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História da Educação do

Surdo
Ana Paula Ferreira Barbosa

Técnico em
Tradução e
Interpretação de Libras
História da Educação do
Surdo
Ana Paula Ferreira Barbosa

Curso Técnico em
Tradução e Interpretação de Libras

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | Agosto 2023


Professor Autor Coordenação Executiva (Secretaria de Educação e
Ana Paula Ferreira Barbosa Esportes de Pernambuco | SEE)
Ana Cristina Cerqueira Dias
Revisão
Ana Pernambuco de Souza
Ana Paula Ferreira Barbosa

Coordenação de Curso Coordenação Geral (ETEPAC)


Bruna Nascimento da Silva Arnaldo Luiz da Silva Junior
Gustavo Henrique Tavares
Coordenação Design Educacional Maria do Rosário Costa Cordouro de Vasconcelos
Deisiane Gomes Bazante Paulo Euzébio Bispo

Design Educacional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Secretaria Executiva de
Helisangela Maria Andrade Ferreira Educação Integral e Profissional
Jailson Miranda
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Diagramação
Jailson Miranda
Gerência de Educação a distância
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Sumário
Introdução ................................................................................................................................... 5

UNIDADE 01 | .............................................................................................................................. 6

1.1 Idade Antiga - 4000 A.C. ..............................................................................................................................7


1.2 Idade Média - 476 - 1453 ......................................................................................................................... 11
1.3 Idade Moderna 1453 – 1789 .................................................................................................................... 13
1.4 Idade Contemporânea ............................................................................................................................. 22
UNIDADE 02 | CONHECER AS FILOSOFIAS DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS: ORALISMO, COMUNICAÇÃO
TOTAL, BILINGUISMO, E OS IMPACTOS NA VIDA NAS APRENDIZAGENS E NAS RELAÇÕES SOCIAIS DA
PESSOA SURDA. ......................................................................................................................... 26

2.1 Filosofias de Educação dos Surdos........................................................................................................... 26


2.1 Oralismo ................................................................................................................................................... 29
2.2 Comunicações Total ................................................................................................................................. 34
2.3 BILINGUISMO ........................................................................................................................................... 38
UNIDADE 03 | APRENDER A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL ATÉ A ATUALIDADE.
.................................................................................................................................................. 44

3.1 Como tudo começou ................................................................................................................................ 44


3.2 As Leis ....................................................................................................................................................... 50
3.3 A Língua de Sinais no Brasil ...................................................................................................................... 53
UNIDADE 04 | COMPREENDER A HISTÓRIA CULTURAL DOS SURDOS: RESISTÊNCIA E
EMPODERAMENTO .................................................................................................................... 63

4.1 Histórico Cultural do Surdos .................................................................................................................... 63


4.2 Pessoas Surda no Mundo Ouvinte ........................................................................................................... 69
4.3 Conquistas Marcantes para o Povo Surdo e a Comunidade Surda .......................................................... 73
CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 81

REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 82

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................ 84


Introdução
Estudante, é com muito prazer que apresento a você este E-book, ele será seu material
de estudo da disciplina “A História da Educação do Surdo”, formulado com base em estudos sobre a
história da educação do surdo mundialmente: O Percurso que o Povo Surdo percorreu durante o
processo de educação. Apresentando quais fatos aconteceram que marcaram as suas vidas para que
eles chegassem até o que temos hoje. As pessoas ouvintes e surdas que participaram dessa história.
E, de que forma os ajudaram em toda a caminhada até chegar aos nossos dias.
O seu material de estudo tem como objetivo principal apresentar para você todo processo
que a pessoa surda passou desde a antiguidade até os dias atuais. As atrocidades que passaram no
início da civilização e cada etapa vencida da idade média até a contemporânea, através das
referências teóricas e documentos que evidenciam todo o processo da educação do surdo de maneira
mundial.
E para ser ofertado um estudo com mais clareza e riqueza de conteúdos, dividi todo o e-
book em tópicos e em subtópicos para facilitar sua compreensão e aprendizagem sobre os processos
históricos e filosóficos de cada época. Registrei na primeira competência o panorama histórico da
querida Strobel (2009), na qual detalha toda a história do surdo, começando com as escrituras
sagradas e finalizando com as conquistas marcantes da sua história. A segunda competência esclarece
tudo sobre a filosofia de educação do surdo com um aprofundamento no método do oralismo, por
ter sido o método que proibia a língua de sinais pela descrição do congresso de Milão. Já na sua
terceira competência, o estudo é sobre a educação do surdo no Brasil e como tudo começou. E finaliza
com as vitórias alcançadas.
No decorrer da disciplina, você vai aprender com seu e-book os fatos e os acontecimentos
mais importantes da educação do surdo e conhecê-las detalhadamente, compreendendo a forma
que cada uma delas afetou as pessoas surdas de forma positiva e negativa. E quais foram os seus
benefícios e malefícios para a educação dos Surdos.
Enfim, desejo uma excelente jornada de estudos para você, futuro profissional intérprete!

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UNIDADE 01 |
Saber o processo histórico da educação dos Surdos mundialmente nos períodos da Idade
Antiga, Média, Moderna e Contemporânea.
Estudante, você vai começar um estudo sobre a história da educação do surdo no mundo,
mas antes de adentrar nesse panorama histórico chamo sua atenção para a imagem abaixo:

Figura 01: Carlos Cristian


Fonte: https://www.facebook.com/Tertuliaslibras/?locale=pt_BR
Audiodescrição da figura: homem sentado olhando para a sua frente, vestindo camisa treta com listras brancas. Fim da
descrição.

Conhece essa pessoa? Então, ele é um dos professores surdos mais assistido no Brasil,
através do seu canal no youtube e nas demais redes sociais. Seu nome é Carlos Cristian, do instituto
Tertúlia libras. E isso só é possível por causa de uma história de luta que começou desde a Idade
Antiga e permanece até os nossos dias. Você conseguir assistir um professor surdo nacionalmente
conhecido em uma plataforma tecnológica, revela uma fantástica vitória de vida na educação da
pessoa surda; Porque, desde antes de Cristo às pessoas surdas foram vítimas dos ouvintes. Eram eles
quem direcionavam suas vidas.
Os surdos, ao longo da história humana, foram colocados à margem da sociedade nos
âmbitos econômico, social, cultural, educacional e político, sendo considerados como pessoas
deficientes e incapazes, e muitos foram exterminados por nascerem surdos. A História apresenta
relatos que revelam muitas atrocidades contra a pessoa surda. E ver uma foto de um professor surdo
atuante na educação dos surdos, alegra os membros das comunidades surdas. Principalmente em
saber que existe uma nova realidade de igualdade e direitos conquistados, uma delas é você,
estudante, com a oportunidade de se profissionalizar na profissão de tradutor intérprete de Libras, a

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pessoa que faz a mediação do surdo, e para chegar até aqui, existiu uma história de luta e sofrimento.
Foi por isso, que apresentei um professor brasileiro da atualidade para que compreendas todo o
processo da educação do surdo no mundo ao longo da história até os nossos dias. Peço que siga a
leitura nos tópicos a seguir:

1.1 Idade Antiga - 4000 A.C.

A idade antiga deu início a partir da descoberta da escrita há 4000 a.C. e foi até 476 d.C.
considerada um período difícil e doloroso para as pessoas com deficiência, sendo ela de qualquer
condição. Dentre elas, a pessoa surda, que não era considerada um ser pensante para os ouvintes,
pois entendiam a capacidade de raciocínio apenas ligada pela fala. Logo, julgava-os incapazes de
pensar, sendo comparados a seres parecidos com os animais irracionais.
Você pode até pensar que esse relato não é verdadeiro: “O ser humano ser comparado
com um animal apenas pelo fato de não ouvir”. Por isso, separei uma citação da autora nascimento
(2006). Ela fala que um cronograma histórico é a retirada de várias partes de muitas publicações sobre
a história dos surdos, e para a autora, isso não quer dizer que toda a história seja verdadeira ou não.
E que, para concluir um relato histórico é preciso pesquisar de forma profunda, cada, fato
historicamente registrado, e assim poder comprovar.
Sendo assim, a partir de evidências históricas, vou apresentar a você alguns
acontecimentos que marcaram a trajetória dos surdos na antiguidade.
Sobre a vida do surdo na Idade Antiga, Nascimento (2006), cita a fala do professor surdo
Berthier:
Inicia a história na antiguidade, relatando as conhecidas atrocidades realizadas
contra os surdos pelos espartanos, que condenavam a criança a sofrer a mesma
morte reservada ao retardado ou ao deformado: "A infortunada criança era
prontamente asfixiada ou tinha sua garganta cortada ou era lançada de um precipício
para dentro das ondas. Era uma traição, poupar uma criatura de quem a nação nada
poderia esperar (BERTHIER, 1984, p.165 apud NASCIMENTO, 2006, p. 165).

Essa era a forma que o sistema romano tratava as crianças surdas, diferente dos egípcios
e persas, que consideravam os surdos um assunto de interesse religioso, pois suas debilidades eram
compreendidas como um sinal visível dos deuses. Berthier (1984), afirma que somente a religião

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cristã trouxe aos surdos sua dignidade e os salvou do exílio em que se encontravam. E isso está
registrado em dois livros da Bíblia, veja:

VELHO TESTAMENTO
Quando Deus exorta a Moisés “E disse-
lhe o senhor: quem fez a boca do homem? Ou quem
fez o mudo, ou o surdo, ou que vê, ou o cego? Não
sou eu, o senhor? ”
Êxodo 4:11
Figura 2 – Moíses
“Não amaldiçoarás ao surdo... mas terá Fonte:
https://imagensbiblicas.wordpress.com/2008/07/2
temor do teu Deus. Eu sou o senhor” 9/a-cura-do-cego-de-jerico/
Audiodescrição da figura: homem da antiguidade
levítico 19:14 com barba grande segurando um cajado com
vestes brancas em cima de uma pedra. fim da
descrição

NOVO TESTAMENTO
E trouxeram-lhe um surdo, que falava
dificilmente: e rogaram-lhe que pusesse a mão
sobre ele. E tirando-o à parte de entre multidão,
meteu-lhe os dedos nos ouvidos; e, cuspindo,
tocou-lhe na língua. E levantando os olhos ao céu,
suspirou e disse: Efatá; isto é, Abre-te. E logo se
abriram os seus ouvidos, e a prisão da língua se
Figura 3 – Jesus e o surdo
desfez, e falava perfeitamente. E ordenou-lhes que Fonte:
https://imagensbiblicas.wordpress.com/2008/07/2
a ninguém o dissessem; mas, quanto mais lhes 9/a-cura-do-cego-de-jerico/
Audiodescrição da figura: cego ajoelhado e um
proibia, tanto mais o divulgavam. E admirando-se homem tocando seu rosto. Fim da descrição.
sobremaneira, diziam: Tudo faz bem: faz ouvir os
surdos e falar os mudos.
Marcos, 7: 31-37
Fonte: STROBEL, 2009

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Segundo a autora Strobel (2009), nessa época, os surdos não podiam ouvir e nem
compreender o que acontecia à sua volta, porque a língua de sinais era desconhecida pela maioria
das pessoas, ou somente usada pelos surdos. Por isso, Deus ordenou para não amaldiçoar o surdo.
Depois desses registros bíblicos, a autora destacou em seu panorama histórico os três lugares da
idade antiga, na época da civilização, que marcaram a história do surdo. Então estudante, permaneça
na leitura, porque tem muito conhecimento para ser explorado: agora veja, como era tratado o surdo
na Roma antiga, Grécia, Egito e a Pérsia.
Roma, 485-420 A.C.

Figura 4 - Roma Antiga


Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/sociedade-romana.htm
Audiodescrição da figura: vários prédios com vestígios de ruínas e um céu azul no fundo da imagem. Fim da descrição.

Strobel (2009), relata que Roma não perdoava os surdos, pois achavam que eles eram
pessoas castigadas ou enfeitiçadas, e decidiam suas vidas por abandono ou com a eliminação física –
jogavam os surdos no rio Tiger. Só se salvavam aqueles que do rio conseguiam sobreviver, ou aqueles
cujo pais os escondiam, mas era muito raro – e também faziam os surdos de escravos, obrigando-os
a passar toda a vida dentro do moinho de trigo empurrando a manivela.

NOTA: significado de esparciatas ou espartanos – principal grupo na hierarquia


social, os espartanos eram descendentes dos dórios e formavam a aristocracia
da cidade, ou seja, eram os grandes proprietários de terras. Exerciam as funções
administrativas e militares na cidade-estado.

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Grécia,

Figura 5 - Grécia
Fonte: https://www.infoescola.com/historia/grecia-antiga/
Audiodescrição da figura: construções antigas em montanha na Grécia antiga. Fim da descrição

Veloso & Filho (2009) relatam que, na Grécia os surdos eram vistos como inválidos e
incômodos para a sociedade, por isso eram “condenados à morte” – lançados abaixo do topo dos
rochedos de Taygéte, nas águas de Barathere – e os sobreviventes viviam miseravelmente como
escravos ou abandonados”.

Egito e Pérsia,

Figura 6 - Egito Figura 7 - Pérsa


Fonte: Fonte:
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/egito https://www.preparaenem.com/historia/civilizac
-antigo/ ao-persa.htm
Audiodescrição da figura: escultura de pedra Audiodescrição da figura: várias esculturas de
dos deuses egípcios. Fim da descrição pedra. Fim da descrição

Para o Egito e a Pérsia, os surdos eram considerados como criaturas privilegiadas,


enviados dos deuses, porque acreditavam que eles se comunicavam em segredo com os deuses. Por
isso, havia um forte sentimento humanitário e de respeito, protegiam, tributavam aos surdos a
adoração, mesmo assim, os surdos tinham vida paralisada e não eram educados como os ouvintes.

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Com essa sequência de informação sobre os acontecimentos explanado até aqui, desde
o início, com os registros da Bíblia e dos relatos da civilização. Fica explicado que em Roma e na
Grécia as pessoas surdas passaram pelas maiores atrocidades e que apesar do Egito e Pérsia não
exterminar esse grupo de pessoas, por entenderem que eles eram seres que se comunicavam com
os deuses, roubaram o direito de viver de forma social como as outras pessoas.

1.2 Idade Média - 476 - 1453

Estudante,
Agora sabendo, dos fatos e a forma como começou a história da educação do surdo no
período da antiguidade, chegou a hora de estudar os acontecimentos na idade média. Nesse período,
as atrocidades contra às pessoas surdas, não eram mais físicas, e sim de exclusão social. Os motivos
eram os mesmos da Idade Antiga: por falarem com deuses, serem castigados por eles e vistos ainda,
como objeto de curiosidade.
Nesse período da história, são poucos os relatos históricos encontrados, que evidenciam
essa época. Mas, os recortes que contam a história do surdo, revela-os castigados e a vida sem
dignidade. A autora Strobel (2009), afirma que o último relato de atrocidade aconteceu nessa época
e que os surdos eram jogados em grandes fogueiras, proibidos de receber a comunhão, por serem
incapazes de confessar seus pecados. Já existiam alguns decretos bíblicos que impediam de casar
duas pessoas surdas, pois esse favor era dado apenas aos pertencentes a classe social mais
favorecida, cedida pelo papa.
E as leis que existiam, proibiam os surdos de receber heranças, votar e não tinham os
direitos comuns como cidadãos. A autora completa que esses direitos eram negados a todas as
pessoas deficientes, mulheres e pessoas sem posses. Com isso, apenas os surdos de famílias nobres
tinham atenção diferenciada, apesar de crescerem escondidos da sociedade em geral.

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Figura 8 - Monges beneditinos
Fonte: https://culturasurda.net/antiguidade/
Audiodescrição da figura: monges beneditinos sentados com o orador em pé, vestido de roupas brancas. Fim da
descrição.

Na Itália, no período da Idade Média diz a autora Strobel (2009), que os monges
beneditinos, empregavam uma forma de sinais para ter comunicação com os surdos, para não
violarem o rígido voto de silêncio, com o objetivo de promover a comunicação com Deus e os ensinos
da igreja. Mas, esse pensamento seria novo para essa época, porque até o século XV, o julgamento
sobre os surdos e a surdez na igreja tinham significados negativos e discriminatórios, não os aceitava
por ser considerado a imagem e semelhança de Deus, apresentava algo que seja diferente do ser
perfeito.
Na Idade Média, a Igreja Católica teve papel fundamental na discriminação no que se
refere às pessoas com deficiência, já que para ela o homem foi criado à “imagem e
semelhança de Deus”. Portanto, os que não se encaixavam neste padrão eram postos
à margem, não sendo considerados humanos. Entretanto, isso incomodava a Igreja,
principalmente em relação às famílias abastadas. (HONORA, 2009, p. 19).

