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LIB - História Da Educação Do Surdo (2023)
LIB - História Da Educação Do Surdo (2023)
Surdo
Ana Paula Ferreira Barbosa
Técnico em
Tradução e
Interpretação de Libras
História da Educação do
Surdo
Ana Paula Ferreira Barbosa
Curso Técnico em
Tradução e Interpretação de Libras
Educação a Distância
Recife
Design Educacional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Secretaria Executiva de
Helisangela Maria Andrade Ferreira Educação Integral e Profissional
Jailson Miranda
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Diagramação
Jailson Miranda
Gerência de Educação a distância
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Sumário
Introdução ................................................................................................................................... 5
UNIDADE 01 | .............................................................................................................................. 6
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 82
5
UNIDADE 01 |
Saber o processo histórico da educação dos Surdos mundialmente nos períodos da Idade
Antiga, Média, Moderna e Contemporânea.
Estudante, você vai começar um estudo sobre a história da educação do surdo no mundo,
mas antes de adentrar nesse panorama histórico chamo sua atenção para a imagem abaixo:
Conhece essa pessoa? Então, ele é um dos professores surdos mais assistido no Brasil,
através do seu canal no youtube e nas demais redes sociais. Seu nome é Carlos Cristian, do instituto
Tertúlia libras. E isso só é possível por causa de uma história de luta que começou desde a Idade
Antiga e permanece até os nossos dias. Você conseguir assistir um professor surdo nacionalmente
conhecido em uma plataforma tecnológica, revela uma fantástica vitória de vida na educação da
pessoa surda; Porque, desde antes de Cristo às pessoas surdas foram vítimas dos ouvintes. Eram eles
quem direcionavam suas vidas.
Os surdos, ao longo da história humana, foram colocados à margem da sociedade nos
âmbitos econômico, social, cultural, educacional e político, sendo considerados como pessoas
deficientes e incapazes, e muitos foram exterminados por nascerem surdos. A História apresenta
relatos que revelam muitas atrocidades contra a pessoa surda. E ver uma foto de um professor surdo
atuante na educação dos surdos, alegra os membros das comunidades surdas. Principalmente em
saber que existe uma nova realidade de igualdade e direitos conquistados, uma delas é você,
estudante, com a oportunidade de se profissionalizar na profissão de tradutor intérprete de Libras, a
6
pessoa que faz a mediação do surdo, e para chegar até aqui, existiu uma história de luta e sofrimento.
Foi por isso, que apresentei um professor brasileiro da atualidade para que compreendas todo o
processo da educação do surdo no mundo ao longo da história até os nossos dias. Peço que siga a
leitura nos tópicos a seguir:
A idade antiga deu início a partir da descoberta da escrita há 4000 a.C. e foi até 476 d.C.
considerada um período difícil e doloroso para as pessoas com deficiência, sendo ela de qualquer
condição. Dentre elas, a pessoa surda, que não era considerada um ser pensante para os ouvintes,
pois entendiam a capacidade de raciocínio apenas ligada pela fala. Logo, julgava-os incapazes de
pensar, sendo comparados a seres parecidos com os animais irracionais.
Você pode até pensar que esse relato não é verdadeiro: “O ser humano ser comparado
com um animal apenas pelo fato de não ouvir”. Por isso, separei uma citação da autora nascimento
(2006). Ela fala que um cronograma histórico é a retirada de várias partes de muitas publicações sobre
a história dos surdos, e para a autora, isso não quer dizer que toda a história seja verdadeira ou não.
E que, para concluir um relato histórico é preciso pesquisar de forma profunda, cada, fato
historicamente registrado, e assim poder comprovar.
Sendo assim, a partir de evidências históricas, vou apresentar a você alguns
acontecimentos que marcaram a trajetória dos surdos na antiguidade.
Sobre a vida do surdo na Idade Antiga, Nascimento (2006), cita a fala do professor surdo
Berthier:
Inicia a história na antiguidade, relatando as conhecidas atrocidades realizadas
contra os surdos pelos espartanos, que condenavam a criança a sofrer a mesma
morte reservada ao retardado ou ao deformado: "A infortunada criança era
prontamente asfixiada ou tinha sua garganta cortada ou era lançada de um precipício
para dentro das ondas. Era uma traição, poupar uma criatura de quem a nação nada
poderia esperar (BERTHIER, 1984, p.165 apud NASCIMENTO, 2006, p. 165).
Essa era a forma que o sistema romano tratava as crianças surdas, diferente dos egípcios
e persas, que consideravam os surdos um assunto de interesse religioso, pois suas debilidades eram
compreendidas como um sinal visível dos deuses. Berthier (1984), afirma que somente a religião
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cristã trouxe aos surdos sua dignidade e os salvou do exílio em que se encontravam. E isso está
registrado em dois livros da Bíblia, veja:
VELHO TESTAMENTO
Quando Deus exorta a Moisés “E disse-
lhe o senhor: quem fez a boca do homem? Ou quem
fez o mudo, ou o surdo, ou que vê, ou o cego? Não
sou eu, o senhor? ”
Êxodo 4:11
Figura 2 – Moíses
“Não amaldiçoarás ao surdo... mas terá Fonte:
https://imagensbiblicas.wordpress.com/2008/07/2
temor do teu Deus. Eu sou o senhor” 9/a-cura-do-cego-de-jerico/
Audiodescrição da figura: homem da antiguidade
levítico 19:14 com barba grande segurando um cajado com
vestes brancas em cima de uma pedra. fim da
descrição
NOVO TESTAMENTO
E trouxeram-lhe um surdo, que falava
dificilmente: e rogaram-lhe que pusesse a mão
sobre ele. E tirando-o à parte de entre multidão,
meteu-lhe os dedos nos ouvidos; e, cuspindo,
tocou-lhe na língua. E levantando os olhos ao céu,
suspirou e disse: Efatá; isto é, Abre-te. E logo se
abriram os seus ouvidos, e a prisão da língua se
Figura 3 – Jesus e o surdo
desfez, e falava perfeitamente. E ordenou-lhes que Fonte:
https://imagensbiblicas.wordpress.com/2008/07/2
a ninguém o dissessem; mas, quanto mais lhes 9/a-cura-do-cego-de-jerico/
Audiodescrição da figura: cego ajoelhado e um
proibia, tanto mais o divulgavam. E admirando-se homem tocando seu rosto. Fim da descrição.
sobremaneira, diziam: Tudo faz bem: faz ouvir os
surdos e falar os mudos.
Marcos, 7: 31-37
Fonte: STROBEL, 2009
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Segundo a autora Strobel (2009), nessa época, os surdos não podiam ouvir e nem
compreender o que acontecia à sua volta, porque a língua de sinais era desconhecida pela maioria
das pessoas, ou somente usada pelos surdos. Por isso, Deus ordenou para não amaldiçoar o surdo.
Depois desses registros bíblicos, a autora destacou em seu panorama histórico os três lugares da
idade antiga, na época da civilização, que marcaram a história do surdo. Então estudante, permaneça
na leitura, porque tem muito conhecimento para ser explorado: agora veja, como era tratado o surdo
na Roma antiga, Grécia, Egito e a Pérsia.
Roma, 485-420 A.C.
Strobel (2009), relata que Roma não perdoava os surdos, pois achavam que eles eram
pessoas castigadas ou enfeitiçadas, e decidiam suas vidas por abandono ou com a eliminação física –
jogavam os surdos no rio Tiger. Só se salvavam aqueles que do rio conseguiam sobreviver, ou aqueles
cujo pais os escondiam, mas era muito raro – e também faziam os surdos de escravos, obrigando-os
a passar toda a vida dentro do moinho de trigo empurrando a manivela.
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Grécia,
Figura 5 - Grécia
Fonte: https://www.infoescola.com/historia/grecia-antiga/
Audiodescrição da figura: construções antigas em montanha na Grécia antiga. Fim da descrição
Veloso & Filho (2009) relatam que, na Grécia os surdos eram vistos como inválidos e
incômodos para a sociedade, por isso eram “condenados à morte” – lançados abaixo do topo dos
rochedos de Taygéte, nas águas de Barathere – e os sobreviventes viviam miseravelmente como
escravos ou abandonados”.
Egito e Pérsia,
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Com essa sequência de informação sobre os acontecimentos explanado até aqui, desde
o início, com os registros da Bíblia e dos relatos da civilização. Fica explicado que em Roma e na
Grécia as pessoas surdas passaram pelas maiores atrocidades e que apesar do Egito e Pérsia não
exterminar esse grupo de pessoas, por entenderem que eles eram seres que se comunicavam com
os deuses, roubaram o direito de viver de forma social como as outras pessoas.
Estudante,
Agora sabendo, dos fatos e a forma como começou a história da educação do surdo no
período da antiguidade, chegou a hora de estudar os acontecimentos na idade média. Nesse período,
as atrocidades contra às pessoas surdas, não eram mais físicas, e sim de exclusão social. Os motivos
eram os mesmos da Idade Antiga: por falarem com deuses, serem castigados por eles e vistos ainda,
como objeto de curiosidade.
Nesse período da história, são poucos os relatos históricos encontrados, que evidenciam
essa época. Mas, os recortes que contam a história do surdo, revela-os castigados e a vida sem
dignidade. A autora Strobel (2009), afirma que o último relato de atrocidade aconteceu nessa época
e que os surdos eram jogados em grandes fogueiras, proibidos de receber a comunhão, por serem
incapazes de confessar seus pecados. Já existiam alguns decretos bíblicos que impediam de casar
duas pessoas surdas, pois esse favor era dado apenas aos pertencentes a classe social mais
favorecida, cedida pelo papa.
E as leis que existiam, proibiam os surdos de receber heranças, votar e não tinham os
direitos comuns como cidadãos. A autora completa que esses direitos eram negados a todas as
pessoas deficientes, mulheres e pessoas sem posses. Com isso, apenas os surdos de famílias nobres
tinham atenção diferenciada, apesar de crescerem escondidos da sociedade em geral.
11
Figura 8 - Monges beneditinos
Fonte: https://culturasurda.net/antiguidade/
Audiodescrição da figura: monges beneditinos sentados com o orador em pé, vestido de roupas brancas. Fim da
descrição.
Na Itália, no período da Idade Média diz a autora Strobel (2009), que os monges
beneditinos, empregavam uma forma de sinais para ter comunicação com os surdos, para não
violarem o rígido voto de silêncio, com o objetivo de promover a comunicação com Deus e os ensinos
da igreja. Mas, esse pensamento seria novo para essa época, porque até o século XV, o julgamento
sobre os surdos e a surdez na igreja tinham significados negativos e discriminatórios, não os aceitava
por ser considerado a imagem e semelhança de Deus, apresentava algo que seja diferente do ser
perfeito.
