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JORNALISTA
DELEGADO
POLICIAL
DELEGADO
Sabe, eu ainda acho que não era necessário trazer uma investigadora de fora pra assumir esse
caso. Nossa unidade daria conta.
POLICIAL
Dizem que ela é uma das melhores. Já ajudou a solucionar vários casos de desaparecimento
como esse. Nada passa despercebido por ela.
Os dois ficam quietos por um breve tempo. Ambos parecem nervosos e impacientes. O delegado
então, encara o policial
DELEGADO
INVESTIGADORA
Bom dia, senhores.
INVESTIGADORA
Eu me chamo Marcela Queiroz, é um prazer conhece-los. O senhor seria o delegado
Fonseca? (dirigindo-se ao delegado)
DELEGADO
Sim, sou eu (estende a mão e cumprimenta a investigadora). É um prazer conhecê-la.
Esse é o Fontes, policial do distrito (se dirigindo ao policial).
POLICIAL
(Aproximando-se da investigadora) É um prazer conhecer a senhora.
INVESTIGADORA
Igualmente.
INVESTIGADORA
Muito bem então. Como vocês bem sabem, a partir de agora eu estarei encarregada de
cuidar do caso da jovem desaparecida. Espero contar com a ajuda de vocês para
solucionarmos essa situação o mais rápido possível.
DELEGADO
Com certeza, pode contar conosco.
INVESTIGADORA
Vamos lá então? Não temos tempo a perder.
DELEGADO
Certo.
INVESTIGADORA
E... a melhor amiga, Nicole, foi a última a vê-la?
DELEGADO
Exatamente. Segundo o depoimento dela, Letícia iria dormir em sua casa, mas mudou
de ideia e decidiu voltar pra sua casa. Tudo indica que algo aconteceu no meio do
caminho, já que ela nunca chegou em casa de fato.
INVESTIGADORA
Entendo... só uma pergunta, aqui consta no relatório que as únicas pessoas que
prestaram depoimento à polícia foram a melhor amiga; a mãe dela, Sônia Bellucci, que
foi quem primeiramente denunciou o desaparecimento; e o namorado de Letícia,
Arthur. Porém, aqui não consta nenhum depoimento do pai da jovem. E além disso, ela
possui um irmão que também não prestou depoimento... por quê?
DELEGADO
Veja bem, investigadora. O prefeito não estava na cidade no dia do desaparecimento da
sua filha. Ele só chegou no dia seguinte. Quanto ao irmão... bem, ele estava na cidade,
mas saiu bem antes de Letícia ir à casa da amiga e só retornou na madrugada. Ele não
se encontrou com irmã durante esse período de tempo.
INVESTIGADORA
Muito bem então (faz uma breve pausa). Eu quero interrogá-los. Todos eles. Incluindo
o prefeito e irmão.
DELEGADO
A... a senhora tem certeza disso? Não acho que isso seja necessário.
INVESTIGADORA
Confie em mim, delegado. Eu tenho certeza do que estou fazendo. E de preferência,
quero conversar com eles o mais rápido possível. Precisamos correr contra o tempo.
DELEGADO
Eu... vou entrar em contato com eles.
INVESTIGADORA
Ótimo (senta-se na cadeira). Vou ficar no aguardo.
4. Int. A cena ainda se passa na sala da delegacia. Somente a investigadora está em cena,
sentada. Na mesa, está colocado os relatórios da investigação, uma foto de Letícia e
algum elemento que simbolize a passagem do tempo (um relógio, uma ampulheta, algo
do tipo). Iniciam-se os depoimentos. A porta se abre, e o policial aparece em cena:
POLICIAL
Já posso mandar entrar?
INVESTIGADORA
Sim, pode. Mande entrar.
O policial então abre a porta completamente e sai. Alguns segundos depois, Vitória, a
mãe de Letícia, entra pela porta, lentamente. Ela para no meio da sala.
SÔNIA
(com um pequeno sorriso) Bom dia.
INVESTIGADORA
Bom dia. Pode se sentar aqui.
SÔNIA
Eu confesso que não entendi bem o motivo de vir até aqui. Vocês já têm alguma notícia
sobre a minha filha? É isso?
