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Árvores e Madeiras Úteis Do Brasil Manual de Dendrologia Brasileira
Árvores e Madeiras Úteis Do Brasil Manual de Dendrologia Brasileira
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Plantas do Brasil
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MANUAL DE
DENDROLOGIA BRASILEIRA
Blucher
Plantas do Brasil
E MADORA I
ÚTEIS
m BRASIL
MANUAL DE
DENDROLOGIA BRASILEIRA
CARLOS TOLEDO RIZZINI
Jardim Bot ânico do Rio dc Janeiro
Academia Brasileira dc Ciências
Pesquisador IA do CW . Ptj.
Á rvores e madeiras ú teis do Brasil: manual de dendrologia brasileira
© 1 978 Carlos Toledo Rizzini
2 a edi ção - 1 978
8 a reimpress ão - 2019
Editora Edgard Blucher Ltda.
Rua Pedroso Alvarenga, 1 245 , 4o andar Rizzini, Carlos Toledo, 1921 - 1992 .
04531 - 934 - S ão Paulo - SP - Brasil Á rvores e madeiras ú teis do Brasil: manual
Tel.: 55 1 1 3078- 5366 de dendrologia brasileira / Carlos Toledo Rizzini
contato blucher.com. br - 2a edição - São Paulo: Blucher, 1 978.
^
www. blucher.com. br
Bibliografia.
ISBN 978 85 - 212 - 0051 - 2
-
Todos os direitos reservados pela Editora índices para cat álogo sistemá tico:
Edgard Blucher Ltda.
1. Brasil : Á rvores e madeira ú teis : Bot â nica 582.160981
2. Brasil : Dendrologia: Botâ nica 582.160981
IN MEMORIAM
Aos eminentes cultores da Dendrologia brasileira :
Jacques Huber, Adolpho Ducke, Jo ão G. Kuhlmann,
Edmundo N. de Andrade e Henrique L, de Mello Barreto.
resumidamente).
—
2. Espécies afins daquelas 99 (cujas caracter ísticas são apresentadas
—
3. Espécies referidas de passagem 56 (com uns poucos dados esparsos).
4. Total de espécies focalizadas — 294.
É manifesto que a flora brasileira contém mais de 294 espécies arbóreas
euxilóforas. Todavia, ninguém ignora que a importâ ncia deste excedente é,
—
por todos os tí tulos, nula a não ser para os botâ nicos sistematas (pelo
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ÁRVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGiA BRASILEIRA
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INTRODUÇÃO
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
ANACARDIACEAE
la. Drupa alada ; epicarpo delgado ; endocarpo espesso e duro. Estilete
lateral.
1. Schinopsis Engl.
lb. Drupa sem asa, coroada pelo cá lice ampliado, seco e maior lo que ela.
Estilete terminal .
2. Astronium Jacq.
ASTRONIUM Jacq.
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ÁRVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
-
2b. Drupa com 7 9 mm, quase negra ; lacínias calicinas com 7 9 mm , -
-
providas de forte mácula parda central. Folí olos serreado crenados.
Floresta atlântica.
3. Á. gracile Engl.
lb. Fruto globoso, encimado por um cálice acrescente duas ou mais vezes
maior do que ele.
2a. Folhas com 3-7 pares de folíolos mais ou menos pilosos. Cálice
frutífero com lacínias obovadas medindo 5-8 mm (duas vezes maior
do que a drupa esf érica e sú pera).
.
4. A urundeuva (Fr.All.) Engl.
2b. Folhas com 2-3 pares de folíolos glabros. Cálice frut í fero com lací-
nias oblongas, nervosas, que medem 30-35 mm (vá rias vezes maiores
do que a drupa obcônico-quinada e ínfera).
.
5. A macrocalyx Engl.
OBS. Segundo Ducke (1915-1939), A . lecointei difere de A. fraxini-
folium e de A . gracile pelos pedicelos articulados logo acima da base nas
flores masculinas e pouco abaixo do meio nas femininas, e pelos pedicelos
frutíferos medindo 12-15 mm de compr. Em A. fraxinifolium , os pedicelos
articulam-se um pouco abaixo do ápice, os frutíferos alcançando 9-11 mm .
Em A. gracile , tal articulação acha-se nas proximidades da ponta do pedicelo,
os frutíferos medindo apenas 3-4 mm e sendo mais espessos.
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
ximo .
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
nados, 3-6 x 2-3,5 cm ; pecíolo hirs útulo, 2-4 mm. IN FLORESC Ê NCIA
muito congesta nas pontas dos ramos desfolhados, racemosa, ca . 10-15 cm ,
parcamente pilosa ; pedicelos 0,5- 1 mm ; as flores formam pequenos fascículos
inseridos ao longo dos eixos dos racemos. FLORES hermafroditas : sépalas
-
Gonç alo ahes , mirueira (sul da Bahia e norte do ES), aderno-preto ,
-
gibata, gibata preto, guaribu -preto, guarabu- rajado, gibarão-rajado, gua -
rabu-marcineiro (ES).
Características distintivas. Á RVORE que alcança 40 m x 150 cm, forne-
cendo fustes de 22-28 m x 60-100 cm ; uma deu 5 toras de 4,5 m x 55 cm
(3,75 m 3) ; apresenta grandes sapopemas, até vá rios metros acima do solo ;
râ mulos glabros, esparsamente lenticelosos. FOLHAS com 5 (até 7) folíolos
entre oblongos e ovados, curtamente acuminados, a base obtusa e algo assi-
mé trica, remotamente crenulados, subcoriá ceos, com a nervação delicada-
mente impressa nas duas faces, glabros, alcan çando 4-7 x 2-3,5 cm ; pecí olo
sempre canaliculado, medindo 5-7 cm. FRUTOS achatados, irregularmente
quinqiieangulares, com 6-9 mm de diâ metro, í nferos ; cálice frutífero s ú pero,
vermelho, apresentando lac í nias oblongas , longas, nervosas, medindo
3-3,5 cm x 9 -13 mm. (Estampa 1 )
Madeira. Bege- rosada ou amarelo- pardacento-rosada, passando a pardo-
-avemielhado-clara, com grandes manchas e veios pardo-escuro e reflexo
mais o menos dourado ; superf ície brilhante , lisa ; sabor levemente adstrin-
gente. Dura e pesada ; durabilidade muito grande. Alburno amarelo-claro,
5- 10 cm .
Empregos. Mobiliá rio de luxo, objetos de adorno , torneados, etc. Ainda
construções civis e navais. A variedade com raias paralelas quase negras é
-
muito estimada e chama-se gonçalo fita. O acabamento é muito bonito e liso.
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Área. Comum no sul da Bahia e norte do Espí rito Santo, alcan çando
Minas Gerais (Vale do Rio Doce). Na Bahia, observavam-se frequência de
0,6 á rvore/ ha e volume de 10 m 3/ ha .
Espécie afim. A . concinnum Schott , da floresta atl â ntica (GB), que se
afasta pelos fol í olos mais numerosos (4-10) e menores, pelo cálice frutífero
duas vezes mais curto, bem como pelos frutos ovoides ca. 3 mm de compr .
Pouco frequente.
APOCYNACEAE
ASPIDOSPERMA Mart. & Zucc.
Gênero complicado, rico em espécies de distin ção laboriosa, que se
caracteriza pela presen ça, no tubo corolino, de fissuras ou rimas por detrá s
das anteras ( fendas epistaminais ; cf . Woodson , 1951), e pelos fol ículos acha -
tados, contendo sementes aladas. Woodson (ib.) considera 52 espécies. Como
vá rias de suas fusões de espécies próximas são ilegí timas, baseadas na insu-
ficiência das coleções que examinou, no desconhecimento das á rvores vivas e,
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ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
ainda, dos habitats destas — pode avan çar-se ca. 130 espécies, sendo umas
80 no Brasil , abrindo lugar para as reveladas subseqiientemente. Vivem em
todos os tipos de vegeta çã o, estendendo-se desde o M é xico até a Argentina ;
a maioria , por ém, é brasileira.
Numerosas espécies fornecem estimadas madeiras amarelas, amareladas
ou amarelo-rosadas, ditas localmente pereiro , peroba , guatambu e perobinha ,
nomes esses seguidos de vá rios qualificativos ; na regi ã o amazônica ouvem-se
carapanaúba e araracanga. Todas sã o ricas em alcaloides vários.
Agradeço ao distinto conhecedor deste magno gê nero, Apparicio P.
Duarte, os conselhos que me deu.
Woodson (1951) dividiu o gê nero em vá rias séries de espécies, das quais
as subsequentes, acrescidas de uma posterior, importam dendrologicamente .
S érie RAMIFLORA Woods.
Á rvores perenif ólias, dotadas de l á tex branco e casca delgada , rígida .
Folhas alternas, acumuladas nas pontas dos ramos, membranáceas, grandes,
com nervaçã o proeminente e conspicuamente reticulada em ambas as faces.
Inflorescência ramiflora, disposta em pequenos fascículos sésseis inseridos
ao longo dos ramos desfolhados, distantes das extremidades folhosas destes,
paucifloros ; brácteas persistentes. Corola salviforme, pilosa, crassa, com
lací nias horizontais ou reflexas ; tubo manifesto. Folículos avantajados,
obovado-suborbiculares, plano-convexos, glabros, densamente lenticelosos .
Sementes com asa circular e n úcleo semin ífero central. Uma espécie de flo-
resta pluvial.
1. A. ramiflorum M . Arg.
Série PYRICOLLA Woods.
Á rvores caducifólias, providas de lá tex branco e casca moderadamente
espessa, rimosa . Folhas alternas ou agregadas nas pontas dos ramos, membra-
náceas a subcoriáceas , pequenas ou médias, a nervaçã o delicadamente impressa
ou subvisí vel . Inflorescência mais ou menos terminal , pedunculada, sem brác-
teas. Corola salviforme, pequena. Folículos piriformes (ou obovados ou dola -
briformes), desigualmente biconvexos, atenuados na base em estipe cons-
p í cuo . mais ou menos lenticelosos . glabros ou tomentosos . Sementes ovais
ou elipsó ides . com nú cleo semin í fero central .
la. Inflorescência densamente rufo ou fulvo-tomentela . Folhas abaixo de
20 mm na largura . Corola , na flor aberta, com lací nias reniformes (dif ícil
de examinar : raspar os pêlos sob a binocular de 24 x pelo menos) . Fol í-
-
culos densamente rufo tomentosos.
2. A. parvifolium A . DC .
lb. Inflorescências glabras. Folhas alé m de 20 mm na largura . Corola com
lací nias ovais. Frutos sem pêlos ferrugíneos.
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
lb. Á rvore menor, das matas secas e de calcário. Corola glabra, as lací nias
duas vezes mais longas do que o tubo. Folhas com nervaçã o laxa ; pecíolo
com 20-25 mm . Frutos subcilíndricos, maiores ( 6-8 x 2-2,5 cm). Inflo -
rescências frouxas.
.
8 . A cylindrocarpon M . Arg.
Série NOBILES Woods.
Á rvores decíduas ou sempreverdes, com lá tex vermelho-sanguíneo e
casca dura, rugosa . Folhas alternas, coriáceas, com nervuras secund á rias
ascendentes ou horizontais, indivisas. Inflorescência mais ou menos terminal ,
com ramos verticilados ou fastigiados, tirsiforme, multiflora, com brácteas
persistentes. Corola com lacínias linear-lanceoladas, caudadas e enroladas
umas nas outras no botão (prefloraçã o torcida ), erectas depois da antese.
Folí culos piriformes ou subcilíndricos , biconvexos, densamente tomentelos,
quase destituídos de lenticelas. Sementes com asa aproximadamente circular .
la. Casca amarela intemamente (só a zona liberiana é violácea) . Folhas com
a face inferior coberta de pêlos papilosos branco-sujos, discolores ; ner-
vuras distantes e proeminentes em baixo, imersas na pá gina superior.
Fruto suborbicular, pardo-escuro, papiloso. Amazonas.
9. A. álbum (Vahl) R. Ben .
-
lb. Casca amarela , porém, tomando se violácea intemamente. Folhas con -
colores, escuras ; nervuras aproximadas e pouco impressas em ambas as
pá ginas. Fruto como acima . Própria do Pará .
10 . A . desmanthum Benth.
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ARAUCARIACEAE
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cuja coloraçã o é carregada ; superf ície lustrosa e lisa ; cheiro e sabor ligeira -
mente resinosos. Leve e macia , pouco durável quando exposta ao tempc
Segundo Kissin (1962), os an éis de crescimento, na quase totalidade, são
anuais e servem para determinar a idade das á rvores (com erro desprezível).
Empregos. É a madeira mais importante do Brasil pela abundâ ncia ,
preço e prestabilidade. Entre os m últiplos e variad íssimos usos, citam se: -
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BIGNONIACEAE
la. Dois estames exsertos (três estamin ódios inclusos). Corola tubulosa .
Cá psula ensiforme , lenhosa. Folhas digitadas com 5 fol í olos serreados.
1 . Paratecoma Kuhlm.
lb. Quatro estames inclusos (um estamin ódio ). Corola infundibuliforme.
C ápsula linear ou cilíndrico-linear, coriácea . Folhas variá veis.
2a . Cá psula com valvas planas e lisas.
3a. Folhas simples ou digitadas.
2. Tabebuia Gomes
3b. Folhas penadas.
3. Tecoma Juss.
2b. Cá psula com valvas côncavas e costuladas (percorridas por cons-
pícuas linhas longitudinais em relevo ).
4. Cybistax Mart.
Obs. —
Tecoma e Cybistax , ambos com uma só espécie no Brasil, nã o
têm qualquer valor como produtores de madeira útil .
PARATECOMA Kuhlm .
Bem caracterizado pelos 2 estames exsertos, 3 estaminódios, cá psula
lenhosa de forma peculiar, forma da corola , etc. ; desse modo afasta-se do
aparentado Tabebuia (e Tecoma ). Compreende uma única espécie, que vem
a ser uma das primeiras á rvores fornecedoras de lenho no Brasil.
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TABEBUIA Gomes.
Engloba cerca de 60 espécies, habitantes da Am é rica tropical, desde o
México até a Argentina , a maioria no Brasil . As espécies que conduzem
lenho escuro, pesado, extremamente duro e de todo imputrescí vel , sã o conhe-
-
cidas, da Amazônia à Bahia , como pau cVarco , e da Bahia para o sul como
-
ipê ; em Minas Gerais ouvem se as duas denomina ções, sendo preferida, no
-
interior, a de pau d’arco . Além das madeiras, todas sã o apreciad íssimas como
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.
Cascas de Tubebuia À esquerda, 1. heptaphylla : à direita . T. imperiginosa.
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LOS 7, à s vezes 5 numa folha ou noutra , oval -lanceolados, com a base cuneada
até suborbicular, de acuminados até caudados, o acú men medindo 1,5-3 cm ,
membran áceos, finos, geraimente negros no herbá rio, glabros ou tão-somente
pilosos nas axilas das nervuras inferiores, regularmente serrilhados, medindo
-
6- 16 x 3 6 cm ; pecíolo com 5- iOcm. FLORES em tr íades cujos ped ú nculos
se ramificam dicotomicamente e sao pilosos, as quais compõem conjuntos
corimbiformes nas pontas dos râ mulos sem folhas ; cá lice mais ou menos
tomentoso, com 5-8 mm ; corola róseo-violácea, pilósula (pêlos in vivo alvos ),
atingindo 5-7 cm, de resto semelhante à anterior. FRUTO linear , sinuoso ,
estriado, com 35- 50 x 1 ,5-2 cm ; sementes até 3,5 cm compr . ( Estampa 4 }
Madeira . Como a do anterior, bem como os seus empregos.
Á rea. Do sul da Bahia à Guanabara, na floresta pluvial. Comum na flo-
resta atl â ntica, no Rio de Janeiro e Guanabara , sobre a Serra do Mar.
Informações gerais . Floresce entre julho e setembro e frutifica em outu -
bro -novembro. Um quilo encerra perto de 13 500 sementes, que germinam
em ca. 10 dias. Almeida (1943), na Gávea (Rio de Janeiro, GB), em 79 á rvores
-
de 16 anos, notou : altura má xima 11 ,5 m ; altura mínima-3 m ; diâ metro
má ximo-18 cm ; diâ metro minimo-4 cm ; a maioria exibiu : 6-8 m x 8-12 cm .
Espécie afim. Destaca-se Tabebuia ipe ( Mart , ) Stándl., equivalente a
Tecoma ipe Mart . e a Tabebuia avellanedae Lorentz, dito pau-d’arco-roxo
( Amazônia e Nordeste), ipê-roxo e ipê- preto (Rio Grande do Sul). É mais
difundido no Pará , Ceará e Pernambuco ; aparece em Minas Gerais, Bahia e
toma-se outra vez frequente no extremo sul ( R. G. do Sul, Argentina, Para -
guai e Bolívia ) ; ainda no Peru. Bastante comum no Pantanal de Mato Grosso,
-
onde dizem-na piú va roxa .
T . ipe mostra - se bem parecida com T . heptaphylla , da qual se distingue
principalmente pelos folíolos em n úmero de 5, escamosos e com a base mais
arredondada (às vezes subcordada) ; al ém disso, os pecíolos (7-16 cm) sã o
mais longos e os frutos ( 30-40 cm X 10-12 mm ) algo menores em T . ipe .
No material amazônico os folíolos mostram-se subíntegros, n ã o havendo
outras diferenças ; Huber aplicou o binómio Tecoma violacea (nomen) ao
pau-d’arco- roxo hileiano, o qual se considera igual a T. ipe. A esta forma de
folíolos inteiros deu-se a designação de T. avellanedae , quando observada
no sul do país (cf. Fabris, 1965) ; desde muito, porém, é tida como sinónima
de T . ipe. A inflorescência desta espécie lembra bastante T . impetiginosa ,
mas os folíolos menores, mais estreitos e glabros n ão permitem confusã o
( inclusive sem tufos barbados nas axilas das nervuras). (Estampa 4)
-
Tabebuia ipe é á rvore grande (25 45 m x 100-150 cm ) da mata de terra
firme , cuja casca é castanho-escura, espessa, bastante irregular e sulcada ;
encerra ca . 5% de tanino ; quando jovem, a casca é lisa , cinzento-clara e lenti -
celosa. Os demais caracteres coincidem com os de T. heptaphylla. Um quilo
engloba ca. 35 000 sementes.
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
BOMBACACEAE
Os dois gêneros considerados distinguem-se como segue.
la . Folhas digitadas. Coluna estaminal dividida em 5 filetes que sustentam ,
cada um, 1-3 anteras lineares e livres. Estigma lobulado.
1 . Ceiba Mill.
lb. Folhas simples. Coluna estaminal apenas 5-lobada e com anteras sésseis
e confluentes. Estigma espiraladamente sulcado.
2. Ochroma Sw .
CEIBA Mill.
Abarca 10 espécies neotropicais, uma sendo pantropical (a descrita aqui).
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
OCHROMA Sw .
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
BORAGINACEAE
la. Quatro estigmas sobre um estilete duplamente bífido.
2a. Cá lice minuto.
1 . Cordia L.
2 b. Cá lice amplo, além de 2 cm de compr.
3a. Sépalas estreitas, livres entre si , abertas.
2 . Patagonula L.
3b. Sépalas largas (acima de 2 cm), concrescentes em um cá lice
inflado.
3. Auxemma Miers
OBS. Gerascanthus P. Browne, que se aparta de Cordia unicamente pela
corola seca e persistente no fruto (como no louro- pardo), será mantido como
seçã o do último .
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
CORDIA L.
Engloba ca . 200 espécies, distribuídas maciçamente pela América tro-
pical , relativamente poucas no Velho Mundo. As nossas á rvores euxilóforas
pertencem à seção Gerascanthus ( P. Rrowne) Don que, conforme Johnston
(1930 ) , se define assim : corola marcescente, persistente no fruto e servindo
como pá ra-quedas ; fruto elipsó ide, com paredes cart áceas, encimado pela
base discóide do estilete , completamente incluído no tubo calicino. Habitam
a América tropical .
Record (1941) distingue dois tipos de madeira em Cordia : a) escuras e
pesadas ; b) claras e leves , entre estas contando-se as brasileiras, abaixo discri-
minadas.
la. Folhas glabras.
2a . Lacínias corolinas mais ou menos ovadas, quase tao longas quanto
largas e agudas. Rio de Janeiro.
.
1. C latiloba Johnst.
2 b. Lací nias corolinas oblongas, bem mais compridas do que largas e
obtusas ou retusas. Pará .
2. C. goeldiana Huber
lb. Folhas (e ramos) providas de pêlos estrelados.
2a. Corola com lobos de 1,5-3,5 mm de largura. Ramos dotados de
dilatações produzidas por formigas (mirmecof ília). Mato Grosso e
Rio Branco.
.
3. C alliodora (R. & Pav .) Cham .
-
2 b. Corola com lobos de 3 7 mm de largura . Faltam as dilatações mirme-
cógenas . Do Cear á ao Rio Grande do Sul.
4. C. trichotoma (Vell.) Arrab.
OBS. 1. C. trichotoma é espécie extremamente variá vel, sobretudo na den -
sidade do indumento, havendo formas quase glabras e formas forte-
mente pilosas, estas com tonalidade fulva . 2. C. alliodora distribui-se
amplamente desde o México at é Mato Grosso ; deste em diante (sul,
leste e nordeste) é substituída por C. trichotoma, o comum louro- pardo,
3. C . latiloba e C. goeldiana, sã o espécies de á rea restrita , a primeira
muito mais do que a segunda .
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Area. Ocorre nas florestas e capões desde o Ceará at é o Rio Grande do Sul,
nã o poupando as vegetações mais secas, como os morros da Guanabara e
o cerrado ( rara ) . No sul da Bahia verificou -se uma frequência de 0,2 á rvore/ha
e um volume de 0, 3 m 3 / ha ; desta regiã o exporta-se atualmente sob a designaçã o
de mutamba ou louro-mutamba, o que teve início há poucos anos. Notada ainda
no Paraguai, Argentina e Bol ívia . Surge espontaneamente nos pastos e ro ças.
OBS. Mutamba, no Nordeste , é a vulgaríssima Guazuma ulmifolia Lam .,
tiliàcea mediana, malacóxila e dispersa pela América tropical .
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
-
Informações gerais. Floresce em março maio e frutifica em junho julho. -
Perde a folhagem parcialmente em julho-agosto. Um quilo corresponde a
ca . 27 800 frutos e a 40 200 sementes ; estas germinam hipogeiamente em
ca . 15 dias, dentro do pericarpo e envolt órios florais secos ; cotilédones del-
t óide-orbiculares, pubérulos, ca. 10-15 mm diam. ; plú mula vilosa. Cresce
com rapidez e pode ser utilizada aos 30-40 anos.
Espécie afim. C. alliodora ( R . & Pav . ) Cham., sobretudo norte-centro-
-americana ; no Brasil, observada somente em Mato Grosso (donde o sinó-
nimo : C. cuyabensis Manso & Lhotzky ) e no Alto Rio Branco. Esta árvore
é muito semelhante a C. trichotoma e tem sido frequentemente confundida
com ela (as indicações de C. alliodora no Nordeste prendem-se a este fato ).
Esta última afasta-se daquela pelas flores menores, pilosidade menos copiosa,
ramos ampliados pelas formigas e pelo odor ali áceo das folhas esmagadas.
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
-
OBS. Freijó e frei jorge, no Nordeste, são nomes aplicados a Cordia
trichotoma , o louro-pardo do leste e do sul.
PATAGONULA L
Três espécies no Brasil.
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
AUXEMMA Miers.
Duas espécies no Brasil.
la. Folhas glabras. Cá lice frutífero com 5-8 cm de compr . Fruto com 2 cm
de compr., desprovido de pêlos.
.
1 . A oncocalyx ( Fr. Alt.) Baill .
lb. Folhas, na face inferior, pilosas e com as axilas das nervuras barbadas.
Cá lice frutí fero e fruto duas vezes menores, o ú ltimo fortemente hirsuto.
2. A. glazioviana Taub.
22. Auxemma oncocalyx (Fr. All . ) Baill.
- -
Pau branco preto , pau-branco Auxemma oncocalyx ( Fr . All.) Taub. ,
,
52
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
.
Espécie afim A . glazioviana Taub., mais rara e de á rea menor (Cear á
-
e Rio de Janeiro), conhecida como pau branco-louro no Ceará , cujo cerne é
pardo-escuro e serve para tabuados, caibros, ripas, estacas, etc. É á rvore de
pequeno porte, que vive, no Ceará , no sopé das serras e serrotes argilosos do
sert ã o (Parente, 1966) . A madeira é tida como menos durá vel do que a da
anterior . As folhas de A. glazioviana mostram- se menores (ate 15 x 6- 7 cm ) ,
obtusas, subcoriáceas, com pêlos na face inferior e axilas das nervuras barbe-
ladas ; o cá lice frutífero e o fruto sã o duas vezes menores do que em A. onco-
calyx , sendo o último densamente hirsuto . A. glazioviana distingue-se ainda de
A . oncocalyx por gerar mais albumo do que cerne, aquele podendo alcançar
2,5-5 cm de espessura . (Estampa 5)
CARYOCARACEAE
CARYOCAR L
Compreende cerca de 20 espécies da América tropical.
la. Folíolos glabros. Do Nordeste ao Espí rito Santo.
2a . Folíolos sésseis, obovados, sem barbelas axilares nas nervuras, e
cujo á pice é obtuso ; n ã o há estipelas. Ocupa os chapad ões quartzí-
ticos.
1 . C. coriaceum Wittm .
2b. Folíolos peciolulados, com as axilas das nervuras barbeladas e o
á pice acuminado ; estipelas conspícuas. Floresta pluvial.
.
2. C barbinerve Miq.
lb. Folí olos providos de pêlos. Brasil Central e Amazônia.
2a. Folíolos espessos, obovado-subcrbiculares, peciolulados, obtusos.
Brasil Central (cerrado ) .