Na Idade Média, a Igreja Católica teve papel fundamental na discriminação no que se
refere às pessoas com deficiência, já que para ela o homem foi criado à “imagem e
semelhança de Deus”. Portanto, os que não se encaixavam neste padrão eram postos
à margem, não sendo considerados humanos. Entretanto, isso incomodava a Igreja,
principalmente em relação às famílias abastadas. (HONORA, 2009, p. 19).
Apesar de haver exclusão dos surdos por parte da Igreja, foi nela que teve início a
educação e a socialização dos surdos. Com a ajuda de alguns monges que estavam em clausura,
devido a questões doutrinárias e disciplinares da Igreja, ocorreu a primeira tentativa de criar uma
linguagem gestual para eles entenderem determinadas formas de comunicação. Esses padres faziam
o chamado “Voto de Silêncio”, no qual não podiam conversar usando a fala, mas se comunicavam
através de gestos criados por eles, dessa forma, aplicaram essa metodologia nos surdos por meio das
suas vivências.
Foi então que ocorreu a primeira tentativa de educá-los, inicialmente de maneira
preceptorial. Os monges que estavam em clausura, e haviam feito o Voto do Silêncio
para não passar os conhecimentos adquiridos pelo contato com os livros sagrados,
haviam criado uma linguagem gestual para que não ficassem totalmente
incomunicáveis. Esses monges foram convidados pela Igreja Católica a se tornarem
preceptores dos Surdos. (HONORA, 2009, p. 19)
12
De acordo com a autora Guarinello (2007), os surdos eram julgados como seres castigados
pelos deuses, por isso, se reconhece que, as pessoas nascidas surdas eram também mudas, que não
poderiam falar nem expressar seus pensamentos. Foi nessa época que surgiu a expressão surdo-
mudo, fazendo referência às pessoas surdas. A autora menciona que a crença era para atingir a
consciência humana, tudo deveria penetrar por um dos órgãos dos sentidos e a audição era
considerada o canal mais importante de aprendizado.
Então, você como estudante do curso, tradução e interpretação em libras, já ouviu muito
essa expressão, “surdo mudo”, e agora compreende como ela surgiu, por meio da explicação dada
pela autora. Apesar de essa nomenclatura ser da idade média, ainda é muito usada nos dias de hoje,
sendo muito comum pessoas que não têm conhecimento da história do surdo citá-la dessa forma.
Estudante, espero que você esteja gostando da leitura e com ela aprendendo sobre a
história do surdo.
Para continuar o estudo sobre o processo histórico da educação do surdo mundialmente
na época da idade moderna, primeiramente apresento “o que é história? ”, nesse contexto do estudo:
A história do surdo não é diferente nesse sentido da ciência, porque está relacionada com
os períodos da vida humana, passado, presente e futuro revelando que vivemos no presente temos
um passado e esperamos um futuro. Salientado que a palavra história nasceu na Grécia antiga e
significa “investigação”, empregada primeiro pelo grego Heródoto, considerado pai da história.
E foi nessa época que a educação do surdo passou a ter mais visibilidade, pois foi na Idade
Média que o cenário educacional do surdo começou a ser desenhado e deu início efetivamente a
comunicação com a pessoa surda.
Conheça a seguir os nomes que fizeram história e deram início à educação do surdo:
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Prepara-se, porque são muitos autores, e esses registros serão fundamentais para sua formação
técnica.
Figura 9 - Girolamo Cardano (1501- 1576) Médico filósofo - Utilizava a língua de sinais e escrita com os surdos.
Fonte: http://papazinevi.blogspot.com/2011/11/girolamo-cardano.html
Audiodescrição da figura: figura de um homem com touca na cabeça, casaco de pele e barba branca. Fim da descrição
O médico filósofo Girolamo reconhecia a habilidade do surdo para a razão, afirmava que
a surdez e mudez não é o impedimento para desenvolver a aprendizagem e para o surdo aprender
seria através da escrita, considerava um crime não instruir um surdo-mudo. Diz a autora
NASCIMENTO (2006).
Figura 10 - Pedro Ponce de Leon (1520-1584) - Monge beneditino - Estabeleceu na Espanha a primeira escola para
surdos.
Fonte: https://m.facebook.com/univespoficial/photos/dianacionaldosurdopedro-
Audiodescrição da figura: homem vestido de padre na idade antiga. Fim da descrição
14
surdos que conseguiam falar tinham direito à herança). E foi esse o motivo que fez Francisco torna-
se marquês.
Goldfeld (2001) ainda ressalta que, o monge Ponce de Leon foi o pioneiro a desenvolver
uma metodologia de educação para crianças surdas e nessa educação incluía datilologia, escrita e
oralização, e criou uma escola de professores de surdos. Infelizmente, o padre Ponce Leon não
publicou nada sobre seus métodos em vida e depois da sua morte o seu método foi esquecido, pelo
fato de que a tradição nessa época era guardar segredo sobre os métodos de educação dos surdos.
Figura 13 -
Juan Pablo Bonet Figura 15 - Alfabeto datilologia
15
(1579-1623) Figura 14 - Fonte:http://www.lenguadesignos.inf
Fonte: Primeiro livro sobre a o/2010/09/origen-de-las-lenguas-de-
https://www.biografiasyvidas.c educação de surdos signos_15.html
om/especial/educacion/sanche Fonte: Audiodescrição da figura: imagem de
z_yebra.htm https://bibliotecavirtual.aragon sinais feito com as mãos. Fim da
Audiodescrição da figura: .es/es/consulta/registro.do?id= descrição.
retrato de homem em preto 3690
e branco. Fim da descrição. Audiodescrição da figura:
capa do livro em preto e
branco com letras bastão.
Fim da descrição.
A autora Strobel (2009), na construção do seu panorama histórico relata que Juan Pablo
deu início à educação com o surdo da família Velasco, Dom Luís, usando sinais, treinamento com a
fala e o uso do alfabeto datilológico, teve tanto êxito que foi nomeado marquês de Frenzo pelo rei
Henrique IV. E foi Juan Pablo, autor do primeiro livro sobre educação de surdos no qual expôs o seu
método oral, “Reduccion de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos” no ano de 1620 em
Madrid, Espanha. Bonet defendia também o ensino precoce de alfabeto manual aos surdos.
Até aqui, perceba quantas mudanças ocorreram desde que você começou seu estudo
sobre a educação do surdo de forma mundialmente. Nessa fase da Idade Moderna, houve de forma
tardia a aprendizagem e interação do surdo na sociedade, isso com uma certa regalia para os filhos
surdos de famílias nobres, passando a ter alguns direitos, mas apenas, para uma minoria de surdos.
Ano de 1644;
O médico, John Bulwer acreditava que a língua de sinais era universal e seus elementos
constituídos icônicos. Ele elogia a utilização do alfabeto manual, língua de sinais e leitura labial na sua
publicação “Chirologia e Natural Language of the Hand”.
Ao observar dois surdos conversando em língua gestual, Bulwer entendeu que a língua
gestual era essencial na educação dos surdos. Assim, foi o primeiro inglês a desenvolver um método
de comunicação entre ouvintes e surdos. Tentou criar uma academia de surdos, sem ter tido êxito.
Mas, publicou obras importantes, das quais se destacam: “Chirologia”, ou a Linguagem Natural da
Mãe, em 1644;
“Philocopus”, ou o Amigo do Homem Surdo e Mudo, em 1648, o primeiro livro em inglês
a relacionar a surdez com o problema de linguagem.
Veja as imagens do Médico britânico e de alguns recordes dos livros:
16
Figura 17 -
“Chirologia e Natural Language of
Figura 16 - the Hand” Chirologia, ou a
JOHN BULWER Linguagem Natural da Mãe, em
(1644-1684) 1644; Figura 18 -
Médico britânico Fonte: Philocopus, ou o Amigo do
Fonte: https://twitter.com/shakespearebt/st Homem Surdo e Mudo, em 1648
https://twitter.com/shake atus/1176088858468990976?lang=it Fonte:https://twitter.com/shakesp
spearebt/status/1176088 Audiodescrição da figura: livro earebt/status/1176088858468990
858468990976?lang=it aberto capa preta. Fim da 976?lang=it
Audiodescrição da figura: descrição Audiodescrição da figura: capa do
homem com roupa preta livro Philocopus, em preto e
e cabelos compridos. Fim branco. Fim da descrição
da descrição
Uffa! Quanta informação não é mesmo? Uma pausa na leitura, isso mesmo!
Chegou a hora de você ouvir uma complementação dos estudos de forma
diferente! Aperta o play para ouvir um podcast sensacional!
E aí, gostou de ouvir o conteúdo? Espero que sim! Porque esse estudo vai enriquecer seu
conhecimento e aprendizagem. Agora, retome sua leitura para apropriar-se de todo assunto da
história educacional do surdo, pois há muito para aprender nesta unidade!
Falaremos agora dele, Johan Conrad Ammon:
17
Figura 20 -
Figura 19 - Livro “Loquens Surdus” (O homem surdo
Johan Conrad Ammon falando), Amsterdam 1693
(1669-1724) Fonte:
Médico suíço https://www.acsu.buffalo.edu/~duchan/new
Fonte: https://www.wikiwand.com/pt/ _history/early_modern/amman.html
Audiodescrição da figura: Homem com Audiodescrição da figura: capa do livro
cabelo comprido, roupa preta , fundo da “Loquens Surdus” em preto e branco. Fim da
imagem preta. Fim da descrição descrição
Ele escreveu uma instrução para surdos e para aqueles que gaguejavam. Seus escritos
eram sobre a natureza da produção de som da fala, voz e a diferença entre ela e a respiração.
Terminou seu livro apresentando o programa educacional para ensinar os surdos a falar.
Estudante, ressalto novamente a importância das informações que estou lhe trazendo
sobre a evolução da educação do surdo; porque, só através desses registros haverá a compreensão
do processo que o surdo passou. O próximo relato traz o primeiro professor de surdos na França.
18
Jacob oralizou a sua irmã surda e utilizou o ensino da fala e de exercícios auditivos com
os surdos. A Academia Francesa de Ciências reconheceu o grande progresso alcançado por ele:
“Não tem nenhuma dificuldade em admitir que a arte de leitura labial com suas
reconhecidas limitações, [...] será de grande utilidade para os outros surdos-mudos
da mesma classe, [...] assim como o alfabeto manual que o Pereira utiliza” (PERLIN;
STROBEL, 2008, p. 22).
O que se percebe com esse recorte enviado a L’Épée, é que o Pai do Método Alemão,
oralismo puro, tinha a intenção de convencê-lo de que esse método seria o único realmente válido
para a inserção dos surdos na sociedade.
