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Introdução

O processo de gestão orçamental em Moçambique obedece a um processo


contínuo de decisões sobre recursos públicos localizados dentro de um sistema mais
geral de gestão e de avaliação das despesas do país e da política tributária. Assim a
análise do orçamento deve tomar em conta o processo no qual o orçamento é elaborado,
aprovado, implementado e avaliado.

A Proposta Orçamental, bem como os seus documentos de fundamentação,


continuam aquém do desejado no que diz respeito à abrangência do orçamento. No que
concerne às estimativas de despesa e receita para os anos seguintes, a Proposta
Orçamental bem como os documentos de fundamentação não têm melhorado em termos
de abrangência da informação sobre as estimativas de despesas de pelo menos dois anos
sucessivos ao ano de referência; não fornecem informação abrangente e detalhada sobre
a dívida total do Governo para o ano de referência (os juros da dívida, o perfil referente
à maturidade da dívida, a denominação da moeda a aplicar no serviço da dívida ou se a
dívida é externa ou interna), embora algumas informações sejam públicas através de
outros documentos orçamentais

O presente trabalho debruça-se em torno dos Desafios do Processo de Gestão


Orçamental em Moçambique, que serve de 2º trabalho na cadeira de Administração e
Finanças Públicas no cursos de Licenciatura em Administração Pública, 3º Ano. Em
concernente a elaboração do mesmo, usaram-se vários artigos publicados na internet,
livros, e entre outros, no que culminou a uma pesquisa bibliográfica.

Objetivo

Objetivos Geral

 Analisar o impacto dos Desafios do Processo de Gestão Orçamental em


Moçambique

Objetivo Específico

 Conceituar a Gestão Orçamental;


 Descrever as características do processo de gestão orçamental em
Moçambique;
 Descrever o processo de Elaboração da proposta de Orçamento de
Estado;
 Descrever os desafios do processo de gestão orçamental em
Moçambique.

Conceito de Gestão Orçamental

Segundo Mergerim (1991, p. 34), afirma que “gestão orçamental é um método


de gestão que tende a inscrever no quadro de uma planificação a longo prazo as acções a
implementar no presente”.

Perreira e Franco (1994, p. 451) enfatizam “gestão orçamental como sendo um


tipo de gestão que caracteriza pelo planeamento sistemático das actividades da
organização traduzindo, no curto prazo por orçamentos que são planos de acção que
fixam para cada gestor os meios a utilizar e os proveitos ou operações a realizar,
comparando-se periodicamente aqueles Objetivos com realizações”.

Segundo Caiado (1992, p. 312), afirma que:

“Gestão orçamental pode ser definida como sendo um tipo de gestão


que se caracteriza pelo planeamento sistemático das actividades a
desenvolver pela empresa, traduzindo na fixação de planos de acção
para o gestor aos diversos níveis de responsabilidade (em quantidade,
valores e prazos), nos meios a utilizar e nos meios a realizar na
comparação periódica dos objetivos com a realização na tomada de
decisões colectivas”.

Caíado, perreira e Franco, apresentam semelhança na sua definição em termos


de conteúdos, principalmente no que concerne a relevância que a gestão orçamental da
ao planeamento e ao controle. Mergerim apresenta um conceito vago e refere-se a
gestão orçamental apenas como parte integrante de planificação de longo prazo visando
contudo acções de curto prazo.

A gestão orçamental baseia-se numa ferramenta ou utensílio chamado orçamento


que se define como expressão quantitativa dos planos de acção e o meio de auxílio para
a sua coordenação e implementação.

De acordo com Chiavenato (2000, p. 371), enfatiza que “orcamento constitui um


plano de acção apresentado em valores monetários, isto é, um plano em que a actividade
das empresas é traduzidas em planos esperados, tendo o dinheiro como um
denominador comum”.
“Pode também se definir orçamento como sendo um instrumento de apoio são
gestor no processo de alcançar objectivos definidos para a empresa ou seja um
instrumento de decisões e de acção” (Jarden, s.d. 56).

Processo de gestão orçamental em Moçambique

Segundo Cavalcanti (2014, p. 45), afirma que “O processo de gestão orçamental,


tem sido aos últimos cinco décadas e pouco por todo o mundo alvo constante de uma
evolução. Essa evolução é o resultado entre outros factores das mudanças operadas nos
sistemas políticos, nas teorias económicas, nas abordagens de gestão orçamental, nos
princípios contabilísticos e na conduta da administração pública”.

