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A autora

Andréa de Lourdes Silva Moura é mestre e especialista em Educação pela


Universidade Federal de Lavras (UFLA), linha de pesquisa Teoria Crítica e
Educação. Graduada em Letras pelo Centro Universitário de Lavras (UNILAVRAS).
Tem experiência na área da docência. Atuou como professora do ensino superior na
Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus de Palmas, no curso de
Pedagogia (2014-2016), nas disciplinas Leitura e Produção de Texto; Literatura
Infanto-Juvenil; Fundamentos e Metodologia do Ensino de Linguagem e Seminário
de Pesquisa. E foi professora formadora Parfor - UFT no curso de Licenciatura em
Pedagogia na disciplina Alfabetização e Letramento. Participou como membro do
grupo de pesquisa CNPq “Formação de Professores: Fundamentos e Metodologias
de Ensino”. Atuou ainda, na instituição, como membro do Comitê de Ética com
Pesquisas com Seres Humanos. Experiência no ensino fundamental, médio e EJA,
em Lavras (MG). Tutora EAD na UFLA no curso de Licenciatura em Letras.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

M929f Moura, Andrea de Lourdes Silva


Fundamentos da alfabetização e letramento / Andrea
de Lourdes Silva Moura – Goiânia: NUTEC, 2018.
79 p. : il. - (Educação a distância Araguaia).

Possui bibliografia.

1. Alfabetização. 2. Letramento. 3. Educação a


distância. I. Faculdade Araguaia. II. Título.
ISBN:978-85-98300-73-3
CDU:
37.014.22(07)

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marta Claudino de Moraes CRB-


1928
50
FACULDADE ARAGUAIA - FARA
1º Edição - 2018

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

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SUMÁRIO

Unidade IV - Processo de aquisição da leitura e escrita pela criança 55


4.1. Metodologias de alfabetização 55
4.2. Planejamento na perspectiva da alfabetização e letramento 58
4.3. Organização da sala de aula 60
4.4. Revisão 63
4.5. Estudos complementares 64
4.6. Atividades 64
4.7. Referências 66

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APRESENTAÇÃO

Feliz aquele que transfere o que sabe e


aprende o que ensina.
Cora Coralina1

O conteúdo da disciplina Fundamentos da Alfabetização e Letramento apresentado


neste caderno pedagógico tem como eixo central estudar e compreender a aquisição da
leitura e escrita tendo em vista os processos de alfabetização e letramento, além de
viabilizar uma reflexão sobre as diversas concepções teóricas correlacionadas com a
prática pedagógica.
A sociedade atual cada vez mais centrada na escrita impõe exigências de uso da
leitura e da escrita dentro da prática social. Assim, ampliar nossos conhecimentos de como
tem sido os avanços do processo de alfabetização e letramento nos últimos anos e de
como os estudiosos da área, em especial, Magda Soares e Luiz Carlos Cagliari, têm
atualizado essas discussões, no tocante a saberes teóricos e práticos, é fundamental para
enfrentarmos os novos desafios formativos.
Para pensar essas questões e, como mencionado na epígrafe “feliz aquele que
transfere o que sabe e aprende o que ensina”, em um constante aprendizado desta
experiência “que nos toca”, dividimos este caderno em cinco unidades. A primeira unidade
aborda “a história da alfabetização no Brasil” com foco em contextualizar momentos
importantes do processo de desenvolvimento da leitura e da escrita em sua face
tradicional até chegar à atualidade com a problemática recorrente de altos índices de
analfabetismo brasileiro. Traz ainda a perspectiva de “alfabetizar letrando” e aborda de
forma conceitual alfabetização e letramento.
Na segunda unidade, com “a história da escrita”, o objetivo é compreender o
surgimento da escrita na sociedade e entender que a escrita e a leitura são conhecimentos
produzidos pelo homem, assim precisam ser ensinados e ressignificados pelos alunos.
Consta da terceira unidade a “alfabetização e letramento e os processos de
compreensão a partir das relações étnico-raciais, cultura afro-brasileira e africana e
processos de inclusão”. Busca-se articular de forma efetiva a inclusão e trabalhar a cultura

1
Trecho do poema “Exaltação de Aninha (O Professor)” do livro Vintém de cobre: meias confissões de Aninha,
de Cora Coralina.

