Estado de coisas inconstitucional é uma técnica decisória desenvolvida pela Corte
Constitucional da Colômbia, a partir da decisão SU-559, de 6 de novembro de 1997, que visa enfrentar situações de violações graves e sistemáticas dos direitos fundamentais cujas causas sejam de natureza estrutural, isto é, decorram de falhas estruturais em políticas públicas adotadas pelo Estado, exigindo uma atuação conjunta de diversas entidades estatais. Tendo como objeto de estudo a figura do estado de coisas inconstitucional, este artigo visa analisar a sua possível aplicação no contexto brasileiro, especificamente em relação ao sistema prisional do País, bem como levantar as principais objeções à atuação da Corte Constitucional na declaração de tal estado de fato e na determinação de adoção de medidas para sua superação.
Estado de coisas inconstitucional é uma técnica decisória desenvolvida pela Corte
Constitucional da Colômbia, a partir da decisão SU-559, de 6 de novembro de 1997, que visa enfrentar situações de violações graves e sistemáticas dos direitos fundamentais cujas causas sejam de natureza estrutural, isto é, decorram de falhas estruturais em políticas públicas adotadas pelo Estado, exigindo uma atuação conjunta de diversas entidades estatais. Tendo como objeto de estudo a figura do estado de coisas inconstitucional, este artigo visa analisar a sua possível aplicação no contexto brasileiro, especificamente em relação ao sistema prisional do País, bem como levantar as principais objeções à atuação da Corte Constitucional na declaração de tal estado de fato e na determinação de adoção de medidas para sua superação. Estado de coisas inconstitucional é uma técnica decisória desenvolvida pela Corte Constitucional da Colômbia, a partir da decisão SU-559, de 6 de novembro de 1997, que visa enfrentar situações de violações graves e sistemáticas dos direitos fundamentais cujas causas sejam de natureza estrutural, isto é, decorram de falhas estruturais em políticas públicas adotadas pelo Estado, exigindo uma atuação conjunta de diversas entidades estatais. Tendo como objeto de estudo a figura do estado de coisas inconstitucional, este artigo visa analisar a sua possível aplicação no contexto brasileiro, especificamente em relação ao sistema prisional do País, bem como levantar as principais objeções à atuação da Corte Constitucional na declaração de tal estado de fato e na determinação de adoção de medidas para sua superação
A ADPF n. 347, ajuizada pelo PSOL, objetiva o reconhecimento pelo STF do
estado de coisas inconstitucional do sistema penitenciário brasileiro bem como a determinação de adoção de medidas tendentes a sanar as gravíssimas lesões a preceitos fun- Boletim Científico ESMPU, Brasília, a. 16 – n. 49, p. 79-111 – jan./jun. 2017 89 damentais da Constituição, decorrentes de condutas comissivas e omissivas dos poderes públicos do Estado no tratamento da questão prisional do País.
As causas e efeitos da problemática do sistema penitenciário brasileiro o tornam,
quando levados ao Judiciário, um “litígio estrutural”. Em razão da complexidade do problema, o STF não mais é chamado apenas para solucionar questões particulares ligadas a direitos pontuais dos requerentes, mas assumiu o papel de proteger a dimensão objetiva dos direitos fundamentais em risco, através dos chamados “remédios estruturais” que se propõem a redimensionar as bases de formulação e execução de políticas públicas. Rechaçando-se a tese de ofensa da subsidiariedade, não há na jurisprudência pátria ações que tenham essa natureza genérica e pretensão estruturante, uma vez que as outrora ajuizadas dizem respeito a problemas individuais de presos. Também não procede o argumento da pretensa violação à separação dos poderes, uma vez que o papel do STF, ao reconhecer o ECI, não será o de desenhar as políticas públicas, mas sim o de afirmar a necessidade urgente de que o Executivo e o Legislativo estabeleçam e executem tais políticas penitenciárias, inclusive as orçamentárias. Cabe a esta Corte Constitucional brasileira o exercício de sua função típica para racionalizar a escorreita criação, aplicação e execução da lei penal e processual penal, sob pena de se agravar ainda mais o quadro caótico dos cárceres brasileiros, já que eles são utilizados como molas- mestres das políticas criminais do País. É importante que o STF exerça, sua função atípica de interferir em políticas públicas e escolhas orçamentárias quando houver um caso de grave ofensa aos preceitos fundamentais elencados na Lei Maior. Neste prisma, o ECI, ao contrário de ser uma ameaça à democracia, vem ao encontro dessa pretensão política da constituição em efetivar direitos fundamentais como recurso último para se evitar maiores falhas estruturais e omissões institucionais. Trata-se de um verdadeiro ativismo judicial que visa à superação da sub-representação de grupos sociais marginalizados, da falta de coordenação das ações entre os setores públicos e dos riscos de custos políticos. Conclui-se com a ideia de que, caso a teoria do ECI seja efetivamente adotada na jurisdição constitucional brasileira, importando-se a experiência do caso colombiano do “deslocamento forçado de pessoas” como um ativismo realmente dialógico entre os poderes e entidades federativas, ela terá capacidade de ser um parâmetro na busca de efetividade dos direitos fundamentais das pessoas encarceradas e da segurança pública em geral.
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