“Ele compreende um conjunto complexos de fases que não tem necessariamente


um carácter um processo sequencial. O processo orçamental deve ser ainda visto, como
um processo contínuo, não se limitando a cada ano econômico. Em outras palavras não
é um plano que se esgota no próprio ano econômico, mais que tem continuidade ao
lindo do tempo” (Cavalcanti, 2014).

Consideramos assim, dois tipos de processo orçamental:

 Um processo orçamental mais amplo, com um dimensão temporal mais


vasta, que não só o orçamento anual de recursos e a sua execução, mais
também o estabelecimento dos objetivos, políticos, e programas de curta,
médio e longo prazo que estão na base do orçamento anual;
 Um processo orçamental mais estrito, que tem apenas haver com a
orçamentação e a execução anual das receitas e das despesas e que se
repete todos os anos.

Processo orçamental em sentido lato

Segundo Sousa (1995, p. 408), afirma que:

“Qualquer processo orçamental envolve geração,


transmissão e utilização de vastas quantidades de
informações. Ele começa com o estabelecimento de
objectivos e megas de naturezas económicas e social tendo
em consideração a informação disponível e a realidade
económica, social, política e administrativa do país. Com
base nas metas e nos objectivos definidos, estabelecem-se as
políticas económicas e sociais”
“A fase seguinte, compreende o desenvolvimento de programas ou planos
financeiros de curto, médio e longo prazo. Ela envolve a realização de projecções do
tempo e de previsões, bem como a formulação de critérios para a seleção de programas.
Estes programas implicam necessariamente uma priorização de sectores e áreas de
acordo com as políticas selecionadas e as metas e os objetivos traçados” (Sousa, 1995,
p. 409).

Sousa (1995, p. 409), afirma que “E por último para completar o ciclo
orçamental, segue -se uma fase de monitoria e avaliação de orçamento executado, dos
programas financeiros e das metas de forma a garantir a necessária transferência,
eficiência e eficiência de todo processo. Está avaliação servirá então de base para a
revisão dos objetivos, metas, políticas e programas de governos”.

Processo orçamental em sentido restrito

Sousa (1995), diz que “Vimos que se poderia considerar um processo


orçamental, mais escrito que se ocupa especialmente da elaboração e execução do
orçamento. A LEO presta uma especial atenção a esta concepção mais escritas, mais
extremamente importante, do processo orçamental”.

Segundo Sousa (1995, p. 410), enfatiza que “O processo orçamental em


Moçambique, tal como descrito na LEO, compreende cinco (5) fases distintas: começa
com a elaboração da proposta da lei do orçamento, que é a seguir apresentada pela
assembleia da república, uma vez aprovado o orçamento é executado, podendo ser
sujeito a alterações prevista na lei. No final do ano econômico, procede-se encerramento
das contas, as quais são depois fiscalização”.

“Compete ao Ministério da Economia e Finanças efetuar a programação


orçamental e executar e contabilizar os meios financeiros do orçamento do Estado, e
inspecionar e controlar a utilização dos fundos do Estado. Na execução de Taís funções,
o Ministério da Economia e Finanças, apoia-se nos restantes órgãos da Administração
Pública, quer ao nível central e quer ao nível das províncias” (Sousa, 1995, p. 410).

Dada a sua natureza política, existem ainda outras instituições externas ao


Governo que também participam no processo orçamental, tais como Assembleia da
República de Moçambique (nas fases de aprovação e fiscalização), e o Tribunal
Administrativo (na fase de fiscalização).
Elaboração da proposta de Orçamento de Estado

Segundo Sousa (1995, p. 411), afirma que “Sendo o orçamento do plano


financeiro de Governo, é natural que caiba ao Governo, apoiado pelo conjunto dos
órgãos da Administração Pública, elaborar a proposta de orçamento do Estado a ser,
apresentada assembleia da república”.

Na elaboração da proposta do orçamento, o governo deverá dar prioridade ao


cumprimento de programas a ter em conta a necessária relação entre as previsões
orçamentais e a provável evolução da conjuntura, política, económica e social.