19
E você, estudante, se recebesse uma carta e nela estivesse escrito que o método
do oralismo puro, seria o único método que funcionaria para a inserção do
surdo na sociedade, qual seria sua resposta?
Vá ao fórum para esse feedback. Estou curiosa para lhe ouvir!
20
que os surdos são capazes de possuir linguagem, concluindo assim, que eles podem receber os
sacramentos e evitar ir para o Inferno. Começou a desenvolver um sistema de instrução da língua
francesa e religião. Nos primeiros anos da década de 1760, o seu abrigo tornou-se a primeira escola
de surdos do mundo, aberta ao público.
21
1.4 Idade Contemporânea
22
Fundou a primeira escola
permanente para surdos nos
Estados Unidos.
1846- Alexander Melville Bell, Inventou um código de símbolos chamado
professor de surdos, o pai do “Fala visível” ou “Linguagem visível”,
célebre inventor de telefone
Alexander Grahan Bell
1855 - Eduardo Huet, professor Chega ao Brasil sob beneplácito do imperador D. Pedro
surdo com experiência de II, com a intenção de abrir uma escola para pessoas
mestrado e cursos em Paris surdas.
1857 - Foi fundada a primeira Hoje, “Instituto Nacional de Educação
escola para surdos no Rio de de Surdos”– INES [...].
Janeiro – Brasil, o “Imperial
Instituto dos Surdos-mudos”
1861- Ernest Huet foi embora do que logo abandonou o cargo alegando: “Não aguento as
Brasil. Neste período o INES ficou confusões” e com isto foi substituído por Ernesto do
sendo dirigido por Frei do Carmo Prado Seixa.
1862- Foi contratado para cargo Dr. Manoel Magalhães Couto, que não tinha experiência
de diretor do INES, Rio de Janeiro de educação com os surdos.
1864 - Foi fundada a primeira um sonho de Thomas Hopkins Gallaudet realizado pelo
universidade nacional para filho do mesmo, Edward Miner Gallaudet (1837-1917).
surdos, Universidade Gallaudet”
em Washington – Estados Unidos
1867 - Alexander Grahan Bell nos Estados Unidos dedicou-se aos estudos sobre
(1847-1922) acústica e fonética.
1868 - Após a inspeção Então o dr. Manoel Magalhães foi demitido e o sr. Tobias
governamental, o INES foi Leite assumiu a direção.
considerado um asilo de surdos
23
Entre 1870 e 1890, - Alexander Ele era contra a língua de sinais argumentando que a ela
Grahan Bell publicou vários não propiciava o desenvolvimento intelectual dos surdos.
artigos criticando casamentos
entre pessoas surdas, a cultura
surda e as escolas residenciais
para surdos.
1873 - Alexander Graham Bell. Lá ele conheceu a surda Mabel Gardiner Hulbard, com
Deu aulas de fisiologia da voz para quem se casou.
surdos na Universidade de
Boston.
1875 - Ex-aluno-Aluno do INES, Publicou “Iconografia dos Sinais dos Surdos-Mudos”, o
Flausino José da Gama, aos 18 primeiro dicionário de língua de sinais no Brasil.
anos
1880 - Realizou-se Congresso o método oral foi votado o mais adequado a ser adotado
Internacional de Surdo-Mudez, pelas escolas de surdos e a língua de sinais foi proibida
em Milão – Itália oficialmente.
Então, estudante, apropriou-se do conteúdo da tabela? Espero que sim! Porque como já
lhe falei, essa tabela lista uma parte da história no período contemporâneo e finaliza oportunamente
no ano 1880, data que foi realizado o congresso de Milão. O panorama da autora Strobel apresenta
todas as etapas do progresso da educação do surdo, desde o trabalho filantrópico do pai dos surdos
L’Epée, a inauguração de 21 escolas, a criação do INES até o retrocesso que ocorreu com o congresso
de Milão onde foi definido a favor do uso do oralismo puro.
Seguindo o cronograma de acontecimentos marcantes, a tabela seguinte, começa citando
uma jovem surda que marcou a vida e a história dos surdos de forma mundial e conclui com o início
do curso de letras Libras no Brasil. Portanto, estudante, é importante que você tenha o conhecimento
sobre todo conteúdo exposto nesta tabela, produzida com base no panorama elaborado pela autora
Strobel (2009).
24
1880 - Nasce Hellen Keller no Alabama, Estados Unidos.
1932 - O escultor surdo, Antônio Pitanga, pernambucano, formado pela escola de Belas Artes.
1951- O surdo, Vicente de Paulo Penido Burnier, foi ordenado como padre no dia 22 de
setembro.
1957 - Por decreto imperial, Lei nº 3.198, de 6 de julho, o “Imperial Instituto dos Surdos-
Mudos” passou a chamar-se “Instituto Nacional de Educação dos Surdos” – INES.
1960 - Willian Stokoe publicou “Linguage Structure: an Outline of the Visual Communication
System of the American Deaf”.
1961 - O surdo brasileiro Jorge Sérgio L. Guimarães publicou no Rio de Janeiro o livro “Até onde
vai o Surdo”.
1969 - A Universidade Gallaudet adotou a Comunicação Total.
1977 - Foi criada a FENEIDA (Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes
Auditivos),
1984 - Foi fundada a CBDS, Confederação Brasileira de desportos de Surdos, em São Paulo,
Brasil.
1986 - Estreou o filme “Filhos do Silêncio”,
1987 - Foi fundada a FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, no
Rio de Janeiro,
1997 - Closed Caption (acesso à exibição de legenda na televisão)
1999 - Foi lançada a primeira revista da FENEIS,
2000 – Formação de agentes multiplicadores Libras em Contexto, em MEC/ Feneis.
2006 - Iniciou Letras/libras com 9 polos
Quadro 02 – Acontecimentos Marcantes
Fonte: Strobel (2009)
Alguns dos fatos descritos acima, serão conteúdos da sua videoaula. Então, dá
um play agora na leitura e vamos para nossa videoaula.
25
UNIDADE 02 | CONHECER AS FILOSOFIAS DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS:
ORALISMO, COMUNICAÇÃO TOTAL, BILINGUISMO, E OS IMPACTOS NA
VIDA NAS APRENDIZAGENS E NAS RELAÇÕES SOCIAIS DA PESSOA SURDA.
ORALISMO
COMUNICAÇÃO TOTAL
BILINGUISMO
Caro estudante, você pode perceber nos nossos dias e no decorrer da trajetória histórica,
que a Língua de Sinais se constitui e se funde na formação da pessoa surda. E o quanto o indivíduo
surdo sofreu com a destituição íntima do seu ser, na época em que a surdez pré-linguística fazia da
pessoa surda um ser em estado deplorável. Essa situação despertou curiosidade e compaixão dos
filósofos desde a antiguidade conforme você estudou da primeira competência. E essa inquietude fez
com que o abade francês Sicard fizesse a seguinte pergunta:
Por que a pessoa surda sem instrução é isolada na natureza e incapaz de comunicar-
se com outros homens? Por que ela está reduzida a esse estado de imbecilidade?
Será que sua constituição biológica difere da nossa? Será que ela não possui tudo o
que precisa para ter sensações, adquirir ideias e combiná-las para fazer tudo o que
fazemos? Será que não recebe impressões sensoriais dos objetos como nós
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recebemos? Não serão essas, como ocorre conosco, a causa das sensações da mente
e das ideias que a mente adquire? Por que então a pessoa surda permanece estúpida
enquanto nos tornamos inteligentes? (SACKS, 1998, p. 28).
Foi a partir do século XVI que os olhares para as pessoas surdas ficaram mais intensos. E
a mudança de pensamento dos filósofos, se deu por causa da figura motivadora que surgiu, o abade
de l’Epée, mudando a história dos surdos para sempre. A maior motivação do abade em relação à
exclusão dos surdos, era o fato de ele não aceitar que os “surdos-mudos” nasciam e morriam sem
serem ouvidos em confissão, privados do Catecismo, das Escrituras e das Palavras de Deus. Abade
l’Epée direcionou sua atenção a seus pupilos surdos, e fez o que nenhum outro ouvinte havia feito
até o momento:
[...] E então associando sinais a figuras e palavras escritas, o abade ensinou-os a ler;
e com isso, de um golpe, deu-lhes o acesso aos conhecimentos e à cultura do mundo.
O sistema de sinais “metódicos” De l’Epée – uma combinação da Língua de Sinais
nativa com a gramática francesa traduzida em Sinais – permitia aos alunos surdos
escrever o que era dito por meio de um intérprete que se comunicava por Sinais, um
método tão bem-sucedido que, pela primeira vez, permitiu que alunos surdos
comuns lessem e escrevessem em francês e, assim, adquirissem educação (SACKS,
1998, p. 30).
Com essa citação de como o pai dos surdos, assim considerado, revolucionou a vida do
surdo com a sua disponibilidade de ensiná-los, fez da sua própria casa uma escola pública que em
pouco tempo já atendia 75 alunos; Porque para ele, a educação de surdos deveria ser pública e
gratuita. Por meio dessa iniciativa ao morrer, L’Epée deixou muitas escolas fundadas na Europa. A
imagem abaixo é um dos poucos registros dessas escolas.
27
Estudante, já foi citado na competência anterior, na mesma época em que o professor
L’epée ensinava os surdos com a língua visual usando o método dos “sinais metódicos” criado por ele
em Paris, na Alemanha, O alemão Samuel Heinicke fundou a primeira escola pública para crianças
surdas com o método Oralista, acreditando no ensino da língua oral, assim, rejeitando a língua de
sinais. E acreditando que a oralização era a situação ideal para integrar o surdo na comunidade geral.
Enquanto L’epée começou com setenta e cinco alunos; Heineck, teve nove alunos surdos no ensino
oral.
Um dos seguidores de Samuel Heinicke foi Alexander Graham Bell, era esposo de uma
mulher que ficou surda. Ele realizou várias tentativas para fazer um aparelho para que ela pudesse
voltar a ouvir e se comunicar quando não estivessem juntos. E por meio de uma de suas pesquisas,
ele descobriu o telefone, que se caracterizou como sua maior invenção. Dentro do contexto do
oralismo, Alexander foi um dos principais defensores do método oral.
28
ORALISMO
COMUNICAÇÃO TOTAL
BILINGUISMO
Estudante, agora você vai estudar esses três movimentos que marcaram, desde a
antiguidade até hoje, a educação do surdo do mundo. Então, siga firme na leitura!
2.1 Oralismo
Comece esse estudo sobre o oralismo refletindo na imagem abaixo. Agora, faça
uma pausa aqui na leitura, vá no fórum e me fala o que ela representa para
você! Estou lhe aguardando para o nosso feedback desta competência!