INVESTIGADORA
Infelizmente ainda não temos. Eu a chamei aqui porque eu gostaria de falar um pouco
com a senhora, relembrar algumas coisas sobre o seu depoimento.
SÔNIA
Bom, mas... eu já contei tudo ao delegado.
INVESTIGADORA
Sim, mas agora o caso está em minhas mãos. Tem algumas perguntas que eu gostaria
de fazer. Prometo que vou ser rápida
A mãe então faz uma pausa. Ela olha um pouco para o chão, por alguns segundos, e
volta-se para a investigadora.
INVESTIGADORA
Antes de tudo, eu... sinto muito por toda essa situação. Imagino que está sendo bem
difícil pra senhora e pra sua família.
SÔNIA
Obrigada (respira fundo). É, não tem sido nada fácil. Mas a gente segue.
INVESTIGADORA
Bom, segundo o seu depoimento, a senhora estava sozinha na sua casa na noite do
desaparecimento da sua filha. Certo?
SÔNIA
Sim, certo. Meu marido saiu de manhã pra uma reunião administrativa em Borá e só
voltou no dia seguinte. Já o Leonardo, meu filho... (dá um suspiro e relata com certo
desprezo) ele saiu cedo de casa pra cair no mundo com os amigos dele. Voltou só de
madrugada. Esse aí é um caso perdido. A Letícia foi a última a sair de casa, ia dormir
na casa da amiga.
INVESTIGADORA
E... ela aparentava estar normal? Ou havia algo fora do comum?
SÔNIA
Não tinha nada de errado com ela. Pelo menos, não me pareceu. Ela... era a mesma
Letícia de sempre. Se despediu de mim normalmente antes de sair. E essa foi a última
vez que eu a vi (pausa). Achei que ela estava na casa da Nicole esse tempo todo. Só no
dia seguinte, quando liguei pra amiga dela e ela me disse que a Letícia não tinha
dormido lá... (a voz falha um pouco, numa tentativa de expressar emoção) só então foi
que eu me dei conta que ela tinha desaparecido.
INVESTIGADORA
E... só mais uma pergunta. A que horas a senhora foi dormir naquela noite?
SÔNIA
É, eu acho... acho que perto das 22 horas. Não tinha ninguém em casa, então... eu fui
dormir mais cedo.
INVESTIGADORA
A senhora disse que seu filho chegou em casa durante a madrugada. A senhora ouviu
ele chegar?
SÔNIA
(rapidamente) Não, não. Só acordei no dia seguinte.
INVESTIGADORA
E não se preocupe. Eu prometo que toda a verdade sobre esse caso vai ser revelada muito em
breve. A senhora não perde por esperar.
Sônia então, sorri para a investigadora e, em seguida, vira-se e vai em direção à porta
até sair da sala. A investigadora permanece sentada na mesa, olhando para a o relógio.
Com o foco no relógio, vê-se uma mudança de hora e ao retornar o foco para a sala,
uma outra pessoa já está em cena junto com a investigadora. É a amiga de Letícia,
Nicole. Ela está andando em direção a investigadora, olhando o celular que está na sua
mão. A investigadora a olha com julgamento.
INVESTIGADORA
Então você é a Nicole?
NICOLE
Eu mesma! (estende a mão pra investigadora, sorrindo) Prazer!
A investigadora faz um sinal pra que ela se sente. Ela então se senta na cadeira, e volta
a olhar para o celular, em seguida se dirigindo à investigadora (mas sem olhar para ela)
NICOLE
Então... vocês já tem alguma notícia da Lê?
INVESTIGADORA
(observando a jovem com desconfiança) Ainda não...
NICOLE
(enquanto ainda mexe no celular, com uma voz de tédio) Poxa... fico muito triste com
tudo isso, sabe?
INVESTIGADORA
(com ironia) É, dá pra perceber. Bem, estarei apenas fazendo algumas perguntas.
Nicole parece não prestar atenção e continua focada em seu celular. A investigadora a
observa em silêncio, incrédula. Como a jovem continua a usar o celular e não dá
atenção à investigadora, esta a adverte:
INVESTIGADORA
Eu só queria lembrar que você está diante de uma investigação oficial da polícia. Então
por favor, DESLIGUE O SEU CELULAR.