7
afro sob uma perspectiva positiva da identidade africana na prática pedagógica. Nesta
unidade serão apresentados também os níveis de desenvolvimento da escrita até a
criança descobrir o sistema de escrita alfabética na concepção de Ferreiro e Teberosky,
com a teoria da “psicogênse da língua escrita”. Ainda está presente na unidade a
abordagem histórico-cultural, segundo Vygotsky, em que a criança antes de entender o
sentido da escrita inicia sua escrita pelo desenho.
A quarta unidade contempla “o processo de aquisição da leitura e escrita pela
criança” em que vamos conhecer, estudar e compreender a relação entre diversas teorias,
métodos e metodologias de leitura e escrita e a ação do professor em sala de aula. Assim,
queremos propiciar condições para aqueles que atuam e que vão atuar no exercício da
docência nas classes de alfabetização ou ensino fundamental.
Por fim, na última unidade vamos abordar “novas perspectivas para os processos
de alfabetização e letramento e suas contribuições para prática pedagógica” com
exemplos de práticas bem-sucedidas. Com foco também no diagnóstico na alfabetização
inicial para conhecer com qual experiência de vida o aluno chega à escola e assim ter
condições para elaborar o planejamento das atividades. E ainda será contemplada a
discussão acerca da avaliação no processo de ensino-aprendizagem.
Esperamos a partir das unidades que compõem esse caderno que vocês
encontrem um sentido para estudar Fundamentos da Alfabetização e Letramento, um
sentido que vá muito além do estabelecido, de apenas cumprir mais uma disciplina do
curso de graduação. O que apresento como motivação é que os conteúdos, em especial,
as atividades propostas, as recomendações sugeridas e os estudos complementares
apresentados poderão contribuir também para a autorreflexão crítica, para pensar a sua
própria formação. Autorrefletir a própria formação é sim ter a percepção do que somos ou
do que a educação nos tornou; é refletir sobre os princípios éticos e políticos que trazemos
para as nossas relações de estudo, de trabalho e sociais.
E para que com seriedade vocês cuidem do próprio processo formativo, finalizo
com um trecho de Theodor Adorno extraído de Mínima Moralia: “a delicadeza entre
pessoas nada mais é do que a consciência da possibilidade de relações desprovidas de
fins”.
Bons estudos!

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UNIDADE IV – PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA PELA
CRIANÇA

Objetivos: discutir sobre método e metodologia e suas implicações para a definição


da prática docente; reconhecer a organização da sala de aula como uma proposta
significativa de um contexto de leitura e escrita; compreender o planejamento de
ensino como instrumento central do trabalho pedagógico do professor.

4.1. Metodologias de alfabetização

Inicialmente convidamos vocês a uma reflexão acerca da diferença entre


método e metodologia a partir dos conceitos apresentados abaixo. A discussão de
métodos tem sido um dos aspectos mais polêmicos na história da alfabetização e a
concepção de didática em que ora se escolhe um método como solução de todos os
problemas e ora se instala a sua negação também é uma discussão recorrente.
Magda Soares, em sua obra Alfabetização: a questão dos métodos, evidencia
que:
Métodos de alfabetização são conjuntos de procedimentos
fundamentados em teorias e princípios linguísticos e psicológicos,
mas suficientemente flexíveis para que, na prática pedagógica,
possam superar as dificuldades interpostas por fatores externos que
interfiram na aprendizagem dos alfabetizandos (SOARES, 2018, p.
53).

