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O bom pastor e os privilégios de suas ovelhas

(Sl 23.1-6)
O salmo 23 É o texto mais lido no mundo.
Nas palavras de Allan Harman, “é bem provável que nenhum salmo seja
mais conhecido ou mais universalmente amado do que este”.
William MacDonald chega a dizer que o salmo 23 é, talvez, o mais amado
poema de toda a literatura universal.
É um reservatório inesgotável de consolo para o povo de Deus, e dessa
fonte jorra copiosamente refrigério para os cansados, força para os fracos e
alegria para os tristes.
É o primeiro que as crianças decoram e é também o texto mais lido à beira
do leito da enfermidade e o predileto dos cultos fúnebres.
Nesse salmo, marinheiros têm achado um porto, os errantes têm
encontrado o caminho, os tristes têm encontrado consolo e os doentes têm
encontrado a cura.
Esse salmo tem sido musicado em centenas de canções, traduzido em
milhares de línguas e domiciliado em milhões de corações.
Willem A. Van Gemeren, depois de examinar o salmo 23, escreveu:
“Esse salmo expressa confiança na bondade de Deus — nesta vida e na
vida por vir”.
Já Derek Kidner afirmou que a simplicidade desse salmo tem
profundidade e força por detrás dele. Sua paz não é uma fuga; seu
contentamento não é complacência; há disposição para enfrentar as trevas e
um ataque iminente; e seu clímax revela um amor que não acha satisfação em
nenhum alvo material: somente no próprio Senhor.
Nas palavras de Charles Spurgeon, “a trombeta da guerra dá lugar à flauta
da paz”.
Há uma estreita conexão entre os salmos 22, 23 e 24.
O salmo 22 apresenta Jesus como o bom pastor que deu a vida pelas suas
ovelhas, no salmo 23 Ele é o grande pastor que vive para suas ovelhas e, no
salmo 24, é o supremo pastor que voltará para galardoar as suas ovelhas.
Jesus é o bom, o grande e o supremo pastor. Ele ama suas ovelhas, cuida
delas, deu sua vida por elas e as guiará à casa do Pai, à bem-aventurança
eterna.

O teólogo e professor William MacDonald, citando o comentarista bíblico


J. R. Littleproud, oferece uma magnífica sugestão de esboço desse salmo:
1) O segredo de uma vida feliz — todas as necessidades supridas (23.1-3).
2) O segredo de uma morte feliz — todos os temores removidos (23.4,5).
3) O segredo de uma eternidade feliz — todos os desejos satisfeitos (23.6).

Por que o Senhor pode ser o nosso pastor (23.1)?

Davi apresenta as credenciais do Senhor e mostra com vivida eloquência


por que o Senhor pode ser o nosso pastor. Vejamos.

Em primeiro lugar, porque ele é o Deus autoexistente (23.1).


“O Senhor é o meu pastor..."
Charles Swindoll diz que este nome divino é derivado do verbo hebraico
“ser” e procede da identificação do próprio Deus a Moisés.
Ele disse: “Eu sou o que sou” (Êx 3.14). A ideia aqui é que Yahweh é o ser
autoexistente, o Deus que realmente existe, em oposição a todos aqueles que
não existem.
Davi escolheu esse nome acima de El Shaddai (Deus todo-poderoso), El
Elyon (Deus Altíssimo) e El Olam (Deus Eterno). Esses e muitos outros títulos
estavam à disposição de Davi, mas o rei escolheu Yahweh, o Deus
autoexistente, imenso, infinito, eterno, imutável, onipotente, onisciente,
onipresente, transcendente, soberano.
Leupold diz que o grande nome de Deus, Yahweh, é usado mais
apropriadamente para conotar sua absoluta fidelidade ao seu povo.

Em segundo lugar, porque ele é o Deus pessoal (23.1).


“O Senhor é o meu pastor...”
O Senhor é o MEU pastor.
Ele não é o Deus distante dos filósofos deístas nem o Deus fraco e
caprichoso dos místicos, tampouco é como os deuses vingativos das
mitologias.
Ele é o Deus pessoal, presente, que se fez carne, que se tornou um de nós,
que nos amou, que se manifestou, que nos buscou, que nos conquistou, que
nos remiu, que entrou em nossa vida e reina em nosso coração.
Ele não é o Deus da experiência dos outros.
Ele é o meu Deus.
Ele é o Deus Emanuel.

