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Tese de doutorado
da Universidade Sorbonne Paris Cité
Preparado na Universidade Paris Diderot

Pesquisa da Escola de Doutorado em Psicanálise e Psicopatologia ED 450


Centro de Pesquisa em Psicanálise, Medicina e Sociedade

Poema e matema na clínica psicanalítica

Estudos sobre a relação matema-poema por meio da carta.

Por Carlos Guillermo Gomez Camarena

Tese de Doutorado em Psicopatologia Fundamental e Psicanálise

Direção de Laurie LAUFER

Apresentado e apoiado publicamente em Paris em 5 de maio de 2018

Presidente do júri: VANIER, Alain / professor universitário / Paris 7 Diderot

Relator: SCAVINO, Dardo / Professor Universitário / Universidade de Pau e Pays de l'Adour

Relator: ASKOFARÉ, Sidi / Professor Universitário / Universidade de Toulouse 2 Jean Jaurès

Diretor de tese: LAUFER, Laurie / Professor universitário / Paris 7 Diderot

Membro convidado: CLÉRO, Jean-Pierre / Professor Emérito / Universidade de Rouen


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Título: Poema e matema na clínica psicanalítica. Estudos sobre a relação


matema-poema através da carta.

Resumo: Sobre matemática e poesia em Lacan, várias coisas foram ditas


para afirmar, por um lado, os elementos heurísticos da matemática e, por
outro, esclarecer a relação entre psicanálise e poesia. No entanto, as
referências sobre a articulação entre matemática e poesia
infelizmente são marginais. Uma busca pelas distintas formulações do
vínculo entre ciência e psicanálise segundo Lacan, segue uma
problematização epistemológica e ontológica da psicanálise lacaniana; aí
encontramos duas plataformas onde Lacan mobiliza sua abordagem da
matemática e da poesia. A primeira consiste no matema como alternativa
ao poema heideggeriano para deontologizar a psicanálise. A segunda é a
repatriação dos poetas expulsos por Platão para o campo psicanalítico.
Traçamos a trajetória dos usos e da função da matemática em conexão
com suas elaborações poéticas ao longo da obra e do ensino de Lacan a
fim de testar a importância delas para a teoria, a prática e a clínica. Para
isso, contamos com o que Freud já havia dito sobre esse conhecimento,
principalmente sobre a poesia. Um duplo agrupamento quadripartido é a
base desta pesquisa. Em primeiro lugar, a matemática ou o Matema reúne
formalização, matema, diagramas e objetos/temas matemáticos.
Em segundo lugar, a poesia ou Poema consiste em quatro subconjuntos:
literatura, arte, estética e criação. Por fim, expomos três “casos” de
articulação entre Mathème e Poème extraídos da obra de Lacan.

Palavras-chave: Psicanálise, Lacan, Freud, matemática, topologia,


diagramas, literatura, nós, lalíngua, estética, matema, poesia, arte,
formalização, criação, carta, ficção, Koyré, Heidegger, epistemologia,
ontologia, ciência, Jakobson, Platão, Badiou, escrita, fala, linguagem.

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Título: Poema e matemática na clínica psicanalítica. Pesquise sobre a relação


matemática-poema através da carta.

Resumo:

Não há dúvida de que muito se falou sobre o lugar da matemática e da poesia na obra
de Jacques Lacan. Por um lado, a matemática é frequentemente convocada como uma
ferramenta heurística para a psicanálise. Por outro, muitos livros foram escritos para
esclarecer a relação entre psicanálise e poesia. No entanto, as referências à articulação
da poesia e da matemática permanecem marginais. Após uma problematização
epistemológica e ontológica dessa articulação na obra de Lacan, exploramos os
diferentes vínculos que Lacan faz entre ciência e psicanálise. Aqui encontramos duas
plataformas onde Lacan mobiliza uma abordagem da poesia e da matemática. A
primeira é o matem como alternativa ao poema heideggeriano, um deslocamento que
permite uma deontologização da psicanálise. A segunda consiste na repatriação dos
poetas despejados de Platão para o campo psicanalítico. Levando em conta o que
Freud disse sobre ambas as disciplinas –especialmente a poesia– traçamos a trajetória
dos usos e funções da matemática em relação aos elementos poéticos que Lacan
desenvolveu ao longo de sua obra para discutir sua relevância teórica, prática e
clínica. Assim, esta pesquisa está estruturada em duas seções compostas por quatro
partes cada. O primeiro, intitulado Matemática ou Matemático significa Formalização,
Matemática, Diagramas e Objetos/temas matemáticos. A segunda, intitulada Poesia
ou Poema, é composta por quatro subconjuntos: Literatura, Arte, Estética e Criação.
Por fim, expomos três “casos” de articulação entre Matemática e Poema extraídos da
obra de Lacan.

Palavras-chave:

Psicanálise, Lacan, Freud, matemática, topologia, diagramas, literatura, nós, lalíngua,


estética, matemática, poema, arte, formalização, criação, carta, ficção, Koyré,
Heidegger, epistemologia, ontologia, ciência, Jakobson, Platão, Badiou, escrita,
palavra, linguagem.

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na Guilhermina Camarena

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Obrigado

À Professora Laurie Laufer, que inicialmente confiou neste projeto, e que


posteriormente garantiu o trabalho sério de sua direção.

Aos que também contribuíram para a leitura, discussão e correção deste texto
em seus diversos estados e momentos: Miguel Sierra, Nathalie Scroccaro,
Cristóbal Farriol, Debora Babiszenko e Marco Antonio Reyes.

A Alain Badiou, que teve tempo e paciência para ouvir minhas perguntas, nunca
para respondê-las diretamente. Sua ajuda me permitiu retificar a direção desta
pesquisa várias vezes.

A Jean-Michel Vappereau, Quentin Meillassoux e Michel Bousseyroux, que


enriqueceram esta pesquisa com suas entrevistas e comentários.

À Professora Monique David-Ménard, que acompanhou e apoiou este trabalho


como orientadora de tese durante um ano.

À Beatriz González, Nina Krajnik e Beatriz Santos, pela preciosa e pontual ajuda
durante minha estada em Paris.

A Carina Basualdo †, que se interessou pela minha pesquisa e, por isso, me


confiou a tarefa de traduzir o intraduzível.

Ao Governo do México e à Universidad Iberoamericana Ciudad de México, que


através do CONACyT, a Casa do México do CIUP, SEP e FICSAC ajudaram a
financiar esta pesquisa.

Obrigado aos membros do júri que generosamente aceitaram dedicar um tempo


para ler minha tese.

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Agradecimentos

Para Claudia Herrera, por los lindos momentos, el apoyo y la compañíaduring dos años
dificiles de escritura.

A Ana Cecilia Hornedo y Mariana Alba de Luna, sin su ayuda París no hubiera sido nem
possível nem habitável.

A Juan García de Alba e Ian García de Alba, sin su ayuda no habría terminou la licenciatura.
Y todo lo que se déprendió de ella.

Colocou o primeiro maestro em psicoanálisis, Juan Diego Castillo, que insistiu que eu já
tivesse hartarse na docência para fazer doutorado em Paris. No se equivoco.

A Carlos Ahumada, amigo Teutón nacido na região da Baviera, que foi cúmplice no início
deste projeto de doutorado.

A Salua Aramoni, Catalina Sanabria, Alejandra Salgado, Eva Hernández, Claudia Arditti,
José Alejandro Pérez e Rodrigo Torres, amigos e amigos que me acompanham nos anos de
Paris.

A meus amigos Luz Rodríguez Carranza, Pablo Amster, Jorge Alemán, Dardo Scavino,
Roque Farrán, Angelina Uzín e Santiago Deymonnaz, ¿que sería del psicoanálisis sin los
argentinos?

Para Tamara Dellutri, treinable amiga, argentina de lengua inglesa quien nutrió this tesis
con nuestras larguísimas e interesantes discusiones.

A Elizabeth Núñez, Daniel Borja e Jimena Herrerías amigos transcontinentais.

Para Debora Babiszenko, Miguel Sierra e Cristóbal Farriol, quienes entre comidas, visitas,
viagens e encontros virtuais, contribuições com sua amistad, ánimo y maravillosos
commentarios.

Para Christina Soto van der Plas, que você tenha encontrado cada vez mais a ocasião para
as ideias mais refinadas.

A Diana Montes y Aliber Escobar, por la más enigmática amistad, uma companhia intelectual
que é crucial a lo largo de esta investigação.

A quienes desconfiados no meio da academia: José Luis Barrios, Alejandro Guevara,


Marisol Silva Laya e Juan Carlos Henríquez.

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer aos meus amigos da extinta (a real!) Jan Van Eyck Academie,
que contribuíram com suas discussões e encontros em Paris, México, Londres, Atenas,
Berlim, Maastricht, Amsterdã e Nova York: Tzuchien Tho, Samo Tomsic, Pietro Bianchi,
Lucca Fraser e Giorgos Papadopoulos.

Esta pesquisa deve-se aos comentários de Alenka Zupanÿiÿ e Mladen Dolar, cuja obra
inspirou várias passagens desta tese.

Parte desta tese foi feita simultaneamente enquanto trabalhava com meus amigos e
companheiros da psicologia crítica do projeto de análise do discurso lacaniano: Ian
Parker e David Pavón Cuéllar. Gostaria de agradecê-los por seus comentários paciência
e apoio.

Embora não citado nesta pesquisa, sou grato ao meu amigo Bruno Bosteels.
A filosofia, a América Latina e a literatura nunca mais foram as mesmas depois dele.

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Danksagungen

Zuerst danke ich Lucia Bartl. Ohne ihre Gespräche, Fotografien und ohne ihr Lächeln,
kann ich mir meinen Aufenthalt in Paris and Hamburg nicht vorstellen.

Ich danke Michaela Wünsch für ihre Einladung nach Maastricht und Berlin um dort
Vorlesungen zu geben. Diese Erfahrungen waren sehr lehrreich für mich.

Wenn ich diese Worte schreiben kann, dann weil Andrea Rattei und Merve Uphues
so gute Lehrer waren. Vielen herzlichen Dank an dieser Stelle für ihre Geduld und
ihre Freundschaft.

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Facilidades

Per l'Arturo Chávez, amigo da infància, per fer de la bonica Barcelona um universo
paralelo em Paris.

Por l'Ingrid Torres em Manel Bosch, els catalães me mexicanos.

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Guardar um livro é apertar as folhas; para lê-lo, é preciso


primeiro desanexá-lo, como se toda mensagem possível fosse
um nó e toda sua leitura um desenlace. Para Receber o
Amanhecer: A Criação de Livros Sagrados no Tibete.
Severo Sarduy, Antologia

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INTRODUÇÃO

A imagem altiva onde a invenção do poeta e


o rigor do matemático se juntam à impassibilidade do
dândi e à elegância do trapaceiro.

–J. Lacan, Seminário sobre A carta roubada.

Vemos que há apenas duas coisas na


atividade dos homens que são proféticas: poesia e
matemática.
-NO. Badiou, em busca da realidade perdida.

Em 1975, por ocasião de sua segunda estada nos Estados Unidos, Lacan deu uma
palestra perante uma assembléia de linguistas, lógicos e outros
pesquisadores de alto nível. Como de costume, o público quase não teve
não entendido. Noam Chomsky, o linguista americano, apresentou sua concepção
linguística baseada em equações e fórmulas. O psicanalista lhe perguntou
uma pergunta: "pode a linguística revelar as leis universais de todas as
ambiguidades e trocadilhos em uma língua? ". Chomsky respondeu que o
linguista não tem interesse em ambiguidades, que a linguística científica
tem como objeto apenas a comunicação, "são os poetas que cuidam
tudo isso”, conclui. Visivelmente emocionado, Lacan retrucou: “Então, eu sou poeta! ".
A má reputação de Lacan por seu estilo enigmático e
enigmático, está bem resumido nesta pequena história contada pelo
A professora americana Sherry Turkle1. Mas nosso interesse está aqui: mesmo que
Lacan declarou-se sarcasticamente poeta, trabalhou e articulou a
matemática ao longo de seus seminários. Em outras palavras, mesmo que Lacan
se anuncia como poeta, sempre manteve uma orientação matemática
construir a psicanálise no domínio teórico, clínico e prático.

1 Para um relato da conferência e do debate, Cf. Sherry TURKLE, Psychoanalytic Politics.


A Revolução Francesa de Freud. Basic Books Publishers, Nova York, 1978, p. 234-247.

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Problemas e desafios

Para o discurso cotidiano, a relação entre matemática e poesia não passa de


em si, não é natural2. Da mesma forma, para a construção de uma práxis
psicanálise, é excêntrico conectar esses dois campos do saber: o
matemática estão relacionadas com a ciência, enquanto a poesia é quase
identificado no art. A psicanálise é uma arte ou uma ciência? Além disso,
esta é precisamente a pergunta que Chomsky fez a Lacan. Para algumas pessoas
autores3, esse viés de Lacan para um aspecto poético, até artístico, da
práxis psicanalítica, encontra-se confirmado em sua docência no final de sua
vida4. Com base na predominância de referências poéticas sobre
matemática durante os últimos seminários de Lacan, alguns podem concluir
que a resposta do psicanalista ao linguista americano foi justa e correta.
Por razões que discutiremos mais adiante, a questão é mais
complexo aos nossos olhos e mais interessante do que a simples oposição exclusiva
entre ciência e arte. Dito de outra forma: a pergunta permanece sem resposta; seu
respostas possíveis vão além de categorizações simplistas que buscam

2
“Parece absurdo por todos os lados que a cultura das letras tenha se oposto, por nosso sistema escolar,
à da matemática. Das inúmeras reformas de que são vítimas alunos e professores, não há nenhuma que
tenha tentado dar lugar a um ensino que desse a mesma força ao prazer de demonstrar e ao de ler e
escrever. (…) Um certo número de nossos concidadãos, tão condescendentes quanto ignorantes, estão
iludidos o suficiente para tomar distinções administrativas simples (ditadas por considerações puramente
financeiras) para divisões psicológicas ou ontológicas” Jean-Pierre CLÉRO, Ensaio sobre a psicologia da
matemática , Paris, Elipses, 2009, p. 210-2011.

3 Roberto HARARI, El psicoanálisis: entre la pulsión y la poesía, inédito, abril-agosto de 1996; Jacques
Alain MILLER, Un esfuerzo de poesía, Buenos Aires, Paidós, 2016. (Jacques-Alain MILLER, Orientação
Lacaniana III, 5 Cursos 2002-2003: Um esforço de poesia, inédito em francês).
4 Essa história remonta a 1975, quando Lacan, após seu seminário Encore, começou a introduzir a topologia
dos nós e ao mesmo tempo fez com que o discurso poético correspondesse às intervenções do psicanalista.
Lacan morreu seis anos depois, deixando sem resposta a pergunta: a topologia levanta o matema?

5
"Deve-se notar também que na contemporaneidade a pesquisa do discurso também pode ser artística
(além disso, é Picasso quem cita Lacan, não um cientista), dimensão que o último Lacan reintroduz, em
particular ao aproximar a psicanálise da poesia », François BALMÈS, « Que pesquisa para uma prática de
tagarelice? em Jean François BALMÈS, Psicanálise: procurando, inventando, reinventando, Toulouse, Érès,
2004.

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submeter os pontos subversivos desta abordagem matemática e poética a

psicanálise. De fato, acreditamos que há mais de uma alternativa.

De fato, é surpreendente que Lacan tenha mergulhado alternadamente em

como uma espécie de ziguezague, entre matemática e poesia para construir

sua teoria. Também é surpreendente ver que cada vez que Lacan introduz um

elemento poético, acrescenta simultaneamente conceitos matemáticos

(topologia, lógica, álgebra, teoria dos jogos, etc.). Às vezes ele faz

ao contrário, como se suspeitasse que cada um é o antídoto para o outro ou como

se esta oposição abrisse de forma produtiva um caminho régio para a

psicanálise: a menção da topologia do toro em "Função e campo de

discurso", o tratamento matemático de "A carta roubada", a álgebra de

metáfora do poema "Booz adormecida", o matema como ideal de

psicanálise justamente quando introduz lalíngua e o uso de nós

Borromeus para abordar a literatura joyciana – via ressonância do poeta

François Ponge – são apenas alguns exemplos. Encontramos, portanto, uma

Lacan que ligou dois polos (opostos?) para desdobrar sua teoria

psicanalítico.

Assim, assumimos que em Lacan há uma forte tensão entre

a escrita matemática minimalista e a riqueza do discurso equívoco de

Poema, como se essa tensão, tomada numa abordagem maniqueísta, constituísse um

dicotomia clara e estabeleceu um par de oposição irredutível. Apesar de

temas do matema e do Poema já foram tratados várias vezes por diferentes

autores, sua articulação permanece enigmática. Na verdade, existem vários

autores e psicanalistas que abordam o Poema e o Matema. No entanto,

não há tratado sistemático e quase não há referências

fragmentário sobre a relação entre Matema e Poema (em letra cursiva e com

maiúscula para designar doravante o conjunto ou a constelação dos diferentes

usos da matemática e recursos poéticos). Voltaremos a isso. De

em outros lugares, Matema e Poema não são termos nem conceitos unívocos

fácil de dominar. Como resultado, corremos o risco de sermos confrontados com uma dupla

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testa. Por um lado, uma primeira frente seria ceder a uma inércia geral do

concepção comumente reconhecida do Matema ou do Poema ; do outro lado,

a segunda frente seria colocar mal a questão: ou em termos de substituição

(por exemplo, o matema por topologia), ou em termos de uma relação

exclusivo (por exemplo, a alternativa ou a univocidade do Mathème ou a equivocidade do

Poema). Pior ainda, uma terceira frente poderia ser acrescentada, a de ignorar

a existência de vínculos entre princípios matemáticos e poéticos.

Por todas essas razões, nossa tarefa é tripla: a) para começar,

detalhe as funções que podem ser agrupadas sob os nomes " Matheme "

e “ Poema ” e os usos que Lacan fez dele; b) vamos tentar encontrar o


diferentes maneiras pelas quais Lacan articula esses elementos de acordo com as circunstâncias

(contexto e datas); c) por fim, tentaremos extrair as consequências

aspectos teóricos, práticos e clínicos desta abordagem, agrupando e


articulação.

Para ilustrar nossa maneira de proceder, apresentaremos algumas

formulações. Por exemplo, é preciso distinguir os usos que Lacan tem

fatos do matema (transmitir conhecimento, localizar impasses), objetos e

temas matemáticos (desafiando o senso comum, dando rigor, esvaziando significados

hermenêutica), diagramas (articular tempo e espaço, fazer uma

apresentação simultânea de elementos temporais) ou formalização

(simbolizando o imaginário, seguindo o caminho estruturalista). Também é adequado para

diferenciar a função poética (a mensagem pela mensagem

comunicar), do termo grego “ poéin ” (a palavra produz efeitos e

realidades), da noção germano-heideggeriana de “ dichtung ” (a palavra que identifica

o inominável) e o neologismo lalíngua (equivocações homofônicas, predominância

da musicalidade sobre o sentido). Ao final, no capítulo 3,

optamos por dividir o Poema e agrupá-lo em quatro partes: literatura,

arte, estética e criação. Elementos do conjunto Mathème

(matemática, matema, formalização) têm propriedades comuns. Isto

é o mesmo para os elementos do conjunto Poème (literatura, arte, estética

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e criação). A nossa questão é, portanto, a seguinte: existe uma

interseção geral ou particular desses dois conjuntos? O que há nele?


comum entre Matema e Poema ?

Agrupar os elementos em conjuntos nos mostraria, talvez, uma

interesse geral de Lacan (pensar a psicanálise e localizar seu espaço

próprio), embora seja útil separar esses elementos para detalhar os usos

singular em certos momentos da obra de Lacan. É certo que as especificidades destes

elementos geralmente pertencem à interseção de conjuntos

Matema e Poema. Mas, mais particularmente, a interseção entre eles

corresponde a um problema que Lacan se coloca em cada época ou momento. este

cruzamento entre Mathème e Poème está em um contexto mais preciso. Seria

construções pontuais para resolver um problema específico ou

formular um ponto psicanalítico preciso. Esquecer esta observação tem como

risco de tirar conclusões errôneas ou imprecisas6. Em suma, nós

estará errado se tentarmos encontrar apenas as estratégias gerais ou


os enunciados universais da relação entre Matema e Poema.

Três exemplos servem para ilustrar este ponto. Em Função e campo da

fala e linguagem, Lacan luta contra uma leitura biologizante7 – mesmo

ontolgisante no sentido heideggeriano do termo – da psicanálise. Ele leva um

caminho "poético" através de uma abordagem linguística8 enquanto o matema,

desta vez, vem na forma da topologia do toro. O toro é invocado

6 É o caso daqueles que afirmam que Lacan, ao final de seu ensino, se livrou do Matema
em favor do Poema (Juan RITVO, Tiempo lógico y aserto de certidumbre antecipada, Buenos
Aires, Letra Viva, 1983. ) ou que Lacan reconheceu o empreendimento topológico como um
grande fracasso em permanecer no horizonte das fórmulas de sexuação (Slavoj ŽIZEK,
Less than Nothing, London/New York, Verso, 2012).
7 A epígrafe que abre este escrito é instrutiva: a “neurbiologia humana” é o único
horizonte da psicanálise na opinião de Nacha Sachs, citação que foi destacada pelo
Instituto de Psicanálise por ele fundado.
8 Essas referências, como “fala vazia e fala cheia”, “no que chamaremos de poética da obra
freudiana” ou “função poética da linguagem” são apenas alguns exemplos. Jacques
LACAN, “Função e campo da fala e da linguagem na psicanálise” em Escritos, Seuil, Paris,
1966, p. 247, 317 e 322.

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pensar uma relação topológica – não esférica – entre vida e morte9


(pulsão de morte, simbolização como morte da coisa), portanto contestar a
biologização do "instinto" de morte. Na mesma direção, a linguística
é para Lacan a alternativa para abordar os fenômenos inconscientes que
Freud os abordou sem biologizá-los – um caminho que Heidegger havia aberto em
seu artigo Logos traduzido por Lacan em 195010. Matemática e poesia
convergem aqui para neutralizar a ontologização da psicanálise
leituras biologizantes e psicologizantes dela.
O segundo exemplo é retirado de seu seminário chamado Encore , onde Lacan
coloca o matema como o ideal de transmissão psicanalítica; o matema
é apresentado ali na forma de “letras minúsculas ”11 (colocadas em relações literais), e
pode ser transmitido sem usar a linguagem. Para reformulá-lo, o matema
inequívoco (que sinaliza um impasse, um vazio, um buraco) não precisa do Poema
equívoco a ser transmitido. Mas, ao mesmo tempo, Lacan introduz a
neologismo lalíngua (em uma única palavra) que remete, ao longo da história, a
o acúmulo de ambiguidades em uma língua. O matema é necessário para
o ensino da psicanálise enquanto lalíngua, o elemento poético
esta ocasião é convocada como recurso durante a intervenção clínica.
Os dois elementos Mathème e Poème articulam teoria e prática clínica.
A oposição Matema-Poema constitui o espaço da práxis psicanalítica,
entendendo-se que a práxis é a junção entre teoria e prática. Nesse caso,
podemos expressar essa articulação na seguinte formulação: o
psicanalista pensa (o caso) como um matemático, mas se comporta
como um poeta em sua prática. Esta é uma expressão para a qual
Voltará.

9 Ibid., pág. 320.


10 Martin HEIDEGGER, “ Logos ” na revista La psychanalyse, 1956 n° 1, p. 59-79 Tradução de Lacan. 11

Jacques LACAN, The Seminar, Book XX: Again [1972-1973], Paris, Seuil, 1975, p. 43.

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Finalmente, no escrito intitulado "L'étourdit " 12 Lacan define lalíngua

em termos matemáticos: "Uma linguagem entre outras nada mais é do que

todas as ambiguidades que sua história deixou para persistir”. Então mesmo se

esta escrita é a síntese do seminário Encore (exemplo anterior), a articulação

entre Mathema e Poema é bem diferente. No Encore, a relação é

tensão, enquanto em "L'étourdit" a montagem é bastante paradoxal: o

lalíngua poética é a integral dos equívocos! Este termo matemático,

integral, sinaliza um limite, sendo sua função calcular a área de um espaço

limitada assintoticamente. Assim, a matemática possibilita conceber um pensamento

poético. É possível opor-se a esta leitura pela sua

aparência metafórica demais. Nesta pesquisa, não é incorreto

postular a hipótese de um matema que toma a forma de lalíngua, isto é,

do une-bévue lacaniano (Cf. a parte sobre matemas no capítulo 2). Dentro

Nesse sentido, o inconsciente estruturado como lalíngua14 é o acúmulo de um

erros que são transmitidos.

Depois de ter examinado o interesse e os usos que Lacan fez do Mathème e do

Poema, nosso método nesta pesquisa para explorar a relação entre eles

será a apresentação de três casos específicos de articulação entre matemática

e poesia. Esses três casos não são os três exemplos desenvolvidos neste

introdução. Os três casos que analisaremos no capítulo 4

12 Jacques LACAN, "L'étourdit" em Outros escritos, Paris, Seuil, 2001, p. 490.

13 Mesmo Lacan hesitou sobre a função metafórica ou não da topologia. Vejo


"Diagramas e aparelhos de escrita: do modelo à topologia", em particular a seção 2.1.2 do capítulo
2 dedicada ao Mathème. Esse ponto é muito sensível à prática psicanalítica, como vemos ao final
do ensino de Lacan. Por exemplo, quando a noção topológica de “equívoco” por homotopia é
articulada com equívoco linguístico. Cf. Michel BOUSSEYROUX, “Como leite no fogo: mudanças
no estado da fala (Topologia da poesia)” e “Os sintomas inventados e reinventados: de Marx a
Joyce” em Lacan, o Borromeu.
Cavando o nó, Toulouse, Érès, 2014; Marc DARMON, “O nó que desata” em http://freud lacan.com/
freud/Champs_specialises/Theorie_psychanalytic/Le_noeud_qui_denoue consultado em 20 de
agosto de 2017; Anônimo, “O nó borromeano generalizado” http://gaogoa.free.fr/HTML/ dentro

Noeudrondlogie/Topologie/Noeuds/Borromeen/Bog.htm consultado em 20 de agosto de 2017;


Jean-Michel VAPPEREAU, “Sa slap” em revista Essaim, no. 21, 2008.
14 Ibid.

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correspondem a três momentos distintos no ensino de Lacan:

o imperialismo do significante (1951-1957), a aventura da topologia das superfícies

(1963-1967) e, por fim, a virada poética (1972-1981). Nós teríamos sido capazes de

alfinete de outros exemplos, mas estes parecem-nos os mais diversos e

paradigmas da obra lacaniana.

A ontologização do ser

Além de ocasionais cruzamentos entre matemática e poesia, é possível

encontrar em Lacan uma base geral que possibilite as articulações entre

Matema e Poema. Por exemplo, no início do ensino de Lacan -au

momento de Função e campo de fala – a relação entre matemática e

a poesia é convocada como uma neutralização da ontologização do


inconsciente, enquanto entre 1968 e 1977, o Matema e o Poema constituem

um esforço para pensar e empurrar os limites da linguagem – de boca em boca ou por

escrevendo. A segunda articulação não apaga o uso geral deontologizante

de primeira. Pode haver uma mudança de prioridades nesta aliança

entre matemática e poesia.

Nestes exemplos, acabamos de mencionar – sem realmente desenvolver este

ideia – que matemática e poesia estão envolvidas de maneiras distintas. Dentro

nesta pesquisa tentaremos, para resumir, por um lado, descrever a

movimento geral de travessia entre Matema e Poema ; por outro lado, nós

explorará mais detalhadamente os movimentos particulares dos elementos

matemática e poesia.

Além disso, é preciso notar que o modo como Lacan utiliza o Poème e

Matheme é fora do comum; essa distância dos usos tradicionais


constitui características específicas desses conjuntos.

Por exemplo, o Poema –o conjunto de recursos poéticos– não é

convocado como elemento decorativo, artifício retórico, expressão

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psicológico, literário ou para produzir efeitos para agradar, comover


ou inflamar. Para Lacan, o Poema não habita o campo da comunicação
e não tem função estética, referencial ou analógica. a
Poema é uma declaração impessoal que não é dirigida a ninguém em particular. este
que atrai a atenção de Lacan é a função de um dizer que está fora do sentido, um dizer
que esvazia o sentido ou que não tem sentido. O Poema produz efeitos
radicais: ressoar com o que é impossível dizer, forçar o
língua (neologismos, injunção de uma gramática estrangeira), para modificar
inconsciente através da fala, para induzir a fala interpretativa fora do significado,
produzir inexpressividade, fazer uma aposta para mudar o regime de
gozo, equívoco de um significante mestre para libertar as amarras dos outros
significantes ou provocar a irrupção de um dizer que toca o real. O Poema é
uma espécie de revelação imanente, uma posição de abertura ou ruptura, uma
disposição para dizer o que o real insiste em (não) dizer; é o reinado
equivocidade e o poder da mensagem para a mensagem15. O Poema não é
Pacífico. Há uma demanda virulenta em falar sob o risco do aberto, por
que ele diz o que é impossível de dizer e gera o mais verdadeiro. O psicanalista
O argentino Héctor López assim se expressa16 :

Assim, o verdadeiro poeta, nenhuma mensagem descafeinada que abuse da função emotiva do

linguagem, mas da fala que se limita com o absurdo, que é conseqüentemente

lacrimejamento, e até repulsa em certos momentos, e que chama antes a

ansiedade do que à identificação.

Também os usos do Mathème estão longe de ser comuns. Primeiro, o


formalização matemática não tem uma função referencial porque
não é um mapeamento ou modelagem da realidade. Em segundo lugar, o
matemática não é um cálculo, uma disciplina de perfeição, um discurso

15 Parafraseando a expressão que Barbara Cassin toma emprestado da acusação de Aristóteles contra os
sofistas. Cf. Barbara CASSIN (Ed.), O prazer de falar. Studies in Comparative Sophistry, Paris, Les Editions
de Minuit, 1986.
16 Héctor LÓPEZ, Lo fundamental de Heidegger em Lacan, Buenos Aires, Letra viva, 2011, p. 66. A tradução
é do autor.

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totalidade, harmonia ou homogeneidade. Finalmente, o matema não é

não uma fórmula matemática, algébrica ou algorítmica, que inclui o

mesmas leis da construção matemática.

A matemática em Lacan é bastante fragmentária e seus usos têm um

finalidade bastante diferente, que incluem: a) a transmissão do conhecimento

psicanalítica fora do discurso e do significado; b) a localização de becos sem saída em

um discurso ou em uma formalização; c) a orientação da clínica

a psicanálise formalizando um caso ou a teoria; d) despsicologização

a psicanálise pela escrita sem o eu ou pela diminuição da dimensão imaginária; e) o rigor

de pensar a psicanálise com a ajuda de uma

racionalidade literal; f) a aproximação do real sem ontologizá-lo escrevendo este

o que é impossível dizer; g) fixação e ficcionalização com as letras.

Assim, fica claro que os usos do Poema e do Maheme em Lacan são

disruptivo, subversivo e inventivo ao invés de tranquilizante, harmônico ou

repositórios. Em suma, em Lacan há um uso radical e novo da poesia e

matemática que, quando combinadas, abrem um espaço específico para a psicanálise:

esta é a nossa primeira hipótese.

O espaço próprio da psicanálise, seu campo, é o sujeito barrado, o objeto

e gozo, os três são expressões do real lacaniano. Assim, João

Pierre Cléro formula assim a importância da matemática para o acesso à


real17 :

Ao primado da escrita e sua particular dignidade em contar o real (...) a afirmação


da superioridade da matemática sobre qualquer outro modo de expressão literária
ou dialética (...) A matemática torna-se o modo de expressão
privilegiado no que tem que fazer em psicanálise; e, mais ainda, são os
a própria matriz do real psíquico.

É discutível se o Matema tem acesso privilegiado ao real ou não, mas

podemos defender que o Matema como o Poema constituem dois caminhos (não

17 Jean-Pierre CLÉRO, "Matemática é realidade", Essaim 1/2012 (n° 28), p. 18.

30
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exclusivo) para se aproximar da realidade. Vemos a singularidade lacaniana por


relação com a filosofia de Heidegger: o Poema não é o único recurso para
expressar o indizível, o inefável, o indizível, o incomunicável; nós temos uma
outra forma: o Matema.

