerados para
realizarem o serviço.
52
adicionais na operação das usinas, para limpeza e manutenção das
bacias, quando a capacidade de estocagem é ultrapassada.
53
mineral a ser utilizado na comercialização efetuada pelas empresas que
utilizam o carvão mineral para geração de energia elétrica.
54
Tabela 12 – Preço mínimo para comercialização da cinza do carvão mineral
55
Tabela 13 – Preço mínimo para leilão da cinza seca produzida em Jorge
Lacerda
56
a cumprir as exigências editalícias, cabendo ao leiloeiro registrar em ata
o resultado do certame.
4,5
3,5
2,5
1,5
0,5
0
1.976 1.977 1.978 1.979 1.980 1.981 1.982 1.983 1.984 1.985 1.986 1.987 1.988 1.989 1.990 1.991 1.992
57
Em maior detalhamento, a figura 11 mostra a evolução do preço
(mínimo, médio e máximo) de comércio da cinza seca produzida no
Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, entre os meses de agosto/1992 e
agosto/1996. Os valores continuam expressos em dólares.
350
300
250
200
150
100
50
0
3
6
/93
/94
/95
6
/93
/94
/95
/96
2
/96
/92
/93
/95
3
5
/94
i/9
i/9
i/9
i/9
r/9
v/9
v/9
v/9
r/9
r/9
r/9
v/9
jan
jan
jan
jan
jul
jul
jul
jul
set
set
set
set
ma
ma
ma
ma
ma
ma
ma
ma
no
no
no
no
PREÇO MÍNIMO (US$/t) PREÇO MÉDIO (US$/t) PREÇO MÁXIMO (US$/t)
Em abril de 1994, o preço pago pela cinza seca chegou a US$ 301,0.
Este foi o maior valor que a GERASUL (na época ELETROSUL) obteve em
leilão pela venda do subproduto cinza.
58
Sobre o assunto, a GERASUL comenta a existência de um “acordo” entre
as empresas participantes do leilão.
59
8.000,00
7.000,00 POZOLANA
RIO BRANCO/SC
6.000,00
ITAMBÉ
5.000,00 COMPLEMIX
RIO BRANCO/PR
4.000,00
IMBRALIT
ISDRALIT
3.000,00
MFM
2.000,00
CINZASUL
LIMA
1.000,00
-
JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
60
A figura 13 apresenta o valor da compra média mensal realizada por
cada empresa, ao longo de 1998.
1,8
MFM
2,3
LIMA
2,5
CINZASUL
3,8
ISDRALIT
5,8
IMBRALIT
6,6
RIO BRANCO/PR
7,4
COMPLEMIX
12,8
ITAMBÉ
28,3
RIO BRANCO/SC
28,7
POZOLANA
0 5 10 15 20 25 30
% Compra Média Mensal
61
Tabela 14 – Valor total mensal da cinza proveniente da queima do carvão
mineral comercializada no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda
62
Após a privatização da GERASUL, o gerenciamento da comercialização
de cinza do carvão mineral foi transferido da sede da GERASUL,
localizada em Florianópolis, para o Complexo Termelétrico Jorge
Lacerda, responsável pela venda deste subproduto. Atualmente, já com
o processo de privatização concluído, as cinzas leves são vendidas a
Votorantin, não mais sendo arrematadas em leilão. No contrato firmado
com este grupo cimenteiro, as cinzas leves serão vendidas à R$ 11,40/t
até 2001 sendo que o grupo se encarregará da limpeza e extração das
cinzas pesadas das bacias, e transporte (em um raio de 6 Km) para a
recuperação ambiental do banhado da estiva.
63
A primeira utilização da cinza do carvão mineral volante como agente
cimentante no concreto, aconteceu em alguns quilômetros da parede de
retenção ao redor do Lago Michigan, em 1936, nos Estados Unidos. Em
1937, o Dr. Raymond E. Davis da Universidade da Califórnia expôs os
resultados de ensaios, realizados com cinza volante de 15 fontes
diferentes e 7 cimentos de composições distintas, ao American Institute
of Concrete. Em 1938, a Chicago Sanitary District utilizou de 20 a 50%
de cinza volante em substituição ao cimento na construção de meia
milha de pavimentação (Silva & Ceratti, 1980).
Zwonok et al. (1996) mencionam que os primeiros usos de cinza vola nte
em concreto massa ocorreram em obras de reparos e canais de desvio
temporário de usinas hidrelétricas.