Apesar de haver exclusão dos surdos por parte da Igreja, foi nela que teve início a
educação e a socialização dos surdos. Com a ajuda de alguns monges que estavam em clausura,
devido a questões doutrinárias e disciplinares da Igreja, ocorreu a primeira tentativa de criar uma
linguagem gestual para eles entenderem determinadas formas de comunicação. Esses padres faziam
o chamado “Voto de Silêncio”, no qual não podiam conversar usando a fala, mas se comunicavam
através de gestos criados por eles, dessa forma, aplicaram essa metodologia nos surdos por meio das
suas vivências.
Foi então que ocorreu a primeira tentativa de educá-los, inicialmente de maneira
preceptorial. Os monges que estavam em clausura, e haviam feito o Voto do Silêncio
para não passar os conhecimentos adquiridos pelo contato com os livros sagrados,
haviam criado uma linguagem gestual para que não ficassem totalmente
incomunicáveis. Esses monges foram convidados pela Igreja Católica a se tornarem
preceptores dos Surdos. (HONORA, 2009, p. 19)

Com esse posicionamento, a igreja aproximou os surdos da sociedade e eles passaram a


participar de celebrações e sacramentos. Por ser muito respeitada, grande parte das pessoas
aceitaram a atitude da igreja, com isso seu legado deu continuidade na idade moderna.
Antes de passar para a Idade Moderna, quero relatar aqui como surgiu a nomenclatura, surdo-mudo.

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De acordo com a autora Guarinello (2007), os surdos eram julgados como seres castigados
pelos deuses, por isso, se reconhece que, as pessoas nascidas surdas eram também mudas, que não
poderiam falar nem expressar seus pensamentos. Foi nessa época que surgiu a expressão surdo-
mudo, fazendo referência às pessoas surdas. A autora menciona que a crença era para atingir a
consciência humana, tudo deveria penetrar por um dos órgãos dos sentidos e a audição era
considerada o canal mais importante de aprendizado.
Então, você como estudante do curso, tradução e interpretação em libras, já ouviu muito
essa expressão, “surdo mudo”, e agora compreende como ela surgiu, por meio da explicação dada
pela autora. Apesar de essa nomenclatura ser da idade média, ainda é muito usada nos dias de hoje,
sendo muito comum pessoas que não têm conhecimento da história do surdo citá-la dessa forma.

1.3 Idade Moderna 1453 – 1789

Estudante, espero que você esteja gostando da leitura e com ela aprendendo sobre a
história do surdo.
Para continuar o estudo sobre o processo histórico da educação do surdo mundialmente
na época da idade moderna, primeiramente apresento “o que é história? ”, nesse contexto do estudo:

“Ciência que estuda a forma de como os homens se organizam e viveram no


passado e entender o processo que se repete continuamente”.

A história do surdo não é diferente nesse sentido da ciência, porque está relacionada com
os períodos da vida humana, passado, presente e futuro revelando que vivemos no presente temos
um passado e esperamos um futuro. Salientado que a palavra história nasceu na Grécia antiga e
significa “investigação”, empregada primeiro pelo grego Heródoto, considerado pai da história.
E foi nessa época que a educação do surdo passou a ter mais visibilidade, pois foi na Idade
Média que o cenário educacional do surdo começou a ser desenhado e deu início efetivamente a
comunicação com a pessoa surda.
Conheça a seguir os nomes que fizeram história e deram início à educação do surdo:

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Prepara-se, porque são muitos autores, e esses registros serão fundamentais para sua formação
técnica.

Figura 9 - Girolamo Cardano (1501- 1576) Médico filósofo - Utilizava a língua de sinais e escrita com os surdos.
Fonte: http://papazinevi.blogspot.com/2011/11/girolamo-cardano.html
Audiodescrição da figura: figura de um homem com touca na cabeça, casaco de pele e barba branca. Fim da descrição

O médico filósofo Girolamo reconhecia a habilidade do surdo para a razão, afirmava que
a surdez e mudez não é o impedimento para desenvolver a aprendizagem e para o surdo aprender
seria através da escrita, considerava um crime não instruir um surdo-mudo. Diz a autora
NASCIMENTO (2006).

Figura 10 - Pedro Ponce de Leon (1520-1584) - Monge beneditino - Estabeleceu na Espanha a primeira escola para
surdos.
Fonte: https://m.facebook.com/univespoficial/photos/dianacionaldosurdopedro-
Audiodescrição da figura: homem vestido de padre na idade antiga. Fim da descrição

De acordo com Goldfeld (2001), foi em um monastério de Valladolid na Espanha que


Pedro Ponce de Leon fundou a primeira escola para surdos, seus primeiros alunos eram dois irmãos
surdos, Francisco e Pedro Velasco, ambos membros de uma família importante de aristocratas
espanhóis. Pedro tornou-se padre com a permissão do papa e ensinou a outros surdos de família
nobre. Já Francisco conquistou o direito de receber herança como marquês de Berlanger. (Só os

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surdos que conseguiam falar tinham direito à herança). E foi esse o motivo que fez Francisco torna-
se marquês.
Goldfeld (2001) ainda ressalta que, o monge Ponce de Leon foi o pioneiro a desenvolver
uma metodologia de educação para crianças surdas e nessa educação incluía datilologia, escrita e
oralização, e criou uma escola de professores de surdos. Infelizmente, o padre Ponce Leon não
publicou nada sobre seus métodos em vida e depois da sua morte o seu método foi esquecido, pelo
fato de que a tradição nessa época era guardar segredo sobre os métodos de educação dos surdos.

Figura 11 - MECHOR SÁNCHEZ DE YEBRA


(1526-1586)
Fonte: https://www.biografiasyvidas.com
/especial/educacion/sanchez_yebra.htm Figura 12 - Alfabeto criado por YEBRA
Audiodescrição da figura: estatua de um Fonte:https://prezi.com/xz6d2xxkotm7/ped
homem abraçando outro homem. Fim da ro-ponce-de-leon/
descrição. Audiodescrição da figura: mãos sinalizando.
Fim da descrição
Veloso e Filho (2009) relata sobre Franciscano Yebra, de Madrid, sendo ele o primeiro a
escrever um livro chamado “Refugion Infirmorum”, que descreve e ilustra o alfabeto manual da
época, publicado sete anos após a sua morte. Yebra, usava o alfabeto manual para finalidades
religiosas ao promover entre o povo surdo a compreensão de matérias espirituais.
O ano era 1613, neste século, surgiu na Espanha Juan Pablo Bonet.

Figura 13 -
Juan Pablo Bonet Figura 15 - Alfabeto datilologia

15
(1579-1623) Figura 14 - Fonte:http://www.lenguadesignos.inf
Fonte: Primeiro livro sobre a o/2010/09/origen-de-las-lenguas-de-
https://www.biografiasyvidas.c educação de surdos signos_15.html
om/especial/educacion/sanche Fonte: Audiodescrição da figura: imagem de
z_yebra.htm https://bibliotecavirtual.aragon sinais feito com as mãos. Fim da
Audiodescrição da figura: .es/es/consulta/registro.do?id= descrição.
retrato de homem em preto 3690
e branco. Fim da descrição. Audiodescrição da figura:
capa do livro em preto e
branco com letras bastão.
Fim da descrição.

A autora Strobel (2009), na construção do seu panorama histórico relata que Juan Pablo
deu início à educação com o surdo da família Velasco, Dom Luís, usando sinais, treinamento com a
fala e o uso do alfabeto datilológico, teve tanto êxito que foi nomeado marquês de Frenzo pelo rei
Henrique IV. E foi Juan Pablo, autor do primeiro livro sobre educação de surdos no qual expôs o seu
método oral, “Reduccion de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos” no ano de 1620 em
Madrid, Espanha. Bonet defendia também o ensino precoce de alfabeto manual aos surdos.
Até aqui, perceba quantas mudanças ocorreram desde que você começou seu estudo
sobre a educação do surdo de forma mundialmente. Nessa fase da Idade Moderna, houve de forma
tardia a aprendizagem e interação do surdo na sociedade, isso com uma certa regalia para os filhos
surdos de famílias nobres, passando a ter alguns direitos, mas apenas, para uma minoria de surdos.
Ano de 1644;
O médico, John Bulwer acreditava que a língua de sinais era universal e seus elementos
constituídos icônicos. Ele elogia a utilização do alfabeto manual, língua de sinais e leitura labial na sua
publicação “Chirologia e Natural Language of the Hand”.
Ao observar dois surdos conversando em língua gestual, Bulwer entendeu que a língua
gestual era essencial na educação dos surdos. Assim, foi o primeiro inglês a desenvolver um método
de comunicação entre ouvintes e surdos. Tentou criar uma academia de surdos, sem ter tido êxito.
Mas, publicou obras importantes, das quais se destacam: “Chirologia”, ou a Linguagem Natural da
Mãe, em 1644;
“Philocopus”, ou o Amigo do Homem Surdo e Mudo, em 1648, o primeiro livro em inglês
a relacionar a surdez com o problema de linguagem.
Veja as imagens do Médico britânico e de alguns recordes dos livros:

16
Figura 17 -
“Chirologia e Natural Language of
Figura 16 - the Hand” Chirologia, ou a
JOHN BULWER Linguagem Natural da Mãe, em
(1644-1684) 1644; Figura 18 -
Médico britânico Fonte: Philocopus, ou o Amigo do
Fonte: https://twitter.com/shakespearebt/st Homem Surdo e Mudo, em 1648
https://twitter.com/shake atus/1176088858468990976?lang=it Fonte:https://twitter.com/shakesp
spearebt/status/1176088 Audiodescrição da figura: livro earebt/status/1176088858468990
858468990976?lang=it aberto capa preta. Fim da 976?lang=it
Audiodescrição da figura: descrição Audiodescrição da figura: capa do
homem com roupa preta livro Philocopus, em preto e
e cabelos compridos. Fim branco. Fim da descrição
da descrição

Uffa! Quanta informação não é mesmo? Uma pausa na leitura, isso mesmo!
Chegou a hora de você ouvir uma complementação dos estudos de forma
diferente! Aperta o play para ouvir um podcast sensacional!

E aí, gostou de ouvir o conteúdo? Espero que sim! Porque esse estudo vai enriquecer seu
conhecimento e aprendizagem. Agora, retome sua leitura para apropriar-se de todo assunto da
história educacional do surdo, pois há muito para aprender nesta unidade!
Falaremos agora dele, Johan Conrad Ammon:

17
Figura 20 -
Figura 19 - Livro “Loquens Surdus” (O homem surdo
Johan Conrad Ammon falando), Amsterdam 1693
(1669-1724) Fonte:
Médico suíço https://www.acsu.buffalo.edu/~duchan/new
Fonte: https://www.wikiwand.com/pt/ _history/early_modern/amman.html
Audiodescrição da figura: Homem com Audiodescrição da figura: capa do livro
cabelo comprido, roupa preta , fundo da “Loquens Surdus” em preto e branco. Fim da
imagem preta. Fim da descrição descrição

Ele escreveu uma instrução para surdos e para aqueles que gaguejavam. Seus escritos
eram sobre a natureza da produção de som da fala, voz e a diferença entre ela e a respiração.
Terminou seu livro apresentando o programa educacional para ensinar os surdos a falar.
Estudante, ressalto novamente a importância das informações que estou lhe trazendo
sobre a evolução da educação do surdo; porque, só através desses registros haverá a compreensão
do processo que o surdo passou. O próximo relato traz o primeiro professor de surdos na França.

Figura 21 - JACOB RODRIGUES PEREIRE (1715-1780)


Fonte: https://history-computer.com/jacob-rodrigues-pereira-biography-history-and-inventions/
Audiodescrição da figura: homem sentando em uma cadeira, segurando as duas mãos de uma criança. Fim da descrição

18
Jacob oralizou a sua irmã surda e utilizou o ensino da fala e de exercícios auditivos com
os surdos. A Academia Francesa de Ciências reconheceu o grande progresso alcançado por ele:
“Não tem nenhuma dificuldade em admitir que a arte de leitura labial com suas
reconhecidas limitações, [...] será de grande utilidade para os outros surdos-mudos
da mesma classe, [...] assim como o alfabeto manual que o Pereira utiliza” (PERLIN;
STROBEL, 2008, p. 22).

Figura 22 - Samuel Heinicke (1729-1790)


Fonte:https://www.prints-online.com/samuel-heinicke-14092728.html
Audiodescrição da figura: figura de um homem com cabelos compridos, vestindo trajes da antiguidade. Imagem em
preto e branco. Fim da descrição

O ““Pai do Método Alemão” - Oralismo puro


Para Luchese (2016), Heinicke, o “Pai do Método Alemão” – Oralismo puro – iniciou as
bases da filosofia oralista quando um grande valor era atribuído somente a fala. Samuel Heinicke
publicou a obra “Observações sobre os mudos e sobre a palavra”.
Em 1778, Samuel Heinicke fundou a primeira escola de oralismo puro em Leipzig.
Inicialmente, a sua escola tinha nove alunos surdos. Em carta escrita a L’Épée, Heinicke, narra:
“Meus alunos são ensinados por meio de um processo fácil e lento de fala em sua
língua pátria e língua estrangeira através da voz clara e com distintas entonações
para a habitações e compreensão” (PERLIN; STROBEL, 2008, p. 18).

O que se percebe com esse recorte enviado a L’Épée, é que o Pai do Método Alemão,
oralismo puro, tinha a intenção de convencê-lo de que esse método seria o único realmente válido
para a inserção dos surdos na sociedade.

19
E você, estudante, se recebesse uma carta e nela estivesse escrito que o método
do oralismo puro, seria o único método que funcionaria para a inserção do
surdo na sociedade, qual seria sua resposta?
Vá ao fórum para esse feedback. Estou curiosa para lhe ouvir!

Enfim, chegamos à pessoa mais conhecida da história da educação do surdo. O


revolucionário Abade Charles Michel de L’épée (1712-1789), você vai conhecer sua disponibilidade,
visto que desejava dar às pessoas surdas a oportunidade de aprender a palavra de Deus.

Figura 23 - Charles-Michel de L'Épée


Fonte: https://www.meisterdrucke.ie/fine-art-prints/Unknown-artist/917229/Portrait-of-the-abbe-of-L%27Epee-
%28Charles-Michel-de-L%27Epee.html
Audiodescrição da figura: figura de um homem com um solidéu na cabeça com roupas de padre, uma faixa vermelha na
cintura. Ao seu lado direito uma cruz. Fim da descrição

Charles-Michel de L'Épée, nasceu em uma família abastada em Versailles, estudou para


ser padre católico, mas foi-lhe negada a ordenação, em resultado da sua recusa em não aceitar o
Jansenismo (movimento popular de reforma religiosa da época). Então, estudou direito, pouco
depois, foi designado abade. E, se dedicou às obras de caridade para os pobres, em uma ocasião,
numa zona pobre de Paris, teve oportunidade de encontrar duas jovens irmãs, surdas, elas
comunicavam-se através da língua gestual. Foi por meio delas que L’Épée tomou a decisão de
dedicar-se à salvação dos surdos e, em meados na década de 1750, fundou um abrigo, que ele próprio
sustentava. Em consequência das teorias filosóficas que emergiam na época, L’Épée veio a acreditar

20
que os surdos são capazes de possuir linguagem, concluindo assim, que eles podem receber os
sacramentos e evitar ir para o Inferno. Começou a desenvolver um sistema de instrução da língua
francesa e religião. Nos primeiros anos da década de 1760, o seu abrigo tornou-se a primeira escola
de surdos do mundo, aberta ao público.

Figura 24 - L’Épée sinalizando


Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/24/cultura/1543042279_562860.html
Audiodescrição da figura: homem vestindo roupa preta com cabelos compridos, sinalizando para uma criança que está
a sua frente. Imagem em preto e branco. Fim da descrição.