A autora nos leva a compreensão de que os métodos não atuam


autonomamente, que não constroem um processo linear, mas como consequência
de vários fatores intervenientes. Soares (2018, p. 333) parte da etimologia da
palavra método (meta + hodós = caminho em direção a um fim) para explicitar que
uma alfabetização bem-sucedida, ou seja, um alfabetizar com método se diz da
ação docente que considere as diferentes subfacetas e as desenvolva
simultaneamente, respeitando a especificidade de cada uma, conforme as teorias
que as definem.
Atualmente, a metodologia incorpora uma série de procedimentos que são
complexos e implicam em escolhas de diversos caminhos.

9
Os termos “metodologias” e/ou “didáticas da alfabetização” se
referem a um conjunto amplo de decisões relacionadas ao como
fazer. Implicam decisões relativas a métodos, à organização da sala
de aula e de um ambiente de alfabetização e letramento, à definição
de capacidades a serem atingidas, à escolha de materiais, de
procedimentos de ensino, às formas de avaliar, sempre num contexto
da política mais ampla de organização do ensino. Decisões
metodológicas sobre procedimentos de ensino são tomadas em
função dos conteúdos de alfabetização que se quer ensinar e do
conhecimento que o professor possui sobre os processos de
aprendizagem dos alunos, quando estes tentam compreender o
sistema alfabético e ortográfico da língua e seu funcionamento social.

Fonte: Glossário CEALE – Termos de Alfabetização, Leitura e Escrita para educadores.


Disponível em: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/metodos-e-metodologias-
de-alfabetizacao. Acesso em 30 de jun. 2018.

Frade2 (2005) parte da reflexão da importância em se equilibrar a


decodificação e a compreensão sobre o conteúdo dos textos, e também a
compreensão dos usos sociais da linguagem escrita, a fim de propiciar aos alunos
acesso com qualidade ao processo da escrita. Salienta que o professor alfabetizador
deve de forma crítica fazer as escolhas pertinentes dos livros e dos métodos, e
complementar as lacunas deficitárias com outras atividades. Além de entender que
não há método milagroso e que a escolha de um ou outro caminho priorizará alguns
aspectos em detrimento de outros.
Para uma melhor explicitação desse movimento, a autora apresenta em sua
pesquisa a resposta de professoras alfabetizadoras ao seguinte questionamento:
“que métodos de alfabetização você reconhece nas suas práticas atuais de
alfabetização?”. A saber:
“Utilizo muito o método silábico, por achar que o aluno aprende mais
depressa, mas, para fazer o diagnóstico da escrita, utilizo a teoria de
Emília Ferreiro e as hipóteses que as crianças usam para construir a
escrita. Mas também não deixo de trabalhar com parlendas, receitas
e outros tipos de textos, lembrando um pouco o método global,
apesar de minha preocupação maior ser com a decodificação. Há
uma mistura, às vezes, mas o eixo principal do meu trabalho é o
silábico, pois tenho mais facilidade e segurança com ele. Percebo
que tenho que mudar um pouco e trabalhar mais ainda com a
questão do letramento, para que as crianças entendam melhor o uso
da escrita” (FRADE, 2005, p.55-56).

2
Isabel Cristina Alves da Silva Frade autora do Caderno do Professor “Métodos e didáticas de alfabetização:
história, características e modos de fazer de professores”, Coleção Alfabetização e Letramento.
Ceale/FaE/UFMG.

10
A partir desse depoimento, a autora expõe o esclarecimento que, ao adotar a
sistematização da sílaba ou se tivesse escolhido o fonema, não exclui outras
unidades de funcionamento da linguagem escrita, e mais, a professora está atenta e
segura nas necessidades de formação de seus alunos. Esse é o ponto central.
Abaixo o depoimento de outra professora com as mesmas estratégias:

“Sabe, Isabel, eu creio que cada criança é diferente e que eu tenho


que estar atenta para descobrir a necessidade de cada uma quanto à
leitura e escrita. Tenho acompanhado uma turma desde o pré-
escolar e, neste ano, no 1º ano, tenho 12 crianças que leem de tudo,
8 que apresentam um pouquinho de dificuldade para ler sílabas mais
complexas e 5 que tentam adivinhar muito. Temos trabalhado com
elas de modo global, fônico e muito com o silábico. Todas escrevem
textos, criam frases, completam palavras, formam palavras por meio
de outras, criam histórias (orais), são valentes, trabalhadores em
sala. Eles são disciplinados; conversam muito, mas são formidáveis!
Eu amo estar com eles, preparar as aulas, a gente se ama muito”
(FRADE, 2005, p.56).