.
3. C brasiliense Camb.
2 b. Folíolos finos, ovado-oblongos, acuminados, sésseis, Hiléia (floresta ).
.
4. C villosum ( Aubl.) Pers.
23. Caryocar barbinerve Miq .
Pequi, pequi-merindíba.
Características distintivas. Á RVORE muito grande e grossa , atingindo
frequentemente 30 m x 200 cm (uma chegou a 285 cm de diam .), fornecendo
fustes de 10-15 m x 80-150 cm . CASCA dura , pardo-avermelhada , ca. 10 mm ,
superf í cialmente rimosa e com placas, por dentro pardo-amarelada . FOL HAS
trifolioladas, opostas e decussadas, em vivo avermelhadas em baixo ; fol í olos
oblongo-acuminados, obtusos ou arredondados na base, crenados nas mar -
gens, membranáceos, glabros mas com as axilas das nervuras, na pá gina
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDR0 L0 G 1A BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
COMPOSITAE
25. Vanillosmopsis erythropappa (DC. ) Schultz.
C andeia, pau -candeia, cambará .
Caracterí sticos distintivas. Á RVORE pequena que vai a 10 m x 30 cm ,
sendo geralmente menor ; fuste irregular e curto e copa muito ampla ; râ mulos
sulcados e ciné reo-tomentosos ; casca castanha, fissurada e crostosa. FOLHAS
alternas, ovado ou oblongo-lanceoladas, estreitadas na base e no á pice, acumi-
nadas, subcoriá ceas, às vezes algo serruladas, discolores, em cima glabras
e verdes, embaixo tomentosas e alvacentas, as nervuras delicadas, 2-5 x 5-13
cm ; pecíolo com 1 -2 cm. CAPÍTULOS contendo 3-4 flores, reunidos (6-12)
em glomé rulos que medem 15-30 mm de diâ metro, os quais se dispõem em
panículas corimbiformes branco-tomentosas. FLORES amareladas, todas
hermafroditas ; papo formado de muitas cerdas purp ú reas e denticuladas.
AQUENIO escuro, com 10 arestas e ca. 2 mm de comprimento.
OBS. A coloraçã o rubescente do papo tinge a periferia da copa e esta-
belece um contraste acentuado com as folhas duplamente coloridas ; do con -
junto resulta aspecto caracter í stico para a á rvore, identificando-a à distâ ncia .
Madeira. Branco-acinzentada com riscas mais densas, dura , compacta ,
resistente à umidade e à putrefaçã o, pesada e lisa ; anéis de crescimento sã o
percept íveis ; alburno e cerne mal-distintos (dois terços são de cerne). O odor
é peculiar e intenso, lembrando a essê ncia de valeriana e o á cido valeriâ nico.
E rica em óleo essencial, já introduzido em farmácia como veículo para certos
medicamentos ; aplicado à pele, impede a penetração de cercarias do Schisto-
soma.
Empregos . E muito estimada para mourões de cerca, postes e esteios,
por ser incorrupt ível ; serve ainda para barcos. É lenha de primeira, quei -
-
mando mesmo verde e dando chama clara ; todavia , a fumaça é mal cheirosa ;
serve para archotes.
Area. Vai da Bahia a São Paulo, formando amplos agregados nos cerra -
dos, campos e lugares devastados ; é particularmente dispersa em Minas
Gerais. Coloniza facilmente solos pobres e sem préstimo agron ómico, dando
preferê ncia aos arenosos e nã o recusando os pedregosos.
Informações gerais. Os frutos estão maduros pelo fim de agosto. Um
quilograma contém ca. 4 665 000 frutos (Ara ú jo, 1944). A germinação con-
some 8 dias. O transplante é fá cil e o crescimento acelerado. E. gr., aos 5 e 11
anos, as á rvores tinham um diâ metro médio de 5,6 e 7 ,5 cm e uma altura
m édia de 4,6 e 7,0 m (cf. Ara ú jo, ib.). N ão há exigências edáíicas.
Espécies afins. O gênero engloba vá rias espécies pr ó ximas, por ém , de
área restrita . Candeia é ainda Piptocarpha rotundifolia (Schult.) Bak ., com-
posta vulgar nos cerrados e denominada também macieira ( MG). É arvoreta
56
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
Area. Ocorre, nas matas litorâ neas, desde o estuá rio do Amazonas at é
o Rio Grande do Sul ; mais comum entre o Espírito Santo e São Paulo. É o
pequi -de-zoada do sul da Bahia. Assinalada ainda em Costa Rica.
Informaçõ es gerais. Floresce em fevereiro -março e frutifica em junho-
- . As sementes germinam entre 20 e 30 dias. Segundo Coimbra Filho &
julho
Mattos Filho (1953), at é um ano de idade o crescimento é lento, acelerando-se
posteriormente ; exige meia sombra ; o plantio definitivo deve ser levado a
cabo aos 6 meses, havendo necessidade de cuidados contra a desseca ção .
Assim, aos 3 anos, pode atingir um má ximo de 5 m x 6 cm .
HURA L
27 . Hura crepitans L.
Açacu , areeiro. Sandbox. Possumwood.
Características distintivas. ARVORE monóica que usualmente cresce
at é 27-40 m x 80-180 cm ; dizem que em condições muito favorá veis ( Surinam)
alcança 66 m x 210 cm, acima das sapopemas ; gomo terminal protegido por
duas estipulas ovado-subuladas. CASCA lisa, parda, toda recoberta de fortes
e pungentes ac úleos (1 -2 cm), latescente. L ÁTEX fluido, muit íssimo irritante
para as mucosas ; nos olhos, provoca grave oftalmia acompanhada de vasto
edema ; na boca e faringe, gera ardor pronunciado ; conté m toxalbuminas ;
antes de abater a á rvore, é costume sangrar o látex removendo um anel de
córtex . FOLHAS alternas, cordiformes, acuminadas ou caudadas, membra-
náceas, a margem cartilaginosa, com longos pêlos ao longo da nervura central
na página inferior, variá veis quanto às dimensões (usualmente 6-12 cm diam. ).
FLOR feminina solitá ria com longo ped ú nculo (2-2,5 cm) terminado em uma
c ú pula , dentro da qual está o ová rio ; estilete encimado por amplo estigma
multífido e umbraculiforme ; ová rio com 10-20 lóculos uniovulados. FLORES
masculinas em espigas ovoide-cilí ndricas, grossas, até 6 x 2 cm, susten -
tadas por longos ped ú nculos ; estames monadelfos em coluna, no á pice da
qual se inserem as anteras sésseis. C Á PSULA discóide, ca. 8 x 4 cm, multi-
costada, parecendo pequena abóbora-m ( manga , policoca, deiscente violenta-
mente, lançando as sementes a dist â ncia e gerando peculiar ruído (crepitante).
(Estampa 6)
58
MANUAL DE DENDROLOGfA BRASILEIRA
o açacu é bem indicado como maté ria-prima para a fabricação de pasta celu -
ló sica ; uma determina ção deu 41 % de fibras secas (em peso). Em suma ,
supera os eucaliptos, entre as dicotiled ôneas.
Are a. Da Am é r i c a Central à Amazô n i a : nesta é comum nas v á rzeas
argilosas.
Informações gerais. Floresce em maio-junho e frutifica em junho-julho.
As sementes germinam em ca. 18 dias. O l á tex é cá ustico e t óxico, contendo
toxalbuminas. O crescimento da á rvore é rá pido e o cultivo fácil.
Espé cie afim . Hura polyandra Baill., a segunda espécie do gênero, que
se expande do México à Costa Rica. Distingue-se da anterior pelas flores
alvas e pelos estames mais numerosos (acima de 20), igualmente reunidos
em coluna ; as flores de H . crepitans são vermelho-escuras.
GUTTIFERAE
28. Calophyllum brasiliense Camb.
Jacareúba, cedro-do-pântano, guanandi-cedro, guanandi-carvalho, gua -
nandi-piolho, guanandi- rosa , landi, landim, olandi, olandim , mangue.
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
3. Nectandra Rol.
3b. Lóculos dispostos em dois pares (andares) superpostos.
4. Ocotea Aubl.
62
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
.-
- -
( canela preta), N . puberula Ness ( canela amarela ), N. reticulata ( R. & Pav.) Mez
( canela- preta) e N . myriantha Meissn. ( canela-amarela ). Diversas outras,
localmente empregadas ou muito inferiores, são pouco conhecidas, mas
algumas serão mencionadas de passagem .
Um bom exemplo desta ú ltima categoria vem a ser Ocotea rigida ( H. B. K .)
Mez, amplamente dispersa. Por exemplo, é frequente nas matas baixas e mais
ou menos secas do planalto dissecado das Serras do Mar e da Mantiqueira
( Rio de Janeiro e Minas Gerais, e.g.), onde, por via de regra, é á rvore mediana .
É uma das comuns canelas-amarelas usadas localmente para dormentes,
ripados, tabuados, caibros etc. Alcan ça uns 8-15 m x 25-40 cm, exibindo
lenho amarelo e um pouco aromá tico ; a casca é lisa , íntegra, acinzentada,
com liquens esbranquiçados, cheirosa, ca. 8 mm. Não é levada ao comércio
de madeiras por ser inferior, sob vários aspectos, às outras.
63
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
MEZILAURUS Taub.
Engloba 9 espécies amazônicas que alcançam Mato Grosso e Goiá s.
Uma vive no Rio de Janeiro, Guanabara e Espírito Santo. O gênero é bas-
tante parecido com Licaria Aubl. (50 espécies), que se afasta pela presença de
cú pula na baga.
la . Folhas estreitas (até 4 cm), dotadas de margens críspulas. Tapinhoã ,
do Espírito Santo à Guanabara .
.
1. M navalium (Fr. All . ) Taub.
lb. Folhas largas (além de 4 cm ), de margens planas. Hil éia .
2a. Folhas pubé rulas, obtusa e curtamente acuminadas ; pec íolo at é
lcm de compr.
.
2. M lindaviana Schwacke
2b. Folhas glabérrimas, arredondadas no á pice ; pecíolo al ém de lcm .
3a. Folhas por via de regra 12-16 x 5-8 cm, crassas ; pecíolo me-
dindo 3-4 cm.
3. M. synandra ( Mez) Kosterm .
3b. Folhas pelo geral 8- 12 x 3, 5-5 cm , subcoriá ceas ou coriáceas ; pe-
cí olo medindo 1-2 cm. Itaúba.
.
4 . M itauba ( Meissn.) Taub.
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
trosa, lisa e dando sensa ção untuosa ao tato ; sem sabor nem odor ou com
fraco odor agrad á vel Muito pesada, dura e incorruptível ; nã o absorve
umidade. Difícil de serrar e de aplainar, mas relativamente fácil de trabalhar.
Albumo pardo-amarelado, ca. 2,5-3 cm.
Empregos. E a mais ú til das madeiras de construçã o, sobretudo naval ,
do Baixo Amazonas ; pode ser usada em lugar da teca em muitos casos. Serve
ainda em carpintaria, obras externas e para dormentes ; resiste ao gusano.
Dizem que os frutos são comestí veis, mas fortemente resinosos ; usam-nos
para preparar uma sorte de vinho.
Área. Muito comum nas cercanias de Ó bidos (Pará ) e no Rio Tapajós ;
para o norte alcança as Guianas e para o sul, Mato Grosso. Encontra-se na
terra firme, sempre em solos silicosos e argilo- silicosos, pobres. Para oeste ,
chega à Venezuela . Floresce em março-abril e frutifica em junho-agosto.
-
Espécie afins . M . lindaviana Schwacke (itauba, itaúba amarela , itaúba aba- -
cate), do Baixo Amazonas e Rio Branco, cujo madeira é castanho-amarelada ;
é á rvore pequena ou mediana da terra firme. M . synandra ( Mez ) Kosterm.,
á rvore mediana das matas mais secas da terra firme em tomo de Manaus.
Silvia duckei Samp. é um sinónimo de M . lindaviana. Bastante parecida com
M . navaliam , da qual difere, al ém do que já foi apontado, pelos filetes e flores
pilosos.
PERSEA Boehmer
Engloba cerca de 150 espécies, a grande maioria habitando a América
tropical, vá rias a Amé rica temperada ; apenas 4 alcançam a Amazônia. O
gê nero coloca -se junto a Cinnamomum Trew, hoje englobando a maioria
das nossas antigas Phoebe : Cinnamomum discrepa de Persea por levar seg-
mentos perigoniais iguais ou quase e fruto cupulado, comumente com pedi -
celo engrossado. P. lingue Nees, do Chile, fornece madeira importante.
la . Face inferior das folhas revestida de pêlos, sobretudo ao longo das ner -
vuras secund á rias e terci á rias, que sã o bastante salientes e formam retí culo
de aréolas amplas e superficiais.
1 . P. cordata (Vell.) Mez
lb. Pá gina dorsal das folhas glabra, as nervuras terci á rias pouco proemi-
nentes ; entre elas, à lente , há n ítido retí culo imerso de aréolas mí nimas.
2. P. racemosa (Vell.) Mez
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
NECTANDRA Rol .
Ca . 150 espécies que habitam a Amé rica tropical , principalmente do
sul . Sã o menos importantes do que as ocóteas ; apresentam lenho inferior,
mais leve, menos colorido, sem desenho, áspero, grosseiro ; a melhor parece
ser N. myriantha, largamente difundida.
la. Folhas lanceoladas, pequenas (at é 15 x 4 cm).
2a . Ramos pubérulos. Folhas, na face dorsal , com as nervuras laterais
proeminentes, quase retil í neas e bem oblíquas, providas de pêlos
sobretudo nas axilas. Estames externos papilosos, el í ticos ( á pice
subagudo). Panículas piramidais.
.
1 . N puberula Nees.
2 b. Ramos e folhas glabros, estas com nervuras secundá rias semi-imersas
e arcuadas. Estames externos glabros, truncados (mais largos do
que altos). Pan ículas recemiformes.
2. N. megapotamica (Spr. ) Hassler
-
1 b. Folhas 2 3 vezes mais compridas ou mais largas.
2a. Folhas largas, arredondadas no á pice, que é curtamente acuminado,
glabras ou quase ; base foliar normal.
3. N. myriantha Meissn .
2 b. Folhas alongadas, estreitadas no á pice acuminado, sobretudo na face
inferior sempre mais ou menos velutinas ; base foliar caracteristi-
camente dobrada , de ambos os lados, sobre a nervura central na
pá gina inferior.
4. N. reticulata ( R. & Pav. ) Mez
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
OCOTEA Aubl.
Engloba aproximadamente 300 espécies, que ocorrem maciçamente na
Amé rica tropical ; há , porém, representantes no Velho Mundo, dos quais o
mais importante é o Stinkwood ( O . bullata E . Mey.), da Á frica do Sul , madeira
amplamente exportada. No Novo Mundo, temos o Greenheart ( O . rodiaei
(Schomb.) Mez), da Guiana Inglesa, e a imbuia (O. porosa (Nees) Barroso ),
do Brasil.
] a. Flores unissexuais, Folhas coriáceas, pequenas (5-7 x 2-3 cm).
1. O. pulchella Mart.
lb. Flores hermafroditas.
2a. Flores arredondadas no á pice , providas de intumescê ncias tuber-
culares na face superior, bem visíveis à lente forte. Casca e lenho
avermelhados. Hiléia.
2. O. rubra Mez
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
-
Canela sassafrás , sassafrás, sassafrá s-amarelo, sassafrá s-preto , sassa-
frás-rajado, canela-funcho .
Caracterí sticas distintivas. Á RVORE que, na floresta, atinge 25 m X 120
cm , mas comumente nã o passa de 8-16 m x 30-50 cm ; no descampado,
inclusive cerrado, assume há bito particular : tronco curto e copa baixa, esf é rica
e fechada , nã o ultrapassando lOm de altura ; râ mulos pardo-acinzentados,
as pontas castanhas e com pequeninas lenticelas. CASCA í r gida , ca. 5-10 mm,
í ntegra, aromá tica, provida de verr úculas esparsas, mas numerosas, sobre
fundo liso e castanho -pardacento. FOLHAS verde-escuras, agrupadas nas
pontas dos râmulos, obovado ou oblongo-lanceoladas, brevemente acumi -
nadas, finamente coriáceas, glabras, com as nervuras pouco aparentes, na
face dorsal superficialmente reticuladas, entre oliváceas e acastanhadas, disco-
lores, 5-13 x 2-5 cm (raramente at é 20 x 8 cm) ; pecíolo com 8-15 cm . RACE-
MOS simples, ca. 2-6cm, glabros, axilares, reunindo-se nas pontas dos râmulos
por cima das folhas, constituí dos de tríades cujos ped ú nculos medem 4-1Omni ;
pedicelos 2-4 mm ; ocasionalmente os racemos podem ser paniculiformes,
alcançando até 12 cm de compr. FLORES alvas e perfumadas ; segmentos
perigoniais ca . 2 mm de compr., elí tico -lanceolados, cam ósulos ; estames
externos largamente elíticos, vilosos na base , os internos mais estreitos ;
glâ ndulas grandes, esféricas e sésseis ; estaminódios extremamente reduzidos,
filiformes, vilosíssimos ; ová rio aproximadamente obovóide , glabro ; todo o
fundo da flor é espessamente fulvo- viloso . FRUTO elipsóide , 15-25 x 10-15
mm , quase liso, castanho, deprimido no á pice, envolvido pela cú pula at é
pouco abaixo do meio ; c ú pula hemisfé rica , crassa, em maior ou menor grau
vcrrucosa, 10-15 mm de altura e 13-16 mm de diam . (Estampa 8)
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Ocotea pretiosa em Alfenas, MG . No descampado, a á rvore origina tronco curto e copa globosa.
cujos frutos levam c ú pula lisa) e O . sassafras ( Meissn .) Mez (modesta á rvore
cujas folhas sã o mais estreitas e finamente acuminadas, e com racemos mais
compridos, colocados abaixo das pontas dos ramos, própria do Rio de Janeiro
e Guanabara) sã o, agora, sin ónimos de 0. pretiosa segundo Yattimo (1961 ).
Esta autora discrimina as seguintes variedades para a última entidade :
1. O . pretiosa var. pretiosa Vatt. Ocorre desde o sul da Bahia at é o
Rio Grande do Sul ; em Santa Catarina, fornece o óleo essencial de sassafrás
brasileiro .
2. O . pretiosa var. longifolia Meissn. Inclui O . sassafras , acima men-
cionada . É comum no Rio de Janeiro e Guanabara .
—
3. O . pretiosa var. indecora (Schott) Vatt. Corresponde a O . inde
coray supracitada . Nã o rara no Rio de Janeiro e Guanabara.
-
É bem de ver, todavia , que tais variedades est ã o longe de uma definiçã o
satisfatória, como sói acontecer em geral com quejandas categorias taxionô-
micas. De qualquer sorte, o que importa , no caso, é que a canela- sassafrás
seja como madeira , seja como óleo essencial — corresponde à espécie botâ nica
—
Ocotea pretiosa , cuja área, para uma espécie euxilófora, é bastante extensa,
possibilitando ampla exploraçã o e lhe conferindo magna importâ ncia.
Madeira. Variá vel do pardo-claro-amarelado ao pardo-avermelhado-
-claro ou escuro, com veios longitudinais mais escuros ; superfície brilhante
e lisa ; odor forte, particular, adiante referido ; sabor ligeiramente picante.
O cerne pode chegar a ser quase negro. De moderadamente dura a macia ;
seca sem rachar ; f ácil de trabalhar .
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
as pernadas.
Gottlieb et ah (1960/62), que t êm estudado a composição quí mica de
O . pretiosa , mostram que simplesmente através do odor das folhas e do lenho
as á rvores podem ser distribu ídas em dois grupos ; 1. com odor de sassafr ás ;
2. com odor de canela (Cinnamomum) ; o principal constituinte do primeiro
grupo é o safrol. o do segundo grupo é o metileugenol . A estes dois grupos
êles denominam variedades fisiológicas . Finalmente , os dois tipos odorígenos
têm áreas geográficas distintas : 1. as á rvores rescendendo a sassafrás procedem
do extremo sul do país ; 2. as á rvores que cheiram a canela são oriundas do
restante da á rea , isto é, de S. Paulo para Bahia .
Area . Do sul da Bahia , onde é rara , ao Rio Grande do Sul , na mata
pluvial ; pode, contudo, viver nas formações abertas, campestres, assumindo,
como já se viu, forma peculiar . Isto pode ser visto facilmente em Lavras (MG).
Informações gerais . Floresce em setembro-outubro ; em Santa Catarina ,
em dezembro-fevereiro. Frutifica em novembro-dezembro. As sementes ger -
minam em ca . 30 dias.
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
LECYTHIDACEAE
1 . Andr óforo zigomorfo.
2a. Andróforo campanulado-urceolado, com a abertura oblíqua . Arvo -
res gigantescas com flores dificilmente alcan çando lcm. Pix í dio
alongado e estreito, cujo opé rculo conduz longa columela prismá -
tica. Sementes aladas ; asa pergamácea , glabra , apical .
1. Cariniana Casar.
2b. Andr óforo prolongado lateralmente em forma de larga l âmina dobrada
para cima e provida de apê ndices est é reis (sem anteras) . Flores bem
maiores. Frutos aproximadamente t ã o longos quanto largos. Sementes
destitu ídas de asa.
3a. Óvulos (sementes) presos a longo funículo. Ová rio quadrilocular.
Pix ídio magno, cujo opérculo é portador de uma columela.
2. Lecythis Loefl .
3 b. Óvulos (sementes) sésseis. Ová rio bilocular . Pixídio minuto, cujo
opérculo não leva columela, pois esta é decídua mesmo antes da
maturidade. Sementes mais ou menos irregularmente arredondadas,
4-8 por fruto.
3. Eschweilera Mart.
2c. Andr ó foro prolongado em larga lâ mina enrolada sobre si mesma, pri-
meiro para dentro e depois para fora ; leva apêndices esté reis. Flores
acima de 1 cm . Frutos do tipo Cariniana. Sementes aladas em todo o
contorno.
4. Couratari Aubl .
CARINIANA Casar.
Difere do afim Couratari Aubl , pelo andróforo que neste se apresenta
enrolado sobre si mesmo, metade para dentro e a outra metade para fora — e
pelas sementes, cujas asas, em Couratari , circundam completamente as mes-
mas ; os frutos sã o semelhantes em ambos os gêneros.
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
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Á rea . Peculiar à floresta pluvial desde o sul da Bahia até o Rio Grande
do Sul ; ainda aparece no Acre, Brasil Central ( matas em galeria), Bolí via e
Paraguai. Coexistem esta e a anterior nas florestas austro- baianas, mas com
distinta frequência e diferente volume : respectivamente, 2 á rvore/ha e 22 m 3 /ha.
No norte do Espírito Santo, Heinsdijk et ai (1965) indicam volume de 7 m 3 / ha .
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
LECYTHIS Loefl.
Difere do célebre Couroupita Aubl. pelo fato de os apêndices da lâ mina
do andróforo nã o inserirem anteras, que s ó se encontram no anel basal ; em
Couroupita há anteras tanto na lâ mina como no anel, sendo , ao demais, os
frutos diferentes e as á rvores caulifloras no último.
la. Pixídio campanulado ( quase t ã o longo quanto largo), com um crasso e
amplo rebordo situado acima do meio.
2a . A porção acima do rebordo é ampla, alta e convexa ; a base, inteira .
Folhas com 6-18 x 3,5-7 cm. Pará.
1 . L. usitata Miers
3a. Folhas ovado-oblongo -acuminadas. Vá rzea .
la. L. usitata var . paraensis (Ducke) Knuth
3b. Folhas oblongo-acuminadas. Terra firme .
.
lb. L usitata var. tenuifolia Knuth
2b. A porção acima do rebordo é estreita e quase piana , horizontal ; a
base exibe nítida constricção . Folhas ca . 7 x 3cm . Serra dos Órgãos
(RJ).
2. L. biserrata Miers
lb. Pix ídio aproximadamentqcilíndrico (mais comprido do que largo), pouco
atenuado na base, sem rebordo em relevo .
2a. Pixídio usualmente medindo 12-16 x 7-1 Ocm . Folhas com 8-16 x
3, 5- 7 cm. Do Ceará à Guanabara ; sapucaia comum .
3. L. pisonis Camb.
2 b. Pixídio n ã o raro duas vezes maior. Folhas arredondadas na base,
medindo ca. 10 x 5 cm . Espí rito Santo e Rio de Janeiro, mais rara.
4. L. urnigera Mart.
OBS. Os frutos de qualquer espécie do gênero em pauta variam sensivel-
mente no tangente à forma e dimensões, ainda quando numa mesma á rvore .
Por isso, devem-se considerar as formas médias, mais frequentes, e nã o as
extremas. A “ porçã o acima do rebordo '’, mencionada em 2a . e 2b., é o que
se denomina classicamente de zona supracalycaris , isto é, a que est á localizada
sobre o rebordo de inser çã o do cálice floral .
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sgfc
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
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ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
ESCHWEILERA Mart .
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
LEGUMINOSAE
Subfamí lias
la. Corola (minuta ) gamopétala, valvar no bot ão. Flores actinomorfas.
Mimosoideae
lb. Corola dialipétala, imbricada no botã o, ou ausente. Flores mais ou
menos zigomorfas. 2
2a. Corola papilionácea .
Faboideae
2 b. Corola não papilionácea ou ausente 3
3a . Corola ausente ou com 1-3 pé talas 4
3b. Corola com 5 pétalas 6
4a . Uma pé tala . Fruto : legume monospermo . Cá lice com 5 sépalas.
Estames 10, com anteras rimosas.
Faboideae
4b, Sem o conjunto desses caracteres 5
5a. Flores em glomérulos esfé ricos.
Mimosoideae
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
M1MOSOIDEAE
la . Flor polistêmone. Filetes concrescidos em tubo, em geral na base.
2a . Legume alongado, plano ou enrolado sobre si mesmo.
1 . Pithecolobium Mart.