NICOLE
Ai, tá bom... (coloca o celular dentro da bolsa)
INVESTIGADORA
Eu quero que você me conte exatamente tudo, com detalhes, do que ocorreu na noite
em que Letícia foi dormir na sua casa.
NICOLE
Tá, é... eu... tomei banho, fiz minha skincare, tirei algumas fotos pro feed...
INVESTIGADORA
(interrompendo a fala de Emanuelle) Vamos... focar nas coisas mais importantes, certo?
A partir do momento em que a Letícia chegou na sua casa.
NICOLE
Certo. Bom, a gente tinha combinado de assistir uns filmes juntas e, tava tudo bem no
começo, a Letícia tava falando as mesmas coisas de sempre (com a voz um pouco
entediada) ..., mas aí ela começou a ficar estranha de repente.
INVESTIGADORA
(Interessada) Como assim? Explique melhor isso. Primeiramente, o que exatamente
seriam as “mesmas coisas de sempre”?
NICOLE
Ah... é que ela sempre tá reclamando sobre a vida dela. Toda vez a mesma coisa: se
sente distante dos pais, vontade de terminar com o namorado... é sempre isso. Tudo
bem que A Letícia é minha amiga, mas sinceramente eu não consigo entender como
uma pessoa tem uma vida tão boa; com dinheiro pra dar e vender; com um bom
namorado; bons pais; uma amiga incrível como eu... e ainda assim consegue ser tão
ingrata! Sério! As vezes parece que ela procura problema onde não tem!
INVESTIGADORA
Mas o que te faz pensar que a vida da Letícia era tão perfeita assim? Eu imagino que,
sendo a “melhor amiga” dela, você tinha uma certa intimidade com a família.
NICOLE
(sentindo-se importante) Sim, com certeza! Já participei de muitos jantares e festas na
casa do prefeito. Sabe, as vezes eu sinto que ele me vê como uma segunda filha...
INVESTIGADORA
(um pouco impaciente) Sim, sim, mas você nunca viu nada de estranho na família?
Eles sempre se tratavam bem o tempo todo?
NICOLE
Sempre! Como eu disse, a Letícia tem uma família perfeita. Pode perguntar pra
qualquer pessoa dessa cidade, todo mundo vai confirmar isso. O prefeito e a dona
Sônia são ótimas pessoas. Tudo bem que o irmão dela é meio duvidoso, mas... dá pro
gasto. Enfim, Eu não sei o que a Letícia tem contra a própria família.
A investigadora fica em silêncio durante um breve momento, e em seguida retorna ao
assunto anterior.
INVESTIGADORA
Entendo...mas, continuando. Você disse que ela havia ficado estranha de repente. O que
aconteceu?
NICOLE
Bom, eu estava ouvindo o desabafo da Letícia, quando de repente ela começou a
discutir comigo, dizendo que estava cansada de se sentir DESPREZADA por mim e
que EU NUNCA ACREDITAVA NAS COISAS QUE ELA DIZIA? (indignada)
SÉRIO! Isso não faz sentido NENHUM, eu sempre fui uma ótima amiga pra ela! Eu
não tenho culpa se ela é uma maluca!
INVESTIGADORA
Vamos... tentar manter a calma, ok?
NICOLE
Ok... (fecha os olhos e respira fundo)
INVESTIGADORA
Depois disso, eu disse pra Letícia que, já que eu não era uma “amiga de verdade”, ela podia ir
embora da minha casa se quisesse. E aí ela... saiu. Sabe, investigadora, eu já tenho muita coisa
pra me preocupar. Tem milhares de seguidores que dependem de mim. Eu não tenho tempo pra
ficar lidando com os surtos da Letícia. Mas enfim, é isso. Essa foi a última vez que eu falei com
ela.
A investigadora encara a jovem por um certo tempo. Nicole lança um sorriso para a
investigadora.
INVESTIGADORA
Definitivamente não.