Heidegger confiou nos poderes do Poema para invocar


ser sem ontologizá-lo, sem reificá-lo, sem transformá-lo em ser, isto é,
diga uma coisa. Por outro lado, Lacan discerne que a matemática implica
mesma faculdade de falar, de processar, de escrever ou de invocar, não sendo, mas
o inconsciente e o real. Para entender este ponto, é necessário
ver Função e campo da fala e da linguagem na psicanálise18. Lacan,
dois anos após a tradução do Logos de Heidegger19 , concebe uma abordagem
psicanálise do inconsciente em termos de linguagem e fala (Poema) enquanto
articulando a topologia (Matheme).
Podemos suspeitar que Lacan estava bem ciente do papel da
poema heideggeriano para evocar o ser e que ele tentou duplamente pelo
Mathema e o Poema para abordar o inconsciente. Heidegger diagnosticou isso
que ele chama de “a ontologização do ser ”20, depois da história da filosofia, da
Sócrates a Nietzsche. Lacan tinha um problema idêntico no campo da
psicanálise; ele compartilha o diagnóstico de Heidegger: o inconsciente, além de ser,
podem tornar-se reificados: entidades ontológicas (seres biológicos,
psicológico, neural, cognitivo, etc.). Por outro lado, não partilha da ideia
os chamados "pós-freudianos" que pensam que o inconsciente é uma entidade
mental ou residente no cérebro; para Lacan, "o esquecimento da questão
ser ”21 está do lado daqueles que afirmam ter superado Freud.

18 Jacques LACAN, “Função e campo…”.


19 Este artigo escrito por Heidegger mostra essa tese central da convocação do ser sem transformá-lo em ser comentando uma passagem
de Heráclito.
20 Ver Martin HEIDEGGER, Ser e Tempo, Paris, Gallimard, 1986.
21 "A questão do ser hoje caiu no esquecimento", Martin HEIDEGGER, Ser e Tempo, p. 25; “A
primazia do real trabalha para esquecer o ser. Por esta primazia é enterrada a relação específica
com o ser, que deve ser buscada no pensamento precisamente concebido”, Martin HEIDEGGER,
Nietzsche II, Paris, Gallimard, 1976, p. 396; “a superação da metafísica não

31
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Após o diagnóstico, Lacan e Heidegger deram uma receita: para


o filósofo é o Poema, para o psicanalista é o Poema e o Matema.
Por isso, Lacan, ao contrário de Heidegger, propõe uma dupla
tentativa, dois caminhos, de abordar a realidade. Acontece que a questão
matemática e poética em Lacan reside exatamente aí: riscar o real, fazer
ressoar com o real, evocar o real, atingir as bordas do real, mover o litoral do
o mar da realidade. Pela encruzilhada de uma estranha poesia e uma matemática
pensador22, Lacan encontra o eixo de uma fenda por onde corre o rio do real em
transbordando a areia metafísica. Este ponto de partida é uma das duas bases
desta pesquisa. A outra base é a apropriação lacaniana da epistemologia
Francês.

Abrindo um espaço para a psicanálise: a alternativa da epistemologia


Francês e a repatriação de poetas

Acabamos de tratar da questão do Matema e do Poema como recursos


para acessar a realidade. Dissemos que, em Lacan, há uma estratégia de
travessia entre Poème e Mathème para abrir o novo espaço do
psicanálise, pensar/tratar o próprio campo (o inconsciente, o objeto a, o
sujeito dividido, gozo). Então, afirmamos que essa estratégia geral tem
suas nuances; as interseções específicas entre os elementos dos conjuntos
“ Matheme ” e “ Poème ” dependem do contexto e das circunstâncias. Nós
continuou indicando a partição dentro de cada conjunto
elementos e características positivas (métodos, traços, táticas, trabalhos) e
negativo (usos comuns que rejeitam). Por fim, sugerimos que
Lacan escolheu o caminho "poético", inspirando-se em Heidegger e também que ele

merece ser pensada apenas quando se pensa na apropriação-que-supera o esquecimento do ser”, Martin
HEIDEGGER, Ensaios e Conferências, Paris, Gallimard, 1958, p. 90.
22 Ao longo desta pesquisa, insistiremos nessa diferença entre Heidegger (“A ciência não
pensa”) e Lacan, lida por Badiou (“matemática é um pensamento”). Isso significa que a
matemática está no coração da ciência e que a ciência não é um simples cálculo ou uma
técnica, mas uma invenção que se baseia na matemática mais radical.
Cf. Alain BADIOU, Breve tratado sobre ontologia transicional, Paris, Seuil, 1998.

32
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inventou um novo caminho: o do Matema. Esses dois caminhos são

alternativas não exclusivas –ou uma ou outra– para abordar as questões

exclusivamente psicanalíticos, a maioria dos quais pertence ao registro do real: o

sujeito dividido, gozo, objeto a e inconsciente.

Para encontrar as chaves dessa leitura heideggeriana (a alternativa

matemática abster-se de ontologizar o ser do inconsciente), é

necessário procurar duas fontes que produzirão duas subversões. O

primeira fonte é a epistemologia francesa e a segunda encontra-se na

linguística de Jakobson, que contribuirá para o que chamamos de "a

repatriação de poetas”. A primeira subversão consiste em encontrar um

alternativa ao Poema Heideggeriano e o segundo, é uma torção linguística para

Platão: reintroduzindo a poesia no pensamento.

A epistemologia francesa é essencial para o caminho matemático

Resta saber por que Heidegger não escolheu a alternativa Mathema para

A filosofia. É sabido que ele desconfiava da matemática e que desenhava

sua causa em sua concepção de ciência. De fato, a máxima heideggeriana que

diz que "a ciência não pensa23 " é bem conhecido. Para Heidegger, a ciência

não é um pensamento porque é simplesmente um cálculo. a ciência é

capturado pelo campo da representação, mas também por um movimento

pior ainda para o filósofo alemão: a provisão de objetos

"na frente da mão". Com o advento da modernidade, a relação humana é

chateado, nosso relacionamento com o mundo e com os outros é para fins utilitários;

ciência moderna que usou os meios mais sofisticados é, em essência,

técnico ; desenvolve um “projeto matemático” que domina a natureza

as bases de Kepler e Galileu. Assim, através da matemática, eles

assegurar uma determinação para antecipar quais as qualidades devem ser

23 Martin HEIDEGGER, O que chamamos de pensar ?, Paris, PUF, 2014, p. 26.

33
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real. Então vemos a equação que opera dentro da filosofia

Heideggeriano: matemática = ciência = técnica.

Deve-se acrescentar que para a técnica de Heidegger, portanto, ciência e

matemática, é a forma mais refinada de metafísica (outra forma de

nomeando a coisificação do ser)24. Vendo este problema, como

é possível que Lacan tenha optado pelo caminho matemático exatamente como

um remédio para a metafísica denunciada por Heidegger? É claro que Lacan segue

Heidegger no diagnóstico: a ciência é uma forma sutil de

metafísico. Mas, na prescrição, os caminhos divergem porque em Lacan não há

equivalência entre técnica e ciência. Ao contrário, para ele

a ciência pensa; não é simplesmente um cálculo ou uma forma de reificação.

Se Lacan escolheu uma alternativa matemática, é porque ele não adere à

filósofo sobre a estigmatização da ciência como a essência da

técnico. Daí a divergência entre eles, entre problema e solução, entre

diagnóstico e prescrição.

Estamos no campo da psicanálise e do questionamento

A filosofia heideggeriana, em torno da ontologização do ser. Ela é

relevante na medida em que explica por que Lacan depositou sua confiança
no Poema e no Matema. Lacan criou uma solução alternativa não

Heideggeriana para uma problemática heideggeriana.

É possível ir um passo além. Se Lacan confia na

matemática é porque ele foi influenciado pelos fundadores da epistemologia: Émile

Meyerson, Léon Brunschvicg, Alexandre Koyré, Gaston

Bachelard. A formação epistemológica de Lacan é um elemento chave para

responder por que ele inventou uma alternativa antagônica a Heidegger. A esse respeito,

não surpreende que Lacan tenha convocado o mesmo

24 Martin HEIDEGGER, “Projetos para a história do ser como metafísica” em Nietzsche,


volume 2, Paris, Gallimard, 2006, p. 367-387.
25 O sintagma “história da ciência”, equivalente à epistemologia na época de Meyerson,
aparece nos Escritos seis vezes nas páginas 284, 361, 462, 711, 797 e 798. As ocorrências
do termo epistemologia estão entre sete: páginas 86, 153, 794, 795, 855, 863 e 868. Koyré é

34
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precursores (Galileu e Kepler) da ciência moderna do que o filósofo

alemão, mas para argumentar na direção oposta ; ele levou a sério o

influências de seus mestres epistemólogos.

Fornecemos alguns exemplos. Léon Brunschvicg, filósofo e professor da Sorbonne

e da École Normale Supérieure, afirmou que

ciência e filosofia formam um casal. Para ele, a elaboração da mente é

o progresso do conhecimento na forma das ciências: ele construiu uma epistemologia

mantendo conjuntamente a mente e as ciências (em particular matemática,

física, biologia)26.

Émile Meyerson, um conhecedor da ciência clássica e

termodinâmica, discípulo de Brunschvicg, se opôs à tradição positivista

Ciência ; apropriou-se do termo " epistemologia " em 1908: "um termo

apropriado o suficiente e que gradualmente se tornou mais comum .

Alexandre Koyré, filósofo francês de origem russa e historiador da

ciência, foi o elo chave dessa filiação epistemológica. É ele quem

indica que as grandes revoluções científicas não são produto de

novos dados empíricos, mas postulados fictícios que permitem

questionar, compreender e explicar a natureza28. Em sua versão de

história da ciência, postulados ficcionais facilitam uma nova linguagem que

organiza a realidade de uma maneira diferente. É, afirma Koryé, um

geometrização do cosmos; essa matematização foi veiculada pelo

fundadores da ciência moderna, Galileu e Kepler, graças ao uso de

geometria analítica, nova em seu tempo. É por isso que, ao contrário

Heidegger, Lacan confia nos dois fundadores da ciência moderna.

mencionado quatro vezes (p. 287, 313, 712 e 856), enquanto Meyerson é mencionado apenas uma vez:
página 86.
26 René BOIREL, Brunschvicg. Sua vida, sua obra com exposição de sua filosofia, Paris, PUF, 1964. 27
Émile MEYERSON, Identity and Reality, London, Routledge, 2002, p. 5. A tradução é do autor.

28 Alexandre KORYÉ, Do mundo fechado ao universo infinito, Paris, PUF, 1962.


29 Alexandre KOYRÉ, Estudos em História do Pensamento Científico, Paris, Gallimard, 1973.

35
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Korye foi discípulo de Meyerson que, por sua vez, foi discípulo de

Brunschvicg. Nesta genealogia que gerou toda uma jovem geração de

grandes pensadores (Bachelard, Georges Canguilhem, Jean Cavaillès, Jean Hyppolite

e Lacan entre outros) havia um traço matematizante. Eles inventaram um

maneira muito francesa de pensar a filosofia da ciência. que

A epistemologia francesa preferia uma abordagem essencialmente histórica da

ciência contrária ao positivismo lógico, em plena decolagem nos países

Falantes de inglês e alemão na época; o jeito francês não era

redutível a uma análise formal, seja ao nível do método ou do


conteúdo.

Essa herança permite: a) Bachelard propor uma epistemologia da

poesia (a poesia pode produzir conhecimento, tem rigor epistemológico);

b) a Jean Cavaillès para pensar a filosofia da matemática; c) em Canguilhem

estudar "ideologias científicas" nas ciências da vida, biologia e

Medicina ; d) a Jean Hyppolite para buscar a diferença entre a verdade

científica e filosófica; e) a Lacan confiar no surrealismo para

articular um projeto psiquiátrico30. Para continuar nossa argumentação,

podemos suspeitar que tal background o ajudou a entender que no

poesia é possível afastar-se do discurso metafísico, como

diagnosticou Heidegger, mas também para quebrar a equação ciência = tecnologia.

Ao contrário de Heidegger, Lacan considera que a ciência pensa, porque

não é cálculo ou representação, mas criação inovadora que transmite uma

pensamento novo; para colocar de outra forma, havia coisas que eram impensáveis antes

a invenção dos transfinitos, o número imaginário ou o cálculo infinitesimal. Aqueles

pensamentos são invenções que resultam de um impasse encontrado no

matemático. Estes últimos são uma escrita e não uma maneira de pensar

cognitivo fora da mente; esta última frase pode indicar a orientação que o

30 Jacques-Alain MILLER, “Uma introdução aos seminários I e II: a orientação de Lacan antes de
1953” em Richard FELSTEIN, Bruce FINK e Mairie JAANUS (eds.), Reading Seminars I e II: Lacan's
Return to Freud, NYU Press, 1996 , pág. 3-37.

36
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carta tem, segundo Lacan, isto é, uma espécie de “razão desde Freud ”31.

Voltaremos a este ponto durante o desenvolvimento do Matema.

No entanto, uma citação de Lacan pode esclarecer esse ponto de imediato32 :


Ao longo dos tempos, ao longo da história humana, estamos testemunhando o progresso

qual seria muito errado acreditar que estes são o progresso das circunvoluções. este

são o progresso da ordem simbólica. Acompanhe a história de uma ciência como a

matemática. Estagnamos durante séculos em torno de problemas que são

agora claro para crianças de dez anos. E ainda assim eles eram espíritos

pessoas poderosas que estavam se mobilizando. Paramos antes da resolução de

equação quadrática por dez séculos a mais. Os gregos poderiam ter

encontrar, já que encontraram coisas mais encravadas nos problemas de

máximo e mínimo. O progresso matemático não é um progresso de

poder do pensamento humano. É o dia em que um cavalheiro pensa em inventar

um sinal assim ÿ, ou assim, ÿ, que existe o bem. O

matemática, é isso.

Não seria justo tomar esses símbolos (“ÿ”, “ÿ”) como

representações de uma realidade. Seria errado imaginar que a raiz quadrada ou o

cálculo infinitesimal é apenas uma técnica para dominar o mundo.

Estaríamos errados em pensar que o desenvolvimento da cultura é apenas o

resultado da evolução do cérebro. “O progresso das circunvoluções”, segundo

Lacan é uma forma de ontologização por meio da biologização. No entanto, esses

símbolos matemáticos ("ÿ", "ÿ"), essas letras, esses gráficos que fazem o

fronteira entre o real e o simbólico são para Lacan a causa do progresso

humano. Após a invenção desses gráficos ou dispositivos de pensamento (o termo

é nosso), é possível simbolizar e realizar coisas que foram

31 Jacques LACAN, "A instância da letra no inconsciente ou razão desde Freud" em Escritos,
Limiar, Paris, 1966, p. 493-529.
32 Jacques LACAN, O Seminário, Livro I: Os Escritos Técnicos de Freud [1953-1954], Paris,

Seuil, 1975, p. 303.

37
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impossível antes de sua criação. Em outras palavras, a matemática pensa porque

que resolve problemas não em termos utilitários ou técnicos, mas em


termos de nova invenção.

Além disso, a matemática é uma forma privilegiada de evitar uma

uma recaída na metafísica, isto é, uma ontologização do ser. Dentro

outras palavras, Lacan encontrou na matemática um (verdadeiro) pensamento

teorizar a psicanálise sem refinar ou dar substância a certas

conceitos, por exemplo, o inconsciente, o real, o sujeito, o gozo. O

matemática nos permite atravessar a metafísica. Por exemplo :

a) a metafísica do Uno através da fundação da teoria dos conjuntos

por vácuo.

b) a metafísica do sentido através da topologia que é uma escrita

semântico.

c) a metafísica da universalidade através das não-todas as fórmulas de


sexualidade.

d) a metafísica da presença pelo número imaginário como

significante fálico

e) ou a metafísica da esfera porque existe tipologicamente em


o toro um interior "externo", portanto "extimo" em termos
lacanianos.

Dizemos “cruz”, porque cruzamento e ultrapassagem não são termos

equivalentes. Cruzamentos e ultrapassagens têm diferentes estruturas topológicas. Ele

devemos lembrar que a topologia é um ponto importante, pois segundo Lacan, ela

33Quando Alain Badiou faz a equivalência entre ontologia e matemática, ele não faz nada
além de confiar neste ponto em Lacan e seus mestres epistemólogos. Para ele foi preciso
esperar 23 séculos para chegar a uma teoria consistente da inconsistência ( o forçamento
de Paul Cohen ) ou para distinguir diferentes tipos de infinitos (os transfinitos de Georg
Cantor). Antes dessas invenções era impossível vislumbrar uma ontologia dos múltiplos
(vazios) ou a secularização do infinito. Cf. Alain BADIOU, Ser e Acontecimento, Paris,
Seuil, 1988 e Alain BADIOU, Breve tratado de ontologia transitória, em particular o capítulo
intitulado “A matemática é um pensamento”, p. 39-53.

38
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torna possível postular uma nova metafísica não ontologizante. Nós somos

voltará nos próximos capítulos.

A matemática, como letras, pode escrever o que é

impossível dizer sem apelar para recursos ontologizantes. Para todos esses

razões, o Mathème é uma alternativa aos poderes poéticos que Heidegger

relatou, mas não explorou, por suspeita da ciência.

Em conclusão, se Lacan percebeu as capacidades do Mathème para

neutralizar o diagnóstico heideggeriano é porque ele confiou na

ciência e matemática; tal resultado é possível, pois foi inscrito

na genealogia dos grandes epistemólogos franceses, em particular porque ele

subscreve a releitura da ciência moderna concebida por Koyré. Nós somos

igualmente convencido de que o interesse de Lacan pela filosofia de Heidegger, sua

alternativa poética incluída, é uma consequência de sua abordagem

epistemológico. É também nestas duas direções que a pesquisa de

Marie-Andrée Charbonneau, Tom Eyers, Tzuchien Tho e Guiseppe Bianco35.

34
“[O que] procuro fazer com meu nó bo é nada menos que a primeira filosofia que me
parece ser sustentada”, Jacques LACAN, Le Séminaire, livre XXIII: Le sinthoma [1975-1976],
Seuil, Paris, 2005 , pág. 145.
35 O ponto central de Tom Eyers em relação à matemática e à epistemologia francesa é
que para Cavaillès, Bachelard ou Canguilhem a formalização lógica é mais importante que
a especulação ontológica e que seu método incluía uma forma criativa de apropriação da
ciência, da lógica e da matemática. Sinaliza a importância de Heidegger em certas
questões epistemológicas. Além disso, que a impureza da formalização, a dinamização
da estrutura ou a introdução do assunto foram temas centrais para esses epistemólogos.
Veja Tom EYERS, Post-Rationalism. Psicanálise, epistemologia e marxismo na França do
pós-guerra, Londres/Nova York, Bloombury, 2013, p. 14, 51, 58, 136, 192 e 202. Quanto a
Marie-Andrée Charbonneau, sua tese central é que Meyerson, o primeiro a usar o termo
"epistemologia" na história, influenciou decisivamente o pensamento de Lacan. ,
particularmente sobre a questão de identificação e o papel do outro no pensamento paranóico.
Ver Marie-Andrée CHARBONNEAU, Ciência e metáfora. Investigação filosófica sobre o
pensamento do primeiro Lacan (1926-1953), Quebec, Les Presses de l'Université de Naval,
1997, p. 68, 82, 274 e 276. O caso de Tzuchien Tho e Guiseppe Bianco é mais interessante
porque mostra a preocupação de epistemólogos franceses como Hyppolite e Canguilhem
com as questões poéticas, ou seja, com a poesia como algo pensável. Veja Tzuechien
THO e Guiseppe BIANCO, Badiou and the Philosophers. Interrogando a filosofia francesa
dos anos 60, Londres/Nova York, Bloomsbury, 2013, p. 12 e 28. Além disso, o leitor pode
encontrar na internet as entrevistas que Badiou fez a Canguilhem e Hyppolite para ver o
interesse desses epistemólogos por questões de conhecimento e conhecimento mais
amplos que a ciência ou a filosofia, por exemplo, poesia e matemática. Veja https://
www.sam-network.org/video/philosophie-et-verite, acessado em 11 de abril de 2017.

39
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Mathème e Poème constituem, portanto, os dois focos da órbita da psicanálise.

o que demonstra o edifício da metafísica denunciado por Heidegger.

Propor o Matema e o Poema para a psicanálise é possível graças a

a herança de seus mestres: Brunschvicg, Meyerson e Koyré.

A função poética em Jakobson e a repatriação dos poetas por Lacan

Lacan é, por um lado, um retificador da operação "Heidegger" sobre

a ontologização do ser por meio do Mathème. Por outro lado, Lacan corrige

a operação “Platão”, que consiste em expulsar os poetas de La République.

Tomamos aqui emprestada a leitura de Dardo Scavino sobre a expulsão dos poetas por

Platão, e a permissão do mito por razões pedagógicas. Para ele,

Platão distingue entre filosofia, conhecimento relacionado ao conhecimento de

essências e poesias que tratam de questões relacionadas a formas e aparências.

O problema, para Platão, continua nosso autor, reside no controle da

efeitos da poesia para impedir a disseminação da polis sob

encantamento estético. Se o mito é permitido na República é graças

às suas características pedagógicas para civilizar a pólis. A expulsão dos poetas

da polis não é apenas um ideal do passado grego, mas uma decisão

estrutural, isto é, uma opção pela filosofia e pelas ciências humanas.

Segundo Scavino, todos os filósofos, e mesmo as ciências sociais, tiveram que

atravessar esse dilema entre a chamada racionalidade e os poderes estéticos da

poesia. É quase uma questão estrutural na história do

filosofia e ciências sociais. O enfrentamento de tal encruzilhada

consequências políticas. Para a psicanálise, o que acabamos de dizer

implica uma suspeita das ciências humanas – psicanálise pós-freudiana

incluído – para a poesia. Neste ponto, iniciamos nossa própria leitura e

nossa apropriação do artigo de Scavino.

36 Dardo SCAVINO, “Platon, el mito y la hegemonía política” em revista La biblioteca, n. 12, 2012.

40
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Que a suspeita em relação à poesia seja uma questão política implica para
psicanálise do que a questão da linguagem –a versão moderna da poesia–
poderia ter uma posição diante das humanidades que normaliza e
patologiza o comportamento humano. Nesse sentido, Lacan optou por uma leitura
aspecto estético ou poético da psicanálise. Não só pela sua precoce
interesse pelo surrealismo37, mas também pela linguística moderna – desde
Ferdinand de Saussure para Hjelmslev via Pierce e Jakobson.
Mesmo para Lacan, a linguística é subvertida – o índice dessa subversão é o
nome do idioma . De fato, Lacan estava interessado no lado equívoco da
linguística e não no lado hermenêutico ou produtor de sentido. Em outros
termos, ele prefere a parte poética da linguagem e não a parte
comunicativo ou racional. Por isso, ele estuda a fundo o
"função poética" em Jakobson. Essa leitura poética ou estética, em
o significado que lhe dá Scavino, terá efeitos na prática, teoria e
clínica psicanalítica. Também terá efeitos na construção de
mathèmes – a equivocidade ou a pluralidade das leituras de suas “cartinhas” é
uma característica central do estilo lacaniano. Para Lacan o jogo de palavras, o Witz (o gênio,

sagacidade, engenhosidade), ficções, mitos e todas as produções feitas por


poetas são de extrema importância para a psicanálise, questão
levar a sério. O gesto de levar a linguística ao seu lado
"trocadilhos", trapaças ou equívocos constituem, portanto, um gesto político contra o
normalização e patologização das ciências humanas em geral e para o
psicanálise (pós-freudiana) em particular. Não é por acaso que Roland
Barthes concebeu a linguagem como a "tirania do Logos " ou mesmo afirmou que

37 Exploramos a equivocidade da linguagem entre os surrealistas no capítulo 3 dedicado


à poesia na obra de Lacan.
38 Em entrevista na Bélgica, Lacan jogou com palavras por homofonia entre “justo”, “fórum” e “fé” sobre o
papel da crença na ciência e seus gadgets, que o entrevistador percebeu. Lacan responde: “É um jogo de
palavras, é verdade. Mas eu atribuo grande importância aos trocadilhos, você sabe. Esta me parece a chave
para a psicanálise. Jacques LACAN, “Governar, educar, analisar” em O triunfo da religião precedido pelo
Discurso aos católicos, Paris, Seuil, 2005, p. 96.

41
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“toda língua é fascista ”39. É a mesma ideia do papel da linguagem

como fascismo no romance 198440 de George Orwell ; "Novilíngua" em

o mundo distópico é uma linguagem excessivamente codificada e rígida, um dos órgãos

privilegiados de controle social – um “aparelho ideológico do Estado” para

usar a expressão de Althusser41.

Quando Lacan se interessa pela "função poética" de Jakobson42, essa

não é apenas encontrar a propriedade não comunicacional do

linguagem, mas também radicalizá-la e dar-lhe uma base "equívoca" para sua

projeto de linguagem. É, em última análise, a noção de uma linguagem não

como um órgão ou uma ferramenta (como em Aristóteles), mas como o próprio material de

psicanálise. Lacan convoca os poetas expulsos por Platão de La

República, para repatriá-los43 para a nação da psicanálise. Com efeito, Lacan

reintroduziu a poesia na psicanálise usando os nomes de Joyce, Dante,

Poe, Duras e Gide entre outros escritores e poetas. Esta operação de

repatriação não é romântica (exaltar sentimentos, expressar algo

39 Roland BARTHES, Lição. Aula inaugural da cátedra de semiologia literária do Collège


du France ministrada em 7 de janeiro de 1977, Paris, Ensaios, 2015. Jean-Claude Milner faz
uma observação semelhante sobre a linguagem: “Dito isso, a verdade não deixa de existir;
pelo que Lalíngua não cessa de se exercitar na linguagem e de desfazê-la inteira. A
linguística tendo como objeto um todo, submete-se à lei do todo: deve percorrê-lo como
tal, dedicado à exaustividade quanto à sua extensão e à consistência quanto à sua intenção.
Mas, ao mesmo tempo, deve conhecer pontos onde o não-todo imprime sua marca e
introduz sua inquietante estranheza nas cadeias da regularidade; como resultado, a
consistência é afetada, de modo que dois imperativos se contradizem; não pode haver
exaustividade sem inconsistência, nem consistência sem inexauribilidade”, Jean-Claude MILNER, L'amour de la
40 Devo esta importante observação, que revela o papel político da linguagem na poesia

em psicanálise, à senhora Laurie Laufer.


41 Louis ALTHUSER, “Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. (Notas para pesquisa)”
em Positions, Paris, Les Éditions sociales, 1976.
42 Assim, Jakobson faz uma taxonomia das funções da linguagem: a função expressiva (a
expressão do falante), a função conativa (a sanção da mensagem pelo receptor), a função
metalinguística (o código torna-se o próprio objeto da mensagem), a função fática (o
estabelecimento da comunicação), a função referencial (a mensagem em seu contexto) e,
por fim, a função poética (a forma da mensagem é a própria essência da mensagem) com
a qual Lacan não se importa sobre. usado para sua psicanálise. Ver Roman JAKOBSON,
“Linguistics and Poetics” in Essays in General Linguistics, Paris, Editions de Minuit, 1963.
43 A expressão é do autor. No entanto, esta expressão, o problema da expulsão dos poetas
da República e a possibilidade de repatriamento, foi concebida graças à entrevista que
fizemos em Scavino onde discutimos amplamente este ponto. Somos muito gratos por seu
tempo e seu convite a Bordeaux, para nos receber em sua casa.

42
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algo bonito ou encontrar uma verdade mais profunda) nem contra a ciência. Ela é
antes a tentativa de liberar o poder da linguagem para radicalizar o
psicanálise, mas nunca sem o lado rigoroso do Matema.
Subverter Jakobson contra Platão, subverter Koyré contra Heidegger
constituem os dois fundamentos e chaves de leitura desta pesquisa. O Matema
como alternativa à ontologização e o Poema como base científica da
a própria substância da psicanálise – a linguagem. Os dois elementos juntos
fornecem uma pista para outro aspecto importante desta pesquisa: a
O Matema e o Poema são para Lacan as duas extremidades da linguagem, as duas
operações que podem empurrar os limites da linguagem para criar
inovações44. O interesse dessa invenção da linguagem ao forçar seus limites não é
não teórico, mas prático e clínico.
Este último ponto nos traz de volta à anedota do encontro entre Lacan e
Chomsky que abre esta introdução, uma passagem cuja importância é
Nota :
Em uma conversa com Noam Chomsky no Massachusetts Institute of

Tecnologia, uma concepção altamente formalizada foi implantada, Lacan

a impressão de precisar de um antídoto para passar ao outro pólo. Lacan tem

diz Chomsky por que ele estava interessado em lalíngua, sua própria maneira de

para denotar uma linguagem com seus "equívocos" particulares, seu modelo especial

ressonâncias internas e seus múltiplos significados. Ele escreveu no quadro-negro no escritório

de Chomsky 45:
Deles

Dois

Estas são as palavras em francês que designam "dois" [dois] e "d'eux" [deles],

cuja pronúncia em francês é idêntica. Em um canto da pintura, Lacan

escreve outra palavra em francês, Deus, uma palavra que se pronuncia ligeiramente

diferente dos outros dois. Lacan fez a Chomsky a mesma pergunta que ele

44
Devo este esclarecimento ao professor Alain Badiou, com quem discutimos grande
parte da abordagem desta pesquisa. A responsabilidade pela apropriação desta ideia é
nossa. 45
Sherry TURKLE, Política psicanalítica, p. 244-245. A tradução é do autor.

43
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posou para Jakobson no dia anterior: são trocadilhos, cuja própria matéria
a interpretação psicanalítica é feita, é intrínseca à linguagem ou é
que são meras características acidentais da linguagem? Chomsky
respondeu-lhe da mesma forma que ele fez para hermenêutica uma semana
antes em Yale. Ele confrontou Lacan com uma concepção de ciência linguística
pelo mesmo caminho das equações newtonianas – as mesmas que Lacan
faz elogios–, uma concepção formalizada das leis da linguística que
seria universal em todas as línguas. Lacan perguntou-lhe se o
linguística poderia ajudar os analistas a contribuir com uma teoria da
trocadilhos e ambiguidades. Chomsky respondeu que seus aspectos não são
nem mesmo problemas para uma ciência da linguagem. Linguística
cientista deve estudar as semelhanças em uma linguagem, não as diferenças entre
elas. A função da língua, segundo Chomsky, "é como um órgão do corpo,
uma orelha, por exemplo”. Ao olhar atentamente para os ouvidos de diferentes
pessoas, vemos suas diferenças. Mas se focarmos nas diferenças,
seremos distraídos da verdadeira tarefa, a de compreender o que é
comuns, como eles funcionam. Lacan, visivelmente emocionado, retrucou
que dada a abordagem de Chomsky, "Eu sou um poeta".

Esta anedota é significativa na medida em que revela dois lados


abordar um problema. Para Chomsky a opção era renunciar ao aspecto poético
para reivindicar uma ciência como conhecimento isolado. Em contraste, Lacan
manteve o lado poético, sem renunciar à matemática, justamente porque
que a ciência envolve questões fundamentais como a subjetividade
moderno, a tecnologia, a natureza do tempo na psicanálise, a
reconceitualização do espaço na psicanálise, a criação de uma nova
metafísica para a psicanálise, o papel do capitalismo, a relação do ser
ser humano (ser falante) no mundo e todos os seus efeitos na prática, teoria e
clínica psicanalítica. The Witz, trocadilhos, piadas,
equívoco, finalmente, o poder de trocadilhos da linguagem tem sido um dos mais

44
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importante não só para a psicanálise, mas para a humanidade. este


diferença entre Chomsky e Lacan, traduzimos assim: o lado científico
é o “ Matheme ” e o lado poético é o “ Poema ”.

Síntese

Por todas as razões acima, podemos resumir nossos argumentos


assim: cinco hipóteses que orientam nossa pesquisa sobre a relação entre Poème
e Mathème em Lacan:

1. Lacan toma emprestado o diagnóstico heideggeriano da “ontologização do ser”


e a prescrição do Poema como resposta a essa ontologização.
2. No entanto, graças à sua formação em epistemologia, ele acrescenta à
prescrição uma alternativa matemática. epistemologia francesa
fornece uma base para conceber a matemática como um pensamento e
como o coração da ciência, o que lhe dá a possibilidade de não
confundir ciência e tecnologia.
3. Lacan toma a linguagem como o próprio material da psicanálise, mas
uma nova forma de ler a linguística. Ele não foca no
significado, comunicação ou construção correta de frases
(gramatical, sintaxe). Em vez disso, ele é cativado por ambiguidades,
homofonias e trocadilhos. Ele está interessado em retórica. Disto
maneira, Lacan repatria os poetas expulsos da República de Platão
para reintroduzi-los na nação da psicanálise.

46 Barbara Cassin, em seu livro Jacques le sophiste faz uma leitura semelhante. Cassin tem como chave da
obra de Lacan a frase "O psicanalista é a presença do sofista em nosso tempo, mas com outro
status" (Jacques LACAN, Problemas cruciais para a psicanálise, sessão de 12 de maio de 1965). Sofista,
para ela, não é aquele que mente ou faz uso falacioso da fala, mas aquele que tem como princípio que as
palavras criam as coisas. Ela, que fez parte da "Truth and Reconciliation Commission" na África do Sul,
usou essa abordagem punitiva e performativa da linguagem – que ela encontra em John Austin, Umberto
Eco, Jacques Derrida e Jacques Lacan – para a reconciliação e a paz neste continente africano . país. Ver
Barbara CASSIN, Sophistical Practice: Toward a Consistent Relativism, Nova York, Fordham University
Press, 2014, p. 18, 169, 262, 282 e 325; Bárbara CASSIN, Jacques, o sofista. Lacan, logos e psicanálise, Paris,
Epel, 2012.

