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Resenha | “A História da Vida”, de Michelson Borges

historia_vida_capa“Não seja um incrédulo (que decidiu não crer), mas um bom cético (que duvida para
crer)” – pág. 217.

“A História da Vida” era o último título do jornalista Michelson Borges (Por que Creio, A Descoberta)
pendente em minha lista (pelo menos dos livros apologéticos). Dez anos após seu lançamento, a obra
passou por uma revisão, a fim de contemplar atualizações importantes. A impressão que adquiri é de
2011.

Borges é criacionista. Mas já foi evolucionista, e dos fiéis. De fato, ao atentarmos para sua história de
vida, brevemente contada na introdução “Começo de conversa” e em alguns comentários ao longo do
livro, sua história não seria muito diferente que a de qualquer profissional devidamente “doutrinado”
pelo suposto sistema educacional “filosoficamente neutro” de nosso país no qual em aulas de biologia,
química, física e etc. confunde-se filosofia e ciência (apesar de serem áreas necessariamente
complementares). Ambas propõem [ou deveriam apenas propor] respostas a perguntas que começam
com pronomes relativos bem diferentes. A diferença, porem, é que Borges decidiu seguir as evidências.

A beleza de obras como essa é a contribuição quase que universal das várias áreas de conhecimento e,
por consequência, das mais diversas profissões. A ciência criminalística exige que geologia, biologia,
física, matemática, engenharia, arqueologia e tantas outras dialoguem para que a rede de evidências
seja o mais perfeitamente costurada para responder a perguntas que o método científico por si só jamais
poderia responder (“Como” algo acontece é diferente de “O que” fez algo acontecer). Por esta razão, e
em função da formação acadêmica de Borges, o texto tem um caráter jornalístico-investigativo muito
interessante, no qual o autor se vale de pesquisas de uma vida para apresentar [e defender] a
cosmovisão criacionista. De fato, numa conta conta rápida, notei que são ao todo 464 notas de rodapé
(numa média de 69 por capítulo), ao longo de dez curtos capítulos, em apenas 224 páginas. Aquele que
tem coragem de dizer que ” não há cientistas ou fontes científicas que apoiem a cosmovisão criacionista”
é, no mínimo, desinformado.

Tal “desinformação” fica evidente quando Borges apresenta uma entrevista que fez com o Dr. Marcos
Eberlin. O Dr. Eberlin faz essa afirmação categórica, na pág. 43:

“Mas a evolução foi contada com tanto entusiasmo por mais de 150 anos, foi pregada com tanto fervor,
foi catequizada com tanta veemência, está estampada e detalhada em tantos livros científicos com tanta
pompa, deu tantos prêmios a tantos, serviu de alívio a tantos que tentam escapar da iminência de um
encontro face a face com Deus, foi apregoada por céus e mares como cientificamente provada em todos
os seus aspectos, foi apresentada como a verdade mais cristalina frente à ignorância dos religiosos, foi
adotada como o evangelho-mor dos naturalistas, está permeada em tantos conceitos e projetos
científicos, que seria uma catástrofe sem precedência na história da científica admitir sua falha, sua total
inconsistência frente à química e à bioquímica modernas.”

O grande problema é que não são só a química e bioquímica modernas que vão contra a teoria neo-
darwiniana. A geologia, outra área muito bem explorada na obra, apresenta sérias evidências do
contrário: projeto, evidências apenas de microevolução e contribuições significativas para a
compreensão literal do texto bíblico como, por exemplo, sobre a catástrofe natural que mudou toda a
estrutura geológica da Terra: o Dilúvio.

Outro ponto alto que destaco são as pisadas de bola e contradições das quais muitas revistas e jornais
científicos tiveram que se retratar após supostos “fatos” da evolução terem sido, definitivamente,
refutados [pela própria ciência…]. Nature, Scientific American, Galileu…nenhuma passou no crivo. O fato
de ter um jornalista “chato” [no bom sentido] para catalogar e arquivar todo o proselitismo ufanismo
evolucionista da mídia, como em descobertas de fósseis de “humanos-mas-que-não-são-de-humanos”,
por exemplo, mostra que, no fim das contas, há algo além de ciência em jogo. Afinal de contas, aceitar
uma causa para a vida é aceitar um Causador…e muito mais.

“As revistas de divulgação científica populares, via de regra, apenas estimulam a polaridade entre os dois
modelos [criacionismo x evolucionismo]. Passam a ideia de que o criacionismo se trata de um
antievolucionismo religioso, e ignoram pesquisas feitas por institutos científicos respeitáveis, como o
Geoscience Research Institute (www.grisda.org), por exemplo, e de pesquisadores e cientistas em muitas
Universidades, tanto no Brasil como no exterior. […] Com toda essa propaganda negativa, não é de se
estranhar que muita gente alimente preconceito contra os criacionistas, muito embora nem sequer
conheça o criacionismo.”

E não para por aí. Além dos capítulos que apresentam argumentos contra a teoria da evolução conforme
as evidências da ciência, há um capítulo interessantíssimo sobre os métodos de datação (radiocarbono,
radiohalos) e outro sobre a história e pais da ciência moderna [que acaba com essa ladainha de que não
pode haver cientista criacionista]. Aliás, isso é pura dissonância cognitiva [tópico excelente!].

Para concluir, faltava toda a contribuição da ciência, sobretudo da Arqueologia, para apoiar a veracidade
e historicidade da Bíblia, a revelação especial. É de cair o queixo tamanha a quantidade de evidências
que a arqueologia têm apresentado, apesar de ser uma disciplina recente. Citação interessante, que
resume o apresentado no capítulo 9:

“Se Adão é realmente o ‘pai’ de todos os povos, deveríamos encontrar referência a isso em diversas
culturas. O fato é que essa referência foi encontrada numa quantidade maior que o necessário para
validar o texto bíblico.”

Como pode-se ver no vídeo abaixo, o autor apresenta sua obra como introdutória e, de fato, dá ao leitor
todas as referências necessárias para enriquecer seu estudo.

Porém, algo deve ser dito: a leitura de livros como “A História da Vida”, ainda que o autor julgue como
introdutório, deverá [ou deveria] ter implicações sérias ao leitor honesto. Tal como um tesouro que é
descoberto, toda a discussão acerca das origens e suas implicações filosóficas deve ser vista em sua real
perspectiva, fora da esfera apenas científica. Antes, trata-se de uma leitura investigativa e que, por
consequência, levará o leitor a considerar qual modelo apresenta as conclusões mais razoáveis, ainda
que parcelas de dúvida fiquem no ar.
Porém, ao que consta, o saldo do criacionismo é o único positivo.

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