Em terceiro lugar, porque ele é o Deus da provisão (23.1).


“O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.”
Na verdade, Yahweh é a nossa própria provisão.
A nossa maior necessidade não é de coisas, mas do próprio Deus.
Ele é a nossa provisão.

Charles H. Spurgeon diz que, se o pecador está longe de ficar satisfeito, o


espírito gracioso habita no palácio do contentamento.
Em suma, podemos dizer que:
• Jesus é o Yahweh-Roí — Meu pastor pessoal (Sl 23.1).
• Jesus é o Yahweh-Jireh — O pastor que provê às- minhas necessidades
(Gn 22.14).
• Jesus é o Yahweh-Shalom — O pastor que me faz descansar nas
jornadas árduas da vida (Jz 6.24).
• Jesus é o Yahweh-Rafah — O pastor que nos sara das nossas doenças
(Êx 15.26).
• Jesus é o Yahweh-Tsidkenu — O pastor que nos justifica e nos perdoa
por amor dele mesmo (Jr 23.6).
• Jesus é o Yahweh-Shammah — O pastor que caminha conosco no vale
da morte.
• Jesus é o Yahweh-Nissi — O pastor que nos dá a vitória diante dos
inimigos (Êx 17.15).

Quando Jesus é o nosso pastor, nada nos falta: ele dá descanso ao


cansado e renova as forças do exausto. O Senhor anima-nos nas horas mais
trevosas da vida; honramos e coroa-nos de alegria no meio da aflição; nos
toma no colo e depois nos recebe na glória.
Quando Jesus é o nosso pastor, não nos falta provisão completa,
descanso, direção, justiça, paz no vale, vitória sobre os inimigos, alegria
transbordante, companhia na jornada e certeza do céu na hora da morte.
Jesus, como bom pastor, oferece plena satisfação. A maior e mais
congestionada prisão do mundo é a prisão do querer. Nenhuma prisão é tão
populosa, nenhuma é tão opressiva e, além disso, nenhuma é tão permanente.
A maioria dos ocupantes nunca sai, nunca escapa e nunca é solta, mas quer
alguma coisa: quer algo maior, mais bonito, mais rápido. Quer um novo
emprego, um novo carro, uma nova casa, um novo cônjuge. Mas a verdade é
que só o Senhor satisfaz os anseios da nossa alma, de modo que podemos
dizer: o que eu tenho em Deus é maior do que o que eu não tenho na vida.

Por que precisamos do Senhor como nosso pastor? (23.1)


Davi poderia ter pensado numa figura mais apropriada:
“O Senhor é o meu comandante-chefe, e eu sou o seu soldado”;
“O Senhor é a minha inspiração, e eu sou o seu cantor”;
“O Senhor é o meu rei, e eu sou o seu embaixador”.
Mas por que Davi escolheu descrever-se como ovelha?
Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desvia pelo
seu próprio caminho (Is 53.6).
Max Lucado, no seu livro Aliviando a bagagem menciona sete razões
pelas quais a ovelha é um animal vulnerável e precisa dos cuidados do
pastor.
1. A ovelha é um animal incapaz de cuidar de si mesma. As ovelhas
são ingênuas e tolas, e, se deixadas à sua própria sorte, são presas fáceis para
os predadores.
2. A ovelha é indefesa. A ovelha não possui garras ou presas e, portanto,
não pode morder nem correr celeremente para escapar do perigo.
3. A ovelha não consegue limpar a si mesma. Um gato pode limpar-se,
um cachorro também; vemos pássaros no banho e ursos no rio, mas as ovelhas
se sujam e não conseguem se limpar.
4. A ovelha é míope. As ovelhas não enxergam os perigos, não veem o
abismo nem percebem a aproximação do predador, pois têm uma visão curta e
não enxergam com clareza a distância.
5. A ovelha é teimosa. Muitas vezes, o pastor precisa usar a vara e até
mesmo o cajado para tirar a ovelha do abismo, porque ela teima em se
desgarrar do rebanho e andar longe do pastor.
6. A ovelha não tem senso de direção. Se deixadas sozinhas, as ovelhas
podem cair em abismos e seguir trilhas perigosas. Sendo assim, o caminho da
ovelha é o pastor, ou seja, o mapa de segurança na jornada da ovelha é o
pastor.
7. A ovelha tem dotes que podem ser a sua ruína. A lã da ovelha pode
ser um peso mortal, pois, quando ela cai na água, a sua lã a arrasta para o
fundo, e ela pode morrer se não for resgatada.
Destacamos, a seguir, três privilégios desfrutados pelas ovelhas do bom
pastor:
Suprimento para as necessidades,
Companhia nas adversidades e
Comunhão para a eternidade.