45
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4. Combinar matemática e poesia abre um espaço específico para


psicanálise, ou seja, pensar os objetos e o campo
psicanálise. Matema e Poema cruzados constituem um caminho régio,
não exclusivo, mas necessário para abordar as questões
psicanalítica, a saber: o real, o sujeito dividido, o inconsciente e o
prazer.
5. Mesmo que haja o denominador comum da articulação Matema-Poema

(desontologização, ultrapassando os limites da linguagem), cada cruzamento


entre matemática e poesia na obra de Lacan é particular
(reduzir a dimensão imaginária, desbiologizar, construir um conceito,
etc). Assim, faremos uma busca em três momentos em
trabalho de Lacan para descobrir como, em cada caso, ele articula poesia e
matemática. No entanto, é possível discernir em Lacan no
pelo menos dois grandes objetivos em comum entre Mathème e Poème : em
um primeiro passo é deontologizar a psicanálise (desbiologizar,
despatologizar, despsicologizar, descosificar, etc.) e em um segundo
tempo, ele procura explicar como os limites da linguagem desde sua
interior estão desatualizados, matemática e poesia sendo as duas
pólos ou extremidades da língua como invenção da linguagem – por
letra ou por palavra.

47 Quando dizemos que Matema e Poema são dois pólos de tensão imanentes à linguagem,
não estamos afirmando de modo algum que tal tensão seja oposta. Em última análise, por
que escolher Mathema e Poema como esses pólos de tensão? Essa é uma ideia de Badiou,
tomada por sua vez de uma inspiração lacaniana: Mathema e Poema no filósofo francês
são nomes de acontecimentos (novidades) na ciência e na arte respectivamente. Ambos
pertencem ao campo das invenções da linguagem. A organização política e o encontro
amoroso (os acontecimentos ou novidades políticas e amorosas) estão mais do lado da
transformação da existência. Para Badiou, os eventos possibilitam a construção de
mundos. Dessa forma, pensamos que Mathème e Poème articulados abrem a possibilidade
de a linguagem construir novos mundos, ou seja, conceitos, ficções rigorosas, axiomas
para formalizar discursos etc.

46
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Antecedentes e contexto

Para colocar nosso leitor no contexto desta pesquisa, mostraremos

seus antecedentes, ou seja, as coordenadas de nossa pesquisa anterior e o

situação da discussão entre Matema e Poema na América Latina e na

Europa.

Nossa pesquisa anterior

Ao escrever a nossa tese onde o tema foi "O seminário sobre o

carta roubada", encontramos várias referências à matemática e também à poesia. Naquela

época, focamos na matemática.

Embora nosso trabalho se concentre nas consequências clínicas da

Nas formalizações lacanianas, porém, nos questionamos sobre os efeitos práticos do

Poema. Ao final da pesquisa, formulamos

a seguinte hipótese: o que matemática e poesia têm em comum é

a carta. No entanto, os enigmas do Poema se impuseram; o que nós temos

procurava era uma interrogação precisa a este enigma, isto é, uma resposta

sem questionar.

O enigma que enfrentamos no final de nossa

tese de mestrado poderia ser assim formulada : "a

psicanalista pensa como matemático e age como poeta”. O que é

o que isso significa? O que atraiu fortemente nossa atenção foi primeiro a

caráter unívoco que carrega a escrita nas formalizações e

matematizações que Lacan realiza; um segundo ponto diz respeito à forma como

o psicanalista confia na natureza equívoca da linguagem na clínica.

Neste segundo caso, a escrita tem um caráter equívoco,

ao contrário do que acontece com a formalização matemática.

Com efeito, se a formalização permite ao analista delimitar o número de

leituras de um único caso, então ele se inclina para a univocidade. Por outro lado, quando

o analista está frente a frente com seu analisando, ele intervém apoiando-se no personagem

47
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ambiguidade da linguagem. Então, o que esses dois têm em comum?


procedimentos? A escrita e a letra. Por um lado, é possível afirmar que, quando
o psicanalista pensa um caso, escreve. Chamamos isso de construção
do matema. Por outro lado, o psicanalista, em sua clínica, lê sua
equívocos e, através da fala de seu analisando, ambiguidades; temos
chamou de poema. O que há em comum entre o poema e o matema é
a carta. Assim, pensamos que com a ajuda da carta poderíamos resolver
o enigma da equivocidade e univocidade na psicanálise.
Por isso, avançamos logo no início do projeto de pesquisa
a seguinte hipótese: o psicanalista orienta sua clínica
o matema, mas intervém na linguagem de forma poética. O enigma de
nossa pesquisa de mestrado tornou-se a hipótese desta pesquisa. Como
já vimos, esta hipótese deu origem a mais quatro hipóteses
detalhado na seção “resumo”.
Esta primeira hipótese esboçada envolvia uma dimensão temporal
na clínica psicanalítica. Com efeito, se o analista se orienta pelo matema e
intervém com a ajuda do Poema, a suposta ambiguidade entre univocidade e
equívoco constitui apenas uma dimensão temporal: primeiro, uma
tempo para pensar e orientar e, em segundo lugar, um tempo para intervir.
Então esses dois tempos são articulados por uma temporalidade e uma estrutura. Nós
pensava que havia uma estrutura de temporalidade. Nós adicionamos
a hipótese de que essa estrutura é de ordem escriturística: a topologia dos nós. O
suposta separação entre teoria (pensar sobre um caso) e prática (intervir em
um caso) era falso para nós se pensarmos que a articulação desses dois
momentos através da letra e da topologia.
Ainda mais, se a letra é o litoral entre o real e o simbólico é
uma aresta em termos topológicos. Tentamos descobrir se a topologia
envolvia uma dimensão bíblica da carta. O que estava em jogo era a
relação entre topologia, escrita matemática e clínica. O uso de
Os nós borromeanos, uma espécie de escrita e formalização, terão surtido efeitos

48
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na forma de pensar a relação entre Matema e Poema ; Consequentemente, ele

isso resultou em uma clínica completamente diferente. Ao mesmo tempo, nós


perguntam-nos se finalmente Lacan renunciou ou não ao Matema ou se

tinha optado a favor ou contra o caminho do Poema. Mas este ponto não era essencial.

O importante era saber por que Lacan teve que abandonar a questão

do Matema e reter como essencial o Matema articulado ao Poema.

Ao final deste primeiro rascunho, abandonamos a tentativa de

use a carta como ponto de apoio. Mesmo que a letra seja um componente

crucial para esclarecer a ligação entre Matema e Poema, optamos por

manter esses dois elementos em tensão. A miragem da abordagem, através da

carta, é imaginar que a carta é um ponto de reconciliação. Ele ainda estaria

pior tomar a carta como o referente último do Matema e do Poema,

como uma espécie de substância subjacente a eles. No entanto, mantivemos a

importância da carta para reformular nossas perguntas. Nesse sentido, temos

colocar a dimensão temporal do problema entre parênteses para descansá-lo em

termos topológicos.

Rejeitamos a primeira hipótese, "o psicanalista pensa

como um matemático e age como um poeta", pois encontramos isso

abordagem demasiado simplista. Mesmo que esta suposição esteja aproximadamente correta,

não aborda os detalhes e a complexidade que nossa pesquisa irá desenvolver.

Nosso projeto inicial é baseado nessas premissas. Assim, correções e

esclarecimentos feitos foram possíveis graças aos comentários de Alain Badiou,

Barbara Cassin, Alenka Zupanÿiÿ, Jean-Michel Vappereau, Mladen Dolar, Michel

Bousseyroux, Jorge Alemán, Jean-Claude Milner e Dardo Scavino48.

48 Entrevistamos psicanalistas e filósofos como primeira abordagem para refinar nosso projeto de
pesquisa. Entre eles: Alenka Zupanÿiÿ (13 de abril de 2013), Mladen Dolar (13 de abril de 2013), Barbara
Cassin (17 de fevereiro de 2014), Michel Bousseyroux (26 de junho de 2014), Jean-Michel Vappereau
(16 de junho e 30 de setembro de 2014), Alain Badiou (10 de junho de 2014, 27 de junho de 2014, 4 de
novembro de 2014, 30 de março de 2015, 11 de junho de 2015 e 7 de junho de 2016), Dardo Scavino (5
de março de 2016), Jorge Alemán (março 5 de julho de 2016) e Jean-Claude Milner (1 de julho de 2016).
A responsabilidade pela interpretação de suas respostas é do autor.

49
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Doxa e literatura analítica

Como nossa formação era filosófica,


vislumbres da apropriação lacaniana de Heidegger: os termos, a lógica, a
argumentos, proposições. A solução heideggeriana do Poema foi bem
presente nos escritos e seminários de Lacan, mas os usos do Matema são
permaneceu enigmático. A presença do pensamento heideggeriano em Lacan foi
confirmado após a publicação de três livros famosos na América Latina:
Lacan: Heidegger (1998), O que Lacan diz sobre o ser (traduzido para o espanhol em 2002)

e finalmente Lo fundamental de Heidegger en Lacan (2004 1ª edição; 2012 2ª


edição) 49. Bibliografia e referências sobre a relação Lacan-Heidegger em
Europa (Reino Unido, França, Espanha, Itália) está presente apenas na forma
comentários isolados: além do livro de Balmès na França (Ce que Lacan dit de
ser), algumas referências marginais nos livros sobre a conexão de Lacan
Derrida (França e Reino Unido) e de um lado mais filosófico em
Itália50.

A impressão dada pelo aspecto poético-heideggeriano de Lacan


poderia fazer pensar em uma espécie de psicanálise iniciática: o inconsciente não é
pensável, concebível ou imaginável apenas através da poesia, isto é, a palavra e
poética e ditado poético. Trata-se então de uma psicanálise iniciática, porque a
única maneira de transmitir a experiência psicanalítica seria

49 Jorge ALEMÁN e Sérgio LARRIERA. Lacan: Heidegger. Buenos Aires, Edições do cifrado, 1998; François
Balmes. O que diz Lacan sobre o ser, Paris, PUF, 1999; Héctor LÓPEZ, Lo fundamental de Heidegger en
Lacan, Buenos Aires, 2011. Na Argentina, há quatro livros que não têm a mesma popularidade e que se
aproximam da relação Lacan-Heidegger: Carlos PARRA e Eva TABAKIAN, Lacan y Heidegger. Uma conversa
fundamental. Dimensão trágica da ética, Buenos Aires, Paraíso, 2005; Carlos PARRA e Eva TABAKIAN,
Lacan e Heidegger. Uma conversa fundamental.
Del retorno a Freud, Buenos Aires, Paraíso, 1998; Osvaldo MEIRA, Heidegger Lacan Heidegger, Buenos
Aires, Letra viva, 2009; Sergio ALBANO e Virginia NAUGHTON, Lacan: Heidegger. Nudos de Ser y tiempo,
Buenos Aires, Quadrata, 2005.
50 Fabio SQUEO, L'altrove della mancanza nelle relazioni di sistenza. Heidegger, Lacan, Sartre, Levinas,
Roma, Bibliotheka Edizioni, 2017; Antonio PULÈRA, La trasparenza del soggetto in Kant, Hegel, Heidegger
e Lacan, Roma, Rubbettino, 2014; Antonio PULÈRA, Fala e Silêncio. É possível comparar a pensar a partir
de Pierce, Lacan e Heidegger, Rome, Simple, 2016. Está disponível a tradução italiana do livro de Jorge
Alemán e Sergio Larriera: Jorge ALEMÁN e Sergio LARRIERA, L'inconscio e la voce. Esistenza e tempo tra
Lacan e Heidegger, Rome, Et al, 2009.

50
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submeter para análise. Seria o mesmo para entender alguns


frases ou conceitos enigmáticos desenvolvidos por Lacan. Atreva-se a perguntar
na teoria lacaniana ou ousar falar de psicanálise sem a experiência
de uma análise pessoal, pode levar a um sério
repreensão do mestre, sacerdote, especialista, etc. Essa atitude
iniciática é uma ameaça e pode ser muito bem recebida pela maioria
Instituições e críticas lacanianas.
Encontramos um risco iniciático semelhante em Heidegger, onde o
a poesia é o único meio de expressar o ser. O ser só pode ser capturado pela poesia.
Quanto mais incompreensível, obscura e enigmática ela é, tanto mais se aproxima de
ser (por exemplo, Tarkl, Hölderlin). Segundo Heidegger, é o suporte de uma
verdadeira transmissão filosófica. Não podendo sentir o ser pelo
reverberação de um poema era, segundo tal leitura iniciática,
Heideggeriano, o índice de uma falta de inteligência mental, sensível ou
intelectual desde o nascimento. Esta posição dá mais poder ao mestre de
iniciação. Um risco semelhante também é encontrado no que Barbara Cassin chama de
“nacionalismo ontológico ”51, ou seja, a tese segundo a qual uma língua
acesso privilegiado ao ser (por exemplo, alemão ou grego antigo para
Heidegger52).
Encontramos um risco semelhante na recepção "poética"
heideggeriana” da psicanálise na América Latina e na Europa,
especialmente na transmissão oral (seminários, cursos, conferências). que
situação se desenrolou da mesma forma através da diversidade dos artigos
circulando nessas duas regiões do mundo. A presença deste

51 De fato, é Barbara Cassin quem toma emprestada esta expressão de Lefebvre. Cf.
Barbara CASSIN, O arquipélago das ideias de Barbara Cassin, Paris, Maison des sciences
de l'homme, 2014 e Jean-Pierre LEFEBVRE, "Filosofia e filologia: as traduções dos
filósofos alemães", na Encyclopaedia universalis, Symposium, Les Issues , 1, 1990, pág. 170.
52 “O fato de que a formação da gramática ocidental se deve à reflexão grega sobre a língua

grega confere a esse processo todo o seu significado. Porque esta língua está com o
alemão, do ponto de vista das possibilidades do pensamento, ao mesmo tempo a mais
poderosa de todas e a que mais é a língua do espírito”, Martin HEIDEGGER, A introdução
à metafísica, Paris , Gallimard, 1952, p. 67.

51
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A apropriação heideggeriana na América Latina tem sido difícil de discernir

entre antigos periódicos e publicações eletrônicas, pois não havia

citações em todos esses artigos espalhados no ambiente lacaniano na América

latim. Temos a impressão de que há uma influência de Heidegger que não foi

posta em causa porque o seu discurso não foi explícito e porque a sua

jargão não foi reconhecido neste ambiente. É neste sentido que temos

decidiu examinar na obra lacaniana a alternativa matemática que

retifica a solução poética da deontologização do ser. Um de

As contribuições desta pesquisa residem nesse ponto.

Encontramos essa influência heideggeriana-poetizante em Jacques

Alain Miller53 (na França), Juan Bautista Ritvo54 (na Argentina) e Rosario

Herrera55 (no México), por exemplo. A primeira afirma que em todo o

última parte do ensino de Lacan, ele renunciou ao Mathème em favor do

Poema56. Para o argentino, o caminho do matema em Lacan é inútil; o único jeito

possível psicanálise é construída sobre dispositivos de linguagem. Quanto a

Rosario Herrera, aposta numa psicanálise poética; ela não menciona

praticamente não o matema ou o papel crucial da matemática em Lacan.

Durante a primeira década do século XXI , o matemático argentino

Pablo Amster publicou uma série de livros dedicados à matemática em

o ensino de Lacan57. Viajou pela América Latina onde deu

53 Jacques-Alain MILLER, Un esfuerzo de poesía, Buenos Aires, Paidós, 2016. (Jacques-Alain

MILLER, Orientação Lacaniana III, 5 Cursos 2002-2003: Um esforço de poesia, inédito em francês)
e Jacques Alain MILLER, El ultimísimo Lacan , Buenos Aires, Paidós, 2013. (Jacques-Alain MILLER,
Orientação Lacaniana III, 9, Curso 2006-2007: O último Lacan, inédito em francês).
54 Juan Bautista RITVO, El tiempo lógico y el aserto de certidumbre antecipado. Um novo sofisma,

Buenos Aires, Letra viva, 1983.


55 Rosario HERRERA, Poética del psicoanálisis, México, Siglo XXI, 2008.
56 “A palavra delírio tem para o último Lacan uma extensão que chega a incluir a matemática. E

ele menciona de passagem um livro, em quatro volumes, que eu li, chamado O mundo da
matemática , do qual ele conclui que não há mundo da matemática, nenhum mundo estritamente
falando, do mundo consistente da matemática e que, enfim, tudo isso é poesia”, Jacques-Alain
MILLER, El últimísimo Lacan, p. 216.

57 Pablo AMSTER e Jorge BECKERMAN, El seminario robada y su introducción, Buenos Aires,


Comunidad Russell, 1999; Pablo AMSTER, Las matemáticas en la enseñanza de Lacan: topología,
logic y teoría de conjuntos, Buenos Aires, LecTour, 2002. Republicado posteriormente em dois livros: Pablo

52
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seminários sobre a matemática usada por Lacan. No México, ele

ensinado pelo menos uma vez por ano. Seus livros deram impulso

abordagem matemática da psicanálise em Lacan, porque fazem

compreensíveis os argumentos empregados por Lacan. Ele é um divulgador de

matemática e seus livros são notas matemáticas simplificadas para

compreender Lacan; não se trata de livros para compreender o papel da matemática

em Lacan. Ao mesmo tempo, Jean-Michel Vappereau,

matemático e psicanalista francês que trabalhou com Lacan na

70, mudou-se para Buenos Aires. Publicou seus próprios livros em espanhol.

Sua abordagem topológica altamente especializada não produz elementos

compreender a ligação com a clínica ou o papel da matemática na

em geral. Em 2010, o livro de Marc Darmon Essais sur la topologie lacanienne58

foi lançado com grande popularidade. Por outro lado, textos de Vappereau,

Darmon desdobra grande parte dos usos matemáticos de Lacan com

explicações epistemológicas e clínicas. No entanto, as publicações desses

dois matemáticos têm em comum uma abordagem geralmente topológica para

psicanálise marginalizando os comentários sobre a natureza do matema e o

diferenças entre ramos matemáticos.

Um dos livros mais interessantes sobre o papel da matemática na

Lacan é Sinthoma: ensaios de clínica psicoanalítica nodal59 do psicanalista

O argentino Fabian Schejtman. Este texto ganhou o prêmio de ensaio psicológico

2011-2014 organizado pelo Ministério da Cultura da Argentina. A vantagem de

este texto reside na sua articulação entre a topologia dos nós e a clínica,

bem como em seus comentários sobre a natureza e os problemas da

formalizações matemáticas em Lacan. Finalmente, a abordagem mais determinada

AMSTER, Apuntes matemáticas para ler a Lacan 1: Topología, Buenos Aires, Letra viva, 20
e Pablo AMSTER, Apuntes matemáticas para ler a Lacan 2: lógica y teoría de conjuntos,
Buenos Aires, Letra viva, 2010.
58 Marc DARMON, Essays on Lacanian topology, Paris, International Lacanian Association,
2004.
59 Fabián SCHEJTMAN, Sinthome: Ensaios de clínica psicoanalítica nodal, Buenos Aires,
Grama, 2013.

53
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e programático para matematizar a psicanálise lacaniana vem da


O psicanalista argentino Alfredo Eidelsztein, que publicou uma série de livros
durante a última década. Ele até fundou uma sociedade psicanalítica
chamado Apertura que visava, entre outras coisas, matematizar a
psicanálise e encontrar uma base científica para a psicanálise
lacaniana (através da inspiração de ciências como a física
contemporâneo). Sua abordagem é a mais crítica, ela também projeta um
plataforma epistemológica e filosófica para entender a importância de
matemática em Lacan. Mas seu trabalho carece de distinções detalhadas (o
diferença entre fórmula e matema, formalização e uso de objetos
matemática), uma exclusão da dimensão poética e da visão crítica
matemática, que dá uma imagem negativa da filosofia
de Heidegger.

Na França, o panorama das obras escritas é diferente. As ligações entre


a clínica e as abordagens epistemológicas e filosóficas da questão
matemática-psicanálise são mais frequentes. Existem livros de
divulgação da matemática para abordar a obra de Lacan61 ,
textos exclusivos sobre topologia e psicanálise62, publicações que
abordar o lado epistemológico da matemática em Lacan63 e outros
especializado em um tema lacan64. Também é possível encontrar
publicações sobre as consequências em outros campos do conhecimento da abordagem

60 Alfredo EIDELSZTEIN, Otro Lacan. Estudio critico sobre los fundamentos del psicoanálisis
lacaniano, Buenos Aires, Letra viva, 2015; Alfredo EIDELSZTEIN, La topologia en la clínica
psicoanalítica, Buenos Aires, Letra viva, 2012; Alfredo EIDELSZTEIN, Modelos, esquemas y
grafos en la enseñanza de Lacan, Buenos Aires, Letra viva, 2010.
61 Jonathan LISTING, Introdução à topologia, Paris, Navarin, 1989; Virginia HASENBALG
CORABIANU, De Pitágoras a Lacan, uma história não oficial da matemática. Para uso dos
psicanalistas, Toulouse, Érès, 2016; René LAVENDHOMME, Lugares do sujeito. Psicanálise e
Matemática, Paris, Seuil, 2001.
62 Jeanne, GRANON-LAFONT, A Topologia Ordinária de Jacques Lacan, Paris, Point Hors Ligne,

1985; Jeanne, GRANON-LAFONT, Lacanian Topology and Analytical Clinic, Paris, Point Hors
Ligne, 1990.
63 Alain COCHET, Geômetra Lacan, Paris, Anthropos, 1998; Alain COCHET, Nodologia Lacaniana,
Paris, L'Harmattan, 2002; Nathalie CHARRAUD, Lacan e matemática, Paris, Economica, 1997.

64 Jean-Louis SOUS, pequenos matemas de Lacan, L'une-bévue, Paris, 2000.

54
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Teoria lacaniana da matemática. Por fim, os psicanalistas Erik Porge e

Michel Bousseyroux66 mostram a importância da matemática para o

criação de conceitos psicanalíticos. Assim, eles derivam da topologia o

consequências psicanalíticas em termos práticos, clínicos e teóricos da

matemática. Ambos escreveram no número 28 da revista Essaim. O

jornal, fruto do Colóquio "Lacan e matemática" (organizado por Jean-Pierre

Cléro em fevereiro de 2011 na Universidade de Rouen), significou um volume crucial para

pensar sobre a relação entre matemática e psicanálise.

No Reino Unido, um livro dedicado à psicanálise e à

matemática aparece pela primeira vez: Lacan: Topologically Speaking67,

que também seria "um pouco o equivalente em inglês de um, publicado na França o

mesmo ano sob o título O Real em Matemática ”68. Ambos os textos

contêm artigos importantes para compreender e problematizar a

relação da psicanálise com a matemática. Toda uma série de textos sobre

esta relação, em particular na topologia, foi publicada nos últimos 5

anos69. Mais recentemente, por exemplo, uma compilação de artigos escritos em


Inglês nasceu na Alemanha70.

65 René GUITART, Evidências e Estranhezas: Matemática, Psicanálise, Descartes e Freud, Paris, PUF, 2000;
Jean-Pierre CLÉRO, Ensaio em psicologia da matemática, Paris, Elipses, 2009; Jean-Pierre CLÉRO, As razões
da ficção: filósofos e matemática, Paris, Armando Collin, 2004.

66 Erik PORGE, Cartas do sintoma. Versões de identificação, Toulouse, Érès, 2010; Michel BOUSSEYROUX,
Lacan, o Borromeu. Cavando o nó, Toulouse, Érès, 2014; Michel BOUSSEYROUX, Ao risco da topologia e da
poesia. Expandindo a psicanálise, Toulouse, Érès, 2011.
67 Ellie RAGLAND-SULLIVAN e Dragan MILOVANOVIC (ed.), Lacan: Topologically Speaking, New York, Other
Press, 2004.
68 Jean-Pierre CLÉRO, “A utilidade da matemática na psicanálise. Um problema de crestomatia psicanalítica”
na resenha Essaim, n. 24, 2010, pág. 36. Cf. Pierre CARTIER e Nathalie CHARRAUD (ed.), The Real in
Mathematics, Paris, Agalma, 2004.
69 Will GREENSHIELDS, Writing the Structures of the Subject, Londres, Palgrave, 2017; Ellie RAGLAND,
Jacques Lacan e a lógica da estrutura: topologia e linguagem na psicanálise, Londres, Routledge, 2015;
Lorenzo CHIESA, The Not-Two: Logic and God in Lacan, Boston, MIT Press, 2016; Raul MONCAYO, Lalíngua,
Sinthoma, Gozo e Nominação. Um companheiro de leitura e comentário ao Seminário XXIII de Lacan sobre o
Sinthome, Londres, Karnac, 2016; Raul MONCAYO e Magdalena ROMANOWICZ, The Real Jouissance of
Uncountable Numbers, Londres, Karnac, 2015.

70 Samo TOMSIC e Michael FRIEDMAN (eds.), Psicanálise: Perspectivas Topológicas. Novas concepções de
geometria e espaço em Freud e Lacan, Berlim, Transcrição, 2016.

55
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Na Itália, o único livro sobre matemática foi publicado em 199871 .

apresenta uma abordagem mais filosófica do que psicanalítica. Isto é

Antonello Sciacchitano em Milão, que frequentemente discutia o relatório do

psicanálise com a ciência e a matemática, mas seus artigos foram

publicado na internet72. Finalmente, em Espanha, há alguns anos

três grandes textos sobre topologia em Lacan73. Carlos Bermejo, membro do

Fóruns do Campo Lacaniano em Barcelona, mantém um blog onde o papel do

matemática e ciências em Lacan74., após mais de 20 anos, é discutida.

Nos últimos 30 anos, a filosofia de Alain Badiou,

enormemente influenciada pela psicanálise lacaniana, tornou-se mais conhecida

no mundo de língua espanhola, na França e na Europa. Foi Badiou quem mostrou

de forma mais clara a alternativa matemática ao poema heideggeriano

em um pequeno artigo intitulado "O estatuto filosófico do poema na

Heidegger", traduzido clandestinamente e publicado em um site

chamado “Heidegger in Castellano ”75. A tese central deste artigo defende que

filosofia nasceu graças à interrupção matemática (logos) do poema

(mitos). Esta tese também foi conhecida e divulgada em todos os lugares por causa de seu livro

de divulgação denominado Manifesto para a Filosofia76, particularmente no

capítulo intitulado “A Era dos Poetas”.

É verdade que havia indicações matemáticas na literatura

psicanálise lacaniana no México e na Argentina77, mas permanecem

71 Emiliano BAZZANELLA, Il luogo dell'altro. Etica et topologia in Jacques Lacan, Roma, Franco
Angieli, 1998. 72 http://www.sciacchitano.it/ acessado em 27 de agosto de 2017.

73 Víctor KORMAN, El espacio psicoanalítico. Freud-Lacan-Möbius, Madrid, Síntesis, 2004;


Sergio LARRIERA, Nudos & Cadenas, Madrid, Miguel Gómez, 2010; Jorge CHAPUIS, Guía
topológica para o atordoa. Un abuso imaginario y su más allá, Barcelona, Psicoanálisis y
Sociedad, 2014. 74 http://www.carlosbermejo.net/ consultado em 27 de agosto de 2017.
75 Alain BADIOU, “O status filosófico do poema em Heidegger” em Jacques POULAIN e
Wolfgang SCHIRMACHER (eds.), After Heidegger, Paris, L'harmattan, 1992, p. 263-268; Versão
em espanhol: www.heideggeriana.com.ar/comentarios/badiou.htm 76 Alain BADIOU, Manifesto
for Philosophy, Paris, Seuil, 1989.
77 Existem editoras no México, como no Chile, Colômbia e Venezuela, que publicam
psicanálise, mas a maior parte da literatura psicanalítica vem da Argentina

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marginal ou obscuro; na melhor das hipóteses, eles eram um

“subversão” da matemática cristalizada na forma de um matema. Para

por isso, as referências de Amster, Darmon, Vappereau e Badiou constituíram

um contrapeso à recepção poético-heideggeriana de Lacan. Mesmo assim, nós

nos encontramos com outro problema: sem indicação clínica, sem

referência a um caso. Na Europa, particularmente na França, a situação é


diferente como mencionamos, exceto pela ausência das referências a

a alternativa matemática ao diagnóstico heideggeriano da ontologização do

ser. Quando se trata de livros e artigos sobre a relação da psicanálise com a

literatura, poesia, arte, estética ou mitos, a quantidade é realmente

indescritível (na América Latina e na Europa). Há textos decisivos sobre

psicanálise e seus vínculos com a literatura78, a poesia79, a linguística80,

a escrita de um escritor81, mitos82, estética83, linguagem84 e ficção85.

No entanto, nosso interesse é apreender na obra de Lacan as estratégias

usos gerais e singulares do Poema, bem como seus objetivos. Da mesma forma,

nosso objetivo é uma espécie de periodização e agrupamento desses usos.


Além disso, não encontramos na inumerável quantidade de publicações o

ou da Espanha. O Brasil é uma exceção por causa de sua linguagem: suas próprias editoras publicam
extensivamente sobre psicanálise.
78 Mario LAVAGETTO, Freud posto à prova pela literatura, Paris, Seuil, 2002, Forums du Champ Lacanien,
2001, Lacan dans le siècle, Paris, Ed. du Champ Lacanien, 2002, Éric MARTY (ed.) Lacan et la literatura ,
Paris, Houilles, 2005 e Jean-Michel RABATÉ, Jacques Lacan Psicanálise e o sujeito da literatura, Londres,
Palgrave, 2001.
79 Soraya TLATLI, O psiquiatra e seus poetas, Paris, Tchou, 2000.

80 Charles SHEPERDSON, Lacan and The Limits of Language, Nova York, Fordham University Press, 2008 e
Michel ARRIVÉ, Langage et psychanalyse. Linguística e Inconsciente, Paris, PUF, 1994.
81 Roberto HARARI, ¿Como se lhama James Joyce? : De “El síntoma”, de Lacan, Buenos Aires, Amorrortu,
1995 e Colette SOLER, Lacan, leitora de Joyce, Paris, PUF, 2015.
82 Darian LEADER “Os mitos de Lacan” em Jean-Michel RABATÉ (Ed.) The Cambridge Companion to Lacan,
Cambride, Cambridge University Press, 2003 e Markos ZAFIROPOULOS, Les mythologiques de Lacan. A
prisão de vidro da fantasia: Édipo rei, O diabo apaixonado, Hamlet, Toulouse, Érès, 2017.

83 François REGNAULT, Palestras sobre estética lacaniana, Paris, Agalma, 1997 e Massimo
RECALCATI, Las tres estéticas de Lacan (psicoanálisis y arte), Buenos Aires, Del cifrado, 2006.
84 Jean-Louis SOUS, Falando com Jacques Lacan. Hibridações, Paris, L'Harmattan, 2013 e Jean-Pierre

CLÉRO, Lacan e a língua inglesa, Toulouse, Érès, 2017.


85 Jean-Pierre CLÉRO, As razões da ficção. Filósofos e matemática, Paris, Armand Colin, 2004.

57
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relação entre a poesia (estética, linguagem, função poética, ficção, mitos,

etc.) e matemática.
Encontramos outros impasses: o da especulação

filosófica e a do delírio matemático. Do lado da implantação

desencadeados da matemática, temos os textos de Vappereau. Badiou

por sua vez, faz uma apropriação filosófica de Lacan quando afirma

que86 :

Para Lacan, ainda que a trajetória da cura seja o reino da ambiguidade, o objetivo
conhecimento é, como sabemos, conhecimento que pode ser transmitido em sua totalidade, pode ser transmitido

sem resto. O objetivo é uma ordem de simbolização, ou, como ele diz, de
"formalização correta", em que a ambiguidade não deixa mais vestígios.

Embora a viagem seja poética, "o reino do equívoco", o objetivo final da

a cura psicanalítica é "transmissão sem resto", afirma Badiou. Ele

faz alguns comentários sobre o tratamento psicanalítico (por exemplo, o

relação entre simbolização e ansiedade87), mas o interesse de Badiou é

distintamente filosófico.

Essa viagem por obras e contextos psicanalíticos nos levou

em dois becos sem saída:

1) A desconexão entre clínica e teorização. Por um lado, a clínica é

inefável, enquanto a teoria é uma generalização séria que não serve para nada.

nada, especialmente durante as abordagens filosóficas e matemáticas;

afastar-se dessa universalização inerente à teoria, que por

alhures orienta a clínica, será necessário, portanto, abordar essa clínica do caso

caso. O risco é conceber o psicanalista como um artesão, um

poeta que, graças à sua iniciação psicanalítica (sua própria análise), tem um

acesso privilegiado ao inconsciente e ao real. Devemos ouvir as palavras de

analisando, então torna os significantes equívocos. experiência é suficiente

86 Alain BADIOU, “Fórmulas de L'Étourdit” em Não há relação sexual. Duas lições sobre "L'étourdit" de Lacan,
Paris, Fayard, 2010, p. 104.
87 Ibid., pág. 134.

