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A s “Antífonas do Ó” são 7 antífonas es-

peciais, entoadas em todos os Mostei-


ros do mundo, no Tempo do Advento, de 17
a 23 de dezembro, antes e depois do canto
do Magnificat, na hora canônica das Véspe-
ras, e também antes da proclamação do
Santo Evangelho. São chamadas assim por-
que começam com a interjeição “Ó”.
Veneráveis por sua antiguidade, chega-
ram a ser, em algumas igrejas medievais,
um total de 12 Antífonas, que podem ter si-
do relacionadas aos 12 Profetas, às 12 Tri-
bos, ou aos 12 Apóstolos.
O Manuscrito mais antigo conhecido a
conter esta série completa de textos latinos
(sem música) é o “Liber Responsalis” do Papa
São Gregório Magno, contido na “Antipho-
naire dit de Compiègne”, conservada na “Bi-
bliothèque Nationale de France”.

Fig.: Bibliothèque Nationale de France,


MS Latim 17436 (século IX), fol. 36.
Este documento contém uma seção intitu-
lada: “Antiphonae majores in Evangelio” (As
Grandes Antífonas do Evangelho) onde,
além destas 7 antífonas conhecidas atual-
mente, aparecem mais duas adicionais:
“O virgo virginum” (O Virgem das virgens)
e “Orietur sicut sol Salvator mundi” (O Salva-
dor do mundo nascerá como o Sol).
Posteriormente, estas Grandes Antífonas
foram adaptadas para o inglês por um dos
primeiros poetas anglo-saxões conhecido:
Cynewulf (séc. IX), que alguns referem tam-
bém como Sacerdote ou como Bispo.
Elas formam a base de um poema, escrito
por ele, intitulado “CRISTO I”, que foi pre-
servado em apenas um manuscrito conhe-
cido: o Livro de Exeter; infelizmente, as
primeiras oito páginas deste manuscrito fo-
ram perdidas, e só é possível ler a partir da
antífona: O Rex Gentium.
Neste seu poema, aparecem 4 antífonas
além das 7 habituais: O Hierusalem, O Virgo
virginum, O Rex Pacifice, e O mundi Domina.
Provavelmente Cynewulf teve acesso a al-
gum documento mais antigo que continha
essas 11 antífonas.
Há inclusive outro manuscrito, conhecido
como o “Antifonário de Hartker” (de fins do
séc. X), que é conservado na Stiftsbibliothek,
em St. Gallen, Suíça, que contem toda essa
série de antífonas aludidas por Cynewulf, e
mais uma extra: “O Gabriel”.

St. Gallen Codex 390 (ca. 990–1000 DC), pp. 40–41.


