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Introdução

A gestão autárquica constitui uma muito relevante dimensão da atividade


administrativa geral, seja em função da proximidade dos seus destinatários, seja pela
legitimidade diretamente conferida pelas respetivas populações aos diversos titulares
dos órgãos autárquicos.

Não obstante as respetivas especificidades, a verdade é que a matriz da gestão


autárquica continua, ainda e sempre, a resultar do acervo proporcionado pela noção de
serviço público, ainda que na sua aceção meramente objetiva, enquanto «denominador
comum», teórico e material, da administração pública, o que levou Prosper Weil1 a
referir que, independentemente das opções de feição dogmática ou política em que se
milite, uma conclusão se perfila como irrefutável.

O presente trabalho debruça-se em torno de Resumo das Unidades temática 13 á


24 do respectivo módulo, que serve de 2º trabalho na cadeira de Administração e
Gestão Autárquica no curso de Licenciatura em Administração Pública, 3º Ano. Em
concernente a elaboração do mesmo, usaram-se vários artigos publicados na internet,
livros, e entre outros, no que culminou a uma pesquisa bibliográfica.

Objetivos

Objetivo Geral

 Desenvolver competências na aquisição de conhecimentos relacionados a


Administração e Gestão Autárquica.

Objectivos Específicos

 Distinguir os modos de actuação específicas das autarquias locais;


 Explicar os fins da administração autárquica;
 Identificar os textos que encerram a legislação autárquica;
 Conceituar o acto administrativo;
 Distinguir os diversos actos administrativos;
 Conceituar o regulamento autárquico;
 Explicar a tripla natureza dos regulamentos autárquicos;
 Definir contrato administrativo.
2. Unidade XIII: Modos de actuação da Administração Pública e os modos de
Específicos das autarquias

Segundo Carvalho (2003, p. 366), afirma que “O conceito de administração


pública autárquica é definido como actividade típica das autarquias locais, dos seus
órgãos e dos serviços e agentes administrativos desenvolvida no interesse geral da
colectividade, com vista à satisfação contínua das necessidades colectivas de segurança,
cultura e bem-estar, obtendo para o efeito os recursos mais adequados e utilizando as
formas mais convenientes”

“No âmbito do Estado-Administração (Administração Central) e dos órgãos


centrais Estado podemos distinguir entre a administração directa (actividade exercida
por serviços integrados na pessoa colectiva do Estado) e administração indirecta
(actividade exercida por serviços públicos que dotados de personalidade jurídica agem
por transferência de poderes do próprio Estado)” (Carvalho, 2003, p 336).

Na perpectiva de Carvalho (2003, p. 367), afirma que “No plano da actividade


das autarquias encontramos distinções que são semelhantes ao conjunto da actividade
administrativa, nomeadamente”:

 Actividade interna, mista e externa;


 Actividade de Direito Público e de Direito privado;
 Actividade jurídica e actividade material, real ou técnica;
 Actividade unilateral e actividade convencional;

Segundo Carvalho (2003, p. 367), enfatiza que “As autarquias locais são pessoas
colectivas públicas de população e território, correspondentes a certas circunscrições
administrativas do território nacional que devem nos termos constitucional e legal,
devem assegurar os interesses das comunidades, mediante órgãos próprios
representativos das respectivas populações”.

“Quanto ao regime jurídico das autarquias locais podemos sublinhar os seguintes


aspectos principais a que deve obedecer” (Carvalho, 2003, p. 368):

 Princípio da descentralização administrativa;


 Finanças e património próprios;
 Correcção das desigualdades;
 Existência de uma assembleia deliberativa e de um órgão executivo
colegial;

Carvalho (2003, p. 369), afirma que “O município é autarquia local


correspondente à circunscrição concelhia. É a autarquia local criada e constituída para
resolver os interesses próprios da população da circunscrição concelhia, através dos
órgãos representativos eleitos pela população dessa circunscrição concelhia”.