Com base nos privilégios, reuniremos três verdades importantes


1ª. Verdade – No Senhor, o nosso pastor, temos pleno suprimento para
as nossas necessidades (23.1-3)
2ª. Verdade – No Senhor, o nosso pastor, temos consoladora companhia
nas adversidades (23.4,5)

3ª. Verdade – No Senhor, o nosso pastor, temos bendita comunhão para


a eternidade (23.6)

Vejamos em mais detalhes cada um deles.

1ª. Verdade – No Senhor, o nosso pastor, temos pleno suprimento para as


nossas necessidades (23.1-3)

Jesus é o nosso Pastor; inclusive, Ele chamou-se a si mesmo de o bom


pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Hebreus diz que ele é o grande pastor
das ovelhas, que as guia e vive por elas, e Pedro viu-o como o supremo pastor
que voltará para as ovelhas para recompensá-las.
Embora, como ovelhas, sejamos frágeis, míopes, inseguros e inclinados a
nos desviarmos do aprisco das ovelhas, em Jesus Cristo, o bom, o grande e o
supremo pastor, temos alimento, água, repouso, refrigério e direção. Jesus não
é apenas o nosso grande provedor; ele é também nossa melhor provisão. Ele
não apenas nos concede sua paz nas tormentas da vida; ele é a nossa paz.
Jesus não apenas nos guia pelas veredas da justiça; ele é a nossa justiça. Jesus
não é apenas pastor; ele é o nosso pastor. Aquele que está assentado no trono
e tem as rédeas da história em suas mãos pastoreia a nossa alma, alimenta-nos
com sua graça e fortalece-nos com seu poder. Sendo assim, conhecê-lo é a
própria essência da vida eterna, andar com ele é a maior de todas as venturas,
glorificá-lo é a razão da nossa vida e fazer a sua vontade é a maior de todas as
nossas metas. Portanto, como Davi, podemos alçar nossa voz e dizer que o
Senhor é o nosso pastor, por isso nada nos faltará!

Há três provisões que a ovelha do bom pastor recebe.

Primeira provisão – Completa satisfação (23.1,2).

“[...] nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes.


Leva-me para junto das águas de descanso.”
A ovelha do bom pastor tem todo suprimento, ou seja, não há nenhuma
falta à ovelha do bom pastor, pois ela tem todos os suprimentos, bem como
repouso e descanso, e, nas jornadas da vida, o pastor a conduz a pastos verdes
e águas tranquilas. Ovelhas se recusam a deitar quando estão famintas e não
bebem água de riachos com correntezas fortes. Então, o pastor vai à frente das
ovelhas e acalma as águas para que elas possam dessedentar-se.

Segunda provisão – Plena restauração (23.3a).

“Refrigera-me a alma...”
Quando a ovelha se machuca ou cai num abismo, o pastor resgata a
ovelha, toma-a nos braços, restaura-a, leva-a em segurança para o aprisco. As
ovelhas do bom pastor encontram nele perdão, cura e restauração. Sobre isso,
Charles Spurgeon escreveu o seguinte:

Quando a alma fica triste, o Senhor a refrigera. Quando é


pecadora, ele a santifica. Quando é fraca, ele a fortalece. É ele
que faz. Os seus ministros não podem fazer se ele não fizer. As
palavras dos ministros não têm eficácia por si sós. Só o Senhor
pode refrigerar a alma.