58
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para navegar na clínica. Por outro lado, a teoria psicanalítica,


finamente materializado por diagramas, gráficos, matemas e
figuras topológicas, é capaz de apreender a experiência psicanalítica,
mesmo o real e o inconsciente. A primeira forma artesanal de aproximação
a psicanálise apenas à dimensão prática nos leva à
risco iniciático, enquanto a teoria psicanalítica pode
cair na armadilha especulativa: a do "expert" em matemática que
delírio.

2) Um tratamento exclusivo do Matema ou do Poema resulta em uma segunda


fim da linha. Endereço de livros, textos e artigos psicanalíticos
principalmente o problema do Matema e do Poema de uma forma
exclusivo: ou Matema ou Poema. Temos muito poucos livros ou
artigos que mantém os dois elementos em tensão, ou seja, nenhum
não prevê uma solução final com uma possível coexistência destes dois
elementos, numa espécie de campo onde a atração e
repulsão. Nenhuma publicação mostra a articulação em detalhes
ou mais aprofundado entre Mathema e Poema. Mesmo que Badiou articule
Matema e Poema em seu projeto filosófico, parece-nos que sua
arcos de postura final para Mathème 88.

88 Para Badiou, as “quatro condições” da filosofia devem ser articuladas de modo a não
suturar a filosofia, ou mesmo delegar os poderes (pensantes) da filosofia a uma dessas
condições (poema, matema, invenção política, encontro romântico). No entanto, em seus
dois manifestos filosóficos Badiou é muito claro quando afirma que Platão fundou sua
filosofia afastando-se do poema, um gesto que deve ser repetido para re-fundar a filosofia
contemporânea. O poema é necessário na medida em que é mantido à distância, ou seja,
é uma condição negativa, parece-nos. Alain BADIOU, Manifesto da Filosofia, Paris, Seuil,
1989 e Alain BADIOU, Manifesto da Filosofia, Paris, Fayard, 2009. No entanto, sejamos
justos: quando Badiou pensa particularmente em cada condição da filosofia, ele a articula
com as outras. Digamos que para seu projeto filosófico ele tenha preferência pelo Matema
em favor do Poema, enquanto quando pensa em um determinado evento ele se inclina a
articular as quatro condições.

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No entanto, autores como Erik Porge, Geneviève Morel, Jean-Louis Sous e


Michel Bousseyroux89 são exceções que trabalharam na articulação
entre poesia e matemática em Lacan a partir de uma abordagem clínica e
prática. O único problema desses autores é que a articulação é realizada
entre topologia e poesia, o Mathème permanece marginal. Apenas traduções para
Espanhol por Morel e Bousseyroux estão disponíveis na América Latina. De
em outros lugares, é interessante encontrar abordagens topológicas lacanianas
(Félix Guy Duportail) e matemática (Jean-Pierre Cléro) para renovar o
discussão filosófica90. Esses dois autores também já estão publicados em espanhol
na Argentina.
Em resumo, há uma grande quantidade de textos que se aproximam
poesia, literatura, linguagem ou mitos em psicanálise, mas
carece de uma abordagem que os articule e os coloque em perspectiva com o
matemática. Grandes obras sobre a relação matemática-psicanálise
centrar-se na topologia e marginalizar a dimensão poética, ou seja,
dizer sobre a natureza equívoca, retórica e sofística da linguagem em Lacan.
Além disso, a alternativa ao diagnóstico heideggeriano da ontologização do ser,
ou seja, matemática, ela não está presente em nenhum texto, livro ou
artigo psicanalítico. Esta ideia é desenvolvida por Alain Badiou, mas sua
projeto permanece no campo da filosofia.
Perante esta situação e neste contexto, a relevância deste

pesquisa está na questão da relação Matema - Poema, sem excluir


um ou outro. Além disso, buscaremos sistematicamente, de forma mais ampla,

89 Erik PORGE, O Arrebatamento de Lacan. Marguerite Duras ao pé da letra, Toulouse, Érès, 2015; Geneviève
MOREL, A lei da mãe. Ensaio sobre o sinthoma sexual, Paris, Anthropos, 2008; Jean-Luis SOUS, Falando
com Jacques Lacan. Hibridações, Paris, L'Harmattan, 2013; Michel BOUSSEYROUX, Ao risco da topologia e
da poesia. Ampliar a psicanálise, Paris, Érès, 2011 e Michel BOUSSEYROUX, Lacan, o Borromeu. Digging
the knot, Paris, Érès, 2014. Nos livros de Jean-Pierre Cléro há indicações preciosas sobre a ligação entre
poesia e matemática.
No entanto, eles não são de uma perspectiva clínica.
90 Jean Pierre CLÉRO, Existe uma filosofia de Lacan, Paris, Elipses, 2014 e Guy-Félix DUPORTAIL, A origem

da psicanálise. Introdução a uma fenomenologia do inconsciente, Paris, Mimesis,


2013.

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de forma independente e mais detalhada o papel, interesse e utilidade da poesia e


matemática antes de explorar suas conexões. Finalmente, nós
inspirar-se na filosofia de Alain Badiou para ter outra leitura
a alternativa ao veredicto heideggeriano da ontologização do ser. Em outras palavras,
esta pesquisa tem uma base epistemológica e filosófica para colocar
caso contrário, a questão das ligações entre matemática e poesia no contexto de uma
subversão da função poética de Jakobson e deontologização
de Heidegger.

Características da tese

A tese central desta investigação afirma que para Lacan o Mathème e o


Poema, sozinho ou articulado, são elementos cruciais para a psicanálise em
termos de teoria, prática e prática clínica, e cujos conhecimentos científicos e
filosofia torna desejável seu aprofundamento em psicanálise
contemporâneo.
O objetivo geral aqui é especificar as bases e as apostas do
matemática e poesia para a psicanálise lacaniana para
determinar quais são seus usos e propósitos, e se existem ou não
estratégias gerais e singulares de articulação entre eles. Assim, esta pesquisa
doutorado trará para a psicanálise freudiana e lacaniana, através
dois objetivos específicos:
a) Em primeiro lugar, o de esclarecer a filiação filosófica e
epistemológicos que sustentam e problematizam as relações de
psicanálise com matemática e poesia, e
b) Em segundo lugar, o de fornecer um quadro geral para a sua
articulações e se posicionar sobre a renúncia ou não
Lacan à matemática em benefício da poesia.

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Trata-se de uma pesquisa qualitativa utilizando ferramentas documentais

bem como os escritos e seminários de Lacan e os textos dos comentadores de

sua obra, mas cuja cor principal é dada por um método, na

caso de referências matemáticas, indutivas (veja atentamente estas referências

classificá-los por meio de tabelas) e dedutivo para poesia (incluir e

de categorias como literatura, criação, arte e estética).

Nossa pesquisa se limitará às obras completas de Freud e aos seminários de

Lacan. Algumas vezes nos referiremos a outros textos de Lacan (entrevistas,

artigos quase não rastreáveis, cartas); fora do corpus canônico lacaniano ,

escolha citações cruciais que esclarecerão nosso tópico.

Procuraremos também referências implícitas à arte, estética,

criação e literatura nos textos de Freud e na obra de Lacan. Da mesma forma,

observaremos referências à álgebra, aritmética, geometria,

teoria dos conjuntos e referências matemáticas menos explícitas. Nosso

idéia não é fazer uma lista exaustiva, mas entender a lógica

geral dos usos que Lacan faz da matemática e da poesia.

Com a ajuda dessas referências, tentaremos encontrar a lógica geral

usos do Matema e do Poema ; tentaremos, da mesma forma, localizar

os momentos de introdução dessas referências e os pontos de inflexão. É sobre,

portanto, a partir de uma pesquisa bibliográfica que será discernida através de nossa

experiência prática e clínica como psicanalistas e analisandos.

Leremos Freud e Lacan ao pé da letra. Os pontos enigmáticos e os impasses da

certas passagens serão ocasionalmente sublinhadas.

Usaremos o método de entrevista. Ao longo de nossa

pesquisa, vamos realizar entrevistas para refinar nossas perguntas e

comparar nossa leitura com a leitura de filósofos e psicanalistas que

abordou esses temas.

Ao lidar com referências matemáticas e poéticas em

Lacan, assumiremos que o leitor desta pesquisa já está impregnado de

a obra lacaniana; por isso, desenvolveremos apenas alguns

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conceitos lacanianos na medida em que trazem luz para compreender o


apostas entre Mathema e Poema.
Nesta perspectiva, o plano das páginas seguintes é formado por quatro
capítulos:

1) Um primeiro capítulo sobre psicanálise e ciência. Será uma questão aqui de desenho

como Freud e Lacan conceberam a ciência, como eles se questionaram


sobre a natureza científica da psicanálise e, por fim, suas posições
no que diz respeito às conexões entre esses autores. Faremos uma dupla
periodização dessas questões: uma freudiana e outra lacaniana. Vamos destacar como
no complexo projeto psicanalítico de Lacan há uma importância decisiva
filosofia e epistemologia para fazer perguntas
fundamentos. Por exemplo, o surgimento da subjetividade moderna dentro
ciência, a ontologização do ser, a formalização da arte ou o uso de
religião ao definir as coordenadas da ciência. De lado, o
resultados ajudarão a esclarecer a natureza da matemática no projeto de
ciência, e mostrar como certas inércias da concepção de ciência
e sua relação com a psicanálise sobredeterminam a importância da poesia e
matemática em Freud e Lacan.

2) Um segundo capítulo onde analisamos as referências matemáticas. Ele


será uma análise de todas as referências matemáticas nos seminários
de Lacan, onde a intenção será classificá-los e periodizá-los para
identificar os usos que Lacan fez da matemática. Esta tarefa
também permitirá comparar historicamente o que acontece entre
matemática e poesia. Mostraremos que o papel da matemática na
Freud é quase inexistente e que, graças a Lacan, é possível reler
retrospectivamente das matematizações da primeira.

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3) Um terceiro capítulo sobre a poesia no projeto freudiano e o projeto


lacaniano. A intenção será inicialmente considerar a arte, a
literatura, estética e criação como parte da mesma categoria
do Poema. Num segundo momento, tratar-se-á de desvincular-se da função do Poema
primeiro da obra freudiana e, numa fase posterior, de Lacan.
Encontraremos também as continuidades e descontinuidades dos usos do
Poema entre Freud e Lacan para localizar a herança freudiana e as novidades
lacaniano. Embora os usos e funções do Poema sejam ordenados em
Lacan de forma periodizada – a fim de tornar visíveis seus vínculos com o
Mathème na mesma época –, é claro que se pode ler uma antecipação ou
ressonâncias posteriores de certos usos e funções em outros
períodos. A construção e o método deste capítulo estão organizados em uma
inversamente ao capítulo anterior: partimos de Freud para encontrar
antecipações na obra lacaniana e o modo de proceder é bastante
dedutivo – por fazer parte do Poema o caráter artístico, literário,
estético e criativo.

4) Um último capítulo com três estudos sobre a relação entre Mathème e


Poema. Por fim, tratar-se-á de escolher três casos que sirvam para ilustrar a variedade de

usos e as diferentes estratégias utilizadas por Lacan durante a articulação entre


matemática e poesia. Esses estudos esclarecerão o alcance da
a montagem desses campos de conhecimento, sua racionalidade inerente e a particularidade

de cada cruzamento entre eles. Mostraremos as relações e as tensões


entre esses elementos para ir além da simples oposição. Esses três estudos
são inconcebíveis sem os capítulos anteriores onde matemática e poesia
são examinados de perto e em profundidade.

Por fim, concluiremos indicando os resultados da pesquisa, a


responder à nossa hipótese e mostrar algumas linhas e perguntas em aberto
para mais pesquisas. Vamos responder a alguns

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perguntas, por exemplo: Lacan se livra do Mathème no


benefício do Poema ? Quais são as funções e utilidades que têm em comum a
matemática e poesia na psicanálise? A psicanálise pode prescindir
Poema e Matema ? Por que a matemática é importante para
psicanálise? Por que a poesia canta para a psicanálise? Dentro
psicanálise, qual é, em última análise, a relação entre poesia e matemática?

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CAPÍTULO I – CIÊNCIA E PSICOANÁLISE

Sem a ciência e o sujeito que lhe é correlato, a psicanálise é


simplesmente impensável, impraticável e inoperante.

–Jacques Lacan, Conferência em Genebra

Freud e Lacan tinham um interesse absolutamente diferente pela ciência, mesmo que

o ponto de partida do primeiro está em continuidade com o do último. O

As preocupações freudianas, voltadas para tornar a psicanálise uma ciência, foram

substituído em Lacan por um campo epistêmico específico dessa disciplina.

É precisamente este último ponto que explicará a razão da nossa entrada por

a porta da ciência para iluminar o caminho percorrido por Lacan para chegar ao

campos da matemática e da poesia. Em suma, a questão da cientificidade da

a psicanálise foi substituída por um desejo profundo de erigir o campo

epistemologia específica da psicanálise. Este espaço também encontra

ferramentas preciosas da matemática e da poesia para se constituírem. que

A estratégia lacaniana se traduz em estratégias teóricas, clínicas,

práticas e ética que enfatizaremos ao longo deste capítulo. Nós

começar com uma breve viagem pela relação freudiana com o


Ciência.

Este capítulo está dividido em duas partes: primeiro abordaremos

a relação entre psicanálise e ciência na obra de Freud; no

segunda parte/depois será dedicada a essa mesma relação, mas a de

Lacan. No entanto, a abordagem será diferente em cada caso. Em Freud nós

vão deduzir as quatro teses fundamentais que ele fez sobre a ciência, enquanto

que em Lacan reteremos suas teses fundamentais sobre a ciência, mas

procederemos por “tempo”. De fato, observamos durante

1 Jacques LACAN, “Conferência em Genebra sobre o sintoma” em Bloc notes journal of the
psicanálise, 1985, n° 5, p. 5-23.

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pesquisa que a concepção freudiana de ciência e a relação entre a ciência


e a psicanálise têm sido mais ou menos estáveis. No caso de Lacan,
descobrir que as teses sobre a ciência mudam ao longo de sua
ensino; vemos pelo menos quatro vezes consecutivas.

O objetivo deste capítulo é esclarecer a concepção freudiana e lacaniana de


a ciência e seus problemas com a psicanálise. Desta forma, estendemos
as questões epistemológicas e filosóficas que consideramos
no capítulo anterior. Da mesma forma, estamos preparando o terreno para considerar
nossa interrogação sobre o Matema e o Poema em Lacan. Eventualmente será
inevitável cruzar dimensões religiosas e filosóficas
de nossa investigação sobre a relação entre ciência e psicanálise. Nós vamos
questionar essa inevitabilidade e suas possíveis relações com o Matema e o
Poema.

1.1. Freud e a ciência

O futuro provavelmente julgará que a importância da


psicanálise como ciência do inconsciente excede em
muito sua importância terapêutica.
–Sigmund Freud, Enciclopædia Britannica

O fundador da psicanálise tinha formação científica. Freud,


antes de descobrir a psicanálise, no período denominado hoje
“pré-psicanalítico” (1877-1891) foi um pesquisador médico nas ciências
que explorou neuroanatomia, neurofisiologia, histologia e
química. Ele havia estudado a anatomia da enguia (1877), o sistema
nervos da medula espinhal (1878), a estrutura das células nervosas em
lagostim (1882), hemorragia cerebral humana (1884), propriedades
anestésicos de cocaína (1884) e afasia (1891)2.

2 Sigmund FREUD, "Observações da conformação do órgão lobulado da enguia descrita


como a glândula germinal masculina" em Max KOHN, Traces of psychoanalysis, Limoges, Lambert-Lucas, 2007,

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Sigmund Freud coletou os mesmos princípios e ideais metodológicos


cientistas de Otswald, Mach, Fechner, Mayer, Helmholtz ou Haeckel, seu
professores3. Adotou seus modelos de racionalidade para construir sua teoria e
definir o objeto da psicanálise para dar conta de sua prática clínica. Neste
Na época, Freud situava sua descoberta no campo do materialismo positivista;
o que Freud chamou de "processos psíquicos" é representado com a ajuda de
formulações neurofisiológicas dos fenômenos dadas empiricamente por
a clínica ; esses fenômenos são descritos, organizados e reconstruídos por Freud
usando a metodologia das ciências naturais.
Nesta parte do capítulo, vamos implantar o design
cientista que Freud tinha sobre a psicanálise. Para isso, partiremos de
quatro teses sobre a cientificidade da psicanálise que podem ser extraídas
obra freudiana. Além disso, vamos expor como podemos localizar
em Freud uma metapsicologia baseada no pensamento físico e uma forma
química para pensar as formações do inconsciente. química e física
na obra freudiana uma espécie de "grampo científico" que permite a Freud
tomar cientificamente o objeto da psicanálise. Finalmente, nós
encontrar elementos protomatemáticos e prototopológicos no
Textos freudianos que vêm na forma de óptica e física.

pág. 149-160; Sigmund FREUD, “Über Spinalganglien und Rückenmark des Petromyzon (Sobre
os gânglios espinais e a medula espinhal do Petromyzon)”, Sitzungsber. Kays. .Akad.
Wissensch., Viena, Math. Naturwiss. KI. Abt. III, 78, julho, 81-167; Sigmund FREUD “Notiz über
eine Methode zur anatomischen Päparation des Nervensystems (Nota sobre um método de
preparação anatômica do sistema nervoso)”, Zentralbl. med. Wissensch., Berlin, 17, nº 26,
Jun., 468-469; Sigmund FREUD, “Über den Bau der Nervenfasern und Nervenzellen beim
Flusskrebs (Sobre a estrutura das fibras nervosas e células do lagostim)”, Sitzungsber. Kays. Akad.
Wissensch., Viena, Abt. III, 85, jan., 9-5 1; Sigmund FREUD, “Ein Fall von Hirnblütung mit
indidirekten basalen Herdsymptomen bei Scorbut (Hemorragia cerebral com sintomas basais
focais indiretos em caso de escorbuto)”, Wiener med. Wochenschr., 34., March, nº 9, 244 e nº
10, 276-279; Sigmund FREUD, Cocaine, Bruxelas, Éditions Complexe, 1976; Sigmund FREUD,
Contribuição para a concepção da afasia, Paris, PUF, 2009.
3 Paul-Laurent ASSOUN, Introdução à Epistemologia Freudiana, Paris, Payot, 1990; Siegfried
BERNFELD "As primeiras teorias de Freud", Psychoanalytic Quarterly, 1944, p. 341-362;
William McGRATH, Freud's Discovery of Psychoanalysis, Nova York, Cornell University Press, 1986.

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1.1.1. Quatro teses fundamentais sobre a ciência em Freud

A questão da inserção da psicanálise no campo científico em Freud.


não é fácil. Se a psicanálise teve inicialmente um objetivo terapêutico, não é
restou que ela foi impregnada pela formação científica de Freud,
dando assim à sua prática um estatuto científico subjacente. Os desafios de
As relações freudianas com a ciência são complexas e atravessadas por essa
tensão dentro da clínica, aquela entre prática e teoria. vamos seguir aqui
Paul-Laurent Assoun no que ele chama de “ambição científica de Freud”.
Segundo Assoun, Freud tinha uma relação essencial com a ciência que poderia ser
resumida em quatro teses fundamentais:
1. A ciência é condição necessária para a definição da psicanálise
como uma "ciência do inconsciente", ou seja, a psicanálise não
tem significado apenas no horizonte da ciência.
2. A psicanálise, como ciência, pertence às ciências
"natural".

3. A “metapsicologia” cumpre o ideal científico da psicanálise,


porque explica de forma científica os processos
inconsciente.

4. A psicanálise, como todas as ciências, rejeita concepções de


mundo.

Essas quatro teses estão inter-relacionadas e estão presentes em todo o


obra freudiana. Vamos implantar essas teses articulando-as.
Comecemos com uma primeira observação: Freud privilegia a ciência sobre
a terapia. Se a ambição científica da psicanálise é essencial para
olhos de Freud, é porque, segundo ele, a psicanálise é uma "ciência da
o inconsciente” (Wissenschaft des Umbewußten) ; foi ele que usou isso
formulação para designar a psicanálise, opondo a dimensão do conhecimento à

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a dimensão terapêutica. Assim, a psicanálise toma sua própria forma e

inscreve sua legitimidade na ciência ainda mais do que sua vocação

terapia obtém seus direitos de cidadania4 :


O futuro provavelmente julgará que a importância da psicanálise como

a ciência do inconsciente supera em muito sua importância terapêutica.

Ao contrário do que Assoun acaba de mencionar, Freud privilegia, em um texto

anteriormente, o aspecto terapêutico em detrimento do aspecto científico. Está em

Sobre o caso "Hans" que Freud sugeriu a intervenção da psicanálise na

como uma ciência5 :


É verdade que durante a análise [do pequeno Hans] muito deve ser dito.

coisas que ele mesmo não sabe dizer, que os pensamentos lhe devem

ser inspirado de que nada ainda apareceu nele e que sua atenção deve

ser orientado nas direções das quais o pai [de Hans] espera o que virá.

Trata-se do que Freud mais tarde chamará de "construções em análise" que, longe de

neutras, são afirmações oferecidas aos analisandos. Freud confirma o fato

que a psicanálise procede assim6 :


[a construção em análise] enfraquece a força probatória da análise; mas em

qualquer análise procede desta forma. Uma psicanálise não é precisamente uma
investigação científica desprovida de tendências, mas uma intervenção

terapêutico; ela não quer provar nada em si mesma, mas apenas mudar

Algo.

4 Sigmund FREUD, em “Psychoanalysis” in Enciclopaedia Britannica, Londres, Enciclopaedia Britannica, 1926,


http://global.britannica.com/EBchecked/topic/1983319/Sigmund-Freud-on psychoanalysis. A tradução é do autor
(“O futuro provavelmente atribuirá muito mais importância à psicanálise como ciência do inconsciente do que como
procedimento terapêutico”).

5
Sigmund FREUD, “Análise da fobia de um menino de cinco anos” em Obras Completas, vol. IX,
Paris, PUF, 1998, p. 92.
6 Igual.

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Assim, encontramos a tensão terapia-ciência que habita a obra freudiana.

Por exemplo, Freud, em um artigo enciclopédico escrito em 1922, afirma que

psicanálise é o nome7 :

l) de um procedimento para a investigação de processos mentais, que dificilmente são


de outra forma acessível; 2) um método de tratamento de distúrbios
neuróticos, que se baseia nesta investigação; 3) uma série de visualizações
psicológicos, adquiridos por essa via, que crescem progressivamente até
ingressar em uma nova disciplina científica.

Trata-se, portanto, de uma definição de psicanálise, em diferentes níveis, que não

não manifesta uma forte oposição entre o aspecto científico e o

terapêutico. Em 1925 Freud já havia reconhecido o caráter polissêmico do

termo psicanálise8 :

A própria palavra psicanálise tornou-se plurívoca. Designação original


de um procedimento terapêutico específico, agora também se tornou o nome
de uma ciência, a do inconsciente da alma.

Digamos que o caráter bifrontal da psicanálise e seus diferentes níveis

correspondem a um movimento de vai e vem entre a construção teórica e a

prática clínica. A sólida formação científica de Freud o ajudou a aplicar

teorias que nortearam sua clínica. Às vezes, seu questionamento sobre o status

a psicanálise científica, no entanto, permaneceu independente de sua

interesse terapêutico. Assim, a clínica surgiu então como o campo

hipóteses teóricas freudianas experimentais. Sugerimos a leitura deste

movimento de vaivém entre ciência e prática em termos de tensão, tensão que terá fortes

ressonâncias na oposição entre matema e poema. Para

7 Sigmund FREUD, ““Psicanálise” e “teoria da libido”, em Obras Completas, vol. XVI, Paris,
PUF, 2010, p. 181.
8 Sigmund FREUD, “Auto-Apresentação” em Obras Completas, vol. XVII, Paris, PUF, 1992, p. 118.
9 “Esta concordância com o mundo exterior real chamamos de verdade. Continua sendo o

objetivo do trabalho científico, mesmo que não consideremos seu valor prático” Sigmund
FREUD, “Lição XXXV: De uma visão do mundo” em Obras Completas, vol. XIX, Paris, PUF, 1995, p. 255.

72
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Por ora, notamos que essa abordagem da psicanálise tem como objeto

esclarecer o que está em jogo na ambição científica freudiana.

Para dar conta de sua clínica, Freud usou o sintagma "ciência

do inconsciente" sem esquecer que a palavra inconsciente é o termo que define

certos processos, a saber, os processos do "sistema psíquico". que

designação se opõe a outras formas de conceber o inconsciente. Segundo Freud, ele

é o princípio explicativo de certos fenômenos psíquicos. Assunção de nós

lembra que, naquela época, havia concepções literárias, até românticas, e filosóficas do

inconsciente (por exemplo, a de Edward

von Hartmann ou a de Theodor Lipps)10. Foi Freud quem se afastou dessas

visões para explicar o inconsciente ao invés de descrevê-lo11. Era sobre

trazer de volta o princípio metafísico do inconsciente para um modelo de

funcionamento psíquico específico, sujeito a um funcionamento positivo, racional e

experimental.

É também nesse sentido que Freud optou por privilegiar o personagem

ciência da psicanálise em vez de seu aspecto terapêutico. O

a psicanálise assumiu estrategicamente o status de saber: "a psicanálise não

só pode romper com os Discursos do Inconsciente inscrevendo-se no horizonte

cientista ”12. O termo Freud usou para se referir à ciência da

inconsciente é a palavra alemã " Wissenschaft " que implica uma maneira

específico para o conhecimento. Assoun descreve esse conhecimento13 como a aquisição de

conhecimento ; esse conhecimento é articulado de forma sistemática e

consistente; Princípios de ordenação de enunciados e outros conhecimentos

10 “Além disso, não devemos acreditar que essa outra concepção do psíquico seja uma novidade que devemos à
psicanálise. Um filósofo alemão, Theodor Lipps, proclamou com a maior clareza que o psíquico é em si inconsciente,
que o inconsciente é o verdadeiro psíquico. O conceito de inconsciente há muito batia às portas da psicologia para
ser admitido. A filosofia e a literatura muitas vezes brincaram com ela, mas a ciência não sabia como usá-la. A
psicanálise apoderou-se desse conceito, levou-o a sério e o encheu de novos conteúdos. Sigmund FREUD, “Algumas
lições elementares de psicanálise” em Obras Completas, vol. XX, Paris, PUF, p. 314.

11 Paul-Laurent ASSOUN, Psicanálise, Paris, PUF, 1997, p. 65.


12 Ibid., pág. 67.
13 Idem.

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pode então ser deduzido; e, em última análise, esse conhecimento é

transmissível, ou seja, gravável em um determinado código inteligível e

universal. Esta é, portanto, a primeira tese de Assoun sobre Freud: a psicanálise

um sentido no horizonte da ciência.

É esta concepção de ciência que se deduz da atmosfera

cientista dominante no século 19 que carrega as características de um

empirismo racional. Há uma articulação entre o conceito "inconsciente" e

essa concepção de ciência: um dos objetivos da psicanálise é reduzir

o termo "inconsciente", como já dissemos, a um modo de

funcionamento psíquico.

Desde sua fundação, a psicanálise teve como ideal uma ambição

cientista que se referia às “ciências da natureza” (Naturwissenschaft) ; ela

estava lidando com "processos mentais" e tentando encontrar as explicações

de sua operação. Tratava-se de procurar leis psíquicas no

modelo de ciências como a física ou a química14.

Essa adesão aos ideais das ciências naturais não teve

propósito de dar um ar de cientificidade; pelo contrário, correspondia ao

demandas epistêmicas contemporâneas de Freud. Tivemos que explicar o

fenômenos psíquicos, discernindo os processos ocultos neles e, posteriormente,

identificar as leis que teriam sustentado esses fenômenos. O empirismo de

O tempo de Freud é um modo de pensar causalista. A reivindicação de um

ciência da natureza pela psicanálise freudiana coincidiu com a formação


universidade de seu criador.

Com efeito, razões históricas permitem afirmar o projeto

O cientista freudiano à imagem das ciências naturais: a) a psicanálise tem por

objetivo de constituir uma "psicologia científica" na tradição da

14 A essência dessa posição pode ser encontrada no artigo de Freud intitulado “Algumas
lições elementares de psicanálise” onde ele explica “a natureza do psíquico” Sigmund
FREUD, Complete Works, vol. XX, Paris, PUF, p. 309-315.

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Herbart em Wundt15 ; b) sob a influência de Ernst Brücke16, mestre de Freud em


a Universidade de Viena, Freud aderiu ao movimento médico como

Ciência; c) Freud favoreceu um fisicalismo (as únicas explicações de

fenômenos são materiais) procurando fenômenos psíquicos de acordo com

uma lógica de decomposição17 (daí o nome “ psicanálise ”); e D)

a objetividade de uma busca de fenômenos deve recusar explicações

metafísico no sentido de Ernst Mach18, outra figura central para Freud.

Em um de seus primeiros ensaios científicos, Freud explica19 :


Temos procurado trazer a psicologia para o quadro das ciências
natural, isto é, representar os processos psíquicos como estados
quantitativamente determinada de partículas de material distinguíveis, a fim de
torná-los óbvios e indiscutíveis.

Este projeto científico não é um simples empirismo, mas a construção de um

ciência da natureza que postula conceitos claros para colocá-los à prova

posteriori em dados empíricos (a clínica serve para cumprir esses conceitos

criado)20 :

Como o exemplo da física ensina vividamente, mesmo o "


conceitos fundamentais" que foram fixados em definições passam por uma
conteúdo em constante mudança.

E Freud continua21 :

Aplicamos não apenas ao nosso material de experiência certos


convenções, na forma de conceitos fundamentais, mas usamos

15 Paul-Laurent ASSOUN, Introdução à Epistemologia Freudiana, op. cit., pág. 130-144 e Darian LEADER e Bernard
BURGOYNE, “Freud and his scientific backgrounds” in La question du gender, Paris, Payot, 2001, p. 227-266.

16 Paul-Laurent ASSOUN, ibid., p. 99-129.


17 Ibid., pág. 51-64.
18 Ibid., pág. 73-89.
19 Sigmund FREUD, “Esboço de uma psicologia científica” em O nascimento da psicanálise, Paris, PUF, 2009, p.
314.
20 Sigmund FREUD, “Drives and destinies of drives” in Complete Works, vol. XIII, Paris, PUF, 2005, p. 165-166.

21 Ibid., pág. 167.

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também muitos pressupostos complicados para nos guiar


a elaboração do mundo fenomenal psicológico.

Esta Naturwissenschaft (ciência da natureza) da psicanálise é definida em


oposição às “ciências da mente” (Geistewissenschaften) e às “ciências
humanas (Humanwissenschaften). No tempo de Freud, as ciências da mente e
as ciências humanas estavam ligadas às disciplinas cujo objeto de estudo
Cultura/Civilização (Kultur) ; mas diferiam das ciências da
natureza cujo objeto de estudo era a própria Natureza. Essa distinção entre a ciência
da natureza e das ciências da mente foi capital na pesquisa universitária
germânica na época. Mesmo que a psicanálise freudiana estivesse interessada no
cultura e civilização, seu campo de estudo epistemologicamente permaneceu aquele
das ciências naturais. Esta é a segunda tese de Assoun sobre Freud: a

a psicanálise como ciência, em última análise, pertence ao campo das ciências


natural.

Essa posição se baseia na distinção entre hermenêutica – o ponto


fundamental para o método das ciências humanas ou ciências da mente – e
significado. Assim, o título "A Ciência dos Sonhos" de Freud deve ser traduzido
não como " a interpretação dos sonhos", mas como "o significado de
sonhos” (Traumdeutung). A interpretação visa o sentido – oculto ou
hermenêutico –, enquanto a significação é efeito de encadeamento. Usando
essa distinção, Assoun23 afirmou que Freud toma como método de interpretação
sonha um modelo químico, uma espécie de construção quase linguística de
radicais químicos. Em outras palavras, o modelo de interpretação é um efeito de
significado usando sintaxe. Não há significado oculto, mas um
significado que ocorre através da decifração. Assim, a interpretação dos sonhos por
Freud está mais próximo da decifração dos hieróglifos por Champollion do que a
descoberta de um significado oculto através da hermenêutica. De fato, Champollion

22 Paul-Laurent ASSOUN, Freud e as ciências sociais. Psicanálise e teoria da cultura, Paris,


Armand Colin, 2008, p. 23-38.
23 Paul-Laurent ASSOUN, Introdução à Epistemologia Freudiana, op. cit., pág. 42-43.

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descobriu a chave para resolver o enigma da pedra Rosseta. Seu significado vem

ler hieróglifos como uma sintaxe em vez de um simbolismo no

imagens, ou seja, como significado hermenêutico escondido em símbolos.