29
Figura 27 – Oralismo
Fonte: https://blog.portaleducacao.com.br/oralismo-o-que-e-por-que-e-importante/
Audiodescrição da figura: figura de duas mãos, uma moldada com um rosto estando com a boca aberta, a outra com o
ouvido próximo ao rosto da outra mão. Fim da descrição.
30
Figura 28 – Método do o Oralismo Figura 29 – Votação do Congresso de Milão
Puro Figura 30 – Publicação do congresso
Fonte:https://cosmosazul.blogs.sapo.pt/quem- de Milão.
Fonte: foi-charles-michele-de-lepee-e-59329
https://culturasurda.net/congresso-de- Fonte:
Audiodescrição da figura: Imagem de um https://www.timetoast.com/timelines
milao/
ambiente com pessoas sentadas e em pé. No /historia-da-educacao-dos-surdos-
Audiodescrição da figura: homem
centro na figura um homem vestido com roupa e67cdcd6-05e2-406f-bbd4-
sentado pegando no pescoço de uma
preta. Fim da descrição. c42469ce703a
criança e outras crianças estão em
fila, a imagem demostra um lugar Audiodescrição da figura: figura de
com janelas, paredes e quadro. Fim um recorte de jornal com foto e
da descrição. escrita sobre o congresso de Milão,
proibindo a língua de sinais. Fim da
descrição.
A modalidade de ensino do oralismo durou mais de cem anos, perdurando até a década
de 1970, causando um fracasso total no progresso da comunicação dos surdos pela língua de sinais.
Entre tantas consequências negativas com o método do oralismo, pode-se citar as principais:
31
falar. Porque para os fonoaudiólogos, à educação oral exigia um esforço total por parte deles, ainda
criança. E tanto a família como a escola tinham essa responsabilidade.
De acordo com os seus defensores, para que se tenha sucesso na terapia da oralização e
bom resultado social, é necessário:
• Envolvimento e dedicação das pessoas que convivem com a criança no trabalho de
reabilitação todas as horas do dia e todos os dias do ano.
• Início da reabilitação o mais precocemente possível, ou seja, deve começar quando a
criança nasce ou quando se descobre a deficiência.
• Não oferecer qualquer meio de comunicação que não seja a modalidade oral.
• A educação oral começa no lar e, portanto, requer a participação ativa da família,
especialmente da mãe.
• A educação oral requer a participação de profissionais especializados, como
fonoaudiólogos e pedagogos especializados, para atender sistematicamente ao aluno
e a sua família.
• A educação oral requer equipamentos especializados, como o aparelho de
amplificação sonora individual.
• Fonte: Goldfeld(2002).
32
Figura 31 – Treino da fala
Fonte:<http://www.feneis.com.br/cas-mossoro-numa- -breve-retrospectiva.html>.
Audiodescrição da figura: mulher adulta sentada de frente para uma criança também sentada usando um fone grande
no ouvido. Fim da descrição
Por meio dessa imagem, é possível perceber uma expectativa no método do oralismo a
intenção era que os surdos se comportassem como ouvintes, ou seja, aprendessem a falar. Os alunos
que frequentavam a escola para aprender os conteúdos escolares, comunicar-se em língua de sinais
e alfabeto digital foram proibidos de sinalizarem, recomendando-se que a comunicação fosse feita
pela via auditiva e pela leitura da face e boca. Com isso, a educação dos surdos deu uma grande
reviravolta em sentido oposto à educação.
Goldfeld (2001) salienta que o oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve
ser minimizada pela estimulação auditiva. A filosofia oralista passou a buscar nos surdos a sua
personalidade ouvinte e tentou várias metodologias do ensino da fala para as crianças surdas, na
tentativa de negar a identidade surda, ou seja, “normalizar” a surdez. Mas para Goldfeld, “as crianças
ouvintes não têm dificuldades para inferir as regras gramaticais, enquanto as crianças surdas, por não
receberem com a mesma facilidade os estímulos auditivos, precisam de ajuda especial” (GOLDFELD,
2001).
Não é impossível que as crianças surdas oralizem. No entanto, para que isso aconteça,
necessitam de estimulação da oralização desde cedo, utilizando recursos para capacitá-las a
desenvolver ou manter a língua oral. Nesse processo, faz-se necessário o envolvimento do
profissional fonoaudiólogo, é imprescindível a participação da família para alcançar uma boa
oralização nesse método. Seguem as regras gramaticais para se ter bom domínio da língua
portuguesa falada.
33
Importante ressaltar que, essa concepção de educação enquadra-se no modelo clínico e
esta visão afirma a importância da integração dos surdos na comunidade de ouvintes, e que para que
isso aconteça o surdo tem que oralizar bem, fazendo uma reabilitação de fala em direção à
“normalidade” exigida pela sociedade.
O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integração da criança surda à comunidade de
ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral. O oralismo percebe a
surdez como uma deficiência que deve ser minimizada através da estimulação
auditiva (GOLDFELD, 1997, p. 30-31).
As técnicas mais utilizadas no modelo oral, Segundo Dorziat (2006, p. 19) são:
Com o passar dos anos, a filosofia oralista demonstrou maus resultados, muitos surdos
fracassaram na aprendizagem e não conseguiram falar normalmente. Portanto, ficou evidente para
muitos teóricos, que na educação do surdo com método do oralismo foi insuficiente para as
necessidades da comunicação do surdo. E com essa constatação surgiu a comunicação total.
34
Figura 32 – Comunicação Total
Fonte:https://www.timetoast.com/timelines/linha-do-tempo-de-libras-no-brasil
Audiodescrição da figura: imagem na cor verde com três bonecos, cada um com um instrumento usado na
comunicação total (microfone de mão, fone de ouvido, e uma vara). Ao lado direito, um nome comunicação total. fim
da descrição.
35
CARBIN; BOESE, 1999, p. 171).
Conforme alguns registros históricos, esse método foi criado aproximadamente em 1960,
após a constatação de que muitos sujeitos surdos não tiveram o sucesso esperado na leitura de lábios
e emissão de palavras propostas pelo oralismo puro. Com o objetivo de usar toda e qualquer
metodologia para melhorar a qualidade da fala ou da leitura orofacial, surgiu o método comunicação
total, no qual a língua de sinais seria uma entre outras alternativas para alcançar a comunicação,
aplicada para auxiliar o processo de interação do surdo com o ouvinte.
Observe a tabela abaixo para compreender a forma que era aplicada esta filosofia:
36
Na Comunicação Total, surge a comunicação visual acompanhada da oralidade, o que
possibilita maior compreensão da criança surda. Essas comunicações podem ser a língua técnica, o
português sinalizado, com o desejo de ter uma relação, e um diálogo entre surdos e ouvintes. Os
sinais representam gestos, mas não caracterizam uma língua, também não privilegia a língua de sinais
como língua natural, que surgiu de forma espontânea na comunidade surda, e carrega uma cultura
própria e cria recursos artificiais para facilitar a comunicação e a educação dos surdos. Mas, a
comunicação total veio a provocar uma dificuldade de comunicação entre surdos que dominam
códigos diferentes das línguas de sinais. Considerado como, português sinalizado, atingiu aspectos
positivos e negativos, porém não conseguiu se consolidar como uma cultura surda.
Perlin e Strobel (2008) refletem sobre esta modalidade mista, para elas e outros autores
da área, o problema é a mistura das duas línguas, a língua portuguesa e a língua de sinais, resultando
numa terceira modalidade que é o ‘Português Sinalizado’, essa prática recebe também o nome de
‘Bimodalismo’ que encoraja o uso inadequado da língua de sinais, já que tem a gramática diferente
da língua portuguesa.
37
2.3 BILINGUISMO
Figura 34 – Sinalizando
Fonte: https://cursocompletodepedagogia.com/tag/como-e-qualificado-o-bilinguismo-dos-surdos-brasileiros/
Audiodescrição da figura: figura com dois homens sinalizando a pergunta: qual o seu nome? E o outro respondendo,
José. Fim da descrição
38
França
Estados
Suécia
Unidos
Os Estados Unidos estão ligados à história da educação dos surdos juntamente com a
França, pois em 1816 o norte-americano Thomas Gallaudet visita o Instituto de surdos em Paris e
conhece Laurent Clerc, professor surdo que fora aluno de L’Épée, aprendendo com ele como ensinar
alunos surdos e a língua de sinais francesa - (LSF). Então, Thomas convida Laurent para ir aos Estados
Unidos a fim de abrir escolas para surdos na América, visto não existir ainda esse tipo de trabalho por
lá (GOLDFELD, 2002).
E a Suécia também participou do processo para a implantação do bilinguismo, pois
pesquisas foram realizadas na Suécia e Dinamarca na mesma época, no ano de 1981. Essas pesquisas
buscavam introduzir o enfoque bilíngue na educação do indivíduo surdo e o primeiro currículo
bilíngue para as escolas de surdos, foi introduzido na Suécia em 1983 (KOZLOWSKI, 1995). Na Suécia,
o ensino da Língua de Sinais é realidade, aprovada e ensinada desde a década de 1980.
De acordo com os registros da história sobre o surdo, e os registros de muitos
pesquisadores, o bilinguismo surge aos arredores do movimento para o oralismo e começa a
respingar, antes mesmo da aprovação no Congresso de Milão. Porém, caminha lentamente no
sistema educacional devido aos entraves sociais vigentes da época, entre eles o oralismo como mola
principal na educação dos surdos. E já é possível constatar que o bilinguismo possibilita ao surdo
adquirir a língua que faz parte da comunidade surda, ou seja, a língua natural da pessoa surda. Essa
modalidade respeita as particularidades da criança surda, estabelecendo suas capacidades como
meio para elas realizarem seu aprendizado de forma natural e igual a todas as aprendizagens.
39
Figura 35 – Ensino Bilíngue
Fonte: https://comunicasurdo.wordpress.com/dicas-de-fono-2/
Audiodescrição da figura: duas figuras, cada uma com uma mulher e um bebê. A primeira falando a palavra gato. A
segunda sinalizando em libras, gato. Fim da descrição
O método bilíngue surgiu como opção pedagógica para educação de surdos, depois de
constatarem que a simples aceitação dos sinais na escola, ou de que a mistura de língua de sinais e
língua oral, não eram o suficiente para afastar as defasagens educacionais dos alunos surdos. Para a
educação bilíngue, os aspectos de acesso a duas línguas preservam os processos naturais de
desenvolvimento do ser, nos quais a língua de sinais se mostre instrumento indispensável, levando
em consideração a constituição do sujeito surdo, pois o mais importante é o desenvolvimento do
aluno surdo de forma integral, valorizando seu direito enquanto sujeito.