NICOLE
Nicole sai da sala, a porta se fecha. A investigadora pões as mãos na cabeça, fecha os olhos e
respira fundo. Alguém bate na porta novamente, e logo em seguida ela se abre. O policial surge
novamente.
POLICIAL
Com licença, investigadora. O filho do prefeito já chegou.
INVESTIGADORA
Ótimo, mande ele entrar
O policial, da porta, faz um sinal para que Leonardo entre. Em seguida, ele aparece em
cena e entra na sala. Seu andar é meio desleixado, desinteressado. Ele senta-se na
cadeira, em silêncio, e olha com indiferença pra investigadora.
INVESTIGADORA
Você deve ser o Leonardo...
LEONARDO
É, né. Vem cá, o que é que eu tô fazendo aqui mesmo? Eu nem tava com a minha irmã
quando ela desapareceu
INVESTIGADORA
Mas você viu ela horas antes do desaparecimento, não viu?
LEONARDO
Sim, eu vi.
INVESTIGADORA
(rapidamente) E você voltou pra casa durante a madrugada, quando ninguém ainda
sabia do desaparecimento dela.
LEONARDO
(demora um pouco e responde lentamente, desconfiado) Sim...
INVESTIGADORA
Então eu já tenho motivos suficientes pra te ouvir. Me diga, Leonardo, onde você
estava durante toda aquela noite, quando você saiu de casa?
LEONARDO
Ah... eu tava na rua, com os meus amigos.
INVESTIGADORA
Seja mais específico.
LEONARDO
(suspira, e depois responde envergonhado) Eu... passei a noite bebendo.
INVESTIGADORA
Hum (desconfiada). Só bebida ou alguma coisa a mais?
LEONARDO
(nervoso) ah.... só bebida, só bebida.
INVESTIGADORA
Certo. E, a que horas, mais ou menos, você chegou em casa?
LEONARDO
(demora a responder) Eu... não sei. Perto das 4 da manhã, talvez.
INVESTIGADORA
(anotando algo) Ok. Agora, uma outra pergunta: como você considera a sua relação
com a sua irmã?
LEONARDO
(confuso) Ah... não muito próximos, talvez? Espera, qual que é o sentido dessas
perguntas?? Olha, eu já disse pro delegado e vou dizer pra senhora: Eu não posso
ajudar nas investigações com alguma informação ou algo do tipo. Eu não me lembro de
quase nada daquela noite, nada. Eu tava tão bêbado que foi um milagre eu ter chegado
em casa. Mas o que eu sei é que eu cheguei, deitei e apaguei completamente. É isso.
Como eu disse, nada que ajude no caso.
INVESTIGADORA
Eu vou ser bem sincero com você, Leonardo. Um desaparecimento como o da sua
irmã, sem nenhuma pista de rastreamento de onde ela possa estar, sem nenhuma
ligação anônima pedindo uma recompensa em dinheiro, sem nada, só me indica uma
coisa. Alguma coisa muito ruim pode ter acontecido com a Letícia naquela noite, e de
todas as pessoas mais próximas, você é o único que não tem um álibi muito concreto.
Leonardo então dá uma leve risada, sem acreditar muito bem no que está ouvindo
LEONARDO
Deixa eu ver se eu entendi bem, a senhora tá insinuando que eu possa ter feito algo
com a minha própria irmã?
INVESTIGADORA
Você mesmo acabou de me dizer que não era tão próximo dela.
A expressão de Leonardo muda, se tornando fechada e séria. Ele se inclina na mesa, e
muito seriamente se dirige à investigadora
LEONARDO
Eu não fiz NADA com ela!
INVESTIGADORA
(também se inclinando na mesa) É o que todo mundo diz.
INVESTIGADORA
Pode ir, eu já terminei com você. Por enquanto.
PREFEITO
(Um pouco bravo) eu posso saber por quê fui chamado até aqui?
INVESTIGADORA
Bem, prefeito... eu sei que o senhor não estava aqui no dia do desaparecimento da sua
filha, mas eu ainda assim gostaria de fazer algumas perguntas.
PREFEITO
Muito bem. Prossiga.
INVESTIGADORA
Como é a relação da Letícia com a família, de modo geral? Com o senhor, sua esposa,
eu filho...