Sobre esse assunto, tais autores relatam que o primeiro grande uso de
cinza volante em concreto massa aconteceu nos reparos do túnel
vertedouro da barragem Hoover Dam (Estados Unidos), em 1942; e o
fato mais conhecido está associado a restauração da barragem Backer,
no Colorado, em 1947.
64
O uso de cinza volante, em construções convencionais e de concreto
massa nos Estados Unidos, foi inaugurado pelo Federal Bureau of
Reclamation com a construção das barragens Hungry Horse e Canyon
Ferry, em Montana, no período de 1948 a 1953. Ficaram conhecidos os
excelentes resultados obtidos nestas obras, onde os teores da cinza,
procedente de Chicago, variaram de 24 a 32% (Haddad et al., 1997;
Zwonok et al., 1996).
65
Na década de sessenta, a cinza volante produzida em usina termelétrica
foi estudada e normalizada em vários países. Estas normas,
apresentadas na tabela 15, são renovadas periodicamente conforme as
exigências tecnológicas e ambientais vigentes (Abreu, 1993).
66
Médici) como material Pozolânico, em substituição ao Cimento Portland,
em porcentagens que chegaram a 30%, apresentando notáveis
vantagens técnicas e econômicas (Zwonok et al., 1996).
Sobre esse país, o World Bank (1998) estima que o aproveitamento dos
resíduos de carvão mineral não exceda 5% do valor total produzido.
67
Explica, ainda, que a grande quantidade de cinza é devida ao baixo
poder calorífico do carvão usado.
68
De maneira análoga, Behr-Andres et al. (1994) comentam que, em
torno de ¼ da cinza proveniente da queima do carvão mineral,
produzida nas usinas de energia dos Estados Unidos, é aproveitada,
especialmente, em materiais de construção. O valor remanescente é
disposto em aterros.
69
Tabela 16 - Usos percentuais aproximados dos resíduos da combustão de
carvão
Europa 42,50
Ásia 30,00
América 27,50
África 19,00
Oceania 10,50
Fonte: Pozzobon (1999)
70
O uso de cinza substituindo parte do clínquer Portland, é um modo
seguro e barato de removê-la da superfície do solo, contribuindo para a
conservação da energia usada na fabricação de cimento, e de recursos
minerais (calcário e argila), cuja exploração geralmente agride o meio
ambiente (Isaia, 1996).
? ? Melhora na trabalhabilidade;
? ? Redução na permeabilidade;
? ? Aumento na durabilidade;
71
Todavia, é bom lembrar que a cinza pode alterar a cor do concreto,
sendo que o carvão da cinza torna o concreto mais escuro. Isto pode ser
importante do ponto de vista da aparência, especialmente quando se
aplicam concretos com e sem cinza, lado a lado (Neville, 1997).
72
O uso das cinzas (leve e pesada) do carvão mineral na construção de
aterros estruturais também tem sido documentado.
A cinza leve, por sua vez, pode ser empregada como filler mineral em
pavimentos de misturas betuminosas. As vantagens deste uso incluem
baixo custo, distribuição granulométrica apropriada e resistência
superior a ação da água.
73
(e) Artefatos sinterizados;
(f) Artefatos de cinza-cal (sílico-calcários) curados em meio ambiente;
(g) Agregados leves;
(h) Concreto leve;
(i) Filler em plástico.
74
[ii] Aplicações no solo com propósitos agrícolas; [iii] Aplicações em
gerenciamento de resíduos; e [iv] Como material de aterro. Tais
utilizações também são comentadas nos trabalhos de Indraratna et al.
(1991), de Manz (1984) e de Roy et al. (1981).
75
Tabela 17 - Características da cinza volante e pesada, produtos, vantagens e
usos
combustão para
chaminés estabilizado Facilidade de combinação com a
76
3.9 PRINCIPAIS ESTUDOS SOBRE A FABRICAÇÃO DE
COMPONENTES COM APROVEITAMENTO DE CINZAS
77
superior quando comparados aos tijolos de solo -cimento confeccionados
com o mesmo tipo de solo.
78
? ? NBR-11578/ABNT: Cimento Portland composto - Para o Cimento
Portland composto (CP II-Z), a norma permite a adição de 6 a 14%
(em massa) de material pozolânico sobre o total de cimento.
Normalizada em 1988 e atualizada em 1991.
79
3.9 EMPRESAS DE COMPONENTES PRÉ-FABRICADOS DA
GRANDE FLORIANÓPOLIS - A REALIDADE DAS
POTENCIAIS USUÁRIAS
EMPRESA A B C D E F
Número de funcionários 31 19 15 26 95 10
Das seis empresas pesquisadas, quatro têm posto para venda direta do
estoque, três têm loja para venda de insumos para construção
localizada junto à fábrica, e duas destas empresas atuam na construção
civil, empregando seus produtos pré-fabricados.