Segundo Assoun, a interpretação em Freud é uma explicação no sentido

das ciências naturais, porque carrega uma causalidade semiológica24, ou seja,

como efeito da sintaxe. Assoun afirma que a compreensão hermenêutica

exigido pelas ciências da mente ou as humanidades não é útil para

"interpretar" um sonho. Ele também defende a ideia de que Freud se baseia em uma causalidade

semiologia para decifrar os sonhos simbolizando suas imagens. Este ponto é

crucial para compreender o projeto matematizante e formalizador de Lacan : o

matemática tornam possível lidar com sonhos (e outras formações de

inconsciente) de uma forma mais parecida com a física (o senso de

sonhos como o significado de um vetor) mais do que à hermenêutica (encontrar significado

escondido).

É nessa capacidade que Freud inventou sua "metapsicologia" como

paralelismo das ciências naturais. A psicanálise é para Freud uma forma

explicação e compreensão dos fenômenos psíquicos em termos de

lugares, forças e quantidades. Freud adere aos ideais científicos com a ajuda de

metapsicologia, isto é, explicando a fenomenologia psíquica

termos tópicos (lugares), dinâmicos (forças) e econômicos (quantidades)25 :

Proponho que falemos de uma apresentação metapsicológica quando


conseguir descrever um processo psíquico de acordo com suas relações dinâmicas,
tópica e econômica.

Tudo acontece como se Freud tivesse criado o modelo de uma representação

vetor das formações do inconsciente (testemunhas,

sintomas e sonhos), ou seja, fenômenos do inconsciente. Freud tem

nomeou como "apresentação metapsicológica" essa forma de

24 Ibid., pág. 44.


25 Sigmund FREUD, "O Inconsciente" em Obras Completas, vol. XIII, Paris, PUF, 2005, p. 223.

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dados e conceitos. Estabelecerá um sistema de coordenadas que

dirigirá sua pesquisa e sua prática. Segundo Freud, esta apresentação e esta

explicação dos fenômenos psíquicos em termos econômicos, dinâmicos e

temas, dá à psicanálise a imagem de um modelo fisicalista. O

metapsicologia dota a psicanálise de recursos que condicionam seu acesso

ao status de disciplina científica. A metapsicologia tenta cristalizar

todos os desenvolvimentos feitos por Freud antes da invenção do

psicanálise e constitui seu núcleo teórico. É a parte fundamental de

esta ciência dos processos inconscientes, constituída com base em

experiência clínica, outro nome para a psicanálise, mesmo que não

não cobre toda a sua extensão.

Quantidades, forças e lugares são ficções úteis para explicar

da entidade psíquica central: o inconsciente. Embora este fato seja paradoxal,

Freud sugere, em carta endereçada a Einstein, que na física a situação


é semelhante26 :

Talvez você sinta que nossas teorias são algum tipo de mitologia,
neste caso, uma mitologia nem sequer alegre. Mas todos
a ciência natural não equivale a tal tipo de mitologia? Você vai
hoje de forma diferente para você em física?

Freud refere-se, é claro, a objetos cuja existência é apenas

suposto como o átomo ou o buraco negro, mas cuja criação ficcional, para

tempo, nos permite compreender certos fenômenos da física: gravidade,

resistência elétrica ou reações químicas27. Na psicanálise há

26 Sigmund FREUD, “Por que a guerra? em Obras Completas, vol. XIX, Paris, PUF, 2004, p. 78.
27 “Os fenômenos estudados pela psicologia são em si tão incognoscíveis quanto os das outras ciências,

química ou física, por exemplo, mas é possível estabelecer as leis que os regem e observá-los em larga
escala e sem lacunas as relações recíprocas e interdependências. Isto é o que se chama adquirir a
“compreensão” desta categoria de fenômenos naturais; requer a criação de novas hipóteses e conceitos; no
entanto, estes não devem ser considerados como prova do constrangimento em que nos encontraríamos,
mas como um enriquecimento do nosso conhecimento. Eles devem ser vistos à mesma luz que as hipóteses
de trabalho normalmente usadas em outras ciências naturais e receber o mesmo valor aproximado. É a partir
de experiências acumuladas e selecionadas que esses

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dois movimentos que marcam sua cientificidade: a consideração de uma


transobjetividade do inconsciente (como o átomo na física) e o tratamento
através da linguagem científica. Metapsicologia é o nome dessa
segundo movimento.

O inconsciente seria o objeto transobjetivo que a metapsicologia teoriza


orientar a clínica. Tal teorização percebe os processos
inconscientes que operam além da consciência. Freud conceberá o
psicanálise como conhecimento, como a ciência, que se desenvolve pouco a pouco
no decorrer de sua pesquisa. O progresso explicativo da metapsicologia pode
nos remete a um estado anterior de sua explicação como um fenômeno que
deve, por sua vez, ser entendido: "explicação é um processo
aproximações muito mais do que atribuir uma causa ”29. Metapsicologia
atua nessa busca, nessa busca, como uma ferramenta que serve para
quebrar o sistema psíquico, como faria a anatomia operando no
corpo na medicina. Esta é, portanto, a terceira tese de Assoun sobre Freud: a
a "metapsicologia" cumpre o ideal científico freudiano ao explicar
processos cientificamente inconscientes.
Por fim, a quarta tese fundamental descrita por Assoun trata da
problema da concepção do mundo segundo Freud. A formação científica de
Freud lhe permite opor a psicanálise a uma concepção do mundo. que
Weltanschaung30, em filosofia, pretende dar uma explicação global da
coisas existentes. Por outro lado, a ciência tem uma vocação fragmentária buscando
compreender de forma particular e não global um conjunto de

as premissas aguardam suas modificações e suas justificativas, bem como uma determinação mais
precisa. Como nos surpreender se os conceitos fundamentais da nova ciência (pulsão, energia
nervosa etc.) e seus próprios princípios permanecem tão indeterminados quanto os das ciências
mais antigas (força, massa, atração etc.)? » Sigmund FREUD, « Resumo da psicanálise » em Obras
Completas, vol. XX, Paris, PUF, p. 248-249.
28 “O progresso no trabalho científico ocorre exatamente como na análise”

Sigmund FREUD, “ Lição XXXV: De uma visão do mundo” em Obras Completas, vol. XIX, PUF, Paris,
1995, p. 259.
29 Paul-Laurent ASSOUN, Psicanálise, op. cit., pág. 440.
30 Termo alemão para “visão de mundo” ou “visão de mundo”.

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fenômenos observados no Universo. Freud assim o expressou em uma palestra nos


Estados Unidos31 :

Como ciência especializada, um ramo da psicologia – a psicologia da

profundezas ou psicologia do inconsciente – é absolutamente inadequado para

formar uma visão do mundo próprio, deve admitir a do


Ciência.

Para continuar assim32 :

A psicanálise, a meu ver, é incapaz de criar uma visão de mundo que

seja particular. Ela não precisa disso, ela faz parte da ciência e pode

se relacionam com a visão do mundo científico.

Segundo Freud, a única Weltanschaung em que a psicanálise pode se encaixar é uma

visão científica do mundo, embora fragmentária. Esta especialização

da ciência, esse conhecimento em formação cuja vocação é funcionar como

trabalho em andamento, é solidário com a incapacidade de fornecer qualquer visão global

do mundo. Quando Freud adere ao ideal científico, ele também combate as visões

do mundo da estética, religião ou ideologia. A posição

A ciência freudiana pode ser resumida na seguinte frase: seria necessário

renunciar à totalidade para acessar a verdade.

Em suma, para Freud a psicanálise é importante apenas em

horizonte da ciência (1ª tese), porque como ciência pertence ao

ciências naturais (2ª tese). A psicanálise segundo Freud atinge seu ideal

ciência através da metapsicologia (3ª tese), algo importante para

ele, porque a ciência rejeita todas as concepções do mundo (4ª tese).

Essas quatro teses resumem a formulação e mesmo a ambição científica da

psicanálise em Freud. É fácil dizer que isso

A ambição científica freudiana corresponde a uma busca pela legitimação da

31 Sigmund FREUD, “Lição XXXV: De uma visão do mundo” em Obras Completas, vol. XIX, PUF, Paris, 1995, p. 242.

32 Ibid., pág. 267.

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a psicanálise, situando-a nesse campo do saber. Tal impressão é

mais forte se pensarmos que Freud escolheu o ideal das ciências naturais,

conhecido pelo seu rigor, em vez do ideal das humanidades.

No entanto, a estratégia freudiana de optar pela ciência em vez de

filosofia ou literatura (as duas disciplinas onde o conceito de

o inconsciente foi usado), por exemplo, tem efeitos epistemológicos. Com efeito,

Freud se orienta sob a égide das ciências naturais para colocar os conceitos

psicanalítica e a hipótese do inconsciente para abordá-lo

empiricamente. O exemplo da metapsicologia é o mais forte e mais

convincente. Em suma, para Freud as ciências fornecem à psicanálise um

orientação rigorosa para desenvolver uma bússola que dê direção

a clínica. A ciência também permite descartar o conceito de inconsciente, um conceito


central para a fundação da psicanálise, da apropriação que a
filosofia e literatura. Apropriações românticas do conceito de

inconsciente através da literatura, através da filosofia ou

pela hermenêutica das ciências humanas são evitadas pela inscrição do

psicanálise entre as ciências naturais.

Não ousamos afirmar que Freud é um partidário que escolhe a ciência

contra as "ilusões" da religião. Basta ler sua 35ª palestra

introdutor da psicanálise para perceber isso. Nesse sentido, não é

falso afirmar que Freud permanece no projeto filosófico do esclarecimento, tendo


identificou a dominação da ciência com o reino da razão, mesmo que o

razão que a psicanálise dá conta é outra razão, diferente ou

estranha à filosofia ou às ciências existentes.

No entanto, os pós-freudianos pagaram o preço da hipoteca freudiana

quando Freud escolheu o campo da ciência como o ideal. O primeiro

gerações de psicanalistas foram capturadas pelo horizonte do ideal


científico, para rejeitá-lo mais tarde ou para inserir a psicanálise

nas humanidades. Mesmo que alguns pós-freudianos quisessem ficar em

fora da ciência, eles não conseguiram sair de sua sombra, porque foram capturados

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pela reação que tiveram diante dessa ciência: eles achavam que o

psicanálise como um ofício do inconsciente ou como uma filosofia do

vida – portanto, uma Weltanschauung.

O ideal científico freudiano visa uma integração total

psicanálise à ciência. No entanto, a psicanálise e a ciência não

não cobre. Felizmente, há algo irredutível: o inconsciente

não é tão fácil de dominar. Freud subverteu os modelos científicos e

razão baseada nas luzes da modernidade para acessar o seu inédito. É sobre

de uma "razão de fronteira" ou "razão de fronteira" para emprestar o termo de

filósofo Eugenio Trias33. Lacan, por sua vez, encontra em Freud uma razão

que muda as coordenadas do pensamento; é o materialismo da letra; a

título de sua escrita é eloquente: "a instância da carta no inconsciente ou

razão desde Freud”. Assim, Freud, por meio de suas inquisições, descobre

algo que vai além de seus próprios métodos, levando-o além de sua
expectativas.

Isso vai além do modelo científico tradicional em Freud

permite fazer perguntas relacionadas à ciência,

religião, filosofia e arte. Traços na herança freudiana fazem

possível uma investigação diferente na obra de Lacan nestas disciplinas para

trazer à psicanálise o que lhe pertence de direito. Para curtir isso

património, é essencial ter em conta as origens científicas do

psicanálise e as operações realizadas por Freud dentro da ciência,

filosofia, arte e religião.

1.1.2. A garra científica freudiana: física “metapsicológica” e química “sintática”

De acordo com o que dissemos, o psicanalista, segundo Freud, pensaria como

um físico e agiria como um químico. Por quê ? epistemologia e

metodologia do psicanalista se aproximam das da física pelo

33
Eugenio TRÍAS, La razón fronteriza, Madrid, Destino, 1999.

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forma de apreender um caso clínico ou criando conceitos repletos de

conteúdo clínico, ou seja, há uma maneira "física" de pensar sobre

clínico (tempo para refletir sobre um caso); é o que Freud chama de

metapsicologia. Assim, no momento da abordagem prática, o psicanalista

parece um químico: ele decompõe complexos químicos (isso é análise)

seguindo as leis "sintáticas" da química para encontrar os elementos mais simples

(radicais). Na época, a química era essencialmente a ciência da

análise, como indica a definição clássica dada por Lavoisier34 :

A química, submetendo os diferentes corpos do

objetivo da natureza é decompô-los e colocar-se em posição de examinar

separadamente as diferentes substâncias que entram em combinação.

É surpreendente que os modelos para lidar ou mesmo interpretar as "formações

do inconsciente" freudiano (sonhos, chistes, sintomas e atos

perdido) referem-se à química e decifração de hieróglifos feita por

Champollion. Ambos, Champollion e Freud, contam com a sintaxe

(linguística), um para decifrar hieróglifos e outro para decifrar

sonhos. Assim, o método usado por Champollion para decifrar a linguagem do antigo Egito

não era interpretar imagens como símbolos, mas

considerá-los como fonemas ou letras formando uma sintaxe,

ou seja, uma frase composta de imagens (cada imagem sendo uma letra). Do

da mesma forma Justus von Liebig, fundador da química orgânica,

pensava a química como uma sintaxe feita de elementos químicos35 :

Não apenas os corpos diferem em sua natureza, mas suas propriedades diferem.
também modificar de acordo com os vários arranjos que sofrem. Na linguagem
particular que os corpos nos falam, encontramos, como em qualquer outro
linguagem, artigos, casos, todas as flexões de substantivos e verbos;
há até um grande número de sinônimos... Conhecemos o

34 Paul-Laurent ASSOUN, Introdução à Epistemologia Freudiana, p. 54.


35 Justus von LIEBIG citado por Paul-Laurent ASSOUN, Introdução à Epistemologia Freudiana, p. 62.

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significado de suas propriedades, ou seja, palavras ditas pela natureza, e


para ler essas palavras, usamos o alfabeto que aprendemos.

A química, como a decifração dos hieróglifos, tem uma epistemologia e uma


metodologias análogas às da linguística. Em suma, a metapsicologia inspirada na

física, e a interpretação extraída da "causalidade

semiologia ”36 da química são os dois eixos das pinças científicas


em que Freud se baseia. Esses dois ramos pertencem às ciências da

natureza, ou seja, o horizonte científico de Freud.

1.1.3. Matematização e topologia em Freud.

Como discutimos na primeira parte deste capítulo, o único horizonte

da psicanálise poderia ser o da ciência sob o ideal das ciências da

Natureza. Inúmeras passagens, citações e referências de Freud atestam isso.


No entanto, há autores que resistem a várias leituras, pois suas

proposições vão além de seu próprio ato de enunciação: suas palavras vão além

de seu pensamento. Nesta parte do texto queremos enfatizar como,

A partir da leitura de Lacan, pode-se encontrar um pensamento topológico e

matemático em Freud. Esta é uma leitura borgiana que mostra que


Kafka criou seus próprios precursores37, ou seja, pode-se ler após o fato um

pensamento topológico em Freud a partir de Lacan.


De fato, Freud é um exemplo de enunciação excessiva que

suporta uma leitura “matemática”. Ele não é coincidência, mas graças ao


características matemáticas já feitas na obra freudiana. UMA
"excesso de enunciação" em Freud implica que, mesmo que ele quisesse fundar a

36 Ibid., pág. 42-43.


37 “O poema Fears and Scruples de Robert Browning anuncia o trabalho de Kafka, mas nossa leitura de Kafka
enriquece e distorce significativamente nossa leitura do poema. A palavra precursor é essencial ao vocabulário
crítico, mas deve ser purificada de qualquer conotação de controvérsia ou rivalidade. O fato é que cada escritor
cria seus precursores. Sua contribuição modifica nossa concepção do passado e do futuro” Jorge Luis Borges,
“Kafka e seus precursores”, “Outras inquisições” em Obras Completas, Paris, Gallimard, 1993, Vol. eu, pág. 753.

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psicanálise no horizonte das ciências naturais, há "ditos" que

vá além do que ele quis dizer. De fato, uma das tarefas do psicanalista é

ler os rastros que transbordam o dizer do analisando. Uma das questões que podem ser lidas

no "retorno a Freud" lacaniano é justamente encontrar em Freud algo

algo que o ultrapasse.

De fato, podemos encontrar graças a Lacan os traços de um Freud que

“matematiza” e que pensa de forma geométrica, até topologizada; de

exemplo quando Freud usa metáforas ópticas para projetar o dispositivo

psíquico38 :
A idéia assim colocada à nossa disposição é a de uma localidade psíquica.
Deixaremos completamente de lado o fato de que o aparato animista do qual ele
aqui também é conhecido por nós como preparação anatômica e evitará
cuidadosamente a tentação de determinar a localidade psíquica de qualquer maneira
nada anatômico. Ficamos no terreno psicológico e ouvimos
segue apenas o convite para nos representar o instrumento que serve ao
operações da alma como, por exemplo, um microscópio composto de vários
peças, uma câmera, etc. A localidade psíquica corresponde então a
um lugar dentro de um dispositivo onde ocorre uma das etapas preliminares da imagem
produtos. No microscópio e no telescópio, essas são, como sabemos, localidades
parcialmente ideal, regiões onde nenhuma parte constituinte está localizada
concreto do dispositivo. Considero supérfluo procurar exonerar-me de
imperfeições dessas imagens e todas as imagens semelhantes. Essas comparações
estão lá apenas para nos apoiar em uma tentativa que nos comprometemos a

tornar compreensível a complicação do funcionamento psíquico


quebrar esta operação e atribuir a esta ou aquela parte
constituinte do aparelho tal ou tal operação.

O que é interessante nesta passagem é a conexão entre metáforas ópticas

espacializar, apesar das explicações anatômicas. Este uso espacial

38 Sigmund FREUD “A interpretação dos sonhos” em Obras Completas, vol. IV, Paris, PUF,
2003, p. 589.

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da ótica concebida por Freud nos adverte e nos preserva de uma ontologização do

o aparelho psíquico; ontologização, aliás, cometida por vários

pós-freudianos quando imaginam o referido aparelho como um modelo da mente ou


do cérebro (com funções reais, neurônios ou sinapses). Não é suficiente de um

espacialização para concluir que realmente existe um pensamento topológico. Ele é


necessário que haja uma espacialização que inclua as relações desses elementos
espacializada como se vê em Freud.

Essa espacialização e suas relações entre os elementos, uma verdadeira

topologia39, nos impedem de conceber instâncias psíquicas freudianas


(inconsciente, consciente e pré-consciente ou ego, superego e aquilo) como algo

algo anatomicamente localizável ou situável dentro da mente40 :


Representamos, portanto, para nós mesmos o aparelho psíquico como um instrumento
composto cujas partes constituintes chamaremos de instâncias, ou, para
melhor visualizar, sistemas. Esperamos então que esses sistemas
talvez tenham uma orientação espacial constante em relação ao outro, uma
assim como os vários sistemas de lentes do telescópio estão localizados um
atrás dos outros. Estritamente falando, não precisamos fazer
a hipótese de um ordenamento efetivamente espacial dos sistemas
psíquico.

Dentro do aparelho psíquico existem apenas instâncias ou sistemas que

ordenar e organizar percepções ou estímulos psíquicos como

as lentes transformam a luz entre a objetiva (entrada) e a ocular (saída)

de um microscópio: o aparelho psíquico funciona exatamente da mesma maneira.


Também é possível procurar vestígios de tal "relocação"

físico ou orgânico do aparelho psíquico em Freud já em 1891. Ele introduziu

em seu estudo sobre afasia o termo "aparelho de linguagem" para fazer uma

39 O nome “geometria da borracha” vem justamente da ideia de que mesmo que a figura
geométrica mude, seus elementos mantêm suas relações originais. Por exemplo, uma
xícara tem a mesma relação topológica entre seus elementos como um toro, rosquinha ou linha de vida.
Digamos que a topologia estude a continuidade ou descontinuidade entre as relações de lugar entre seus
elementos levando em consideração sua deformação geométrica.
40 Idem., pág. 590.

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distinção entre lesões orgânicas e disfunção de linguagem:


existem afasias orgânicas e afasias por funcionamento (que
explicada por um “aparelho de linguagem” e não por uma lesão orgânica)41.
O aparelho psíquico, anímico ou de linguagem, em Freud, é uma ferramenta para
explicar fenômenos psíquicos ou afasias em termos de
funcionamento e não uma forma de ontologizar ou localizar
biologicamente a mente.
Podemos encontrar em Lacan uma amplificação mais complexa e
da espacialização do aparelho psíquico como tarefa desbiologizante
da psicanálise. O modelo óptico42, por exemplo, é o resultado mais conhecido
e importante para esta tarefa.
Em um artigo bastante detalhado, intitulado Freud and his backgrounds43, Darian

Leader e Bernard Burgoyne desafiam o "mito" em torno da influência do


"a escola de Helmholz". Para eles, esta tese é insustentável, embora tenaz e
persistente44. Em contraste, eles encontram uma maior influência de Herbart
que "introduziu a noção de que a estrutura da mente subjacente à
produção das qualidades da experiência, pertence à linguagem matemática .
A contribuição mais significativa de Herbart para a filosofia e a psicologia
científica, segundo os autores, terá sido a de introduzir as formulações
matemática das propriedades espaciais da estrutura psíquica.
O perigo é concluir que Freud foi simplesmente um "aluno"
de Herbart ou a escola de Helmholtz. Esse é sempre o problema com o
busca por “antecedentes” ou “precursores” através de uma teoria ou
com um autor. Não procuramos aprofundar esta questão. Nós

41 Sigmund FREUD, Contribuição para a concepção da afasia, Paris, PUF, 2009.


42 Nesse modelo, e até sua natureza ótica, seguimos apenas o exemplo de Freud, exceto que ele nem sequer nos
oferece material para evitar possíveis confusões com algum diagrama de uma via de condução anatômica” Jacques
LACAN, “Nota sobre o relatório de Daniel Lagache” em Escritos, Paris, Seuil, 1966, p. 674.

43 Darian LEADER e Bernard BURGOYNE, op. cit., pág. 227-266.


44 Esta tese se opõe à de Assoun que fala de um modelo herbartiano para a dinâmica e de um modelo helmolziano
para a economia. Veja Paul-Laurent ASSOUN, Introdução à Metapsicologia Freudiana, Paris, PUF, 1993.

45 Ibid., pág. 240.

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quero dizer que há indícios de uma matematização em Freud que são


lido por Lacan. Também queremos ir mais longe e considerar as razões e
efeitos de tal formalização matemática em Lacan. Uma leitura não

anatomia do aparelho psíquico é apenas um exemplo do potencial anti-


metafísica que Lacan encontra em Freud. Contra a leitura heideggeriana,
que considera matemática e técnica iguais, Lacan
em matemática, porque ele acredita que eles realmente pensam, mesmo que eles
formular novos pensamentos.

1.1.4. conclusões freudianas

Desdobramos as quatro teses da relação entre psicanálise e


ciência em Assoun, a saber: a) a ciência é uma condição necessária para
definir psicanálise; b) a psicanálise é uma ciência natural; c) o
A metapsicologia dá uma explicação científica dos processos de
o inconsciente; d) todas as ciências rejeitam visões de mundo e
a psicanálise não é exceção.
Freud começou dando os fundamentos necessários que visavam
rigor exigido pelas circunstâncias de seu tempo. Este passo permitiu-lhe
cruzar campos como literatura, filosofia e religião para
antecipar hipóteses aventureiras. Em outras palavras, de um ângulo
científico, Freud explorou os territórios da religião, da arte e da
filosofia para produzir hipóteses aventureiras e cruciais para o
clínico. Por exemplo, a relação entre o superego e o imperativo categórico
Rituais kantianos, religiosos e sua semelhança com rituais neuróticos
obsessivos ou o papel da fantasia na poesia. Apesar disso, o papel de
a inclusão da psicanálise entre as ciências naturais permite
separar o conceito central do inconsciente dos da filosofia, o
metafísica ou literatura.

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Após essas quatro teses fundamentais sobre a ciência em Freud,


mostrou uma espécie de “pinça” científica. De fato, por um lado, Freud

concebe sua metapsicologia no modelo da física, formulando-a em


termos econômicos, tópicos e físicos, ou seja, no ideal físico de

vetorizar magnitudes, medir quaisquer quantidades e


espacializar as relações entre os elementos. Por outro lado, Freud formulou a
formações do inconsciente e a prática psicanalítica no modelo da química. Por

sua vez, a química, baseada no rigor científico da linguística


na medida em que as combinações de radicais químicos e seus

as nomenclaturas seguem a lógica da sintaxe linguística. Os treinamentos de


inconsciente em Freud segue o modelo da química, que é um modelo

linguística, isto é, sintática. Esse "grampo científico" permite que Freud


tomar, ou melhor, construir o objeto da psicanálise (o inconsciente) e
maneira de lidar com isso. Em outras palavras, um conceito como o inconsciente
pode ser projetado por conta própria, mas com a ajuda de um complexo de conceitos e práticas

que só são possíveis pelos modelos químicos e físicos que Freud


importado da ciência. Assim, formulamos este "grampo científico",

expresso na seguinte frase: o psicanalista pensaria como um

físico (metapsicologia) e ele agiria como um químico (interpretar o


formações do inconsciente).
Por fim, encontramos em Freud traços e elementos

matemático e topológico na forma como ele formula o aparato


psíquico em termos ópticos e no modelo neurológico com o que Lacan
vai nomear “as letrinhas”. Essas concepções ópticas do aparelho psíquico

prevenir uma ontologização e uma biologização da mente.


Em Freud, podemos ler um interesse em inscrever a psicanálise na

campo da ciência, não apenas como estratégia de legitimação


psicanálise, mas também como forma de deixar de lado a psicanálise
concepções filosóficas, literárias e metafísicas do inconsciente.
Da mesma forma, a abordagem científica de Freud à psicanálise pode

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da maneira de conceber e tratar o inconsciente (o psicanalista


pensa como um físico e age como um químico). Embora o ideal
O cientista freudiano é empírico, é possível localizar vestígios
matemática e topologia em sua teoria. Esses traços topológicos e
matemática na forma de um modelo óptico ou físico do
a metapsicologia está fora do âmbito da ciência empírica. Então é
possível antecipar teses matematizantes e topológicas em Freud. De
Por exemplo, esses rastros permitirão também a Lacan seguir os rastros
freudiana do que prolongar a psicanálise freudiana e formalizar
certos elementos de sua psicanálise.
Além do papel da ciência em Freud, é importante enfatizar que
a concepção freudiana de ciência permanece empírica. Para Freud, a ciência
envolve um papel tradicional em que a psicanálise é obrigada a se submeter
ideal científico: a psicanálise é uma prática regida por leis e
teorias que devem ser verificadas, por sua vez, pela prática.

1.2. A relação entre ciência e psicanálise em Lacan.

A psicanálise não implica nenhum outro sujeito além do


sujeito da ciência.
–Jacques Lacan, Ciência e Verdade

A posição de Freud em relação à ciência é completamente diferente da


a de Lacan. Freud partiu de uma exigência imperiosa de explicar um
clínica inédita da qual construiu os princípios e sobre a qual construiu
seu método. Freud dedicou toda a sua vida à construção de uma teoria, um

conjunto de conceitos, que lhe permitiu estabelecer e relatar


experiência psicanalítica. Vimos que em Freud a ciência permanece
horizonte de um ideal, horizonte marcado pelo projeto freudiano de dar status

46 Jacques LACAN, “Ciência e Verdade” em Escritos, op. cit., pág. 861.

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cientista em psicanálise. É Sidi Askofaré quem descreve com precisão a

reação global contra esse ideal freudiano de cientificidade47 :

Ignorância ou desdém da maioria dos cientistas, críticas duras, sarcasmo


ou rejeição de muitos epistemólogos, psicologização de parte do
psicanálise através de um esforço desesperado de objetivação e a tentativa de
verificação de proposições psicanalíticas ou declarações de dispositivos
observação ou experimentação, retirada fria de boa parte do
analistas na "clínica" a ponto de transformar a formação em iniciação,
que constitui, no mínimo, um retorno a um status pré-científico.

É provável que esse diagnóstico tenha sido antecipado por Lacan. É para isso

razão que ele teria inventado outra ligação entre a psicanálise e a ciência. Como

já avançamos, Lacan foi tão amplamente influenciado por seu antigo

mestres epistemólogos que ele mais tentou encontrar as bases epistêmicas

exclusivo da psicanálise. Lacan está constantemente em discussão com Freud, não

apenas no ponto da cientificidade da psicanálise, o ideal ao qual Lacan

renunciará, mas nas questões mais amplas de sua relação com a religião,

filosofia e outros conhecimentos. Digamos que haja uma tensão entre o campo

O campo freudiano e o lacaniano em relação a essa articulação.

Ainda que existam teses contraditórias e antagônicas em Lacan, essa

o que nos interessa é o movimento geral e certas etapas de seu pensamento. Dentro

em todo caso, podemos discernir que a ciência em Lacan (e em Freud) é uma

interlocutor privilegiado para a psicanálise. Para Lacan, a ciência desempenha um papel

decisivo para a formulação do inconsciente em termos linguísticos. A definição

“o inconsciente se estrutura como uma linguagem ”48 deve sua existência ao projeto

Saussuriano49 para a cientificização da linguística. Achamos que o

o método científico é uma referência determinante na psicanálise.

47 Sidi ASKOFARÉ, De um discurso ao Outro. Ciência testada pela psicanálise, Toulouse, Presses
Universitaires de Mirail, 2013, p. 22.
48 Jacques LACAN, O Seminário. Livro 3: as psicoses [1955-1956], Paris, Seuil, 1981, p. 20.

49 Fernando de Saussure (1857-1913).

91
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Além disso, Lacan renovou a psicanálise ao expô-la à

conhecimento mais radical de seu tempo. Ele propôs desde o início de sua

ensinando uma rearticulação entre ciência e psicanálise e uma revisão

psicanálise por novos ângulos. Se a relação com a ciência em

Freud foi mais "clássico" e contínuo ao longo de sua vida, encontramos em

contrastam em Lacan uma relação mais heterodoxa, cambiante e povoada por

quebra dentro de sua teoria. Isso não significa que haja descontinuidade

entre Freud e Lacan, mas sim que Lacan se aprofundou em certos problemas

que Freud havia levantado em sua própria pesquisa. Lacan, por sua vez,

postas em termos epistemológicos: teorias sexuais infantis ou a relação

entre ciência e religião, até mesmo a reintrodução do nome do pai na ciência. Do

Da mesma forma, Lacan desdobrou novos vínculos e problemáticas entre ciência e

psicanálise. Por exemplo, na obra de Lacan, a ciência foi convocada

como condição para a transmissão da psicanálise, para explicar

o advento do sujeito moderno (que é o mesmo sujeito da psicanálise),

para medir seu impacto em toda a cultura (aqui encontramos o

continuidade com Freud) e conceber o passe como verificação do ato

analítico.

Nesse sentido, podemos afirmar que em Lacan é mais importante e

produtivo abordar a ciência de uma forma epistemológica ao invés de

permanecer no questionamento do status científico ou não da psicanálise. Graça

aos seus antecedentes epistemológicos, Lacan foi capaz de abordar a ciência

considerando a matemática e a poesia como referências

a renovação da psicanálise. É esta reformulação da questão da

ciência em termos epistemológicos que lhe permitiram abrir um campo mais amplo

vasto: o papel da psicanálise na cultura e no contexto de uma

"civilização" científica. Para esta pesquisa, movendo a questão

ciência em termos epistemológicos nos permite pelo menos formular

a seguinte hipótese: é a matemática e a poesia em Lacan que

tornar possível a criação de uma nova "metafísica" de acordo com a

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desafios psicanalíticos colocados à filosofia. Em outras palavras, para esclarecer

A abordagem epistemológica de Lacan para a ciência nos permitiria

dimensionar o papel da matemática e da poesia em uma abordagem não

ontologizando campos mais amplos: religião, filosofia, arte, civilização, etc.,

mesmo que não seja o objetivo desta pesquisa.

Mesmo se descobrirmos afirmações contraditórias ou antagônicas

na relação de Lacan com a ciência, podemos organizar sua abordagem

de forma temporal. Askofaré50 reconhece em Lacan quatro etapas

importante para pensar a relação entre psicanálise e ciência, a saber: a) a

o campo científico como solo nativo da psicanálise; b) a exclusão interna de

psicanálise na ciência; c) a liberação de uma discursividade

cientista; e d) da escrita científica à topologia e à poesia. Nós

Seguiremos aqui Askofaré quando ele considerar a existência de quatro momentos decisivos do

vínculo entre ciência e psicanálise em Lacan; nesse sentido, para sustentar nossa

pesquisa, vamos desdobrar o aspecto matemático (formalizar) e

poético. Além disso, apontaremos em Askofaré outros pontos, não apenas

matemática ou poética, mas decisiva para nossa pesquisa.