L’Épée perambulava pela cidade de Paris, procurando aprender o meio de comunicação


das gêmeas surdas e começar os estudos sobre a língua de sinais. Deu instruções aos surdos em sua
própria casa, usando as combinações da gramática francesa com os sinais que foram denominados
de sinais metódicos. Por causa da sua dedicação, recebeu muitas críticas de educadores oralizados,
mas foi considerado por outros como o “Pai dos surdos” por suas contribuições para a língua de
sinais.
Segundo Strobel (2009), em 1789, abade Charles Michel de L’Épée publicou sobre o
ensino dos surdos por meio de sinais metódicos: “A verdadeira maneira de instruir os surdos-mudos”,
o abade colocou as regras sintáticas e também o alfabeto manual inventado por Pablo Bonnet e esta
obra foi mais tarde completada com a teoria pelo abade Roch-Ambrois e Sicard.
A Idade Moderna, sem dúvida, foi a que mais avançou, no que se refere à história da
educação de surdos. Foi nessa época que constataram que o surdo é capaz de aprender e viver em
sociedade como qualquer pessoa.

21
1.4 Idade Contemporânea

A Idade Contemporânea é uma divisão cronológica da História, compreendendo o


período entre o início da Revolução Francesa, com a queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, até
os dias atuais. Ela representa, principalmente, o período de consolidação do capitalismo como o
modo de produção e sua expansão por todo o globo terrestre entre os séculos XVIII e XXI.
Para dar continuidade ao nosso conteúdo, é importante que esse registro seja citado para você
compreender a interação e a inclusão de todos nessa etapa contemporânea da sociedade, e de que
forma a pessoa surda foi inserida como uma pessoa de direitos semelhantes à do ouvinte.
Nessa época da história, os surdos passaram a ser considerados iguais aos outros seres
humanos, com os mesmos direitos. Porém, apesar da evolução da idade moderna, houve uma série
de barreiras, inclusive na Europa no qual o pesquisador Jean-Marc Itard (1775-1838), questionou a
origem da surdez, fazendo experiências que torturavam as pessoas surdas. Nos Estados Unidos, o
acesso das pessoas surdas a educação escolar foi mais difícil, uma vez que, a metodologia de
comunicação em sinais não chegara até os professores americanos. Aqui no Brasil houve alguns
acontecimentos que marcaram a vida das pessoas surdas até os nossos dias. Por esse motivo, nessa
parte da história, vou dividir o panorama da autora Strobel em dois momentos, com a intenção de
pausar para que você, estudante, memorize as datas e os acontecimentos desta época que começa
em 1789 até os nossos dias, sendo datas, pessoas importantes e acontecimentos que marcaram a
história da educação do surdo.

IDADE CONTEMPORÂNEA MARCARAM A EDUCAÇÃO DO SURDO


PERÍODO 1789 ATÉ 1880
1789 - Abade Charles Michel de Seu maior legado: fundador de 21 escolas para surdos
L’Epée, morre! na França e na Europa.
1802 - Jean Marc Itard, Estados Responsável pelo clássico trabalho com
Unidos Victor, o “garoto selvagem”
1814 - Reverendo Thomas “Asilo de Connecticut para Educação e Ensino de pessoas
Hopkins Gallaudet Surdas e Mudas”.

22
Fundou a primeira escola
permanente para surdos nos
Estados Unidos.
1846- Alexander Melville Bell, Inventou um código de símbolos chamado
professor de surdos, o pai do “Fala visível” ou “Linguagem visível”,
célebre inventor de telefone
Alexander Grahan Bell
1855 - Eduardo Huet, professor Chega ao Brasil sob beneplácito do imperador D. Pedro
surdo com experiência de II, com a intenção de abrir uma escola para pessoas
mestrado e cursos em Paris surdas.
1857 - Foi fundada a primeira Hoje, “Instituto Nacional de Educação
escola para surdos no Rio de de Surdos”– INES [...].
Janeiro – Brasil, o “Imperial
Instituto dos Surdos-mudos”
1861- Ernest Huet foi embora do que logo abandonou o cargo alegando: “Não aguento as
Brasil. Neste período o INES ficou confusões” e com isto foi substituído por Ernesto do
sendo dirigido por Frei do Carmo Prado Seixa.

1862- Foi contratado para cargo Dr. Manoel Magalhães Couto, que não tinha experiência
de diretor do INES, Rio de Janeiro de educação com os surdos.
1864 - Foi fundada a primeira um sonho de Thomas Hopkins Gallaudet realizado pelo
universidade nacional para filho do mesmo, Edward Miner Gallaudet (1837-1917).
surdos, Universidade Gallaudet”
em Washington – Estados Unidos
1867 - Alexander Grahan Bell nos Estados Unidos dedicou-se aos estudos sobre
(1847-1922) acústica e fonética.
1868 - Após a inspeção Então o dr. Manoel Magalhães foi demitido e o sr. Tobias
governamental, o INES foi Leite assumiu a direção.
considerado um asilo de surdos

23
Entre 1870 e 1890, - Alexander Ele era contra a língua de sinais argumentando que a ela
Grahan Bell publicou vários não propiciava o desenvolvimento intelectual dos surdos.
artigos criticando casamentos
entre pessoas surdas, a cultura
surda e as escolas residenciais
para surdos.
1873 - Alexander Graham Bell. Lá ele conheceu a surda Mabel Gardiner Hulbard, com
Deu aulas de fisiologia da voz para quem se casou.
surdos na Universidade de
Boston.
1875 - Ex-aluno-Aluno do INES, Publicou “Iconografia dos Sinais dos Surdos-Mudos”, o
Flausino José da Gama, aos 18 primeiro dicionário de língua de sinais no Brasil.
anos
1880 - Realizou-se Congresso o método oral foi votado o mais adequado a ser adotado
Internacional de Surdo-Mudez, pelas escolas de surdos e a língua de sinais foi proibida
em Milão – Itália oficialmente.

Quadro 01 – idade contemporânea


Fonte: Strobel (2009)

Então, estudante, apropriou-se do conteúdo da tabela? Espero que sim! Porque como já
lhe falei, essa tabela lista uma parte da história no período contemporâneo e finaliza oportunamente
no ano 1880, data que foi realizado o congresso de Milão. O panorama da autora Strobel apresenta
todas as etapas do progresso da educação do surdo, desde o trabalho filantrópico do pai dos surdos
L’Epée, a inauguração de 21 escolas, a criação do INES até o retrocesso que ocorreu com o congresso
de Milão onde foi definido a favor do uso do oralismo puro.
Seguindo o cronograma de acontecimentos marcantes, a tabela seguinte, começa citando
uma jovem surda que marcou a vida e a história dos surdos de forma mundial e conclui com o início
do curso de letras Libras no Brasil. Portanto, estudante, é importante que você tenha o conhecimento
sobre todo conteúdo exposto nesta tabela, produzida com base no panorama elaborado pela autora
Strobel (2009).

24
1880 - Nasce Hellen Keller no Alabama, Estados Unidos.
1932 - O escultor surdo, Antônio Pitanga, pernambucano, formado pela escola de Belas Artes.
1951- O surdo, Vicente de Paulo Penido Burnier, foi ordenado como padre no dia 22 de
setembro.
1957 - Por decreto imperial, Lei nº 3.198, de 6 de julho, o “Imperial Instituto dos Surdos-
Mudos” passou a chamar-se “Instituto Nacional de Educação dos Surdos” – INES.
1960 - Willian Stokoe publicou “Linguage Structure: an Outline of the Visual Communication
System of the American Deaf”.
1961 - O surdo brasileiro Jorge Sérgio L. Guimarães publicou no Rio de Janeiro o livro “Até onde
vai o Surdo”.
1969 - A Universidade Gallaudet adotou a Comunicação Total.
1977 - Foi criada a FENEIDA (Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes
Auditivos),
1984 - Foi fundada a CBDS, Confederação Brasileira de desportos de Surdos, em São Paulo,
Brasil.
1986 - Estreou o filme “Filhos do Silêncio”,
1987 - Foi fundada a FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, no
Rio de Janeiro,
1997 - Closed Caption (acesso à exibição de legenda na televisão)
1999 - Foi lançada a primeira revista da FENEIS,
2000 – Formação de agentes multiplicadores Libras em Contexto, em MEC/ Feneis.
2006 - Iniciou Letras/libras com 9 polos
Quadro 02 – Acontecimentos Marcantes
Fonte: Strobel (2009)

Alguns dos fatos descritos acima, serão conteúdos da sua videoaula. Então, dá
um play agora na leitura e vamos para nossa videoaula.

25
UNIDADE 02 | CONHECER AS FILOSOFIAS DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS:
ORALISMO, COMUNICAÇÃO TOTAL, BILINGUISMO, E OS IMPACTOS NA
VIDA NAS APRENDIZAGENS E NAS RELAÇÕES SOCIAIS DA PESSOA SURDA.

2.1 Filosofias de Educação dos Surdos


filosofia de educação do surdo

ORALISMO

COMUNICAÇÃO TOTAL

BILINGUISMO

Quadro 03 – Filosofia de Educação do Surdo.


Fonte: criação da autora

Caro estudante, você pode perceber nos nossos dias e no decorrer da trajetória histórica,
que a Língua de Sinais se constitui e se funde na formação da pessoa surda. E o quanto o indivíduo
surdo sofreu com a destituição íntima do seu ser, na época em que a surdez pré-linguística fazia da
pessoa surda um ser em estado deplorável. Essa situação despertou curiosidade e compaixão dos
filósofos desde a antiguidade conforme você estudou da primeira competência. E essa inquietude fez
com que o abade francês Sicard fizesse a seguinte pergunta:
Por que a pessoa surda sem instrução é isolada na natureza e incapaz de comunicar-
se com outros homens? Por que ela está reduzida a esse estado de imbecilidade?
Será que sua constituição biológica difere da nossa? Será que ela não possui tudo o
que precisa para ter sensações, adquirir ideias e combiná-las para fazer tudo o que
fazemos? Será que não recebe impressões sensoriais dos objetos como nós

26
recebemos? Não serão essas, como ocorre conosco, a causa das sensações da mente
e das ideias que a mente adquire? Por que então a pessoa surda permanece estúpida
enquanto nos tornamos inteligentes? (SACKS, 1998, p. 28).

Foi a partir do século XVI que os olhares para as pessoas surdas ficaram mais intensos. E
a mudança de pensamento dos filósofos, se deu por causa da figura motivadora que surgiu, o abade
de l’Epée, mudando a história dos surdos para sempre. A maior motivação do abade em relação à
exclusão dos surdos, era o fato de ele não aceitar que os “surdos-mudos” nasciam e morriam sem
serem ouvidos em confissão, privados do Catecismo, das Escrituras e das Palavras de Deus. Abade
l’Epée direcionou sua atenção a seus pupilos surdos, e fez o que nenhum outro ouvinte havia feito
até o momento:
[...] E então associando sinais a figuras e palavras escritas, o abade ensinou-os a ler;
e com isso, de um golpe, deu-lhes o acesso aos conhecimentos e à cultura do mundo.
O sistema de sinais “metódicos” De l’Epée – uma combinação da Língua de Sinais
nativa com a gramática francesa traduzida em Sinais – permitia aos alunos surdos
escrever o que era dito por meio de um intérprete que se comunicava por Sinais, um
método tão bem-sucedido que, pela primeira vez, permitiu que alunos surdos
comuns lessem e escrevessem em francês e, assim, adquirissem educação (SACKS,
1998, p. 30).
Com essa citação de como o pai dos surdos, assim considerado, revolucionou a vida do
surdo com a sua disponibilidade de ensiná-los, fez da sua própria casa uma escola pública que em
pouco tempo já atendia 75 alunos; Porque para ele, a educação de surdos deveria ser pública e
gratuita. Por meio dessa iniciativa ao morrer, L’Epée deixou muitas escolas fundadas na Europa. A
imagem abaixo é um dos poucos registros dessas escolas.

Figura 25 - Escolas criadas por l’Epée


Fonte: https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.php?codigo=25050
Audiodescrição da figura: figura de um quadro com três momentos diferentes, pessoas observando um homem. Fim da
descrição

27
Estudante, já foi citado na competência anterior, na mesma época em que o professor
L’epée ensinava os surdos com a língua visual usando o método dos “sinais metódicos” criado por ele
em Paris, na Alemanha, O alemão Samuel Heinicke fundou a primeira escola pública para crianças
surdas com o método Oralista, acreditando no ensino da língua oral, assim, rejeitando a língua de
sinais. E acreditando que a oralização era a situação ideal para integrar o surdo na comunidade geral.
Enquanto L’epée começou com setenta e cinco alunos; Heineck, teve nove alunos surdos no ensino
oral.
Um dos seguidores de Samuel Heinicke foi Alexander Graham Bell, era esposo de uma
mulher que ficou surda. Ele realizou várias tentativas para fazer um aparelho para que ela pudesse
voltar a ouvir e se comunicar quando não estivessem juntos. E por meio de uma de suas pesquisas,
ele descobriu o telefone, que se caracterizou como sua maior invenção. Dentro do contexto do
oralismo, Alexander foi um dos principais defensores do método oral.

Figura 26 - Família de Alexander Graham Bell


Fonte: https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/Unknown/665831/Retrato-de-Alexander-
Graham-Bell,-sua-esposa-Mabel-Gardiner-Hubbard-e-suas-filhas-Elsie-e-Marian-c.1885rn.html
Audiodescrição da figura: imagem de um casal com duas meninas, todos sentados em um móvel. A imagem está em
preto e branco. Fim da descrição

De acordo com os estudos propostos nesta competência, dentre o processo histórico


quanto ao aspecto filosófico e social na educação do surdo, é fato que três grandes movimentos estão
registrados na história do surdo são eles:

28
ORALISMO

COMUNICAÇÃO TOTAL

BILINGUISMO

Quadro 03 – Métodos da Educação do Surdo


Fonte: criação da autora.

Estudante, agora você vai estudar esses três movimentos que marcaram, desde a
antiguidade até hoje, a educação do surdo do mundo. Então, siga firme na leitura!

2.1 Oralismo

Comece esse estudo sobre o oralismo refletindo na imagem abaixo. Agora, faça
uma pausa aqui na leitura, vá no fórum e me fala o que ela representa para
você! Estou lhe aguardando para o nosso feedback desta competência!

29
Figura 27 – Oralismo
Fonte: https://blog.portaleducacao.com.br/oralismo-o-que-e-por-que-e-importante/
Audiodescrição da figura: figura de duas mãos, uma moldada com um rosto estando com a boca aberta, a outra com o
ouvido próximo ao rosto da outra mão. Fim da descrição.

O acontecimento histórico que transformou a educação de surdos negativamente,


ocorreu em um Congresso Mundial em Milão, no ano de 1880 (data citada na sua primeira
competência), houve a proibição do uso da Língua de Sinais nas escolas públicas, em todos os
espaços. Por meio de votação, o oralismo puro passou a ser obrigatório na vida das pessoas surdas.
Segundo Perlin e Strobel (2008, p. 6), “[...] foi realizado um Congresso Internacional de
Professores de surdos em Milão, Itália, para discutir e avaliar a importância de três métodos rivais:
língua de sinais, oralista e mista (língua de sinais e o oral)”. Apresentando vantagens e desvantagens:
Os temas propostos foram: vantagens e desvantagens do internato, tempo de
instrução, número de alunos por classe, trabalhos mais apropriados aos surdos,
enfermidades, medidas, medidas curativas e preventivas, etc. Apesar da variedade
de temas, as discussões voltaram-se às questões do oralismo e da língua de sinais
(PERLIN; STROBEL, 2008, p. 6 apud BORNE, 2002, p. 51).

Os registros da história do “Congresso de Milão” mostraram que os surdos eram a minoria


e sem direito ao voto, visto que não falavam e não tinham como se manifestar através da fala. Há
evidências ainda de que os surdos ficaram em uma sala à parte da maioria ouvinte no momento da
votação, e o criador do telefone já citado aqui no seu e-book, Alexander Graham Bell, um dos
defensores do oralismo, contribuiu no resultado da votação para oficializar a proibição do uso de
língua de sinais, no Congresso Internacional de Educadores de surdos, realizado em Milão, no ano de
1880.
Algumas imagens referentes ao Congresso de Milão:

30
Figura 28 – Método do o Oralismo Figura 29 – Votação do Congresso de Milão
Puro Figura 30 – Publicação do congresso
Fonte:https://cosmosazul.blogs.sapo.pt/quem- de Milão.
Fonte: foi-charles-michele-de-lepee-e-59329
https://culturasurda.net/congresso-de- Fonte:
Audiodescrição da figura: Imagem de um https://www.timetoast.com/timelines
milao/
ambiente com pessoas sentadas e em pé. No /historia-da-educacao-dos-surdos-
Audiodescrição da figura: homem
centro na figura um homem vestido com roupa e67cdcd6-05e2-406f-bbd4-
sentado pegando no pescoço de uma
preta. Fim da descrição. c42469ce703a
criança e outras crianças estão em
fila, a imagem demostra um lugar Audiodescrição da figura: figura de
com janelas, paredes e quadro. Fim um recorte de jornal com foto e
da descrição. escrita sobre o congresso de Milão,
proibindo a língua de sinais. Fim da
descrição.