80
paralelepípedos, além de meio -fios, vigas para lajes pré-moldadas,
tubulações e estruturas padronizadas para galpões.
81
3.1.1 Respostas sobre o aproveitamento da cinza do
carvão mineral
Melhorar a qualidade do
produto
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
82
mudança na cor do componente. A Empresa E declara: “O visual não
interessa”.
83
3.10 INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CIMENTO – O SETOR
CONSUMIDOR
O fato de participar dos seto res básicos da economia faz com que a
auto -suficiência do parque cimenteiro se revele extremamente
importante para a reprodução endógena da acumulação de certos
setores industriais que dependem largamente deste insumo, como é o
caso da construção civil.
84
Tabela 19 - Perfil da distribuição de Cimento Portland nacional consumido no
Brasil
85
A figura 15 fornece os valores informados nos relatórios anuais (1998,
1996 e 1995) do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, e indica
que o tipo mais comum e de uso mais generalizado é o CP II: Cimento
Portland composto (NBR-11.571).
90%
80% CP I
70% CP II
CP III
60%
CP IV
50% CP V
Branco
40%
30%
20%
10%
0%
1.994 1.995 1.996 1.997
86
tecnologia de última geração, apresentando, porém, pequena parcela de
empresas automatizadas e um processo lento nesta direção.
87
grupos são os fornecedores do cimento para as fábricas de pré-
moldados da região de Florianópolis.
88
nas regiões de menor densidade populacional, tais como nas regiões
Norte e Nordeste.
2
Para uma descrição pormenorizada da classificação ver: Fundação João Pinheiro Diagnóstico nacional da
indústria da construção. Belo Horizonte: Diretoria de Projetos I, 1984. v. 7 Anexo 2.
89
Nesse sentido, uma vantagem encontrada para produção de Cimento
Portland Pozolânico no país esta relacionada ao fato que as fábricas de
cimento, localizadas junto as jazidas de matéria -prima para fabricação
de clínquer, também estão próximas (menos de 500Km) dos depósitos
de cinza do carvão mineral.
90
A figura 16 mostra o universo das empresas que atuam no setor.
91
Figura 16 – Disposição das fábricas de Cimento Portland no Brasil
92
4. REAPROVEITAMENTO DAS CINZAS
93
temperatura pesa-se o recipiente com a amostra queimada. A
porcentagem de perda de massa é dada pela diferença entre a massa
inicial da amostra e a massa final da amostra vezes 100.
94
picnômetro no fogo sobre uma placa de amianto para que o picnômetro
não estoure quando estiver aquecido.
? = M1 (1)
P1 - (P2 - M1)
95
4.1.4 Módulo de Finura (MF)
96
componentes deve-se adicionar primeiro a pozolana (cinza) com água
depois adiciona-se o cimento.
97
distintas; uma de referência de cimento e areia; uma com substituição
de 25% do volume de cimento por cinza pesada; e outra com
substituição de 25% do volume de cimento por cinza volante.
98
A mistura é feita colocando-se primeiro a água depois a cinza e depois a
cal, bate-se a mistura por 1 minuto na velocidade baixa, depois mais 1
minuto na velocidade alta, após deixa-se 1 minuto em repouso sendo
que nos primeiros 15 segundos limpa-se a parede da cuba e a pá
misturadora, depois bate-se mais 1 minuto na velocidade alta. Logo
após a mistura dos materiais bate-se o flow Test.
Este ensaio foi realizado com as cinzas pesadas moídas em cinco tempos
diferentes de moagem, durante 1, 2, 3, 4, 6 horas para obter um
material com diferentes finuras.
99
Figura 18 - Recipiente do moinho de bolas.
100
em argamassas para a fabricação de artefatos em concreto e para
emprego na composição de grautes destinado à alvenaria estrutural.
Aparelhagem:
1. Prensa equipada com dois pratos de apoio de aço, sendo o que atua
na face superior articulado;
101
Dimensões:
Resultados:
4.2.6.2. Umidade
Após o recebimento do lote os corpo de prova devem ser pesados,
anotando-se então a massa m 3.
102
Aparelhagem:
2. Pode se usar o bloco inteiro para o ensaio; no caso onde não for
possível pode se usar um pedaço do bloco, onde este pedaço não
seja menor que 10% da massa total do bloco. O pedaço deve conter
duas arestas inteiras do bloco, paralelas ao eixo do furo e ter forma
aproximadamente prismática.