1.2.1. O campo científico é o solo nativo da psicanálise: do empirismo


freudiano à formalização lacaniana (1953-1963)

A posição científica já está envolvida na parte mais íntima da descoberta


psicanalítica51.
–Jacques Lacan, Sobre o assunto finalmente em questão

Em 1953, Lacan apresentou sua comunicação no 1º Congresso da Société

Instituto Francês de Psicanálise, realizado em Roma nos dias 26 e 27 de setembro de 1953.

comunicação será publicada sob o título “Função e campo de fala e

linguagem na psicanálise ”52 e constituirá uma resposta às posições

50 Ibid. pág. 23-25.


51 Jacques LACAN, “Sobre o assunto finalmente em questão” em Escritos, op. cit., pág. 234.
52 Revue La Psychoanalyse, PUF, vol. 1, 1956, pág. 202-211 e 241-255. A primeira redação deste discurso pode ser
encontrada como "Discurso de Roma" na compilação póstuma Outros Escritos, cf. Jacques LACAN, Outros escritos,
Paris, Seuil, 2001.

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biólogos e médicos da Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP), em particular

ao de Sacha Nacht, responsável pelo Instituto de Psicanálise da SPP. Nisso

texto, Lacan esclarece pela primeira vez a problemática das relações entre

ciência e psicanálise. Lacan assume uma posição desbiologizante, antimédica

e contra a psicologização da psicanálise. Lacan, em um movimento que

(re)funda a psicanálise –é a era do retorno a Freud–, dota o inconsciente

de uma epistemologia linguística: ela submete o inconsciente à estrutura do

linguagem e empreende uma formalização da psicanálise. Neste texto que

abre seu ensino, Lacan renova os conceitos freudianos em sua

dando, por meio da linguística, um rigor que os formaliza.

É notável que o projeto "científico" de Lacan não coincida

com o ideal científico de Freud. No entanto, há uma continuidade entre o

A psicanálise freudiana e lacaniana ao nível de um projeto que trata da

psicanálise como um corpus teórico que visa dar conta do

rigorosamente. Lacan empreende o caminho da formalização dos conceitos e da doutrina

a psicanálise freudiana, dotando-os de uma estrutura linguística.

Lacan, como a maioria dos estudantes, seguidores e simpatizantes da

Freud, tentou levar adiante seu projeto de cientificização. De fato, Melanie

Klein, Donald Winnicott, Hans Hartmann e Michaël Balint, figuras marcantes

da psicanálise pós-freudiana, continuou no mesmo quadro

metapsicologia freudiana. Assim, estenderam o caminho aberto por Freud

registrando suas teorias seja nas ciências da vida, seja nas ciências

humano ou cultura (Theodor Reik, Otto Rank ou Karl Abraham, por

exemplo). No entanto, nenhuma dessas ciências estava sujeita à condição

formalizando a ciência como Koyré a descreveu. Por este motivo o

Os seguidores freudianos foram levados a favorecer a experimentação e

metodologia empirista do que a revisão conceitual e formalização do conhecimento

psicanalítico. Ao contrário desses herdeiros da psicanálise freudiana,

53 No capítulo anterior apresentamos a ideia do nascimento da ciência moderna sob a


condição de matematização em Galileu descrita por Koyré. Também desvendamos com
mais detalhes o papel da epistemologia francesa na psicanálise de Lacan.

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Lacan escolheu o caminho formalizante para realizar essa tarefa de cientifização

da psicanálise. Assim como Freud, ele toma o caminho da ciência, mas


na direção oposta, a do formalismo e não a do empirismo54 :

Se a psicanálise pode se tornar uma ciência - porque ainda não é -, e se


ela não deve degenerar em sua técnica - e talvez ela já tenha -, nós

devemos redescobrir o sentido de sua experiência.

O termo "experiência" não deve ser confundido com o de "sensação".

empírico. Segundo Lacan, a experiência psicanalítica não pode ser traduzida em


termos empíricos55 ou na forma de dados, deve ser formalizado. que

formalização inscreve a psicanálise no caminho científico56 dando-lhe rigor e


evitando a ingenuidade e os preconceitos do simples empirismo,
a importância de examinar os conceitos que orientam a prática57 :

Objetificação abstrata de nossa experiência em princípios fictícios, mesmo


simulações do método experimental: encontramos aí o efeito de preconceitos de que
devemos primeiro limpar nosso campo se quisermos cultivá-lo de acordo com sua
estrutura autêntica.

Esta última observação é importante para descartar o projeto de formalização de


Lacan dos empirismos “formalizantes” de Wilfred Bion no Reino Unido e de

David Maldavsky na Argentina58. De fato, esses dois psicanalistas dão uma

54 Jacques LACAN, “Função e campo da fala e da linguagem na psicanálise” em Escritos, op. cit., pág.

267.
55 Por exemplo: “Ainda usando seu favor para sustentar que as condições de uma ciência não podem
ser empirismo”. Jacques LACAN, “Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano”
em Escritos, op. cit., pág. 795.
56 "Este é o problema dos fundamentos que devem assegurar à nossa disciplina o seu lugar no

ciências: problema da formalização, na verdade muito mal engajado” Jacques LACAN, ibid., p. 284.
57 Idem.
58 O psicanalista argentino David Maldavsky criou um “instrumento para avaliar os desejos e as defesas”
do discurso do analisando (ele chama esse instrumento de “algoritmo de David Liberman”) enquanto
Wilfred Bion considera necessário um trabalho de abstração por meio de um modelo, feito de letras que
representam dados empíricos (uma epistemologia de uma “teoria do pensamento”). De sua parte, Bion
desenvolve uma teoria do pensamento diferenciando o “processo primário” do “processo secundário”
em vez de usar os termos “consciente” e “inconsciente”; Bion chama os processos primários e
secundários de “elementos alfa” e “elementos beta”, respectivamente. Esses elementos são representações
de impressões sensoriais (portanto, representações empíricas) expressas como letras

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formalização que pode ser descrita como empírica, porque essa formalização

envolve representações referenciais ou sensoriais, mesmo que não

apelo às letras, isto é, a uma formalização algébrica. Então esses tipos de

formalização permanecem em um quadro empírico com as consequências

concomitantes: uma abordagem representacionalista do tipo visual e uma teoria

referencial (representação de correspondência e realidade – consciente ou

inconsciente) 59. Lacan rompe com o empirismo e seu representacionalismo

(visual) com a ajuda do significante, que não deixa de ter sua estrutura60 :

A forma de matematização em que a descoberta do fonema se inscreve como


função dos pares de oposição formados pelos menores elementos
discriminadores apreensíveis da semântica, nos leva aos próprios fundamentos
onde a última doutrina de Freud designa, numa conotação vocálica do
presença e ausência, as fontes subjetivas da função simbólica.

A essência da formalização lacaniana é o trabalho sobre a literalização ou a

matematização da estrutura enquanto que para Maldavsky e Bion é uma

formalização pela literalização do empírico. Por outro lado, os significantes

(fonemas na citação anterior) têm como correlato necessário o

estrutura (pares opostos formados por elementos na citação). Para

Por isso, Lacan não formaliza os dados empíricos, mas a estrutura;

assim, a afirmação "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" assume toda a sua

amplitude: o inconsciente já está estruturado e não é um conjunto de imagens

sensorial inconsciente. Que a estrutura, portanto o inconsciente, pode ser formalizada

algébrico. Bion também criou uma "grade" para entender as leis e princípios abstratos dos
processos analíticos. Veja David MALDAVSKY, ADL Algoritmo David Liberman. Um
instrumento para a avaliação dos projetos e das defesas em discurso. Buenos Aires, Nova
Visão, 2013; Wilfred BION, Elements of Psycho-Analysis, Londres, William Heinemann, 1963; e, Marilyn CHARL
"Bion's Grid: A Tool for Transformation" no jornal da Academia Americana de Psicanálise,
fevereiro de 2002.
59 Esse ponto é muito importante, pois a teoria linguística subjacente a esses esforços
“formalizantes” é representacionalista, ou seja, a palavra tem uma correspondência com
a coisa (relação semântica). Enquanto Lacan diverge nos seguintes pontos: a) o
paradigma é bastante sintático (o sentido corresponde a uma cadeia significante) eb) o
importante não é o sentido produzido pela cadeia significante, mas os equívocos, algo
impensável nos paradigmas formalistas de Bion e Maldavsky.
60 Jacques LACAN, “Função e campo da fala e da linguagem”, em Escritos, Paris, Seuil,

1966, p. 284.

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implica a suspensão do pressuposto de uma relação referencial com a realidade ou

de uma teoria psicanalítica que teria como objetivo a representação

realidade do inconsciente. Além disso, esta formalização permite um relatório não

visual com a fala do analisando, porque o inconsciente não pode ser visto: pode ser lido. a

psicanalista escuta com "atenção flutuante" e se abstém de representar

visualmente a fala do analisando62. Além disso, a "tentação empírica" é,

em termos lacanianos, tomar a dimensão imaginária para a realidade, então

que a única forma de perceber a realidade é por meio da mediação simbólica63 ; a

a ingenuidade empírica se reduz essencialmente a isso.

A rejeição da ciência empírica e o distanciamento da ciência como

relação referencial com a realidade terá, portanto, a desbiologização do

psicanálise e uma oposição à sua medicalização. A importância de

retificação da inclusão da psicanálise nas ciências naturais e

seu empirismo ingênuo também tem o efeito de recusar a objetivação abstrata –

a ontologização do ser em termos heideggerianos – e lhe dá um

orientação não hermenêutica: ler o inconsciente ou desdobrar o inconsciente

61 Podemos encontrar essa ideia de distanciamento – por impossibilidade de acesso à realidade – em


benefício de uma cadeia simbólica em Freud, na forma de uma representação que é sempre uma
representação da representação. Ideia que Lacan retoma do psicanalista vienense: "Desargues está aí para
assinalar que, já no coração deste século XVII, toda essa geometria que ele apreendeu perfeitamente, essa
existência fundamental, por exemplo, de um princípio como o princípio da dualidade que significa
essencialmente por si só que os objetos geométricos são remetidos a um jogo de equivalência simbólica,
bem, com a ajuda simplesmente do uso mais simples das quantidades de perspectiva, encontramos isso
que, na medida em que é necessário distinguir este ponto sujeito, essa figura plana, o suporte plano, é
claro, eu sou algo que pode ser localizado a partir de um
uma via dupla que inscreve o sujeito na figura-plana que, por conseguinte, não é um simples envoltório,
uma ilusão, por assim dizer, desvinculada do que deve ser representado, mas constitui em si uma estrutura
que, de representação, é o representante ” Jacques Lacan citado por Jean-Pierre CLÉRO, “A utilidade da
matemática na psicanálise. Um problema de crestomatia psicanalítica” na resenha Essaim, n. 24, 2010, pág.
18. Os itálicos são do autor. Cléro também faz outra observação: “Um pouco mais adiante, enquanto M.
Foucault está presente no Seminário e acaba de publicar Les mots et les chooses, Lacan estabelece essa
conexão ainda mais explicitamente”, Idem.
62 Na mesma direção, o texto de Michel Foucault intitulado O nascimento da clínica afirma que a origem da
medicina moderna está intimamente associada à relação visual com o corpo.
A indicação é epistemológica e política. Desnecessário dizer que a psicanálise não tem uma relação médica
com os analisandos. Cf. Michel FOUCAULT, O nascimento da clínica. Uma arqueologia do olhar médico,
Paris, PUF, 1963.
63 “E disso se demonstra: que se funda uma certa rejeição da experiência à qual Freud se abandona aqui,

para ser o passo inaugural da ciência. Este é o passo que introduzimos na psicanálise ao distinguir o
simbólico do imaginário em sua relação com o real. (...) De fato, a estruturação simbólica, se encontra seu
material na separação do imaginário do real, torna-se ainda mais eficaz na separação do próprio real quando
se reduz à relação do significante com o sujeito” Jacques LACAN, “Sobre um silabário após o fato" em
Escritos, op. cit., pág. 720.

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do que descobrir um desejo oculto, decifrar uma mensagem que pode ser lida nas entrelinhas
em vez de encontrar um segredo escondido.

A formalização da estrutura é possível pela descoberta freudiana

formações do inconsciente, às quais Lacan prestou considerável atenção.

Essas formações são em si a estrutura do inconsciente e para isso

razão pela qual o projeto lacaniano de formalização (da estrutura) está em continuidade com

a de Freud. Em suma, esta formalização permite "ler" ou "ouvir"

inconsciente com a ajuda das formações do inconsciente.

É importante notar que a formalização da estrutura

não implica formular (aritmética, algébrica)64. Por exemplo,

as “fórmulas” da metonímia e da metáfora (A instância da letra)

dar uma apresentação algébrica ao que Freud concebeu como "trabalho

do inconsciente”. Outro exemplo, o gráfico do desejo (Subversão do sujeito)

mostra de forma "vetorizada" a dinâmica das formações de

inconsciente, dando-lhes uma estrutura e, ao mesmo tempo, sintetizando várias

Conceitos lacanianos retomando ideias freudianas. No gráfico do desejo,

existem notações quase algébricas, taquigrafias e letras que

literalizar conceitos freudianos e lacanianos. Na revista Cahiers pour l'analyse, fundada por

estudantes de Lacan na École Normale Supérieure, Ladrière escreveu que uma linguagem pode

ser formalizada 65 :

[...] quando está na forma de regras totalmente enunciadas, sem

ambiguidade e atendendo a critérios precisos de eficácia. A noção de eficácia


pode ser representado como manipulações formais, mas
pode-se dizer, intuitivamente, que corresponde a operações que ocorrem

de acordo com um esquema canônico e pode ser concluído em um tempo finito, do tipo
aqueles que uma máquina poderia alcançar.

64 Por exemplo, autores como Eidelsztein apresentam formalização e formulação como equivalentes. Alfredo
EIDELSZTEIN, Las estruturas clínicas de Lacan 1, Buenos Aires, Letra Viva, 2010, p. 113, 115, 123, 126, 128,
221 e 258. É nas páginas 20, 64 e 126 que podemos ver essa indistinção entre formalização e formulação.
Devo esta observação a Miguel Sierra.

65Jean LADRIERE, “O teorema de Löwenheim-Skolem” em Cahiers pour l'analyse, nº. 10, Paris O
Gráfico, 1969, p. 108.

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Há também a possibilidade de formalizar uma teoria, pois a teoria é uma aula


proposição particular de uma língua. Para Ladriere66 :
Uma teoria pode ser dita formalizada quando o critério de pertinência que

caracteriza pode ser descrita por meio de regras completas, desprovidas de

ambiguidade e eficaz. É claro que não é possível formalizar uma

teoria do que no âmbito de uma linguagem que é ela própria formalizada. Praticamente, temos

trazidos, com vistas a formalizar as teorias que foram propostas (até agora)

estudar estritamente, construir linguagens artificiais, relativamente

pobres, mas em princípio totalmente controláveis. Estávamos preocupados primeiro

construir linguagens lógicas puras, ou seja, linguagens que permitem

representar, de forma vazia, os processos de raciocínio conhecidos

(como usado, por exemplo, em matemática).

Formalização não é sinônimo de implantação de fórmulas


matemática, seja algébrica ou aritmética. Em suma, o passo
O ponto decisivo de Lacan é relacionar o inconsciente com as condições da
linguagem, mesmo da estrutura. Nesse sentido, Lacan esboça um programa baseado na
a epistemologia e a doutrina da ciência como Koyré as descreveu.
De fato, o epistemólogo e historiador da ciência Alexandre Koyré
explica, segundo Galileu, que "o real pelo impossível "67, frase que Lacan
retoma a reformulação de sua categoria do real: “o real é o impossível ”68.
Koyré defende que as grandes revoluções científicas não são produto de
novos dados empíricos, mas postulados fictícios que permitem
questionar, compreender e explicar a natureza. Esses postulados fictícios

66 Idem., pág. 109.


67 Alexandre KOYRÉ, Estudos em História do Pensamento Científico, Paris, PUF, 1966, p. 166.
68 Jacques LACAN, O Seminário. Livro IV, A relação objetal [1956-1957], Paris, Seuil, 1994, p. 429.
De fato, Lacan usa a frase para formular o impossível em termos matemáticos em uma das passagens mais
famosas de seu seminário Encore : “O real só pode ser inscrito por um impasse de formalização. É por isso que
pensei que poderia desenhar o modelo a partir da formalização matemática, pois é a elaboração mais avançada
que nos foi dada para produzir significado”. Jacques LACAN, O Seminário. Livro XX. Novamente [1972-1973], Paris,
Seuil, 1975, p. 85.

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facilitar uma nova linguagem que se adapte às nossas


percepção da realidade (uma geometrização do cosmos, isto é, uma
matematização). O exemplo mais conhecido de Koyré é precisamente
o surgimento da ciência moderna, de Galileu a Newton via Kepler e
Copérnico. Koyré afirma que, ao contrário do empirismo aristotélico, Galileu
estuda o movimento dos corpos não como organismos empíricos em um
espaço (factual), mas como corpos abstratos em um espaço geométrico
inexistente na realidade. Este espaço inexistente só é concebível por um
matematização do universo que, por sua vez, é possibilitada por uma
secularização, isto é, esvaziando os mundos grego e judaico-cristão de sua
essências respeitando suas formas69.
Em suma, a primeira relação entre ciência e psicanálise em Lacan
é um projeto de cientificização da psicanálise sob o ângulo formalista,
até Koyreanos70 :
Este exemplo mostra como a formalização matemática que inspirou o

lógica de Boole, mesmo a teoria dos conjuntos, pode trazer para a ciência da

ação humana essa estrutura de tempo intersubjetivo, cuja conjectura

a psicanálise precisa se assegurar em seu rigor.

Em outra passagem ligando a psicanálise ao projeto formalizante da física


moderno, Lacan escreve71 :

É porque partimos de uma pura formalização simbólica que a experiência

pode ser realizado corretamente, e que começa o estabelecimento de uma física

matematizado. (…) Não conseguimos antes de fazer esta separação do

simbólico e real.

69 A doutrina koyréana da ciência e sua epistemologia é desdobrada em particular nestes livros:


Alexandre KOYRÉ, La Révolution astronomique, Paris, Hermann, 1961; Alexandre KOYRÉ,
Estudos Newtonianos, Paris, Gallimard, 1968; Alexandre KOYRÉ, Estudos em História do
Pensamento Científico, Paris, PUF, 1966; e Alexandre KOYRÉ, Do mundo fechado ao universo infinito, Paris, PUF, 196
70 Jacques LACAN, "Função e campo da fala e da linguagem", p. 287.
71 Jacques LACAN, A relação objetal, p. 429.

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A condição da ciência moderna segundo Koyré é a matematização da

o universo, até mesmo sua formalização. No caso da psicanálise, que não é o

física, quais são as condições formalizantes ou matemáticas para a

dotado de tal cientificidade? A linguística moderna, como concebida

Ferdinand de Saussure, Roman Jakobson e Louis Hjemslev, forneceriam a base

refundar a psicanálise em um projeto científico72 :

O analista encontrará muito a tirar da pesquisa linguística em seu


os desenvolvimentos modernos mais concretos, para esclarecer a difícil
problemas que lhe são colocados pela verbalização em seus aspectos técnicos e
doutrinal.

Assim, como a física é formalizada com a ajuda da matemática, o

a psicanálise faz isso por meio da linguística: “nossa ciência, no que diz respeito à physis, em

sua matematização ”73. Entre 1953 e o início da década de 1960, Lacan apoiou a

formalização da psicanálise pela linguística, mas também pela álgebra

(algoritmos de metonímia e metáfora74, a metáfora do nome do

pai75), teoria dos números (número imaginário76 ), teoria dos grafos

(diagramas “L ”77 e “Z ”78, o gráfico do desejo79), aritmética (a divisão do

subject80) ou óptica (o modelo óptico81). Digamos que é um

formalização da linguística usando a matemática, porque a linguística é

uma estrutura em si. Em outras palavras, seguindo uma concepção de linguagem

como estrutura82 a formalização não é um modelo da realidade – como

72 Jacques LACAN, “Variantes da cura típica” em Escritos, op. cit., pág. 361.
73 Jacques LACAN, "Sobre uma questão preliminar a qualquer possível tratamento da psicose" em
Escritos, op. cit., pág. 531.
74 Jacques LACAN, “A instância da letra no inconsciente ou razão desde Freud” in op. cit.
75 Jacques LACAN, A relação objetal.
76 Jacques LACAN, “O sentido do falo” em Escritos, op. cit.
77 Jacques LACAN, “O seminário sobre “A carta roubada” em Escritos, op. cit.
78 Jacques LACAN, “Kant com Sade” em Escritos, op. cit.,
79 Jacques LACAN, “Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano” em

Escritos, op. citar..


80Jacques LACAN, O Seminário. Livro X. Ansiedade [1962-1963], Paris, Seuil, 2004.
81 Jacques LACAN, "Nota sobre o relatório de Daniel Lagache: "A psicanálise e a estrutura da
personalidade” em Escritos, op. cit.
82 Para Jean-Claude Milner, a expressão “estrutura linguística” é redundante, pois qualquer língua já é uma
estrutura. Ver Jean-Claude MILNER, L'Œuvre Claire, Paris, Seuil, 1995.

101
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no empirismo, mas uma "estrutura" (formalização) de outra estrutura

(Língua). Além disso, às vezes o resultado de uma formalização leva a uma

Fórmula. No entanto, uma formalização não é uma fórmula. Em resumo: estrutura

ÿ formalização e formalização ÿ formulação. Estrutura, formalização

e colocar em fórmulas pode ser articulado, mas sua articulação não vai de
auto.

Com essa mudança na natureza do ideal científico freudiano, o


substituição das ciências naturais pela formalização, Lacan inscreve a

psicanálise no que foi chamado de "ciências conjecturais". Este não é o momento

de introduzir extensivamente a questão das ciências conjecturais, mas

podemos dizer que foi outra forma de nomear as ciências

humano. "Ciências conjecturais" é um termo criado por Nicolas de Cues. este

termo designa as ciências que não têm uma relação perfeita entre a coisa a ser
o saber e o próprio conhecimento, entre a medida e o medido. Para Cláudio

Bernard, fundador da medicina experimental, há uma distinção entre

ciências experimentais e ciências conjecturais, onde as primeiras são as

ciências “reais”, o modelo a seguir para a medicina83 :


Numa palavra, baseando-se em estatísticas, a medicina nunca poderia ser
do que uma ciência conjectural; é apenas com base no determinismo
experimental que se tornará uma verdadeira ciência, isto é, certa.

Esta distinção entre ciências experimentais e conjecturais não é

importante pelas estatísticas ou pela possibilidade, ou não, de conhecer o

coisa com perfeição, mas para a introdução crucial de "certeza" e

"determinismo" no centro do debate sobre a ciência. Lacan enfatiza84 :


Pois a conjectura não é o improvável: a estratégia pode ordená-la por
certeza. Da mesma forma, não é o subjetivo o valor sentimental com que é
confuso: as leis da intersubjetividade são matemáticas.

83 Claude BERNARD, Introdução ao estudo da medicina experimental, Paris, Filosofia (os


clássicos das ciências sociais), 1895, versão digital em http://www.ac grenoble.fr/PhiloSophie/
file/bernard_medecine_exp.pdf, p . 189.
84 Jacques LACAN, "Situação da psicanálise em 1956" em Escritos, op. cit., pág. 472.

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Para introduzir o problema da certeza e do determinismo, Lacan prefere

denominação ciência conjectural em vez de ciências humanas para o

psicanálise, porque as ciências humanas têm como método a hermenêutica.

Por outro lado, o método das ciências conjecturais, segundo Lacan, não busca

significado dado pela hermenêutica, mas o rigor imposto pela

matemática85 :
Pois a exatidão se distingue da verdade, e a conjectura não exclui o rigor.
E se a ciência experimental obtém sua precisão, sua
relação com a natureza não é menos problemática.

Precisão, rigor, certeza… mas não a verdade! Lacan encontrou um detalhe

enorme para entender a natureza da ciência moderna, um detalhe que não parece

não na abordagem matemática Koyreana do universo: a do

disjunção entre verdade e conhecimento. Essa mudança da verdade para a certeza,

exatidão e rigor, nos conduz, e Lacan nos assegura, à subjetividade

moderno que, além disso, é o correlato da ciência moderna. A introdução de

essa subjetividade constitui o passo a mais dado por Lacan em relação à sua
mestre86 :

A psicanálise tem desempenhado um papel na direção da subjetividade moderna e


não pode sustentá-la sem direcioná-la para o movimento que na ciência
o elucida.

A subjetividade moderna, com leis matemáticas, como observa Lacan, é a

produto de reflexões cartesianas e permanece no centro da questão da


certeza ou exatidão do conhecimento.

Em suma, Lacan mudou a natureza do ideal científico freudiano nele.

dando-lhe as ferramentas linguísticas que lhe faltavam. Este gesto de refundação do

85Jacques LACAN, “Função e campo” em Escritos, Paris, Seuil, 1966, p. 286.


86 Ibid., pág. 283.

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a psicanálise por meio da formalização linguística o confrontou com a

questão do sujeito da ciência. Com efeito, a ligeira mudança na questão da

verdade para a certeza obriga Lacan a aprofundar a concepção do sujeito

Cartesiano. Lacan fez uma equivalência entre o sujeito da ciência e o da

psicanálise. A chave está na filosofia de Descartes.

É surpreendente que antes da instrução do "retorno a Freud" Lacan tivesse

formulou um retorno a Descartes em seu texto Logical Time and the Assertion of

certeza antecipada publicada em 1945. Também é surpreendente que cada retorno de

Lacan sobre Freud é acompanhado por Descartes. Todo retorno envolve, bem

é claro, uma reformulação da questão do sujeito cartesiano. O ponto crucial é

está na questão da ciência e sua relação com a certeza e não com

verdade. Mas, que ponto crucial? Qual é a questão cartesiana em jogo na

psicanálise segundo Lacan? Em poucas palavras, Descartes é o primeiro

pensador que esvazia a filosofia de todo conteúdo fundando-a no cogito.

Descartes desconfiava de qualquer conhecimento aprendido pela tradição, pela experiência ou por

Aprendendo. Sua "dúvida metódica" postula que devemos duvidar

tudo embora tenhamos a certeza de que Deus criou o mundo com regras

preciso. Deus não engana. Em outras palavras, podemos duvidar em

na medida em que temos a garantia de um Deus que não pode nos enganar. Deus

possibilita a certeza de saber tudo através de um mundo criado

"matematicamente". Neste espaço cartesiano, temos acesso a

coordenadas em referenciais ortonormais. O movimento global é o

seguinte: a) não podemos confiar em nossas percepções, em nossas

aprendizagem, nossa experiência, tradição incluída; b) deve-se duvidar de tudo; vs)

é certo que, mesmo que duvidemos de tudo, não podemos duvidar que

nós pensamos ; d) se duvidamos, pensamos; e) se pensamos que

existimos: cogito, ergo sum ; e, f) o método anterior só é possível por

a existência de um Deus que não engana: a única condição para duvidar de tudo.

A maioria dos filósofos contemporâneos se encontra em torno da ideia

que Descartes é o fundador do sujeito moderno. Sustentam que o assunto

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Cartesiano, o cogito, é uma essência que garante o pensamento, até a racionalidade.

Existimos na medida em que nossa existência é garantida pela racionalidade.

Podemos duvidar de tudo, exceto do que pensamos (porque somos nós que

dúvidas: duvido = penso), logo existimos. A existência é garantida por

pensei. E é este pensamento que é garantido pelo Deus que não engana. Para o

filosofia, o sujeito cartesiano do cogito é uma essência que pensa. Lacan afirma

apenas para encontrar a garantia do cogito que também funda a filosofia moderna

embora seja ciência, é preciso dar o passo de um Deus não enganador. Ele o chama de "o

grande Outro”. Esse grande Outro, esse "tesouro de significantes", tem para Lacan o mesmo

papel como o do Deus não enganador em Descartes. O grande Outro é, portanto,

o conjunto de coordenadas que garantem (até certo ponto) o pensamento

de um assunto.

Por outro lado, embora Lacan concorde com a concepção padrão que

afirma que Descartes é o filósofo que funda a subjetividade moderna, ele

afasta-se das interpretações comuns essencialmente em dois pontos.

Primeiro ponto: o cogito, em vez de ser uma essência, é vazio. Mais especificamente: o

sujeito moderno, o cogito se divide entre o enunciado (eu acho) e o enunciado (eu

sou), mas também entre o conhecimento e a verdade. tentativas lacanianas de

reformular a máxima cartesiana "penso, logo existo" são muito diversas

ao longo do período entre 1953 e 1963. O objetivo é mostrar a divisão

do sujeito no cerne da emergência do sujeito moderno. Segundo ponto: o assunto

existe apenas sob a condição de um Deus que não engana. O nome secular desta

Deus não enganador é precisamente linguagem ou outro grande (A) em termos

lacanianos. A estrutura da linguagem é a garantia da subjetivação. no entanto

essa subjetivação produz um sujeito dividido.

Assim como em Descartes, a posição lacaniana confirma que a condição

sinequanona para o surgimento da subjetividade moderna é a evacuação da

toda a essência dentro de Deus: Deus ainda não é um Deus essencial cheio

87 Jean-Claude MILNER, A obra clara: Lacan, ciência, filosofia, Paris, Seuil, 1995, 2º
capítulo.

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de características, mas um Deus formal. De fato, o Deus cartesiano é um Deus


que dá certeza formal, mas que não é uma essência. Para Lacan isso
Deus é equivalente ao universo matematizado, até geometrizado. Deus é o
linguagem que garante a existência de um cogito como sujeito dividido. Mais
precisamente: uma linguagem formalizada tem como correlato um sujeito dividido. Um Deus para

ao mesmo tempo vazio e formalizado produz um sujeito ao mesmo tempo vazio e dividido.

Se levarmos em conta esses dois pontos, encontramos um movimento


exclusivo de Lacan: a passagem da verdade para a certeza. Segundo Lacan, o
garantia do sujeito cartesiano não é a verdade (no sentido da correspondência
entre a representação e a coisa), mas a certeza. Para a tese koyreana de
o surgimento da ciência moderna como resultado da matematização
Galileu, Lacan introduz a questão do sujeito cartesiano.
A conclusão lacaniana se impõe: o sujeito da ciência é
contemporâneo ao sujeito moderno com todas as suas características (produto de uma
matematização do universo, dividido, vazio de qualquer conteúdo e resultado de

oscilação entre dúvida e certeza).

Para Lacan, o segredo da ciência moderna reside na mudança de


verdade para a certeza que, aliás, mostra a introdução da questão da
assunto no centro da constituição da ciência moderna. O segredo não é
apenas este lapso e a introdução do assunto, mas a ideia de que este assunto deve
ser desviado. Mais precisamente "encerrando" o assunto. Este ponto é decisivo para
que Lacan reformula a relação entre ciência e psicanálise, também para
compreender como Lacan se afasta do estruturalismo e de Heidegger. Isto é
pela introdução de todo esse novo sujeito vazio e dividido que se desvia do
leitura "padrão" de Descartes. De fato, é sobre o assunto que Lacan difere de
seus contemporâneos, como Foucault, Lévi-Strauss e Althusser, para quem o
sujeito é apenas um efeito da estrutura, isto é, completamente determinado pela
estrutura. Assim, Lacan se afasta do sujeito heideggeriano que é apenas o nome

106
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da ontologização do ser (por exemplo, o sujeito transcendental em

Descartes, Kant, Husserl ou Sartre)88.

Podemos afirmar que, nesse período, Lacan formaliza a

psicanálise ao introduzir a questão do sujeito cartesiano e estabelecer uma

equivalência entre o sujeito da ciência e o sujeito da psicanálise. Apesar de

assunto da ciência é o mesmo da psicanálise, suas orientações

são completamente diferentes. Para a ciência, o assunto é garantido por um Deus,

mesmo uma ordem geométrica universal, mas esta garantia substitui a verdade por

certeza produzindo uma forclusão da verdade como causa. Vamos dizer o

assunto da ciência que só é possível através da dúvida (este é o método

cartesiana) para alcançar a certeza de desaparecer de uma vez por todas.

Além disso, a ciência produz sintomas que são para Lacan o retorno da

verdade sob o aspecto da realidade, verdade que foi excluída. A ciência apoia um

certeza, produz conhecimento, mas em uma verdade foracluída com um sujeito suturado.

Para ser mais preciso: a ciência esquece uma dupla divisão do sujeito, entre

dúvida e certeza e entre conhecimento e verdade. Voltaremos a isso na parte

1.2.2. deste capítulo.

A psicanálise trabalha com o mesmo sujeito, mas diferentemente

ciência, toma como matéria a divisão adequada do assunto. Nós não conseguimos

certeza do sujeito apenas pela dúvida: as formações do inconsciente produzem

a emergência do sujeito no seio da linguagem que se estrutura como uma linguagem,

isto é, o “grande Outro” lacaniano, o Deus formalizado que garante a certeza.