PREFEITO
(secamente) Era... boa. Ótima, na verdade. Nós somos uma família bastante feliz e
unida.
INVESTIGADORA
(insatisfeita com a resposta do prefeito) E falando da relação dela com o irmão,
especificamente, como é?
PREFEITO
Os dois são bastante unidos. São quase como unha e carne. Inseparáveis.
INVESTIGADORA
E o namoro dela com o... Arthur, não é? Não havia nenhum problema ou complicação
entre eles?
PREFEITO
Absolutamente não. É um relacionamento bastante promissor, investigadora. Arthur é
um ótimo jovem, e com certeza dará um perfeito marido pra minha filha. Como a
senhora pode ver, minha filha vive muito bem. Tem tudo o que precisa.
INVESTIGADORA
Eu só queria lembra-lo prefeito, de que o senhor não está lidando com algum jornalista,
ou com qualquer outra pessoa da mídia. É com a polícia que o senhor está falando. Sua
filha já está desaparecida a dois dias, e não há nenhum sinal dela ainda. Sua última
ação aqui deveria ser mentir pra nós. Sustentar a imagem de uma família boa e perfeita
só diminui as chances de chegarmos até a verdade, e torna tudo mais difícil.
PREFEITO
(seriamente, com firmeza na voz) Eu quero que você me escute bem. Você não foi
trazida até aqui pra investigar e invadir a vida da minha família, você foi trazida pra
encontrar a minha filha e punir quem tiver que ser punido. A Letícia é o futuro do nome
da minha família, então é melhor que ela seja encontrada o mais rápido possível.
INVESTIGADORA
É exatamente isso que estou fazendo.
PREFEITO
Ótimo. Foque apenas nisso. Com licença.
INVESTIGADORA
Bom... (suspira) você é o último, então prometo que vou ser breve. Me diga, Arthur, há
quanto tempo você e a Letícia estão juntos?
ARTHUR
Eu... já conhecia ela a uns 5 anos, mas a gente só começou a namorar a quase dois
anos.
INVESTIGADORA
E... como é o relacionamento entre vocês?
ARTHUR
Melhor impossível. Nós dois somos muito felizes juntos.
INVESTIGADORA
E não estava tendo nenhum tipo de problema entre vocês nos últimos tempos? Algo
que gerasse desconfiança, estranheza...
ARTHUR
(gaguejando um pouco) N-não, de jeito nenhum. Na verdade, a gente até conversou
sobre casamento.
INVESTIGADORA
Mas a Letícia concordava com isso?
ARTHUR
Sim, ela se animou muito quando a gente conversou sobre (dá um breve sorriso)
INVESTIGADORA
Certo... no seu depoimento, você disse que não se encontrou com a Letícia no dia. Você
confirma essa informação?
ARTHUR
(um pouco vacilante) sim...
INVESTIGADORA
Mas você conversou com ela no dia?
ARTHUR
(faz uma pausa, demorando a responder) Eu... conversei, sim. De noite, quando ela ia
pra casa da Nicole, eu liguei pra ela.
INVESTIGADORA
E, você poderia me contar o assunto da ligação?
ARTHUR
(ficando mais nervoso) Ah... foi, foi uma ligação rápida. Eu combinei de sair com ela
no dia seguinte, foi só isso.
INVESTIGADORA
E essa foi a última vez que você teve qualquer contato com ela?
ARTHUR
(vacilante e nervoso) S-sim, sim.
INVESTIGADORA
Você tem certeza disso?
ARTHUR
(demora a responder, percebendo a desconfiança da investigadora) Sim... sim, foi a
última vez.
Ela permanece o encarando. Ele a encara também por pouco tempo, mas novamente
desvia o olhar. Ela balança a cabeça, entendendo a confirmação de Arthur. Sem tirar os
olhos dele, anuncia:
INVESTIGADORA
Pode ir então. Já terminamos aqui.
Arthur faz um sinal positivo com a cabeça e, em seguida, sai da sala com certa pressa.
A investigadora o segue com o olhar, e, em seguida, olha novamente para a foto de
Letícia e para o relógio, um sinal de que o tempo está avançando. Fim de cena.