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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO À INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

E O MINISTÉRIO CRISTÃO

1. OBJETIVOS E ALCANCE DO E-BOOK

A inteligência artificial tem sido um dos temas mais abordados nos últimos
meses e tem surpreendido a todos. Ela não teve seu início recentemente, porém, é
um campo em rápido crescimento, tendo um significativo impacto no nosso
dia-a-dia. A tecnologia já está incorporada nas redes socias, câmeras de
reconhecimento facial, software de reconhecimento de fala, mecanismos de busca
na Internet, robôs de assistência médica, entre outras aplicações. Seu uso pode ter
distintas implicações éticas e morais, positivas e negativas, em todos os setores,
principalmente no contexto cristão.
Sendo assim, o intuito deste e-book é ser uma ferramenta para guiá-lo e
alertá-lo, como cristão, sobre este novo mundo que está se desenvolvendo com a
alta da inteligência artificial. Sabe-se que ela, de fato, cada vez mais será parte da
nossa vida cotidiana, seja no trabalho, na igreja, nos estudos ou em casa. No
entanto, como cristãos, devemos estar de baixo do controle e sabedoria de Deus e
não dela.
Vejamos agora, então, o que é a IA, a diferença de IA fraca e forte, onde as
encontramos, como tem sido sua evolução e quais seus tipos.

2. CONHECENDO MELHOR A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

a. O que é a Inteligência Artificial?

A inteligência artificial é quando há simulação de processos de inteligência


humana em máquinas, como raciocínio, aprendizado, planejamento e criatividade.
Ela permite que os sistemas técnicos percebam seu ambiente, lidem com o que
percebem, resolvam problemas e ajam para atingir um objetivo específico.1 Sendo
assim, já estamos experimentando isso nos dias de hoje com assistentes virtuais
oferecendo recomendações e respondendo perguntas de maneira relevante e
personalizada, carros que têm detectado possíveis situações perigosas e acidentes
e até smart farming para irrigação, alimentação de animais e removedores de ervas
daninhas.
Diferentemente de automação, cibernética e computação, que visam gerar
atividades previsíveis e repetitivas sem intervenção humana, a inteligência artificial
desenvolve sistemas com comportamentos inteligentes, analisando e apresentando
tomadas de decisões sem intervenção humana. Para entender melhor, pense em

1
Ed Burns, Nicole Laskowski, Linda Tucci “What is artificial intelligence (AI)? - AI definition and how it works” March 2023:
https://www.techtarget.com/searchenterpriseai/definition/AI-Artificial-Intelligence
um detector de incêndio. Ele está programado para detectar fumaça, porém, ele
somente soa um alarme para alertar o que está acontecendo. Com a AI, este
detector, além de detectar a fumaça, vai tomar decisões quanto a isso, saber se é
uma situação de risco ou não, se há urgência ou não, ou até mesmo identificar uma
possível situação de risco antes mesmo dela acontecer.
Segundo João Teixeira, no livro: O que é inteligência artificial, “a IA será uma
commodity na forma de um fluxo de dados fornecidos por algumas empresas, como
já ocorre com água, a energia elétrica e os serviços de telefonia. Como a internet,
ela estará em nenhuma parte e em toda parte.”.2 Ou seja, o intuito é que a
inteligência artificial seja alimentada constantemente com novas informações para
que possa se manter sempre atualizada.

I. Evolução da Inteligência Artificial

Apresentaremos uma breve cronologia a partir dos testes de Turing até os


dias atuais com os chatbots, como o chat GPT. Seu crescimento tem sido marcado
por significativos e continuos avanços devido à progressão da tecnologia. À medida
que são realizadas novas pesquisas é provavel que a inteligência artificial se
aprimore cada vez mais, tendo um impacto ainda mais significativo em nossas
vidas.