“A Administração Pública ou Autárquica é diferente da Administração Privada


nos seguintes aspectos a saber” (Carvalho, 2003, p. 369):

Administração pública

 Objecto: Versa necessidades colectivas assumidas como tarefa e


responsabilidade própria da colectividade.
 Fim: Prossegue sempre o interesse público;
 Meios: Meios de autoridade: o comando unilateral (norma –
regulamento), decisão (acto administrativo).

Administração Privada

 Objecto: Incide sobre as necessidades individuais ou sobre necessidade


que sendo do grupo, não atingem, contudo, a generalidade de uma
colectividade;
 Fim: Prossegue fins particulares ou individuais;
 Meios: Contrato (negociação).
3. Unidade XIV: Fins e Meios de Acção da Administração Autárquicas
3.1. Princípio da legalidade
3.1.1. O enfoque genérico

Segundo Pietro (2003, p. 388), afirma que “O Direito e a legalidade se impõem à


Administração Pública Autárquica e aos seus agentes como se impõem aos particulares.
A submissão da Administração Pública Autárquica e dos seus agentes ao Direito
domina toda a teoria dos actos administrativos”.

3.1.2. As fontes da Legalidade

Pietro (2003, p. 389), enfatiza que “As fontes da legalidade dos actos
administrativos são numerosas, diversificadas e devidamente hierarquizadas. Certas
normas, as mais altas na hierarquia, se impõem a partir do exterior da Administração
Pública”.

3.2. Regras escritas e externas a Administração Pública


3.2.1. A Constituição

“Trata-se da norma jurídica suprema que encabece o Ordenamento Jurídico do


País, ela se impõe de maneira imediata às autoridades administrativas e ao poder
deliberativo das autarquias, quer dizer, que se as autoridades administrativas tomarem
uma decisão contrária à Constituição o juiz administrativo se pronunciará a sua
anulação” (Pietro, 2003, p. 389).

3.2.2. O Preâmbulo da Constituição

Curto mas muito substancial pelas suas referências aos momentos históricos e
aos grandes textos fundadores.

3.2.3. Normas do Direito Público Internacional


 Acordos,
 Convenções;
 Tratados internacionais.
3.2.4. regras editadas pela Administração Pública Autárquica (Posturas
Camarárias)

“As regras escritas e editadas pela Administração Pública são, igualmente,


variadas, mais devidamente hierarquizadas, segundo a sua força jurídica e segundo a
hierarquia da autoridade de que emanam, podendo ser” (Pietro, 2003, p. 389)

 Decretos, Regulamentos, etc.


 Decisões individuais;
 Os contratos da Administração.
3.2.5. DeAs regras de Direito criadas pelo Juiz ( decisões da Justiça)
 A Jurisprudência: As decisões da justiça se impõem às autoridades
administrativas, quer sejam do juiz administrativo, quer sejam do juiz
judicial.
3.2.6. Os princípios gerais do Direito
Segundo Pietro (2003, p. 389), afirma que “Observa-se sobre o seguinte: que as
autoridades administrativas para editar normas usam como fundamento as suas
competências, suas atribuições e o poder discricionário, sendo, este poder limitado, com
vista a salvaguardar os direitos de terceiros”:

 O poder descriçãoário: Existe o poder discricionário quando as


autoridades administrativas se dispõem de uma certa liberdade de acção
ou de decisão;
 Competência ligada: Existe competência ligada quando a administração
é, em parte obrigada a agir, mas doutra parte é obrigada a agir num
determinado sentido, sem possibilidade de apreciar ou de escolher entre
várias alternativas.

3.3. Enfoque particular

A este propósito não parece despiciendo transcrever o disposto no artigo 249 da


Constituição da República.

 A Administração Pública serve o interesse público e na sua actuação


respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
 Os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e a lei e
actuam com respeito pelos princípios da igualdade, da imparcialidade e
da justiça.

Unidade XV: Actos Administrativo

Acto administrativo

Segundo Ramalho (2007, p. 478), afirma que “Considera-se actos


administrativos as decisões dos órgãos da Administração Pública Autárquica que ao
abrigo de normas do Direito Público visam produzir efeitos jurídicos numa situação
individual e concreta”.