A modalidade de ensino do oralismo durou mais de cem anos, perdurando até a década
de 1970, causando um fracasso total no progresso da comunicação dos surdos pela língua de sinais.
Entre tantas consequências negativas com o método do oralismo, pode-se citar as principais:

Obrigatoriedade do uso da fala

Visão apenas clínica da pessoa surda

Atraso no processo educacional

Quadro 03 – Consequências do Oralismo


Fonte: PERLIN; STROBEL, 2008 (adaptada pela autora)

Características da filosofia do oralismo, que virou metodologia de ensino exigia um


aprendizado da língua oral, mas não eram todos os surdos que tinham acesso a um profissional
especializado em fonoaudiologia. Por isso, a família precisava dar o apoio necessário para o surdo
aprender a falar, já que a fala não seria de forma natural, e nem todos os surdos estariam aptos a

31
falar. Porque para os fonoaudiólogos, à educação oral exigia um esforço total por parte deles, ainda
criança. E tanto a família como a escola tinham essa responsabilidade.
De acordo com os seus defensores, para que se tenha sucesso na terapia da oralização e
bom resultado social, é necessário:
• Envolvimento e dedicação das pessoas que convivem com a criança no trabalho de
reabilitação todas as horas do dia e todos os dias do ano.
• Início da reabilitação o mais precocemente possível, ou seja, deve começar quando a
criança nasce ou quando se descobre a deficiência.
• Não oferecer qualquer meio de comunicação que não seja a modalidade oral.
• A educação oral começa no lar e, portanto, requer a participação ativa da família,
especialmente da mãe.
• A educação oral requer a participação de profissionais especializados, como
fonoaudiólogos e pedagogos especializados, para atender sistematicamente ao aluno
e a sua família.
• A educação oral requer equipamentos especializados, como o aparelho de
amplificação sonora individual.
• Fonte: Goldfeld(2002).

Portanto, os defensores oralistas baseiam-se na crença de que é a única forma desejável


de comunicação para o surdo é por meio da fala e a língua de sinais deveria ser evitada a todo custo,
pois atrapalhava o desenvolvimento da oralização. Essa certeza ficou mais evidente com a chegada
da evolução tecnológica que facilitava a prática da oralização para o surdo, ganhando força a partir
da segunda metade do século XIX.
A imagem abaixo mostra um treinamento de oralização com equipamentos inovadores
para a época.

32
Figura 31 – Treino da fala
Fonte:<http://www.feneis.com.br/cas-mossoro-numa- -breve-retrospectiva.html>.
Audiodescrição da figura: mulher adulta sentada de frente para uma criança também sentada usando um fone grande
no ouvido. Fim da descrição

Por meio dessa imagem, é possível perceber uma expectativa no método do oralismo a
intenção era que os surdos se comportassem como ouvintes, ou seja, aprendessem a falar. Os alunos
que frequentavam a escola para aprender os conteúdos escolares, comunicar-se em língua de sinais
e alfabeto digital foram proibidos de sinalizarem, recomendando-se que a comunicação fosse feita
pela via auditiva e pela leitura da face e boca. Com isso, a educação dos surdos deu uma grande
reviravolta em sentido oposto à educação.
Goldfeld (2001) salienta que o oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve
ser minimizada pela estimulação auditiva. A filosofia oralista passou a buscar nos surdos a sua
personalidade ouvinte e tentou várias metodologias do ensino da fala para as crianças surdas, na
tentativa de negar a identidade surda, ou seja, “normalizar” a surdez. Mas para Goldfeld, “as crianças
ouvintes não têm dificuldades para inferir as regras gramaticais, enquanto as crianças surdas, por não
receberem com a mesma facilidade os estímulos auditivos, precisam de ajuda especial” (GOLDFELD,
2001).
Não é impossível que as crianças surdas oralizem. No entanto, para que isso aconteça,
necessitam de estimulação da oralização desde cedo, utilizando recursos para capacitá-las a
desenvolver ou manter a língua oral. Nesse processo, faz-se necessário o envolvimento do
profissional fonoaudiólogo, é imprescindível a participação da família para alcançar uma boa
oralização nesse método. Seguem as regras gramaticais para se ter bom domínio da língua
portuguesa falada.

33
Importante ressaltar que, essa concepção de educação enquadra-se no modelo clínico e
esta visão afirma a importância da integração dos surdos na comunidade de ouvintes, e que para que
isso aconteça o surdo tem que oralizar bem, fazendo uma reabilitação de fala em direção à
“normalidade” exigida pela sociedade.
O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integração da criança surda à comunidade de
ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral. O oralismo percebe a
surdez como uma deficiência que deve ser minimizada através da estimulação
auditiva (GOLDFELD, 1997, p. 30-31).

As técnicas mais utilizadas no modelo oral, Segundo Dorziat (2006, p. 19) são:

Quadro 05 – Técnicas do Modelo Oral


Fonte: Dorziat (2006) – Adaptada pela autora

Com o passar dos anos, a filosofia oralista demonstrou maus resultados, muitos surdos
fracassaram na aprendizagem e não conseguiram falar normalmente. Portanto, ficou evidente para
muitos teóricos, que na educação do surdo com método do oralismo foi insuficiente para as
necessidades da comunicação do surdo. E com essa constatação surgiu a comunicação total.

2.2 Comunicações Total

De novo, começo pedindo sua atenção para a imagem:

34
Figura 32 – Comunicação Total
Fonte:https://www.timetoast.com/timelines/linha-do-tempo-de-libras-no-brasil
Audiodescrição da figura: imagem na cor verde com três bonecos, cada um com um instrumento usado na
comunicação total (microfone de mão, fone de ouvido, e uma vara). Ao lado direito, um nome comunicação total. fim
da descrição.

Percebeu na imagem o porquê que essa modalidade se chama comunicação total?


Acredito que sim! Para saber tudo sobre ela, foca na leitura!
A comunicação total teve seu início devido ao fracasso do oralismo, e os seus defensores
com o pensamento de que a criança ou a pessoa surda poderia usar qualquer outra forma de
comunicação, deram a esse método o nome de: “Método de Comunicação Total”. A principal meta
era o resgate na comunicação das pessoas surdas, este modelo combinava a língua de sinais, gestos,
mímicas, leitura labial. Com o objetivo de fazer a comunicação com surdos e ouvintes acontecer.
Marchesi (1995) defende que a Comunicação Total não surgiu contra a filosofia do
oralismo, mas com o objetivo de propor abordagens alternativas na expressão do surdo. Porém, ela
não apresentou avanços significativos, pois o uso simultâneo da fala e da língua de sinais dificultou a
aprendizagem e comunicação dos alunos. Seria então, a comunicação total um complemento do
oralismo, visto que, com o insucesso desse método, buscaram-se novas alternativas para ensinar os
surdos, através desta que permitia o uso de tudo que fosse possível para estabelecer a comunicação,
inclusive continuar com a fala.
A Comunicação Total inclui todo o espectro dos modos linguísticos: gestos criados
pelas crianças, língua de sinais, fala, leitura orofacial, alfabeto manual, leitura e
escrita. A Comunicação Total incorpora o desenvolvimento de quaisquer restos de
audição para a melhoria das habilidades de fala ou de leitura orofacial, através de
uso constante, por um longo período de tempo, de aparelhos auditivos individuais e/
ou sistemas de alta fidelidade para amplificação em grupo (DENTON apud FREEMAN;

35
CARBIN; BOESE, 1999, p. 171).
Conforme alguns registros históricos, esse método foi criado aproximadamente em 1960,
após a constatação de que muitos sujeitos surdos não tiveram o sucesso esperado na leitura de lábios
e emissão de palavras propostas pelo oralismo puro. Com o objetivo de usar toda e qualquer
metodologia para melhorar a qualidade da fala ou da leitura orofacial, surgiu o método comunicação
total, no qual a língua de sinais seria uma entre outras alternativas para alcançar a comunicação,
aplicada para auxiliar o processo de interação do surdo com o ouvinte.
Observe a tabela abaixo para compreender a forma que era aplicada esta filosofia:

Método de comunicação” COMUNICAÇÃO TOTAL” ● Considera a língua oral um código


imprescindível para incorporar a vida
social e cultural;
● Prática de usar sinais, leitura
orofacial, amplificação, alfabeto
manual, mimica, gestos...
● Fornece a criança a possibilidade de
desenvolver uma comunicação real;
● A fala pode ser acompanhada por
elementos visuais que o represente;
● Valoriza os sinais da língua de sinais
● Leitura e escrita abaixo do esperado
● O surdo não tinha domínio pleno em
nenhuma das línguas.

Figura 33 - Método Comunicação Total


Fonte: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/17636/Curso_Ed-Especial_Alternativas-Metodologicas-
Aluno%20Surdo.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Audiodescrição da figura: figura de uma professora, sinalizando árvore e falando a palavra árvore. Em sua frente dois
meninos olhando para uma televisão com a imagem de uma árvore. Fim da descrição

Goldfeld (2011) afirma que a filosofia da Comunicação Total se preocupa com os


processos comunicativos entre surdos e ouvintes. Para ela:
Esta filosofia também se preocupa com a aprendizagem da língua oral pela criança
surda, mas acredita que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais não devem ser
deixados de lado, em prol do aprendizado exclusivo da língua oral. Por esse motivo,
essa filosofia defende a utilização de recursos espaço-viso-manuais como
facilitadores da comunicação (GOLDFELD, 2001, p. 38).

36
Na Comunicação Total, surge a comunicação visual acompanhada da oralidade, o que
possibilita maior compreensão da criança surda. Essas comunicações podem ser a língua técnica, o
português sinalizado, com o desejo de ter uma relação, e um diálogo entre surdos e ouvintes. Os
sinais representam gestos, mas não caracterizam uma língua, também não privilegia a língua de sinais
como língua natural, que surgiu de forma espontânea na comunidade surda, e carrega uma cultura
própria e cria recursos artificiais para facilitar a comunicação e a educação dos surdos. Mas, a
comunicação total veio a provocar uma dificuldade de comunicação entre surdos que dominam
códigos diferentes das línguas de sinais. Considerado como, português sinalizado, atingiu aspectos
positivos e negativos, porém não conseguiu se consolidar como uma cultura surda.
Perlin e Strobel (2008) refletem sobre esta modalidade mista, para elas e outros autores
da área, o problema é a mistura das duas línguas, a língua portuguesa e a língua de sinais, resultando
numa terceira modalidade que é o ‘Português Sinalizado’, essa prática recebe também o nome de
‘Bimodalismo’ que encoraja o uso inadequado da língua de sinais, já que tem a gramática diferente
da língua portuguesa.

BIMODALISMO - É a mistura da língua natural e da língua artificial, através de duas


modalidades de língua: a oral-auditiva e a gestual-visual, misturado as duas línguas e
deformando-as ensino ao surdo.

No bimodalismo, existe o uso simultâneo da língua de sinais e do português, essa mescla


feita pela comunicação bimodal evidencia que os estudantes surdos não adquirem nem uma língua
nem outra. O bimodalismo está atrelado ao fato de que a maioria dos surdos nasce em família de
ouvinte, e que mesmo após seus filhos serem diagnosticados com um déficit auditivo é comum que
em um instinto de proteção, os pais tendem a educar seus filhos surdos como se fossem ouvintes.
Mas essa não é uma boa opção, uma vez que essa modalidade é feita e pensada, por e para ouvintes.

37
2.3 BILINGUISMO

Estudante, estou aqui escrevendo e imaginando a riqueza da sua aprendizagem


nesta disciplina. Por isso, trouxe um conteúdo mais que especial para seu
conhecimento sobre a educação do surdo. Peço que você pause agora a leitura
do ebook e vá no podcast para conferir. Aguardando!

Imagem para refletir:

Figura 34 – Sinalizando
Fonte: https://cursocompletodepedagogia.com/tag/como-e-qualificado-o-bilinguismo-dos-surdos-brasileiros/
Audiodescrição da figura: figura com dois homens sinalizando a pergunta: qual o seu nome? E o outro respondendo,
José. Fim da descrição

Então, a reflexão é positiva, não é mesmo? Porque o bilinguismo é a modalidade mais


moderna da educação do surdo. E agora, vou apresentar para você, caro estudante, como começou
esta maravilhosa filosofia da educação do surdo, até chegar aos nossos dias.
De acordo com os registros da história da educação do surdo, o bilinguismo teve seu início
na França, Estados Unidos e na Suécia. O maior precursor dessa educação foi o abade LEpée,
fundador da escola pública para surdos, o Instituto National de Juenes Sourds de Paris. Apresentado
para você na primeira competência.
Países berço do bilinguismo:

38
França

Estados
Suécia
Unidos

Quadro 05 – Berço do Bilinguismo


Fonte: criação da própria autora.

Os Estados Unidos estão ligados à história da educação dos surdos juntamente com a
França, pois em 1816 o norte-americano Thomas Gallaudet visita o Instituto de surdos em Paris e
conhece Laurent Clerc, professor surdo que fora aluno de L’Épée, aprendendo com ele como ensinar
alunos surdos e a língua de sinais francesa - (LSF). Então, Thomas convida Laurent para ir aos Estados
Unidos a fim de abrir escolas para surdos na América, visto não existir ainda esse tipo de trabalho por
lá (GOLDFELD, 2002).
E a Suécia também participou do processo para a implantação do bilinguismo, pois
pesquisas foram realizadas na Suécia e Dinamarca na mesma época, no ano de 1981. Essas pesquisas
buscavam introduzir o enfoque bilíngue na educação do indivíduo surdo e o primeiro currículo
bilíngue para as escolas de surdos, foi introduzido na Suécia em 1983 (KOZLOWSKI, 1995). Na Suécia,
o ensino da Língua de Sinais é realidade, aprovada e ensinada desde a década de 1980.
De acordo com os registros da história sobre o surdo, e os registros de muitos
pesquisadores, o bilinguismo surge aos arredores do movimento para o oralismo e começa a
respingar, antes mesmo da aprovação no Congresso de Milão. Porém, caminha lentamente no
sistema educacional devido aos entraves sociais vigentes da época, entre eles o oralismo como mola
principal na educação dos surdos. E já é possível constatar que o bilinguismo possibilita ao surdo
adquirir a língua que faz parte da comunidade surda, ou seja, a língua natural da pessoa surda. Essa
modalidade respeita as particularidades da criança surda, estabelecendo suas capacidades como
meio para elas realizarem seu aprendizado de forma natural e igual a todas as aprendizagens.