Nessa perspectiva, a proposta bilíngue exige um compromisso sociopolítico que
contemple a integridade e a diferença entre as modalidades das línguas envolvidas no processo de
ensino, bem como a formação de professores bilíngues e de professores de libras, e a formação de
intérpretes, pois para haver uma educação bilíngue, tais profissionais são indispensáveis em todo
contexto escolar. Para Goldfeld (2001), na ideologia de bilinguismo as crianças surdas precisam ser
postas em contato com pessoas fluentes na língua de sinais, sejam seus pais, professores ou outros.
O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou seja,
deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua
natural dos surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país. [...] os autores
ligados ao bilinguismo percebem o surdo de forma bastante diferente dos autores
oralistas e da Comunicação Total. Para os bilinguistas, o surdo não precisa almejar
uma vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir sua surdez (GOLDFELD, 2001, p.
38).
O bilinguismo baseia-se no fato de que o surdo deve ser bilíngue, adquirindo a língua
materna, a Língua de Sinais, como Primeira Língua (L1) e como Segunda Língua (L2) a língua oficial
40
escrita do país em que reside. Na filosofia, bilíngue o surdo assume a surdez e não necessariamente
deseje uma vida de ouvinte.
A 24ª declaração dos direitos linguísticos da convenção internacional sobre os direitos da
pessoa com deficiência em Barcelona no ano de 1996, caracteriza as escolas bilíngues da seguinte
forma:
Perlin e Strobel (2008) explicam que o bilinguismo pode apresentar diferentes versões,
sendo quatro as indicadas:
41
Bilinguismo com aspecto
tradicional
Bilinguismo progressista
Bilinguismo crítico na
educação de surdos
42
sendo a primeira língua, usando o método tradicional, esforçando para adquirir os
equipamentos tecnológicos que possibilitem mostrar a capacidade de o surdo
aproximar-se a um modelo ouvinte e dizem que fazem trabalho bilíngue com os
surdos, mas na prática não é feita corretamente.
• Fonte: Perlin e Strobel (2008)
A partir das descrições, fica visível que nenhum desses quatro tipos de bilinguismo
contempla de fato o que os surdos almejam para uma educação de qualidade e com respeito à sua
cultura, identidade e língua. Assim, vimos que esses quatro conceitos de bilinguismo estão voltados
a uma realidade local, e muitos destes bilinguismos sendo trabalhado nas escolas e instituições.
Mostrando para nós que desde antiguidade até os nossos dias atuais, são os ouvintes quem decidem
a educação do surdo.
43
UNIDADE 03 | APRENDER A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO
BRASIL ATÉ A ATUALIDADE.
O ano era 1855, quando o ministro Drouyn de Louys e o embaixador da França Monsieur
Saint George e a corte do Rio de Janeiro, apresentaram o conde e professor surdo, Eduard Huet a
Dom Pedro II, incentivando-o a criar um ensino para surdos-mudos. Assim, deu início a caminhada
histórica da educação de surdos no Brasil, conforme mencionada na citação abaixo:
A educação de surdos no Brasil teve seu início em 1850 a partir de debates sobre
poder e disciplina na educação de surdos. Assim como Thomas Gallaudet, o então
imperador do Brasil Dom Pedro II vai até a França e acaba conhecendo o trabalho
realizado pelo Instituto de surdos de Paris, fundado pelo abade L’Épée. Nesse
contexto, Dom Pedro II convida o professor surdo E. Huet para iniciar o trabalho com
surdos no Brasil (FELIPE, 2007), visto ainda não ter nenhum trabalho dessa
magnitude no país. A língua de sinais francesa e combinada com os sinais já utilizados
pelos surdos brasileiros dão origem à Libras -Língua Brasileira de Sinais (FESTA;
OLIVEIRA, 2012, p. 6).
O educador surdo Francês Hernest Huet nasceu em Paris em 1822 e ficou surdo aos 12
anos de idade em consequência de ter contraído sarampo. Viveu e estudou em Paris. Fundou
algumas escolas de surdos em diversos países até chegar ao Brasil em 1855 Para iniciar um trabalho
de educação de duas crianças surdas, com bolsas de estudo pagas pelo governo, apresentou ao
44
imperador D. Pedro II um relatório em Língua Francesa, contendo o plano de criação de uma escola
para surdos, denominado “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”.
45
Audiodescrição da figura: uma família com cinco pessoas, um homem, uma mulher com três crianças. Imagem em
preto e branco. Fim da descrição
O imperial instituto para surdos transformou-se no INES – Instituto Nacional dos surdos:
O Instituto foi criado pela Lei nº 939, no dia 26 de setembro de 1857, apresentou uma
proposta que fundia a língua de sinais francesa com os sistemas já usados pelos surdos de várias
regiões do Brasil. A instituição passou por vários diretores que foram se alternando no cargo. Um dos
marcos importantes foi o ano 1972, quando Tobias Rabello Leite assumiu o cargo efetivo de diretor
do INES, cumprindo o objetivo de melhorar a rotina da instituição. “Umas das metas principais do Dr.
Tobias era a de oferecer ensino profissionalizante”, (ROCHA,2008).
Nos dias de hoje, o INES funciona como órgão do governo, e não oferta apenas os surdos,
há vagas para ouvintes também, atende desde crianças e adultos, trabalha numa perspectiva bilíngue,
em que também realiza o trabalho de fonoaudiologia, implantados coclear, Educação Infantil,
orientação aos pais e familiares, Fundamental, Ensino Médio, graduação de Letras Libras e Pedagogia
46
Bilíngue e especialização na área da surdez, com projetos para mestrado, há também cursos
oferecidos à comunidade.
No período entre o ano de 1855 a 1884, a sinalização no instituto acontecia
naturalmente, considerados os “anos de ouro” pela comunidade surda do Brasil. Mas, com a vinda
de fora do oralismo com o congresso de Milão, os surdos foram instruídos a falar chegando à
conclusão de que todos os surdos deveriam ser ensinados pelo método Oral-Puro. Com isso, A Língua
de Sinais no instituto continuou de forma camuflada, os surdos usavam em seus quartos, nas oficinas
e nos pátios do instituto, na verdade nunca deixou de ser usada, mas eram impedidos de estudar e
fazer uso dela academicamente.
Para conhecer melhor o INES, convido você a escutar o podcast. Garanto que
vai valer muito apena. Então, pausa aqui e corre lá!
Por muitos anos, o INES foi a única instituição oficial que recebeu alunos surdos de todo
Brasil e dos países vizinhos, mas o cenário mudou e os surdos poderão contar com relevantes
acontecimentos que afetaram positivamente a história da educação do surdo no Brasil. Alguns fatos
marcantes:
• No ano de 1951, o Ministério da Educação (MEC) promoveu a instalação de cursos
especializados para formação de professores.
• No ano de 1986, o professor A.J. de Moura e Silva do INES, a pedido do Governo
Brasileiro, viajou para o Instituto Francês de Surdos, para avaliar a decisão do
Congresso de Milão e concluiu que o método oral puro, não era adequado para todos
os surdos.
• Ano 1951, foi criado o primeiro curso normal para professores (área de surdez) e no
ano seguinte, a fundação do Jardim de Infância para crianças surdas no INES.
47
Figura 41 – Jardim de infância
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=uSr7PhoZfK0
Audiodescrição da figura: imagem de uma professora sentada com algumas crianças, também sentadas ao redor de
uma mesa. Fim da descrição
• Ano 1972, a educação especial passou a ser uma área prioritária para o governo
brasileiro. Objetivos e estratégias de atuação nesse campo foram estabelecidos. E
criado o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), para coordenar em nível
federal as iniciativas no campo da educação especial.
Figura 42 – CENESP
Fonte: http://www.ufmg.br/online/arquivos/Cenesp-thumb.jpg
Audiodescrição da figura: um prédio com apenas um andar na cor branca. Com um letreiro escrito CENESP na cor azul.
Fim da descrição
48
Figura 43 – Portaria da universidade
Fonte: https://istoe.com.br/estudante-e-esfaqueado-dentro-da-ufpe-por-colega-de-curso/
Audiodescrição da figura: fachada de uma portaria com letreiro escrito “ Universidade Federal de Pernambuco”. Fim
da descrição
• No ano de 1980, a língua de sinais utilizada pelos surdos das capitais do Brasil foi
denominada com a sigla LSCB - Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros. E,
descoberta de outra língua de sinais no Brasil, a Língua de Sinais dos índios Urubus-
Kaapor (LSUK) no Estado do Maranhão.
• No ano de 1987, foi criada a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
(FENEIS). Entidade que trabalha em prol da sociedade surda garantindo a defesa dos
direitos linguísticos e culturais dessa população.
Figura 44 - Feneis
Fonte: http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-1-no-1-12007/92-a-evolucao-da-comunicacao-entre-e-com-
surdos-no-brasil
Audiodescrição da figura: figura das mãos ligadas uma na outra na frente de um mapa do Brasil, ao seu lado esquerdo
o nome da FENEIS.
Todas essas conquistas, apenas foi possível após a aprovação das leis e decretos que
foram criados em defesa dos direitos do povo surdo. É o que você vai estudar no próximo tópico.
49
3.2 As Leis
Já sabido que A Língua de Sinais foi abolida a partir do Congresso de Milão de 1880, e que
passou quase 100 anos resistindo ao uso da língua entre os grupos surdos de diferentes regiões do
Brasil, assim como em outros países. Depois de muitas lutas, conseguiu-se a conquista e vitória da
legislação de Libras no Brasil. Pode-se considerar que os surdos têm o seu lugar ao sol nos dias atuais,
muito se conquistou nessa caminhada da Educação de Surdos, algumas das conquistas são:
• O reconhecimento a partir dos espaços de luta;
• O espaço acadêmico;
• O direito de usar a Língua de Sinais legalmente.
50
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do
Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua
Brasileira de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a modalidade
escrita da língua portuguesa.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002;
181º da Independência e 114° da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza (BRASIL, 2002 apud COSTA, 2010, p. 44-45).
Como você leu, são somente cinco artigos que dispõem sobre a Libras:
• O Primeiro Artigo trata do que é Libras;
• O Segundo Artigo trata sobre o dever público, empresas e serviços, de apoiar o uso
de difusão de Libras;
• O Terceiro Artigo versa sobre o apoio da saúde ao portador de deficiência auditiva;
• O Quarto Artigo versa sobre o papel da educação de incluir Libras nos cursos de
formação, como integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN;
• O Quinto Artigo trata da entrada em vigor da Lei.
O reconhecimento da Libras como língua da comunidade das pessoas surdas no Brasil,
trouxe regulamentações que procuram garantir a sua circulação no território nacional, através do
Decreto n° 5626, de 22 de dezembro de 2005.