É relevante considerar, todavia, que o desenvolvimento da inteligência


artificial não se fez de forma progressiva e cumulativa, necessariamente, por que
mesmo havendo avanços, havia também obstáculos e recuos.3 Ao considerar a IA a
partir de uma perspectiva histórica, percebe-se um campo em grande
desenvolvimento desde a década de 1950. Constantemente, há um confronto de
ideias, promessas e conflitos entre conservação, revolução e diferentes abordagens
em torno dela - ela é um campo de forças. No contexto atual de sua história,
torna-se impossível escapar das discussões sobre as questões éticas envolvidas no
desenvolvimento de novas tecnologias baseadas em IA, devido aos impactos
tecnológicos que têm sobre a vida humana.

Abaixo encontra-se um infográfico com alguns eventos marcantes na história


da evolução da inteligência artificial.4

2
João Teixeira, O que é inteligência artificial - 3 ed. (São Paulo: E-Galáxia, 2019).

3
Xênia de Castro Barbosa, Ruth Ferreira Bezerra, “Breve introdução à história da inteligência artificial” (2020):
file:///C:/Users/usuario/Downloads/4730-Texto%20do%20artigo-13487-1-10-20210210%20(1).pdf

4
Imagem inspirada: Ed Burns, Nicole Laskowski, Linda Tucci “What is artificial intelligence (AI)? - AI definition and how it
works” March 2023: https://www.techtarget.com/searchenterpriseai/definition/AI-Artificial-Intelligence
fonte: criação dos autores

II. IA Fraca vs. IA Forte

Há duas perspectivas da Inteligência Artificial: a IA Fraca e a IA Forte. Essas


duas categorias são os tipos de aplicações que se pode fazer com os sistemas
inteligentes.
Quando se estrutura o pensamento sobre a IA Fraca isso significa que os
sistemas de inteligência artificial são capazes de agir com simulações de
comportamentos inteligentes. Ou seja, ela não é capaz de raciocinar por si própria,
não existe um real raciocínio da máquina, por que ela precisa que humanos
forneçam o conhecimento para que consiga executar e tomar suas decisões. Alguns
exemplos encontrados no nosso quotidiano são netflix, istagram, facebook entre
outros, onde estes aplicativos armazenam dados que nós alimentados quando os
utilizamos e a partir deles geram conteúdos personalizados para consumirmos.

Quanto a IA forte, são entidades verdadeiramente pensantes, sistemas de


inteligência artificial capazes de pensar e possuir uma mente genuína, não meras
simulações de inteligência como a IA fraca.5 Ou seja, ela está relacionada à criação
de máquinas que tenham autoconsciência e que possam pensar; o sofware saberia
o porquê de ter feito o que fez, manifestando, quem sabe, emoções. Este tipo de IA
está sendo desenvolvida, porém não temos nenhum exemplo concreto hoje em dia.

A busca por uma IA forte levanta vários desafios filosóficos, éticos e técnicos.
O desenvolvimento de tais sistemas é um esforço contínuo no campo da inteligência
artificial, os quais iremos abordar no decorrer deste livro.

III. Os 4 tipos de inteligência artificial

A inteligência artificial pode ser categorizada em quatro tipos:

Máquinas reativas: Esses sistemas de IA não têm memória e são específicos


de tarefas. Um exemplo é o Deep Blue, um programa de xadrez que pode identificar
peças em um tabuleiro de xadrez e fazer previsões, porém, não pode usar
experiências passadas para informar as decisões futuras pelo fato de não ter
memória.6Outro exemplo são os bot de video games onde a máquina já tem o
conjunto de dados, ações que vão ser usadas para interagir com o jogador. Então,
quando o jogador fizer uma ação, a máquina já saberá como reagir a isso, porém
ele já tem um conjunto de instruções que os programadores colocaram nela.

Memória limitada: Esses sistemas de IA têm memória, porém limitada, para


que possam usar experiências passadas para informar decisões futuras. Trazendo
mais para nosso dia-a-dia, exemplos de memória limitada podem ser chat gpt,
spotify, alexa, google assistent, siri e entre outros.