Diante dessa fala, Frade (2005, p.56) cita Dykstra, Chall e Feldman, Lionel
Bellenger (1979) para enfatizar que “o papel do professor é fundamental e que sua
maneira de ser e de agir é mais decisiva que o método utilizado”.
As estratégias clássicas estão presentes e são bem-vindas no momento
oportuno e aos alunos certos, conforme diz Frade (2005), seguindo uma ordem
pedagógica e bem aproveitada pelos professores que conhecem os métodos e têm
a memória desses procedimentos.
É muito comum os professores usarem o método proposto no livro didático ou
no manual do professor. De acordo com Frade (2005), uma boa parte dos
professores se sente insegura em utilizar livros que não explicitam com clareza os
passos da escrita alfabética e ortográfica, e ainda priorizam a leitura e a escrita
numa perspectiva de uso em situações sociais comunicativas. Os livros didáticos
mais recentes, em sua maioria, têm sido apresentados nesse formato com
conteúdos voltados aos gêneros textuais, aos usos e funções da escrita.

Esses novos livros acabam reforçando a adoção de uma espécie de


“método” natural ou de imersão, supondo que é a partir do contato e
uso dos textos nele presentes, que as crianças farão descobertas
espontâneas e inferências sobre as unidades gráficas e suas
correspondências sonoras. Nesses casos, os professores precisam
complementar os livros com atividades voltadas para a observação
sistemática de letras, fonemas, sílabas e pedaços de palavras,
11
estratégias que fazem parte dos métodos sintéticos do passado,
assim como devem incentivar a memorização e reconhecimento
global de palavras, frases e textos, estratégia que faz parte dos
métodos analíticos do passado (FRADE, 2005, p.58).

Como última palavra, reforçamos a complexidade da metodologia para que


fique claro ao professor alfabetizador e que as nossas escolhas devem estar sempre
balizadas no questionamento se tem propiciado uma alfabetização bem-sucedida.

4.2. Planejamento na perspectiva da alfabetização e letramento

Na concepção de Batista3 (2005), a elaboração do planejamento é uma


possibilidade de desenvolvimento da formação docente, pois é com planejamento,
execução e avaliação das ações pedagógicas que a escola e os docentes ampliam o
saber e a necessidade de rever estratégias e estabelecer novos estudos.
De acordo com o autor, dessa forma, o planejamento é o principal instrumento
por meio do qual os professores e a escola delimitam um trabalho autônomo e
aprofundam em seu processo de formação. Assim, o planejamento não é uma mera
formalidade e não pode ser transferido a um livro didático ou a um método de
ensino, nem tão pouco ser elaborado por outro profissional.
Planejar é uma tarefa complexa como explicita Batista (2005). O autor diz da
importância das expectativas individuais em relação ao ensino expressas no
planejamento e também o estilo de atuação, gestos e conhecimentos como
possibilidades individuais.

Essa dimensão individual e subjetiva da prática de ensino é


extremamente importante, porque é ela que nos faz sentir prazer em
sala de aula, nos faz sentir realizados, nos faz sentir que nos
exprimimos por meio de nosso trabalho. Assim, nossa prática deve
expressar nossa subjetividade, nossas crenças e nossas
possibilidades (BATISTA, 2005, p. 10).