Para Costa (2010), o Decreto de Libras mostra todos os deslocamentos subsequentes da
legitimação de Libras como língua do surdo, e da Língua Portuguesa como sua língua escrita, ou seja,
o decreto é simplesmente um olhar sobre o documento de Lei nº 10.436. Vemos no decreto a
extensão destes desdobramentos, nove capítulos distribuídos em trinta e um artigos.
51
Estudante, para você lê todo o decreto, entre neste site e faça uma leitura
para ficar ciente de tudo sobre os benefícios deste decreto para a educação do
surdo.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&a
lias=9961-decreto-5626-2005-secadi&Itemid=30192
Sobre a educação do surdo e acessibilidade da pessoa surda foram criadas outras leis, que
confirmam algumas conquistas do movimento social e político das pessoas com deficiência auditiva
e surdez.
52
Art.6º a partir de 31 dezembro de auditivos e da fala: tornar disponível centro de
1999. atendimento para intermediação da comunicação
(1402).
LEGENDA Dispõe sobre a utilização de recursos visuais,
Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004 destinados às pessoas com deficiência auditiva, na
– veiculação de propaganda oficial.
Rio de Janeiro
Gostou? Espero que sim! Segue sua leitura e aprendizagem desta competência
fundamental para sua formação.
A base da Língua da língua brasileira de sinais – Libras foi a Língua de Sinais Francesa (LSF),
e depois de anos houve mudanças, quando o ex-aluno do instituto do Rio de Janeiro (INES), Flausino
José de Gama traduziu o dicionário Iconographia dos Sinais dos surdos-mudos, cujos desenhos foram
copiados em 1875, alterando as palavras francesas para a Língua Portuguesa. Campello e Quadros
(2010)
53
Figura 45 - Dicionário Iconographia dos Signaes
Fonte: https://www.catalogodasartes.com.br/obra/DeGcAzUU/
Audiodescrição da figura: imagem da capa do dicionário Iconographia. Fim da descrição
A obra de Flausino contém 382 estampas, compostas por imagens referentes aos sinais
que foram selecionados para compor o léxico e, também pelos verbetes em Língua Portuguesa
correspondentes ao significado desses mesmos sinais. Na apresentação da Iconographia dos Signaes
dos Surdos-Mudos, escrito pelo próprio diretor Tobias Leite, encontramos as finalidades atribuídas a
54
sua existência; entre elas, destacamos: a intenção de "vulgarizar a linguagem dos sinais, meio
predileto dos surdos-mudos para a manifestação de seus pensamentos e mostrar o quanto deve ser
apreciado um surdo-mudo educado" Flausino era considerado um exímio repetidor, na apresentação
é declarado que ele era um hábil desenhista, e o que inviabilizava a execução de seu desejo era a falta
de recursos financeiros do Instituto, pois as despesas com o mesmo eram grandes. Tobias Leite,
comunicou o fato ao Sr. Eduard Rensburg, dono de oficina de litografia na época, o qual, após tomar
conhecimento da situação, se ofereceu para ensinar a Flausino o desenho litográfico, colocando a sua
oficina à disposição para a concretização da obra. O diretor de Flausino aceitou prontamente a
proposta, e, segundo ele, "em poucos dias saiu o livro que tenho a satisfação de apresentar a todos
os que se interessarem por essa numerosa classe de nossos compatriotas" (Leite, 1875 apud Gama,
1875).
O dicionário de Flausino da Gama é motivo de orgulho para muitos surdos brasileiros,
bem como, ouvintes envolvidos com os estudos da Língua Brasileira de Sinais (Libras), pois esse
material representa o primeiro esforço de criar uma iconografia para essa língua no país. Valorizam-
se dois aspectos: o seu pioneirismo, por ter sido desenhado em 1875 no Rio de Janeiro; e o fato de
Flausino ter sido, ele próprio, surdo autor.
55
Figura 46 - Alfabeto Datilológico
Fonte: http://oficinadelibras.blogspot.com/2015/01/primeiro-dicionario-de-libras.html
Audiodescrição da figura: figura da configuração de mão da letra a até a z. Fim da descrição
A imagem acima é do alfabeto que está na obra criada por Flausino, e um fato que me
chamou à atenção foi que o primeiro livro criado para a língua de sinais inicia com a capa,
agradecimentos e o alfabeto que está descrito como “Dactylologia dos Surdos- mudos”. Traduzida
para a língua portuguesa a “Datilologia da Libras”. Seguindo a trajetória do primeiro livro traduzido
para o português, todos os demais livros sobre a Libras começa da sua introdução com o alfabeto
manual. Assim como os cursos básicos de libras espalhados por todo o Brasil.
Já é sabido por você estudante, que o alfabeto manual foi criado pelo abade Charles-
Michel de L'Épée, no século XVI. Teve sua origem aqui no Brasil no período Imperial em 1856, quando
o conde francês Ernest Huet desembarcou no Rio de Janeiro com o alfabeto manual francês e alguns
sinais. O material trazido pelo conde, que era surdo, foi adaptado e deu origem a Libras. E o INES usou
a mesma didática educacional que existia na França para os surdos na época, o instituto tinha no
princípio o objetivo de educar os surdos na educação formal e profissional para que eles tivessem
oportunidades iguais aos ouvintes. Os dialetos da língua francesa de sinais foram misturados com a
língua de sinais falados aqui no Brasil. Nessa época, foi criado o primeiro dicionário brasileiro na INES.
E possuía uma estrutura gramatical própria, sendo composta por parâmetros principais, os quais
eram:
• Configuração da (s) mão (s) (CM);
• O movimento (M) e o ponto de articulação (PA);
56
• Por parâmetros secundários, que são a disposição das mãos, a orientação das mãos
e a região de contato.
Mas a língua de sinais não ficou só aí, foram acrescentados outros parâmetros, observe:
• Configuração das mãos (CM)
É a maneira que o interlocutor posicionará sua mão para executar o sinal. Essa
configuração pode ser baseada no alfabeto datilológico ou não.
57
Figura 50 – Pontos de Articulação
Fonte: http://librasitz.blogspot.com/2010/07/os-cinco-parametros.html
Audiodescrição da figura: um quadro mostrando um corpo e mãos sinalizando os sinais de pensar, aprender, trabalhar
e brincar. Fim da descrição
• Movimento (M)
O que se faz com as mãos durante a execução do sinal desde o ponto de articulação até
o fim da execução.
Tipos de Movimento: Os tipos representados abaixo associados ao movimento da mão ou
mãos e/ou ao movimento de dedos, gera uma série de sinais.
Figura 51 – Movimento
Fonte: http://librasitz.blogspot.com/2010/07/os-cinco-parametros.html
Audiodescrição da figura: figura de seis bonecos cada um sinalizando com as mãos os sinais de rir, chorar,
conhecer, ajoelhar, em pé e sentar. Fim da descrição
• Orientação (O)
Para que lado se executa o sinal (cima, baixo, direita, esquerda, etc).
58
Figura 52 – Orientação
Fonte: http://librasitz.blogspot.com/2010/07/os-cinco-parametros.html
Audiodescrição da figura: quadro com oito bonecos, cada um sinalizando um sinal diferente. Fim da descrição
Desmistificando a datilologia:
O Alfabeto manual, utilizado para soletrar manualmente as palavras (também referido
como soletramento digital ou datilológica), é apenas um recurso utilizado por falantes da língua de
sinais. Não é uma língua, e sim um código de representação das letras alfabéticas.
59
Figura 54 – Alfabeto Manual LSF e LIBRAS
Fonte: http://www.brasilazur.com/2012/09/lingua-brasileira-de-sinais-e-lingua-de-sinais-francesa-uma-relacao-
historica-linguistica-e-cultural/
Audiodescrição da figura: dois quadros com cores verde e azul, cada um com o alfabeto: o verde com o alfabeto LSF e
o azul com o alfabeto em Libras. Fim da descrição.
O alfabeto manual era usado para dialogar com os surdos e alfabetizá-los por Pedro Ponce
de Leon, que desenvolveu suas metodologias utilizando a datilologia com as letras do alfabeto, de
forma escrita e oral. Na sequência, vieram os sinais que são formados a partir da combinação do
movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo esse lugar
ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo.
A Língua de Sinais não é formada da tradução de letra por letra, e sim, constituída
por sinais que correspondem a objetos, pronomes, verbos, substantivos etc. Nunca
devemos nos comunicar traduzindo as letras de cada palavra, HONORA (2014, P.74)
60
O que é o alfabeto manual ?
É um recurso das línguas de sinais que utiliza as mãos para representar o
alfabeto das línguas orais. Cada letra ou número são representadas por
configurações de mão específicas. O Alfabeto Manual também é conhecido
como Alfabeto Digital, Datilologia ou Dactilologia.
61
Estudante, para complementar seu estudo sobre a Língua Brasileira de Sinais-
Libras. Convido você para assistir a videoaula, preparei um conteúdo para você
aprender e sanar muitas dúvidas. Aperte o play e vem aprender mais sobre a
Libras.
62
UNIDADE 04 | COMPREENDER A HISTÓRIA CULTURAL DOS SURDOS:
RESISTÊNCIA E EMPODERAMENTO
Estudante, antes de apresentar a história cultural do surdo, chamo sua atenção para duas
nomenclaturas: “Povo Surdo” e também “Comunidade Surda”. Vou apresentar a explicação, o que
diferencia cada um de acordo com a Karin Strobel ( 2009):
“Povo Surdo” - é o grupo de sujeitos surdos que têm costumes, história, tradições em
comuns e pertencentes às mesmas peculiaridades, ou seja, constrói sua concepção de mundo através
da visão;
“Comunidade Surda “- não é constituída apenas por surdos, já que tem sujeitos ouvintes
como integrantes na família, intérpretes, professores, amigos e outros que participam e
compartilham dos mesmos interesses em comum, numa determinada localização que pode ser nas
associações de surdos, federações de surdos, igrejas e outros.
Importante a compreensão da diferença do povo surdo e comunidade surda para facilitar seu
entendimento nesta competência. Então, siga firme na leitura!
A história cultural é uma nova interpretação de caminhos percorridos, agora com respeito
para com o povo surdo, vislumbrando a sua cultura, valores, hábitos, leis, língua de sinais, bem como
a política que movimenta tais questões, e não mais a excessiva valorização da história registrada sob
as visões do colonizador, a história cultural dá lugar ao sujeito como instrumento histórico no sentido
e no significado. A cultura surda demonstra o modo de vida das pessoas surdas, sua diferente forma
de se comunicar através da linguagem, características e formas de expressão.
A tabela abaixo mostra como são as representações dos surdos em diferentes olhares.
63
HISTORICISMO HISTÓRIA CRÍTICA HISTÓRIA CULTURAL
Os surdos narrados como Os surdos narrados como Os surdos narrados como
deficientes e patológicos. “coitadinhos” que sujeitos com experiências
precisam de ajuda para se visuais.