“Significa isto que o montante e o tipo de receita, e despesas a inscrever no


orçamento deverão estar de acordo com a política de governo, e o momento econômico,
político e social que se vive no país. O orçamento constitui um instrumento privilegiada
do da polícia do governo, tendo não só repercussões econômicos, mais também políticas
e sociais, as quais não podem e nem devem ser ignorados” (Sousa, 1995, p. 411)

A este respeito o governo deverá dar uma especial atenção a necessidade de


assegurar o equilíbrio orçamental e um impacto favorável da política fiscal no
desempenho da economia, com especial relevo para o crescimento econômico, a
inflação e a balança de pagamentos.

Sousa (1995, p 412), enfatiza que:

“Deve-se contudo, ter bem presente que a fixação dos limites globais,
de despesa não é apenas determinada pela avaliação das necessidades
financeiras para o alcance dos objetivos definidos no programa de
Governo. Ela é também condicionada pela obrigações financeiras do
Estado, decorrentes da lei e de contratos, tais como de dívidas
pública,.o pagamento de salários aos funcionários do Estado e a
competição interna em projetos, conforme os acordos celebrados com
as agências internacionais”.

No âmbito da elaboração da proposta do orçamento do Estado, o Ministério das


Finanças comunicará até dia 31 de Maio de cada ano aos diversos órgãos, instituições,
províncias e autarquias as orientações, os limites orçamentais preliminares ou definitivo
a metodologias de recolha de informação e demais instituições a serem respeitados na
preparação de respetivas propostas de orçamento. Uma vez aprovada pelos órgãos
competentes, da instituição proponente, as diferentes propostas de orçamento, serão
enviadas a DNPO, até 31 de Julho.

Sousa (1995, p. 412), diz que “diferentes propostas do orçamento, são depois
analisadas, alteradas e unificadas pelo Ministério da Economia e Finanças, através da
DNPO, a luz das orientações, limites orçamentais e demais instituições. Caso se verifica
alguma irregularidades e incumprimento, a DNPO, procederá em conjunção com o
proponente, a correção da perspectiva proposta de forma a adequa-la aos requisitos
exigidos”.

Na análise e consolidação de diferentes propostas, de orçamento, o DNPO


procura assegurar o cumprimento de metodologia, dos limites orçamentais e das
orientações bem como a consistência entre plano e orçamento.

Uma vez elaborada a proposta da lei do Orçamento para o ano seguinte, está será
apresentada ao conselho de ministros Pelo Ministério da Economia e Finanças para a
sua aprovação e posterior votação na Assembleia da República.

Aprovação da proposta do Orçamento do Estado

Segundo Teixeira (1991, p. 567), afirma que “A proposta da lei do Orçamento


deverá ser submetida a Assembleia da República até 15 de setembro e votada até dia 31
de Dezembro de cada ano. Uma vez aprovada o orçamento, os deputados e as comissões
da Assembleia da República não poderão tomar iniciativas da lei que envolvam o
aumento das despesas autorizadas ou diminuição das receitas previstas”.

Tais iniciativas colocariam em causa a validade do orçamento como documento


que define, racionaliza e limita a atuação do Estado no que se refere a arrecadação e a
afectação de recursos financeiros. A terem lugar estas alterações, apenas serão incluídas
no orçamento futuro.

Execução do orçamento do Estado em Moçambique

Teixeira (1991, p. 567), afirma que “Uma vez aprovado o orçamento e iniciado o
ano económico, começam-se a cobrar as receitas e a pagar as despesas. A este conjunto
de actos e operações dá-se o nome de execução orçamental”.

“Compete ao Governo executar e fazer executar o orçamento, sendo para tal


coadjuvado pelo conjunto da Administração Pública. A execução orçamental deverá
obedecer a dois princípios básicos: o da utilização mais racional possível das dotações
orçamentais aprovadas e o da melhor gestão de tesouraria” (1991, p. 568).

Legalidade e Tipicidade na Execução Orçamental

Teixeira (1991), afirma que “Na execução do orçamento, o Governo deverá


respeitar as leis em geral (legalidade genérica) e o próprio orçamento (legalidade
específica)”:

 Não poderá liquidar e cobrar, nem inscrever no orçamento, uma receita


que não esteja autorizada por lei. A cobrança de um imposto pode,
todavia, superar o montante inscrito no orçamento, já que, ao contrário
das despesas, para as quais são fixadas limites máximos, as receitas são
uma previsão. Podem variar de acordo com a conjuntura económica e
outros factores que estão fora do controlo do Governo.
 Não poderá realizar despesas que, além de terem base legal, não se
encontrem inscritas no orçamento ou não tenham cabimento na
correspondente verba orçamental, isto é, superem o montante de verba
fixado no orçamento.