O Decreto 30/2001, 15 Outubro, no seu artigo primeiro, dispõe que “Acto


administrativo definitivo e executório é decisão com força obrigatória e dotada de
exequibilidade sobre um determinado assunto, tomada por um órgão de uma pessoa
colectiva de Direito Público”.

Elementos do Acto Administrativo


 Juridicidade;
 Unilateralidade;
 Organicamente administrativo;
 Materialmente administrativo;
 Visa a disciplina jurídica de uma situação individual num caso concreto.

Características do Administrativo

 A subordinação à lei;
 A presunção de legalidade;
 A imperatividade;
 A revogabilidade;
 A sanabilidade.

Requisitos de eficácia do acto administrativo

 A publicação;
 A notificação aos interessados.

Vícios dos actos administrativos

 Usurpação de poderes;
 Incompetência absoluta;
 Incompetência relativa;
 Violação da lei.

Em traços gerais, os actos administrativos distinguem-se em:

 Actos primários, que versam pela primeira vez uma determinada situação
(por exemplo, um caso de município que se pronuncia pela primeira vez
sobre um requerimento de um munícipe através do qual solicita uma
licença de construção de uma habitação);
 Actos secundários, que recaem sobre actos anteriormente praticados.

Entre os actos primários podemos distinguir:

 Actos impositivos: que impõem uma certa conduta ou certos efeitos


jurídicos da adopção de uma conduta, e que se podem subdividir em:
 Comando;
 Punitivo;
 Ablativos;
 Juízo.
 Actos permissivos: que abrem caminho para que alguém adopte uma
determinada conduta ou seja dispensado de um comportamento que de
outra forma não seria permitido . Há dois tipos:
 Os que conferem ou ampliam vantagens;
 Os que eliminam ou reduzem encargos.

Quanto aos actos secundários, são actos que versam sobre um acto primário, e só
indirectamente sobre situação da vida que está subjacente a este. Há que distinguir três
categorias:

 Actos integrativos, que visam complementar actos anteriores;


 Actos saneadores, que visam resolver a existência de uma ilegalidade;
 Actos desintegrativos.

Quanto aos actos integrativos, podemos encontrar cinco modalidades:

 Homologação: acto que absorve conclusões de uma proposta ou parecer


de outro órgão;
 Aprovação: acto que torna possível a execução de um acto definitivo de
outro órgão, exprimindo concordância com este;
 Visto: aprovação praticada por um órgão de controlo ou de fiscalização,
baseada na mera verificação de legalidade (exs: visto do Tribunal
Administrativo);
 Confirmação: acto que reitera a mantém em vigor um acto anterior;
 Ratificação-confirmativa: acto do órgão normalmente competente em
certa matéria que exprime a sua concordância com um órgão
excepcionalmente competente.

Distingam-se ainda:

 Actos definitivos: que são praticados no exercício do poder


administrativo;
 Actos não definitivos: são os que não definem situações jurídicas ou são
praticados no âmbito da gestão privada da Administração Pública;
 Actos executórios: são actos que obrigam por si e são exequíveis
coercivamente sem sentença judicial;
 Actos não executórios: são os que podem ser executados.

Unidade XVI: Regulamentos Autárquicos

Segundo Ramalho (2007), afirma que “O Regulamento como manifestação


unilateral da vontade da Administração Pública comporta uma tripla natureza”:

 É normativo porque é um conjunto de normas gerais e abstractas;


 É organicamente administrativo porque resultam exclusivamente dos
órgãos que integram a Administração Pública;
 É materialmente administrativo pois é emanado ao abrigo da função
administrativa do Estado sendo elaborado no exercício de poderes da
autoridade de gestão pública.

Os regulamentos podem ser:

 Externos, se os seus destinatários estão fora da Administração Pública;


 Internos, se os seus destinatários estão dentro da Administração Pública.

Ramalho (2007), diz que “O regulamento autárquico é uma das formas de


manifestação do poder administrativo das autarquias”.