39
Figura 35 – Ensino Bilíngue
Fonte: https://comunicasurdo.wordpress.com/dicas-de-fono-2/
Audiodescrição da figura: duas figuras, cada uma com uma mulher e um bebê. A primeira falando a palavra gato. A
segunda sinalizando em libras, gato. Fim da descrição

O método bilíngue surgiu como opção pedagógica para educação de surdos, depois de
constatarem que a simples aceitação dos sinais na escola, ou de que a mistura de língua de sinais e
língua oral, não eram o suficiente para afastar as defasagens educacionais dos alunos surdos. Para a
educação bilíngue, os aspectos de acesso a duas línguas preservam os processos naturais de
desenvolvimento do ser, nos quais a língua de sinais se mostre instrumento indispensável, levando
em consideração a constituição do sujeito surdo, pois o mais importante é o desenvolvimento do
aluno surdo de forma integral, valorizando seu direito enquanto sujeito.
Nessa perspectiva, a proposta bilíngue exige um compromisso sociopolítico que
contemple a integridade e a diferença entre as modalidades das línguas envolvidas no processo de
ensino, bem como a formação de professores bilíngues e de professores de libras, e a formação de
intérpretes, pois para haver uma educação bilíngue, tais profissionais são indispensáveis em todo
contexto escolar. Para Goldfeld (2001), na ideologia de bilinguismo as crianças surdas precisam ser
postas em contato com pessoas fluentes na língua de sinais, sejam seus pais, professores ou outros.
O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou seja,
deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua
natural dos surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país. [...] os autores
ligados ao bilinguismo percebem o surdo de forma bastante diferente dos autores
oralistas e da Comunicação Total. Para os bilinguistas, o surdo não precisa almejar
uma vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir sua surdez (GOLDFELD, 2001, p.
38).
O bilinguismo baseia-se no fato de que o surdo deve ser bilíngue, adquirindo a língua
materna, a Língua de Sinais, como Primeira Língua (L1) e como Segunda Língua (L2) a língua oficial

40
escrita do país em que reside. Na filosofia, bilíngue o surdo assume a surdez e não necessariamente
deseje uma vida de ouvinte.
A 24ª declaração dos direitos linguísticos da convenção internacional sobre os direitos da
pessoa com deficiência em Barcelona no ano de 1996, caracteriza as escolas bilíngues da seguinte
forma:

As escolas bilíngues são aquelas


onde a língua de instrução é a
Libras e a Língua Portuguesa é
ensinada como segunda língua,
após a aquisição da primeira
língua; essas escolas se instalam
Figura 36 - escola bilíngue em espaços arquitetônicos
Fonte:https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Capital/E
ducacao-bilingue-atende-alunos-com-surdez-em-escolas- próprios e nelas devem atuar
de-Boa-Vista-/89472
Audiodescrição da figura: professor mostrando ao aluno professores bilíngues, sem
surdo as imagens que estão na parede e fazendo os sinais
da libras. Fim da descrição
mediação de intérpretes na
relação professor – aluno e sem a
utilização do português sinalizado
(BRASIL, 2014b).

Perlin e Strobel (2008) explicam que o bilinguismo pode apresentar diferentes versões,
sendo quatro as indicadas:

41
Bilinguismo com aspecto
tradicional

Bilinguismo progressista

Bilinguismo com aspecto


humanista liberal

Bilinguismo crítico na
educação de surdos

Quadro 06 – Diferentes Versões do Bilinguismo –


Fonte: Perlin e Strobel (2008) - Adaptado pela autora

Conceituando cada um desses bilinguismo, as autoras, nos apresentam as seguintes explicações:


• O bilinguismo com aspecto tradicional: Apresenta uma visão colonialista sobre a
surdez. Impera o ouvintismo e a identidade incompleta dos surdos. Os professores
continuam com sua formação nos modelos da educação com ideias clínicas. Esse tipo
de bilinguismo tende à globalização da cultura.
• O bilinguismo com aspecto humanista e liberal: Considera a existência de uma
igualdade natural entre ouvintes e surdos. A desigualdade, no entanto, mostra a
existência de uma limitação de oportunidade social aos surdos. Isso se constitui numa
pressão para aqueles que vivem a situação de desigualdade histórica e são forçados
a alcançar uma certa igualdade.
• O bilinguismo progressista: Tende a aproximar-se e a enfatizar a noção de diferença
cultural que caracteriza a surdez, porém essencializa e ignora a história e a cultura.
Assim, seriam surdos (com S maiúsculo), porém não comprometidos com seus
aspectos políticos.
• O Bilinguismo crítico na educação de surdos: essa modalidade apresenta seus
pontos positivos e negativos, há escolas que usam língua de sinais como mediação
com o oral e não como a produção cultural linguística, treinam o oralismo como

42
sendo a primeira língua, usando o método tradicional, esforçando para adquirir os
equipamentos tecnológicos que possibilitem mostrar a capacidade de o surdo
aproximar-se a um modelo ouvinte e dizem que fazem trabalho bilíngue com os
surdos, mas na prática não é feita corretamente.
• Fonte: Perlin e Strobel (2008)

A partir das descrições, fica visível que nenhum desses quatro tipos de bilinguismo
contempla de fato o que os surdos almejam para uma educação de qualidade e com respeito à sua
cultura, identidade e língua. Assim, vimos que esses quatro conceitos de bilinguismo estão voltados
a uma realidade local, e muitos destes bilinguismos sendo trabalhado nas escolas e instituições.
Mostrando para nós que desde antiguidade até os nossos dias atuais, são os ouvintes quem decidem
a educação do surdo.

43
UNIDADE 03 | APRENDER A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO
BRASIL ATÉ A ATUALIDADE.

3.1 Como tudo começou

O ano era 1855, quando o ministro Drouyn de Louys e o embaixador da França Monsieur
Saint George e a corte do Rio de Janeiro, apresentaram o conde e professor surdo, Eduard Huet a
Dom Pedro II, incentivando-o a criar um ensino para surdos-mudos. Assim, deu início a caminhada
histórica da educação de surdos no Brasil, conforme mencionada na citação abaixo:
A educação de surdos no Brasil teve seu início em 1850 a partir de debates sobre
poder e disciplina na educação de surdos. Assim como Thomas Gallaudet, o então
imperador do Brasil Dom Pedro II vai até a França e acaba conhecendo o trabalho
realizado pelo Instituto de surdos de Paris, fundado pelo abade L’Épée. Nesse
contexto, Dom Pedro II convida o professor surdo E. Huet para iniciar o trabalho com
surdos no Brasil (FELIPE, 2007), visto ainda não ter nenhum trabalho dessa
magnitude no país. A língua de sinais francesa e combinada com os sinais já utilizados
pelos surdos brasileiros dão origem à Libras -Língua Brasileira de Sinais (FESTA;
OLIVEIRA, 2012, p. 6).

Figura 37 - Hernest Huet


Fonte: https://www.meon.com.br/meonjovem/alunos/no-dia-nacional-dos-surdos-conheca-a-historia-da-lingua-
brasileira-de-sinais
Audiodescrição da figura: figura de um homem vestindo um paletó antigo com barbas brancas. Figura na cor marrom.
Fim da descrição

O educador surdo Francês Hernest Huet nasceu em Paris em 1822 e ficou surdo aos 12
anos de idade em consequência de ter contraído sarampo. Viveu e estudou em Paris. Fundou
algumas escolas de surdos em diversos países até chegar ao Brasil em 1855 Para iniciar um trabalho
de educação de duas crianças surdas, com bolsas de estudo pagas pelo governo, apresentou ao

44
imperador D. Pedro II um relatório em Língua Francesa, contendo o plano de criação de uma escola
para surdos, denominado “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”.

Figura 38 – Imperial Instituto dos Surdos-mudos


Fonte: https://lappeei.fae.ufmg.br/instituto-dos-surdos-mudos/
Audiodescrição da figura: imagem em preto e branco de um prédio antigo com duas árvores na frente.

O imperial instituto para surdos começou a funcionar no Brasil em 1º de janeiro de 1856,


junto ao Colégio M. de Vassimon, no modelo privado. Nessa data, Huet apresentou seu programa de
ensino, organizado com as seguintes disciplinas: “Língua portuguesa, Aritmética, Geografia e
História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Articulada (os que tivessem aptidão) e
Doutrina Cristã”. Permanecia no instituto, foi até o ano de 1861, quando partiu do Brasil devido a
problemas pessoais, e para lecionar aos surdos no México. Nesse período, o INES foi dirigido por Frei
do Carmo, que logo abandonou o cargo e foi substituído por Ernesto do Prado Seixa. ROCHA, (2008).
O convite feito por D. Pedro II para Hernest Huet que marcou a história da educação do surdo no
Brasil, segundo os registros, pois na Família Real havia dois surdos, o neto, filho da princesa Isabel,
que era surdo, igual a seu genro, o Conde D’Eu, marido da princesa.

Figura 39 – família Real do Brasil


Fonte:https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/quando-os-filhos-da-princesa-isabel-participaram-
da-primeira-guerra-mundial.phtml

45
Audiodescrição da figura: uma família com cinco pessoas, um homem, uma mulher com três crianças. Imagem em
preto e branco. Fim da descrição

Reis relata que o professor Geraldo Cavalcanti de Albuquerque, discípulo do


professor João Brasil Silvado (diretor do INSM em 1907), informou-lhe em entrevista
que o interesse do imperador D. Pedro II em educação de surdos viria do fato de ser
a princesa Isabel mãe de um filho surdo e casada com o Conde D’Eu, parcialmente
surdo. Sabe-se que, realmente, houve empenho especial por parte de D. Pedro II
quanto à fundação de uma escola para surdos, mandando inclusive trazer para o país
em 1855 um professor surdo francês, Ernest (ou Eduard) Huet, vindo do Instituto de
Surdos-Mudos de Paris, para que o trabalho com os surdos estivesse atualizado com
as novas metodologias educacionais (RAMOS, 2008, p. 6, grifo nosso).

O imperial instituto para surdos transformou-se no INES – Instituto Nacional dos surdos:

Figura 40 - Instituto Nacional Educação de Surdos – INES


Fonte: https://www.libras.com.br/ines
Audiodescrição da figura: imagem de um prédio com muitas janelas na cor amarela com algumas árvores da frente.

O Instituto foi criado pela Lei nº 939, no dia 26 de setembro de 1857, apresentou uma
proposta que fundia a língua de sinais francesa com os sistemas já usados pelos surdos de várias
regiões do Brasil. A instituição passou por vários diretores que foram se alternando no cargo. Um dos
marcos importantes foi o ano 1972, quando Tobias Rabello Leite assumiu o cargo efetivo de diretor
do INES, cumprindo o objetivo de melhorar a rotina da instituição. “Umas das metas principais do Dr.
Tobias era a de oferecer ensino profissionalizante”, (ROCHA,2008).
Nos dias de hoje, o INES funciona como órgão do governo, e não oferta apenas os surdos,
há vagas para ouvintes também, atende desde crianças e adultos, trabalha numa perspectiva bilíngue,
em que também realiza o trabalho de fonoaudiologia, implantados coclear, Educação Infantil,
orientação aos pais e familiares, Fundamental, Ensino Médio, graduação de Letras Libras e Pedagogia

46
Bilíngue e especialização na área da surdez, com projetos para mestrado, há também cursos
oferecidos à comunidade.
No período entre o ano de 1855 a 1884, a sinalização no instituto acontecia
naturalmente, considerados os “anos de ouro” pela comunidade surda do Brasil. Mas, com a vinda
de fora do oralismo com o congresso de Milão, os surdos foram instruídos a falar chegando à
conclusão de que todos os surdos deveriam ser ensinados pelo método Oral-Puro. Com isso, A Língua
de Sinais no instituto continuou de forma camuflada, os surdos usavam em seus quartos, nas oficinas
e nos pátios do instituto, na verdade nunca deixou de ser usada, mas eram impedidos de estudar e
fazer uso dela academicamente.

Para conhecer melhor o INES, convido você a escutar o podcast. Garanto que
vai valer muito apena. Então, pausa aqui e corre lá!

Por muitos anos, o INES foi a única instituição oficial que recebeu alunos surdos de todo
Brasil e dos países vizinhos, mas o cenário mudou e os surdos poderão contar com relevantes
acontecimentos que afetaram positivamente a história da educação do surdo no Brasil. Alguns fatos
marcantes:
• No ano de 1951, o Ministério da Educação (MEC) promoveu a instalação de cursos
especializados para formação de professores.
• No ano de 1986, o professor A.J. de Moura e Silva do INES, a pedido do Governo
Brasileiro, viajou para o Instituto Francês de Surdos, para avaliar a decisão do
Congresso de Milão e concluiu que o método oral puro, não era adequado para todos
os surdos.
• Ano 1951, foi criado o primeiro curso normal para professores (área de surdez) e no
ano seguinte, a fundação do Jardim de Infância para crianças surdas no INES.

47
Figura 41 – Jardim de infância
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=uSr7PhoZfK0
Audiodescrição da figura: imagem de uma professora sentada com algumas crianças, também sentadas ao redor de
uma mesa. Fim da descrição

• Ano 1972, a educação especial passou a ser uma área prioritária para o governo
brasileiro. Objetivos e estratégias de atuação nesse campo foram estabelecidos. E
criado o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), para coordenar em nível
federal as iniciativas no campo da educação especial.

Figura 42 – CENESP
Fonte: http://www.ufmg.br/online/arquivos/Cenesp-thumb.jpg
Audiodescrição da figura: um prédio com apenas um andar na cor branca. Com um letreiro escrito CENESP na cor azul.
Fim da descrição

• No ano de 1980, a Universidade Federal de Pernambuco iniciou os Estudos


Linguísticos sobre a Língua de Sinais, sendo elaborado o primeiro boletim intitulado:
Grupo de Estudos sobre Linguagem, Educação e Surdez (GELES).

48
Figura 43 – Portaria da universidade
Fonte: https://istoe.com.br/estudante-e-esfaqueado-dentro-da-ufpe-por-colega-de-curso/
Audiodescrição da figura: fachada de uma portaria com letreiro escrito “ Universidade Federal de Pernambuco”. Fim
da descrição

• No ano de 1980, a língua de sinais utilizada pelos surdos das capitais do Brasil foi
denominada com a sigla LSCB - Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros. E,
descoberta de outra língua de sinais no Brasil, a Língua de Sinais dos índios Urubus-
Kaapor (LSUK) no Estado do Maranhão.
• No ano de 1987, foi criada a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
(FENEIS). Entidade que trabalha em prol da sociedade surda garantindo a defesa dos
direitos linguísticos e culturais dessa população.

Figura 44 - Feneis
Fonte: http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-1-no-1-12007/92-a-evolucao-da-comunicacao-entre-e-com-
surdos-no-brasil
Audiodescrição da figura: figura das mãos ligadas uma na outra na frente de um mapa do Brasil, ao seu lado esquerdo
o nome da FENEIS.

Todas essas conquistas, apenas foi possível após a aprovação das leis e decretos que
foram criados em defesa dos direitos do povo surdo. É o que você vai estudar no próximo tópico.

49
3.2 As Leis

Já sabido que A Língua de Sinais foi abolida a partir do Congresso de Milão de 1880, e que
passou quase 100 anos resistindo ao uso da língua entre os grupos surdos de diferentes regiões do
Brasil, assim como em outros países. Depois de muitas lutas, conseguiu-se a conquista e vitória da
legislação de Libras no Brasil. Pode-se considerar que os surdos têm o seu lugar ao sol nos dias atuais,
muito se conquistou nessa caminhada da Educação de Surdos, algumas das conquistas são:
• O reconhecimento a partir dos espaços de luta;
• O espaço acadêmico;
• O direito de usar a Língua de Sinais legalmente.

Faça uma leitura na integra da LEI nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 :

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais
– Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação
e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical
própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias
de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira
de Sinais – Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das
comunidades surdas do Brasil.
Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência
à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência
auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.

50
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do
Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua
Brasileira de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a modalidade
escrita da língua portuguesa.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002;
181º da Independência e 114° da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza (BRASIL, 2002 apud COSTA, 2010, p. 44-45).

Tabela 03 – Lei de Libras


Fonte: Brasil 2002

Como você leu, são somente cinco artigos que dispõem sobre a Libras:
• O Primeiro Artigo trata do que é Libras;
• O Segundo Artigo trata sobre o dever público, empresas e serviços, de apoiar o uso
de difusão de Libras;
• O Terceiro Artigo versa sobre o apoio da saúde ao portador de deficiência auditiva;
• O Quarto Artigo versa sobre o papel da educação de incluir Libras nos cursos de
formação, como integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN;
• O Quinto Artigo trata da entrada em vigor da Lei.
O reconhecimento da Libras como língua da comunidade das pessoas surdas no Brasil,
trouxe regulamentações que procuram garantir a sua circulação no território nacional, através do
Decreto n° 5626, de 22 de dezembro de 2005.
Para Costa (2010), o Decreto de Libras mostra todos os deslocamentos subsequentes da
legitimação de Libras como língua do surdo, e da Língua Portuguesa como sua língua escrita, ou seja,
o decreto é simplesmente um olhar sobre o documento de Lei nº 10.436. Vemos no decreto a
extensão destes desdobramentos, nove capítulos distribuídos em trinta e um artigos.

51
Estudante, para você lê todo o decreto, entre neste site e faça uma leitura
para ficar ciente de tudo sobre os benefícios deste decreto para a educação do
surdo.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&a
lias=9961-decreto-5626-2005-secadi&Itemid=30192

Sobre a educação do surdo e acessibilidade da pessoa surda foram criadas outras leis, que
confirmam algumas conquistas do movimento social e político das pessoas com deficiência auditiva
e surdez.