Os surdos são promoverem, se integrar.
categorizados em graus de As identidades surdas são
surdez. Os surdos têm capacidade, múltiplas e multifacetadas.
mas dependentes.
A educação deve ter um A educação de surdos
caráter clínico terapêutico A educação como deve ter respeito à
e de reabilitação. caridade, surdos diferença cultural.
“precisam” de ajuda para
A língua de sinais é apoio escolar, porque têm A língua de sinais é a
prejudicial aos surdos. dificuldades de manifestação da diferença
acompanhar. linguística-cultural
relativa aos surdos.
A língua de sinais é usada
como apoio ou recurso.
Quadro 04 - Representações dos surdos em diferentes olhares
Fontes: Formação de agentes multiplicadores Libras em Contexto, em MEC/Feneis (STROBEL, 2009, p. 22-29).
64
O historicismo é a doutrina segundo a qual cada período
Historicismo / História da história tem crenças e valores únicos, devendo cada
hegemonia fenômeno ser entendido através do seu contexto
histórico; no caso de história de surdos é a valorização
excessiva da história do colonizador, (do ouvinte). Em
Estudos Surdos, segundo a PERLIN (2003).
Quadro - 08 Historicismos
Fonte: PERLIN, 2003 (adaptado pela autora).
Então, estudante, quero saber sua opinião a respeito dessa definição da autora.
Vá ao fórum para fazermos um feedback. Agora, dê uma pausa na leitura
rapidinho, estou lhe esperando!
65
Quadro 09 – História Cultural
Fonte: PERLIN (2003). Adaptado pela autora.
Piadas e contação de
histórias;
Pedagogia surda:
A palavra pedagogia surgiu na Grécia e seu significado é “Condutor de Crianças”, aquele
que ajuda a conduzir o ensino da criança. A ciência de estudos que visa à prática educacional e social
ligando todos os seres humanos de forma geral na educação. A partir da pedagogia tradicional e geral,
surgiram outras, e uma delas foi a pedagogia surda. A pesquisadora Gladis Perlin, é uma das mentoras
desta pedagogia direcionadas aos surdos. E a mesma, considera essa pedagogia nos dias atuais da
seguinte forma:
[...] uma ruptura no universo teórico da educação que detém o modelo ouvinte. A
transgressão pedagógica que realizamos não nos apavora, mas nos identifica e nos
dá a sensação de que é isso que queremos. De fato, alguns aspectos cambiantes
fazem desaparecer a pedagogia ouvinte de tal forma presente nos discursos
narrativos fruto de agências coloniais. Perlin (2006, p. 5)
66
todos os aspectos e valorizando o saber surdo na arte, na história de vida, na comunidade surda, na
cultura, sua identidade e, consequentemente a língua de sinais.
Artefatos Tecnológicos:
CLOSED CAPTION
DESPERTADORES VIBRADORES
BABÁ SINALIZADORES
Esses artefatos são recursos de auxílio à pessoa surda e estão denominados a Tecnologia
Assistiva – TA, um termo utilizado para identificar recursos e serviços que contribuem para ampliar
habilidades das pessoas, promovendo uma vida independente e inclusiva. Bersch e Tonolli (2006),
ressalta que os recursos de tecnologia assistiva são organizados ou classificados de acordo com
objetivos funcionais a que se destinam.
67
Quadro 12 – História na visão crítica
Fonte:
https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEducacaoDeSurdos/scos/cap14134/
1.html
Bilinguismo
Mascarado
68
língua própria, porém, a Formação Educacional de Surdos no Brasil (tema da redação do ENEM 2017)
não depende apenas do reconhecimento da Libras como língua.
Caro, estudante, peço que antes de passar para o próximo tópico desta
unidade do seu e-book. Pausa para ouvir o podcast.
O surdo por muito tempo foi inferiorizado pelo fato de não se expressar através da língua
oral como o ouvinte, usava sua língua materna, mas, pelo fato de ela não ser considerada língua e
sim gestos, sofreu com a descriminação. Porém, atualmente e tardiamente ver-se sua Língua ser
reconhecida como meio legal e adquirido de comunicação, e podendo assegurar de todos os seus
direitos como um cidadão, e principalmente o direito de ter uma educação bilíngue, em que se
priorize sua Língua.
Separei três pessoas surdas que tiveram destaques no mundo ouvinte, e tornaram-se
referência de resistência e empoderamento.
69
turno frequentava a Fundação Catarinense de Educação Especial, onde tinha aulas de fonoaudiologia
e era estimulado a praticar a oralidade. Três, dos quatro irmãos dele, tem graduação. Todos ouvem
perfeitamente, mas ele é o único doutor da família.
Especializações: prática interdisciplinar, em educação infantil e séries iniciais, e educação
de surdos – aspectos culturais, políticos e educacionais. É coautor do Caderno Pedagógico de Língua
Brasileira de Sinais para educação a distância da Udesc e do Caderno Introdução à Língua Brasileira
de Sinais na modalidade a distância da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Membro da
diretoria do escritório regional da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis)
no período de 2003 a 2007.
Apresento uma pessoa surda que teve oportunidades no mundo ouvinte, e hoje tem sua
vida como um marco da superação na comunidade surda americana.
70
Louis Marie Laurent Clerc, nasceu em 1785 foi chamado de "O apóstolo do surdo na
América "por gerações de americanos surdos. Ele foi ensinado por Abbe Sicard, na famosa escola
para Surdos, em Paris, instituição Nationale des Sourds-Muets.
Quando Clerc tinha um ano de idade, caiu de uma cadeira para a lareira, sofrendo um
golpe na cabeça, a família acreditava que sua surdez e incapacidade de cheiro foram causados por
este acidente, mas ele mais tarde escreveu que não era certo e que pode ter nascido surdo e sem a
capacidade de cheiro ou sabor. Clerc se tornou a pessoa mais famosa surda na história americana.
Participou da escola para surdos em Paris e foi ensinado por Abbe Sicard. Em 1815, tornou-se
professor da instituição que foi um dia aluno. Viajou para a Inglaterra para dar uma palestra e lá
conheceu Thomas Hopkins Gallaudet, em 1816, ele convidou Clerc para acompanhá-lo aos Estados
Unidos para estabelecer a primeira escola permanente de Surdos (Escola Americana para Surdos),
em Hartford, CT. (Recorte, do jornaldosurdo.comunidades).
Antes de seguir a leitura do e-book. Reflita com uma linda citação para lhe motivar a
participar no próximo fórum:
71
Figura 57 - Emmanuelle Laborit
Fonte: https://www.libras.com.br/surdos-famosos-emanuelle-laborit
Audiodescrição da figura: imagem de uma mulher de cabelos curtos, vestindo camisa de malha na cor laranja. Fim da
descrição.
Essa escritora surda está entre as autoras mais lidas pela comunidade surda brasileira e
internacional. Além de sua atuação no campo da escrita, Laborit é conhecida por seu trabalho como
atriz e diretora do Teatro Visual Internacional.
Seu livro mais conhecido é “O Grito da Gaivota”. Trata-se de uma autobiografia que foi
publicada em 1993. Nesse livro, a autora revela lembranças de sua infância, adolescência e vida
72
adulta, relatando as dificuldades que enfrentou no cotidiano pelo fato de ser surda. Trata-se de uma
obra “obrigatória” para quem deseja superar os desafios da surdez ou conhecer melhor a realidade
de uma pessoa que apresenta deficiência auditiva.
Pode-se dizer sem medo, que a Libras é o artefato cultural mais importante dos surdos.
Por isso, o ensino da língua de sinais, ou de qualquer língua materna é fator determinante para o
desenvolvimento de uma pessoa. É por meio da língua que exercemos a nossa cidadania e nos
identificamos dentro de uma sociedade, por isso, a aquisição da língua, faz-se necessário, e se desde
a infância a criança surda tiver o contato com a sua língua materna, é possível torna-se um adulto
com maior segurança, autoestima e uma identidade sadia. Por isso, a libras tornou-se, além do
artefato mais importante, a conquista mais marcante para toda a comunidade surda.
E na sequência das conquistas, você tem um palpite, estudante? Se sua resposta foi o
profissional Tradutor Intérprete de Libras. PARABÉNS! Você acertou! Pois, como consequência de
muita luta da comunidade surda, a libras foi reconhecida como língua em nosso país e esse
reconhecimento legal, veio acompanhado da garantia de outros direitos, dentre eles, o de que os
surdos tenham o acompanhamento de um Tradutor Intérprete de Línguas de Sinais (TILS) em
diferentes situações, principalmente, na educação. Conforme está regido na lei nº 12319 de 1° de
setembro de 2010:
Interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades
didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis
fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos
curriculares; (Art. 6° II , Lei 12319)
73
Figura 59 - Profissional Intérprete de Libras
Fonte: https://www.handtalk.me/br/wp-content/uploads/sites/8/2020/06/098-capa_blog_interprete.png
Audiodescrição da figura: figura de um boneco com roupa de cor azul e cabelos pretos sinalizando com as mãos, fundo
da imagem cor laranja e ao lado direito, a imagem da acessibilidade em libras. Fim da descrição.
74
⮚ “Alguma dificuldade”
Segundo o Censo Escolar (INEP, 2012), o total de alunos surdos na Educação Básica é de
74.547, os dados indicam a fragilidade da oferta e, consequentemente, da matrícula na:
● educação infantil (4.485); a dificuldade de acesso à educação profissional (370)
● ensino fundamental (51.330);
● ensino médio (8.751);
● EJA (9.611). crescente evolução
De acordo com o Censo da Educação Superior (INEP, 2011), há um total de 5.660 estudantes
matriculados em cursos superiores, sendo 1.582 surdos, 4.078 com deficiência auditiva e
148 com surdocegueira.
https://www.handtalk.me/br/wp-content/uploads/sites/8/2020/06/098-
capa_blog_interprete.png
Quadro 05
Fonte: adaptada pela autora.
Recentemente, O presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 14.191 de 2021, que insere a
Educação Bilíngue de Surdos na Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei
9.394, de 1996) como uma modalidade de ensino independente — antes incluída como parte da
educação especial. Entende-se como educação bilíngue aquela que tem a língua brasileira de sinais
(Libras) como primeira língua e o português escrito como segunda. Fonte: Agência Senado
Foi publicado que a Educação bilíngue de surdos se torna modalidade de ensino
independente. O Projeto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro estabelece a Língua Brasileira de
Sinais (Libras) como primeira língua e o Português escrito como segunda. Com a sanção, ficam
incluídos novos itens na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), como o estímulo à
produção de material didático bilíngue, à formação de professores, ao currículo de Libras como
primeira língua e de Português escrito como segunda língua, bem a priorização da atenção às
questões linguísticas, indenitárias e culturais no contexto educacional do estudante surdo.