Teixeira (1991, p. 569), afirma que “À obrigatoriedade das receitas cobradas e


das despesas efetuada terem qur estar necessariamente inscritas no orçamento chama-se
tipicidade orçamental. Convém, no entanto, salientar que a tipicidade orçamental
apresenta naturezas distintas, consoante se trate do orçamento das despesas ou do
orçamento das receitas”:

 No caso das receitas, apenas se condiciona a espécie de receita que


poderá ser inscrita no orçamento (tipicidade qualitativa), não o seu
montante.
 No caso das despesas, pelo contrário, impõem-se limites aos montante
que poderão ser gastos (tipicidade quantitativa). Elas não poderão
exceder as dotações globais fixadas no orçamento: são autorizadas em
espécie e em quantidade.

A Execução do Orçamento das Receitas

“O primeiro princípio que tem de ser respeitado na execução das receitas é,


como foi atrás referido, o da legalidade. A receita só poderá ser cobrada se tiver
existência legal e se estiver inscrita no orçamento. As operações fundamentais de
execução das receitas são” (Teixeira, 1991, p. 570):

 As operações de liquidação, que consistem na determinação do montante


que o Estado tem a receber de terceiros (contribuinte, utente, devedor,
etc), cabendo geralmente a sua execução aos serviços liquidadores de
receitas, como a Direcção Nacional das Alfândegas (DNA) e a Direcção
Nacional de Impostos e Auditoria (DNIA).
 As operações de arrecadação ou cobrança, normalmente asseguradas pelo
Tesouro, através das quais se assegura a entrada efectiva nos cofres do
Estado das dívidas a receber de terceiros.

A Execução do Orçamento das Despesas

“As despesas só poderão ser assumidas durante o ano económico para o qual
estiverem orçamentadas e deverão sempre respeitar os princípios de economia
(minimização dos custos), eficiência (maximização dos resultados) e eficácia (obtenção
dos resultados pretendidos)” (Teixeira, 1991, p. 572).

O processo de execução das despesas é bastante mais complexo que o das


receitas. Em primeiro lugar, a despesa tem de ser legal, tem de estar inscrita numa classe
e verba prevista no Orçamento do Estado, e tem de ter cabimento orçamental (ou seja,
tem de haver verba disponível).

No caso das despesas obrigatórias, a utilização da dotação orçamental - do


montante inscrito na rúbrica de despesa - é obrigatória, enquanto que no caso das
despesas facultativas a sua utilização é opcional.

Segundo Teixeira (1991, p. 572), enfatiza que “Em segundo lugar, a execução
das despesas deverá obedecer à regra dos duodécimos, segundo a qual em cada mês do
ano não poderá ser utilizada uma verba superior a 1/12 da verba global fixada no
orçamento, acrescida dos duodécimos dos meses anteriores vencidos e não gastos”.

“De acordo com esta regra, as despesas distribuir-se-ão uniformemente ao longo


do ano ou concentrar-se-ão na parte final do ano, quando a tesouraria já dispõe de
maiores recursos. Pretende-se, desta forma, impedir que as despesas se concentrem nos
primeiros meses do ano, quando a tesouraria ainda não dispõe de recursos suficientes,
por ainda não ter sido cobrada a maior parte das receitas” (Teixeira, 1991, p. 573).

Existem, todavia, excepções autorizadas por lei. Estas excepções resultam da


necessidade de realizar o grosso de certas despesas durante um determinado período do
ano. Abrangem as Despesa com o Pessoal, os Encargos da Dívida, Transferências ao
Exterior, Outras Despesas Correntes, Exercícios Findos e Encargos Aduaneiros.

Teixeira (1991, 573), afirma que:

“Em terceiro lugar, a realização de uma despesa implica um longo e


complicado processo burocrático, que inclui: a autorização da despesa
pela autoridade competente; o processamento ou inscrição do gasto na
folha da despesa; a verificação da despesa em termos de legalidade e
cabimento na respectiva rúbrica; a liquidação, ou determinação do
montante exacto da dívida; a autorização do pagamento; e o próprio
pagamento, implicando a saída de dinheiros dos cofres do Estado”.