INTÉRPRETES Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete


Lei Nº 12.319 de 1º de setembro de da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
2010

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº Tradução simultânea na Língua Brasileira de Sinais –


040/2003 Libras – na programação da TV Assembleia e dá
outras providências.
Resolução nº 4 de 2 de outubro de Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento
2009 Educacional Especializado na Educação Básica,
modalidade Educação Especial.
Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004. Dispõe sobre a utilização de recursos visuais,
destinados as pessoas com deficiência auditiva, na
veiculação de propaganda oficial.
SURDEZ – Art.4º é considerada pessoa portadora de
Decreto nº 3.298 de 20 de deficiência aquela que enquadrar nas seguintes
dezembro de 1999 categorias:
A) DE 25 A 40 DECIBÉIS (D.B) – SURDEZ LEVE;
B) DE 41 A 55 (D.B) – SURDEZ MODERADA;
C) DE 56 A 70 (D.B) – SURDEZ ACENTUADA;
D) DE 71 A 90 (D.B) – SURDEZ SEVERA;
E) DE ACIMA DE 91 (D.B) – SURDEZ PROFUNDA;
F) ACANHAIS (PROFUNDA).
TELEFONIA A concessionária deverá assegurar condições de
Decreto nº 1.592 de 15 de maio de acesso ao serviço telefônico para deficientes
1998

52
Art.6º a partir de 31 dezembro de auditivos e da fala: tornar disponível centro de
1999. atendimento para intermediação da comunicação
(1402).
LEGENDA Dispõe sobre a utilização de recursos visuais,
Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004 destinados às pessoas com deficiência auditiva, na
– veiculação de propaganda oficial.
Rio de Janeiro

Lei nº 2.089 De 29 De Setembro De Institui a obrigatoriedade de inserção, nas peças


1998 – Distrito Federal publicitárias para veicularão em emissoras de
televisão, da interpretação da mensagem em
legenda e na Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Quadro 04 – conquistas do movimento social e político
Fonte: <https://direitosdossurdos.wordpress.com/legislacao/>. (Adaptada pela autora)
Essas conquistas só tornam possível, pelo fato de que houve a sensibilização para as
questões relacionadas às pessoas surdas, com a divulgação e pressão dos movimentos sociais,
iniciativas individuais e coletivas, órgãos e entidades diversas que se mobilizam e conscientizam os
surdos e ouvintes, ou seja, toda a sociedade em favor para a visibilidade dos surdos e pela luta por
seus direitos.

Estudante, antes de começar sua leitura do próximo tópico. Dê uma pausa e


escute o podcast, porque separei um material indispensável para seu
conhecimento.

Gostou? Espero que sim! Segue sua leitura e aprendizagem desta competência
fundamental para sua formação.

3.3 A Língua de Sinais no Brasil

A base da Língua da língua brasileira de sinais – Libras foi a Língua de Sinais Francesa (LSF),
e depois de anos houve mudanças, quando o ex-aluno do instituto do Rio de Janeiro (INES), Flausino
José de Gama traduziu o dicionário Iconographia dos Sinais dos surdos-mudos, cujos desenhos foram
copiados em 1875, alterando as palavras francesas para a Língua Portuguesa. Campello e Quadros
(2010)

53
Figura 45 - Dicionário Iconographia dos Signaes
Fonte: https://www.catalogodasartes.com.br/obra/DeGcAzUU/
Audiodescrição da figura: imagem da capa do dicionário Iconographia. Fim da descrição

Documento produzido no Brasil para orientar a aprendizagem e consulta de sinais


manuais por pessoas interessadas em comunicar-se com surdos foi a "Iconografia dos Signaes dos
Surdos-Mudos" publicado em 1875, criada por iniciativa de Flausino José da Costa Gama, que fora
aluno do Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, com o apoio do diretor Dr. Tobias Leite. A publicação
desta obra daria visibilidade ao trabalho desenvolvido no instituto, pelo fato de ter como autor/
produtor um ex-aluno da escola.
A obra estruturava-se de forma semelhante a um dicionário.

Visitando este site, http://oficinadelibras.blogspot.com/2015/01/primeiro-


dicionario-de-libras.html
você estudante, poderá visualizar toda a obra de Flausino. O Primeiro livro
oficial da Língua de Sinais brasileira. Agora, me fala o que você achou desta
obra? Vamos fazer o nosso feedback desta competência. Estou aguardando
você!

A obra de Flausino contém 382 estampas, compostas por imagens referentes aos sinais
que foram selecionados para compor o léxico e, também pelos verbetes em Língua Portuguesa
correspondentes ao significado desses mesmos sinais. Na apresentação da Iconographia dos Signaes
dos Surdos-Mudos, escrito pelo próprio diretor Tobias Leite, encontramos as finalidades atribuídas a

54
sua existência; entre elas, destacamos: a intenção de "vulgarizar a linguagem dos sinais, meio
predileto dos surdos-mudos para a manifestação de seus pensamentos e mostrar o quanto deve ser
apreciado um surdo-mudo educado" Flausino era considerado um exímio repetidor, na apresentação
é declarado que ele era um hábil desenhista, e o que inviabilizava a execução de seu desejo era a falta
de recursos financeiros do Instituto, pois as despesas com o mesmo eram grandes. Tobias Leite,
comunicou o fato ao Sr. Eduard Rensburg, dono de oficina de litografia na época, o qual, após tomar
conhecimento da situação, se ofereceu para ensinar a Flausino o desenho litográfico, colocando a sua
oficina à disposição para a concretização da obra. O diretor de Flausino aceitou prontamente a
proposta, e, segundo ele, "em poucos dias saiu o livro que tenho a satisfação de apresentar a todos
os que se interessarem por essa numerosa classe de nossos compatriotas" (Leite, 1875 apud Gama,
1875).
O dicionário de Flausino da Gama é motivo de orgulho para muitos surdos brasileiros,
bem como, ouvintes envolvidos com os estudos da Língua Brasileira de Sinais (Libras), pois esse
material representa o primeiro esforço de criar uma iconografia para essa língua no país. Valorizam-
se dois aspectos: o seu pioneirismo, por ter sido desenhado em 1875 no Rio de Janeiro; e o fato de
Flausino ter sido, ele próprio, surdo autor.

ATENÇÃO! Substantivo feminino ICONOGRAFIA


1. Repertório de imagens próprias de uma obra, gênero de arte, artista ou
período artístico.
2. estudo descritivo da representação visual de símbolos e imagens, sem levar
em conta o valor estético que possam ter.
FONTE: Dicionário Definições de Oxford Languages

55
Figura 46 - Alfabeto Datilológico
Fonte: http://oficinadelibras.blogspot.com/2015/01/primeiro-dicionario-de-libras.html
Audiodescrição da figura: figura da configuração de mão da letra a até a z. Fim da descrição

A imagem acima é do alfabeto que está na obra criada por Flausino, e um fato que me
chamou à atenção foi que o primeiro livro criado para a língua de sinais inicia com a capa,
agradecimentos e o alfabeto que está descrito como “Dactylologia dos Surdos- mudos”. Traduzida
para a língua portuguesa a “Datilologia da Libras”. Seguindo a trajetória do primeiro livro traduzido
para o português, todos os demais livros sobre a Libras começa da sua introdução com o alfabeto
manual. Assim como os cursos básicos de libras espalhados por todo o Brasil.
Já é sabido por você estudante, que o alfabeto manual foi criado pelo abade Charles-
Michel de L'Épée, no século XVI. Teve sua origem aqui no Brasil no período Imperial em 1856, quando
o conde francês Ernest Huet desembarcou no Rio de Janeiro com o alfabeto manual francês e alguns
sinais. O material trazido pelo conde, que era surdo, foi adaptado e deu origem a Libras. E o INES usou
a mesma didática educacional que existia na França para os surdos na época, o instituto tinha no
princípio o objetivo de educar os surdos na educação formal e profissional para que eles tivessem
oportunidades iguais aos ouvintes. Os dialetos da língua francesa de sinais foram misturados com a
língua de sinais falados aqui no Brasil. Nessa época, foi criado o primeiro dicionário brasileiro na INES.
E possuía uma estrutura gramatical própria, sendo composta por parâmetros principais, os quais
eram:
• Configuração da (s) mão (s) (CM);
• O movimento (M) e o ponto de articulação (PA);

56
• Por parâmetros secundários, que são a disposição das mãos, a orientação das mãos
e a região de contato.

Mas a língua de sinais não ficou só aí, foram acrescentados outros parâmetros, observe:
• Configuração das mãos (CM)
É a maneira que o interlocutor posicionará sua mão para executar o sinal. Essa
configuração pode ser baseada no alfabeto datilológico ou não.

Figura 48 - Configurações de Mãos,


com 61 CMs Figura 49 - Configurações de Mãos,
Fonte: com 64 CMs
Figura 47 - Configuração de Mão 46
http://tics.ifsul.edu.br/matriz/conteu Fonte:
CMs
do/disciplinas/libra/ud/1/4.html http://tics.ifsul.edu.br/matriz/conteu
Fonte:
Audiodescrição da figura: figura com do/disciplinas/libra/ud/1/4.html
http://tics.ifsul.edu.br/matriz/conteu
configuração de mãos numeradas de Audiodescrição da figura: figura de
do/disciplinas/libra/ud/1/4.html
1 até a 61. Fim da descrição um quadro com configurações de
Audiodescrição da figura: figura de
um quadro numerado de 1 até 19 as mãos numeradas de 1 até 64. Fim da
configurações de mão. Fim da descrição
descrição
A LSB, uma empresa
especializada em materiais A Linguista Tanya Felipe
De acordo com Ferreira-Brito
relacionados com a Libras, acrescentou 3 MCs.
atualizou para 61 CMs.

• Pontos de articulação (PA)


Ponto onde se inicia a execução do sinal. Pode ser em alguma parte do rosto ou do corpo,
ou no ar em alguma altura especifica.

57
Figura 50 – Pontos de Articulação
Fonte: http://librasitz.blogspot.com/2010/07/os-cinco-parametros.html
Audiodescrição da figura: um quadro mostrando um corpo e mãos sinalizando os sinais de pensar, aprender, trabalhar
e brincar. Fim da descrição

• Movimento (M)
O que se faz com as mãos durante a execução do sinal desde o ponto de articulação até
o fim da execução.
Tipos de Movimento: Os tipos representados abaixo associados ao movimento da mão ou
mãos e/ou ao movimento de dedos, gera uma série de sinais.

Figura 51 – Movimento
Fonte: http://librasitz.blogspot.com/2010/07/os-cinco-parametros.html
Audiodescrição da figura: figura de seis bonecos cada um sinalizando com as mãos os sinais de rir, chorar,
conhecer, ajoelhar, em pé e sentar. Fim da descrição

• Orientação (O)
Para que lado se executa o sinal (cima, baixo, direita, esquerda, etc).

58
Figura 52 – Orientação
Fonte: http://librasitz.blogspot.com/2010/07/os-cinco-parametros.html
Audiodescrição da figura: quadro com oito bonecos, cada um sinalizando um sinal diferente. Fim da descrição

• Expressão corporal e facial


Essas expressões têm que se aplicar ao que se diz. Exemplo: Não se deve fazer o sinal que
transmite a ideia de feliz com o rosto triste ou vice e versa.

Figura 53 – Expressão Facial


Fonte: http://librasitz.blogspot.com/2010/07/os-cinco-parametros.html
Audiodescrição da figura: quadro com figura de seis bonecos sinalizando e dois rostos fazendo expressões faciais. Fim
da descrição

Desmistificando a datilologia:
O Alfabeto manual, utilizado para soletrar manualmente as palavras (também referido
como soletramento digital ou datilológica), é apenas um recurso utilizado por falantes da língua de
sinais. Não é uma língua, e sim um código de representação das letras alfabéticas.

59
Figura 54 – Alfabeto Manual LSF e LIBRAS
Fonte: http://www.brasilazur.com/2012/09/lingua-brasileira-de-sinais-e-lingua-de-sinais-francesa-uma-relacao-
historica-linguistica-e-cultural/
Audiodescrição da figura: dois quadros com cores verde e azul, cada um com o alfabeto: o verde com o alfabeto LSF e
o azul com o alfabeto em Libras. Fim da descrição.

O alfabeto manual era usado para dialogar com os surdos e alfabetizá-los por Pedro Ponce
de Leon, que desenvolveu suas metodologias utilizando a datilologia com as letras do alfabeto, de
forma escrita e oral. Na sequência, vieram os sinais que são formados a partir da combinação do
movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo esse lugar
ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo.
A Língua de Sinais não é formada da tradução de letra por letra, e sim, constituída
por sinais que correspondem a objetos, pronomes, verbos, substantivos etc. Nunca
devemos nos comunicar traduzindo as letras de cada palavra, HONORA (2014, P.74)

60
O que é o alfabeto manual ?
É um recurso das línguas de sinais que utiliza as mãos para representar o
alfabeto das línguas orais. Cada letra ou número são representadas por
configurações de mão específicas. O Alfabeto Manual também é conhecido
como Alfabeto Digital, Datilologia ou Dactilologia.

Qual a função do alfabeto manual?


A principal função do alfabeto manual é auxiliar na intercomunicação entre
duas línguas diferentes, a oral e a de sinais, a fim de superar a barreira na
comunicação, portanto é uma ferramenta muito útil no aprendizado das línguas
de sinais;

Quando usamos o alfabeto manual?


Para pergunta ou resposta de nomes próprios, marcas e termos que não possui
sinal próprio, para sinais desconhecidos, para explicar como a palavra é escrita;
Empréstimo línguistico da Libras. Ex: CPU, USB...

Quadro 07 – Alfabeto manual, perguntas (Adaptada pela autora).


Fonte:https://www.libras.com.br/alfabetomanual#:~:text=O%20alfabeto%20manual%20%C3%A9%20um,empr%C3%A9
stimo%20lingu%C3%ADstico%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa.

Os surdos do mundo todo lutaram por uma comunicação visuoespacial, e um dos


resultados dessa luta é a língua de sinais, que em nosso país denomina-se Libras. A Lei Federal nº
10.436, aprovada em 24 de abril de 2002, já mencionada aqui, reconhece a Libras como língua oficial
das comunidades surdas. Não só a Libras, mas também outros recursos de expressão a ela associados,
foram reconhecidos nesse mesmo momento. Este marco legal trouxe várias conquistas, entre elas as
diretrizes e obrigatoriedades para os diversos espaços sociais, educacionais, entre outros. Os surdos
passaram a ter seus direitos preservados no âmbito educacional, sendo eles municipal, estadual e
federal e, dessa forma, as instituições começaram a contratar intérpretes, professores e instrutores
de Libras. E hoje, existe um grande número de alunos surdos matriculados nessas redes educacionais.
Graças a profissionais surdos e ouvintes, que apoiam as causas em favor dos surdos, foi possível a
melhoria na educação das crianças surdas em trajetórias que conduziram, inclusive, à educação
superior. No entanto, até que as conquistas hoje vivenciadas se consolidaram no país, houve uma
caminhada histórica, plena de desafios já apresentada a você, na primeira competência.

61
Estudante, para complementar seu estudo sobre a Língua Brasileira de Sinais-
Libras. Convido você para assistir a videoaula, preparei um conteúdo para você
aprender e sanar muitas dúvidas. Aperte o play e vem aprender mais sobre a
Libras.

62
UNIDADE 04 | COMPREENDER A HISTÓRIA CULTURAL DOS SURDOS:
RESISTÊNCIA E EMPODERAMENTO
Estudante, antes de apresentar a história cultural do surdo, chamo sua atenção para duas
nomenclaturas: “Povo Surdo” e também “Comunidade Surda”. Vou apresentar a explicação, o que
diferencia cada um de acordo com a Karin Strobel ( 2009):
“Povo Surdo” - é o grupo de sujeitos surdos que têm costumes, história, tradições em
comuns e pertencentes às mesmas peculiaridades, ou seja, constrói sua concepção de mundo através
da visão;
“Comunidade Surda “- não é constituída apenas por surdos, já que tem sujeitos ouvintes
como integrantes na família, intérpretes, professores, amigos e outros que participam e
compartilham dos mesmos interesses em comum, numa determinada localização que pode ser nas
associações de surdos, federações de surdos, igrejas e outros.
Importante a compreensão da diferença do povo surdo e comunidade surda para facilitar seu
entendimento nesta competência. Então, siga firme na leitura!