XIV - respeito à diversidade humana, à linguística, à cultural e identitária das pessoas
surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva.
(Incluído pela Lei nº 14.191, de 20
75
Atualmente, há 64 escolas bilíngues de surdos com 63.106 alunos
surdos, surdo-cegos e com deficiência auditiva, de acordo com dados
de 2020 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep).
Fonte:https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-
planalto/noticias/2021/08/educacao-bilingue-de-surdos-se-torna-
modalidade-de-ensino-
independente#:~:text=Atualmente%2C%20h%C3%A1%2064%20escola
s%20bil%C3%ADngues,Educacionais%20An%C3%ADsio%20Teixeira%2
0(Inep)
Quadro 3
Fonte: Adaptada pela autora.
Fala para mim, estudante, como está a leitura? Gostando? Se sim, é sinal que
você está absorvendo todas as informações que seu e-book está lhe
disponibilizando para enriquecimento da sua aprendizagem. Agora, você vai
saber tudo sobre o primeiro curso oferecido para agentes multiplicadores da
Libras no Brasil.
O Primeiro curso de Libras para instrutores surdos habilitando-os para o ensino de Libras
aconteceu no ano de 2001, com o nome: Libras em Contexto, foi organizado pela professora doutora
Tanya Felipe e pela equipe de instrutores da FENEIS. Segundo Felipe (2007), esses primeiros surdos
cursistas foram chamados de agentes multiplicadores, pois tinham como tarefa capacitar novos
instrutores para o ensino da Língua de sinais em seus estados de origem. Para justificar a atuação do
instrutor surdo, o programa garantiu sua presença determinando institucionalmente que os surdos,
embora sem titulação acadêmica para o ensino de línguas, eram proficientes na língua brasileira de
sinais. Assim, o MEC/SEESP, em parceria com a FENEIS se propôs a realizar cursos para instrutores
surdos.
76
Figura 60 – Libras em contexto
Fonte:https://biblioteca.ifrj.edu.br/cgi-bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=10407&shelfbrowse_itemnumber=16552
Audiodescrição da figura: figura de uma apostila na cor verde com um CD - ROM ao seu lado esquerdo. Fim da
descrição
Presente! Isso mesmo, estudante, esse livro é um presente para você. Ele vai
auxiliar muito no seu curso e em toda sua carreira nesta profissão. Então, baixe
esse material e deixa guardadinho para usar sempre que precisar!
http://www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/downloads/libras-
contexto-estudante.pdf
E o primeiro curso de Letras Libras foi ofertado pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) no ano de 2006, foi aprovado em 2005 e ofertado na modalidade a distância com o
apoio do Ministério da Educação. A proposta foi registrada, posteriormente, no livro “Letras Libras
ontem, hoje e amanhã”, o curso foi organizado pela autora Quadros, com o objetivo de trazer
elementos sobre a constituição do Curso de Letras Libras. Os cursos ofertados pela UFSC,
Compreendem a licenciatura para formar professores de Libras e o bacharelado para
formar tradutores e intérpretes de Libras e Português. É uma ação da Universidade
Federal de Santa Catarina juntamente com instituições conveniadas e com o
Ministério da Educação (MEC) – Governo Federal. Foi oferecido na modalidade a
distância com o objetivo de democratizar esse processo de formação com
abrangência nacional, envolvendo 15 estados do Brasil. Diferentes regiões tiveram a
77
oportunidade de formar professores de língua de sinais na perspectiva dos próprios
surdos, bem como formar tradutores e intérpretes preparados para fazerem
tradução e interpretações de Libras e Português em uma perspectiva cultural
(QUADROS, 2014, p. 5).
Com isso, a titulação da primeira turma da UFSC ocorreu em 2010 e da segunda, em 2012,
com alunos originários de 16 estados brasileiros. “O Curso formou um total de 389 alunos licenciados
em 2010, 312 bacharéis e 378 licenciados em 2012” (QUADROS, 2014, p. 10). Veja a publicação EAD:
Por muitas conquistas alcançadas pela comunidade surda, e muitas delas ter acontecido
no mês de setembro, tais como:
• Data de fundação do INES, em 1857 com o nome de Imperial Instituto dos Surdos-
Mudos.
• Dia Internacional das Línguas de Sinais: celebrado no dia 23 de setembro, por
determinação das Nações Unidas
• 23 de setembro de 1951, foi fundada a Federação Mundial dos Surdos.
• Dia do Tradutor: celebrado no dia 30 de setembro, essa data é muito
• comemorada na comunidade surda em homenagem ao tradutor de Libras.
Por tantos motivos para agradecer pelas vitórias já alcançadas até aqui, que a comunidade
surda tem como a data comemorativa no Brasil em homenagem aos surdos, celebrada no dia 26 de
78
setembro — Dia Nacional do Surdo. Sua criação levou em consideração o mês de setembro, sendo
um marco na história do surdo.
A razão do azul ser a cor-símbolo, tem raiz em um passado triste, já que vem da Segunda
Guerra Mundial, quando eram amarradas fitas azuis em pessoas com deficiência para diferenciá-las
das demais. São várias as datas voltadas às histórias de resistência da comunidade surda ao longo de
setembro.
Apesar de ser um dia de alegria, os surdos trazem a lembrança das lutas vivenciadas nesse
mês e a mais triste de todas é no dia 6/09 e 11/09, lembram o Congresso de Milão de 1880, no qual
foi proibido o uso das Línguas de Sinais na educação dos surdos.
Finalizo seu ebook com um desejo no coração: que eventos como esse do Congresso, não
venham mais a acontecer com nenhum dos povos!
"Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceito a pessoa. Quando eu rejeito a
língua, eu rejeitei a pessoa, porque a língua é parte de nós mesmos. Quando eu
79
aceito a língua de sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que
o surdo tem o direito de ser surdo. Nós não devemos mudá-los, devemos ensiná-los,
ajudá-los, mas temos que permitir-lhes ser surdo ." Terje Basilier
80
CONCLUSÃO
Chegamos ao final do E-book da primeira disciplina deste módulo e a intenção dela foi
alcançada. Seu estudo sobre a história da educação do surdo, porque aqui, você aprendeu como
aconteceu a trajetória de vida e todo o percurso que o surdo fez até chegar aos dias atuais.
Foi importante toda sua vivência no processo deste estudo, com os conteúdos que foram
além do seu ebook, os fóruns , os podcast e as videoaulas. Desde os importantes registros até a
pesquisa teórica, mostraram o sofrimento que os surdos passaram na idade média, nas primeiras
civilizações até terem o direito de acesso à escola quando surgiu o pai do surdo Charles-Michel de
l'Épée.
Um destaque nas aprendizagens, para a filosofia da educação do surdo, no qual, foi
mostrado o sofrimento do oralismo com a proibição do uso das línguas de sinais em todo o mundo e
as atrocidades que enfrentaram até conseguir seus direitos garantidos por leis. Por isso, comecei de
forma pertinente a introdução do seu Ebook, mostrando um professor surdo, nos nossos dias atuais,
sendo reconhecido nacionalmente pela sua capacidade de exercer a profissão que escolheu.
Finalizei apresentando a data comemorativa pelas conquistas alcançadas até hoje, mas é
sabido por mim e por você, que tem muita coisa para conquistar na educação do surdo. Esforcei-me
para trazer um conteúdo que enriquecesse seu aprendizado e acredito que foi proveitoso, tudo que
você estudou.
Deixo aqui, uma mensagem final para sua reflexão:
SURDEZ DE ALMA
Ninguém sabe o que se passa dentro de um coração sem antes ouvir, sentir e ver os
apelos da alma. A compaixão vai além dos atos e abraços... A compaixão inclina-se
sobre o coração para absorver de suas batidas descompassadas a essência dos
sentimentos velados pela surdez de alma... (Márcia Kraemer)
Abraços virtuais, querido estudante, e não esqueça! Vamos nos encontrar nas próximas
disciplinas. Eu creio!
81
REFERÊNCIAS
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Ferdinand Berthier. In: ETD – Educação Temática Digital 7 (2006), 2, pp. 255-265. URN: Disponível em:
<http://nbnresolving. de/urn:nbn:de:0168-ssoar-101756>.
BIBLIA SAGRADA, Nova tradução na linguagem de hoje. Paulinas Editoras 2011. 9504 p
VELOSO, Éden; FILHO, Valdeci Maia. Aprenda a Libras com eficiência e rapidez. Editora - Mãos Sinais.
Curitiba - PR. 2009.
HONORA, M. ; Mary Lopes Esteves Frizanco . Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais:
desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez I. 5a.. ed. São Paulo: Ciranda Cultural
Editora e Distribuidora LTDA, 2009. v. 1. 352p .
GUARINELLO, Ana Cristina. O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus, 2007.
LUCHESE, Anderson. Formaçao docente apara atuação com estudantes surdos. 2016. 156 f.
(Dissertaçao de Mestrado) Universidade Comunitaria da Regiao de Chapeco – UNOCHAPECO,
Chapeco, 2016.
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Ferdinand Berthier. In: ETD – Educação Temática Digital 7 (2006), 2, pp. 255-265. URN: Disponível em:
<http://nbnresolving.de/urn:nbn:de:0168-ssoar-101756.
CAMPELLO, Ana Regina e Souza; QUADROS, Ronice Muller. LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais: curso
de licenciatura em matemática na modalidade a distância. Florianópolis: UFSC, 2010.
DORZIAT, Ana. Metodologias especificas ao ensino de surdos: análise crítica. Disponível em:
<http://www.ines.org.br/ines_livros/13/13_PRINCIPAL.HTM
ROCHA, Solange Maria da. O INES e a educação de surdos no Brasil: aspectos da trajetória do
Instituto Nacional de Educação de Surdos em seu percurso de 150 anos. Rio de Janeiro: INES, 2008.
82
PERLIN, Gladis Teresinha Taschetto; STROBEL, Karin. Fundamentos da educação de surdos.
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FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. Que educação nós surdo
queremos (1999).
FESTA, Vidal Soares Priscila; OLIVEIRA, Cristine Daine de. (2012). Bilinguismo e surdez: conhecendo
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<http://www.opet.com.br/faculdade/revista-pedagogia/pdf/n4/ARTIGOPRISCILA.pdf>.
HONORA, Márcia. Inclusão educacional de alunos com surdez: concepção e alfabetização. São Paulo:
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LEI DE LIBRAS. Disponível em: Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Disponível em:
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MARCHESI, A. Comunicação, linguagem e pensamento das crianças surdas. Porto Alegre: Artes
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SACKS, Oliver. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. Tradução: Laura Teixeira Motta. São
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83
MINICURRÍCULO DO PROFESSOR
84