Esse traço individual, no entendimento do autor, deve estar sempre articulado


com fatores de ordem social e coletiva, e observar as necessidades escolares; o
aspecto social corresponde a alcançar nível de aprendizagem semelhante em
turmas diferentes e proceder em cada etapa com trabalhos que possam nortear a

3
Antônio Augusto Gomes Batista, autor do Caderno do Professor “Planejamento da alfabetização”. Coleção
Alfabetização e Letramento. Ceale/FaE/UFMG.
12
continuidade no próximo ciclo; no não escolar diz sobre as expectativas da
comunidade, dos pais que buscam influenciar nas finalidades gerais da escola.
Dessa forma, Batista (2005) destaca que um bom planejamento deve elencar
os objetivos a serem alcançados, a rotina diária, a organização das capacidades
linguísticas, a previsão das práticas e recursos didáticos disponíveis, as atividades e
estratégias relacionadas às competências devidas e, por fim a avaliação,
essencialmente, formativa.
Em caráter de exemplificação, abaixo segue algumas possibilidades de
materiais didáticos pedagógicos no processo de leitura e escrita, entendendo que
nenhum material consegue contemplar todos os objetivos no processo de ensino.

Quadro 1
Materiais didático pedagógicos e as capacidades de leitura e escrita
CAPACIDADES CARACTERÍSTICAS E TIPO DE
MATERIAIS PARA OS ALUNOS DE
CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO
Familiaridade com livros Livros ilustrados sem palavras, livros com
poucas palavras, livros de tamanhos
variados, livros informativos, livros de
gêneros variados com temas de interesse
das crianças.
Consciência fonológica Objetos de todo tipo que façam barulhos,
poesias, parlendas, rimas, canções,
músicas e danças rítmicas.
Consciência fonêmica Bonecos, cartazes com letras, letras com
figuras que permitam identificar a letra
com clareza e fazer a associação de
fonemas e grafemas.
Princípio alfabético Letras, cartazes com letras, abecedários,
cadernos de caligrafia, atividades de
associação de letras com figuras.
Decodificação Livros de alfabetização, cartilhas, fichas
ou outros materiais que coloquem em
destaque as letras ou palavras que
devem ser decodificadas. A estrutura e
sequência das aulas são importantes,
bem como o tipo de atividades que
permitam a análise e síntese dos
fonemas. A repetição frequente das
mesmas palavras é fundamental para
ajudar o aluno a reconhecê-las de forma
automática.
Fluência Livros decodificáveis, graduados e
compatíveis com o programa de
decodificação.
Livros com estrutura sintática simples e
vocabulário simples.
Livros com estruturas sintáticas repetidas,
13
variando apenas uma ou outra palavra
(verbos, adjetivos, etc.).
Vocabulário O vocabulário deve ser desenvolvido a
partir das leituras que forem sendo feitas,
especialmente as leituras que têm como
objetivo desenvolver a compreensão. Daí
a necessidade de escolha criteriosa,
variada e balanceada de livros de
literatura e livros informativos.
Compreensão Textos e coletâneas de vários tipos e
gêneros literários para leitura pelo
professor. Devem-se enfatizar os gêneros
informativo, didático, narrativo e outros
tipos de texto que os alunos usam -
bilhetes, cartazes, convites, listas,
notícias curtas etc. Livros ilustrados e
com textos adequados para leitura pelo
aluno, com ajuda de colegas e dos pais.
Fonte: Guia de Estudos EaD-Unimontes.

4.3. Organização da sala


Criar contextos significativos para os alunos na sala de aula é preocupação
primeira dos professores. O espaço sala de aula para se trabalhar linguagem deve
ser um laboratório de leitura e de escrita de forma que os alunos tenham contato
constante com diversos gêneros textuais, e que toda criação textual feita pelos
alunos ganhe uma posição de destaque e um destino final, a fim de provoca-los à
intencionalidade comunicativa de seus textos.
Para realizar tudo isso de forma que as crianças tenham interesse nas
atividades propostas, Frade & Silva4 (2005) salientam a importância de criar
situações em que as crianças expressem por meio de roda de conversa, por
exemplo, os seus maiores interesses e desejos e assim o professor atento terá
condições de extrair as principais necessidades das crianças e os conhecimentos
prévios trazidos por elas.
E a partir dessas situações descobrir quais as brincadeiras preferidas, os
hábitos familiares, os programas vistos na TV, e correlacionar essas descobertas
com o que vem acontecendo em âmbito regional, do país e do mundo. Propiciar
ainda uma participação conjunta com os alunos na definição da organização do
trabalho para que eles se sintam parte de todo o processo de definições e/ou