Terceira provisão – Firme instrução na justiça (23.3b).

“[...] Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.”


As veredas da justiça são caminhos planos, retos e certos, e não vias
sinuosas e perigosas. Deus não somente adverte contra o mal, mas também
nos guia nos caminhos da justiça, e o faz por amor do seu nome, e não por
merecimento nosso.

2ª. Verdade – No Senhor, o nosso pastor, temos consoladora companhia


nas adversidades (23.4,5)
A vida cristã não é uma jornada fácil. Cruzamos desertos tórridos e vales
profundos, atravessamos mares revoltos e enfrentamos ventos contrários.
Contudo, mesmo quando andamos pelo vale da sombra da morte, não
precisamos ter medo, não porque somos fortes ou os perigos são irreais, mas
sim porque nossa confiança decorre do fato de Jesus estar conosco em todas
as circunstâncias e em todo o tempo. Não precisamos ter medo dos
adversários que nos ameaçam, pois, o nosso pastor nos dá vitória sobre eles;
não precisamos ter medo de vexame e fracasso, pois o nosso pastor nos honra,
ungindo-nos a cabeça com óleo; não precisamos ter medo da tristeza que
ronda a nossa alma, pois o nosso pastor oferece-nos robusta alegria, fazendo o
nosso cálice transbordar.

Cinco promessas são feitas à ovelha do bom pastor.

Primeira promessa – Coragem diante dos perigos (23.4a).

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte,


não temerei mal nenhum...”
A ovelha recebe aqui a promessa de ajuda no momento mais difícil da
vida. A morte traz em sua bagagem seus temores — na verdade, a morte é o
rei dos terrores e o único inimigo a ser vencido; ela pode nos espreitar, e o mal
pode nos encurralar, mas não precisamos ter medo. O salmista retrata a morte
como uma sombra ou uma escuridão profunda. O pastor passava com suas
ovelhas, não raro, por desfiladeiros estreitos e por grutas profundas, onde a
escuridão era medonha, mas, mesmo nessa escuridão, as ovelhas não
precisavam ter medo, pois o pastor estava com elas.

Charles Spurgeon é oportuno quando escreve:

É digno de destaque que não é “vale da morte”, mas o “vale da


sombra da morte”, pois a morte, em sua essência, foi afastada,
permanecendo só a sombra. Uns dizem que, quando há sombra,
tem de haver luz em algum lugar, e eles estão certos. A morte
fica ao lado do caminho no qual temos de viajar, e a luz do céu
que brilha nela lança sombra em nosso caminho.
Alegremo-nos porque há luz do outro lado. Ninguém tem medo
de sombra, pois a sombra não pode deter o caminho do homem
nem sequer por um momento. A sombra de um cachorro não
pode nos morder; a sombra de uma espada não pode nos ferir; a
sombra da morte não pode nos matar. Não tenhamos medo.

Segunda promessa – Presença divina no meio das aflições (23.4b).

“[•••] porque tu estás comigo...”


A ovelha passa pelos vales da sombra da morte, mas ela tem a presença
do Senhor. O crente enfrenta tempestades, mas tem também a presença do
anjo do Senhor (At 27.23); ele enfrenta fornalhas acesas, mas tem também o
quarto homem para aplacar o poder do fogo; é jogado na cova dos leões, mas
tem também o anjo do Senhor fechando a boca dos leões. Em outras palavras,
Deus não nos livra dos problemas, mas nos problemas.

Terceira promessa – Consolo nas tristezas da vida (23.4c).

“[...] o teu bordão e o teu cajado me consolam."


A vara e o cajado são os meios pelos quais o pastor protege e dirige as
ovelhas — eles são as insígnias do soberano e bondoso pastor. Com a vara, o
pastor afugenta os inimigos e, com o cajado, guia e resgata as ovelhas. O
homem de dores sabe melhor do que ninguém como atender as necessidades
do coração abatido.

Pearlman, nessa mesma linha de pensamento, diz que a vara consola


porque força os inimigos, como lobos e leões, a baterem em retirada, e o
cajado consola porque é usado para guiar a ovelha no meio dos obstáculos e
até para retirá-la de algum buraco ou despenhadeiro em que caiu. Em suma, a
vara e o cajado do pastor garantem segurança e acalmam os temores da
ovelha.