Ao nível central, a execução do orçamento das despesas é da responsabilidade da


Direcção Nacional da Contabilidade Pública (DNCP). Ao nível provincial, ela é da
competência das diferentes Direcções Provinciais do Plano e Finanças (DPPF).

Os Desafios (Dificuldades) do processo de gestão orçamental em Moçambique

Teixeira (1991, p. 574), afirma que:

“ A realização de uma despesa implica um longo e complicado


processo burocrático, que inclui: a autorização da despesa pela
autoridade competente; o processamento ou inscrição do gasto na
folha da despesa; a verificação da despesa em termos de legalidade e
cabimento na respectiva rúbrica; a liquidação, ou determinação do
montante exacto da dívida; a autorização do pagamento; e o próprio
pagamento, implicando a saída de dinheiros dos cofres do Estado”.

Ao nível central, a execução do orçamento das despesas é da responsabilidade da


Direcção Nacional da Contabilidade Pública (DNCP). Ao nível provincial, ela é da
competência das diferentes Direcções Provinciais do Plano e Finanças (DPPF).

Credibilidade do orçamento

Segundo Amaral (2006), afirma que “Na elaboração da proposta do Orçamento


do Estado, a credibilidade resulta de um bom método de diagnóstico das prioridades,
bem como em um modelo adequado de consolidação das propostas sectoriais
apresentadas pelos ministérios, de forma a produzir politicas que expressam as
prioridades locais e para alcançar a visão de futuro percebida pelo Governo, como a que
melhor satisfaz os anseios da sociedade”.

Segundo Hugh (1972), afirma “transparência e certeza são dimensões de


orçamento credível. O orçamento do Estado, por conseguinte, é uma promessa ao
cidadão daquilo que o Estado irá fazer para aumentar a provisão de bens e serviços na
economia”.

Em Moçambique, o processo de planificação começa no distrito, com a


elaboração do Plano Económico, Social e Orçamento do Distrito (PESOD) e enviado ao
respectivo sector (saúde, educação, saneamento, etc.) e depois harmonizado ao nível
central. Uma vez harmonizado a nível central, as propostas sectoriais são submetidas ao
Ministério de Economia e Finanças.

Segundo Amaral (2006), afirma que “Portanto, logo a partida, denota-se


existência de dois planos, um territorial (distrito-PESOD) e o Sectorial (dos Ministérios-
Sectores). A Direcção Nacional do Planificação e Orçamento (DNPO) avalia as suas
disponibilidades e, na base disso, verifica a necessidade ou não de cortes orçamentais”

“No caso de cortes, o único critério aplicado é a priorização das despesas de


funcionamento, cortando a de investimento, sem muitas vezes respeitar as prioridades
locais, tomando, apenas as do sector. Após a aprovação do orçamento, os distritos
recebem os valores aprovados, e sem um realinhamento das actividades, iniciam a sua
implementação” (Amaral, 2006, p. 34)

“Após a aprovação do orçamento, os distritos recebem os valores aprovados, e


sem um realinhamento das actividades, iniciam a sua implementação. Portanto, denota-
se, aqui, dificuldade de enquadramento da planificação territorial ao sectorial,
degenerando no fraco alinhamento das actividades planificadas com o orçamento
disponível/aprovado, algo, também, que reduz a credibilidade do orçamento” (Amaral,
2006, p. 36)

Segundo Amaral (2006, p. 36), afirma que:


“No que respeita aos PESOD, evidências recolhidas pela sociedade
civil (CIP, 2009 e 2012; G20), mostram que mais de metade das
actividades inscritas nos PESOD não são realizadas pelos governos
distritais. As análises feitas, por estas organizações sugerem que o
principal nó de estrangulamento está na engenharia institucional em
torno da elaboração do PESOD que não é devidamente alinhado com
os planos sectoriais. Esta situação, entre outras, reduz a possibilidade
das prioridades definidas localmente serem de facto satisfeitas”.