4
Isabel Cristina Alves da Silva Frade e Salete Ribas da Silva, autoras do Caderno do Professor “A
organização do trabalho de alfabetização na escola e na sala de aula”. Coleção Alfabetização e Letramento.
Ceale/FaE/UFMG.
14
escolhas.
Na escola devem-se aproveitar todas as situações para que a criança tenha
contato com a escrita e com a leitura. De acordo com Frade & Silva (2005),
exemplos são a correspondência com os pais, os avisos para alunos, a
comunicação entre turmas, os murais, as pesquisa e seus registros, os cartazes
relacionados à vida escolar.
[...] é fundamental que sejam criados ou potencializados ambientes
em que situações específicas de leitura e escrita de textos possam
ser vivenciadas. Nesse caso é fundamental que se trabalhe com a
biblioteca ou o cantinho de livros da sala e com a biblioteca da escola
(FRADE & SILVA, 2005, p. 48).

A escrita que circula fora da escola também precisa ser objeto de reflexão no
trabalho com os alunos como outdoors, revistas, jornais, livros, folhetos, escritas na
rua do bairro, no espaço doméstico (identificação de embalagens, caixas de
remédios). Quanto mais rico o contato com a escrita, mais se amplia o repertório de
competência. É por meio dessa variedade de textos que o professor alcança os
alunos nos diversos níveis de aprendizagem.

Figura 1: Imagens de sinalização de segurança do trabalho.


Fonte: Disponível em: logismarket.ind.br
Acesso em 30 de jun. 2018

Figura 2: Cidadão idoso operando um


caixa eletrônico.
Fonte: Disponível em:
credinfo.com.br.
Acesso em 30 de jun. 2018
Figura 3: Crianças numa sala de leitura
Fonte: Disponível em:
https://educacao.estadao.com.br/blogs/blog-
dos-colegios-santi/formando-leitores-literarios.
Acesso em 30 de jun. 2018
15
Figura 4: Criança em contato com
uma prateleira de supermercado
Fonte: Disponível em www.fotosearch.com.
br/FSA351/x24630607.
Acesso em 30 de jun. 2018

Proposta de tipologia textual

Recordar, registrar, localizar Enumerativos Listas, agendas, horários,


ordenar dados concretos, índices, cartazes, dicionários,
informações pontuais. guias.
Informar e nos informar sobre Informativos Notícias, anúncios,
temas gerais, acontecimentos, correspondências, diários,
fatos. revistas.
Expressar-nos pessoalmente, Literários Contos, narrativas, romances,
nos distrair, desenvolver a teatro, poesia, histórias em
sensibilidade artística, quadrinhos, músicas.
partilhar emoções.
Estudar, aprender, ensinar, Expositivos Livros-texto, revistas, mono-
demonstrar, comunicar grafias, biografias, relatórios,
conhecimentos, discutir ideias. definições.
Ensinar a aprender a fazer Prescritivos Receitas, regras, instruções de
coisas, comunicar instruções, jogos, de uso de
regular o comportamento. eletrodomésticos, de trabalhos
manuais
Fonte: Descrito por Luís Maruny Curto et al., citado por Frade & Silva (2005, p. 50).