No período conhecido como „Contra-
Reforma‟, o Papa São Pio V, revisou e pa-
dronizou muitos aspectos da liturgia latina,
conservando o que era de longa data na
Tradição da Igreja, e que tinha ao mesmo
tempo fontes seguras, levando a uma práti-
ca universal, conhecida como „Rito Triden-
tino‟. Isso incluiu, nesse caso, a eliminação
de quaisquer variantes além das 7 Grandes
Antífonas que são conhecidas atualmente.
Na presente liturgia ordinária, estas 7 an-
tífonas, dirigidas ao Messias, não só foram
conservadas como antífonas do Magnificat,
mas também foram introduzidas como antí-
fonas do Evangelho destes dias que antece-
dem a Vigília do Natal.
Apresentamos a seguir estas 7 antífonas
conhecidas, e em seguida as outras 5 que
foram referidas nestes antigos documentos:
 17 dez. «O Sapientia»: Ó Sabedoria, que
saístes da boca do Altíssimo, atingindo
de uma a outra extremidade e tudo dis-
pondo com força e suavidade; vinde en-
sinar-nos o caminho da prudência!
 18 dez. «O Adonai»: Ó Adonai, guia da
Casa de Israel, que aparecestes a
Moisés na chama de fogo, no meio da
sarça ardente e lhe destes a Lei no
Sinai; vinde resgatar-nos pelo poder
do Vosso braço!
 19 dez. «O Radix Jesse»: Ó Raiz de
Jessé, erguida como estandarte dos po-
vos, em cuja presença os reis se calarão
e a quem as nações invocarão; vinde li-
bertar-nos, não tardeis mais!
 20 dez. «O Clavis David»: Ó Chave de
Davi, e cetro da Casa de Israel, que
abris e ninguém fecha, fechais e nin-
guém abre: vinde e libertai da prisão o
cativo assentado nas trevas e à sombra
da morte!
 21 dez. «O Oriens»: Ó Oriente, Sol nas-
cente, esplendor da Luz eterna e Sol de
Justiça! Vinde e iluminai os que estão
sentados nas trevas e à sombra da morte!
 22 dez. «O Rex Gentium»: Ó Rei das na-
ções e objeto de seus desejos, Pedra an-
gular que reunis em Vós judeus e genti-
os: vinde e salvai o homem que do barro
formastes!
 23 dez. «O Emmanuel»: Ó Emanuel, nosso
Rei e Legislador, esperança e Salvador
das nações; vinde salvar-nos, Senhor
nosso DEUS!
As outras 5 antífonas, são dirigidas, além
de CRISTO, também à Santíssima Virgem, ao
Anjo Gabriel, e à cidade de Jerusalém.
 «O Virgo virginum»: Ó Virgem das Virgens,
como será isso? Pois nunca viram seme-
lhante à primeira, nem haverá a seguinte
(pois nunca houve ninguém como tu, nem ha-
verá). Filhas de Jerusalém, porque me ad-
miram? É um Mistério divino o que vês.
 «O Gabriel»: Ó Gabriel, Mensageiro
do Céu, que veio até mim pelas portas
fechadas e me anunciou a Palavra: Tu
conceberás e darás à luz um FILHO, e
Ele será chamado Emanuel.
 «O Rex Pacifice»: Ó Rei da Paz, que nasceu
antes de todos os séculos, vem pela porta
de ouro, visita os que Tu redimiste e con-
duza-os de volta ao lugar de onde caíram
pelo pecado.
 «O Mundi Domina»: Ó Senhora do mun-
do, germinada de semente real, CRISTO
já saiu de seu ventre, como um noivo de
sua câmara nupcial; aqui está numa man-
jedoura Quem as estrelas governa.
 «O Hierusalem»: Ó Jerusalém, cidade do
DEUS supremo, levanta os teus olhos em
redor, e vê o teu Senhor, que já vem para
te libertar das cadeias.
Um interessante
detalhe é que quan-
do se lê a letra ini-
cial de cada uma
das 7 antífonas (a
partir da última),
resultam no acrós-
tico «ERO CRAS»,
que em latim signi-
fica «virei ama-
nhã»; uma resposta
do Messias à súpli-
ca dos fiéis que anseiam por Sua vinda.
Ligada à tradição das antífonas, existe
uma Festa de Nossa Senhora, celebrada no
dia 18 de dezembro, denominada de ‘Nossa
Senhora da Expectação do Ó’, ou sim-
plesmente de ‘Nossa Senhora do Ó’.
A Expectação (expectativa) do parto não
é simplesmente a ansiedade natural da jo-
vem Mãe que espera o seu primogênito. Ao
esperar seu Filho, a Santíssima Virgem, ul-
trapassa os ímpetos afetivos de uma mãe
comum e eleva-se ao plano universal da
Economia Divina da Salvação do mundo; é
o desejo inspirado e sobrenatural da “Ben-
dita entre as mulheres”, que foi escolhida
para Mãe-Virgem do Redentor, e para Cor-
redentora da humanidade. Além disso, é o
anseio de milhares e milhares de gerações
que suspiraram pela vinda do Messias,
desde Adão e Eva, e que se reco-
lhem e concentram no Coração
de Maria, como no mais puro e
límpido dos espelhos.
Esta devoção mariana surgiu na
Espanha, e foi instituída como
festa no „X Concílio de Toledo‟
(séc. VI), presidido pelo arcebispo
Santo Eugênio III, juntamente
com São Frutuoso de Braga e
Santo Ildefonso. Na ocasião,
transferindo-se a Festa da Anun-
ciação para o dia 18 de dezembro,
Santo Ildefonso determinou que se celebrasse
com o título de “Expectação do Parto da Bea-
tíssima Virgem Maria”, mas pelo fato de que
neste dia se cantava as Antífonas Maiores, ini-
ciadas pela interjeição “Ó”, os fiéis começaram a
chamar esta de Festa de Nossa Senhora do Ó.
 Fontes de pesquisa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%ADfonas_do_%C3%93
https://www.hymnsandcarolsofchristmas.com/Hymns_and_Carols/
Notes_On_Carols/O_Antiphons/christ_by_cynewulf.htm
https://www.hymnologyarchive.com/o-come-o-come-emmanuel
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b8426787t/f77.item
http://perolasfinas.blogspot.com/2011/12/antifonas-do-o.html
https://www.newadvent.org/cathen/11173b.htm
https://santo.cancaonova.com/santo/nossa-senhora-o/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_do_%C3%93
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