Secagem:
Saturação:
103
Resultados:
4.2.6.3. Absorção
Resultados:
104
4.3. RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO DAS CINZAS
- o lote 1996 (de cinza leve) foi retirado do silo da UTL B, no ano
de 1996;
105
classificação da ASTM C618. A cinza pesada possui maior teor de Fe2O3
ao teor de SiO 2 e de AL2O3, que está relacionado, principalmente, a
presença de sulfito (pirita e marcasita) nos carvões minerais.
106
4.3.2 Difração de raio X (DRX) e Microscopia
eletrônica de varredura (MEV)
107
Figura 21 – Micrografia da cinza pesada (lote 1/1996)
Estes ensaios foram realizados para as cinzas pesadas dos lotes 1/1996
e 2/1997.
108
Tabela 22 – Resultados dos ensaios de lixiviação e Solubilização – mg/l
ENSAIO DE ENSAIO
LIXIVIAÇÃO SOLUBILIZAÇÃO LIMITES
Cinza Pesada Cinza Pesada NBR 10004
Elemento
Lote 1/1996 Lote 2/1997 Lote1/1996 Lote2/1997 LIST. 7-Lix. LIST.8-Sol.
Magnésio
Cálcio
Fluoreto nd* 0,684 150,000 1,500
Cloreto 0,898 61,209 3,840 0,712 250,000
Cádmio 0,500 0,005
Ferro 14,950 0,120 0,300
Sulfato 9,409 13,133 400,000
Sódio 200,000
Potássio
Amônia
Nitrato 31,960 0,391 10,000
Nitrito nd* nd*
Fosfato 0,167 0,589
Chumbo nd* nd* 5,000 0,050
Cromo tot. 0,190 nd* 5,000 0,050
Alumínio 0,200
Bário nd* nd*
Cádmio
*Limite de detecção (mg/l):
Cd: 0,003
Cr: 0,02
Pb: 0,02
Ba: 0,07
109
100
90
80
% Retido Acumlulado
70
60
50
40
30
20
10
0
4.8 1.2 0.3 Fundo
Peneira (mm)
100
90
% Retido Acumlulado
80
70
60
50
40
30
20
10
0
4.8 1.2 0.3 Fundo
Peneira (mm)
110
100
90
80
% Retida acumulada
70
60
50
40
30
20
10
0
4.8 2.4 1.2 0.6 0.3 0.15 Fundo
Peneira ( mm )
Figura 24 – Distribuição granulométrica da cinza pesada lote 1998
100
90
80
% Retido Acumlulado
70
60
50
40
30
20
10
0
4.8 1.2 0.3 Fundo
Peneira (mm)
111
100
90
% Retido Acumlulado
80
70 Lote1/1996
60 Lote 2/1997
50 Lote 1998
40 Lote 1/2000
30
20
10
0
4.8 1.2 0.3 Fundo
Peneira (mm)
112
4.3.5 Resultados de perda ao fogo
113
18
16
14
12
Rc (MPa)
10
8
6
4
2
0
5 15 25 35 45 55 65 75 85 95
Idade (dias)
114
18
16
14
12
Rc (MPa)
10
8
6
4
2
0
5 15 25 35 45 55 65 75 85 95
Idade (dias)
115
18,00
16,00
14,00
12,00
Rc (MPa)
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
5 15 25 35 45 55 65 75 85 95
Idade (dias)
AZ1 AZ2 AZ3 AZ4
116
A figura 30 mostra a evolução da resistência a compressão para os
corpos de prova do ensaio de reatividade da cinza pesada do lote
1/2000 com hidróxido de cálcio.
2.00
1.50
Rc (MPa)
1.00
AZ1
AZ2
0.50 AZ3
AZ4
0.00
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
Figura
30 - Evolução na resistência à compressão com a idade de cura.