Entretanto, devo relembrar que num Estado de Direito, como o que almejam os
moçambicanos, em termos práticos e efectivos, o poder regulamentar das autarquias
locais, bem como de outras entidades públicas, tem regras e limites que não podem
deixar de ser respeitados, nomeadamente:

 Os princípios gerais de Direito;


 A Constituição da República moçambicana;
 A lei;
 A reserva da lei;
 Os regulamentos emanados dos órgãos de tutela;
 A proibição da retroactividade (excepto se a lei a admitir);
 As regras de competência;
 A forma.

Unidade XVIII: Contrato Administrativo com as Autárquias

Contrato Administrativo

Segundo Di Pietro (2011, p. 265), a expressão contrato administrativo revela os


ajustes que a Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas,
públicas ou privadas, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de
direito público.

Pode-se citar alguns desses contratos:

 Empreitadas de obras públicas;


 Concessão de obras públicas;
 Concessão de exploração do domínio público;
 Concessão de exploração do domínio privado.

Pietro (2011, p. 266), afirma que “No âmbito da execução de contratos


administrativos a Administração Pública dispõe de alguns poderes, as cláusulas
exorbitantes”, nomeadamente:

 Poder de modificação unilateral;


 Poder nomeadamente
 Poder de rescisão;
 Poder de fiscalização e controlo;
 Poder sancionatório.

Contratos administrativos com as autarquias locais


Segundo Pietro (2011, p. 267), afirma que “O contrato administrativo envolve
um acordo de vontade entre duas ou mais pessoas, como qualquer outro contrato, só que
uma delas é uma entidade que integra a Administração Pública e que em vez de uma
manifestação unilateral de autoridade, como acontece com o acto administrativo,
estabelece esse acordo de vontades”.

Podemos distinguir como algumas espécies de contratos administrativos as


seguintes principais:

 Concessão de obras públicas;


 Concessão de serviços públicos:
 Fornecimento contínuo:
 Contrato de provimento.

Unidade XVIII: O Recurso de Método de Actuação Característico do Direito


Privado

Pietro (2011, p. 268), realça que “As autarquias locais têm procedido a um
recurso frequente a métodos característicos do Direito Privado. Este facto normalmente
é defendido por representar uma maior maleabilidade de gestão”.

“Nestas situações, a autarquia aparece desprovida de poder de autoridade e surge


a contratar em pé de igualdade, pelo menos do ponto de vista formal, com particulares,
designadamente com empresas, sem ter que obedecer a normas de Direito Público nem
gozar dos poderes de autoridade que estas estipulam” (Pietro, 2011, p. 269).

Outra possibilidade é a aquisição de bens ou serviços no mercado, ser através de


contratos administrativos de fornecimento contínuo, o que é possível em situações de
grande urgência, ou quando não seja atingido um determinado montante.

Unidade XIX: Normas de Gestão e Autárquias Locais

Segundo Pietro (2011, p. 270), afirma que “gestão das autarquias locais cabe
aos respectivos órgãos e as opções tomadas são prioritariamente apreciadas através do
voto das populações”.

“Independentemente desse facto, tem-se verificado uma tendência, que importa


ter em conta, para o estabelecimento de normas jurídicas sobre a gestão, aplicáveis à
administração local autónoma, mesmo quando são elaboradas para o conjunto da
Administração Pública. Podemos destacar neste plano o Decreto nº 30/2001, de 15 de
Outubro” (Pietro, 2011, p. 272).

Neste sentido, a interpretação correcta do decreto que nas instituições do sector


público deve haver obrigatoriamente: uma linha da frente, constituída, no mínimo, por
um funcionário, conhecedor da estrutura e do negócio da instituição e com qualificações
à altura da sua função (funcionário que conhece a missão, objecto de trabalho,
objectivos, princípios, valores, políticas e visão da organização), para o acolhimento,
atendimento, informação e encaminhamento dos administrados/clientes, cuja finalidade
seria:

 Divulgar os serviços prestados pelas instituições públicas e os


compromissos de qualidade assumidos para com cidadão;
 Fortalecer a confiança e a credibilidade da Sociedade na Administração
Pública quando essa percebe uma melhoria contínua na sua eficiência e
eficácia;

Unidade XX: Município: Instrumento de Gestão

Nunes (2001, p. 356), afirma município “como sendo formas de administração


autónomas que prosseguem interesses próprios dos respectivos cidadãos e não interesse
do Estado, sendo que os primeiros são os que dizem a população de uma de uma
determinada circunscrição eleitoral e os segundos dizem respeito aos cidadãos de uma
maneira geral considerado e denominado interesse geral”.