2 b. Legume largo muito achatado em forma de al ç a intestinal ou rem -
, ,
forme .
2 . Enterolobium Mart .
lb. Flor isost êmone ou diplostêmone. Filetes livres 3
3a . Maduro o legume, o pericarpo separa-se das suturas , as quais per-
manecem ainda presas ao pedicelo como dois longos filamentos.
As duas espécies aqui tratadas sã o latescentes e aculeadas.
3. Mimosa L.
3 b. As suturas aderem sempre firmemente ao pericarpo ( nenhuma cede
l á tex) 4
4a. O fruto abre-se sem que o endocarpo se torne aparente ; as sementes
podem levar pequena asa circular, própria . Flores em glomérulos ou
espigas.
4. Piptadenia Benth .
4 b. O endocarpo separa- se do resto do pericarpo na maturidade frag - ,
92
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
CAESALPÍNIOIDEÀ E
1L. Flores apétalas ou unipé talas 2
Flores com vá rias pé talas 3
2a Estames 2-3. Fruto pequeno, piriforme, indeiscente, frágil, polposo,
.
édulo.
6 . Dialium L.
2b. Estames acima de 3. Fruto grande, semelhante a uma manga ou
comprido, roliço, duro, com as sementes providas de arilo colo-
ido . Cá lice inteiro, fechado no botão esfé rico .
7. Swartzia Schereb.
3a . Folhas simples (unifolioladas). Fruto globoso ou ovoide, pequeno,
crasso, deiscente.
8. Zollemia Mart .
3 b. Folhas biplurifolioladas. Fruto alongado 4
4a . Folhas com 2-4 folíolos grandes, oblíquos 5
4 b. Folhas penadas ou bipenadas 7
5a. Folhas com dois folíolos pel úcido- pontuados ou riscados 6
5 b. Folhas com quatro folí olos sem glâ ndulas transl úcidas . Fruto pla -
no, com paredes delgadas, sem polpa . Madeira amarela quando
fresca, que passa depois ao violáceo-forte. Uma espécie no Espí rito
Santo e Bahia .
9. Goniorrhachis Taub.
6a . Estigma dilatado, peitado. Fruto com paredes delgadas, plano,
deiscente ou n ã o, sem polpa. Madeira roxa já na pró pria á rvore.
10. Peltogyne Vog.
6 b. Estigma capitado ou punctifomie. Fruto roliço, grosso , indeis -
cente, repleto de polpa édula farinhenta. Madeira pardo-averme-
lhada.
11 . Hymenaea L .
7a. Folhas penadas 8
7 b. Folhas bipenadas 12
8a . Anteras basifixas, porícidas ou rimosas 9
8 b. Anteras dorsifixas, rimosas 10
9a . Pétalas 3. Estames 3, iguais ; anteras sempre 4-loculares.
12. Apuleia Mart .
9b. Pé talas 3. Estames 2, desiguais ; anteras crassas, 4-8- loculares .
13. Dicorynia Benth.
93
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
FABOIDEAE ( Papilionoideae)
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
95
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
MIMOSOIDEAE
ENTEROLOBIUM Mart.
Pequeno gê nero, facilmente identificá vel pelos frutos em forma de alça
intestinal achatada . De resto, é indistinguível de Pithecolobium.
96
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Enterolobium conlortisiliquum em Luziâ nia ( GO ) ; grande á rvore isolada de ca. 70 anos. Foto
O . Marquei te.
MIMOSA L.
Engloba cerca de 400- 500 espécies das regiões tropicais e subtropicais,
principalmente nas Amé ricas. O centro acha -se no Brasil central e nordeste,
98
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Sabiá.
Características distintivas. Á RVORE em geral pequena , alcançando
at é uns 7 m, por via de regra dotada de ac úleos em maior ou menor grau , mas
podendo ser inerme ; ra ízes ricas em nodosidades bacterianas. CASCA fina
(3-5 mm ), pardo-clara , provida de fissuras paralelas que delimitam tiras alon -
gadas, as quais descamam aos poucos, por fora revestida de fina camada
suberosa , macia ; internamente em forma de linha alva ( lmm de espessura ).
FOLHAS com 6 pinas opostas, cada pina comumente provida de 6 fol í olos,
às vezes de 4 ou 8 ; folí olos opostos, discolores, os basais ovados e os apicais
irregularmente obovados (em cada pina ), entre membranáceos e subcoriá-
ceos, na pá gina superior lisos e com a nerva ção semi-imersa , na inferior mais
claros e exibindo nervuras bastante proeminentes, em cujas axilas basais há
uma barba composta de pêlos alvacentos bem visiveis à lupa, 3-8 x 2-4,5 cm ;
pecíolo com 2-5 cm ; estipulas subuladas. ca , 3 mm ; peciólulos ca . 2-3 mm ;
acú leos recurvados presentes ou nã o . ESPIGAS cilíndricas, 5-10 cm, axilares
e também ordenadas em pan ículas terminais. LEGUME articulado, plano
7-10 cm x 10-13 mm, comestipedeca . 10 mmeapículodeca . 5 mm ; artículos
retangulares ou quadrados, geralmente em n ú mero de 8, unisseminados,
8-13 x 8-10 mm, presos a dois filamentos laterais, os quais permanecem após
a queda dos artículos. SEMENTES mais ou menos discóides, duras e lisas,
ca . 5-8 mm de diam. (Estampa 10)
Madeira . Rosa-forte, com o tempo escurecendo at é vermelho-pardacenta ,
podendo exibir leve tinta violácea , uniforme ou irregular e levemente macu-
lada : superfície brilhante e lisa. Pesada, dura e compacta ; altamente dur ável,
mesmo em contato com o solo. Alburno amarelo-claro, depois intenso, ca.
1 cm mesmo em á rvores novas.
Empregos. Muito importante no Nordeste , onde é intensamente culti -
vada a á rvore. Usam- na sobretudo para estacas, postes, mour ões de cerca,
dormentes, lenha e carvã o. A folhagem constitui valiosa forragem para o
gado faminto, tanto fresca quanto seca (fenada ) , especialmente na época
seca.
 rea. Muitíssimo difundida desde o Maranhã o até a Bahia, em geral
cultivada. No Ceará só falta nos pontos mais áridos, podendo ser observada
facilmente em estado espontâ neo, preferindo terrenos profundos.
Informações gerais. Dada a importância desta á rvore nos estados nor -
destinos, batidos pela seca, sua cultura é muito generalizada, visto que resiste
bem à estiagem . O crescimento é r á pido. Aos 3 anos, em solos favor áveis,
99
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
já fornece cerne. O sabiazal pode ser cortado cada 3-4 anos, estando já a ma-
deira da grossura de uma garrafa ; renova -se sem dificuldade mediante rebro -
taçã o de toco e mesmo de raízes. As sementes germinam em ca . 5 dias. A
jovem planta possui raiz axial bastante ramificada e rica em tuberosidades
bacterianas. Cresce perfeitamente no clima ú mido do Rio de Janeiro, em den -
sos povoamentos homogé neos ; nesta situa çã o regenera-se espontaneamente
por meio de sementes, as plantinhas crescendo na forte sombra das á rvores.
E, portanto, uma espécie heli ófila tolerante à sombra durante a fase jovem,
como qualquer á rvore silvestre, a despeito da sua origem na caatinga.
Espécie afim. M . laikifera Ri / z & Matt ., pequena á rvore dos cerrad ões
mineiros, cujo cerne é muito parecido com o do sabi á ; nã o, poré m, a casca,
que é, intemamente, em forma de linha escura (1 mm) ; extemamente mos-
tra -se muito suberosa , fundamente sulcada , medindo ca . 1 cm . O albumo é
pardo-amarelado e vai de 15-20 mm. As folhas, flores e frutos revelam-se
notavelmente semelhantes em ambas tanto mais que nas duas espécies
ocorre l á tex; ac úleos há em M . laticifera e frequentemente em M . caesalpi-
100
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
PIPTADENIA Benth .
Compreende cerca de 80 espécies tropicais, sobretudo americanas. No
Brasil , sã o importantes no sul, centro e nordeste, pouco na Hiléia.
Piptadenia tem sido considerado repetidamente como heterogé neo e
vá rias tentativas foram feitas no sentido de fragmentá -lo em outros gêneros
menores, poré m mais naturais . Nã o se conseguiu , contudo, uma discrimina -
çã o capaz de satisfazer a maioria dos estudiosos. Brenan (1955) apresenta
cuidadoso e elaborado tratamento do mesmo , subdividindo- o em vá rios
gêneros . Os que t êm interesse dendrol ógico distinguem -se da maneira se-
guinte :
la . Flores em glomé rulo. Ová rio séssil . Fruto deiscente mediante uma ú nica
fenda (as valvas permanecem presas pela sutura da margem oposta ).
Sementes sem asa nem endosperma.
Anadenanthera Speg.
lb. Flores em espiga. Ová rio estipitado. Fruto deiscente por duas fendas
(as valvas separam-se completamente). Sementes com ou sem asa, albu -
minosas ou não.
2a . Sementes exaladas, albuminosas.
Pityrocarpa (Benth .) Britt . & Rose .
2b. Sementes providas de asa , sem endosperma .
Piptadenia Benth .
Pode o leitor adotar estes gêneros. Mas nã o deve esquecer que Brenan
se vê forçado a lan çar mã o de caracteres insignificantes, como pilosidade,
forma de sementes, etc., para separar alguns dos gêneros que admite . Às vezes,
comete erros, como considerar o pecí olo comum de Anadenanthera despro-
vido de glâ ndulas ( quando elas sã o extremamente conspícuas). Ao demais,
a distin çã o alicerçada exclusivamente em caracteres tomados da semente
(nem sempre muito ní tidos) coloca a sistemá tica f ítol ógica fora do plano
pragmá tico que o velho Wettstein tanto pedia que se respeitasse. Por fim,
101
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
102
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
colubrina (VelL ) Brenan var . cebil (Gris. ) Alts., Niopa macrocarpa (Benth .)
Britt . & Rose.
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
tiva - se muito para obten ção de lenha e sobretudo de um carvão que é consi-
derado dos melhores. As diferenças expressivas foram mencionadas na chave
das espécies, acima .
P . gonoacantha , geralmente referida pelo sin ó nimo P . vulgaris Benth .,
é á rvore de pequena a mediana, cuja casca do tronco se mostra pardo-acin -
zentado-clara e í ntegra . Os râ mulos sã o aculeados. Os folíolos, muito nume-
rosos, sã o pequeninos (4-7 x 1 -1,5 mm), lineares, falcados, apiculados, assi-
mé tricos na base, com ou sem pêlos inferiormente, a nervura central somente
sendo manifesta. O pecí olo comum , canaliculado, apresenta algumas gl ân-
dulas verruciformes e deprimidas no centro, sendo uma conspícua junto à
base. As espigas medem 5-8 cm de comprimento, podendo ser solitá rias ou
em grupos de 2-3 nas axilas superiores. As flores são sésseis, com apenas ca .
2 mm , e glabras. O legume é oblongo, plano, cori á ceo , pardo, sob lente reti -
culado-vcnoso e mede 7 - 10 2 - 2,5cm. As sementes mostram-se discóides,
pardas, lisas, levemente reentrantes na base e alcan çam uns 1 Omm de diâ metro ;
a testa é delgada e destitu í da de asa ; n ã o há endosperma . A espécie é vulgar
na floresta pluvial , desde o Piau í até S. Paulo ; muito comum na floresta
atl â ntica guanabarina e fluminense, freqiientemente lado a lado com P. co /u-
brina , da qual se distingue logo pelos frutos sem constri ções e pelas asas
r í gidas e ac úleos dos ramos.
107
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
PITHECOLOBIUM Mart .
Gênero tido como pouco natural e vá rias vezes subdividido em outros
menores, sem que se tenha alcançado concord ância . Engloba cerca de 200
espécies tropicais, sobretudo americanas ; é mais abundante na Amazônia ,
à margem de rios e lagoas, havendo poucas espécies dentro da grande floresta
pluvial equatorial .
N. B. O nome gené rico apareceu escrito, pela primeira vez, como Pithe-
cellobium, que foi substituí do por Pithecolobium, do mesmo autor, isto é,
Martius. Sendo assim, preferimos continuar com a maioria das autoridades .
A segunda forma ainda é a usual.
108
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
PLATHYMENIA Benth .
Encerra 3 espécies descritas, duas brasileiras e uma argentina . Ducke
(1922, 1949 e 1959) fundiu as duas espécies descritas por Bentham, na Flora
Brasiliensis, numa só muito variável e de ampla dispersão em ambientes mui
diversos ; ele considerava o gênero monotípico e P . reticulata Benth. seria a
ú nica válida . Depois dos estudos de Heringer, Mattos Filho (1959) mostrou
claramente que as mesmas se revelavam bem distintas. E, de fato , o simples
aspecto das duas á rvores é tão diferente quanto os meios em que vegetam .
Trata-se de um par de espé cies vicariantes (Rizzini, 1963), que expressa um
tipo de relaçã o frequentemente observado entre representantes da dupla
-
ecológica cerrado mata . A distinçã o entre elas é como se indica a seguir.
la . Á rvore de 10-30 m e mais de 40 cm de di â metro, cuja casca é fina (3-5 mm )
e fendida em placas descamantes. Habita a floresta pluvial. Râ mulos
109
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
111
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
CAESALPINIOIDEAE
APULEI A Mart
As duas espécies existentes, conquanto reconhecidamente muito pare -
cidas, t êm sido mantidas como distintas. Ducke (1915-1939) apresenta as
diferenças que pôde encontrar entre ambas. Tais diferenças, contudo, sã o
apenas de grau ; p.ex., em A . molaris os frutos tendem a ser constantemente
rufo-tomentosos, enquanto que em A . leiocarpa eles o são também , mas
chegam a mostrar-se subglabros às vezes . Desse fato resulta que as duas espécies
são , realmente, identificadas por razões geográ ficas : A molaris , quando
ocorre na Amazônia ; A . leiocarpa , quando ocorre do nordeste para o sul .
Record (1943) já afirmara que nã o há qualquer diferen ça significativa
entre as duas no tocante à estrutura da madeira. O exame, por n ós, de amostras
de lenho procedentes desde a Hiléia at é a Argentina confirma isso plena-
mente ; sob lente, as madeiras mostram - se muito semelhantes, n ã o se podendo
distinguir umas amostras de outras conforme a localidade de origem .
R . Koeppen considerou a espécie amazô nica como variedade da espécie
austro-oriental, sob o tí tulo de Apuleia leiocarpa ( Vog . ) Macbr. var. molaris
( Spruce) Koeppen . Isto poderia ser mantido antes por razões geográficas
do que por motivos organográficos. Todavia, exemplares oriundos do sul da
Bahia sã o absolutamente indistinguí veis de espécimes hileianos. A verdade
é que o volumoso material depositado no herbá rio do Jardim Bot â nico nã o
permite separar nitidamente duas entidades de qualquer categoria taxionô-
mica .
113
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
114
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
115
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
- -
Madeira. Bege-clara, às vezes rosada , at é o amarelo pardacento claro,
uniforme ; superf ície lisa, lustrosa . Pesada , dura e muito durativa . Fácil de
trabalhar, recebendo bem a cola e dando acabamento liso. Alburno amarelo,
-
com 3 4 cm.
Empregos. Constru çã o, marcenaria , decoraçã o de interiores, esquadrias,
tanoaria , vigas, postes, dormentes, tacos, carrocerias de caminhã o, carroças,
etc. No Espírito Santo, certas serrarias misturam toras de A . leiocarpa com
as de Paratecoma peroba, fraudulentamente, em vista da superficial seme-
lhança entre ambas.
Area. Do nordeste até a Argentina e Uruguai ; mais comum de Minas
Gerais ao Rio Grande do Sul . É própria da floresta pluvial atlâ ntica e das
suas extensões interiores (serras nordestinas, capões centrais e matas ciliares) ;
aparece ocasionalmente no cerrado ( Brasília). Aprecia lugares altos e aciden -
tados. Coloniza facilmente as capoeiras ensolaradas e roças abandonadas.
informações gerais. Floresce em abril -maio e frutifica em novembro-de-
zembro ( MG ). As sementes consomem 1 ,5-2 meses para germinar ; tratadas,
por ém, podem fazê-lo em ca. 15 dias. Aos 2, 5 meses, as plantinhas exibem
-
caule de 15 cm e raiz de 12 cm. Regenera se mediante rebrotaçâ o de toco.
O sistema radicular é axial, poucas sendo as ra ízes laterais.
116
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
117
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
CAESALPINIA L .
Encerra perto de 150 espécies tropicais e subtropicais em ambos os hemis-
férios ; vivem em matas secas ou temporariamente secas e nos campos, evi-
tando as florestas pluviais.
-
Pau brasil , ibirapitanga, pau-pernambuco, orabutã. Brazilwood, Pernam-
bucowood. Guillandina echinata (Lam .) Spreng.
Características distintivas. Á RVORE de 6-15 m, relativamente fina
-
(20 40 cm), com pequenas sapopemas basais ; râmulos grosseiramente lenti-
119
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
CASSIA L.
Com mais de 500 espécies, espalha -se profusamente pelas regiões tro -
picais e subtropicais, sobretudo americanas. A maior parte encontra -se no
Brasil Central e Nordeste, poucas nas florestas pluviais.
Area . Muito difundida nas matas e ocasionalmente nos cerrad ões, desde
o Ceará at é o Paraná.
121
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
DlALT UM L
Engloba cerca de 30 espécies dos tr ó picos do Velho Mundo ; a única
americana é aqui descrita . Diversas cedem madeira de boa qualidade ou
frutos comestí veis.
DICORYNIA Benth .
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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125
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
61 . Hymenaea courbaril L.
126
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
127
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
MELANOXYLON Schott.
Duas espécies sul-americanas, sendo uma pouco conhecida . Melanoxylon
distingue-se de Recordoxylon Ducke , o gê nero mais próximo, pelo fruto muito
dissemelhante ( no segundo é uma vagem do tipo encontrado em Acacia),
pelas sementes aladas e pelo lenho negro uniforme ( no segundo a madeira
recorda antes sucupira do que bra ú na , sendo pardo-escura com nuan ça
amarelada e linhas vasculares claras).
128
MANUAL DE DENDROLOGfA BRASILEIRA
PELTOGYNE Vog.
Com cerca de 15-20 espécies na América tropical , sobretudo na Hiléia .
O gênero é notado principalmente pelas madeiras violáceas ou verme-
-
lho-violáceas, conhecidas em geral como pau roxo , e excelentes.
129
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
la. Fruto deiscente , romboidal , oblíquo ; sutura superior sem asa distinta.
Ová rio glabro ou algo piloso. Cá lice longamente estipitado. Pétalas
largas, glandulosas.
1 . P. confertiflora (Hayne) Benth.
lb. Fruto indeiscente, obovado ou suborbicular ; sutura superior estreita -
mente alada . Ová rio viloso. Cá lice curtamente estipitado. Pétalas estreitas,
sem glâ ndulas.
2a. Estipe calicino até 2 mm . Pétalas com 2-3 mm de largura, com o compri -
mento do cá lice. Fruto suborbicular, obtuso, reticulado à vista desarmada,
medindo ca . 3 x 2,5 cm.
2. P. densiflora Benth.
2 b. Estipe calicino com 2-4 mm . Pé talas medindo ca . 1 mm de largura, maiores
do que o cá lice. Fruto obovado, agudo, reticulado sob lente, medindo
ca . 4 x 2,5 cm .
3 . P. lecointei Ducke
130
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
131
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
Empregos. Cf . P . confertiflora.
Area. Pró pria das matas de terra firme do Pará, sobretudo em Óbidos e
no Rio Tapajós.
Espécies afins. P . venosa ( Vahl) Renth . var . densiflora (Benth .). Amsh .
(ou P . densiflora Benth., conforme est á na chave acima ) , largamente difun -
dida desde Mato Grosso at é o Maranhão através da Hiléia . E á rvore pequena
ou mediana , tortuosa, que fornece peças modestas, indicadas para trabalhos
especiais ; vive nas vá rzeas arenosas inundadas ; a madeira , semelhante às
anteriores, é conhecida como ipê-roxo epau- violeta , nomes també m atribu ídos
à á rvore . A var . densiflora difere de P . venosa apenas pelo ová rio tomentoso,
segundo Amshoff ( 1939 ) . P . excelsa Ducke, grande á rvore da terra firme do
Rio Negro, difere por levar râ mulos pilosos e fol íolos menores (3-6 x
x 1, 5-2, 5 cm) e muito mais coriá ceos. ( Estampa 13)
PTEROGYNE Tul .
Monotí pico.
66 . Pterogyne nitens Tul.
Amendoim , amendoim- bravo, óleo- branco, pau-fava, jucutinga , carne-de-
- (RJ), madeira-nova ( Nordeste), viraró, bálsamo (MT).
vaca
Caracteristicas distintivas. Á RVORE desde pequena até grande , e. g .,
30 m x llOcm. CASCA subdividida em placas retangulares, duras, pardo -
-acinzentadas, mediante estreitos sulcos. FOL ÍOLOS 10- 15, alternos, ovados
ou ovado-oblongos, sésseis, emarginados, coriáceos, em cima n í tidos e com
as nervuras pouco impressas, em baixo algo reticulados, glabros (raro com
pê los esparsos ao longo da nervura central ), 4-8 x 1 ,5-3,5 cm . INFLORES-
C Ê NCIA nova espiciforme, adulta racemosa , solitá ria ou , em geral, reunida
em grupos de 3 racemos, localizada nas axilas foliares de modo a ficar abaixo
das folhas terminais, medindo 3-5 cm de compr. ; raque vilosa ; pedicelos
finos, 2-3 mm . FLORES de cor creme, minutas ; pé talas lineares, livres ; estames
iguais, com anteras rimosas ; ová rio esparsa e longamente hirsuto, nitida-
mente alado em um dos lados ; estilete excêntrico ; estigma punctiforme.
S Â MARA pardo-avermelhada, estipitada , 4-6 cm x 12-16 mm ; n úcleo semi-
n í fero basal, oval , apiculado, conspicuamente reticulado , coriáceo, unisse-
minado ; asa subcoriá cea, nervosa, irregularmente recortada na margem,
partindo de um dos lados do n ú cleo seminal ; semente oblonga , pontuda,
achatada , castanha, lisa , com ca . 15 mm de compr . (Estampa 13)
Madeira. Bege- rosada a pardo-avermelhado-clara , uniforme ; super -
f cie brilhante, algo á spera ; sabor ligeiramente amargo . Pesada, dura e resis-
í
tente à putrefa çã o. Apresenta certa semelhança com o aguano, porém é
mais pesada e menos bela .
132
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
SCHIZOLOBIUM Vog
Vá rios bot â nicos, como Record (1943), consideram o gê nero monot ípico.
Dessa forma, a á rea da espécie aqui tratada estender- se-ia desde o sul do
M é xico, passando pela Am é rica Central e Amazônia, at é o sul do Brasil.
133
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
Schizolobium parahyba em S.
Lourenço (MG), cultivada. Á rvo-
re velha (73 cm diam.).
134
MANUAL DE DENDROLOG 1 A BRASILEIRA
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regada de frutos ; o que parece r
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135
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
SWARTZIA Schreb
Compreende perto de 200 espécies, em sua imensa maioria habitantes
da Amé rica tropical. Ocorrem maciçamente na região amazônica . Muitas
têm madeiras brancas, outras tantas madeiras boas, poré m desconhecidas, e
apenas duas est ã o no comércio (saboarana e arruda).
la. Folíolos geralmente 7, medindo 7-11 x 3-4, 5 cm . A casca lesada nã o
emite resina. Lenho vermelho, uniforme ou apenas com finas estrias
mais escuras.
1 . S. euxylophora Rizz . & Matt .
136
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
137
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
Arruda-rajada.
Caracter í sticas distintivas. Á RVORE idêntica à anterior salvo pelo que
se segue. A casca mede l -2 cm , sendo bastante rugosa, com pequenas fissuras
transversais e longitudinais que delimitam escarninhas menores que lcm, do
que resulta aspecto crustáceo, pardo-acinzentado-escura ; internamente é
amarelo-clara ; mediante lesão, exteriorizam-se gotículas de resina rubra,
que se solidifica algum tempo depois ; os tocos das á rvores derrubadas exibem
delicado anel vermelho constituído da resina endurecida , ao nível da casca.
As folhas mostram-se um pouco mais coriáceas e mais tomentosas inferior-
mente, conduzindo 7-9 folíolos que medem comumente 7-8 x 3-4 cm ; a
pá gina dorsal é branca ; o pecíolo é quase glabro. O cerne vermelho é percor-
rido por lindas listras mais fortes, do que resulta notá vel semelhan ça com o
sebastião-de-arruda , com o qual foi , realmente, confundida nos primeiros
tempos ; ao conhecedor, porém , nã o causa confusã o.
Ocorre junto com a arruda-vermelha, mas com frequência e volume
muito menores: respectivamente, 0,2 á rvore/ha e 0,3 m 3 / ha ; isto se deve
tanto a uma condição natural (e. g., em Curumuxatiba h á muita S. euxylophora
e nenhuma S . fasciata ) como à perseguiçã o que lhe vêm movendo os madei -
reiros nos últimos anos. Emprega-se para construções luxuosas, marcenaria ,
tacos finos, caixas, estojos, etc., exporta-se toda pelos portos baianos, sendo
praticamente desconhecida no Brasil. (Estampa 14)
OBS. Anatomicamente (Rizzini & Mattos Filho, ined.) as duas sepa-
ram-se com nitidez, nada obstante a grande afinidade. As principais dife-
renças são as seguintes :
.
S euxylophora S. fasciata
1 . Pontuações intervasculares . Aber- 1. Pontuações intervasculares. Aber-
tura geralmente em fenda exclusa, tura geralmente em fenda inclusa ,
abrangendo 2 ou mais pontuações. raramente coalescente.