117
CZV/Cal:1 – pasta com 50% de cinza volante (lote 1996) e 50%
de cal
CZV/Cal:2 – pasta com 67% de cinza volante (lote 1996) e 33%
de cal
CZV/Cal:3 – pasta com 75% de cinza volante (lote 1996) e 25%
de cal
CZV/Cal:4 – pasta com 80% de cinza volante (lote 1996) e 20%
de cal
CZP2000/Cal:1 – pasta com 50% de cinza pesada (lote 1/2000) e
50% de cal
CZP2000/Cal:2 – pasta com 67% de cinza pesada (lote 1/2000) e
33% de cal
CZP2000/Cal:3 – pasta com 75% de cinza pesada (lote 1/2000) e
25% de cal
CZP2000/Cal:4 – pasta com 80% de cinza pesada (lote 1/2000) e
20% de cal
118
18
16
14
12
Rc (MPa)
10
8
6
4
2
0
7 14 28 90
Idade (dias)
CZP1996/Cal: 1 CZP1996/Cal:2
CZP1996/Cal:3 CZP1996/Cal:4
CZV/Cal:1 CZV/Cal:2
CZV/Cal:3 CZV/Cal:4
CZP2000/Cal:1 CZP2000/Cal:2
CZP2000/Cal:3 CZP2000/Cal:4
CZP1997/Cal:1 CZP1997/Cal:2
CZP1997/Cal:3 CZP1997/Cal:4
Figura 31: Evolução na resistência à compressão com a idade de cura
119
Observa-se ainda que as resistências a compressão para as pastas
confeccionada com a cinza pesada do lote 1/2000 são menores em
relação aquelas confeccionadas com a cinza pesada do lote 1/1996 e do
lote 2/1997. Estes resultados podem ser explicados pela diferença entre
as granulometrias das cinzas, onde a cinza pesada lote 1/2000, tem
textura mais grosseira.
Figura 32: Reação da Cinza Pesada (Lote 1/1996) com Hidróxido de Cal – 14
dias
Figura 33: Reação da Cinza Pesada (Lote 1) com Hidróxido de Cal – 14 dias
120
Figura 34 - Reação da Cinza Pesada (Lote 1/1996) com Hidróxido de Cal – 28
dias
Convenção utilizada:
Argamassa A: argamassa de referência (1:3);
Argamassa Z: argamassa com substituição de 25% do volume de
cimento pela cinza pesada (lote 1/19996);
Argamassa V: argamassa com substituição de 25% do volume de
cimento pela cinza volante lote 1996.
121
Resistência à Compressão (Fck) x Idade
45
40
Resistência à Compressão - Fck (MPa)
35
30
25
Argamassa A
20 Argamassa Z
Argamassa V
15
10
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95
Idade
122
4.3.9 Resultados experimentais com a cinza pesada
após moagem
2.30
2.25
Massa Específica (g/cm3)
2.20
2.15
2.10
2.05
2.00
1.95
0 1 2 3 4 5 6 7
Moagem (h)
Figura 37: Variação dos valores da massa específica com o tempo de moagem
da cinza pesada.
123
Nas figuras 38, 39, 40, 41, 42 e 43 pode-se observar as microestruturas
das cinzas em função dos diferentes tempos de moagem. Nota-se que o
tamanho das esferas e também a quantidade de esferas formadas pela
cinza pesada, vai diminuindo a medida em que aumenta-se o tempo de
moagem, ou seja, as esferas são quebradas e o ar aprisionado nelas é
solto.
124
Figura 40: Micrografia Eletrônica à Varredura da Cinza Pesada com 2h de
Moagem (Lote 1/1996)
125
Figura 42: Micrografia Eletrônica à Varredura da Cinza Pesada com 4h de
Moagem (Lote 1/1996)
126
4.3.9.1. Resultados do ensaio de Pozolanicidade
39.00
37.00
Resistência à Compressão - Fck (Mpa)
35.00
33.00
31.00
29.00
27.00
25.00
0 1 2 3 4 5 6 7
t (h)
IP x Tempo de Moagem
1.10
1.05
Ïndice de Pozolanicidade - IP
1.00
0.95
0.90
0.85
0.80
0.75
0 1 2 3 4 5 6 7
t (h)
127
4.3.9.2. Conclusões sobre os resultados do estudo da
moagem da cinza
Realizou-se uma moagem preliminar das Cinzas Pesadas do Lote 1/1996
(1, 2, 3, 4 e 6 horas) em um moinho de bolas a fim de assegurar um
produto com uma certa reatividade pozolânica, a moagem das partículas
esféricas provocaria um aumento na finura e consequentemente na
superfície específica, (MEV entre as figuras 29 a 34. Esta propriedade é
responsável pela reatividade ou melhoria da reatividade da Cinza
Pesada, que quando em presença do hidróxido de cálcio e água,
desenvolvem características aglomerantes.
Este estudo teve por objetivo o emprego das cinzas pesadas, tanto
como agregado reciclado também como aglomerante, para a fabricação
de argamassa de concreto.