Serviços municipais e serviços municipalizados

Segundo Nunes (2001, p. 357), afirma que “Os serviços municipais não dispõem
de autonomia. São directamente dirigidos pelos órgãos executivos dos município, isto é,
pelo Presidente do Conselho Municipal, ou pelo Conselho Municipal, ou pelo
vereadores com pelouro, na medida em que exista delegação de poderes para tal”.

“Os serviços municipalizados, pelo contrário, são serviços que se situam dentro
de estrutura do conselho municipal mas que dispõem de autonomia administrativa e
financeira e de um conselho de administração privativo. São como empresas municipais
que não dispõem de personalidade jurídica” (2001, p. 358).

Empresas Municipais
Segundo Nunes (2001, p. 358), enfatiza que “Para além de poderem
desempenhar as suas atribuições através de serviços públicos ou serviços
municipalizados, os municípios também podem criar empresas municipais”.

“O conselho de administração é órgão de gestão da empresa, composto por três


membros, um dos quais é presidente, e que é nomeado pelo Conselho Municipal, ou, se
fosse o caso de Portugal, pelo conselho de administração da associação de municípios
consoante se trate de empresas municipais ou intermunicipais” (Nunes, 2001).

Concessão de serviços

Na perspectiva de Nunes (2001, p. 359), afirma que “Empresa concessionária é


parte da Administração Pública, se verdadeiramente a integra, ou se limita a colaborar
como ela, de acordo com as regras que esta define.

“É verdade que a última posição é a mais ajustada, pois as empresas


concessionárias ao serem contratadas para desenvolverem actividades ou funções de
interesse, de princípio são da responsabilidade de uma entidade pública, não passam a
ser parte dessa entidade pública que as contrata.

Sistema de financiamento dos municípios

Segundo Nunes (2001, p. 340), afirma que “O sistema de financiamento das


autarquias locais é indicada na Lei nº 2/97, de 18 de Fev., artigo 19º e seguintes e a Lei
nº 11/97, de 31 de Maio, define e estabelece o regime jurídico-legal das finanças e
património das autarquias locais”.

“Estes textos se adicionam outros, nomeadamente: Lei nº 1/2008, de 16 de


Janeiro, que reformula o Sistema tributário autárquico e o harmoniza com a Lei de Base
do Sistema Tributário, a Lei nº 15/2002, de 26 de Junho e introduz alterações com vista
à observância da Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro (SISTAFE)” (Nunes, 2001, p. 342).

Órgãos

Nunes (2001, p. 343), afirma que “Os municípios e povoações são governados
por dois tipos de órgãos”:
 Órgãos executivos ( um singular e outro colegial de tipo administrativo
ou executivo), ou seja Presidente do Concelho Municipal ou de Povoação
e o Conselho Municipal ou de Povoação;
 Órgão representativo ou deliberativo (colegial de tipo assembleia), a
Assembleia Municipal ou de Povoação.
Segundo Nunes (2001, p. 392), afirma que “O Conselho é entidade ou figura da
divisão administrativa estatal”:
 O Presidente do Concelho Municipal ou de Povoação e a Assembleia Municipal
ou de Povoação são eleitos para um mandato de 5 anos;
No seu funcionamento se observam as regras do Direito Parlamentar, por
extensão, nomeadamente:
 Normas substantivas: sobre a estrutura da assembleia municipal, os
sujeitos da acção da assembleia (membros da assembleia, grupos de
membros ou bancadas da assembleia, partidos) e as relações com os
cidadãos (v.g. inquéritos, audições, petições);
 Normas organizatórias: normas de competências e normas de
organização interna;
 Normas procedimentais: normas sobre os procedimentos ou processos
da assembleia (deliberativos, de controlo, fiscalizadores, ordinários ou de
urgência, etc).