Teoria da mente: Esse sistema de IA, teria, supostamente, inteligência social


para entender as emoções. Ainda não existe, porém, será capaz de inferir às
intenções humanas e prever o comportamento, uma habilidade necessária para que
os sistemas de IA se tornem membros integrantes de equipes humanas. Estão
5
UFRGS, “IA forte x fraca” (2012): https://www.ufrgs.br/alanturingbrasil2012/area5.html#1
6
Ed Burns, Nicole Laskowski, Linda Tucci “What is artificial intelligence (AI)? - AI definition and how it works” March 2023:
https://www.techtarget.com/searchenterpriseai/definition/AI-Artificial-Intelligence
aperfeiçoando uma plataforma chamada fireflies (você encontrará mais detalhes no
capítulo 4) onde ela possui recursos que fará analises comportamentais por meio de
áudio e texto.

Autoconsciência: Esse sistema de IA teria, supostamente, um senso de


identidade, obtendo consciência. Máquinas com autoconsciência entendem seu
próprio estado atual. Esse tipo de IA ainda não existe.

3. RELEVÂNCIA DA IA NO CONTEXTO CRISTÃO

Ao conhecer um pouco melhor o que é a inteligência artificial, percebe-se que


ela está revolucionando as indústrias com suas aplicações e auxiliando na
resolução de problemas complexos. Ela, por exemplo, pode ser utilizada, no
contexto cristão, como uma ferramenta complementar em vários ministérios, como
em discipulados, estudo e interpretação da bíblia, divulgações, cuidado pastotal,
evangelismo, entre outros. Contudo, podem haver várias implicações e relevâncias
distintas. Dependendo de como é utilizada, essa tecnologia pode envolver questões
éticas e morais. Nos próximos capítulos abordaremos:

- Fundamentos teológicos e ética cristã: a relação da IA com os cristãos, qual o


papel do cristão e suas responsabilidades em relação a ela, seus dilemas
éticos e possíveis crises geradas pelos seus avanços.
- Evangelização e acompanhamento espiritual: a divulgação do evangelho
através das redes sociais com ferramentas para a criação de conteúdo
cristão, vantagens e desvantagens do acompanhamento através de IA e a
importância da interação humana para estes acompanhamentos.
- Gestão eclesiástica: Como podemos utilizar essa tecnologia a favor da
gestão organizacional eclesiástica e de quais maneiras o uso da IA pode
influenciar positivamente dentro do planejamento estratégico da liderança da
igreja local ou organizações cristãs, apresentando ferramentas para análise
de dados e tomada de decisão, como o fireflies.ai.
- Educação cristã e desenvolvimento de liderança: como a IA poderá ajudar a
propagar o evangelho e como ferramentas como a Mem.ai podem nos
auxiliar.
- Comunicação visual cristã: o que é comunicação na Biblia, qual sua
importância na sociedade atual e no ministério cristão e como a IA pode
ajudar na comunicação (identificando o público alvo (Algoritmo), criando uma
estratégia efetiva e estruturando o plano estratégico - criação de conteúdo
criativo - Dream, DALL·E, JasperArt e Midjourney.
- Promoção da justiça social e da caridade cristã: maneiras que a IA pode
facilitar e potencializar algumas das necessidades comuns encontradas por
aqueles que se dedicam a esse trabalho.
- Desafios futuros com a integração desta tecnologia.
Como cristãos, somos chamados a refletir sobre essas questões e garantir
que a IA seja usada de maneira responsável, com cautela e discernimento, de
acordo com os nossos princípios e valores. É essencial que os cristãos estejam
envolvidos nas discussões sobre IA, buscando compreender seus benefícios e
desafios. Devemos estar preocupados com as possíveis consequências negativas
desta tecnologia, buscando a integridade, a sabedoria e a vontade de Deus,
deixando isso guiar o uso e desenvolvimento da IA no contexto cristão, garantindo
que ela esteja alinhada com os princípios e ensinamentos bíblicos. Isso inclui
considerações sobre privacidade, justiça, equidade e a proteção da dignidade
humana.

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