2. Pontuações radiovasculares. Diâ - 2. Pontuações radiovasculares. Di â -
metro 5,5-8 //. metro 8-12/*.
138
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
S. enxylophora S. fasciata
3. Par ênquima. Em faixas regulares, 3. Parênquima. Em faixas sinuosas
visíveis a olho nu ; as séries medem ou onduladas, manifestas à vista
168-364// . desarmada ; as séries medem 390-
-560/ / .
4. Fibras. Mais curtas e delgadas. 4. Fibras. Maiores e mais espessas.
5. Estratificação . Bastante irregular. 5. Estratificação. Muito regular.
As sinuosidades do trajeto das faixas de parênquima , em S. fasciata ,
constituem conspícuo cará ter para distingui-la de S . euxylophora , já que são
facilmente perceptíveis à simples inspecçao desarmada.
Outra espécie que merece citação é Swartzia laevicarpa Amsh ., comum
na Amazônia sob o tí tulo de saboarana , e que habita praias e margens de
lagos e rios de água limpa. A bela madeira, que lembra certos tipos de jaca -
randá-da-bahia , exibe colora çã o pardo-escura , com tonalidade avermelhada
e listras escuras (às vezes um tanto violáceas), finas, paralelas, aproximadas,
retilíneas ou sinuosas ; a superf ície é algo lustrosa e lisa ; emprega-se, princi-
palmente em Manaus, na marcenaria de luxo, mas merece maior destaque.
VOUACAPOUÀ Aubl.
Engloba 3 espécies hileianas, sendo duas brasileiras.
la. Bráctea e bractéolas superando o pedicelo . Flores com 3-4 mm de compr.
Madeira escura.
1 . V. americana Aubl .
lb. Bráctea e bractéolas menores do que o pedicelo. Flores com 4-6 mm.
Madeira clara.
2. V. pallidior Ducke
139
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
ZOLLERNIA Mart .
Encerra 7-8 espécies brasileiras, sendo uma amaz ônica , com folhas sim -
ples, alternas, bastante variáveis quanto à forma e dimensões.
la . Folhas serreado-aculeadas, raro subíntegras. Estipulas subuladas, reti -
lí neas.
1 . Z. ilicifolia Vog.
lb. Folhas integérrimas.
2a. Estipulas magnas (até 15 mm de largura), falciformes. Racemos
geralmente com 4-7 cm de compr. Floresta atlântica.
2. Z. falcata Nees.
2b. Estipulas mí nimas . Racemos medindo 7-12 cm. Floresta amazônica.
3. Z. paraensis Huber.
140
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Bowdichia virgilioidcs no cerrado mineiro. À esquerda ( Abaete ), com tronco mú ltiplo por rebro-
tação de loco (cf. est . na pá g. 96). À direita ( Joã o Pinheiro ), com tronco normal ( ca . 11 m de altura
total ).
Madeira. Pardo-avermelhado-escura , podendo apresentar-se quase negra ,
com grandes manchas amarelo-esverdeado-escuras ; superf í cie lustrosa, lisa ,
tomando magní fico polimento . Muito pesada, dura e durá vel . Alburno
amarelado .
Empregos. Marcenaria de luxo, ebanisteria , cabos de faca , tacos de bilhar ,
cabos de escova, etc. É das mais belas madeiras.
Area. Leste e sudeste do Pará, noroeste do Maranhão, Ceará ( matas
serranas), Para í ba e Pernambuco . Ocorre nas matas de terra firme. Floresce
em novembro-janeiro ( PE ).
141
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
FABOIDEAE ( Papilionoideae)
-
lb. Limbo do estandarte amplo (v.g., 9 10 x 9 mm), destituí do de apên -
dices. Ová rio estipitado . Lenho secundá rio com raios estratificados
(3/ mm). Sementes duras.
2. Bowdichia H. B. K.
OBS. 3 . Nã o fossem as diferenças anatômicas, corroboradas pelas dife-
renças organográficas, poderíamos sustentar a opinião de Ducke. 2. Frutos e
cálice diferem tão-somente por quest ões de grau, sendo praticamente idên-
ticos em ambos os gêneros.
142
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
BOWDICHIA H. B. K.
Engloba apenas 3 espécies da América do Sul tropical.
la. Folíolos 7-9, em geral ovados, algo acuminados. Ovário densamente
seríceo. Floresta amazônica.
1 . B. ní tida Spruce
lb. Folíolos 9-21, oblongos, obtusos, comumente emarginados. Ová rio
glabro ou apenas piloso nas suturas. Pr ópria do Brasil Central , Amazônia
e Nordeste, sempre fora da floresta pluvial tí pica.
2 . B. virgilioides H . B. K .
DIPLOTROPIS Benth .
-
la. Folíolos 5 13 muito variá veis, sempre providos de nervaçã o secund á ria
bem impressa e de venação terciá ria proeminente, reticulada. Inflores -
cência ampla e frouxamente ramificada, com indumento acinzentado ou
ferrugí neo e pouco denso. Floresta amazônica e pernambucana.
1. D. purpurea (Rich.) Amsh . var.
brasilíensis (Tul.) Amsh.
lb. Folíolos 9-11, com nervação secundária e venação terciá ria nulas ou
apenas esboçadas. Panícula atro- rufa, compacta, geralmente do tamanho
das folhas. Floresta do norte do Espírito Santo e sul da Bahia.
.
2. D incexis Rizz. & Matt .
143
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
145
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
146
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
CENTROLOBIUM Mart.
Compreende ca . 6 espécies da Amé rica tropical , sendo uma hileiana .
Nas três aqui consignadas os folíolos, frutos, cálice e inflorescências apre-
sentam, sob lente, característicos pontos rubros (pontos resinosos) que,
contra a luz, se nota serem excreções de glâ ndulas transl úcidas.
la . Fol íolos com pêlos esparsos nas nervuras. Fruto com estipe medindo
1-2 cm de compr. Do Ceará até o Paraná, nas florestas atl ântica e dos
tabuleiros terciá rios.
1 . C. robustum (Vell . ) Mart .
lb. Fol íolos rufo-tomentosos numa das faces. Frutos com ou sem estipe.
2a . Folíolos tomentosos na face inferior. Fruto séssil ou mui curta-
mente estipitado . Do Rio de Janeiro e Minas Gerais at é S. Paulo,
em matas mais secas . (Estampa 15)
.
2. C tomentosum Guill .
2b. Folíolos tomentosos na pá gina superior. Fruto estipitado. Hiléia.
3. C. paraense Tul .
147
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
mentosos. CASCA quase lisa, apenas levemente f íssurada, dura , 5-1 Omm ,
cinzento-clara ou pardo-acinzentada, na base do tronco soltando pequenas
placas. FOLHAS at é 80 cm , com 15- 22 fol í olos opostos ou subopostos, ovados
a el í ticos, na base subcordados, no á pice acuminados, membran áceos, espar -
samente pilosos nas nervuras de ambas as faces, 7- 18 x 3-9 cm . PANICULA
terminal ampla , com 25-30 cm , rufo-tomentosa , FLORES com 12-15 mm
amarelas. SAMARA com asa coriácea , nervosa , curta e esparsamente pilosa
ou glabra, at é 22 x 11 cm ; n úcleo semin í fero basal , globoso , pétreo, durí s-
simo, com 1 -3 lojas seminais, coberto de acú leos finos, pontiagudos, glabros,
at é 5 cm de compr . ; a asa possui, em um dos lados, um esporão estilar de 1-2 cm;
estipe grosso, com l - 2 cm de compr., com restos do cálice na base ; sementes
reniformes. (Estampa 15)
Madeira . Semelhante à do araribá , C. tomentosum (cf .) bem como os
empregos.
Area. Ocorre desde o noroeste do Ceará at é o Paraná, nas florestas plu-
viais ; falta , contudo, desde o Rio Grande do Norte at é Sergipe. No sul da
Bahia é comum, observando-se frequência de 0, 2 á rvore/ha e volume de
0,8 m 3/ ha ; no norte do Espírito Santo, Heinsdijk et al. (1965 ) dã o volume de
l ,4 m 3 / ha. No Ceará , Bahia e Espí rito Santo o seu nome geral é putumuju,
mas no sul é araribá ; arariba também se ouve naqueles primeiros estados.
.
Informações gerais Floresce em fevereiro e frutifica em maio-junho.
Um quilo contém ca . 70-75 sementes, que germinam em ca. 15 dias ; estã o
maduras em agosto-novembro. Regenera-se mediante rebrota çã o de toco.
Espécie afim. C. tomentosum , com o qual é muito parecido, descrito
logo a seguir .
148
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
DALBERGIA L. f .
149
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
- -
1. D . Spraceana Benth . ( jacarandá do pará). Mata de terra firme no
Amazonas e Pará . Á rvore pequena ou mediana de flores viol áceo-claras.
Fol íolos entre ovados e oblongos, com 3-6 x 1,5-3 cm , em n ú mero de 12-19,
glabros. Inflorescê ncias providas de curtos pêlos escuros. Frutos medindo
6-10 cm x 17-25 mm, com 1 - 3 sementes. Madeira pardo-viol á cea, com listras
longitudinais mais escuras.
2. D. violacea (Vog.) Malme (caviúna-do-cerrado). Cerrados e campos
do Brasil Central . Á rvore pequena (raro com 12 m) ou arbusto (campo ) de
-
flores viol áceas. Casca espessa (1 2 cm), dura, fundamente sulcada e fixa .
- -
Folíolos 15 22, oval oblongos, às vezes elíticos, glabros, um tanto coriáceos ,
com nervuras inconspícuas, medindo 18-25 x 7-13 mm . Inflorescê ncias ape -
- -
nas pilósulas. Frutos medindo 5-7 x 1, 5 2 cm, com 1 2 sementes. Madeira
semelhante à de D. nigra e D. spruceana.
3. D . nigra (Vell .) Fr. All. ( jacarandá-da-bahia). Floresta pluvial atlân -
tica (MG, RJ e SP) e dos tabuleiros terci á rios (sul da Bahia -norte do ES).
Á rvore mediana ou grande de flores violáceas. Casca semelhante à de D . deci-
pularis , dissociada em escamas largas nas á rvores adultas. Folíolos 12-18,
oblongos ou ligeiramente obovados e emarginados, pilosos em ambas as faces
quando novos, depois glabros ou sempre glabros, 7-15 x 4-8 mm . Inflores-
cê ncias rufo-vilosas. Frutos medindo 5-8 cm x 12-15 mm, com 1-2 sementes.
Madeira pardo-violá cea com listras ou manchas negras.
4. D . cearensis Ducke ( violeta, violête). Caatingas do Ceará e Pernambuco
e mata seca da Bahia central . Á rvore pequena ou mediana de flores branco-
-amareladas. Casca fina , íntegra a não ser por alguns sulcos pouco profundos,
pardo-acinzentada. Fol íolos ovados ou oval-lanceolados, 5-7 por folha, gla-
bros, medindo 2,5- 5,5 x 1,5-2,5 cm. Inflorescê ncias rufo-pilosas. Cálice glabro.
Fruto medindo 3-4 x 1 ,5-2 cm , monospermos. Madeira violáceo-pardacenta
com listras longitudinais fortemente violáceas.
5. D. decipularis Rizz & Matt. ( sebastião-de-arruda ). Caatinga e mata
seca da Bahia central. Árvore pequena ou mediana de flores alvas. Casca
fina, desprendendo-se em forma de tiras longitudinais. Folíolos 7 (5-9), oblon -
gos ou ovados, pilosos na face inferior, 2-4 x l -2 cm . Inflorescências densa -
mente fulvo-vilosas, bem como o cá lice . Frutos medindo 4,5-5 x 1,5 cm,
monospermos. Madeira róseo-amarelada com listras longitudinais rubras.
150
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
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l >alhergia nigra no Jardim Bot â nico, casca (esquerda). Dalbergia decipularis (direita ) cm Andara í
( Bahia ), mata pluvial algo seca ; casca.
152
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
et aí . ( 1965), em
Linhares (norte do Esp írito Santo), encontraram, por hectare,
um volume de madeira em pé má ximo de l ,16 m 3 e médio de 0,85 m 3. O
presente autor, com A. de Mattos Filho , verificou , no sul da Bahia, na melhor
zona atual do jacarand á , uma frequ ência de 0,8 á rvore / ha e um volume de
l , 4 m 3/ ha .
Informações gerais. Floresce em Minas Gerais em setembro-outubro e
frutifica em setembro-outubro. Em S. Paulo, floresce em novembro-dezembro
e frutifica em janeiro. Frutos maduros podem ser colhidos no meio do ano.
Um quilo pode conter ca . 14 000 sementes, capazes de germinarem em 6-12
dias (GB) ou em 20-25 dias (SP e MG). Em geral , tem- se o jacarandá como
essência de crescimento moroso ; aos 10 anos, é possí vel observar- se 10 m x 20
cm . Contudo, Mattos & Coimbra (1957) julgam-no relativamente rá pido na
Guanabara , afirmando que vai melhor do que vá rias espécies de Machaerium.
Com espaçamento de 1,5 m ( primeiro desbaste aos 4 anos, quando já cobre
o solo ), aos 5 anos de idade, obtiveram o seguinte medindo 50 á rvores no
153
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
—
Parque da Gávea (GB) : má ximo 15,1 m x 12cm ; mínimo—5,8 m x 7cm ;
a maioria situou-se em torno de 10-12 m x 10-12 cm ; altura máxima 15, 1 m ;
di â metro má ximo 17 cm . Com 8 anos, pode atingir 15 m x 17 cm ou apenas
1, 5-3 m de altura. Heringer (1947) declara-o relativamente rápido também,
em Minas Gerais. O sistema radicular desde o início é profundo .
Espécie afim. D . violacea (Vog.) Malme, conhecida como cabiúna-do-
- cerrado e jacarandá-do- cerrado , outrora denominada D . miscolobium Benth.
É pequena árvore que se encontra em todos os cerrados, desde o Paran á at é
o Ceará , e em vá rios campos limpos sob a forma de mero arbusto ; nos cerra -
d ões, contudo, sói alcan çar 12 m e leva fuste retilí neo, o que nã o sucede no
cerrado comum , onde mostra tronco baixo e delgado, ramos suberosos e
retorcidos. Apresenta casca peculiar, muito distinta de todas as demais espé-
cies, grossa (1 -2 cm), dura, profundamente sulcada, pardo-escura. A madeira
é semelhante à de D. nigra, conquanto menos ricamente desenhada ; o albumo
pardo alcança 2- 3 cm. As flores violáceas são algo maiores do que em D. nigra ,
medindo 8-12 mm de compr . ; o cálice é glabro ; há um estame livre, dito
estame vexilar ; as flores surgem em dezembro-abril . Os frutos, com 5-7 x 1,5-2
cm , levam estipe de 5-12 mm e 1-2 sementes reniformes, as quais medem ca.
13 mm de compr. e são negras e ní tidas ; aparecem em maio-julho. Os folíolos
sã o sempre coriáceos, denotando nervuras pouco pronunciadas, glabros ou
raramente providos de alguns pêlos, medindo 18-25 ( raro 30) x 7-13 (raro
20) mm. (Estampa 15)
A madeira de D . violacea é quase tã o bela e ú til quanto a do jacarandá-da-
- . Mas, nas condições usuais do cerrado, as árvores não alcançam dimen-
bahia
sões madeirá veis. A maior que vimos, protegida, media ca. 6 m x 50 cm di- —
mensões máximas para a espécie e impossível de conseguir hoje em dia.
Em cultura , ao cabo de um ano, revela as seguintes dimensões médias :
parte aé rea — 17 cm ; parte subterrâ nea — 34 cm. No cerrado regenera-se
principalmente por meio da brotação de raí zes gemíferas , que são raízes hori-
zontais caminhando paralelamente à superf ície do solo e que emitem ramos
a é reos de quando em quando ; separados estes da planta-mãe, refazem-na.
O lenho secundário do jacarand á -do-cerrado distingue-se, microscopi-
camente, de maneira marcante pela presença de vasos geniculados (Rizzini &
—
Mattos Filho, 1961) ainda nã o observados em nenhuma espécie silvestre.
Tais vasos exibem notável trajeto tortuoso e descrevem voltas ou curvas seme-
lhantes a cotovelo, ao invés de serem retilíneos como usualmente.
154
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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ÁRVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
SWEETIA Spreng.
Possui duas espécies, no Brasil e Paraguai.
158
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
HYMENOLOBIUM Benth .
Compreende 12 espécies, das quais 10 habitam a Hiléia, 1 Alagoas e
mais 1 o Rio de Janeiro. São á rvores gigantescas que florescem e frutificam
sem folhas, surgindo estas quando os frutos estão maduros.
159
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
MACHAERIUM Pers.
Engloba ca . 120 espécies tropical -americanas ; no Brasil , predominam
no leste e sul . Muitas sã o espinescentes. Conquanto sejam numerosos os cipó s,
algumas á rvores fornecem madeiras semelhantes à s de Dalbergia , donde a
designaçã o de jacarand á , que se lhes aplica .
160
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
162
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
- -
Espécies afins . M . acutifolium Vog. ( bico de pato em SP, RJ e MG ;
jacarandá , PA , MA , CE). É á rvore pequena até mediana, cuja madeira se
mostra parda com veios mais escuros e tonalidade violácea, dur íssima e muito
-
pesada . Estende se na floresta atlâ ntica desde o Piauí e o Ceará at é Sã o Paulo
e Mato Grosso , alcan çando o norte da Argentina ; é frequente ainda em matas
secas e nos cerrados. Apresenta frutos semelhantes aos de M . scleroxylon ,
poré m maiores (5-9 cm de compr .). Em geral assemelha-se a M . villosum ,
do qual difere pelos folíolos ovado-lanceolados e glabros ou quase. (Es -
tampa 16)
MYROCARPUS Fr . All .
Constituído de duas espécies, abaixo tratadas.
163
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
MYROXYLON L. f .
Segundo Harms (1908) há duas espécies que se distinguem da maneira
seguinte :
la. Sementes com cotilédones sulcados. Colômbia a Bolívia e Brasil.
.
1. M peruiferuvn L. f.
lb. Sementes lisas, sem sulcos. Do México à Venezuela e Colômbia.
.
2. M balsamum (L . ) Harms
O copioso material brasileiro pertenceria a M . peruiferum ; de fato, as
sementes apresentam cotilédones bastante sulcados. O cará ter empregado
para a separaçã o é difícil de apreciar, em vista da aderê ncia íntima do exo-
carpo à semente, a qual , ao demais, se acha coberta de fragmentos amarelos de
resina ; além disso, n ã o cremos se deva atribuir ao fato o valor de cará ter sufi-
ciente para distinguir duas espécies, que sã o de outro modo indistinguí veis.
Como em não poucos casos, o que temos pela frente é uma espécie polimorfa
de ampla dispersão . O bá lsamo e a madeira extraídos de árvores brasileiras
nã o diferem dos obtidos na Amé rica Central. Record & Hess (1943) consi -
deram unicamente a espécie que se segue, bem como Ducke (1949).
164
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
PLATYCYAMUS Benth .
165
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
-
Pau pereira , folha-de-bolo , mangalô (RJ), angelim-rosa , camará-de-bilro,
cataguá, pereira, pereira -vermelha, ubá-açu, pereiro.
Caracterí sticas distintivas. Á RVORE que atinge usualmente ca. 20 m x
x 40-60 cm . CASCA acinzentada , 5-1 Omm , riscada , intemamente clara e
com manchas avermelhadas (em seçã o transversal : pontos sanguíneos).
FOLHAS trifolioladas, grandes ; fol íolos amplos sobretudo o terminal, apro-
ximadamente rômbicos, algo crenados, pilosos na face inferior e com nervuras
manifestas, um pouco agudos ou obtusos, 9- 15 x 4-13 cm. PANÍCULAS
terminais grandes (25-35 cm), a raque rufo-vilosa. FLORES especiosas, com
1,5 cm de compr . ; cálice 5-lobado, piloso por fora e por dentro ; corola violá-
ceo-clara , o estandarte arredondado e com mácula alva no centro, as asas
auriculadas e longamcnte unguiculadas, assim como a quilha ; estames reunidos
em larga l â mina, sendo um livre ; ová rio séssil, viloso ; estigma oblíquo.
LEGUME oblongo ou oblongo-obovado, plano, delgado, coriáceo, reticu -
lado, ní tido, com uma das suturas estreitamente alada , bicudo, séssil , provido
de 1-2 sementes, 9-15 x 3, 5-4 ,5 cm ; sementes reniformes, negras, lisas,
achatadas, com hilo e funiculo conspícuos, 2-2,5 cm x 10-13 mm. (Estampa 16)
Madeira . Vai do róseo- pálido ao vermelho-rosado ou pardacento mesmo,
com reflexo rosado, uniforme ; superfície irregularmente lustrosa, de aspecto
um tanto fibroso. Anéis de crescimento ní tidos . Pesada, dura e durá vel.
Empregos. Construções, partes internas de móveis, vigas, carroçaria ,
cabos de ferramenta, barris, eixos de carros de boi , postes, esteios, etc.
Area. Do sul da Bahia ao sul de Goiás e S. Paulo. É própria da mata plu-
vial, mas aparece esporadicamente no cerrado. Na Bahia austral, notamos
frequência de 0,6 á rvore / ha e volume de 0,4 m 3/ha.
Informações gerais. Floresce em fevereiro-abril e frutifica em agosto-se-
tembro. Um quilograma engloba ca. 2 250 sementes, que germinam em ca .
10-15 dias. Multiplica-se por meio de raízes gemíferas formando colónias
ou grupos locais.
Espécie afim . P . ulei. Harms, que , segundo Ducke (1949), poderá perten -
cer a outro gênero.
OBS. O vulgar pciu- pereira do Nordeste , Leste e Sul é a apocinácea
Geissospermum laeve (Vell.) Baill., cuja casca é extraordinariamente amarga
e rica em alcaloides hipotensores ; nã o tem outro préstimo se não como remé-
dio popular.
PLATYMISCIUM Vog
Compreende mais de 20 espécies na América tropical, difíceis de discri -
minar .
166
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
PTERODON Vog.
Constitui-se de 5 espécies brasileiras, que se dispersam do Piauí a Mato
Grosso e São Paulo.
la . Flores rosadas, às vezes quase brancas ( só as asas da corola sã o viol áceas).
Foíí olos pubescentes na face inferior e frequentemente também na su-
perior .
1. P. pubescens Benth .
lb. Flores fortemente violáceas. Fo ííolos glabros ( no má ximo, há alguns
pêlos na nervura central da página dorsal) .
2. P. polygalaeflorus Benth .
OBS. A presença de glâ ndulas nas duas sépalas aliformes em P . pubescens
e sua ausência em P . polygalaeflorus , indicadas por Bentham como caracteres
distintivos das duas espécies, podem falhar, visto que tais gl â ndulas soem
aparecer na segunda em n úmero moderado. Cf. Espécies afins.
168
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
169
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
preso à á rvore e, sendo alado, sugere que o fruto é uma sâ mara . SEMENTE
elipsóide, parda, lisa , nítida , com 9 -13 mm de comprimento, provida de dois
-
amplos cotilédones córneos ; as sementes separam se dificilmente do pericarpo.
(Estampa 17)
Madeira. Amarelo- pardacenta, clara ou escura, uniforme ; superf ície sem
,
brilho um tanto á spera . Muito pesada e dur íssima, extremamente ícil de
dif
cortar a machado. É altamente resistente à putrefação. Alburno amarelo-forte,
chegando a uns 2,5-3 cm.
Empregos. Pouco importante já pela extrema dureza, já porque as
,
170
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
tubuloso, tomentoso, ca. 7-9 mm de compr. ; ová rio sustentado por longo
estipe hirsuto ; as flores reúnem-se em racemos medindo 3-6 cm e estes em
panículas de 6-10 cm, as quais se inserem nos ramos desfolhados. LEGUME
lembrando um bico de pato aberto, preto e estriado por fora, amarelo e liso
por dentro, delgado, duro, monospermo, medindo 7-9 x 2 cm ; as valvas
-
curvam se para fora ao se abrirem ; n úcleo seminífero volumoso e abaulado,
basal ; semente negra, elipsóide, com asa fina , pá lida, elí tica , apical, com
-
5 6 x 1,5-2 cm , constituída pelo endocarpo, a testa coriácea, os cotilédones
amplos e crassos ; as sementes exalam intenso odor de cumarina ainda 20 anos
depois de colhidas e revelam sabor amargo e picante. (Estampa 17 )
Madeira. Bege-amarelada at é levemente rosada, com numerosas listras
longitudinais impressas e pouco mais escuras ; o corte tangencial é bem mais
171
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
VATAIREOPSIS Ducke
172
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
la. Cá lice curvo pelo meio no botã o. Filetes concrescidos na base, no má ximo
até pouco abaixo da metade (livres nos dois terços superiores). Sâmara
provida de duas pequenas asas suplementares sobre o n úcleo seminífero .
1 . Vataireopsis Ducke.
lb. Cálice retilíneo no botão. Filetes concrescidos até acima da metade
(livres no terço superior). Fruto semelhante, mas as duas asas acessórias
são representadas por duas cristãs, à s vezes aliformes e às vezes incons-
pícuas.
2 . Vatairea Aubl .
OBS. Cumpre notar que os frutos de Luetzelburgia Harms sã o iguais aos
de Vataireopsis. Contudo, os dois gêneros pertencem a tribos diferentes, pois
Luetzelburgia , com estames livres, inclui-se entre as Sophoreae , separando-se
desde logo de Vataireopsis .
173
ARVORES E MADEIRAS UTEIS DO BRASIL
MELIACEAE
la . Estames 5 ; filetes livres entre si, inferiormente bastante alargados e ade-
rentes ao gin óforo. Fruto : cá psula septífraga ; sementes aladas.
1 . Cedrela P. Br.
lb. Estames 10 ; filetes concrescidos em tubo estaminal, por dentro do qual
se inserem as anteras. Cá psula variada.