4.1 Histórico Cultural do Surdos

A história cultural é uma nova interpretação de caminhos percorridos, agora com respeito
para com o povo surdo, vislumbrando a sua cultura, valores, hábitos, leis, língua de sinais, bem como
a política que movimenta tais questões, e não mais a excessiva valorização da história registrada sob
as visões do colonizador, a história cultural dá lugar ao sujeito como instrumento histórico no sentido
e no significado. A cultura surda demonstra o modo de vida das pessoas surdas, sua diferente forma
de se comunicar através da linguagem, características e formas de expressão.
A tabela abaixo mostra como são as representações dos surdos em diferentes olhares.

63
HISTORICISMO HISTÓRIA CRÍTICA HISTÓRIA CULTURAL
Os surdos narrados como Os surdos narrados como Os surdos narrados como
deficientes e patológicos. “coitadinhos” que sujeitos com experiências
precisam de ajuda para se visuais.
Os surdos são promoverem, se integrar.
categorizados em graus de As identidades surdas são
surdez. Os surdos têm capacidade, múltiplas e multifacetadas.
mas dependentes.
A educação deve ter um A educação de surdos
caráter clínico terapêutico A educação como deve ter respeito à
e de reabilitação. caridade, surdos diferença cultural.
“precisam” de ajuda para
A língua de sinais é apoio escolar, porque têm A língua de sinais é a
prejudicial aos surdos. dificuldades de manifestação da diferença
acompanhar. linguística-cultural
relativa aos surdos.
A língua de sinais é usada
como apoio ou recurso.
Quadro 04 - Representações dos surdos em diferentes olhares
Fontes: Formação de agentes multiplicadores Libras em Contexto, em MEC/Feneis (STROBEL, 2009, p. 22-29).

Para acréscimo de seu conhecimento, apresento a história na visão das diferentes


culturas dos povos surdos:
• O que seria o historicismo;
• História cultural;
• A história na visão crítica.

64
O historicismo é a doutrina segundo a qual cada período
Historicismo / História da história tem crenças e valores únicos, devendo cada
hegemonia fenômeno ser entendido através do seu contexto
histórico; no caso de história de surdos é a valorização
excessiva da história do colonizador, (do ouvinte). Em
Estudos Surdos, segundo a PERLIN (2003).

Quadro - 08 Historicismos
Fonte: PERLIN, 2003 (adaptado pela autora).

Os surdos definem de historicismo como a história concebida na visão do colonizador,


isto é, do ouvintismo. Exemplo do que poderia ser o historicismo de hoje, na visão do povo surdo e
da comunidade surda:
Entrega aos especialistas uma criança surda saudável, mas que se torna uma criança
deficiente, ao ser avaliada, que agora, é rotulada com um modelo de enfermidade baseado no grau
de surdez e a partir daí os especialistas preocupam-se em minimizar a educação destinada aos
considerados normais, e acreditando que, dessa forma, estão usando de tempo em oferecer
tratamento clínico-terapêutico para cura desta enfermidade. PERLIN (2003).

Então, estudante, quero saber sua opinião a respeito dessa definição da autora.
Vá ao fórum para fazermos um feedback. Agora, dê uma pausa na leitura
rapidinho, estou lhe esperando!

A História Cultural reflete os movimentos mundiais de surdos


procurando não ter uma tendência em priorizar apenas os fatos
vivenciados pelos educadores ouvintes, tornando-se uma história
das instituições escolares e das metodologias ouvintistas de
História cultural ensino e sim procurar levar através de relatos, depoimentos,
fatos vivenciados e observações de povo surdo, misturando-se
em um emaranhado de acontecimentos e ações, levadas a cabo
por associações, federações, escolas e movimentos de surdos que
são desconhecidas pela grande maioria das pessoas. PERLIN
(2003).

65
Quadro 09 – História Cultural
Fonte: PERLIN (2003). Adaptado pela autora.

Aspectos que se referem à história cultural de hoje:

Piadas e contação de
histórias;

Comportamentos; Artes surdas;

Teatro com expressão


visual e corporal.

Quadro 10 – Aspectos que se referem à história cultural


Fonte: PERLIN (2003). Adaptado pela autora.

Pedagogia surda:
A palavra pedagogia surgiu na Grécia e seu significado é “Condutor de Crianças”, aquele
que ajuda a conduzir o ensino da criança. A ciência de estudos que visa à prática educacional e social
ligando todos os seres humanos de forma geral na educação. A partir da pedagogia tradicional e geral,
surgiram outras, e uma delas foi a pedagogia surda. A pesquisadora Gladis Perlin, é uma das mentoras
desta pedagogia direcionadas aos surdos. E a mesma, considera essa pedagogia nos dias atuais da
seguinte forma:
[...] uma ruptura no universo teórico da educação que detém o modelo ouvinte. A
transgressão pedagógica que realizamos não nos apavora, mas nos identifica e nos
dá a sensação de que é isso que queremos. De fato, alguns aspectos cambiantes
fazem desaparecer a pedagogia ouvinte de tal forma presente nos discursos
narrativos fruto de agências coloniais. Perlin (2006, p. 5)

Portanto, o objetivo da pedagogia surda é de traçar novos horizontes na educação dos


surdos, visto que o sujeito surdo apresenta as especificidades diferentes dos ouvintes. Considerando

66
todos os aspectos e valorizando o saber surdo na arte, na história de vida, na comunidade surda, na
cultura, sua identidade e, consequentemente a língua de sinais.
Artefatos Tecnológicos:

CLOSED CAPTION

DESPERTADORES VIBRADORES

BABÁ SINALIZADORES

CAMPAINHAS COM LUZ

CELULARES COM TORPEDOS

Qaudro 11- Artefatos Tecnológicos


Fonte: Perlin (2006, p. 5). Adaptada pela autora

Esses artefatos são recursos de auxílio à pessoa surda e estão denominados a Tecnologia
Assistiva – TA, um termo utilizado para identificar recursos e serviços que contribuem para ampliar
habilidades das pessoas, promovendo uma vida independente e inclusiva. Bersch e Tonolli (2006),
ressalta que os recursos de tecnologia assistiva são organizados ou classificados de acordo com
objetivos funcionais a que se destinam.

Pode acontecer de o historicismo e história cultural que se misturam e usam


o jogo de camuflagem que aqui indica como espaço diante dos olhos como
incompleto, como fragmento, corte, máscara, escudo, representação ou
fingimento. O uso dessa “máscara “pode ser consciente ou não, que pode
até estar banhado de dúvidas ou dificuldades de aceitação e lutam contra
ela, acreditando que esta intenção é sincera, sendo assim que acham mais
História na visão fácil ignorar do que a ter que conviver com as verdades que por vezes
crítica podem ser dolorosas ou medo de se expressar num grupo que luta contra
as práticas ouvintistas e não quer “enxergar” o outro lado da história. Mas
devesse ter sido visto abertamente de outro modo, de outro ângulo algo
escaparam ao alcance dos seus olhos e não perceberam.
https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/hi
storiaDaEducacaoDeSurdos/scos/cap14134/1.html

67
Quadro 12 – História na visão crítica
Fonte:
https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEducacaoDeSurdos/scos/cap14134/
1.html

Exemplos de prática da história crítica de hoje:

Bilinguismo
Mascarado

Respeito de Cultura Relação de Poder:


Surda? Ouvintes X Surdos

Quadro 13 – Exemplos de prática da história crítica


Fonte: Criação da autora

• Bilinguismo Mascarado – geralmente, finge que é feito trabalhos bilíngues nas


escolas para surdos, mas é só uma máscara que não mostra o trabalho real, usam a
língua oral como primeira língua e língua de sinais como um simples apoio.
• Respeito de cultura surda? - Infelizmente, ainda existem casos em que os ouvintes
forçam os surdos a expor-se em corais de sinais, como marionetes manipulados por
eles.
• Relação de Poder: Ouvintes X Surdos - escolas que não dão cargos importantes aos
professores surdos, como por exemplo a coordenação, a direção, ou até mesmo seu
professor regente da sala de aula, por acharem que o surdo não tem capacidade.
A realidade do surdo no mundo ouvinte nunca foi fácil, conforme você estudou até aqui,
isso, porque envolve muitas questões culturais, políticas e sociais. Com o passar do tempo, os surdos
formam uma grande comunidade (Segundo censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, 9,8 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, o que
representa 5,2% da população brasileira. Deste total, 2,6 milhões são surdos e 7,2 milhões
apresentam grande dificuldade para ouvir) com cultura própria e sob o escopo do bilinguismo, com

68
língua própria, porém, a Formação Educacional de Surdos no Brasil (tema da redação do ENEM 2017)
não depende apenas do reconhecimento da Libras como língua.

Caro, estudante, peço que antes de passar para o próximo tópico desta
unidade do seu e-book. Pausa para ouvir o podcast.

4.2 Pessoas Surda no Mundo Ouvinte

O surdo por muito tempo foi inferiorizado pelo fato de não se expressar através da língua
oral como o ouvinte, usava sua língua materna, mas, pelo fato de ela não ser considerada língua e
sim gestos, sofreu com a descriminação. Porém, atualmente e tardiamente ver-se sua Língua ser
reconhecida como meio legal e adquirido de comunicação, e podendo assegurar de todos os seus
direitos como um cidadão, e principalmente o direito de ter uma educação bilíngue, em que se
priorize sua Língua.
Separei três pessoas surdas que tiveram destaques no mundo ouvinte, e tornaram-se
referência de resistência e empoderamento.

Figura 55 – Deonísio Schmitt


Fonte: https://www.audioclean.com.br/noticias/professor-da-udesc-e-o-primeiro-surdo-do-brasil-a-alcancar-titulo-de-
doutor-em-linguistica
Audiodescrição da figura: imagem de um homem de óculos vestindo uma camisa laranja de listras pretas. Fim da
descrição

Deonísio Schmitt é o primeiro surdo do Brasil a alcançar o título de doutor em Linguística.


Nasceu surdo, e por volta dos sete anos, sua mãe descobriu sua deficiência auditiva. Mas isso, não foi
motivo para desestímulo, muito pelo contrário, ele foi matriculado em uma escola regular e no contra

69
turno frequentava a Fundação Catarinense de Educação Especial, onde tinha aulas de fonoaudiologia
e era estimulado a praticar a oralidade. Três, dos quatro irmãos dele, tem graduação. Todos ouvem
perfeitamente, mas ele é o único doutor da família.
Especializações: prática interdisciplinar, em educação infantil e séries iniciais, e educação
de surdos – aspectos culturais, políticos e educacionais. É coautor do Caderno Pedagógico de Língua
Brasileira de Sinais para educação a distância da Udesc e do Caderno Introdução à Língua Brasileira
de Sinais na modalidade a distância da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Membro da
diretoria do escritório regional da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis)
no período de 2003 a 2007.

“Fui incluído numa turma de alunos ouvintes e


só consegui adquirir conhecimento através da
leitura labial”. Schmitt

Apresento uma pessoa surda que teve oportunidades no mundo ouvinte, e hoje tem sua
vida como um marco da superação na comunidade surda americana.

Figura 56 – Louis Marie


Fonte: https://pt.findagrave.com/memorial/10984120/laurent-marie-clerc
Audiodescrição da figura: figura de um quadro com a imagem de um homem de cabelos brancos, vestindo um terno
preto com camisa branca. Fim da descrição.

70
Louis Marie Laurent Clerc, nasceu em 1785 foi chamado de "O apóstolo do surdo na
América "por gerações de americanos surdos. Ele foi ensinado por Abbe Sicard, na famosa escola
para Surdos, em Paris, instituição Nationale des Sourds-Muets.
Quando Clerc tinha um ano de idade, caiu de uma cadeira para a lareira, sofrendo um
golpe na cabeça, a família acreditava que sua surdez e incapacidade de cheiro foram causados por
este acidente, mas ele mais tarde escreveu que não era certo e que pode ter nascido surdo e sem a
capacidade de cheiro ou sabor. Clerc se tornou a pessoa mais famosa surda na história americana.
Participou da escola para surdos em Paris e foi ensinado por Abbe Sicard. Em 1815, tornou-se
professor da instituição que foi um dia aluno. Viajou para a Inglaterra para dar uma palestra e lá
conheceu Thomas Hopkins Gallaudet, em 1816, ele convidou Clerc para acompanhá-lo aos Estados
Unidos para estabelecer a primeira escola permanente de Surdos (Escola Americana para Surdos),
em Hartford, CT. (Recorte, do jornaldosurdo.comunidades).
Antes de seguir a leitura do e-book. Reflita com uma linda citação para lhe motivar a
participar no próximo fórum:

"Todo homem decente, e todo verdadeiro cavalheiro em


particular, deve aplicar-se, acima de todas as coisas, para o
estudo de sua língua nativa, de modo a expressar suas
ideias com facilidade e graça." - Laurent Clerc, 1864

ATENÇÃO! Esperando você no fórum!


Estudante, chamo você para uma leitura emocionante! Isso mesmo! Acesse o
site abaixo e faça a leitura do tópico: Informações Biográficas de Domínio
Público. O material que é citado diretamente a partir de um livro de domínio
público (e não deve ser editado): "Homenagem a Gallaudet", publicado em
1854, páginas 102-112
http://jornaldosurdo.comunidades.net/laurent-clerc

71
Figura 57 - Emmanuelle Laborit
Fonte: https://www.libras.com.br/surdos-famosos-emanuelle-laborit
Audiodescrição da figura: imagem de uma mulher de cabelos curtos, vestindo camisa de malha na cor laranja. Fim da
descrição.

Essa escritora surda está entre as autoras mais lidas pela comunidade surda brasileira e
internacional. Além de sua atuação no campo da escrita, Laborit é conhecida por seu trabalho como
atriz e diretora do Teatro Visual Internacional.

Figura 58 – O grito da gaivota


Fonte: https://blog.signumweb.com.br/resenhas/livro-surdez-o-grito-da-gaivota/
Audiodescrição da figura: quadro mostrando capa de um livro, o grito da gaivota com alguns nomes escritos na
imagem. Fim da descrição

Seu livro mais conhecido é “O Grito da Gaivota”. Trata-se de uma autobiografia que foi
publicada em 1993. Nesse livro, a autora revela lembranças de sua infância, adolescência e vida

72
adulta, relatando as dificuldades que enfrentou no cotidiano pelo fato de ser surda. Trata-se de uma
obra “obrigatória” para quem deseja superar os desafios da surdez ou conhecer melhor a realidade
de uma pessoa que apresenta deficiência auditiva.

4.3 Conquistas Marcantes para o Povo Surdo e a Comunidade Surda

Pode-se dizer sem medo, que a Libras é o artefato cultural mais importante dos surdos.
Por isso, o ensino da língua de sinais, ou de qualquer língua materna é fator determinante para o
desenvolvimento de uma pessoa. É por meio da língua que exercemos a nossa cidadania e nos
identificamos dentro de uma sociedade, por isso, a aquisição da língua, faz-se necessário, e se desde
a infância a criança surda tiver o contato com a sua língua materna, é possível torna-se um adulto
com maior segurança, autoestima e uma identidade sadia. Por isso, a libras tornou-se, além do
artefato mais importante, a conquista mais marcante para toda a comunidade surda.
E na sequência das conquistas, você tem um palpite, estudante? Se sua resposta foi o
profissional Tradutor Intérprete de Libras. PARABÉNS! Você acertou! Pois, como consequência de
muita luta da comunidade surda, a libras foi reconhecida como língua em nosso país e esse
reconhecimento legal, veio acompanhado da garantia de outros direitos, dentre eles, o de que os
surdos tenham o acompanhamento de um Tradutor Intérprete de Línguas de Sinais (TILS) em
diferentes situações, principalmente, na educação. Conforme está regido na lei nº 12319 de 1° de
setembro de 2010:
Interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades
didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis
fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos
curriculares; (Art. 6° II , Lei 12319)

73
Figura 59 - Profissional Intérprete de Libras
Fonte: https://www.handtalk.me/br/wp-content/uploads/sites/8/2020/06/098-capa_blog_interprete.png
Audiodescrição da figura: figura de um boneco com roupa de cor azul e cabelos pretos sinalizando com as mãos, fundo
da imagem cor laranja e ao lado direito, a imagem da acessibilidade em libras. Fim da descrição.