“Para além disso, as fragilidades no processo de planificação originam, entre


outras, uma baixa previsão da despesa mensal e/ou trimestral a todos níveis,
nomeadamente central, provincial e distrital, devido ao desalinhamento do volume de
actividades planificadas e o respectivo valor. Esta situação cria diferenças entre
despesas e as receitas programadas para o mês, o que designa-se por défice de
tesouraria” (Amaral, 2006, p. 37).

Segundo Amaral (2006, p. 37), afirma que “Como resultado, quando chega a
época dos desembolsos, os sectores solicitam valores acima dos estimados inicialmente
o que tem obrigado o Governo a recorrer aos Bilhetes de Tesouro (BT´s) para financiar
o défice de tesouraria, algo inicialmente não planificado. No fim de cada exercício,
esses BT´s, entretanto vencidos, transitam para o ano seguinte, sem terem sido
amortizados”.

“Sob ponto de vista de legalidade do orçamento, é que o Governo deve gastar o


que está previsto na Lei Orçamental, assegurando a disciplina orçamental necessária. A
realização da despesa não prevista significa um atropelo às escolhas do cidadão,
representado pelo Parlamento e pode ter consequências futuras, como foi o caso do
reembolso do IVA que resultou em dívida pública” (Amaral, 1991, p. 37).

Na perspectiva da certeza, por exemplo, o Governo promete uma despesa de


investimento em diversas áreas, com destaque para áreas com impacto na proteção
social.

Implicações

 A baixa realização da despesa de investimento significa que o cidadão


tem expectativas frustradas em relação à expansão da educação e saúde,
bem como de infraestruturas diversas;
 O deficiente enquadramento da planificação territorial na planificação
sectorial e a consequente deficiência da priorização das actividades
sectoriais afectam a realização de actividades, muitas delas prioritárias e
identificadas pelos beneficiários. O processo de planificação que se
pretende de baixo para cima e, maioritariamente, territorial, poderá
aumentar a credibilidade e certeza do orçamento. Este processo deverá
ser acompanhado pela descentralização orçamental mais acelerada.
 Para além disso afecta, também, a programação financeira do Estado,
gerando défices de tesouraria o que obriga à recorrência de BT´s não
programados para aquele período. Quando a previsão da despesa mensal
não é realística, e em casos em que ela é superior ao previsto, o Estado
recorre à contratação da dívida interna através dos BT´s para cobrir o
défice de tesouraria.

Conclusão

Em concernente ao término do trabalho, conclui-se que gestão orçamental é um


tipo de gestão que caracteriza pelo planeamento sistemático das actividades da
organização traduzindo, no curto prazo por orçamentos que são planos de acção que
fixam para cada gestor os meios a utilizar e os proveitos ou operações a realizar,
comparando-se periodicamente aqueles Objetivos com realizações.

Em Moçambique o quadro de planificação e orçamentação tem dois níveis de


governação, nomeadamente o governo central, que é constituído pelos órgãos centrais e
locais do Estado (Províncias, Distritos e Localidades) e o governo local constituído
pelas autarquias locais. O governo central está desconcentrado até ao nível de
Localidade e todos os níveis funcionam de forma hierárquica e segue instrumentos e
mecanismos sincronizados.
De um modo geral, o processo de planificação e orçamentação em Moçambique
é gerido pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF), que é responsável, de um lado,
por liderar e coordenar o processo de planificação e dirigir o desenvolvimento
económico e social integrado e equilibrado no país e, por outro lado, é responsável pela
gestão das finanças públicas que compreende, entre outros processos, a elaboração e
execução do orçamento.

Referência bibliográfica

1. Amaral, D. (2006). Curso de Direito Administrativo. Lisboa,


2. Sousa, F, A. (1995), Finanças Públicas e Direito Financeiro. São Paulo
3. Teixeira R, J.J. (1991), Lições de Finanças Públicas. São Paulo
4. Mergerim, J. (1991). Gestão orçamental: como torná-lo um utensílio de
gestão. Lisboa.
5. Caíado, A. (1992). Contabilidade Analítica: um instrumento para a
gestão. Lisboa
6. Chiavenato, I. (2000). Administração: teoria, processo e prática. São
Paulo
7. Pereira, C & Franco, V. (1994). Contabilidade Analítica. Lisboa.
8. Cavalcanti, E. M. L. S. (2014). A importância das finanças públicas
equilibradas para o desenvolvimento económico de um país. São Paulo

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