2a . Disco tubuloso, maior do que o ová rio nele oculto. Cá psula globosa,
pequena, septí fraga ; sementes globosas, exaladas, com arilo carnoso.
2. Cabralea Juss.
2 b. Disco anuliforme, menor do que o ová rio, cuja base circunda.
3a . Cá psula volumosa, globosa, loculícida ; sementes magnas, angu -
losas, sem asa nem arilo. Folíolos simétricos ou quase e curta-
mente acuminados.
3 . Carapa Aubl .
3b. Cápsula e sementes como em Cedrela, porém maiores. Folíolos
fortemente assimétricos na base e finamente cuspidados no
á pice.
4. Swietenia Jacq .
CABRALEA Juss.
la. Fol í olos glabros, ou com pêlos somente nas nervuras, e providos de
linhas e pontos transl úcidos.
2a . Panículas com ped ú nculo individualizado. Folíolos glabros e com
mí nimas verr úculas perfuradas no centro (ver na face superior ).
Pode haver pêlos esparsos nas nervuras.
1 . C. silvatica C. DC .
174
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Área. De Minas Gerais para o sul, na floresta atlâ ntica . Muito frequente
na Serra do Mar.
Informações gerais . Floresce em outubro-novembro e frutifica em janei -
ro-março. Um quilo encerra ca. 4 500 sementes, que germinam em 13-15 dias.
175
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
176
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
177
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
em ca. 30-35 dias. Cultiva-se facilmente no Rio de Janeiro, com grande pro-
duçã o de sementes . Almeida (1943) indica , naquele Estado, para 51 á rvores
de 20 anos : 2-20 m x 2-16 cm .
CEDRELA P. Br.
H á três espécies importantes, dotadas de lenhos muito semelhantes,
quase sempre confundidas sob a designa ção de C . fissilis Vell . na literatura
nacional corrente . Todas recebem as denominações vernaculares de cedro ,
-
cedro branco , cedro-rosa e cedro- vermelho. Com base na revisã o monográ fica
de Smith (1960), posta à prova frente ao suficiente material dos herbá rios do
Jardim Bot â nico e do Instituto de Bot â nica de S. Paulo, e ainda a prolongadas
observa ções in natura , estabelecemos as distin ções abaixo exaradas.
O cedro da floresta amazônica é Cedrela odorata L. ; o cedro da floresta
atlântica é C. angustifolia S. & Moc. ; o cedro das matas mais secas, sobre-
tudo de Minas Gerais para o sul, é C. fissilis Vell . Isto em termos gerais,
porque as á reas centrais, acima indicadas, das três espécies interpenetram -se
parcialmente, como veremos. Desde logo, é ó bvia a semelhan ça morfológica
entre elas ; todavia , separam-se como se segue.
1. Folhas menores, com 5-9 pares de folíolos macios, cujo á pice é obtusa-
mente acuminado, dotados, na face inferior , de domácias membraná ceas com
a forma de bolsinhas localizadas no ângulo formado pela nervura central
com as laterais ; os folíolos sã o glabros e curtamente peciolulados. As pan í-
culas são mciis curtas do que as folhas. As cá psulas medem 2,5-4 cm de compr.
O cá lice é fendido num dos lados.
1 . C. odorata L.
la . Com os mesmos caracteres acima indicados, porém, levando folíolos
,
179
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
95. C. odorata L .
Á rvore por via de regra de 20-25 m x 60 cm, com fuste retilíneo de ca.
lOm. A casca (var. xerogeiton ) exibe ritidoma com 1 -2 cm, vermelho- parda -
cento-escuro, profundamente sulcado , sem estratificaçã o (vis ível a olho nu ) ;
zona liberiana ca. 5 mm , da mesma cor. Difere do córtex de C . fissilis por ser
bem mais dura , escura e uniforme , além de mais delgada . As cápsulas sã o
bem menores do que em C . fissilis, com 25-40 cm de compr . (EstanSpa 17 )
180
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
181
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
Cedrela angustifolia em Brasília, DF, mata de calcá rio. O mesmo tronco a distâ ncias diferentes.
Informações gerais . Uma á rvore isolada pode produzir mais de 1 500
frutos, os quais podem conter mais de 60 000 sementes férteis. Um quilo
encerra ca . 20 000 25 000 sementes. Cada lóculo capsular conté m umas
15 sementes, das quais muitas sã o estéreis (sem embrião) ; as cá psulas abertas
podem permanecer na á rvore até depois da nova flora ção.
C. fissilis é caducifólia , emitindo folhas novas em agosto setembro, -
conforme a latitude ; nessa ocasião processa - se a floraçã o, vindo a emissã o
-
de frutos maduros em julho agosto. Estes dados fenol ógicos valem igualmente
para C. angustifolia . No sul há pequeno atraso.
182
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
183
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
184
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
185
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
MORACEAE
la. Flores masculinas ou femininas em espigas pendentes (amentiformee
2a. Ramos frequentemente aculeados. Flores femininas em cap í tulos
globosos, as masculinas em amentos. Folhas denteadas.
1. Chlorophora Gaud .
186
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
BROSIMUM Sw.
Compreende ca . 25 espécies da América tropical.
187
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
188
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
189
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
MYRISTICACEAE
VIROLA Aubl .
2b. Folhas medindo 10-16 x 2,5-5 cm. Frutos glabros. Sul da Bahia a Minas
Gerais.
2. V. officinalis (Mart.) Warb.
lb. Ambos glabros ou apenas pubé rulos.
2a . Folhas estreitas (até 20 x 5 cm), agudas, pubérulas inferiormente,
-
com as nervuras distantes 4 8 mm entre si. Frutos globosos, medindo
-
2 2,5 cm de compr . Madeira branca. Da Amazônia até Pernambuco.
3. V. surinamensis (Rol.) Warb.
2b. Folhas estreitas ou largas, pubé rulas ou não. Frutos elipsóides, além
de 2 cm de compr. Madeira avermelhada. Brasil nordestino e oriental.
190
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
191
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
192
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
numerosas manchas liquênicas, lisa a não ser por pequenas fissuras verticais,
cuja coloraçã o é castanha . FOLHAS coriá ceas, oblongo-lanceoladas ou
lanceoladas, acuminadas, pubé rulas em baixo, com 16- 30 nervuras laterais
d é cada lado, delicadamente impressas, medindo 10-20 x 2-5 cm . C Á PSULA
globosa , lisa, medindo 2-2, 5 x 2 cm, as menores aqui consideradas. (Es-
tampa 18 )
Madeira. Branco-amarelada, passando a bege-rosada, uniforme, com
ície áspera, grosseira .
brilho sedoso sob incidência luminosa apropriada ; superf
Leve , macia, fácil de apodrecer, sendo necessá rio serrar logo as toras para
evitar prejuízos. Alburno (5-15 mm) mal distinto do cerne.
Empregos. Partes internas de móveis, caixas e compensados. Boa para
pasta destinada à fabricaçã o de papel ; as fibras medem, em média , 1,02 x
x 0,027 mm . As sementes sã o riquíssimas em gordura (60-68 %), dita sebo de
ucuúba, cujo odor é agrad ável , e serve como combustível (as próprias sementes
sã o enfiadas num espeto e queimadas como pequena tocha ), dando chama
fuliginosa . As demais espécies de Virola também levam sementes gordurosas,
mas inaproveitadas.
Area. Muito comum nos igapós e vá rzeas do Amazonas e Pará . Do
Maranhã o a Pernambuco vive na floresta . Ocorre ainda nas Guianas, Amé-
rica Central e Antilhas. A freqUência pode variar de 3 a mais de 30 á rvore/ha
e o volume de 1 a mais de 40 m 3/ ha, nas v á rzeas e igapós ricos. Em geral , a
frequê ncia é de 0,3-4,2 á rvore / ha e o volume de 0,2-7,3 m 3/ ha, segundo
Heinsdijk & M . Bastos (1963). Cresce bem no Rio de Janeiro , onde exibe
frutos maduros em novembro.
Espécie afim . V . oleifera (Schott ) A . C. Sm. é á rvore bastante parecida
com a acima descrita , inclusive pela casca e folhagem. Á rvores relativamente
jovens de V . surinamensis apresentam ramos inferiores pendentes, ao passo
que V . oleifera os tem horizontais. Outras características foram mencionadas
na chave para as espécies e sob V . officinalis.
PODOCARPACEAE
PODOCARPUS UH érit .
Conté m muitas espécies no hemisfé rio sul , sendo apenas duas as brasileiras
importantes. Caracteriza-se pelo epimácio (excrescê ncia carnosa do ó vulo) fun -
dido com o tegumento ovular ; óvulos com a micr ó pila voltada para baixo ;
recept áculo feminino tuberoso, carnoso, provido de duas escamas basais ;
carpídios uniovulados ; e anteras biloculares. As á rvores sã o dióicas.
la . Folhas lineares, com 3- 5 cm x 3-5 mm . Estr ó bilos masculinos ca. 1 cm
-
de compr., 3 6 em fasc ículos inseridos na ponta de ped ú nculos medindo
ca . 1 cm.
1 . P. lambertii Klotz.
193
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
lb. Folhas lanceoladas, com 5-10 cm x 6-15 mm. Estró bilos masculinos soli -
t ários ou em grupos de 2-3, subsésseis, ca . 3 cm de compr.
2. P. sellowii Klotz ,
194
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
PROTEACEAE
1a . Botões florais retilíneos. Fruto : folículo típico, dispermo . Sementes planas,
aladas, com delgados cotilédones.
1 . Roupala Aubl .
lb. Botões florais curvos na ponta. Fruto : folículo nuciforme (as valvas,
grossas e duras, não se afastam ), monospermo. Semente elipsóide ou
globosa , exalada, com espessos cotil édones.
2. Euplassa Salisb.
OBS. O terceiro gênero brasileiro, Panopsis Salisb., é próximo de Euplassa
e se distingue pelas folhas simples, estames inseridos abaixo do meio das
tépalas e escamas basais do ová rio concrescidas ; não tem valor como fonte
de madeira.
ROUPALA Aubl .
Com cerca de 45 espécies, espalha -se pela América tropical , mais da me -
-
tade pelo Brasil ; apenas 2 3 são extra-americanas. Vá rias espécies brasileiras
são á rvores capazes de fornecerem bela madeira, e sua distinção é sobremodo
laboriosa . Contudo, R. brasiliensis é a ú nica realmente difundida e impor-
tante, conquanto de utilização limitada a certas localidades.
195
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
e ní tidas, embaixo com as nervuras salientes e desde pubérulas até rufo- vilosas,
medindo entre 8 x 4 cm e 20 x 12 cm ; pecíolo com 3-6 cm ; variações : menos
comumente as folhas sã o glabras ou são integé rrimas ; folhas penadas só
aparecem umas poucas no início da rebrota çã o anual , sendo próprias das
plantas jovens, nas quais se formam durante muito tempo. RACEMOS axi-
lares solitá rios, densamente fulvo-rufo-vilosos, 10-18 cm de compr. ; bot ões
clavados, retil í neos, ca. lOmm de compr ., geminados. FRUTO folículo oblon -
go-falcado, rostrado ( rostro : 7-8 mm), estreitado na base, com pedicelo de
ca. 3 mm, lenhoso, tomentoso, medindo 2,5- 3,5 cm de compr. ; sementes 2
aladas, com 2-3 cm, o n úcleo semin ífero central e a asa membranácea, parda .
(Estampa 18)
196
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
cantareirae Sleumer, carvalho em São Paulo, onde ocorre na floresta atlâ ntica ,
é distinta pelos folí olos em n ú mero de 7- 12, eliticos, obtusos, subíntegros,
rufo-velutinos na face inferior, ca . 8 x 4 cm ; racemos rufo- tomentosos, de
9-17 cm de compr. ; a á rvore alcança 25- 30 m x 100-150 cm, levando casca
cinzenta , áspera , provida de sulcos finos e curtos e de anéis circulares salientes ;
floresce em novembro-dezembro e frutifica em fevereiro-março. As duas
espécies mencionadas de Euplassa afastam-se das outras 5 mediante o ová rio
tomentoso. (Estampa 18)
P HAMNACE AE
COLUBRINA Brongn.
Com 31 espécies, expande-se pelo Velho e Novo Mundo, neste desde a
Amé rica do Norte até o sul do Brasil . Ausente do Brasil boreal e central.
197
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
198
MANUAL OE DENDROLOGIA BRASILEIRA
RUBIACEAE
CALYCOPHYLLUM Schomb.
As poucas espécies deste gênero tró pico-americano são difíceis de dis-
tinguir ; por isso, organizamos a chave seguinte.
la . Brácteas foliáceas envolvem as jovens cimeiras que formam a inflores-
cência. Ovário e pétalas providos de pêlos. Folhas modestas (até 15 cm
de compr.).
2a. Folhas pequenas, até 6 x 3,5 cm . Sul da América do Sul.
1 . C. multífloruin Gris.
2 b. Folhas maiores. Regiã o amazônica ( vá rzea).
2. C. spruceanum Benth.
lb. Brácteas minutíssimas. Folhas alé m de 20 cm de compr . Hiléia (terra
firme).
2a. Cá lice com uma sépala foliácea, obovada e muito estreitada na base,
in ú meras vezes maior do que as demais.
.
3 . C obovatum Ducke
2b. Cálice com as sépalas mais ou menos iguais, pequeninas.
4. C. acreanum Ducke
Calycophyllum spruceanum no
Jardim Bot â nico ; duas árvores.
mm
descama anualmente em longas tiras deixando exposta a camada interna ,
avermelhada. FOLHAS oblongas ou ovado-oblongas, o á pice agudo ou
obtuso, a base pouco atenuada , subcori áceas, na face superior com pontos
mais claros, na inferior ligeiramente pubé rulas. FLORES ca . 10- 12 mm de
compr., agrupadas em cimeiras trifloras envolvidas numa bráctea quando
em bot ã o, que se reú nem em corimbos terminais menores ou iguais às folhas ;
cá lice apenas deticulado e densamente viloso ; corola tubulosa de limbo curto
e fauce vilosa . CÁ PSULA elips óide. com lenticelas e pêlos esparsos, medindo
ca. 8- 10 mm de compr ., as valvas b í fidas ; sementes minutíssimas. (Estampa 19)
Madeira . Branco-pardacenta, uniforme ; superf
ície lisa , pouco lustrosa .
Um tanto pesada e dura, compacta, mas fácil de trabalhar. Bastante resis-
tente à deteriora çã o.
Empregos. Marcenaria , esquadrias, cabos de ferramenta , veículos, artigos
torneados, etc. ; poderá servir para compensados. Exporta-se para o Nordeste
e o Rio de Janeiro sob a designaçã o de pau-marfim , totalmente inadequada
200
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
mm e as dominantes 1 ,2 mm de compr.
- r
Area. Toda a Amazônia , sendo especialmente difundida no Alto Ama-
zonas e ao longo do Rio Amazonas inteiro ; aí se encontram matas de pau-mu-
lato, ditas capironais ( capirona é o seu nome peruano).
Informações gerais. Floresce em julho-agosto na zona de origem . Em
Minas Gerais, f á -lo em maio-junho e frutifica em outubro-novembro. Um
quilo de sementes poderá ceder umas 50 000 plantinhas ; a germina çã o con-
some ca. 20-35 dias.Cultiva- se perfeitamente no Rio de Janeiro, em terreno
enxuto, observando-se rápido crescimento. Rebrota facilmente de toco .
Espé cies afins. C . multiflorum Gris., importante á rvore euxil ófora argen -
tino- paraguaia, alcan ça apenas o sudoeste de Mato Grosso ; é a ú nica real-
mente parecida com o pau-mulato e só se distingue pelas folhas pequenas
- - -
(4 ,6 x 2, 5-3,5 cm). C. acreanum Ducke í pau-mulato da terra firme ) é grande
á rvore das terras altas do Rio Acre , cuja casca e lenho são semelhantes aos do
-
pau-mulato-da -vá rzea. C. obovatum Ducke ( pau-mulato da- caatinga ) é á rvore
menor do Rio Negro. Todas as espécies de Calycophyllum parecem-se com as
do gênero Capirona , da mesma família e ambiente, e cuja casca descama igual -
mente.
GENIPA L
Duas espécies da América tropical ,
la . Folhas glabras.
1 . G. americana L.
2a . Folhas pilosas na pá gina inferior .
2. G. caruto H . B. K .
201
ÁRVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
RUTACEAE
la . Ovário com carpídios livres na base ou concrescentes, no fruto sempre
mais ou menos separados e deiscentes.
2a. Flores actinomorfas. Pétalas e estames livres. Todos os estames
férteis.
3a . Flores menores (com menos de 1 cm). Anteras cordiformes, no
máximo tão longas quanto os filetes. Cá psulas muricadas ou
pilosas (como os ová rios).
1. Esenbeckia H. B. K .
202
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
ESENBECKIA H B . K .
Compreende ca . 30 espécies da América tropical . Difere do pr óximo
Metrodorea St. Hil. pelas folhas alternas, corola imbricada e cá psulas apenas
muricadas ou pilosas. Metrodorea engloba apenas alguns arbustos.
Area. Ocorre na mata ú mida desde o sul da Bahia até S. Paulo e sul de
Mato Grosso ; ainda Goiás. No sul da Bahia, observamos frequência de 1,4
á rvore/ha e volume de 3, lm 3/ha.
203
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
EUXYLOPHORA Huber
Possui apenas um representante, hileiano, bem conhecido.
204
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
RAPUTIA Aubl.
Compreende ca. 9 espécies da Amé rica tropical.
111. Raputia magnifica Engl .
Arapoca, arapoca -amarela , arapoca-vermelha, amarelinho e cocã o (CE ),
guarapoca , guaiataia , guarataipoca , mucamba e pau-amarelo (leste e sul ).
Caracterí sticas distintivas. Á RVORE pequena a mediana. FOLHAS
com 5-7 folíolos membranáceos, obovado-acuminados, glabros, 10-16 x 4-6
cm ; pecíolo com 5- 10 cm ; peci ólulos ca . 1-2 cm. FLORES com 2-2,5 cm de
compr., citrinas, tomentosas, ordenadas em racemos escorpióides de 5-10 cm
reunidos na ponta de longos ped ú nculos medindo 20-30 cm, terminais. C Á P-
SULA medindo 2-2, 5 x 2-4 cm, provida de pêlos curtos e aplicados e de cá lice
ampliado, cupuliforme , na base ; abre- se explosivamente lan çando ao longe
as sementes.
Madeira . Idê ntica à de E. leiocarpa , bem como o seu uso. À s vezes apre-
senta veios de oleorresina avermelhada .
/
Area. Floresta atlâ ntica e suas disjun ções. Estende- se, com amplas
lacunas, desde as serras cearenses at é o Rio de Janeiro, sendo mais comum
no norte do Espírito Santo ( Rios Doce e Sr Mateus) e em Minas Gerais.
Espé cie afim. R. alba (Nees & Mart . ) Engl., pequena á rvore do Rio de
Janeiro e Minas Gerais, també m chamada arapoca ; discrepa pelas folhas
- -
simples medindo 14 20 x 4 7 cm. ( Estampa 19 )
BALFOURODENDRON Mello
Monotípico. Aparentado com Helietta Tul ., que se afasta porque o
fruto alado, quando maduro, fragmenta-se em tantas sâ maras quantas sã o
as asas.
205
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
SAPOTACEAE
Segundo Aubréville (1964), as sapotáceas compreendem 4 subfamílias,
das quais só nos importa a subfamília das Mimusopoideae, caracterizada e
subdividida como abaixo se indica.
Flores com cá lice cujas sépalas se ordenam em dois verticilos, isost ê mones,
providas em regra de estaminódios e de corola apendiculada no dorso.
Subfam . Mimusopoideae Lam .
la . Cada verticilo calicino é formado de 3 sépalas (cálice 6-sé palo).
Tribo Manilkareae Dubard.
lb. Cada verticilo calicino compõe-se de 4 sépalas (cálice 8-sépalo).
Tribo Mimusopeae Aubr.
A tribo Manilkareae , entre nós, encerra os gêneros Manilkara Adans,
nativo, e Achras L ., cultivado. Manilkara faz parte da subtribo Manilkarinae
Aubr., que se caracteriza pelas sementes dotadas de endosperma.
206
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
MANILKARA Adans
207
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
208
MANUAL DE D ÉNDROLOGIA BRASILEIRA
209
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
Sol, vem a ser a chamada balata — uma sorte de produto pl ástico que serve
para substituir a guta - percha. Difere a balata da borracha, da qual é um isô-
mero, por ser rígida. M . huberi não é a principal produtora de balata, havendo
várias outras e sendo a sua balata nitidamente inferior ; ela é sobretudo uma
espécie euxilófora e o que se lhe pede, em geral, é a madeira . Os frutos sã o
vendidos no mercado em Belém.
Area. Distribui-se do Pará até a metade oriental do Amazonas e norte
de Mato Grosso ; do noroeste do Maranh ão (Alto Pindaré) até a Guiana
Holandesa ; do Atl â ntico aos Territ ó rios de Rond ô nia e Guaporé. Nas
*
matas de terra firme e das vá rzeas pouco inundá veis. E a maior, mais procu-
9 f
211
ÁRVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
Manilkara longifolia no sul da Bahia , mata pluvial gigantesca. Troncos de paraju, o da esquerda com
a copa vista de baixo para cima. Fotos Rodolfo Friburgo.
longamente enterrados em cais no Rio de Janeiro, quando desenterrados,
revelaram- se em boas condições sanit á rias. Daí a madeira ser usada para
obras externas, esteios e estacas marí timas, e para confeccionar remos.
SIMAROU BACEAE
SIMAROUBA Aubl.
F
212
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
TILIACEAE
—
Os dois gêneros dendrologicamente importantes Luehea Willd. e
Apeiba Aubl. — distinguem-se logo pelas : 1) anteras alongadas e maiores
213
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
LUEHEA Willd .
Engloba ca , 20 espécies da Amé rica tropical, a maioria do Brasil.
la. Estaminódios concrescentes até bem acima da base, formando uma como
fita fimbriada. Brácteas com 5-8 mm de compr., caducas. Cá lice além
de 3cm. Cápsula acima de 3cm de compr., elipsóide-pent á gona e reves -
-
tida de curtos pêlos fulvos. Pétalas obovado suborbiculares.
1 . L. speciosa Willd .
lb. Estaminódios soldados apenas na extrema base. Cálice at é 2 cm. Cá psula
até 2,5 cm de compr. Pétalas oblongo-obovadas.
2a . Estames poliadelfos, 20-24 em cada feixe. Cá psula até 2 cm, elipsóide
e ligeiramente angulosa, com pêlos fulvo-acinzentados muito curtos.
2. L. paniculata Mart.
2b. Estames monadeífos (feixes estaminais concrescidos). Cá psula ca.
2-2,5 cm , ovado-oblonga , com a base mais larga do que o á pice
atenuado, coberta de pêlos fulvos muito curtos.
3. L. divaricata Mart.
214
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
APEIBA Aubl.
Encerra 7 espécies peculiares à Amé rica tropical. As duas seguintes
encontram emprego na ind ústria humana.
la. Corola branca. Cá psula globosa coberta de setas moles que medem 2-3 cm
de comprimento.
.
1. A albiflora Ducke
lb. Corola amarela. Cá psula globoso-deprimida cujas setas mais duras alcan -
çam no má ximo 1,5 cm de comprimento.
2. A. tibourhou Aubl.
118. Apeiba tibourbou Aubl.
- -
Pení e de macaco ( AMAZ.), pau-de-jangada.
Características distintivas. ARVORE que chega a 30 m, por ém, por via
de regra, limita-se a 5-10 m, com um fuste retilíneo ; o diâ metro é de 20-35 cm.
FOLHAS ovado-oblongas, acuminadas, arredondadas e cordadas na base,
cartáceas, serreadas, rugosas, esparsamente pilosas em cima e densamente em
baixo, os pêlos estrelados, com 5 (7) nervuras palmadas e curvas, 8-15 x
15-30 cm ; pecíolo de 15-30 mm, jíspido ; estipulas acuminadas, serruladas,
ca. 1 x 2-3 cm, densamente vilosas. PANÍCULAS opostas às folhas, forte-
mente hirsutas ; pedicelos com 8-17 mm. C Á LICE com 4-5 sépalas oblongo-
-lanceoladas e cuculadas, 4-5 x 15-22 mm, fortemente pilosas. COROLA
com 4-5 pétalas l ú teas, mais ou menos obovadas e emarginadas, glabras,
5-8 x 10-16 mm. ESTAMES livres ou ligeiramente soldados na base, espar -
samente pilosos, as anteras lineares com 3-3,5 mm e os filetes com 3,5-4,5 mm.
OV Á RIO globoso, ca . 3 mm de comprimento, densamente tomentoso, multi-
locular e multiovulado ; estilete glabro e estigma curtamente denticulado.
C ÁPSULA globoso-deprimida, algo côncava no á pice, coriácea, com 7-8 x
x 3-4 cm, coberta de setas até 15 mm, flexíveis, esverdeadas em vivo e pilo-
sas ; as sementes são obovóideas, com 2,5 X 3-4 mm e numerosas.
Madeira. Branco-pardacenta, muito leve, sendo a densidade de 0,18 a
0,26, e macia. As fibras alcançam 1,32 mm de comprimento. Flutua leve-
mente na á gua.
Empregos. Bem conhecida para a fabricação de jangadas que, segundo
Braga (1960), são as usadas no litoral nordestino ; nesse caso, são utilizados
os fustes inteiros que, Iinheiros, são compridos e delgados. Serviria ainda
para fabricar boa pasta celulósica destinada à indústria de papel. A casca
fornece embira e as sementes sã o oleaginosas.
Área. Estende-se desde o sul do México até Minas Gerais e Mato Grosso,
preferindo habitats ensolarados. É comuníssima na Amazônia e aparece em
-
matas secas do Brasil Central ; as capoeiras hileianas encerram na frequen-
temente.
216
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
VOCHYSIACEAE
VOCHYSIA Poir.