128
Bloco Estrutural
6 Mpa
95kg cimento 90,5kg cimento & 4,5Kg CZP 89kg cimento & 9Kg CZP 89kg cimento & 59Kg CZP
640Kg areia média 640Kg areia média 640Kg areia média 640Kg areia média
50Kg areia fina 50Kg areia fina 50Kg areia fina 0Kg areia fina
330kg pedrisco 330kg pedrisco 330kg pedrisco 330kg pedrisco
Blocos de Vedação
2,5 Mpa
75kg cimento 67,5kg cimento & 7,5Kg CZP 60kg cimento & 15Kg CZP 57,5kg cimento & 22,5Kg CZP
500Kg areia média 500Kg areia média 500Kg areia média 500Kg areia média
150Kg areia fina 150Kg areia fina 150Kg areia fina 150Kg areia fina
390kg seixo 390kg seixo 390kg seixo 390kg seixo
Substituição de 10%
de Cimento +
50% da areia fina
( 9x19x39)
150kg cimento 135kg cimento &15Kg CZP 120kg cimento & 30Kg CZP 105kg cimento & 45Kg CZP
670Kg areia média 670Kg areia média 670Kg areia média 670Kg areia média
100Kg areia fina 100Kg areia fina 100Kg areia fina 100Kg areia fina
260kg seixo 260kg seixo 260kg seixo 2600kg pedrisco
129
4.4.1 Desenvolvimento de artefatos
4.4.1.1. Dosagens
Dosagens experimentais de peças de concreto para pavimentação e de
blocos de concreto (com fins estruturais e de vedação), com substituição
parcial de matéria -prima convencional por cinza pesadas. Estas
dosagens, mostradas na tabela 24, foram realizados em escala piloto no
processo produtivo de uma empresa atuando no setor.
130
O processo utiliza as seguintes matérias-primas em sua dosagem : areia
fina, areia média, areião, pedrisco, seixo rolado Cimento portland (CP V-
ARI). As cinzas pesadas foram incorporadas em substituições em massa
de 0%,5%, 10%, 20% e 30% pelo cimento Portland empregado no
material convencional e em substituições de 50% e 100% da areia fina.
4.4.1.2. Moldagens
Primeiramente é realizado a pesagem da cada material separadamente,
esta pesagem é controlada por uma mesa de controle que libera cada
material por vez, onde tem uma que controla a dosagem de água e a
outra a dosagem dos materiais sólidos.(figura 37).
Estes materiais que são armazenados em silos separados, figura 38, são
levados para o misturador através de esteiras (figura 39).
131
Figura 48: Silo de armazenagem de Cimento
132
Figura 50: Misturador
133
Figura 51: Moldes para a fabricação de briquetes
134
Figura 52: Briquetes moldados
135
Figura 53 - Câmara de Cura a 70ºC
136
12,00
11,00
10,00
Absorção (%)
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
Idade
7 dias 28 dias
137
14,00
12,00
10,00
Absorção (%)
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
7 dias
Idade 28 dias
1.4..4.1. Briquetes
138
40
35
30
25
Rc (MPa)
20
15
10
0
7 dias 14 dias 28 dias
Idade (dias)
8,00
7,00
6,00
5,00
Rc- (MPa)
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
7dias 28 dias
Idade (dias)
139
A seguir são mostrados as resistências a compressão de blocos de
concreto de referência (r) e blocos com substituição de 100% da areia
fina pela cinza pesada e mais 10% do cimento também pela cinza
pesada (cz10+ar).
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
Rc (MPa)
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Idade (dias)
7dias 28 dias
140
4,00
3,50
3,00
2,50
Rc (MPa)
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
7dias
28 dias
Idade (dias)
Referência Substituição de 10% do cimento Substituição de 20% do cimento Substituição de 30% do cimento
141
- Bloco de vedação 14cm com substituição de 10% de Cimento
Portland por cinza pesada = R$ 0,7486/unidade;
4.4.3 Discussão
142
obtidos com os blocos com cinza pesada não obteve diferenciação aos
blocos moldados somente com cimento portland comum.
- cinza leve;
- areia normal IPT - 25% Fina + 25% Média Fina + 25% Média
Grossa + 25% Grossa. De massa específica 2,65 g/cm3;
143
- cinza pesada lote 2000/1 (proveniente do complexo
termoelétrico Jorge Lacerda). De massa específica de 1,91
g/cm3;
144
Para efetuar a medida do espalhamento, observou-se a seguinte
seqüência: confecção da argamassa; lubrificação da mesa e o tronco
cônico com esponja úmida; preenchimento do tronco cônico dando-se
pequenas batidas laterais para acomodação da argamassa e medição do
diâmetro de espalhamento, após 5, 10 e 15 golpes.