Quarta promessa – Provisão diante dos adversários (23.5a).

“Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários...”


Davi passa da figura do Pastor para a figura do Anfitrião, do campo para a
casa.

Nas palavras de Allan Harman, “a cena muda de alimento e água


destinados a ovelhas para banquete farto para humanos”.

Deus é muito mais do que um pastor que cuida das necessidades das
ovelhas; é também um Rei anfitrião que prepara um banquete para seus
hóspedes diante de seus adversários. A hospitalidade oriental garante a
segurança de seus hóspedes, pois um hóspede não pode ser atacado pelos
inimigos se está debaixo da tenda do anfitrião.
William MacDonald diz que na mesa do anfitrião divino estão espalhadas
todas as bênçãos espirituais que o Pastor comprou para nós com seu precioso
sangue. Além disso, a mesa traz todas as bênçãos que temos em Cristo, e,
embora rodeados por inimigos, nos alegramos com essas bênçãos em paz e
segurança.

Spurgeon chama a atenção para o fato de que o homem bom tem


inimigos e que não seria como o seu Senhor se não os tivesse. Se não
tivéssemos inimigos, poderíamos temer não ser amigos de Deus, pois “a
amizade do mundo é inimiga de Deus” (Tg 4.4).

Quinta promessa – Honra festiva diante dos inimigos (23.5b).

“[...] unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.”


Esse não é o óleo da unção, que era usado para empossar o rei ou o
sacerdote, mas sim um óleo perfumoso amplamente usado em banquetes do
Oriente como marca de hospitalidade, favor e alegria (Sl 133.2). Essa honra
festiva era traduzida também na expressão do transbordar do cálice, que
simbolizava provisão abundante oferecida pelo generoso Anfitrião. E digno de
nota que todo crente é ungido pelo Espírito Santo quando recebe o Salvador e
que, em Cristo, temos vitória, honra e alegria.

3ª. Verdade – No Senhor, o nosso pastor, temos bendita comunhão para a


eternidade (23.6)
Está escrito:

“Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias


da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre”
Não apenas nosso pastor está conosco, mas também coloca ao nosso lado
uma escolta celestial, bondade e misericórdia, e isso durante todos os dias da
nossa vida.
Spurgeon chama bondade e misericórdia como duas irmãs gêmeas que
nos escoltam, uma vez que a bondade atende às nossas necessidades e a
misericórdia destrói os nossos pecados.
Bondade é o que Deus nos dá e não merecemos — a sua graça —, ao
passo que misericórdia é o que nós merecemos, mas Deus não nos dá — o seu
juízo. Ladeados por bondade e misericórdia, avançamos neste mundo
guardados e protegidos.
Pearlman diz que o Hospedeiro Divino chama dois dos seus servos para
atender às necessidades dos hóspedes. Seus nomes são Bondade e
Misericórdia, que seguem os filhos de Deus por onde quer que andem.
Derek Kidner diz que ser hóspede de Deus é mais do que ser um mero
conhecido, convidado para o dia: é conviver com ele. Há a sugestão de
peregrinação no quadro de um progresso que termina na casa do Senhor.
Quando a carreira terminar, então habitaremos na casa do Senhor para
todo o sempre. Aqui o Senhor está conosco; lá, nós estaremos com ele. Sua
presença será nossa alegria e nossa maior recompensa. O céu é a Casa do Pai,
é o nosso lar, e para lá caminhamos, pois lá está a nossa pátria, nosso tesouro
e também o nosso bom, grande e supremo pastor. Ele é o centro dos decretos
divinos, o centro das Escrituras, o centro da história, o centro da eternidade e o
centro do paraíso. Vivemos nele, com Ele e para Ele, pois Jesus é a nossa
segurança, a nossa provisão, a nossa paz, a nossa justiça, a nossa alegria, a
nossa recompensa. Com Ele estaremos para sempre e com Ele reinaremos
pelos séculos eternos, onde não haverá mais pranto, nem dor, nem luto.

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