Compreende ca. 100 espécies que se espalham do sul do México ao
sul do Brasil , sobretudo na regi ão amazônica e na zona campestre central .
218
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
wmmm
mmM âssmm
—
Como a ilustração na pág. 218. 1 Araucaria angustifolia ; madeira sem fibras c sem vasos, e por
isso menos compacta ; uma linha n í tida (anel de crescimento) separa o lenho tardio (superior)
do lenho inicial (inferior), ma ís antigo. 2 — Paratecoma peroba, destacando-se vasos, fibras e
um anel de crescimento (cf. fig. 1). 3 — Machaerium scleroxylon. 4 — Pterodon pubescens.
Todas em seçã o transversal.
219
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
Como a ilustraçã o na pág. 218. 1 —Ocotea porosa , seção transversal ; no centro, nítido anel
de crescimento separando o lenho mais novo (em cima) do mais antigo (embaixo). 2 — Aspi-
dosperma polyneuron (idem ). 3 — Bowdichia virgilioides (seçã o transversal ). 4
cearensis (idem).
— Torresea
220
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
OBS. Há uma var. robusta Ducke, que vem a ser á rvore menor dotada
de folhas maiores (até 16 x 8 cm), mais duras e grossas ; apresenta área
restrita.
Espé cie afim . V . maxima Ducke, dita quaruba ou cedro- rcina , é grande
á rvore amazônica da terra firme, cuja casca é espessa e sulcada. A sua madeira
destina-se à carpintaria, caixotaria e pequenas embarcações. Difere de V . vis-
miifolia, com a qual se parece bastante, pelas folhas mais estreitas (2,5-3,5 cm
de largura), inferiormente glabras ou quase e com ret ículo venoso ní tido,
superiormente com depressões conspícuas sob lente que correspondem ao
retículo da página oposta. Há, ainda, vá rias outras espécies com a mesma deno -
minação vulgar e lenho semelhante, porém , destituídas de importâ ncia por
agora . Cf. agrião- cedro , sob Cedrela fissilis .
221
APÊNDICE
1. EUCALYPTUS L Her.
ARBUSTOS formados de vá rios ramos partindo de um grande tubé r-
culo lenhoso superficial, com 2-6 m de altura , conhecidos como mallees.
Arbustos sem tubé rculo lenhoso, ditos marlocks. Árvores que podem atingir
mais de lOOm ; a maior á rvore do mundo é E. regnans F. Muell. ( Mountain Ash,
na Austrália), da qual um exemplar mediu 114 m de altura , ficando em segundo
lugar a sequoia { Sequoia sempervirens Endl .), com o má ximo de 111 m .
FOLHAS passando por três fases : juvenil, na planta jovem, quando
elas são muito diferentes das que existem na planta adulta ; intermediária.
na qual exibem transições da fase juvenil para a fase adulta ; adulta, quando
as folhas apresentam-se em estado definitivo . E. g ., em muitas espécies as
folhas juvenis, da infância, mostram-se sésseis, amplexicaules, peitadas, cor-
dadas ou ovais, enquanto que as folhas adultas, da maturidade , são pecioladas,
estreitas, lanceoladas, etc.; também acontece haver pêlos no est á dio inicial
e não mais tarde. Comumente os 3-4 primeiros pares de folhas são opostos ,
depois, as folhas são sempre alternas. Segue-se que as folhas juvenis trazem
importantes caracteres para a separação e identificação das espécies que se
revelam próximas no estado adulto. Folhas semelhantes às juvenis podem ser
examinadas nos ramos adventícios, oriundos de rebrota çã o de toco. As
folhas juvenis têm estrutura dorsiventral (diferente nas duas faces) e sã o
horizontais. As folhas adultas levam estrutura, em geral , isobilateral (igual
nas duas faces), são mais ou menos verticais e possuem est ômatos nas duas
páginas.
FOLHAS adultas pecioladas, alternas, coriáceas, peninérveas, lanceo-
ladas ou ovado-lanceoladas, acuminadas e nã o raramente falcadas. O ângulo
223
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
224
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Classificação.
O gê nero Eucalyptus L’ Her. pertence à subtribo Eucalyptinae da tribo
Leptospermeae, a qual é membro da subfamília Leptospermoideae, da família
Myrtaceae. Engloba cerca de 520 espécies que habitam a Austrália e a Tas-
m â nia, muito poucas sendo nativas nas ilhas ao norte (Java, Filipinas, Papua,
Timor, etc.) .
O gênero subdivide-se em 8 seções com base na morfologia anteral ;
cada uma compreende uma série de subseções, que raros especialistas serã o
225
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
226
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
227
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
—
Ash, Box , Bloodwood Aqui se consideram peculiaridades e proprie-
dades das madeiras. Segue-se que as cascas variam muito ; logo, há que fazer
referê ncia ao tipo principal observado em cada um destes grupos.
228
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
229
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
Tubérculos lenhosos .
Feição característica do gê nero Eucalyptus é a presença, na grande
maioria das espécies, de peculiares tubé rculos, lenhosos e duros, durante os
primeiros anos do desenvolvimento — denominados na literatura corrente
lignotubers. Nas árvores, eles desaparecem mais tarde, englobados na raiz ;
nos arbustos, permanecem como grandes massas de lenho .
Na jovem planta, tais dilata ções iniciam -se como pequeninas excrescên-
cias que surgem nas axilas dos cotilédones ou dos 2-3 primeiros pares de folhas.
Com o correr do tempo , à medida que crescem, elas fundem -se num coipo
ú nico que é o tubé rculo lenhoso . Mais adiante , a tuberiza çã o estende-se
para baixo e abarca a porção suprema da raiz ; além disso, o tubérculo, agora
ampliado e bastante irregular na conformaçã o, enterra-se no solo, dando a
impressã o de um simples tubérculo hipocotilar ou radicular. Destes ú ltimos
tipos sã o os tubé rculos de á rvores do cerrado ( Rizzini, 1965), os quais se
mostram completamente idê nticos aos lignotubers evoluídos (quando a sua
origem diversa já n ão pode ser notada), sobretudo no tangente à s funções
desempenhadas : armazenagem e regeneraçã o.
Os tubé rculos de eucaliptos, em última análise, são caulinares, pois se
originam do n ó cotiledonar para cima . No curso de sua forma ção e expansã o
eles incorporam uma sé rie de gemas rudimentares, as quais se achavam mer -
gulhadas no caule ; segue- se, portanto, que cada lignotuber é uma agregaçã o
de gemas latentes. Nesta situa çã o elas permanecerã o enquanto nã o surgir
nenhuma perturbação ambiental (seca, fogo, machado, etc.).
Destruído o caule da jovem á rvore , as gemas tuberculares entram em ati -
vidade e geram vá rios ramos novos, denominados coppice shoots ou sucker
growth ; mais tarde, um apenas dominará o novo caule, que virá a ser o tronco
da á rvore adulta se não houver outras perturbações. Este processo pode repe-
tir -se muitas vezes.
As espécies que nã o formam tubé rculos caulinares apresentam uma
sorte de tubé rculo radicular, este, sim, inteiramente hom ólogo dos tubé rculos
de á rvores do cerrado . Os maiores lignotubers encontram -se nas espécies
arbustivas, ditas mallees (cf . acima ). Tais ó rgãos estão sob controle gené tico.
Das espécies aqui tratadas, as seguintes nã o formam tubé rculos ; E. camal -
dulensis, E. deglupta , E . grandis e E. pilidar is. Tais constituem um caule
erecto desde o in ício e crescem rapidamente em altura .
As demais, tú bero-lenhosas, podem ser ordenadas em três grupos se-
gundo a facilidade com que geram um tronco e o vigor do crescimento.
E . globulus , E . resinifera e E. saligna sã o muito vigorosas. E. botryoides ,
E. citriodora, E. longifolia , E. maculata, E . microcorys, E. paniculata , E. pro-
pinqua, E. punctata , E. tereticornis e E. triantha mostram-se menos pujantes,
mas, em compensa çã o, podem suportar condições mais severas. Finalmente
E. alba e E. robusta , á rvores em geral menores do que as outras mencionadas,
apresentam fraca dominâ ncia apical ; por isso, demoram mais para constituir
230
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
231
ARVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
(salvo a produçã o de óleo essencial ) das regi ões onde se cultivam estas á rvores.
Como as zonas quentes e úmidas fizeram apenas ligeiros ensaios, a par de
.
espécies admissíveis como E citriodora e E. robusta, convém considerar
E . deglupta
entre n ó s ,
—no
própria para tal ambiente e que deverá ser experimentada
futuro , naquelas á reas .
Em cará ter restrito, as seguintes espécies estão sendo cultivadas em
S. Paulo para a extra çã o de óleo essencial :
la . Botões facetados, providos de verr úculas 2
lb. Botões sem facetas nem verr ú culas. . . . 3
2a . Botões grandes (2- 3 cm ), solit á rios.
1. E. globulus Labill.
2 b. Bot ões menores agrupados em umbelas.
2. E. inaideni F. Muell .
3a . Bot ões e flores em corimbos terminais formados por umbelas.
.
3. E citriodora Hook .
3 b. Botões e flores simplesmente em umbelas axilares. . . . 4
4a . Ped ú nculos cilí ndricos ou angulosos (anteras rimosas ) 5
4 b. Ped ú nculos nitidamente achatados ou comprimidos (anteras porosas) .
4. E. staigeriana F . Muell .
5a. Casca persistente no tronco inteiro. Frutos hemisféricos, com pedicelos
nulos ou muito curtos.
5. E. macarthuri Deane & Maiden
5b. Casca persistente só na base do tronco. Frutos ovoides, com pedicelos
distintos.
6 . E. smithii Baker .
E n ã o precisamos mais cuidar delas, salvo E. citriodora e E. globulus
pela multifá ria utilidade de ambas.
Desde 1911 , o Horto Florestal de Quixadá (Ceará ) introduziu 31 espé-
cies de Eucalyptus , das quais algumas foram consideradas bem estabelecidas,
sobretudo no litoral mais ú mido. Todavia, nunca chegaram a despertar grande
—
interesse e uma essência nativa — o sabiá é a preferida para planta ções
visando madeira ; e, de fato , ela possui plasticidade extremamente notável
e utilidade variada . Outros estados, como Pernambuco e Pará , têm feito
algumas plantações, ainda pouco importantes.
N. de Andrade reputa a eucaliptocultura vantajosa apenas nos estados
meridionais, aos quais devemos acrescentar, agora , os centrais, onde o seu
sucesso é manifesto. É bem de ver que em ambas as regi ões tais á rvores encon -
tram possibilidade de atravessar um período de repouso vegetativo, permi -
tido pelo frio (sul ) e seca (centro ) — ao qual est ã o adaptadas por idênticas
condições ambientais vigentes na Austrália . Poucas sã o as espécies tropicais
ú midas, que vegetem continuamente, como E . deglupta ; e poucas igualmente
232
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
233
GO
Quadro n .° 1 Crescimento de eucaliptos, aos 21 anos, em povoamento homogéneo no Horto Florestal da Gávea ( Rio de Janeiro, GB), sob compasso
de 3 m .
Dimensões da
N.q de % de % de Diam. Diam . Diam . Alt . Alt . Alt .
Espécie maioria
árvores falhas aprov. má x., cm mín ., cm médio má x., m mí n., m média, m
Alt. x diam .
E. robusta 427 32 68 50 6 24 35 8, 7 23 19-27 m x 16- 32 cm
E. saligna 479 49 51 68 10 30 51 11 32 21-39 m x 20- 40 cm
E. longifolia 193 69 31 46 6 24 33 5 21 15-25 m x 16-34 m
E. citriodora 202 73 27 60 8 24 44 12 24 19-30 m x 18-30 cm
E. tereticornis 227 67 33 54 8 24 39 6 21 13-28 m x 14-34 cm
235
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
- -
Á rvore por via de regra de 25 40 m x 70 100 cm no local de origem
( vales, tratos baixos e ondulados, encostas suaves e morros, preferindo solos
ú midos) ; o fuste corresponde a metade da altura total ; copa muito ramificada,
os r â mulos pendentes. Casca persistente até os galhos mais grossos , cinzenta,
grossa, subf í brosa , fissurada, tendendo a escamosa , decídua nos ramos
superiores , que são lisos, pardo-amarelados ou esverdeados. Folhas ovado lan - -
ceoladas, nitidamente falciformes , concolores , voltadas para baixo, 12-22 x
-
x 2 5 cm ; nervuras bem visíveis, obl íquas (mais ou menos 45°). Flores em
-
umbelas trifloras pê ndulas ; ped ú nculos cilíndricos , deflexos, de 1,5 3 cm ;
pedicelos longos e delgados ; anteras do tipo das Macrantherae . Opé rculo
cónico, agudo ou ligeiramente rostrado, mais longo do que o recept áculo.
-
Frutos pedicelados, cilíndricos ou campanulados , com 10 15 mm de altura e
de diâ metro (às vezes ligeiramente mais altos) ; disco um tanto proeminente,
plano , conferindo à cá psula margem cortante ; valvas inclusas, menos vezes
rasantes.
Madeira pardo-avermelhada, moderadamente dura, por ém forte e dura -
tiva. Útil para dormentes, postes, vigas, estacas e construções pesadas. O
crescimento é um tanto lento. Fornece 0,5% de óleo essencial .
A planta jovem exibe as primeiras folhas opostas, pecioladas, ovadas
ou oblongo- lanceoladas, medindo 10-13 x 5-8 cm .
236
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
5 E. robusta Smith
, Swamp Mahogany.
Á rvore no geral de 25- 30 m x 90-120 cm, em sua pá tria de origem ( pâ n -
tanos e margens de lagoas, rara em encostas ; solos pesados) ; fuste direito ,
correspondendo a metade da altura total ; copa bastante densa . Casca persis -
237
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
tente at é os últimos ramos , crassí ssima , y?úraM , frouxa > friável , profundamente
sulcada, cristada, pardo -avermelhada , saturada de á gua em ambiente ú mido
e sombrio . Através da casca algumas á rvores emitem grossas raí zes lianiformes ,
que se confundem facilmente com cipós e que descem aplicadas ao tronco.
Râ mulos avermelhados e angulosos na ponta. Folhas oval -acuminadas ou
oval-lanceoladas, acuminadas ou caudadas, duras, discolores , a face superior
algo brilhante e verde-escura , um tanto oblíquas na base e falcadas no ápice ,
10- 18 x 3-7 cm ; nervuras pouco oblí quas (60°) ; pecíolo profundamente cana-
liculado, l -3cm . Flores em umbelas 5- 10 (geralmente 6-8)-floras ; pend ú n-
culos robustos, bem comprimidos , quase ancipitais, 12-15 mm ; pedicelos qua-
drangulares, 7-1 Omm ; anteras do tipo das Macrantherae. Opé rculo conspícuo ,
hemisférico-corniculado , amarelo , 12-15 x 7-9 mm , aproximadamente do
mesmo comprimento que o receptáculo. Frutos pedicelados, cilí ndricos ,
alguns urceolados, robustos, 10- 15 x 9-12 mm ; disco obl íquo ou plano ;
valvas 3, às vezes 4, inclusas ou apenas rasantes.
Madeira vermelho-clara ou pardo-avermelhada, forte, resistente e du -
rá vel , em proporçã o moderada . Adequada para construçã o, dormentes etc.
A plâ ntula conduz as primeiras folhas opostas, em geral ovado - Ianceo-
ladas ou elí tico-lanceoladas, espessas , lisas, pálidas, 7-12 x 5-7 cm. Os tubé r -
culos iniciais sã o irregularmente globosos, confluentes em tubérculo ú nico,
em certos casos apenas salientes.
Um quilo encerra ca. 150 g de sementes férteis.
Espécies afins sã o E. kirtoniana F. Muell . ( sin . : E. patentinervis Baker ),
conhecida como Bastará Mahogany , e E. resinifera Smith, dita Red Maho-
—
gany ambas descritas adiante. As três espécies podem ser discriminadas
como se segue :
la. Folhas largas (3-8 cm ). Frutos medindo 10- 15 x 9-12 mm, cil í ndricos.
E. robusta
lb. Folhas estreitas (2-3cm). Frutos diferentes.
2a. Opé rculo gradualmente estreitado, 2-3 vezes mais longo do que o
receptáculo. Frutos hemisf é ricos, 5-8 x 5-8 mm.
E. resinifera
2 b. Opé rculo abruptamente pontudo, pouco maior do que o receptáculo.
Frutos campanulados, 7-10 x 10- 14 mm .
E. kirtoniana
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDR 0 L0G 1 A BRASILEIRA
10. Eucalyptus globulus Labill . — Southern Blue Gum, Tasmanian Blue Gum.
Á rvore por via de regra de 30-54 m x 120-210 cm nas localidades onde é
nativa ( regiões onduladas litorâ neas, vales úmidos em terras montanhosas ;
solos bastante pesados) ; fuste retilíneo de uns dois terços da altura total.
Casca desprendendo-se em longas tiras e deixando uma superf ície lisa , cin -
zento-azulada, que vai passando ao cinzento-amarelado ; com a idade, a casca
persiste na base do tronco, onde se revela cinzenta, áspera e gretada . Folhas
estreitamente lanceoladas, pontudas, falciformes, verde-escuras e brilhantes,
espessas, 10-30 x 2,5-4 cm ; nervuras manifestas, obl í quas. (45°). Flores, caso
raríssimo no gênero, solit árias, poucas vezes 2- 3 reunidas, axilares ; pedicelo
muito curto, achatado, ou ausente ; anteras do tipo das Macrantherae . Bot ões
turbiniformes , quadrangulares , verruculosos, com 2-3 cm de compr. Opérculo
em forma de boné com um apêndice central, verruculoso. Frutos sésseis ou
quase, entre globosos e turbinados, quadr angulares , verrucosos , 15- 30 x 10-15
mm ; disco largo, espessado , convexo ou plano, que recobre em maior ou menor
grau as valvas ; estas são crassas e rasantes. Sementes , de forma variá vel ,
1,5-3,5 x 1-3 mm, castanho-escuras até negras, rugosas ; hilo ventral , visível
como mancha arredondada e esbranquiçada ; um quilo compreende ca . 108 000
sementes férteis que pesam ca . 150 g ; sustentam a capacidade germinativa
pelo menos durante 10 anos.
Madeira pardo-amarelado-clara, com anéis de crescimento distintos,
forte e moderadamente durável . Sua utilidade é muito extensa, visto que
E . globulus é a espécie mais difundida fora da Austrália (não no Brasil) ; p. ex .,
construções leves e pesadas, postes, vigas, estacas, dormentes, soalhos, sendo
muito procurada para os casos em que se faz mister curvatura .
As folhas da jovem planta mostram-se opostas, sésseis ou amplexicaules,
cordadas, ovadas ou oval - lanceoladas, cobertas de indumento cé reo-acin -
zentado, 7- 15 x 3, 5-9 cm .
Aos 25 anos pode alcan çar 40 m x 100 cm. Dizem que na Tasmâ nia sói
ultrapassar os lOOm de altura .
E. bicostata Maiden , Bl. & Sim . ( Eurabbie ) é muito semelhante a E. glo-
bulus, a ponto das madeiras de ambas serem vendidas sob o nome coletivo de
Southern Blue Gum. Difere E. bicostata pelos bot ões e frutos em tríades e,
como indica o nome especí fico, providos de duas arestas (logo, de duas faces ) .
241
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
243
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
-
total. Casca completamente caduca , lisa, r óseo pá lida , esbranqui çada ou com
tonalidade esverdeada, mais ou menos provida de manchas, mosqueada
mesmo. Folhas obovado-lanceoladas, largas , um tanto finas, acuminadas,
- - -
concolores , opacas, 6 18 x 1,5 8 cm ; nervuras manifestas, 30 60°. Flores em
umbelas 3-7-floras ; ped ú nculos achatados ou angulosos , 1-2 cm ; pedicelos
distintos ; anteras do tipo das Macrantherae. Botões ovoides. Opé rculo hemis-
férico e apiculado, mais curto do que o recept áculo. Frutos pedicelados,
-
hemisféricos ou campanulados, com a borda superior cortante, 5 9 x 5 9 mm ; -
disco estreito, plano ou oblíquo ; valvas 4-5, rasantes , ou ligeiramente exsertas .
Madeira pardo-avermelhado-clara , moderadamente pesada, dura, forte
e durativa ou at é mesmo muito durá vel. A casca encerra ca. 30% de tanino,
aproveitável .
Folhas juvenis opostas inicialmente, curtamente pecioiadas, ovais ou
el í ticas.
Espécie tropical na sua área de origem , do norte australiano e ilhas adja-
centes, estendendo-se desde o ní vel do mar até ca . 500 m, onde se submete
a um clima marcado por estaçã o seca bem definida e chuvas (750-1500 mm )
-
concentradas num período de 5 meses. Segue se daí que se ajusta muito bem
às condi ções vigentes nos cerrados brasileiros, onde a esta ção seca permite-lhe
um perí odo de repouso vegetativo, o que explica o sucesso do seu plantio
nessas á reas. Conforme Mello ( 1961), restringe a perda transpirat ó ria de
água durante a seca, fato que vem concordar com a deciduidade foliar na sua
pá tria, sempre que as condi ções lhe são adversas (é um dos raros eucaliptos
-
caducif ólios). Sabe se bem que as á rvores do cerrado praticamente não sus-
pendem a transpira çã o no curso da época seca , consumindo mais á gua do
que E. alha, sendo que algumas transpiram mais nesse período, como Pipta -
-
denia rigida Benth. E. alba , na savana centro brasileira, pode alcançar, aos 18
anos, ca. 18 m x 25 cm ; na África , sob condições semelhantes, observa se -
notá vel desenvolvimento.
Um quilo pode encerrar ca. 415 000 sementes, capazes de germinarem
em ca. 5 dias e de conservarem o poder germinativo durante 10 anos.
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
-
Á rvore comumente de 30-45 m x 90 180 cm, no país de origem (plan í-
cies aluviais, com alguma inundaçã o esporá dica , encostas baixas e mesmo
planaltos ; solos antes ricos, úmidos) ; fuste direito, pelo menos da metade da
altura da á rvore. Casca persistente na base (podendo alcan çar o meio) do
-
tronco, rugosa, sulcada, cinzento escura ; de resto, caduca, lisa, irregularmente
maculada de branco, cinzento ou azulado esmaecido, manchas estas que corres-
pondem aos peda ços de casca desprendidos em ocasiões diferentes. R â mulos
tipicamente verdes, só um ou outro total ou parcialmente avermelhado .
Folhas oval-lanceoladas ou lanceoladas, acuminadas, um pouco mais largas
-
na base, concolores, espessas, n í tidas, 8-20 x 1 2, 5 cm ; nervuras manifestas,
- -
oblí quas (45°). Flores em umbelas 5 12 floras ; ped ú nculos cilíndricos, robus-
-
tos, 5 15 mm ; pedicelos grossos ; anteras do tipo das Macrantherae. Opé rculo
-
cônico agudo, no m á ximo ligeiramente apiculado, 2-3 vezes mais longo do que
o receptáculo. Frutos semelhantes aos de E. camaldulensis , poré m, em geral ,
- -
um pouco maiores ; 6 10 x 6 9 mm. Sementes variá veis quanto à forma ,
0, 5-2 x 0 ,5-1 mm, pardo-avermelhado-escuras até negras, rugosas ; hilo peque-
n íssimo, escuro, difícil de apreciar, mais ou menos terminal ; um quilo engloba
ca. 170 000 sementes férteis que pesam ca . 300 g ; o seu poder germinativo
conserva se razoavelmente pelo menos 10 anos.
-
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
18. Eucalyptus grandis (Hill) Maiden — Rose Gum, Toobur, Flooded Gum.
-
Árvore em geral de 42 54 m x 120-180 cm, no país de origem (plan ícies,
encostas baixas e margem da floresta pluvial ; solos bons, úmidos) ; fuste
direito, at é dois terços da altura total. Casca lisa, esbranquiçada , cinzenta ou
mesmo esverdeada, desprendendo-se em lâ minas ; na base do tronco perma -
nece um ritidoma cinzento-claro, em lâminas, até uma altura de 120-180 cm.
Folhas estreitamente ovado-lanceoladas, ligeiramente onduladas nas margens,
finas, oblíquas ou horizontais, discolores, acuminadas, 10-20 x 2- 3, 5 cm ;
nervuras de 45-60°. Flores em umbelas 7-12-floras ; ped ú nculos achatados ,
10-12 mm ; pedicelos curtos mas perceptíveis ; anteras do tipo das Macrantherae .
Opérculo cónico , apiculado ou levemente rostrado, menor do que o receptà-
culo, glauco. Frutos sésseis ou quase, entre cilíndricos e piriformes, um tanto
delicados, 7-8 x 6-7 mm ; disco estreito , plano ou deprimido ; valvas delgadas,
incurvas, exser tas ou rasantes.
Madeira rosa-forte ou vermelho- pardacento-clara, moderadamente dura,
sendo, entre as congéneres, uma das mais leves, macias e friáveis. Bastante
durá vel, é empregada em construções e caixas de frutas, neste caso quando
extraída de á rvores novas.
As folhas juvenis são opostas, curtamente pecioladas, oblongo-lanceo -
ladas, finas, algo onduladas, 3-6 x 1-2,5 cm .
E. saligna Smith ( Sydney Blue Gum ) já foi citada acima como muito
pr xima . Além da distinção apontada, podemos ainda recorrer ao n úmero
ó
de valvas dos frutos abertos : E. grandis leva geralmente 5, ocasionalmente
4-6 ; E . saligna , 3-4 valvas.