145
270
250
0% subst.
230
Espalhamento (mm)
5% subst.
210
15% subst.
50% subst.
170
75% subst.
150
100% subst.
130
5 10 15
Número de golpes (N)
146
45,00
40,00
35,00
0% subst.
30,00 5% subst.
15% subst.
Rc ( MPa)
10,00
5,00
0,00
3 7 28
Idade (dias)
147
45,00
40,00
35,00 0% subst.
30,00 5% subst.
15% subst.
Rc (MPa)
25,00
25% subst.
20,00
50% subst.
15,00 75% subst.
5,00
0,00
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
148
Tabela 26 - Traços utilizados para a moldagem de cinza leve (medidas feitas
em massa):
270
250 0% subst.
5% subst.
230
Espalhamento(mm)
15% subst.
210 25% subst.
50% subst.
190
75% subst.
170 100% subst.
150
130
5 10 15
149
45,0
40,0
0% subst.
35,0 5% subst.
15% subst.
30,0 25% subst.
50% subst.
Rc (MPa)
15,0
10,0
5,0
0,0
3 7 28
Idade (dias)
45,00
40,00
35,00 0% subst.
30,00 5% subst.
25,00 15%subst.
Rc (MPa)
20,00
25%subst.
50% subst.
15,00
75% subst.
10,00
100% subst.
5,00
0,00
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
150
4.5.7 Argamassas utilizando cinza pesada - seca em
estufa
151
270
250
0% subst.
230 5% subst.
Espalhamento (mm)
15% subst.
210
25% subst.
190 50% subst.
75% subst.
170
100% subst.
150
130
5 10 15
Número de golpes (N)
152
50,0
45,0
0% subst.
40,0 5% substi.
35,0 15% subst.
30,0 25% subst.
Rc ( MPa)
10,0
5,0
0,0
3 7 28
Idade (dias)
45,00
40,00
35,00 0% subst.
30,00 5% subst.
Rc (MPa)
25% subst.
20,00
50% subst.
15,00
75% subst.
10,00
100% subst.
5,00
0,00
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
153
4.5.7 Análise comparativa
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
Rc ( MPa)
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
0 5 15 25 50 75 100
Substituição (%)
CZPúmida Cinza leve CZPseca
154
- Cinza leve;
4.6.2 Metodologia
a = (? .(1+m)/100) – 1 (5)
p=m– a (6)
155
onde:? : teor de argamassa;
a: proporção em massa de agregado miúdo;
p: proporção em massa de agregado graúdo;
H: fator água/materiais secos;
4.6.1.1. Cimento
O cimento usado foi o CP I S – 32 da Votoran. A caraterização fornecida
pelo fabricante é expressa na tabela 28.
156
Tabela 28 - Caracterização do cimento utilizado na produção dos concretos –
Data 09/99.
157
100
90
% Retida acumulada
80
70
60
50
40
30
20
10
0
4.8 2.4 1.2 0.6 0.3 0.15 Fundo
Peneira ( mm )
4.6.1.3. Areia
A areia utilizada na confecção do concreto, proveniente do rio Tijucas –
SC, apresentava a massa específica de 2,602 g/cm3 e a composição
granulométrica definido na tabela 43 do anexo e na figura 71.
158
100
90
80
% Retida Acumulada
70
60
50
40
30
20
10
0
4,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,15 fundo
Peneiras (mm)
4.6.1.4. Brita
A brita utilizada também foi a encontrada na região, de origem granítica
e massa específica de 2,629 g/cm3. Foi doada pela concreteira
Sulconcreto.
159
100
90
% Retida Acumulada
80
70
60
50
40
30
20
10
0
25 19 12,7 9,5 6,3 4,8 fundo
Peneira(mm)
Para a confecção dos concretos que tinha como substituição a areia pela
cinza, utilizou-se a cinza pesada úmida (umidade natural de 40%),
enquanto que para os concretos que tinha como substituição o cimento
pela cinza pesada, utilizou-se a cinza pesada seca em estufa.
160
Quando os teores de substituições eram de 50% ou acima, observava-
se o aumento da coesão da mistura, ocasionado pela presença da cinza
nestas.