Esse sujeito que se situa entre a dúvida e a certeza, Lacan o chama de "o desvanecimento do

sujeito", uma espécie de oscilação entre os significantes que formam a estrutura do

Língua. É uma leitura freudiana de Descartes, porque para o primeiro o

88 Sobre a questão da reintrodução lacaniana de um sujeito no estruturalismo que não é


resultado da estrutura (o sujeito é falado pela linguagem) nem o sujeito metafísico do
existencialismo ou da fenomenologia (o eu que domina sua vida), Cf. Mladen DOLAR
“Além da interpelação” in Journal Qui parle, vol. 6, não. 2, 1993, pág. 75-96.
89 "Reconhecemos aqui a fórmula que dou de Verwerfung ou foreclosure - que viria aqui

para ser acrescentada em série fechada à Verdrängung, repressão, à Verneinung, negação,


cuja função na magia e na religião", Jacques LACAN "Ciência e verdade" em Escritos,
Paris, Seuil, 1966, p. 874.

107
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"estrada real" para acessar o inconsciente é justamente o sonho e por extensão


formações do inconsciente. A leitura freudiana de Descartes em Lacan é

preciso: certeza é dúvida. Em equívocos, homofonias e

substituições de palavras de cena para cena. Lacan situa o tema da

psicanálise nos intervalos entre uma cadeia significante e outra,

homofonia, ou entre um significante e outro, ou seja, a substituição ou

a ambiguidade.

Simplificando: na ciência, o sujeito é um "mediador

desaparecendo ”91 para transitar da dúvida para a certeza; então vem o

momento da sutura. Na psicanálise, por outro lado, o sujeito está sempre presente,

mas na forma de uma oscilação entre a dúvida e a certeza. O assunto é o

mesmo em ambos os casos, mas suas respectivas operações não são

equivalente: aparência de sutura e intervalo. A ciência sutura o sujeito enquanto

que a psicanálise a toma como um de seus sujeitos.

Esta última observação pode nos dar uma orientação sobre a leitura

da formalização e, consequentemente, do matema. Lacan tentaria

sempre para formalizar a estrutura para localizar o sujeito, nunca para suturar.

Os usos de matema, matemática e formalizações incluem

lacunas, falhas, vazios, furos ou cortes. É por isso que eles não

nunca são totalizantes.

Então, qual é a relação entre sujeito e verdade? O assunto do intervalo

que emerge na estrutura do inconsciente é justamente o sujeito do desejo.

Na psicanálise só há verdade do desejo e não da realidade. A verdade,

90 "Th. Fechner apresenta em sua "Psicofísica" (Parte II, p. 520), no contexto das discussões
lineares que ele dedica aos sonhos, a suposição de que a cena dos sonhos é outra cena
que a da vida da vigília da representação . Nenhuma outra hipótese nos permitiria conceber
as peculiaridades da vida onírica” Sigmund Freud, “A Interpretação dos Sonhos”, p. 589. O
termo alemão para “a outra cena na obra de Freud é “ andere Schauplatz ”.
91 O termo “mediador desaparecido” refere-se a um conceito que existe para possibilitar
uma mediação entre duas ideias opostas, uma vez que a transição é feita, o conceito ainda
não é requerido: o termo mediador desaparece. Veja “Vanishing mediator” Slavoj ŽIŽEK,
Pois eles não sabem o que fazer, Londres, Verso, 2014; “Mediador desaparecido” Frederic
JAMESON, “O mediador desaparecido: estrutura narrativa em Max Weber” na revista New
German critique, no. 1, 1973, pág. 52-89; “termo de fuga” Alain BADIOU, Teoria do sujeito, Paris, Seuil, 1982.

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como correspondência entre palavras e coisas, não é de forma alguma importante

para a psicanálise, interessada no desejo que se desdobra na estrutura

linguístico. Isso nos dá duas observações valiosas: 1) a orientação do

clínica nunca é realidade; 2) a divisão do sujeito entre conhecimento e verdade é

estrutural e insuperável, porque não há conhecimento da verdade. Nós

estamos no limiar da segunda fase da relação entre ciência e psicanálise


em Lacan.

O que implica que Deus é a garantia de certeza, mas não


da verdade? Na leitura lacaniana desse movimento dentro do

fundamento da ciência, a questão da verdade é esvaziada, evacuada. Em seu lugar ele

permanece precisão e conhecimento como disposições subjetivas ligadas a um Deus

secularizado, portanto “matematizado”. De fato, Deus é o criador de um universo

geometria que teríamos que abordar matematicamente se quiséssemos

discernir suas leis. Este último ponto implica, em princípio, que para a ciência

“matematizar” significa “medir”. Por isso, a ciência apela para

estatísticas e conceitos como "exatidão", "precisão" e

"incerteza". Não é por acaso que Lacan invoca o termo "ciências

conjectural” e as opõe às “ciências exatas”. A disputa entre esses dois

abordagens científicas é a precisão que é definida em relação à certeza.

Essa relação das chamadas ciências "exatas" com o mundo possibilita

medidas, porque Deus criou o universo geometricamente sem querer enganar o

sujeitos que empreendem a medição do mundo. Exatidão, precisão, certeza,

medida são termos que mostram uma disposição subjetiva no sentido dado

por Descartes. É esse sujeito que mede o mundo que a ciência sutura. mais e mais

quanto mais a ciência permanece sobre certeza e medidas. Mesmo assim, nós
perguntar onde está a verdade? Ela está impedida. A ciência não tem nada a ver

com a verdade como causa, mas com o conhecimento, isto é, a produção de

medidas, leis, correlações, teorias, etc. O desafio para Lacan se impõe:

como formalizar a psicanálise sem tomar a matemática como

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medida, sem excluir a verdade e, sobretudo, sem suturar o sujeito? O método

estatística não é uma opção praticável com Lacan.

Assim, é possível resumir os pontos cruciais das relações inéditas entre

ciência e psicanálise em Lacan entre 1953 e 1963:

1) Uma rejeição do empirismo psicanalítico em favor de uma formalização

linguística; essa formalização não é possível sem um inconsciente

concebido como uma estrutura;

2) a contemporaneidade do sujeito moderno (Descartes) e o sujeito da

conhecimento; há quase uma redundância entre o sintagma "sujeito de

ciência” e a expressão “só há sujeito da modernidade”;

3) a psicanálise só é possível com a emergência do sujeito da ciência,

portanto, do sujeito moderno. Seus assuntos são os mesmos. Apesar disso, seus

orientações são contrárias: a ciência sutura o sujeito, a psicanálise o

toma como sua matéria;

4) a tese koyreana da matematização do universo que torna possível

o surgimento da ciência moderna pode ser lido por Lacan como

correlato às reflexões cartesianas sobre o cogito e Deus como

garantia de certeza;

5) na divisão do sujeito, que Lacan lê no cogito cartesiano , e no

Deus formalizado que garante a certeza deste cogito, Lacan discerne uma

substituição da verdade pelo conhecimento na ciência. O assunto, aliás,


está dividido entre conhecimento e verdade;

6) há uma posição de não-extraterritorialidade da psicanálise: ela tem

próprio rigor epistemológico, não sem o surgimento de

ciência graças ao seu tema e à geometrização do universo, mas com a sua

próprios problemas.

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A formalização do saber psicanalítico e o exame dos conceitos freudianos.

foram precisamente o primeiro empreendimento de Lacan ligado à continuação do

projeto científico iniciado por Freud. A formalização da estrutura

implica que a função simbólica é constitutiva do sujeito. Este ponto leva

Lacan para reintroduzir a questão do sujeito no seio do estruturalismo. Ciência

é desidealizado e, assim, é questionado, interrogado. a

duplo movimento, introdução do sujeito e desidealização da ciência,

possível uma imersão na ciência para buscar o rigor sem o risco

permanecer capturado por suas miragens e permanecer o mais próximo possível da psicanálise.

1.2.2. A exclusão interna da psicanálise na ciência (1964-1967)

E a lógica matemática (graças a Deus! para mim, chamo


Deus pelo seu nome-de-Deus do Nome) nos traz de volta
à estrutura do conhecimento92.
–Jacques Lacan, Radiofonia

Em 1966, Lacan publicou seus Escritos, uma coletânea de artigos que já havia visto
leve como artigos em periódicos. Em uma das introduções e notas

que ele escreveu para esta publicação, intitulada "Do assunto finalmente em questão" ele

resume a posição da psicanálise em relação à ciência com uma frase

límpido: “Que a psicanálise nasceu da ciência é óbvio. Que ela poderia

aparecer de outro campo, é inconcebível ”93. A psicanálise não é possível

apenas pelo aparecimento do sujeito da ciência, portanto do sujeito cartesiano moderno.

Esta abertura possibilita outra abertura: um dos materiais

privilégios da psicanálise é o sujeito (como furo nos significantes) e o

verdade (como um buraco no conhecimento), enquanto a ciência sutura o sujeito e

produz a forclusão da verdade. É nessa fenda que Lacan mergulhará

continuar sua jornada e trazer à tona a natureza do vínculo entre psicanálise e

92 Jacques LACAN, “Radiophonie”, Outros escritos, op. cit., p.437.


93 Jacques LACAN, “Sobre o assunto finalmente em questão” em Escritos, op. cit., pág. 231.

111
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Ciência. Ao aprofundar a disjunção entre conhecimento e verdade, ele encontra a


natureza da ciência e da psicanálise. Este é o ponto de inflexão para
que a psicanálise se emancipa da ciência de forma imanente, ou seja,
abrindo um caminho dentro da própria ciência. É por alienação

ciência que a psicanálise poderia se safar. Esta é a segunda fase da relação entre
ciência e psicanálise em Lacan. Na época da publicação de seus Escritos, o
programa de Lacan era bastante claro94 :
Permanente, portanto, ficou a questão que faz nosso projeto radical: aquele que
de: a psicanálise é uma ciência? para: o que é uma ciência que
inclui psicanálise?

Não é a ciência que legitima a psicanálise, mas a psicanálise que


pergunta o primeiro. A posição de Lacan inverte a relação entre ciência e
psicanálise. De fato, apoiando-se na ciência, Lacan encontra nela a
rachadura do sujeito e da disjunção entre saber e verdade. Para ser mais preciso :
Lacan se apoia na inconsistência interna da ciência ao seguir a máxima da
Paul Celan que afirma “Sobre as inconsistências / confiando ”95. Onde estão os
inconsistências da ciência? O deslocamento entre a verdade e o conhecimento, a sutura da

sujeito e a exclusão da verdade como causa material constituem, por


Lacan, inconsistências na ciência.

Lacan radicaliza os interstícios do primeiro tempo da relação entre


ciência e a psicanálise para constituir uma segunda fase que gira em torno
três pontos essenciais: o questionamento de uma ciência que incluiria
psicanálise, a exploração da forclusão da verdade como causa na
ciência e a orientação da psicanálise, contrária à da ciência,
aprofunda o slot chamado “assunto” e reintroduz a função “nome-do-pai”
na consideração científica.

94 Jacques LACAN, “Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Minutos do


seminário 1964” em Outros escritos, op. cit., pág. 187.
95 Em alemão “An die Haltlosigkeiten / sich schmiegen”, Paul CELAN, “ An die Haltlosigkeiten ” em
Zeitgehoft, Suhrkamp Verlag, Frankfurt, 1976.

112
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Lacan também retoma o problema freudiano da psicanálise como

prática e como ciência, questão que detalhamos no início deste

capítulo. A questão para Lacan, no início deste segundo tempo, é articular

teoria e prática sob o nome de “práxis”. Simultaneamente trata-se de

usar a ciência para se afastar de qualquer posição "iniciatória" ou

“místico ”96 :

Se nos atermos à noção de experiência, entendida como o campo

de uma práxis, vemos claramente que não basta definir uma ciência. Com efeito,

essa definição se aplicaria muito, muito bem, por exemplo, à experiência

místico. É mesmo por esta porta que lhe damos uma consideração

científica, e que quase chegamos a pensar que podemos ter,

dessa experiência, uma apreensão científica. Existe um tipo

ambiguidade – submeter um experimento ao escrutínio científico sempre leva a

implicar que a experiência tem uma subsistência científica por si mesma.

Agora, é óbvio que não podemos incluir na ciência o experimento

místico.

No entanto, a aliança com a ciência não é isenta de questionamentos. Consultar quem

aprofunda, como já apontamos, o caminho aberto por Descartes: o da

sujeito moderno que possibilita a emergência do sujeito da ciência. Descartes

introduz inconscientemente a divisão do sujeito, entre verdade e conhecimento, na história.

Embora o sujeito da ciência seja o mesmo sujeito da psicanálise, há uma

assimetria de suas orientações que reside na certeza97 :

O termo maior, de fato, não é verdade. Ele é Gewissheit, certeza. O

A abordagem de Freud é cartesiana – no sentido de que parte da fundação do

assunto de certeza. É disso que podemos ter certeza. (…) É aqui que

revela a assimetria entre Freud e Descartes. Ela não está no processo

inicial da certeza fundamentada do sujeito.

96 Jacques LACAN, O Seminário. Livro XI. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise


[1963-1964], Paris, Seuil, 1973, p. 13-14.
97 Ibid., pág. 36.

113
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A emergência do sujeito da ciência em Descartes é correlativa a uma mudança


da pergunta sobre a verdade à certeza na ciência98 :
O que Descartes procura? É certeza. Eu tenho, ele disse, um desejo extremo

aprender a distinguir o verdadeiro do falso – sublinhar o desejo – ver claramente –

em quê?– em minhas ações, e andar com ousadia nesta vida.

Mas, qual é a orientação da psicanálise em relação ao sujeito da ciência?


Freud se apoia na dúvida evitando a sutura do sujeito99 : “Agora – aqui é onde
Freud enfatiza com toda a sua força – a dúvida é o suporte de sua certeza”.
Podemos descobrir como Freud, de fato, fez uso da dúvida
como certeza em sua famosa passagem de A Interpretação dos Sonhos que torna
alusão à história de Chanson des Nibelungen100 :
É meu costume, em análises de sonhos com pacientes, colocar este

afirmação ao teste da seguinte maneira, que nunca é sem sucesso.

Quando o relato de um sonho me parece à primeira vista difícil

compreensível, peço ao narrador que o repita. É raro que seja então

com as mesmas palavras. Mas os pontos em que ele mudou a expressão foram para mim

apontadas como as falhas no disfarce do sonho, elas me servem de

serviu a Hagen o sinal bordado na túnica de Siegfried. É a partir daí que pode

a interpretação do sonho. O narrador foi informado por meu convite que eu

pretende fazer esforços especiais para a solução do sonho; ele protege

rapidamente, sob a pressão da resistência, os pontos fracos do

disfarce do sonho substituindo uma expressão que o trai por outra

Mais distante. Minha atenção na expressão que ele deixou cair. Alguns esforços

defender a solução do sonho, posso concluir também pelo cuidado que teceu

sonha com sua túnica.

98 Ibid., pág. 202.


99 Ibid., pág. 36.
100 Sigmund FREUD, “A Interpretação dos Sonhos” em Obras Completas, vol. IV, Paris, PUF, 2003, p. 567-568.

101 “Siegfried casou-se com Kriemhild. Entre ela e Brunhild, que quer considerá-la sua vassala, as coisas dão errado.
Kriemhild revela à nova rainha dos borgonheses o papel desempenhado por Siegfried. Indignada, Brunhild pede a
Gunther a morte de Siegfried. Um grupo de caça é organizado e Kriemhild, pensando em proteger seu marido, mostra
a Hagen onde é o ponto vulnerável de seu marido costurando uma cruz em sua túnica. Hagen indica uma fonte de
água

114
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Lacan, portanto, coloca Freud e Descartes no mesmo nível. No entanto, para Lacan

é Descartes quem renuncia à responsabilidade pela verdade, deixando-a

mãos de Deus, a garantia da certeza de saber tudo. O movimento é

discreto, mas tem consequências de longo alcance. Para Lacan, a história de

a ciência moderna pode ser caracterizada como a tentativa de reduzir a verdade

ou seja, com o custo de suturar o sujeito. De fato, Descartes, implicitamente,

reconhece a ligação entre a verdade e o conhecimento através do sujeito. No entanto, esta ligação é

efetivamente negado: é a sutura do sujeito.

A “sutura do sujeito” e a “forclusão da verdade como causa” são as

palavras-chave desse período e de suas formulações, elas aparecem na escrita "La

conhecimento e verdade”. Esta é a publicação da primeira sessão de sua

seminário intitulado “O objeto da psicanálise”, realizado em 1965. Lacan y

realiza uma revisão sistemática de três importantes práticas sociais

para a humanidade: magia, religião e ciência. Articulando engenhosamente

Lévi-Strauss com a leitura koyreana da ciência e o sujeito cartesiano, Lacan

opõe a psicanálise a essas três práticas com a ajuda de Aristóteles.

De fato, Lacan toma emprestada a teoria das quatro causas de Aristóteles como

uma forma original de colocar a verdade em jogo como causa. Então ele ordena o

quatro práticas sociais em quatro modalidades: causa material, causa formal,


causa final e causa eficiente.

A magia é caracterizada pela crença na eficácia absoluta de sua

prática. Coloca em jogo a causa eficiente que Claude Lévi-Strauss chama de "

eficácia simbólica ”102. A função da verdade como causa efetiva na

magia indica que a verdade de um fenômeno mágico, por exemplo, a prática

poder curativo de um xamã, é sempre atribuído a forças naturais. Ainda que

um xamã sabe que está simplesmente praticando a arte do engano, como o famoso

fresco em Siegfried e o atinge em seu ponto vulnerável com um dardo”


Veja https://fr.wikipedia.org/wiki/La_Vengeance_de_Siegfried, consultado em 12 de março de 2017.
102 Claude LÉVI-STRAUSS, Antropologia Estrutural, Paris, Plon, 1958.

115
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caso de Quesalid anunciado por Boas e imortalizado por Claude Lévi-Strauss103, seu
própria prática enganosa parece ser mais eficaz do que outras práticas. a
xamã explica a verdade de suas faculdades em termos de poderes divinos. A verdade
como uma causa é reprimida ali: o conhecimento é velado ali, escondido na tradição
operante como em seu ato divinatório.
Inversamente, na religião, a verdade de um fenômeno não reside em
esforço necessário para produzi-lo. O fenômeno reflete a insondável intenção de
Deus. Aqui a causa final é invocada como a mais importante entre as
causas: o desejo do criador Deus controla o mundo. Não é um
repressão, mas da negação (Verneinung) da verdade como causa, que
portanto, a entrega a Deus do fardo da causa, o sacrifício da causa
de seu desejo ao Outro divino e o retorno da verdade à posição de causa final. O
perspectiva escatológica e a explicação pelo fim último constituem apenas
os dois exemplos mais conhecidos.
Ao contrário da magia e da religião, que respectivamente reprimem e
negar a verdade como causa, a ciência caracteriza-se pela exclusão da
verdade104 :

Vou abordá-lo com a estranha observação de que a prodigiosa fecundidade de nossa


a ciência deve ser questionada em sua relação com esse aspecto do qual a ciência
sustentaria: que a verdade como causa, ela não gostaria de saber.

Lacan torna esse “não-querer-saber” equivalente à forclusão105 :


Reconhecemos aqui a fórmula que dou de Verwerfung ou foreclosure, - que
viria aqui para se juntar a uma série fechada à Verdrängung, à repressão, à
Verneinung, negação, cuja função você reconheceu de passagem no
magia e religião.

103 Idem.
104
Jacques LACAN, "Ciência e Verdade", op. cit., pág. 874.
105 Idem.

116
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A exclusão da verdade como causa na ciência moderna envolve

a tenaz eliminação da questão da causa em favor da legalidade,

medida e regularidade. Na ciência, a verdade toma o lugar da causa

formal. É também o meio pelo qual a ciência dá explicações

estatísticas ou em termos de correlação.

Assim Lacan atribui à magia, religião e ciência moderna

causas efetivas, finais e formais, respectivamente. A mensagem central de uma

tal distribuição entre causas aristotélicas e práticas sociais é

que estes não admitem a verdade como causa106 : "mas será para

esclarecer que a psicanálise, por outro lado, acentua o aspecto da causa

material. Tal é qualificar sua originalidade na ciência”. Ao se opor

magia, religião e ciência, a psicanálise não reprime nem nega nem

não exclua a incidência da verdade como causa. Sua especificidade é apresentá-lo

sob o aspecto de uma causa material. O principal aspecto da psicanálise é

leve a causa material a sério.

A especificidade da psicanálise é introduzir a causa material através da

através da substituição da causalidade tradicional pela causalidade lógica, o

apenas causalidade psíquica. Por que "lógico"? Porque se trata da causalidade pelo

logotipos, por idioma. Essa verdade, como causa material, explica

eficácia simbólica e a incidência do significante como materialidade do

string significativa que produz um assunto. Mais tarde Lacan o chamará

“Moterialismo ”107. Para a psicanálise, a verdade de um fenômeno, de uma ação

ou um processo é composto de fala e linguagem. O assunto é

doravante um efeito no real do significante. Em outras palavras, o significante é o

causa material do sujeito no campo do real: o sujeito é efeito da linguagem,

um produto e não uma representação.

106 Ibid., p. 875.


107 Jacques LACAN “Conferência em Genebra sobre o sintoma”, Bloc-Notes de la psychanalyse, n.

5, 1975, pág. 5-23.

117
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Este último ponto é importante, porque nos diz duas tensões em

no campo psicanalítico: o da particularidade dos casos e

a universalidade das leis e a da prática e da clínica. Se a (causa)

sujeito(s) da psicanálise é a linguagem, o psicanalista trabalha com isso

o que o analisando diz. O psicanalista lê no discurso do analisando uma

lógica, mas essa lógica não é exatamente particular, aplicando leis

geral, mas singular, portanto, uma exceção ao universal. Na verdade, Lacan

frustra a lógica aristotélica usando a lógica de Charles Sanders Pierce

propor uma lógica da sexuação, uma lógica da singularidade, ou seja,

dizer caso a caso. Será uma questão de mostrar os impasses da particularidade, da

universal e generalidade. É importante enfatizar a matemática

são, em Lacan, os meios para desconstruir a oposição entre universalidade e

peculiaridade na lógica.

No entanto, Lacan insiste e se pergunta se a psicanálise seria uma

a ciência na perspectiva de seu objeto108 :


O objeto da psicanálise (anuncio minha cor e você a vê chegando com ela),

nada mais é do que o que já adiantei da função que o objeto a desempenha ali. O conhecimento

sobre o objeto será então a ciência da psicanálise?

Seu questionamento é, portanto, retórico e serve apenas para introduzir a

questão do objeto a no campo da ciência. Você tem que ouvir a homofonia

que existe entre o "objeto a" e o objeto que "objeta", ou seja, quais objetos

à ciência, neste caso o objeto lacaniano a . A questão é simples e

complexo: na psicanálise, trata-se mais da falta de um objeto do que da

"presença" de um objeto definível. A ausência de um objeto é exatamente o que faz

objeção à ciência. Há um buraco no conhecimento, porque o objeto de

a psicanálise é a falta de um objeto que complete o sujeito. Isto é

108 Ibid., pág. 863.

118
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o “objeto vicário” freudiano109 : a criança se vê diante de uma satisfação

primário e retrospectivamente imagina um objeto primitivo que, agora, já é

perdido. A lógica é temporal e precisa: é um objeto perdido que nunca

existir. A questão não é, mais uma vez, se a psicanálise é uma ciência,

mas “o que é uma ciência que inclui a psicanálise? Em outras palavras,

o que é uma ciência que inclui a falta de objeto? Pergunta impensável para
dentro da ciência.

Em suma, o sujeito é doravante o efeito do significante que o causa.

materialmente, resultando em uma divisão. Esta divisão é a causa de seu desejo.

É o objeto a como causa do desejo –resultante da separação do sujeito–, o objeto

originalmente perdido que constitui o objeto da psicanálise. A conclusão é

inexorável: a psicanálise não é uma ciência por falta de objeto.

Mais precisamente: há uma exclusão interna da psicanálise no

campo de ciência.

Embora seja impossível articular a relação entre psicanálise e

ciência do ponto de vista de seus respectivos objetos, essa relação é

perspectiva do sujeito, porque o sujeito da psicanálise é o sujeito da ciência. Do

aí, Lacan, mais uma vez, indica a linha de demarcação entre ciência e

psicanálise, linha da sutura do sujeito pela ciência110 :

Indicaremos mais adiante como se situa a lógica moderna (3º exemplo).

É incontestavelmente a consequência estritamente determinada de um

tentativa de suturar o assunto da ciência, e o último teorema de Gödel

mostra que ele falha aí, o que significa que o sujeito em questão continua sendo o

correlato da ciência, mas um correlato antinômico, uma vez que a ciência prova ser

definido pelo não resultado do esforço para suturar.

Esta última citação é controversa e consideramos importante

examiná-lo. Por exemplo, a maioria dos lacanianos imediatamente fez o

109 Sigmund FREUD, “Esboço de uma psicanálise científica” em O nascimento da


psicanálise, PUF, Paris, 2009.
110 Jacques LACAN “Ciência e Verdade”, op. cit., pág. 861.

119
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próxima leitura: a ciência exclui o assunto. Lacan não escreve nem "foreclosure" nem

"ciência" sobre esse assunto, mas ele escreve "sutura" e "lógica moderna", isso

o que é bem diferente. Apesar disso, essa leitura imprecisa é dominante em


a atmosfera lacaniana.

Nos anais do seminário Questões críticas para a

psicanálise, Lacan insiste112 :

O poder da matemática, o frenesi de nossa ciência não se baseia em


nada mais do que a sutura do sujeito. Da magreza de sua cicatriz, ou melhor
ainda de sua lacuna, as aporias da lógica matemática testemunham
(teorema de Gödel), sempre para o escândalo da consciência.

Mas esta fórmula da "sutura do sujeito" também se aplica tanto ao

filosofia como evidenciado por uma citação da época113 :


Eu digo que as "consciências" filosóficas cujo espeto você mostra
culmen de Sartre não têm outra função senão suturar essa lacuna na
sujeito e que o analista reconheça o desafio, que é trancar a verdade (por
qual instrumento perfeito seria obviamente o ideal que Hegel nos promete
como conhecimento absoluto).

Perguntamo-nos por que a fórmula “exclusão do sujeito pela ciência” é persistente

e tenaz no mundo lacaniano. Deve-se lembrar que os Escritos

foram editados por Lacan e seu genro, Jacques-Alain Miller. Naquela hora

Miller fez uma apresentação, posteriormente publicada114, sobre a lógica de Frege em um

Seminário de Lacan. Lá ele usou o termo "sutura" pela primeira vez.

"Sutura" é também um jogo de palavras que implica "sutura", mas também o

111 Se fizermos a busca em vários softwares de pesquisa escrevendo “forclosure of the subject by
science” encontramos milhares de resultados. Há artigos de psicanalistas de todas as escolas, associações,
instituições, círculos, fóruns, etc. : da Associação Lacaniana Internacional ao Internacional de Fóruns do
Campo Lacaniano, passando pela Escola Lacaniana de Psicanálise, Espaço Analítico e Escola da Causa
Freudiana.
112 Jacques LACAN, “Problemas Cruciais para a Psicanálise. Atas do seminário 1964-
1965” em Outros escritos, op. cit., pág. 200.
113 Jacques LACAN, “Respostas aos estudantes de filosofia” em Outros Escritos, op. cit., pág. 204.

114 Jacques-Alain MILLER, “A sutura (elementos da lógica do significante)” em Cahiers pour l'analyse, n.
1, Paris, The graph, 1966, p. 37-49.

120
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"saturação" da lacuna do sujeito, porque o sujeito é uma lacuna, ou seja, uma lacuna

divisão. A palavra "saturação" é usada por Lacan ao longo deste período

para se referir à ciência, lógica e filosofia. Podemos concluir

que o uso da palavra "saturação" por Lacan foi retomado por Miller pelo termo

"sutura" e depois retomada por Lacan numa dialética de ir


Retorna.

É Miller quem usa os termos “encerramento” e “ciência ”115 no


Escritos de Lacan :

Quanto à epistemologia lacaniana, ela marca, a nosso ver, a posição do


a psicanálise na ruptura epistemológica, na medida em que através da
campo freudiano o sujeito foracluído da ciência retorna ao impossível de sua
Fala. Há, portanto, apenas uma ideologia da qual Lacan faz a teoria: aquela
do "eu moderno", isto é, do sujeito paranóico da civilização
cientista, cuja psicologia equivocada teoriza o imaginário, a serviço da
livre iniciativa.

No entanto, Lacan escreveu na mesma linha. Então somos obrigados

inferir que concordava com esta fórmula de "encerramento do sujeito pelo

Ciência". Moustapha Safouan, que foi instruído por Lacan a fazer resumos

de seus seminários, também usou a expressão "encerramento do assunto por

ciência” em uma revisão. É possível concluir que essas duas passagens, a de Miller nos

Escritos e a de Safouan em sua Lacaniana,

constituem a razão para a persistência e tenacidade do sintagma "foreclosure

do sujeito pela ciência”.

Quatro anos depois de "Ciência e Verdade", em programa de rádio

Belga, posteriormente publicado como “Radiophonie”, Lacan afirma que117 :

115 Jacques-Alain MILLER, "Índice racional dos principais conceitos" em Jacques Lacan, Escritos,
op. cit., pág. 894.
116 Moustapha SAFOUAN, Lacaniana II, os seminários de Jacques Lacan, 1964-1979, Fayard, Paris,
2005.
117 Jacques LACAN, “Radiophonie”, Outros escritos, op. cit., p.437.

121
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O resultado é que a ciência é uma ideologia de supressão do sujeito, que


o senhor da Universidade nascente sabe muito bem.

Deve-se notar que Lacan não diz que a ciência é a ideologia da "forclusão
do assunto", mas da exclusão do assunto. Mas, tudo considerado, é
Lacan afirmou ou não que a ciência produz uma forclusão do sujeito?
Certamente sim. Em 1966, mesmo ano da publicação de "La science et la
verdade", afirma que118 :
E também o campo dessa ciência de sucesso, sem dúvida, que é nossa...
tanto quanto em todo o seu campo físico, ela conseguiu encerrar o assunto

Este último curso não é inútil. Poderíamos ter relatado tudo


depois que Lacan realmente afirmou que a ciência exclui o sujeito. Mas ele nós
devemos fazer duas observações: a) sublinhar como Lacan hesita ou melhor
explora diferentes maneiras de formular a reação da ciência a
o surgimento do sujeito: supressão, sutura, forclusão entre outros; e B)
mostrar como certas expressões são tidas como certas sem
interrogando-se sobre sua origem, suas inflexões e suas apropriações.
Não desconhecemos as várias formulações negativas lacanianas
sobre a questão do tema –recusa, sutura, encerramento–, mas nesta pesquisa
preferimos escolher "sutura do sujeito" para se opor a ela e articulá-la para
“exclusão da verdade como causa”. Tal articulação nos permitirá
recapitular a questão e avançar na relação entre psicanálise e ciência em
Lacan neste período. O efeito da operação "sutura do sujeito" tem o
correlaciona uma expulsão de dramas e a ação de excluir a verdade como causa
produz uma ciência delirante: "se se vê que uma paranóia bem-sucedida
também pareceria ser o fechamento da ciência .

118 Jacques LACAN, O seminário, Livro XIII: O objeto da psicanálise [1965-1966], inédito, sessão

de 1º de junho de 1966.
119 Jacques LACAN, "Ciência e Verdade", op. cit., pág. 874

122
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O que significam "dramas subjetivos" para Lacan, em relação ao

suturar o sujeito? Não é uma espécie de "psicologização", ou seja,

uma reedição de histórias infantis, a "sublimação" dos impulsos sexuais ou

"agressivo" ou a superação dos traumas de infância de um suposto complexo de Édipo

de acordo com uma interpretação popularizada da psicanálise. É mais uma questão de

discernir como certos problemas científicos ou a produção de conhecimento científico

testam a estrutura de um assunto. Nesse sentido, Lacan

é expresso assim 120 :

É o drama, o drama subjetivo que cada uma dessas crises custa. Este drama é

o drama do cientista. Tem suas vítimas cujo destino nada diz que está inscrito

no mito de Édipo. Digamos que a questão não é muito estudada. J.R.

Mayer, Cantor, não vou fazer uma lista desses dramas que vão às vezes

loucura onde os nomes dos vivos logo viriam.

O próprio Lacan aponta que a questão ainda não foi suficientemente estudada, mas ele

nos dá alguns pontos de referência: os dramas subjetivos não são psicológicos,

mas um dos testes da estrutura subjetiva. Esta última observação significa

dizer três coisas: 1) alguns problemas científicos podem sobrecarregar o

estrutura subjetiva de um sujeito; 2) alguns desafios científicos podem ser

resolvido de forma mais "eficiente" por paranóicos que

estrutura delirante; enquanto outros problemas científicos podem ser

abordado, até mesmo resolvido, por um pensamento bastante neurótico; 3) alguns

problemas científicos funcionam como sintomas que permitem uma

posição "existencial" na vida: por exemplo, a substituição do nome-do-Pai

para psicoses. Esses problemas não são abordados pela ciência, mas

suturado. A chamada objetividade científica esquece ativamente o drama

subjetivo de seus praticantes e impotente quando se trata de relatar

120 Ibid., pág. 870.


121 Para as três teses cf. Nathalie CHARRAUD, Infinito e inconsciente: Ensaio sobre Gregor Cantor, Paris,
Anthropos, 1994 e Gabriel LOMBARDI, A aventura matemática, liberdade e rigor psicótico.
Cantor, Gödel, Turing, Paris, Editions du Champ lacanien, 2005.