Unidade XXI: Presença do Estado na Economia

Segundo Amaral (2000, p. 34), afirma que “A existência de autarquias locais não
exonera o Estados das suas obrigações, por via disso o Estado estará sempre presente
nas circunscrições territoriais (autacizadas) ou autarquizadas através”:

 Dos órgãos locais do Estado e da sua Administração Directa;


 Da Assembleia Provincial;
 Do exercício da Tutela Administrativa e Financeira;
 Do Representante do Estado na autarquia local.

“Segundo o artigo 1º da Lei dos Órgão Locais do Estado estes órgãos funcionam
e exercem as suas competências nos seguintes escalões territoriais da nossa divisão
administrativa” (Amaral, 2000, p.34)

 Província, sendo Governador e governo provincial;


 Distrito, sendo Administrador e governo distrital;
 Posto Administrativo, sendo Chefe do Posto Adminidistrital
 Localidade, sendo Chefe da Localidade;
 Povoação.

A Representação de Administração do Estado nas autarquias locais decorrem


dos dispositivos constitucionais, legais e regulamentares, a saber:

 Arts. 8- nº 1 e 263 – nº 1- C. R.;


 Decreto nº 65/2003, de 31 de Dezembro e Decreto nº 52/2006, de 26 de
Dezembro;
 Administrador do Distrito (Decreto nº 65/2003, de 31 de Dezembro);
 Administrador Distrital especificamente nomeado para esse
efeito(Decreto nº 52/2006, de 26 de Dezembro).

Relacionamento entre os órgãos locais do Estado e autarquias locais

 Respeita-se o princípio da autonomia, atribuições e competências das


autarquias locais;
 É feito com base nos princípios de articulação e de colaboração;
 É de coordenação de planos, programas, projectos e planeamento;
 É de cooperação;
 São órgãos eminentemente complementares;

Unidade XXII: Cidadãos e Autárquias Locais

A importância dos cidadão na gestão autárquica

Segundo Amaral (2000, 37), afirma que “O voto periódico dos cidadãos é o
fundamento da democracia representativa e, no caso das autarquias, é uma base
essencial do Poder Local. Mas o carácter essencial do direito de voto não pode substituir
o exercício de outros direitos fundamentais, inclusive face aos poderes que são eleitos e
ao seu exercício”.

“Pode ser um contributo importante pôr em prática acções apoiadas nas


iniciativas e nas capacidades das populações e actuar-se em estreita colaboração com as
organizações nacionais e da participação dos cidadãos, instituídos na Constituição de
2004(nº 2 do artigo 271º)” (Amaral, 2000).

Em geral, podemos estabelecer duas formas de participação dos cidadãos:


 Participação colectiva, que é aquela que é exercida por intermédio de
associações públicas ou privadas, organizações de moradores ou outras
formas de representação democrática;
 A participação individual, possibilitando que o cidadão interessado tenha
facultado os meios de acesso às questões em que tal é estabelecido, bem
como outros direitos de participação.

O conceito de participação acima apresentado não se trata de uma definição


acabada. A título de exemplo, existem outras várias definições, entre elas:

 Participação como Voz, significando a incorporação da voz de


seguimentos sociais marginalizados dos processos de tomada de
decisões.
 Participação como “empowerment”, esta ocorre quando pessoas ou
grupos de pessoas anteriormente excluídos dos processos decisórios
políticos, de governação ou de gestão pública tomam consciência da sua
exclusão e como resultado passam a participar do jogo político, do da
governação e do a gestão pública como forma de modificar a sua
condição política e social.
 Participação como o esforço: organizado para aumentar o controlo sobre
recursos e instituições reguladoras, em determinadas situações sociais,
por parte de grupos sociais, movimentos, até então excluídos desse
controlo.

Garantias dos cidadãos e dos particulares face à Administração Pública

Segundo Amaral (2000, p. 40), afirma que “As garantias são meios criados pelo
Estado e que no seu ordenamento jurídico evita ou sanciona a violação dos direitos
cidadãos e dos particulares”

Tais meios são colocados à disposição dos cidadãos e dos particulares para
deles se servirem ou se socorrer em casos de necessidade, quer dizer, em casos de
violação dos seus direitos ou interesses. É o direito.