O profissional intérprete de libras tem o dever de conhecer com profundidade,


cientificidade e criticidade sua profissão, como também a área na qual irá atuar, é necessário
entender as implicações da surdez e das pessoas surdas, ser dominante na Libras, e também
conhecer os diversos ambientes de sua atuação , a fim de que , de posse desses conhecimentos, seja
capaz de atuar de maneira adequada e com profissionalismo em cada uma das situações que
envolvem a tradução, a interpretação dentro da ética profissional.
Estudante, você já sabe que o bilinguismo faz parte da filosofia da educação do surdo, e
que essa é uma das conquistas que está em processo crescente, por ser a forma de ensino com a qual
o surdo pode assumir sua identidade e comunicar-se com os ouvintes e outros surdos por meio da
sua língua materna.
De acordo com o Relatório do Grupo de Trabalho, designado pelas Portarias nº
1.060/2013 e nº 91/2013, contendo subsídios para a Política Linguística de Educação Bilíngue – Língua
Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. No Brasil, 4,6 milhões possuem deficiência auditiva e 1,1
milhão são surdas, totalizando aproximadamente 5,7 milhões de pessoas.
No Censo do IBGE, foram utilizadas três categorias para este levantamento populacional:
⮚ “Não consegue de modo algum” (supostamente, ouvir e escutar);
⮚ “Grande dificuldade”

74
⮚ “Alguma dificuldade”

Segundo o Censo Escolar (INEP, 2012), o total de alunos surdos na Educação Básica é de
74.547, os dados indicam a fragilidade da oferta e, consequentemente, da matrícula na:
● educação infantil (4.485); a dificuldade de acesso à educação profissional (370)
● ensino fundamental (51.330);
● ensino médio (8.751);
● EJA (9.611). crescente evolução
De acordo com o Censo da Educação Superior (INEP, 2011), há um total de 5.660 estudantes
matriculados em cursos superiores, sendo 1.582 surdos, 4.078 com deficiência auditiva e
148 com surdocegueira.

https://www.handtalk.me/br/wp-content/uploads/sites/8/2020/06/098-
capa_blog_interprete.png
Quadro 05
Fonte: adaptada pela autora.

Recentemente, O presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 14.191 de 2021, que insere a
Educação Bilíngue de Surdos na Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei
9.394, de 1996) como uma modalidade de ensino independente — antes incluída como parte da
educação especial. Entende-se como educação bilíngue aquela que tem a língua brasileira de sinais
(Libras) como primeira língua e o português escrito como segunda. Fonte: Agência Senado
Foi publicado que a Educação bilíngue de surdos se torna modalidade de ensino
independente. O Projeto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro estabelece a Língua Brasileira de
Sinais (Libras) como primeira língua e o Português escrito como segunda. Com a sanção, ficam
incluídos novos itens na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), como o estímulo à
produção de material didático bilíngue, à formação de professores, ao currículo de Libras como
primeira língua e de Português escrito como segunda língua, bem a priorização da atenção às
questões linguísticas, indenitárias e culturais no contexto educacional do estudante surdo.
XIV - respeito à diversidade humana, à linguística, à cultural e identitária das pessoas
surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva.
(Incluído pela Lei nº 14.191, de 20

75
Atualmente, há 64 escolas bilíngues de surdos com 63.106 alunos
surdos, surdo-cegos e com deficiência auditiva, de acordo com dados
de 2020 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep).
Fonte:https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-
planalto/noticias/2021/08/educacao-bilingue-de-surdos-se-torna-
modalidade-de-ensino-
independente#:~:text=Atualmente%2C%20h%C3%A1%2064%20escola
s%20bil%C3%ADngues,Educacionais%20An%C3%ADsio%20Teixeira%2
0(Inep)
Quadro 3
Fonte: Adaptada pela autora.

Fala para mim, estudante, como está a leitura? Gostando? Se sim, é sinal que
você está absorvendo todas as informações que seu e-book está lhe
disponibilizando para enriquecimento da sua aprendizagem. Agora, você vai
saber tudo sobre o primeiro curso oferecido para agentes multiplicadores da
Libras no Brasil.

O Primeiro curso de Libras para instrutores surdos habilitando-os para o ensino de Libras
aconteceu no ano de 2001, com o nome: Libras em Contexto, foi organizado pela professora doutora
Tanya Felipe e pela equipe de instrutores da FENEIS. Segundo Felipe (2007), esses primeiros surdos
cursistas foram chamados de agentes multiplicadores, pois tinham como tarefa capacitar novos
instrutores para o ensino da Língua de sinais em seus estados de origem. Para justificar a atuação do
instrutor surdo, o programa garantiu sua presença determinando institucionalmente que os surdos,
embora sem titulação acadêmica para o ensino de línguas, eram proficientes na língua brasileira de
sinais. Assim, o MEC/SEESP, em parceria com a FENEIS se propôs a realizar cursos para instrutores
surdos.

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Figura 60 – Libras em contexto
Fonte:https://biblioteca.ifrj.edu.br/cgi-bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=10407&shelfbrowse_itemnumber=16552
Audiodescrição da figura: figura de uma apostila na cor verde com um CD - ROM ao seu lado esquerdo. Fim da
descrição

Strobel (2009) esclarece que o curso consistia em um treinamento para a aplicação do


livro "Libras em Contexto", de autoria de Tanya Amara Felipe e Myrna Salermo. O conteúdo constou
de estudo sobre a educação de surdos, gramática da língua de sinais e metodologia do ensino de
línguas com duração de 40 horas.

Presente! Isso mesmo, estudante, esse livro é um presente para você. Ele vai
auxiliar muito no seu curso e em toda sua carreira nesta profissão. Então, baixe
esse material e deixa guardadinho para usar sempre que precisar!
http://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras-
contexto-estudante.pdf

E o primeiro curso de Letras Libras foi ofertado pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) no ano de 2006, foi aprovado em 2005 e ofertado na modalidade a distância com o
apoio do Ministério da Educação. A proposta foi registrada, posteriormente, no livro “Letras Libras
ontem, hoje e amanhã”, o curso foi organizado pela autora Quadros, com o objetivo de trazer
elementos sobre a constituição do Curso de Letras Libras. Os cursos ofertados pela UFSC,
Compreendem a licenciatura para formar professores de Libras e o bacharelado para
formar tradutores e intérpretes de Libras e Português. É uma ação da Universidade
Federal de Santa Catarina juntamente com instituições conveniadas e com o
Ministério da Educação (MEC) – Governo Federal. Foi oferecido na modalidade a
distância com o objetivo de democratizar esse processo de formação com
abrangência nacional, envolvendo 15 estados do Brasil. Diferentes regiões tiveram a

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oportunidade de formar professores de língua de sinais na perspectiva dos próprios
surdos, bem como formar tradutores e intérpretes preparados para fazerem
tradução e interpretações de Libras e Português em uma perspectiva cultural
(QUADROS, 2014, p. 5).

Com isso, a titulação da primeira turma da UFSC ocorreu em 2010 e da segunda, em 2012,
com alunos originários de 16 estados brasileiros. “O Curso formou um total de 389 alunos licenciados
em 2010, 312 bacharéis e 378 licenciados em 2012” (QUADROS, 2014, p. 10). Veja a publicação EAD:

Figura 61 – Apresentação da Faculdade em libras


Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/1584601/ Figura 62 - Histórico do curso 2005
Audiodescrição da figura: homem em uma tela Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/1584601/
sinalizando. Fim da descrição Audiodescrição da figura: imagem do Histórico do
curso de libras. Fim da descrição
Quadro 06- CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS LIBRAS – UFSC
Fonte: adaptada pela autora).

Por muitas conquistas alcançadas pela comunidade surda, e muitas delas ter acontecido
no mês de setembro, tais como:
• Data de fundação do INES, em 1857 com o nome de Imperial Instituto dos Surdos-
Mudos.
• Dia Internacional das Línguas de Sinais: celebrado no dia 23 de setembro, por
determinação das Nações Unidas
• 23 de setembro de 1951, foi fundada a Federação Mundial dos Surdos.
• Dia do Tradutor: celebrado no dia 30 de setembro, essa data é muito
• comemorada na comunidade surda em homenagem ao tradutor de Libras.
Por tantos motivos para agradecer pelas vitórias já alcançadas até aqui, que a comunidade
surda tem como a data comemorativa no Brasil em homenagem aos surdos, celebrada no dia 26 de

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setembro — Dia Nacional do Surdo. Sua criação levou em consideração o mês de setembro, sendo
um marco na história do surdo.

Figura 62 – setembro Azul


Fonte:https://www.ufsm.br/unidades-universitarias/ce/2020/09/02/setembro-azul-o-mes-da-visibilidade-da-
comunidade-surda
Audiodescrição da figura: quadro com sinal de acessibilidade e frase sobre o setembro azul. Fim da descrição

A razão do azul ser a cor-símbolo, tem raiz em um passado triste, já que vem da Segunda
Guerra Mundial, quando eram amarradas fitas azuis em pessoas com deficiência para diferenciá-las
das demais. São várias as datas voltadas às histórias de resistência da comunidade surda ao longo de
setembro.
Apesar de ser um dia de alegria, os surdos trazem a lembrança das lutas vivenciadas nesse
mês e a mais triste de todas é no dia 6/09 e 11/09, lembram o Congresso de Milão de 1880, no qual
foi proibido o uso das Línguas de Sinais na educação dos surdos.

Estudante, para complementar seu estudo sobre a Língua Brasileira de Sinais-


Libras. Convido você para assistir a videoaula, preparei um conteúdo para você
aprender e sanar muitas dúvidas. Aperte o play e vem aprender mais sobre a
Libras.

Finalizo seu ebook com um desejo no coração: que eventos como esse do Congresso, não
venham mais a acontecer com nenhum dos povos!
"Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceito a pessoa. Quando eu rejeito a
língua, eu rejeitei a pessoa, porque a língua é parte de nós mesmos. Quando eu

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aceito a língua de sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que
o surdo tem o direito de ser surdo. Nós não devemos mudá-los, devemos ensiná-los,
ajudá-los, mas temos que permitir-lhes ser surdo ." Terje Basilier

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CONCLUSÃO
Chegamos ao final do E-book da primeira disciplina deste módulo e a intenção dela foi
alcançada. Seu estudo sobre a história da educação do surdo, porque aqui, você aprendeu como
aconteceu a trajetória de vida e todo o percurso que o surdo fez até chegar aos dias atuais.
Foi importante toda sua vivência no processo deste estudo, com os conteúdos que foram
além do seu ebook, os fóruns , os podcast e as videoaulas. Desde os importantes registros até a
pesquisa teórica, mostraram o sofrimento que os surdos passaram na idade média, nas primeiras
civilizações até terem o direito de acesso à escola quando surgiu o pai do surdo Charles-Michel de
l'Épée.
Um destaque nas aprendizagens, para a filosofia da educação do surdo, no qual, foi
mostrado o sofrimento do oralismo com a proibição do uso das línguas de sinais em todo o mundo e
as atrocidades que enfrentaram até conseguir seus direitos garantidos por leis. Por isso, comecei de
forma pertinente a introdução do seu Ebook, mostrando um professor surdo, nos nossos dias atuais,
sendo reconhecido nacionalmente pela sua capacidade de exercer a profissão que escolheu.
Finalizei apresentando a data comemorativa pelas conquistas alcançadas até hoje, mas é
sabido por mim e por você, que tem muita coisa para conquistar na educação do surdo. Esforcei-me
para trazer um conteúdo que enriquecesse seu aprendizado e acredito que foi proveitoso, tudo que
você estudou.
Deixo aqui, uma mensagem final para sua reflexão:

SURDEZ DE ALMA
Ninguém sabe o que se passa dentro de um coração sem antes ouvir, sentir e ver os
apelos da alma. A compaixão vai além dos atos e abraços... A compaixão inclina-se
sobre o coração para absorver de suas batidas descompassadas a essência dos
sentimentos velados pela surdez de alma... (Márcia Kraemer)

Abraços virtuais, querido estudante, e não esqueça! Vamos nos encontrar nas próximas
disciplinas. Eu creio!

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REFERÊNCIAS

NASCIMENTO, Lilian Cristine Ribeiro: Um pouco mais da história da educação dos surdos, segundo
Ferdinand Berthier. In: ETD – Educação Temática Digital 7 (2006), 2, pp. 255-265. URN: Disponível em:
<http://nbnresolving. de/urn:nbn:de:0168-ssoar-101756>.

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STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: UFSC, 2009

VELOSO, Éden; FILHO, Valdeci Maia. Aprenda a Libras com eficiência e rapidez. Editora - Mãos Sinais.
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desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez I. 5a.. ed. São Paulo: Ciranda Cultural
Editora e Distribuidora LTDA, 2009. v. 1. 352p .

GUARINELLO, Ana Cristina. O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus, 2007.

GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista.


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PERLIN, Gládis; STROBEL, Karin. Fundamentos da educação de surdos. 2008.

LUCHESE, Anderson. Formaçao docente apara atuação com estudantes surdos. 2016. 156 f.
(Dissertaçao de Mestrado) Universidade Comunitaria da Regiao de Chapeco – UNOCHAPECO,
Chapeco, 2016.

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CAMPELLO, Ana Regina e Souza; QUADROS, Ronice Muller. LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais: curso
de licenciatura em matemática na modalidade a distância. Florianópolis: UFSC, 2010.

DORZIAT, Ana. Metodologias especificas ao ensino de surdos: análise crítica. Disponível em:
<http://www.ines.org.br/ines_livros/13/13_PRINCIPAL.HTM

ROCHA, Solange Maria da. O INES e a educação de surdos no Brasil: aspectos da trajetória do
Instituto Nacional de Educação de Surdos em seu percurso de 150 anos. Rio de Janeiro: INES, 2008.

GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. São


Paulo: Plexus, 1997.

GOLDFELD, Marcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. 2.


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82
PERLIN, Gladis Teresinha Taschetto; STROBEL, Karin. Fundamentos da educação de surdos.
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FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. Que educação nós surdo
queremos (1999).

FESTA, Vidal Soares Priscila; OLIVEIRA, Cristine Daine de. (2012). Bilinguismo e surdez: conhecendo
essa abordagem no Brasil e em outros países. Disponível em:
<http://www.opet.com.br/faculdade/revista-pedagogia/pdf/n4/ARTIGOPRISCILA.pdf>.

HONORA, Márcia. Inclusão educacional de alunos com surdez: concepção e alfabetização. São Paulo:
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MARCHESI, A. Comunicação, linguagem e pensamento das crianças surdas. Porto Alegre: Artes
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CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue – Língua de Sinais


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STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: UFSC, 2009.

STROBEL, Karen. História da Educação de Surdos. 2009

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MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

Ana Paula Ferreira Barbosa

Meu nome é Ana Paula Ferreira Barbosa (simplificar com Paula)


tenho formação acadêmica em pedagogia e letras LIBRAS, sou pós-
graduada na área de psicopedagogia clínica e institucional e educação
especial. Tenho cursos técnicos em tifologia (braille) e tradutor intérprete
de LIBRAS. Fiz as quatro modalidades do curso de LIBRAS do CAS (básico I,
básico II, intermediário e Avançado), fui aluna na escola Almirante Soares
Dutra da turma P. E, no primeiro semestre de 2022 iniciei uma especialização em LIBRAS e uma
complementação para atuar como professora da língua portuguesa, porque, entendo a necessidade
de estar estudando, buscando mais, mais conhecimento para poder passar para os meus alunos e ser
essa ponte de interação e mediação fazendo jus ao título de professora. Minha maior experiência é
como professora de LIBRAS, professora de braille e baixa visão, também sou professora da educação
especial inclusiva. Conheci a LIBRAS no âmbito religioso e tenho doze anos de experiência na área
educacional. Atualmente, sou professora do ETEPAC no curso técnico de tradução e interpretação em
LIBRAS e também atuando como professora de LIBRAS no ensino fundamental II no processo de
letramento da criança surda no município de Ipojuca. É gratificante para mim ter tido oportunidades
de atuar como professora de LIBRAS em algumas cidades da região metropolitana do Recife, como:
Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca. Parabenizo você estudante, por ter
escolhido este curso e desejando que sejas um excelente profissional. Grata pela oportunidade de
ser sua professora!! Até a próxima disciplina.
Um abraço bem grandão em você!!!

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