161
30,00
25,00
Referência
10%CZP/CIM
20,00
20%CZP/CIM
Rc (MPa)
50%CZP/CIM
15,00 10%CZP/AREIA
25%CZP/AREIA
10,00 50%CZP/AREIA
75%CZP/AREIA
5,00 100%CZP/AREIA
0,00
7 14 21 28
Idade (dias)
4.6.1.1. Discussão
Pelos resultados apresentados acima, nota-se que para as confecções de
concretos onde faz-se a substituição da areia pela cinza pesada,
porcentagens iguais ou maiores que 50%, nota-se uma queda
significativa quanto a resistência a compressão. Já para teores menores
de 25 %, sugere-se um estudo mais aprofundado abordando tais
substituições, pois nota-se que a diferença nas resistências a
compressão, em relação ao concreto de referência, é pequena.
162
6. CONCLUSÕES
Comprova-se que o interesse em aplicações tecnológicas para a cinza
do carvão mineral, assim como todo o interesse no aproveitamento
de resíduos sólidos industriais, pode se fundamentar em aspectos de
ordem econômica (pela redução do custo de fabricação de materiais,
componentes e elementos da construção civil, agregação de valor ao
resíduo e diminuição dos recursos consumidos em aterros
industriais); ordem técnica (atendendo aos requisitos de
desempenho); de proteção ambiental (pelo controle da poluição e do
impacto); e de ordem sócio -econômica (pela redução do custo e do
déficit habitacional, e criação de empregos).
164
5.1. CONSIDERAÇÕES PARA O APROVEITAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS
165
cinzas leves, e as empresas de pré-fabricados, incluindo as de
artefatos de cimento, utilizam o Cimento Portland Pozolânico
comprado das cimenteiras. Todavia as cinzas pesadas demonstram
um importante potencial de uso para a produção de elementos pré-
fabricados, apesar de não serem compradas por este setor produtivo.
166
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, I. B. Caracterización de cenizas volantes de centrales
termoeléctricas de carbón brasileñas. Utilización en la
ingeniería civil y sus implicaciones medio ambientales. Tesis
doctorial - Universitat Politècnica de Catalunya. Barcelona: Escola
tècnica superior d’enginyers de camins, canals i ports, 1993. 295p.
167
BELLIA, V. Introdução à economia do meio ambiente. Brasília:
Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais
renováveis, 1996. 262p.
168
CHERIAF, M. & CAVALCANTE, J. R. Caracterização dos resíduos
industriais do estado de santa catarina e as possibilidades de
valorização na construção civil. I Encontro Nacional sobre
edificações e comunidades sustentáveis. Anais. Canela: ANTAC -
Grupo de trabalho em desenvolvimento sustentável, 1997. p. 81-
86.
169
COSTA, C. E. Incorporação de rejeitos na indústria cerâmica.
Qualidade na construção, n. 12, ano II. São Paulo: SindusCon,
1998. p. 44-46.
170
FRIES, J. Análise econômica da valorização energética da
madeira. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 1988.
134p.
171
ISAIA, G. C. Entraves e perspectivas para uso de elevados teores de
cinza volante e cinza de casca de arroz em concreto estrutural.
Workshop Reciclagem e reutilização de resíduos como materiais de
construção civil. Anais. São Paulo: PCC-USP, 1996. p. 46-52.
172
KERLINGER, F. N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais:
um tratamento conceitual. [Tradução Helena Mendes Rotundo;
Revisão técnica José Roberto Malufe]. São Paulo: EPU, 1980. 378p.
173
MAIA, M. A. C., CAVALCANTE, J. R. & CHERIAF, M.
Reaproveitamento das cinzas pesadas do Complexo Termelétrico
Jorge lacerda em materiais da construção civil: Aspectos
tecnológicos e ambientais. II Simpósio Internacional de Qualidade
Ambiental – Gerenciamento de resíduos e certificação ambiental.
Anais. Porto Alegre: PUC/RS, 1998. Publicado em anexo.
174
NOLASCO, A. M. & AGNESINI, M. V. C. Utilização de resíduos da
indústria de papel na produção de materiais para a construção civil.
ENTAC 93 – Avanços em tecnologia e gestão da produção de
edificações. Anais. São Paulo: ANTAC, 1993. p. 55-64.
175
classification system with emphasis on environmental
impacts. Environmental geology notes 96. Ilinois: Ilinois State
geological Survey, 1981. 69p.
TORREY, S. Coal ash utilization: Fly ash, bottom ash and slag.
New Jersey: Noyes Data Corporation, 1978. 369p.
176
VÁZQUEZ, E. Utilización de residuos en la C. E. E: Aspectos políticos
y ambientales. Estado del arte y normalización. Reciclagem na
construção civil, alternativa econômica para proteção ambiental.
Anais. São Paulo: NUDEPE/POLI-UPE, 1997. p. 6 4-66.
177