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
19. E. propinqua Deane & Maiden Grey Gum, Small -fruited Grey Gum .
Á rvore de 30-40 m x 60-100 cm, na localidade natal ( terras baixas,
morros pouco altos e mesmo montanhas ; solos pobres poré m , ú midos) ;
fuste direito, acima da metade da altura total ; copa aberta . Casca , exceto a
extrema base do tronco, áspera , toda manchada de rosa e cinza nos pontos
onde caiu recentemente ; nos ramos superiores é lisa, pardo-clara e se des-
prende em longas tiras. Folhas lanceoladas, relativamente espessas, discolores ,
margens ligeiramente revolutas, 6-13 x 1,5-2 cm ; nervuras Finas, visí veis,
45-60°. Flores em umbelas 5-10-floras ; ped ú nculos achatados ou angulosos,
10-13 mm ; pedicelos distintos ; anteras do tipo das Macrantherae . Opérculo
hemisfé rico e apiculado, tão comprido quanto o receptáculo . Frutos pedice-
lados, hemisféricos, pequeninos, 4- 5 x 4-5 mm ; disco muito estreito , plano
ou mui pouco convexo ; valvas agudas, exsertas.
Madeira vermelha a pardo -avermelhada, grosseira, muito dura e forte,
extremamente durá vel . Exibe grande import â ncia na Austrá lia para estru -
turas. As folhas encerram ca . 0,2% de óleo essencial .
Folhas da juventude opostas, ovadas a lanceoladas, largas, finas, verde-
-claras, 5-7 x 2-3 cm .
Muito afim de E. punctata ( Grey Gum ) ; diferem como se segue .
-
la . Botões de 3 4 x 3-4 mm . Opé rculo igual ao receptá culo ou quase. Frutos
com 4- 5 x 4- 5 mm .
E. propinqua
-
lb. Bot ões de 12-16 x 5 7 mm. Opérculo maior do que o receptáculo. Frutos
- -
com 7 12 x 6 10 mm.
E. punctata
20. Eucalyptus punctata DC . Grey Gum.
Arvore casualmente de 25-35 m x 60-90 cm , na terra onde cresce espon-
taneamente ( terras baixas, encostas suaves e morros moderados ; solos pobres,
ú midos). Casca , salvo na base do tronco, onde permanece, cinzento forte-
-
at é mesmo rosada, desprendendo se em placas alongadas. Folhas lanceoladas,
espessas , discolores , 10-16 x 2-3 cm ; nervuras finas, obl íquas (60°). Flores
em umbelas 6-10-floras ; ped ú nculos achatados ou angulosos , 10- 18 mm ; pedi-
celos distintos ; anteras do tipo das Macrantherae . Opé rculo cónico, agudo ou
ligeiramente rostrado, mais longo do que o recept áculo. Frutos pedicelados ,
hemisfé ricos ou campanulados, algo robustos, 7-12 x 6- 10 mm ; disco estreito ,
um tanto proeminente ; valvas grossas , exsertas. Sementes angulosas, 1-2 x
-
x 1 -2 mm , pardo avermelhadas, rugosas ; hilo pequeno, poré m mais ou
menos visí vel , ventral , amarelado ; um quilo cont é m ca. 190 000 sementes
fé rteis, cujo poder germinativo se mant é m bom durante pelo menos 10 anos.
Madeira vermelha , rija e durativa . Na Austrália , E. punctata encontra
menos favor do que E. propinqua ; no entanto, fora da pá tria o primeiro é
muito mais importante , inclusive no Brasil, onde deu resultados melhores.
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limo fértil e ú mido. Adaptá vel a condições variadas, salvo a climas muito
quentes e úmidos ou muito secos ou, ainda demasiadamente frios ; fora disso,
é notavelmente plástica , sendo o solo profundo. Tolera solos pesados ocasio -
nalmente alagados. Moderadamente variá vel. Altitude : at é 300 m (Austrália ).
7. E. grandis. Temperado-subtropical ; temperatura m édia : 15-21 ° ;
chuvas : 1 000-1 750 mm, em todos os meses com um máximo estival ; evapo-
ra ção : 1 000-1 250 mm ; relativamente resistente à geada . Melhor crescimento :
limo ú mido, profundo, bem drenado e fértil ; umidade atmosférica constan-
temente elevada . Suporta solo pesado ocasionalmente alagado e invasã o por
submata de floresta pluvial. Moderadamente variá vel. Em geral semelhante a
E. saligna, provavelmente vegetando melhor em climas mais ú midos (mas
tolera estaçã o seca ).
8. E. kirtoniana. Cf . E. robusta.
9. E. longifolia. Temperada ; temperatura média : 10-15,5° ; chuvas :
650-1 000 mm, uniformes ; evapora çã o : 750-1 000 mm ; relativamente resis-
tente à geada. Melhor crescimento : solos aluvionais ú midos e solos pesados.
Pouco plástica fora das condições naturais ; tolera solos pesados ocasional -
mente alagados. Pouco variá vel. Altitude : até 300 m (Austrá lia ).
10. E. maculata. Temperado-subtropical ; temperatura média : 15,5-21° ;
chuvas : 650-1 300 mm, uniformes ou mais copiosas no verão ; evaporação :
750 -1 500 mm ; relativamente resistente à geada . Melhor crescimento :
tolerante, preferindo solos moderadamente pesados e bem drenados, um
tanto ú midos. Suporta solos arenosos, pobres. Muito variável conforme a
fonte. Plasticidade semelhante à de E . citriodora, poré m menos experimentada.
Altitude : até 500m (Austrália).
.
11. E microcorys. Temperado-subtropical ; temperatura média : 15,5-21° ;
chuvas : 880-1 500 mm, concentradas no verão, mas presentes o ano todo ;
evaporaçã o : 1 000-1 250 mm. Melhor crescimento : solos fé rteis e ú midos ;
umidade atmosférica sempre alta . Suporta a invasã o de submata de floresta
pluvial . Recomend á vel para regi ões subtropicais, com precipitações estivais,
mas sem seca definida . Pouco variá vel. Altitude : até 800 m (Austrália).
12. E. paniculata. Temperado-subtropical ; temperatura média : 15,5-21 ° ;
chuvas : 650-1 250 mm, com m áximo estival ou bastante uniformes ; relati-
vamente resistente à geada ; evapora çã o : 750-1 OOOmm. Melhor crescimento :
tolerante, preferindo solos bons, fé rteis, não muito pesados. Todavia, suporta
substratos muito pobres. Adapt á vel a localidades subtropicais ú midas e tempe-
rado-quentes, cujas chuvas caiam sobretudo no verã o. O crescimento não é
dos mais rá pidos. Muito variá vel conforme a proced ê ncia das sementes.
Altitude : até 500 m ( Austr á lia ).
13. E. pilularis. Temperado-subtropical ; temperatura média : 10 -21° ;
chuvas : 800-1 500 mm , concentradas no verão ou distribuídas através do ano ;
evaporaçã o : 750-1 250 mm. Melhor crescimento : limos e argilas bem dre-
nados. Adaptável a localidades subtropicais e temperado-quentes com preci-
pita ções mais abundantes no estio ; contudo, tem sido pouco experimentada .
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3. Óleos essenciais. Todas as espécies levam glâ ndulas oleí feras nas
folhas. Algumas poucas são extremamente estimadas para a extraçã o destes
importantes produtos medicinais e de perfumaria . Em S. Paulo, N. de Andrade
-
(1911) assinalou 1 1,5% em E. citriodora e 1,4% em E. globulus , ambas usadas
atualmente para tanto lá mesmo, ao lado de E. maideni (1 %), E. macarthuri
- - -
(1 2 % ), E. smithii ( 1 2 %) e E. staigeriana (1 1,5%). A composi çã o química ,
logo as propriedades, podem variar muito de espécie para espécie ( Mors &
Rizzini, l .c.).
4. Melificação . As flores dos eucaliptos sã o muito adequadas para a
apicultura. Embora a variabilidade dos per íodos de flora çã o, estes se pro-
longam bastante com algumas poucas espécies bem escolhidas é possível for -
necer material às abelhas, de janeiro a dezembro.
5. Pasta para papel. Principalmente E. regnans , na Austrá lia, e E. saligna ,
E. alba e E . tereticornis , no Brasil, são empregadas na obtençã o de pasta mecâ -
nica destinada ao fabrico de papel . Segundo N. Sampaio (1951), um alqueire
paulista ( 24 200 m 2 ) destas ú ltimas espécies, e ainda de E. kirtoniana, aos
5 anos em S. Paulo, fornecem em média 500 m 3 de madeira que pesam , seca,
180 toneladas ; estas podem ser transformadas em cerca de 75 600 toneladas
de polpa celulósica (42%). As fibras sã o curtas mas permitem fabricar papéis
fortes e podem ser misturadas com “fibras” longas de con íferas.
6. Idades médias para o corte. Segundo dados disponíveis, as seguintes
indicações servem como orienta ção geral.
Papel 5-7 anos
Lenha e carv ã o. . . 7-8
Estacas e mourões 10-12
Postes 15-18
Dormentes mais de 35
Madeira serrada . . mais de 40
Com idades abaixo das indicadas, os dormentes fendem-se e as toras
racham sob a serra.
2. PINUS L.
Nos ú ltimos vinte anos têm -se realizado numerosas experiências de intro-
duçã o de várias espécies de Pinus no Estado de Sã o Paulo. Tais pinheiros sã o
oriundos do sul dos Estados Unidos ou de regi ões tropicais centro-ameri-
canas. A razã o do interesse nestas á rvores, dotadas de madeira macia com
“fibras” longas, reside na possibilidade de atender-se à crescente demanda
das fá bricas de papel mediante a cultura de á rvores de propagaçã o fácil e
crescimento rá pido. Como se sabe, os eucaliptos preenchem estas condições,
mas levam, frente aos pinheiros, a desvantagem de possuí rem lenhos duros,
coloridos e de fibras curtas ; indicam-se, portanto, mais especif ícamente para
outros fins, justamente para os quais sua cultura teve in ício.
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GLOSS Á RIO
O presente glossá rio, contendo pouco mais de 500 vocá bulos especiali -
zados, destina-se a facilitar a leitura do texto, evitando tediosas e cansativas
consultas a dicion á rios. Além disso , indica o sentido em que os termos foram
empregados, nã o dando lugar a duvidosas interpreta ções. Finalmente , ser-
virá ao estudante como fonte de conhecimento no caso de numerosas palavras
cuja acepção nem sempre é corretamente compreendida.
A
Aborto. Desenvolvimento imperfeito de um ó rgã o ou parte , que se apresenta
rudimentar . Cf. estaminódio.
Acrescente. (Cá lice) que cresce em seguida à fecundação , se revelando maior
do que era antes na flor.
Actinomorfo. ( Flor) regular, exibindo vá rios planos de simetria ; logo, pode-se
dividir em duas metades iguais mediante seções em diferentes direções.
Cf . zigomorfo.
Aculeado. Provido de ac úleos.
Acúleo. Órgã o semelhante a um espinho, mas que se origina superficialmente
(do córtex ), razão pela qual se desprende com pouco esfor ço.
Acúmen. Ponta das folhas acuminadas.
Acuminado. (Folha) que finaliza em ponta distinta e afilada , não muito pro-
longada e formada pelo próprio limbo. Cf. caudado e cuspidado.
Agudo. Que termina em ponta estreitada , mas nã o prolongada . Termo geral .
Alado . Dotado de asa (cf .).
Albumen. Subst â ncia nutritiva ( amilo, gordura ou proteína) armazenada em
tomo do embrião e que se destina a nutri-lo durante as primeiras fases
do crescimento, em seguida à germina ção. O homem aproveita- o muitas
vezes na sua alimentação (cereais, coco -da-baia, etc. ). Cf . endosperma.
Albuminoso. (Semente) contendo albú men .
Albumo . A parte viva do tronco das á rvores, exterior ao ceme ou lenho morto.
O albumo vem a ser a parte desprezada da madeira , visto que é pouco
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c
Ca . Abreviatura de circa , preposiçã o latina que significa cerca de ; p. ex .,
pecí olo ca . 10 cm (pecíolo medindo aproximadamente lOcm de compr. ) .
Caatinga. Forma çã o lenhosa xerófila que reveste a maior parte do Nordeste
e se estende até o Maranhão e norte de Minas Gerais. Apresenta-se
formada de pequenas árvores caducifólias no longo período seco, havendo
ainda muitas suculentas, entre as quais excelem as cactáceas. Sertão
(cf . ) é o nome que lhe d á o povo. Scrub ou thicket é o correspondente
botâ nico. Junto ao litoral , a caatinga é mais robusta e se chama agreste,
merecendo a qualificaçã o de floresta xer ófila decídua . Espalhadas pela
caatinga há nã o poucas serras cristalinas isoladas, cobertas de floresta
pluvial na porção superior ; tais matas sã o de origem atlâ ntica.
Caducifólio. Que perde a folhagem durante a estaçã o seca ou por uma condi -
ção interna (p.ex. : os ipês).
Cálice . O conjunto das peças florais mais externas, denominadas sépalas.
Calículo. Envolt ório de bractéolas, situado logo em seguida ao cá lice, e que
é muito semelhante a este. Não é freqUente . Cf . inv ólucro .
Campanulado. (Corola) em forma de campâ nula ou sino , isto é, largamente
cilíndrico, poré m curto.
Campo. Qualquer tipo de vegeta çã o amplamente dominado por plantas
baixas, sobretudo gramíneas e subarbustos. Arvoretas podem ocorrer
muito esparsamente. O campo limpo é um tipo xerófilo, equivalente à
macchia mediterrâ nea e sul-africana, que cobre as serras quartzíticas
do Brasil Central (cf . ) .
Canalí culo. Sulco ou pequeno canal , comum sobretudo na face superior do
pecíolo .
Capilá ceo . Tão fino e longo quanto um fio de cabelo .
Capitado . (Estigma) provido de pequena dilata çã o globosa ou discóide na
ponta.
Capitá tulo. (Estigma) cuja dilataçã o terminal é mínima.
Capoeira. Vegeta çã o secundá ria que sucede à derrubada das florestas plu -
viais ; vai desde arbustiva até arbórea , poré m, com á rvores finas e com -
pactamente ordenadas.
Capoeirão. Capoeira formada de á rvores bem altas e mais grossas, cuja riqueza
florística é apreciável .
Carena . Estrutura em forma de quilha naval , formada pela concrescência
das duas pétalas internas, que se acha na parte í nfero-intema da corola
papilionácea . Cf. quilha .
Carpelo . Folha modificada que constitui o gineceu ou órgã o feminino da
flor . O gineceu pode ser composto de uma só folha carpelar ; ou de vá rias,
soldadas num órgã o único ou mais ou menos independentes.
Carpológico . Relativo à carpologia ou estudo dos frutos.
Cartáceo. Com a consist ê ncia de papel grosso ou de pergaminho.
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Casca. Revestimento externo das plantas. Nas árvores, pode ser fina, mas
geralmente é grossa ; numas é caduca , renovando-se anualmente, na
maioria é mais ou menos persistente e renova- se lentamente. Fornece
importantes elementos diagn ósticos para identificar á rvores na mata ou
em estado estéril. Distinguem-se duas porções na casca das á rvores:
a casca externa, que é morta e cujo aspecto é muito variá vel segundo
as espécies ; e a casca interna, por ção viva e atuante, cuja coloraçã o,
textura e latescência ajudam na caracteriza çã o da á rvore . Nas á rvores
adultas, as novas camadas corticais (de casca) formam- se na profun -
didade e disso resulta a morte dos tecidos exteriores ; estes acumulam -se
até certo ponto e a casca engrossa ( salvo se for decídua ) ; ao cabo, a casca
torna-se escamosa, fissurada ou sulcada . Cf ritidoma. Jim énez-Saa (1973)
fornece uma nomenclatura sobre tipos de tronco e casca, ilustrada com
boas fotos, inclusive mencionando espécies pá trias.
Caudado. ( Folhas) provido de longa ponta afilada .
Caulifloro. Que emite flores nos ramos e tronco, sem relação com as folhas.
Celulose . Polissacarídeo que vem a ser o principal componente das paredes
celulares das plantas, mantendo- as macias. O algodã o é um exemplo
de celulose quase pura . Quando as paredes acham-se impregnadas de
lignina mostram -se duras, como sói acontecer na madeira ; contudo,
esta encerra ainda bastante celulose.
Cerne. Parte morta do lenho das á rvores, que constitui o produto denomi-
nado madeira (cf.). Localiza-se , quando existe, no centro do tronco e é
envolvido pelo alburno (cf.) .
Cerradão. Tipo de floresta constitu ído de espécies características do cerrado
(cf ). Hoje é raridade.
Cerrado. Ou savana brasileira, é formado de dois estratos nítidos : um arbó reo,
com pequenas á rvores tortuosas e de casca grossa, geralmente suberosa,
entre as quais há algumas emergentes maiores ; e outro herbáceo, com-
posto basicamente de gramí neas, no meio das quais ocorrem subarbustos
e arbustos esparsos. O cerrado é peculiar ao Brasil Central, mas aparece
no extremo sul (Paran á ), Amazô nia e Nordeste. As á rvores do cerrado
quase sempre são bem espalhadas ; as formas degradadas, junto aos
povoamentos humanos, mostram -se arbustivas. Sobretudo neste caso é
empregado o termo campo-cerrado. Atual mente é muito difícil encontrar
cerrados com á rvores grossas ; mas sabe-se que podiam alcançar 50-60 cm
de di â metro.
Chapadão. Superfície plana ou suavemente ondulada que se encontra no pla-
nalto do Brasil Central.
Ciliado. Provido de curtos pêlos nos bordos, chamados cí lios.
Ciliátulo. Com cí lios muito tênues nas margens. Cf. ciliado.
Cimeira. Pequena in ílorescê ncia, cuja flor central ou terminal é a mais velha
e a primeira a abrir.
Címula. Cimeira pequenina.
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MANUAL DE DENDR 0 L0G 1 A BRASILEIRA
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D
Decussado. ( Folha oposta) disposto em pares alternados e em â ngulo reto,
de modo que cada dois pares se colocam como os bra ços de uma cruz.
Deiscente. Que se abre ao alcançar a maturidade .
.
Dendrologia É a disciplina que trata da morfologia, classificação e distri -
buição das á rvores, em sentido amplo. Isso inclui considerações sobre
a forma e a estrutura dos órgãos, o nome científico das espécies, as á reas
geográficas onde estas ocorrem, e algumas informações relacionadas de
menor import â ncia no caso, tais como : espécies aparentadas, tempo de
germinaçã o, nomes vulgares, propriedades e empregos, etc. O trabalho
dendrológico básico consiste em descrever e identificar as espécies arbó-
reas duma regiã o qualquer, de modo a obter delas o conhecimento bot â -
nico mais completo possível. Naturalmente as á rvores escolhidas são
as que denotam quaisquer propriedades capazes de torná -las de certo
modo ú teis ao homem, ainda que num futuro imprevisível. Assim, á rvores
com flores ou folhas ornamentais, com casca ou lenho medicinal, com
frutos comestíveis, contendo borracha no lá tex e muito especialmente
as que possuem madeira aproveitá vel estão todas incluídas no campo
de interesse da dendrologia. Esta não é propriamente uma parte da
botâ nica, que cuida de qualquer planta sem considerar o valor prá tico ;
é, porém, uma disciplina botâ nica da á rea agron ómica, situando-se ao
lado da silvicultura e da dasonomia, às quais serve de base.
Densifloro. Provido de flores muito numerosas e aproximadas.
Denteado. ( Folha ) com recortes marginais agudos (dentes ) perpendiculares
ao eixo longitudinal .
Denticulado. Provido de pequeninos dentes. Cf . denteado.
Denticuliforme. Em forma de minuta ponta aguda .
Desenho. As madeiras são tanto mais apreciadas e procuradas quanto mais
ornamentadas ou “desenhadas” se inostram. Os desenhos mais claros
das madeiras duras sã o gerados pelas faixas de parênquima (cf .) que as
atravessam ; e as manchas pequeninas ( “ pintas”) por grupos de parên -
quima situados em torno dos vasos.
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E
Ebanisteria. Marcenaria fina, de luxo ; originariamente referia-se ao tra -
balho com o valioso ébano ( Diospyros spp.).
Edema. Deposiçã o de líquido nos tecidos animais ; inchaçã o.
Édulo. Comestível.
Eglanduloso. Destituído de glâ ndulas.
Elipsóide . Corpo sólido de forma elítica (cf.) ; p . ex.: uma semente.
El í tico . Figura plana cujo á pice e base sã o igualmente arredondados e o
comprimento 1 -2 vezes maior do que a largura ; p. ex. : uma folha ou
pétala .
Emarginado . (Folha ) com o á pice provido de nítida incisão, conquanto super -
ficial. Cf. retuso .
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do fundo da flor, que contém o ová rio. Veja Eucalyptus. O nome usual
tubo calicino deve ser empregado somente em referência ao tubo formado
pelas sépalas, o que nã o sucede aqui , onde o hipanto é um órgã o cupular
independente.
Hipocótilo. Porçã o do eixo do embriã o que fica abaixo dos cotilédones ou
folhas seminais ; mais tarde, desenvolve-se ou em raiz ou em caule, em
ambos os casos parcialmente.
Hipogéio. (Germinação) em que os cotil édones permanecem no interior da
testa, mais ou menos rompida , e sã o subterrâ neos ; as primeiras folhas
resultam do crescimento da plúmula do embrião. Cf epigéio. ,
I
Ibidem. Palavra latina que, nas citações bibliográficas, significa “ na mesma
publicaçã o acima citada ” . Abrevia -se usualmente : ib. ou ibid. Por ex . :
segundo Martius ( ib . ).
ígapó. Coleçã o lí quida permanente dispersa pela Amazô nia . A floresta palu -
dosa que aí se encontra é designada como floresta de igapó ; é pobre em
espécies e nao atinge grande desenvolvimento.
Imbricado. Que se cobrem parcialmente uns aos outros, como as telhas de
um telhado.
Incluso . (Estame) que permanece no interior da corola. Cf. exserto.
Indeiscente. (Fruto) que n ã o se abre, as sementes sendo postas em liberdade
pela putrefação. Cf . baga e deiscente.
Indumento. Cobertura da superfície dos órgã os e partes vegetais, geralmente
formada de pêlos, escamas, glâ ndulas, etc.
Inerme . Desarmado, sem ac ú leos ou espinhos.
Infero. (Ová rio ) colocado abaixo das demais partes florais ; dentro do hipanto
(cf.), p. ex.
Inflado. (Cá lice) dilatado como se fosse soprado; vesiculoso.
Inflorescência . Disposição que as flores assumem quando se re ú nem nos
ramos ; a dá lia e a margarida, e a espiga de milho, sã o diferentes inflo-
rescências.
Infiindibuliforme. (Corola) em forma de funil, isto é, com o tubo abrupta
mente dilatado de baixo para cima .
-
Integérrimo. ( Folha) de margem inteira . Cf. í ntegro.
íntegro. (Folha ) cujo limbo é inteiro . Cf . integérrimo.
Inv ólucro. Conjunto ou verticilo de brácteas (capitulo) ou de bract éolas ( tlor) .
O calículo (cf .) é um invólucro de bractéolas (cf . ) que se acha abaixo do
cálice.
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Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
L
Lacínia. Recorte mais ou menos profundo, estreito e agudo , de vá rios ó rgã os
vegetais. Muitas vezes é igual a lobo (cf.) quando se refere ao cálice e a
à corola.
Lanceolado. ( Folha) mais ou menos estreito e atenuado na base e no á pice,
este sempre agudo.
LapachoL Substâ ncia que se apresenta em diminutos cristais aciculares,
insol ú vel na água, de cor amarela e que passa ao vermelho-sangu í neo
sob açã o dos á lcalis. É pr ópria dos ipês e da peroba -de-campos, onde
abunda no lenho.
Latescente. Dotado de látex (cf .).
Látex . Espesso e alvo líquido (às vezes rubro ) que dimana de muitas plantas
após ferimento. Cont ém borracha como componente característico e ,
por isso, coagula ao ar.
Laxifloro. Provido de flores frouxamente agregadas, distantes umas das outras.
Legume. Fruto seco e deiscente mediante duas fendas ; as duas valvas sepa-
ram-se. E o tipo mais comum das leguminosas. Cf. vagem .
.
Lenho Madeira.
Lenho secundário . Tecido formado nas plantas sujeitas a engrossamento.
Nas á rvores desenvolve-se muito e constitui o tronco ; em geral distin -
guem-se duas partes : a viva e externa (alburno ) e a morta e central (cerne) .
A madeira, no sentido comercial , é formada de cerne (cf.).
Lenhoso . Dotado de lenho secund á rio . As plantas lenhosas muitas vezes sã o
delgadas, mas sempre rígidas.
Lenticela. Abertura circular ou alongada que se encontra nos ramos finos
de numerosas plantas. Favorece as trocas gasosas por permitir a passagem
do ar. Aparece como pequenas manchas em relevo .
Limbo. Parte laminar dos órgã os foliáceos (folha e corola).
Linear . Comprido e estreito, com bordos paralelos.
Líquen. Organismo formado de um cogumelo em cujo interior há filamentos
ou células de uma alga . Ocorre em substratos por via de regra desfavo-
rá veis a ambos, como troncos e pedras batidos pelo sol. Podem os liquens
serem foliá ceos, crust áceos e arbustivos. Na casca das á rvores os liquens
crustáceos podem gerar manchas muito finas, que aparecem com grande
constâ ncia.
Lobado . ( Folha ) cujos recortes nâ o ultrapassam a metade da distâ ncia entre
a nervura principal e a margem . Cada incisã o é um lobo .
Lobo . Por çã o ou segmento de um ó rgã o subdividido ou recortado. Cf . lací nia
e lobado.
Loculí cida. (Deiscê ncia) em que uma cá psula se abre por fendas localizadas
na parede das lojas (entre os septos).
Lóculo. Compartimento ou loja observado nos órgã os que contém outros
elementos : ová rio, antera e frutos.