Os alunos precisam ser motivados também pelo envolvimento real dos


professores nas situações de leitura e de escrita. Assim, é interessante dialogar com
as crianças sobre qual livro está lendo, de quais gêneros textuais mais gosta, além
de estar junto deles nos desafios propostos, como:
- Biblioteca na escola
- Momento de leitura em que o professor também leia
- Cartazes com textos trabalhados
- Reescritas coletivas no quadro
- Leituras compartilhadas e rodas de reconto
- Oficina de construção de textos

16
- Recitais

Dessa forma finalizamos este item entendendo que, para realizar um bom
trabalho, o professor deve manter a sala bem organizada e que o aluno pode
participar desse processo, trazendo de casa os livros preferidos, recortes de jornais,
convites, embalagens, cartas, bulas de remédios, etc. Mais ainda: o professor deve
abrir espaço para que o aluno conte suas histórias e casos como marca importante
de ocupação desse espaço que é a sala de aula.

4.4 . Revisão

 A partir da discussão de método e metodologia, vimos que a escolha de um


método não exclui o outro e, sem indicar um único caminho, espera-se que o
professor tenha condições críticas de fazer a escolha pertinente do método a
ser adotado, sem medo de retomar as estratégias clássicas, e complementar,
sempre que preciso, as lacunas deficitárias com outras atividades e, não
simplesmente, transferir a escolha ao livro didático;
 O planejamento deve ser elaborado com foco nos objetivos a serem
alcançados e com o conhecimento das capacidades a serem desenvolvidas.
Assim, o professor terá condições de selecionar o material didático, as
atividades e de que forma avaliar seus alunos;
 A “organização da sala de aula” deve ser um laboratório de leitura e de
escrita. Para isso, é importante que o professor esteja atento aos interesses e
aos conhecimentos prévios de seus alunos, a fim de indicar textos de
qualidade para compor o ambiente. É importante ainda provocar a
participação efetiva de seus alunos nesse processo de organização e
inserção no espaço sala de aula.

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4.5. Estudos complementares

Livro

ALFABETIZAÇÃO: A QUESTÃO DOS MÉTODOS


Autora: Magda Soares
Editora: Contexto
Ano: 2016

Site
https://novaescola.org.br/conteudo/3423/10-ideias-para-potencializar-o-ambiente-de-
sua-sala-de-aula

4.6. Atividades

1) Elaborar uma proposta de produção de texto e leitura para ser aplicada a


alunos das séries iniciais, ou fundamental I.

Sugestão de sites:
http://revistaescola.abril.com.br/producao-de-texto/

http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-
pedagogica/proposta-plano-plurianual-lingua-portuguesa-
542971.shtml?page=0

http://ceale.fae.ufmg.br/

Obs. Escolha um tema interessante com o propósito de preparar a criança na


continuidade dos conhecimentos da linguagem oral e escrita, e prepara-las também
no início da formação da cidadania.

18
2) Em grupo pesquisem sobre possibilidades de organização da sala de aula a
partir de um contexto significativo para as crianças pela aproximação com a leitura e
a escrita. Socialize a resposta do grupo no fórum virtual.

19
4.7. Referências

BATISTA, A.A. G. et.al. Planejamento da alfabetização. Belo Horizonte:


Ceale/FaE/UFMG, 2005.

FRADE, I.C.A. da S.; SILVA, C.S.R. A organização do trabalho de alfabetização


na escola e na sala de aula: Caderno do Professor. Belo Horizonte:
Ceale/FaE/UFMG, 2005.

FRADE, I.C.A. da S. Métodos e didáticas de alfabetização: história, características


e modos de fazer de professores: Caderno do professor. Belo Horizonte:
Ceale/FaE/UFMG, 2005.

Glossário Ceale: termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores.


Organizado pelas pesquisadoras Isabel Frade, Maria da Graça Costa Val e Maria
das Graças de Castro Bregunci. Disponível em:
http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/metodos-e-
metodologias-de-alfabetizacao. Acesso em 30 de jun. 2018.

SOARES, M. Alfabetização: a questão dos métodos.1ed. São Paulo: Contexto,


2018.

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