Podemos dizer também que são os instrumentos estabelecidos pela Constituição


e pela lei para assegurar a legalidade da actividade e actos administrativos com
preocupação central de que desta forma o poder administrativo respeite os direitos e
interesses legítimos dos cidadãos e dos particulares.

Unidade XXIII: O Caso de Gestão de Terra ou do Solo Urbano da Autarquia


Local

A gestão urbanística

Amaral (2000, p. 43), afirma que “Aparentemente, nos últimos anos registaram-
se alguns avanços na compreensão de que o desenvolvimento da cidade, da vila e do
espaço urbano, bem como de um território e do seu ordenamento físico, que são uma
parte central do desenvolvimento das sociedades”.

Quanto aos planos municipais, a legislação em vigor sobre essa matéria parece
trazer alguns avanços, no que tange: maior simplicidade e flexibilidade, determinação
de prazos preclusivos para apresentação de pareceres, atribuindo-se ao silêncio o valor
tácito de deferimento.

Amaral (2000, p. 44), enfatizar que “Em Moçambique o sistema de gestão de


terra organiza-se em três âmbitos distintos: nacional(central), local (feita pelos órgãos
locais do Estado) e municipal”.

Os instrumentos de gestão territorial que vinculam os particulares devem


respeitar um período de vigência mínima legalmente definido, durante o qual eventuais
alterações terão carácter excepcional.

“Portanto, os planos municipais de ordenamento elaborados pelos Conselhos


Municipais e aprovados pelas respectivas Assembleias Municipais; os planos de
urbanização; e os planos de pormenor previamente apreciados e ratificados pelo
Governo” (Amaral, 2000).

Unidade XXIV: Outras Experiências

França

A França tem três níveis de administração territorial autónoma: a


comuna(remota a Roma e é uma herança da Revolução francesa que instituiu as
comunas nas paróquias do Antigo Regime), o departamento(1789) e região(1982).

Caso de Alemanha
A Alemanha é um Estado Federal em que a Administração autónoma é
considerada fundamental. Encontramos mesmo na Constituição de Weimar, antes da
Segunda Guerra Mundial, o tratamento da autonomia local no capítulo dos direitos
fundamentais.

Caso do Reino Unido

No Reino Unido não havia regiões com órgãos eleitos mas apenas entidades
públicas locais com autoridades eleitas e com uma diferenciação profunda se
encararmos as diferentes partes do território.

Caso do Estados Unidos

Existem três modelos essenciais de organização municipal nos E.U.A.:

 Mayor and council (strong mayor e weak mayor);


 City-manager.
 Sistema de Comité.

Conclusão
No que concerne ao término do trabalho, conclui-se que O conceito de
administração pública autárquica em sentido objectivo é equivalente ao conceito da
actividade administrativa das autarquias. Podendo se definir como «actividade típica das
autarquias locais, dos seus órgãos e dos serviços e agentes administrativos desenvolvida
no interesse geral da colectividade, com vista à satisfação contínua das necessidades
colectivas de segurança, cultura e bem-estar, obtendo para o efeito os recursos mais
adequados e utilizando as formas mais convenientes.
Para efeito do presente curso, considera-se actos administrativos as decisões dos
órgãos da Administração Pública Autárquica que ao abrigo de normas do Direito
Público visam produzir efeitos jurídicos numa situação individual e concreta.
Como um instrumento ou meio de acção da autarquia local o contrato da
administração autárquica poder ser definida como sendo um acordo de vontades pelo
qual é constituída, modificada ou extinta uma relação jurídica administrativa.

Referência bibliográfica

1. Ramalho, F. R. (2007). Actos Administrativos: conceito, estrutura,


Objecto e conteúdo. Porto
2. Nunes, E. L. (2001). Finanças locais em Angola. São Paulo
3. Carvalho, J. S. (2003). Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro
4. Pietro, M. S. Z. (2003). Direito Administrativo. São Paulo.
5. Amaral, D. (2000). Curso de Direito Administrativo. Coimbra

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