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MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
M
Madeira. O tronco de uma á rvore consta de : medula, cerne, alburno, câ mbio
e casca . A medula é a parte central , quase sempre deteriorada ou cavi -
tá ria. Cerne é o lenho secundário morto, dito truewood (inglês) ou bois
parfait (francê s) para distinguir da parte central estragada . Alburno é
o lenho secund á rio vivo, cujas células, à medida que vão morrendo,
passam a fazer parte do cerne . Câ mbio é o tecido encarregado do cres -
cimento em espessura , aderente à casca (cf .) . Madeira vem a ser o lenho
secundá rio, cerne e alburno ; mas no sentido comercial, somente o cerne
(com exclusã o da porçã o central) recebe tal denominaçã o. Cf. cerne ,
alburno e lenho secundário.
Malacó xilo. Que produz madeira branca ou mole. Opõe-se a escleróxilo.
Marcenaria. Confecçã o de móveis e outros objetos finos de madeira Cf . ,
ebanisteria.
Marcescente. Diz- se de qualquer parte floral que persiste em estado seco
nos frutos. Cf. louro-pardo (corola e cá lice marcescentes).
Marchetaria. Trabalho realizado com v á rios tipos de madeira, cuja coloraçã o
é diferente, e que consiste em embutir ou incrustar umas peças em outras .
Resultam belos objetos de adorno, como caixas, estojos, bandejas, etc.,
cujas superf ície é quadriculada com desenhos variados.
Mata . Floresta.
Mediterrâneo. Que fica no meio de terras ; ou seja, interior, central. P. ex .,
vegeta çã o mediterrânea : situada paí s adentro, longe do litoral. Este
adjetivo tem, contudo, um sentido particular em fitogeografia, indicando
as vegeta ções semelhantes à das terras circunvizinhas ao Mar Mediter -
r âneo, as quais se caracterizam pela xerofilia acompanhada de forte
esclerofilia .
Membranáceo . Delgado e translúcido, assim como papel fino .
Meridional. Austral .
Mesocarpo. Segunda camada (intermediária) do pericarpo dos frutos. Nos
frutos secos é inaparente ; nas bagas e drupas, carnosa ou sucosa.
Mirmecofilia. Vida em comum de plantas e formigas. Muitos vegetais mirme-
cófiíos apresentam estruturas especializadas para abrigar os insetos.
Na floresta atlâ ntica, temos unicamente o gênero Cecropia (emba ú bas).
Na floresta amazô nica são numerosas as plantas desta categoria , o que
constitui uma feição própria dela.
Monadelfo . (Estames) soldado em feixe ú nico pelos filetes.
Monóico. Que exibe flores masculinas e femininas no mesmo indiví duo, sendo,
portanto, as plantas bissexuais ou andr óginas e as flores unissexuais.
Nã o serve para a flor. Cf. dió ico.
Monot í pico. (Gênero) que contém uma só espécie.
273
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
274
Obl íquo. (Folha ) assimétrica na base, com o pecíolo inserido lateralmente
(desviado para um dos lados).
Oblongo. (Folha) com o á pice e a base quase iguais, o primeiro sempre obtuso ;
o comprimento é bem superior à largura.
Obovado. (Folha) que leva á pice mais largo do que a base ( ovado invertido).
Obov óide . Corpo sólido de contorno obovado.
Obsoleto. Rudimentar, atrofiado .
Obtuso. Que termina em segmento de cí rculo ; arredondado.
Ocidental. Provindo do, ou relativo ao, oeste.
Oftalmia. Inflamaçã o do globo ocular e dos seus anexos.
Õleo essencial . Líquido fortemente odorí fero, volátil, pouco solú vel na á gua
e muito nos solventes orgânicos, que ocorre em numerosos vegetais.
Sua constituiçã o é complexa, pois encerra várias substâ ncias misturadas.
Na indústria farmacêutica e na perfumaria chama-se essência.
Oliváceo. Cor de azeitona ; verde-acinzentado.
Ondulado. (Folha ) cuja margem é percorrida por sucessivas elevações e de-
pressões.
Opérculo. Parte semelhante a uma tampa que se desprende no curso da deis-
cência circuncisa de um órgã o. Cf . pixídio.
Opositipétalo . (Estame) colocado diante de uma pétala .
Oposto. (Folha) quando duas est ão inseridas no mesmo nó caulinar .
Orbicular . (Folha) quando á pice, base e lados são aproximadamente iguais ;
o contorno é circular .
Oriental. Oriundo do, ou relativo ao leste.
Ovado. ( Folha) cuja base é mais larga do que o á pice.
Ovoide . Corpo sólido de âmbito ovado.
Ovário. Porçã o basal dilatada do órgão feminino da flor, em cujo interior
estão os óvulos ; após a fecunda ção, cresce para formar o fruto e os óvulos,
as sementes.
Ó vulo. Corpúsculo que encerra a célula sexual feminina das plantas superiores.
Cf . ovário .
P
Paludícola. Que habita os pâ ntanos ou brejos.
Papiloso. Provido de pequeninas excrescências ou protuberâncias mais ou
menos globosas, ditas papilas.
Panícula. Inflorescência racemosa ramificada de forma aproximadamente
piramidal (mais larga na base).
Papilionáceo . (Corola) formada de uma pé tala superior maior e geralmente
maculada (estandarte, cf.), duas pétalas medianas menores e livres
(asas, cf.), e duas inferiores e soldadas { carena, cf.) . O conjunto, em
muitos casos, lembra uma borboleta.
Papo. Ou papilho. Cá lice das compostas, formado de filamentos e persis-
tente no aquênio. Usa-se ainda a forma latina pappus .
275
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
276
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
Q
Quadrangular . Provido de quatro â ngulos.
Quadrilocular . Subdividido em quatro lojas.
Quilha. Carena.
R
Racemiforme. (Inflorescência ) semelhante ao racemo.
Racemo. Inflorescência alongada cujas flores, sempre pediceladas, são mais
novas no á pice. E geralmente conhecido como cacho .
Racemoso. Portador de racemo.
Radiado. Que parte de um ponto central comum, como os raios de uma roda .
Radí cula. Miniatura de raiz que se encontra no embriã o das plantas ou que
surge no in ício da germinação ; forma a raiz primá ria (cf .).
277
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
278
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
S
Sagitado . (Folha, antera) fortemente reentrante e lateralmente prolongado
na base ; recorda uma ponta de flecha .
Salviforme . (Corola) gamopé tala, actinomorfa, com o longo tubo dilatado
na porçã o superior, junto ao limbo.
Sâmara . Fruto seco indeiscente provido de asa (cf.).
Samoróide. Semelhante a uma sâ mara .
Sapopema. Raiz tabular, supra terrestre, que irradia do tronco das á rvores.
É mais comum na floresta amazônica.
Securiforme. Cuja forma lembra a do ferro da machadinha ; aplica -se geral-
mente à semente alada.
Segeria . Arte de fabricar carruagens.
Segmento. Porçã o de um órgã o ou parte vegetal que se apresenta recortado
mais ou menos profundamente.
Seiva . Líquido orgâ nico das plantas. A seiva mineral, procedente do solo,
circula da raiz às folhas pelos vasos do lenho. A seiva elaborada, oriunda
das folhas após a fotossíntese, caminha até as ra ízes atrav és dos vasos
do lí ber.
Semidec ídno. Que perde parcialmente a folhagem , quase sempre pela açã o
da seca .
Sensu. Palavra latina (ablativo) que significa “ no sentido de” ; p. ex.: sensu
Engler, no sentido em que Engler usou ou disse.
Sé pala. Peça do cálice, às vezes individualizada somente na porção superior .
Septado . Subdividido em compartimentos por meio de septos (cf . ).
Sept í fraga . (Deiscência) na qual , além da abertura dos lóculos, os septos se
rompem ; permanece uma coluna central à qual aderem os restos dos
septos.
Septo. Parede divisória dos órgã os e partes vegetais.
Ser í ceo. Que brilha como, ou tem aspecto de seda.
Serra do Mar . Cadeia montanhosa que corre junto ao oceano a partir do
Rio Grande do Sul. Suas diferentes partes levam nomes especiais, como
Serra da Estrela , Serra dos Órgã os, etc.
Serreado. (Folha) dotado de dentes orientados na direçã o do ápice. Cf. den-
teado.
Serreado -crenado . (Folha) provido de dentes e crenas.
Sert ão . Porção interior da caatinga, dominada por scrub xer ófilo. Cf . caatinga.
Sé ssil. Desprovido de haste ( pecíolo, pedicelo, etc.) ; insere-se diretamente
(limbo, flor, etc.).
279
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
Setentrional . Boreal.
Silvestre. Que vive na, ou relativo à floresta ou mata.
Simples. Formado de uma só parte (folha) ; não ramificado (inflorescência).
Sinónimo. Nome aplicado a um gênero ou espécie além daquele que se consi-
dera vá lido . Toma-se um nome sinónimo quando o conceito muda ou
quando foi criado posteriormente ao válido .
Solitário. Isolado, sozinho.
Subcoriáceo. Um tanto coriáceo (rígido, porém relativamente delgado ) .
Suberoso. Provido de sú ber ou corti ça. Cf . casca e cerrado.
Subglabro . Com pêlos muito esparsos.
Sublenhoso. Com o lenho secund á rio parcamente desenvolvido.
Subtropical . Que se acha fora, por é m nas proximidades dos tró picos . As
condições ambientais vigentes são id ê nticas às tropicais, mas atenuadas.
Subulado. (Folha) linear (cf.) e longamente estreitado na ponta, como sovela ;
assovelado.
Sulcado. Provido de canalículos superficiais no sentido longitudinal ou
sulcos.
Súpero . (Ová rio) que se acha colocado acima da inserçã o dos demais verti -
cilos florais. O ová rio sú pero é livre do perianto. Cf. ínfero.
Sutura. Linha que marca o ponto de concrescê ncia ou uniã o de duas estru-
turas.
T
Tanoaria. Ind ústria de tonéis.
Tépala . Segmento do perigônio (cf. ). É um anagrama de pétala.
Terminal . Apical.
Terra firme . Porção mais elevada da planíce amazônica, fora da influê ncia
dos rios, nunca inundada . É sede da grande floresta pluvial amazônica,
dita mata de terra firme. Cf . floresta amazônica.
Testa. Envolt ório externo da semente.
Tetrágono. Quadrangular.
Tetrâmero. Composto de quatro partes distintas ; corola tetrâ mera, p. ex .,
com quatro pé talas.
Tirsiforme. (Inflorescência) em forma de tirso (cacho ramificado que é mais
largo acima da base ).
Tomentelo. Curtamente tomentoso (cf ) .
Tomentoso. Coberto de pêlos curtos, difíceis de ver a olho nu , densos e apli-
cados.
Translúcido. Que deixa passar alguma luz, mas nã o a imagem .
Traqueíde. Célula condutora do lenho, alongada e fechada nas extremidades.
As coníferas (cf.) possuem somente traqueídes no lenho ; as dicotile-
dôneas levam principalmente vasos (elementos perfurados junto às
pontas). Estes ú ltimos chamam -se também traquéias e as primeiras
traqueóides.
280
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
U
Umbela. Inflorescência em que os pedicelos partem de um mesmo ponto e as
flores atingem a mesma altura .
Umbelado. Disposto em umbela (cf.).
Umbeliforme . (Inflorescência) semelhante a umbela.
Umbraculiforme. Em forma de guarda chuva. -
Unguiculado. (Pétala) com unha longa .
Unha. Porçã o basal estreitada das pétalas.
Uniovulado. ( Ovário) com um só óvulo.
Unipétalo. (Flor) com uma ú nica pétala.
Unisseminado . (Fruto) provido de uma semente ; monospermo.
Unissexual. (Flor) que só possui androceu ou gineceu.
V
Vagem. Legume.
Valva. Parte destacá vel em que se divide uma cápsula ao abrir -se.
281
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
X
Xilopódio. Peculiar ó rgão t ú bero-lenhoso (engrossado e duro), gemífero (cf.),
que se encontra nas plantas campestres brasileiras e de outras regiões.
Tais plantas são, quase sempre, subarbustos que perdem anualmente
a parte aérea durante a estação seca (cf.), rebrotando no in ício das chuvas ;
o xilopódio permanece no solo como ó rgão perene e emite a nova parte
aérea. É constituído de hipocótilo e raiz primá ria ou somente desta
quando aquele falta.
Z
Zigomorfo. ( Flor) que admite apenas um plano de simetria ; logo, só pode
dividir-se em duas metades iguais mediante seção numa direçã o ú nica.
282
OUTRAS MADEIRAS
—
Hydrogaster trinerve Kuhlm.
—
—
Barriguda Cavanillesia arbórea (Willd.) K. Sch. e Matisia sp. (BA).
Baru Dipteryx alata Vog.
- -
Bico de pato —
Machaerium nictitans ( Vell.) Benth . (ainda guaximbé).
Biriba , biriba-preta — Eschweilera rigida Miers.
- —
Buranhém , pau doce Pradosia glycyphloea (Mart. & Eichl . ) Kuhlm.
- —
Canela batalha Ocotea insignis Mez.
Canela-branca , canela-de-cantagalo —
Endlicheria paniculata (Spr.) Mcbride.
283
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
- — —
Canela-murici, canela-santa, murici Vochysia schwackeana Warm.
Canela papagaio, garuva Cinnamomum glaziovii ( Mez) Kosterm.
—
Canela-parda Ocotea nitidula (Nees & Mart . ) Mez e O . organensis (Meisn . )
Mez.
- - —
Canela preta , canela fedorenta Ocotea corymbosa ( Meisn .) Mez.
Caraipé
Carapcmaúba
—
Licania utilis ( Hook.) Fritsch.
—
Aspidosperma nitidum Benth.
- - —
Castanha do pará, castanheira Bertholletia excelsa H . B. K .
Catuaba —
Trichilia sp. (BA ).
Cedro-branco — Guarea trichilioides L.
- —
Cedro rana Cedrelinga cateniformis Ducke.
Chinenê , chananão — Lacmella pauciflora ( Kuhlm. ) Monac.
—
Cinzeiro Terminalia tanibouca Smith .
Ciriúba , siriúba —
Avicennia nitida Jacq . (ainda mangue- branco).
Coataquiçaua —
Peltogyne paniculata Benth.
Cocão —Erythroxylum pulchrum St . Hil. (ainda arco-de- pipa).
Copaíba , óleo-de-copaíba , pau-d’óleo — Copaifera multijuga Hayne, C . reti-
culata Ducke , C. guianensis Desf . e C. langsdorffii Desv.
- -
Coração de negro —
Swartzia corrugata Benth . (ainda jacarandá- preto).
Coronel —
Hortia arbórea Engl.
—
Corticeira , angico-rajado Enterolobium incuriale (Vell. ) Kuhlm.
Cujumari — Aydendron cujumary Meissn.
Cumaru —
Dipteryx odorata ( Aubl .) Willd .
—
Cumaru-rana Taralea oppositifolia Aubl .
—
Cumumbá Macrolobium latifolium Vog.
Cupiúba — Goupia glabra Aubl .
Cutitiribá —Pouteria rivicoa ( Gaertn . ) Ducke.
Espinheiro — Acacia glomerosa Benth .
- - —
Faveira do mato Pithecolobium multiflorum Benth.
- —
Faveira grande Vatairea guianensis Aubl.
Feijão —Senefeldera ( BA).
Gindiba — Sloanea sp. ( BA) ; ainda ouriço.
-
Gitá, coco de -óleo — Poeppigia procera Presl.
Grumixava —
Micropholis gardneriana (DC.) Pierre.
Guaiçara — Luetzelburgia pterocarpoides Harms.
Guapeba — Pouteria laurifolia (Gomez ) Radlk.
—
Guarabu Peltogyne discolor Vog.
Guarajuba — Terminalia sp.
—
Guaricica, murici , murici-rosa Vochysia acuminata Bong.
284
MANUAL DE DENDR 0 L0 G 1A BRASILEIRA
—
Guarucaia Peltophorum dubium (Spr . ) Taub.
—
Jtaúba-rana Sweetia nitens (Vog.) Benth.
Jacarandá (do cerrado) — Machaerium opacum Vog.
- —
Jacarandá canzil Platypodium elegans Vog. (ainda jacarandá- branco).
Jacaré — Piptadenia gonoacantha ( Mart . ) Macbr. ( = P . communis Benth. ).
-
Jangada , pau de-jangada — Apeiba tibourbou Aubl. e A . albiflora Ducke.
Jeniparana —
Gustavia augusta L.
- —
Joerana , joerana branca Parkia pendula (Willd.) Benth.
—
Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart .
- —
Jutaí pororoca Hymenaea parvifolia Huber.
-
Lava prato , sete -cascas — Alchornea triplinervia M . Arg.
Louro-óleo, copaíba —
Copaifera coriacea Mart .
—
Louro- canela, louro-cravo, louro -pimenta Nectandra sp. (BA).
—
Louro-rosa Aniba parviflora (Meissn . ) Mez e A. terminalis Ducke.
Louveira — Cyclolobium vechii Samp.
- -
Maminha de porca , tamanqueira —
Fagara rhoifolia (Lam . ) Engl .
Mandacaru —
Cereus jamacaru DC.
—
Mangue , mangue-branco Laguncularia racemosa Gaertn . (ainda tinteira).
-
Mangue , mangue vermelho — Rhizophora mangle L.
Mirindiba — Lafoensia glyptocarpa Koehne.
-
Mirindiba bagre — Terminalia januariensis DC.
—
Mucugê Couma rigida M . Arg.
Muirajussara ——
Aspidosperma duckei Huber.
Muirapaxiúba Cassia adiantifolia Benth .
—
Muirapixuna Caesalpinia paraensis Ducke.
-
Murici barriga-d água , canela-murici — Vochysia oppugnata (Vell.) Warm.
Mututi — Etaballia guianensis Benth.
Oiti , oiti-mirim — Couepia sp. (BA).
Paineira — Chorisia speciosa St . Hil.
Panacocó — Swartzia tomentosa ( Willd . ) DC.
Paracuíba — Mora paraensis Ducke.
Paracuiba-cheirosa — Lecointea amazonica Ducke.
-
—
Pau-amargo Picramnia crenata (Vell . ) Engl .
Pau ferro , jucá — Caesalpinia ferrea Mart.
Pau-marfim , tatu , cerveja de pobre
—
- - —
Agonandra brasiliensis Miers.
Pau-pé rola Cassia apoucouita Aubl. ( ainda apucuí ta).
Pau-pereira , pau cachimbo - —
Geissospermum laeve (Vell . ) Baill .
-
Pau pombo — Tapirira guianensis Aubl .
—
Pau- terra Qualea spp .
Pequiá pequiá- peroba — Guettarda sp. ( BA).
9
-
Pequiá marfim —
Aspidosperma eburneum Fr . All .
—
Pelada Guarajuba. Terminalia sp .
Pereiro - Aspidosperma pyricollum M . Arg. ( e outros).
—
Peroba-araçá Guettarda sp. (BA).
285
Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
—
Peroba- cafezinho Rauvoljia sp . (BA) .
Peroba- parda — Sickingia sp . (BA) .
Perobinha — Aspidosperma sp . (BA) .
Piranheira — Piranhea trifoliata Baill .
Quixabeira — Bumelia sartorum Mart . (ainda rompe-gibão).
Salgueiro-do-mato, cedro-do - campo
ciosa Camb .
— Belangera tomentosa Camb. e B . spe-
286
BIBLIOGRAFIA SELECIONADA
287
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
288
MANUAL DE DENDROLOGIA BRASILEIRA
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Á RVORES E MADEIRAS ÚTEIS DO BRASIL
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295
Á RVORES E MADEIRAS Ú TEIS DO BRASIL
296
í ndice dos nomes vulgares
Aroeira-vermelha. Gonçalo-alves
-
Caboreíba vermelha. Óleo-vermelho
Cabreúna, cabriúna. Óleo-pardo
Arruda-amarela. Arruda-vermelha Cabreúva-de-canudo. Sacambu
Arruda-preta. Arruda-vermelha Cabreúva- vermelha. Óleo- vermelho
-
Arruda rajada. Swartziafasciata 138 Cabriú va-amarela. Óleo-pardo
-
Arruda vermelha. Swartzia
enxylophora 137
Cabriú va-parda. óleo- pardo
Caçamba-do-mato. Combuca-de-
Axuá. Sacoglottis guianensis 69 -macaco
Caçoca. Catucaém
Cacoueti. Açoita cavalo -
B Caiçara. Canjica
Bácimo. Óleo-vermelho Caixeta. Tabebuia cassinoides e
Bacumixá. Grumixá marupá 44 , 213
Camará-de-bi!ro. Pau-pereira Carvalho. Catucaém
-
Cambuí ferro. Angico-vermelho
Canaf ístula. Cassiaferruginea 120
Carvalho-brasileiro. Catucaém
Carvalho-do-campo. Catucaém
-
Canaf ístula preta. Canafístula
Candeia. Cavi ú na vermelha 56, 161
Carvalho- paulista. Euplassa incana 196
- Carvalho-rosa. Catucaém
Candeia. Vanillosmopsis
erythropappa 56
-
Casca preciosa. Preciosa
Cascudinho. Louro pardo -
Candeia-do-sertão. Cavi ú na-vermelha Castanha-sapucaia. Lecythis usitata 86
Canela. Lauraceae 62 Cataguá. Pau -pereira
Canela-amarela. Lauraceae 62, 75 Catinga-de-barrõo. Catucaém
-
Canela amargosa. Nectandra .
Catruz Oiticica
puberula 68 Catucaém . Roupala brasiliensis 195
Canela-bicho. Canela-broto -
Catucaém vermelho. Catucaé m
Caviúna. Cabiú na e Machaerium
Canela-broto. Ocotea catharinensis 80
Canela-coqueira. Canela- broto scleroxylon 161
- -
Canela de cacho. Canela-gosmenta Caviúna-rajada. Cavi ú na-vermelha
-
Canela-do brejo. Nectandra puberula e Caviúna- vermelha. Machaerium
canela-lajeana 68, 73 scleroxylon 161
Canela- fedorenta. Nectandra Caxicanhém. Catucaém
puberula 68 Cedro, etc. Cedrela 178
Canela- ferrugem. Canela-imbuia e -
Cedro-do pântano. Jacareú ba
-
canela gosmenta Cedro- faia. Catucaém
Canela- funcho. Sassafr ás Cedro-i. Aguano
Canela-goiaba. Nectandra puberula e Cedro-rana. Vochysia maxima 221
canela-gosmenta Cerejeira. Amburana
Canela-gosmenta. Nectandra Cerejeira-rajada. Amburana
reticulata 68 Chibata. Gonçalo-alves
Canela-imbuia. Imbuia e Nectandra Chorão. Canaf ístula
megapotamica 69 Chuva-de-ouro. Canaf ístula
Canela- jacu. Canela-gosmenta Cigarreira. Catucaém
Canela-lajeana. Ocotea pulchella 73 Cinamomo. Melia azedarach
-
Canela loura. Canela-imbuia
Canela-marmelada. Tapinhoã
Cipó- violeta. Pau-de-estribo
Cobi. Piptadenia cobi 107
Canela-parda. Nectandra reticuladay Cocão. Arapoca
N. puberula e Ocotea pretiosa Combuca-de- macaco. Lecythis
Canela-pinho. Canela- broto pisonis 89
-
Canela preta. Lauraceae 80 Conduru. Muirapiranga
-
Canela puanie. Canela gosmenta
- Conduru-de-sangue. Muirapiranga
Canela-rosa. Persea cordata 67
-
- -
Coração de negro. Muirapixuna,
Canela-sassafrás. Sassafrás -
pau santo e pessegueiro bravo -
Canela-tapinhoã. Tapinhoà Cori. Pinheiro-do paran á -
Caneleira. Canela-lajeana Corticeira. Boizinho
Canjerana. Cabralea 175 Craíba. Marupá
-
Canjerana vermelha. Cabralea Cumaru-das-caatingas. Amburana
multijuga 175 -
Cumaru-de cheiro. Torresea 171
Canjica. Sweetiafruticosa e
catucaém 158
-
Cumaru rana. Muirajuba
Cumatê. Axuá
Canjiquinha. Canaf ístula Cururu. Beiju dc coco - -
Carapá. Andiroba Cutiúba. Sucupira-do-cerrado
Carapicica. Mucitaí ba
- -
Carne de vaca. Amendoim e
.
D
Roupala 195 Durinho Beiju de coco - -
F -
Guarabu rajado Mirueira .
Guarantã. Esenbeckia leiocarpa 203
Estopeira. Jequitibá rosa - .
Estriveira. Açoita cavalo - Guarapiraca Angico-vermelho
Guarapoca Arapoca .
F Guarapuvira Guajuvira .
Falso- pau-brasil. Sobraji Guararoba. Manilkara elata 209
Farinha-seca. Balfourodendron 205 .
Guarataia Guarant à
Farinheira. Jatobá amarelo - Guarataipoca Arapoca .
Faveca- vermelha. Arapati Guaribu- preto. Mirueira
Faveiro. Cobi, guapuruvú e faveiro Guariúba. Oiticica
Faveiro. Sucupira- branca Guarucaia. Angico amarelo -
Ficheiro. Guapuruvu Guataia. Balfourodendron 205
Folha-de-bolo. Pau - pereira .
Guatambu Aspidosperma e
Freijó. Louro- pardo e Cordia Balfourodendron 21 , 205
goeldiana 50 -
Guatambu amarelo Guatambu .
-
Frei jorge Freij ó 48 . Guaiambu-branco. Aspidosperma
Fustic. Tatajuba olivaceum 25
Guatambu- grande Guatambu .
G
- . .
Guatambu legítimo Guatambu
Guatambu-rosa Guatambu
Garapa. Apuleia leiocarpa 114 Guatambu-vermelho. Aspidosperma
-
Garapa amarela. Garapa populifolium 26
Garapa-branca Garapa . Guaxica. Catucaé m
-
Gema de-ovo Garapa . Guaxumbo. Sobraji
.
-
Gibarõo rajado. Mirueira
.
Gibata Mirueira
Gurabu Pau - roxo
.
T - vermelha 155, 161
Tabebuia Tabebuia cassinoides e Violête. Violeta
T. obtusifolia 44 Viraró. Amendoim