123
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dessas crises científicas122 : “Porque não podemos, com esta única referência,

explicar nem a mola mestra, nem as partes, nem o desenvolvimento, nem as crises do todo

construção científica.

Existe o lado negativo da ciência de pensar que o progresso é possível

esquecendo os pontos escuros que organizam a ciência estruturalmente. Para

em outras palavras, a ciência faz progressos e superações equivalentes a

condição de esquecer seu passado. Os sintomas da história da ciência

lembre-se de que existem pontos obscuros que não podem ser superados.

Ao mesmo tempo, Lacan fez um breve comentário sobre seu seminário na

sobre a alquimia e sua possível condição científica. Ele concluiu que

a alquimia torna-se científica, isto é, a química, à custa de perder a sua alma :

Se a química nasceu em Lavoisier, Diderot não fala de química, mas do início ao fim
neste livrinho, alquimia, com toda a sutileza que você sabe ser
dela. O que nos faz dizer logo que, apesar do caráter
histórias cintilantes que através dos tempos nos coloca, a alquimia, afinal,
não é uma ciência? Algo aos meus olhos é decisivo, que a pureza de
a alma do operador era como tal, e de certa forma, um elemento
essencial no negócio.

A referência à alma é dupla: um lado indica a sutura do sujeito – a alegoria do

a alma – e outro aponta para o desejo do sujeito científico. Deixe a ciência esquecer o

dramas subjetivos também implica que o desejo do cientista não é reconhecido

pela ciência, questão incontornável para a psicanálise, pois está ligada à

desejo do analista. Ao mesmo tempo, dramas subjetivos (científicos ou não)

constituem um dos sujeitos do tratamento psicanalítico.

Suturar o sujeito tem o efeito de expulsar dramas subjetivos e

a exclusão da verdade como causa explica a ciência como delírio.

Esta formulação, que aliás é a afirmação do nosso texto central, "La science

122Jacques LACAN, O objeto da psicanálise, sessão de 12 de janeiro de 1966.


123Jacques LACAN, O Seminário. Livro XI. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise,
Paris, Seuil, 1973, p. 14.

124
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e a verdade", nos permitirá identificar um terceiro elemento que esclarecerá

a importância da entrada da religião na cena psicanalítica. Nisso

texto, por exemplo, Lacan escreve uma passagem bastante enigmática124 :

No entanto, se alguém perceber que uma paranóia bem-sucedida também parece ser o

fechamento da ciência, se foi a psicanálise que foi chamada a representar

essa função, - se, por outro lado, reconhecermos que a psicanálise é

essencialmente o que reintroduz na consideração científica o Nome-do-


Pai.

A passagem é completamente obscura sobre a chamada articulação entre

a “sutura do sujeito” e a “forclusão da verdade”. Do que o "Nome-do-Pai"

é esse o nome e por que é essencial articular a ciência para

psicanálise? Primeiro a expressão "Nome-do-Pai", como nos diz Lacan

lembre-se, é o nome de Deus. O psicanalista Michel Bousseyroux faz uma

excelente resumo da pergunta 126 :

A expressão "Nome-do-Pai", Lacan a toma emprestado da religião cristã, que é

a religião Daquele que fala e age em nome do Pai: in nomine Patris. No entanto,

como diz no livro do Êxodo, também intitulado "E estes são os nomes",

quando Moisés, no Monte Horev, pergunta a Deus o que ele deve dizer se estiver

pergunta o nome dele, é um " Ehyeh asher ehyeh, eu sou o que sou, e vamos lá

foda-se” que ele recebe em troca! Este Nome-do-Pai é, portanto, primeiro e

sobretudo o nome de uma lacuna, que na psicose é mais que um vazio, um buraco
indizível.

A equação "Nome-do-Pai" = "O Nome de Deus" não deve nos colocar em

a confusão. Para Lacan essa questão sinaliza um nó central no pensamento

Cultura ocidental: a da identidade, da nomenclatura e da metalinguagem, ou seja,

124Jacques LACAN, "Ciência e Verdade", op. cit., pág. 874-875.


125 Este lugar do Deus-Pai é aquele que designei como o Nome-do-Pai (Jacques LACAN “A
incompreensão do sujeito suposto saber” em Outros escritos, op. cit., p. 337).
126 Michel BOUSSEYROUX “O Nome-do-Pai e a psicose no ensino de Lacan” in Journal
Mensuel, n. 11, Fóruns do Campo Lacaniano, dezembro de 2005, p. 72.

125
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de uma língua que poderia designar outra língua fora da língua. Todos esses

questões são, no mínimo, paradoxais, mas primordiais para a ciência e para

psicanálise. Lacan resolve o problema apontando um furo central nessas

perguntas: Deus. Com efeito, Deus é o nome de um buraco que assinala a impossibilidade de

qualquer identidade, uma nomeação fora da linguagem e a impossibilidade de uma metalinguagem.

Lacan aborda questões religiosas, judaico-cristãs mais precisamente,

trabalhar contra a corrente da ciência, mas não fora da ciência. Religião

permite que Lacan faça perguntas que a ciência não faz. Por outro lado

dito, é Lacan quem vai reintroduzir o "Nome-do-Pai", o buraco imanente a todos

formação simbólica (a estrutura) para não suturar o sujeito e não

para encerrar a verdade: "Eu te disse, analista, ele não sutura, ele não tem o mesmo

preocupação, ele não está necessariamente preocupado em salvar a verdade ”127.

Que a ciência seja um delírio devolve a questão à psicanálise. Dentro

de fato, a psicanálise é um delírio? E a resposta de Lacan é afirmativa.

No entanto, é um delírio dirigido. A psicanálise é um delírio, um

paranóia dirigida, porque reintroduz o nome-do-Pai: o limite interior,

imanente em todo conhecimento, em toda estrutura linguística ou formação simbólica.

Este último ponto é essencial para compreender a tese lacaniana da diferença

entre ciência e psicanálise, tese que apela a Deus, elemento religioso.

A ciência busca por trás de um Deus secularizado – sob a figura do conhecimento, é

ou seja, o Deus cartesiano – outra coisa: uma garantia “real”. Por outro lado, o

a psicanálise descobre que Deus, "o nome-do-Pai", é a brecha de qualquer garantia

simbólico129 : “não há o Outro do Outro”. Lacan não deixa de insistir

127Jacques LACAN, O objeto da psicanálise, sessão de 26 de maio de 1965.


128“Longe de atacá-la de frente, a maiêutica analítica adota um desvio que equivale a induzir no sujeito uma
paranóia dirigida” Jacques LACAN, “L'aggressivité en psychanalyse” em Escritos, op. cit., pág. 109.

129 “O que formulamos para dizer que não há metalinguagem que possa ser falada, mais aforisticamente:

que não há Outro do Outro” Jacques LACAN, “Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente
freudiano” em Escritos, op. cit., pág. 813.

126
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este ponto; chega a designá-lo como "o grande segredo da

psicanálise ”130.

Esta análise não visa explorar a tese lacaniana da psicose

como forclusão do Nome-do-Pai, tese exposta pelo próprio Lacan em seu

seminário sobre psicoses131. No entanto, notemos que Lacan encontra

uma homologia estrutural entre o pensamento científico e o pensamento paranóico.

Esta tese não é pejorativa, é a afirmação de um pensamento rigoroso, mas

delirante que busca um ponto de parada para as suspeitas produzidas por uma mudança

sentido na cadeia significante. Na neurose, o ponto de ruptura é uma falha

interior da cadeia significante; interrompe o deslizamento produzindo o

possibilidade de qualquer significado. Por outro lado, na psicose, devido a uma saturação do

cadeia significante –falta usar uma fórmula lacaniana–,

há apenas a busca de uma falha fora da ordem simbólica: a ciência como a

as psicoses admitem que existe um Outro do Outro, um Deus de Deus. É sobre

de um Deus, digamos, como presença e não como lacuna, a lacuna do Nome

do pai. O axioma lacaniano afirma que o que está fora do simbólico – o

falta do Nome-do-Pai – volta à ordem real – alucinações,

delírios 132. As ilusões científicas de se livrar da morte ou encontrar a

segredos mais íntimos da sexualidade "ter uma vida plena" por meio de

as tecnologias mais avançadas são apenas as mais

óbvio, porque a sexualidade e a morte são por excelência os pontos

irrepresentável por qualquer formação simbólica ou linguística. A tentativa de

dar uma solução definitiva para as questões de sexualidade ou morte, bem como

do que se livrar deles, só tem retornos na ordem do real (na forma

práticas sexuais obscenas ou usos militares letais de

transumanismo). É importante sublinhar que, para Lacan, fazer uma

homologia entre psicose e ciência não é uma patologização da ciência.

130 Jacques LACAN, O Seminário. Livro VI. Desejo e sua interpretação, Paris, Editions de la
Martinière, 2013, p. 255.
131 Jacques LACAN, As psicoses, Paris, Seuil, 1981.
132 Jacques LACAN, "Resposta ao comentário de Jean Hyppolite" em Escritos, op. cit., pág. 389.

127
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A ciência como delírio só pode ser explicada pela busca de um ponto

externo a qualquer formação simbólica, um ponto não linguístico ou simbólico

que é o último referente: pessoas, neurônios, átomos, o cérebro, um

substância química, antimatéria, etc. Essa é exatamente a estrutura do

paranóia: a busca de um ponto externo para além do simbólico que garante

as palavras. Por outro lado, a psicanálise encontra seu limite em uma falha, em uma

lacuna imanente: “não há causa a não ser o que está errado ”133. Este buraco, o nome

du-Père evita que a psicanálise seja apenas uma paranóia. A verdade como

causa é a eficiência simbólica e o buraco dentro de qualquer formação

simbólico.

A reintrodução do Nome-do-Pai implica um duplo desejo que é

na transmissão e formação psicanalítica, a saber, a

genealogia do pai. Por que desejo duplo? Porque se trata de questionar o

desejo do fundador da psicanálise –Sigmund Freud– e o desejo que é

em jogo em todo psicanalista. Agora entendemos a referência de

Lacan à alquimia – a questão da alma que se perde na fundação

científico – e a referência à religião – a filiação do desejo paterno.

Não é por acaso que Freud é o primeiro a convocar a religião para

aprofundar a questão da psicose. Após a redação de um caso

de paranóia, muito famoso em sua época, Freud escreveu uma carta a Ferenczi mostrando

como o caso do Presidente Schreber e a paranóia estão intimamente ligados ao

questão que o preocupa, a da transmissão da teoria psicanalítica

e da própria experiência da prática analítica135 :

133Jacques LACAN, Os quatro conceitos, p. 30.


134 Trata-se, portanto, da articulação entre o desejo e os dramas subjetivos do praticante de uma
ciência chamada “psicanálise”. Nesse ponto, Lacan retoma a questão de um segundo retorno a
Freud: “Nosso retorno a Freud tem um sentido completamente diferente de se apegar à topologia
do sujeito, que só é elucidada por um segundo giro sobre si mesmo. Tudo deve ser repetido do
outro lado para que se feche o que encerra, que certamente não é o conhecimento absoluto, mas
essa posição a partir da qual o conhecimento pode reverter os efeitos da verdade. Sem dúvida, é
de uma sutura praticada por um momento nesta articulação, que garantiu o que absolutamente de
ciência conseguimos. Isso também não é suficiente para nos tentar com uma nova operação onde
essa articulação permanece escancarada, em nossa vida? Jacques LACAN, "D'un dessein" em Escritos, op. cit., 1966, pá
135 Carta de S. Freud a S. Ferenczi datada de 6 de outubro de 1910 citada por Marthe ROBERT, The
Psychoanalytical Revolution. A vida e obra de Freud, Paris, Payot, 2002, p. 343-345.

128
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Você não apenas observou, mas também entendeu que eu não experimento
não há mais necessidade de revelar totalmente minha personalidade e você a tem forte
corretamente atribuída a uma razão traumática. Desde o caso Fließ que tive de
recentemente cuidar de liquidar, como você sabe, a necessidade em questão

não existe mais para mim. Parte do investimento homossexual se foi e eu


usei-o para expandir o meu próprio eu. Eu consegui onde o paranóico
fracassado.

Lacan apenas segue a linha marcada pelo fundador da

psicanálise. É óbvio que Lacan identifica, e de certa forma afirma

e estigmatiza o religioso na psicanálise e em particular na

sua transmissão. É por isso que o questionamento do religioso no

a psicanálise coincide com Lacan com o questionamento do desejo de Freud, o

pai da psicanálise. Nesta observação Lacan enxertará uma ambição para o

psicanálise: primeiro libertá-la da religião para esvaziá-la de seu núcleo

religiosa, para depois colocá-la no quadro da ciência, da racionalidade

científica, mas preservando o que da psicanálise é irredutível


Ciência.

A fórmula "cruzando religião e ciência" poderia dar o que

chamamos a localização ou o tópico da psicanálise. Este último ponto

mostra que a psicanálise se situa numa certa dependência com o

ciência e religião, sem se confundir com nenhuma delas. O

A psicanálise está, portanto, no limite dessas práticas sociais.

A psicanálise, como Lacan a concebe, deve fazer uma íntima aliança

com a ciência e a religião sem ficar capturado pelos protocolos de sua própria

pensei. Em termos lacanianos, usados por Askofaré, deve-se passar pelas duas

tempo de realização do sujeito no campo do Outro: alienação e separação136 :

a identificação o confronta [o sujeito] com a divisão do Outro [o buraco imanente]


na medida em que é representado apenas por um significante (S1) e por outro (S2) cujo

136 Sidi ASKOFARÉ, De um discurso ao outro, p. 108.

129
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é separado no modo de refluxo. Assim, a alienação o confronta com uma

dupla falta: sua própria falta de ser (...) e a falta de sua afanise
em vez do significante binário.

A psicanálise está alienada da ciência e da religião, mas ao mesmo tempo

é separado dele. É na ausência de uma identificação plena, de uma metalinguagem

e uma garantia final de que a psicanálise encontra sua própria existência.

É possível resumir esta segunda posição lacaniana sobre a relação

entre psicanálise e ciência da seguinte forma:

1. Lacan é mais radical do que em seu primeiro período (1953-1963). Ele termina

seu segundo período (1964-1967) questionando-se sobre a possibilidade de um

ciência que incluiria a psicanálise;

2. A base para a diferenciação entre ciência e psicanálise é a questão do sujeito,

de um lado sutura do sujeito, do outro a inclusão de um sujeito dividido;

3. A segunda diferença é a inclusão da verdade na psicanálise e

seu encerramento pela ciência. Consequência é uma ciência

delirante e uma psicanálise que dirige ideias delirantes;

4. Para articular as características específicas da psicanálise, Lacan

fez uma aliança com a religião para reintroduzir um terceiro elemento chamado

“Nome-do-Pai” à consideração da ciência;

5. Assim, para a psicanálise é preciso atravessar o campo da

ciência e religião evitando sem ser capturado por eles.

Podemos afirmar que o elemento que descentra a relação com a ciência é

precisamente o sujeito dividido “entre verdade e conhecimento ”137. Em outras palavras, o conhecimento tem

buraco chamado verdade –o objeto perdido–, o sujeito do desejo encontra seu lugar nesse

orifício. O sujeito está em exclusão interna ao seu próprio objeto.

137 Jacques LACAN, "Ciência e Verdade", op. cit., pág. 864.

130
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Não obstante, todo este percurso lança luz sobre vários pontos da

A teoria lacaniana, como o objeto da psicanálise, sua relação com a religião, o

desejo do psicanalista, a transmissão da psicanálise, a filiação aos pais

fundadores, a ligação íntima entre pensamento e estrutura psíquica, o retorno

Freud, a separação entre verdade e conhecimento, o problema da relação prática

clínico, entre outros.

As viagens de Lacan pelos territórios tão divergentes da ciência e da

religião o levou a encontrar a especificidade da psicanálise e também a ele

fornecer orientação para o uso do matema e do poema.

Embora o assunto da ciência seja o mesmo que o assunto da psicanálise

e que a ciência só é possível através da matematização do universo, a

matema e os usos da psicanálise são muito diferentes daqueles da

Ciência. Lacan, graças a essas explorações nos campos da ciência e

religião, está ciente dessas ilusões e protocolos de pensamento.

Por exemplo, Lacan está ciente de qualquer tentação referencial ou de um apelo

à exatidão ao usar formalizações matemáticas. O desafio de

psicanálise é usar a matemática para incluir o sujeito dividido e

manter uma relação com a verdade, ou seja, não confundir o

rigor com precisão. Lacan confia nos poderes do matema porque não

não confunda ciência com tecnologia ou matemática com ciência.

Essa distância permite que Lacan se oriente pelo matema contra qualquer

ontologização da ciência, mas sob a condição de manter o sujeito dividido e o

verdade como causa, elementos preciosos da descoberta freudiana. Se é sobre

ontologização como concepção do ser como presença, a solução é

do lado da ausência. A ciência é delirante na medida em que busca uma

garantia externa como presença. A matemática pode recorrer

essa tentação, mas Lacan é avisado disso138 :

138Jacques LACAN, "O triunfo da religião" em O triunfo da religião, Paris, Seuil, 2004, p.
93-94.

131
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Mas o real que acessamos com pequenas fórmulas, o real real, é

bem outra coisa (...) o real real, se assim posso dizer, o real real, é que

que podemos aceder de uma forma bastante precisa, que é a forma

cientista. Este é o caminho das pequenas equações. Este real é precisamente aquele que

perdemos completamente. Estamos bem separados dele. Por quê ? NO

por causa de algo que nunca vamos superar. Pelo menos é o que

Acredito, embora nunca tenha sido capaz de demonstrá-lo absolutamente.

O real que podemos acessar através da matemática – as fórmulas


escrito – não é presença externa – pessoas, neurônios, buracos negros
cósmica–, mas uma ausência imanente a qualquer formação linguística,
simbólico, lógico ou matemático. Para Lacan, diferentemente de Heidegger, o
matemática são um caminho real para a ausência que evita qualquer ontologia de
presença. Além disso, podemos encontrar a diferença entre o buraco real
interior que é removido de toda presença e representação – e realidade – o
busca de uma garantia externa à ordem simbólica, a presença de um
gasolina. Podemos entender por que Lacan estava tão interessado em
questões teológicas, em particular pela teologia "negativa", isto é, a
retirada após sua manifestação de Deus no judaísmo, em vez do Deus grego
que é presença.
Religião e teologia são necessárias para explorar a estrutura do
sujeito, notadamente pelos impasses do Outro que é parte constitutiva da
subjetividade na psicanálise. Não é por acaso que os cientistas
formular afirmações, digamos "teológicas" ou "religiosas" quando
encontrar o impasse inerente ao Outro: é o caso de Einstein que afirma que
"Deus não joga dados "139 ou mesmo o caso dos físicos da Escola de Copenhague
que fazem uma interpretação "zen" de certos fenômenos atômicos. Isto é

139“ Gott würfelt nicht ” Albert EINSTEIN, “Carta a Max Born, 4 de dezembro de 1926” em The
Born Einstein Letters, Nova York, Walker and Company, 1971.
140 Cf. Giancarlo GHIRARDI, Sneaking a Look at God's Cards, New Jersey, Princeton
University Press, 2004. O caso do escritor francês Michel Houellebecq ilustra uma maneira de
pensar sobre a relação entre a forclusão da verdade, o retorno do real sob a forma de delírio
e o apelo à religião para evocar o significado que a ciência esvaziou do mundo: "Se você lê Darwin, pode ver

132
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um índice da co-emergência do sujeito da ciência e a garantia de um Deus

não enganosa em Descartes. Os cientistas, na medida em que

imersos na linguagem, vivenciam os impasses do Outro da linguagem – o

sexualidade, morte. Digamos que há três respostas ao silêncio do Outro:

busca de um sentido no Outro –religião–, a busca de um elemento na

realidade que se situa para além do Outro – a ciência – e a aceitação do silêncio

do Outro como tal – a psicanálise. A loucura, em alguns sentidos, é uma

resposta à insensatez da morte e da sexualidade a que estamos expostos

assim que somos seres falantes. A ciência, como a religião e

psicanálise são sensíveis a falhas na estrutura subjetiva, embora

as respostas são diferentes.

É instrutivo observar que Lacan segue o método freudiano em

diz respeito a explorações na literatura, religião, filosofia,

ciência, entre outros. Mesmo que Lacan não tenha um estilo freudiano, ele segue os passos

freudianos. Expedições em campos heterogêneos à psicanálise

permitem que Lacan, como em seu tempo Freud, faça perguntas que

seria impossível se a psicanálise se baseasse apenas na ciência.

Em outras palavras, para Lacan não existe uma "regionalização" do ser, ou seja,

dizer objetos específicos, para cada campo do conhecimento.

Se adicionarmos o método lacaniano de exploração do conhecimento

heterogêneo à psicanálise, teremos um espectro mais amplo de relações

de Lacan à ciência. De fato, a psicanálise não é apenas conhecimento,

mas uma prática. Essa prática busca transformar por meio da palavra falada, ou seja,

digamos por livre associação e interpretação, um sujeito que o solicite,

geralmente porque ele está com dor. Este último ponto abre um espectro de estudos para

que, no fundo, o que o separa de Deus – pois Darwin não acreditava em Deus, embora
afirmasse o contrário – são considerações mortais. Por exemplo, em uma carta ele analisa
o ciclo de vida de não me lembro qual parasita que vive no olho e exclama “Não! um Deus
de bondade não pode ser o autor deste mundo! Podemos arriscar um teorema: quanto
mais ácaros são observados, mais a fé em Deus diminui. No meu caso, infelizmente,
estudei biologia, então não entrei pela porta certa” Michel HOUELLEBECQ, “La élite está
asesinando a Francia” no Jornal El País, Espanha, online, consultado em 11 de maio de
2015 http://cultura .elpais.com/cultura/2015/04/23/babelia/1429802066_046042.html

133
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psicanálise mais ampla do que um único campo de conhecimento. Segundo Lacan, o

a psicanálise, nesse segundo período, é uma "práxis", ou seja, a

“o termo mais amplo para designar uma ação concertada do homem, qualquer que seja

seja o que for, o que o coloca em condições de lidar com o real através do simbólico ”141.

Aqui o real é o buraco no simbólico. A psicanálise não é

orientado para a realidade, mas para o real, um conceito não ontologizante. Quando

escrevemos que a ciência busca sua garantia final nos neurônios,

pessoas ou partículas infinitamente pequenas, ontologiza o real dando-lhe um

caráter da realidade. “Tratar o real pelo simbólico” é a fórmula exata

que resume o interesse de Lacan pelo poema e pelo matema, que também orientam

suas explorações na ciência e na religião. É a práxis como

relação entre prática e conhecimento. Quando Lacan afirma que a estrutura é

“o que não se aprende com a prática ”142 sublinha a questão da

transmissibilidade do matema. Mas a singularidade de cada caso resiste a qualquer

abordagem universal, daí a necessidade do poema. O poema tem como objetivo

singularidade enquanto o matema está do lado da universalidade do

transmissão. O matema também é singular quando é a localização de um

impasse regional da formalização. Ambos, matema e poema,

deve resistir à tentação do sentido143 e da transmissão iniciática. O

A travessia da ciência e da religião por Lacan lhe permite formular que há

algo que não pode ser transmitido ou ensinado por qualquer meio

tradicional: "[a psicanálise] introduz no ensino uma exigência

inédito: o do inarticulado ”144. Lidar, ensinar e transmitir "o inarticulado"

cruzar ciência e religião é a tarefa que a psicanálise empreende para

usando o poema e o matema.

141 Jacques LACAN, Os quatro conceitos, p. 11.


142 Jacques LACAN, "L'étourdit" em Outros Escritos, op. cit., pág. 461.
143 "É que a psicanálise só pode contribuir para o que se chama hermenêutica, para trazer a filosofia de

volta aos seus laços de obscurantismo" Jacques LACAN, "Respostas aos estudantes de filosofia" em
Outros escritos, op. cit., pág. 210.
144 Jacques LACAN, “Situação da psicanálise em 1956”, op. cit., pág. 463.

134
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1.2.3. Psicanálise e ciência como práticas discursivas (1968-


1974)

O discurso analítico não é um discurso científico, mas um


discurso para o qual a ciência nos fornece o material, o
que é bem diferente.
–Jacques Lacan, …ou pior

Seguindo uma formulação da psicanálise em termos linguísticos, Lacan

seriamente esta direção para radicalizar seu projeto. Com efeito, na segunda

tempo da relação entre ciência e psicanálise em Lacan sua relação com

A linguística é sintática. É assim que Lacan sempre acrescenta um elemento

heterogêneo: o falo sem sentido, o sujeito como falha, o objeto

tem como falta de objeto. Nesta terceira fase da relação entre ciência e

psicanálise, ele novamente formula a psicanálise em termos de linguística

pragmático. A psicanálise, depois de ter girado em torno da fala e da

linguagem, chega ao momento do discurso. Assim, as angústias do filósofo

francês Michel Foucault, linguistas americanos Charles Sanders Pierce, John

Austin e John Searle, são retomados por Lacan.

Um discurso é medido por suas consequências. Todo discurso tem

consequências, porque um enunciado é efetivamente um ato: é a dimensão

desempenho da linguística, isto é, dos atos ilocucionários. Dizer é um

forma de atuação. Agir é uma forma de falar. Até ficar em silêncio é uma ação que tem

consequências. Lacan examina o status do vínculo social, seus modos e os efeitos da

discurso induzido por esses modos de vínculo social.

Lacan chega a uma formalização de três elementos previamente desenvolvidos

em seu ensino, mas também presente na obra do filósofo Michel

Foucault: saber, poder e sujeito. Lacan formaliza esses três elementos, mas sob

a forma literal de S1 –significando mestre/poder–, S2 –conhecimento–, $ –sujeito

dividido – e introduzindo um elemento ausente em Foucault: o objeto a –o

gozo, a causa do desejo ou o objeto perdido.

145 Jacques LACAN, O Seminário, Livro XIX: …ou pior [1971-1972], Paris, Seuil, 2011, p. 141.

135
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Trata-se de uma formalização denominada "os quatro discursos", que vai desde sua

seminário sobre o plus-de-jouir146 até o seminário XX, Encore, onde muda

a formalização dos discursos desenvolvendo antes a topologia dos nós,


notavelmente seu famoso nó borromeano.

Este não é o momento de desenvolver os antecedentes do famoso

"quatro discursos", não mais para explicar como funcionam, mas para sublinhar

as consequências de tal construção, no que diz respeito ao vínculo entre ciência e

psicanálise. Com efeito, é a partir da formalização dos discursos que Lacan

pode avançar nos seguintes aspectos: a) a radicalização da divisão do sujeito

entre ciência e conhecimento, mas também entre afirmação e enunciação a ponto de

eixo torna-se o paradigma da intervenção do psicanalista; b) elevação de

ciência e psicanálise no auge das práticas discursivas; vs)

a introdução do gozo, levado em consideração na prática de outros

conhecimentos como filosofia, ciência ou religião. Essa é a especificidade

“Campo lacaniano” como campo específico da psicanálise; d) a separação de

a função ciência do discurso científico; e) a função de escrever em

ciência e na psicanálise. A escrita como borda do real, do

o significado indizível e obviamente; e, f) cancelar a inscrição por escrito

matemática. O que Jean-Claude Milner chama de “literalização ”147

ou “hiperestruturalismo ”148.

Se a segunda fase da relação entre ciência e psicanálise libera

com mais clareza a questão da divisão do assunto – ligada ao encerramento de

verdade–, pela terceira vez aprofunda essa divisão e insiste na direção

linguística performativa. Agora vem a divisão do assunto

entre enunciado e enunciação – tarefa iniciada a partir do grafo do desejo –: “Onde

quero chegar a isso, senão para convencê-lo de que o que o inconsciente traz de volta

nosso exame, é a lei pela qual a enunciação nunca será reduzida ao enunciado

146Jaques LACAN, The Seminar, Book XVI: From One Other to Another [1968-1969], Paris, Seuil, 2006.
147 Jean-Claude MILNER, Clareza de tudo. De Lacan a Marx, de Aristóteles a Mao. Entrevistas com
Fabien Fainwaks e Juan Pablo Lucchelli, Paris, Verdier, 2011, p. 14-17 e 66-67.
148 Jean-Claude MILNER, L'Oeuvre Claire, Paris, Seuil, 1995, p. 111.

136
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de qualquer discurso? ". A chamada divisão do sujeito tem consequências no

própria concepção de ciência. Lacan continua149 :

Não digamos que eu escolho meus termos lá, seja o que for que eu tenha a dizer. Embora seja

não é inútil lembrar aqui que o discurso da ciência, na medida em que


recomendaria objetividade, neutralidade, embotamento, até mesmo gênero
Sulpician, é tão desonesto, tão obscuro na intenção quanto qualquer
outra retórica.

A divisão do sujeito é intransponível, seja pela ciência, pela psicanálise ou

qualquer outro conhecimento. Mas a psicanálise como prática discursiva lida com

divisão do próprio assunto. A psicanálise não pode curar o sujeito de sua

divisão, mas questioná-la, ouvi-la, medir seus efeitos e inventar um saber-fazer


com esta divisão.

A ênfase deve ser colocada aqui na incurabilidade da divisão e, acima de tudo, na

o caráter de uma prática discursiva, até mesmo social, da psicanálise, bem como

Ciência. Se Lacan já tivesse afirmado – em “Ciência e Verdade” – que a

religião, magia, ciência e psicanálise têm sido práticas sociais,

o acento passa a ser colocado na dimensão discursiva dessas práticas.

Explorações lacanianas no campo da discursividade da linguagem.

iniciam-se num exame da linguagem como base da ligação

social. Já, para Lacan, o vínculo social é organizado por uma estrutura

discursivo que inclui o sujeito, o poder, o saber e o objeto tem como gozo.

É nesse sentido que um discurso é antes de tudo um modo de processamento

gozo por meio da linguagem e organizados para uma estrutura que tem rachaduras. Isto é

também por isso que o discurso organiza um modo de processamento

gozo, implicando a existência de elementos heterogêneos que vão além do

discurso: o sujeito dividido, o gozo e os impasses da estrutura.

Assim, um discurso é ao mesmo tempo uma forma de renunciar ao gozo,

mas também uma localização e tratamento do referido gozo. Um discurso

149 Jacques LACAN, “A metáfora do sujeito” em Escritos, op. cit., pág. 892.

137
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mostra a forma como o conhecimento é organizado, o lugar do sujeito, bem como o

como o poder é exercido. Nesse sentido, um discurso pode servir a outro

coisa a significar; portanto, sinaliza a possibilidade de um vínculo social sem

palavras.

A dimensão discursiva, "pragmática" trata dos fenômenos

linguísticas que incluem o vínculo social, bem como declarações, ações reais

que têm consequências reais. Os lugares discursivos determinam

a enunciação e, portanto, o sentido de uma frase. Em outras palavras, a mesma afirmação

muda seu sentido a partir de sua posição de enunciação. Em suma, um discurso mostra
como os padrões fundamentais dos laços sociais determinam a

enunciados reais e seus significados nos discursos.

A partir do momento em que Lacan aponta que existem apenas quatro discursos – de

mestre, da universidade, do analista e da histeria – surge a pergunta: é

se a ciência coincide com um regime discursivo ou é ela mesma um

Fala ? A ciência é um discurso diferente desses quatro discursos

mencionado por Lacan? Lembremos que Lacan não respeitou sua própria

regra e escreveu um quinto discurso150.

Desde o início, Lacan considera que a ciência é fruto do discurso do


mestre151 :

...alguém, da relação estrita de S1 a S2, extraído pela primeira vez como


como a função do sujeito, chamei Descartes — Descartes como acredito
poder articulá-lo, não sem acordo com pelo menos uma parte importante daqueles
quem cuidou disso - foi a partir deste dia que a ciência nasceu.

150 Cf. A conferência proferida por Lacan na Universidade de Milão em maio de 1972. Jacques LACAN
“Sobre o discurso psicanalítico” em Giacomo CONTRI (dir.), Lacan in italia/ Lacan en Italie, La
Salamandra, Milão, 1978. No entanto, podemos argumentar que mesmo que Lacan tenha usado
o termo “discurso” para designar o capitalismo, ele não têm uma função semelhante, justamente
porque falta a ligação entre os dois lugares superiores do discurso. Esse "discurso" também
não é um discurso, pois o lugar designado para a verdade é acessível - o que é impossível em
um discurso verdadeiro.
151Jacques LACAN, O seminário, Livro XVII: O outro lado da psicanálise [1969-1970], Seuil,
Paris, 1991, p. 22.

138
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No entanto, às vezes parece que a ciência não é um resultado, mas uma

elemento que reforça o discurso da mestra: "ao discurso da mestra que ela

definitivamente estabilizada com o apoio da ciência ”152. Na primeira citação

Lacan se refere à ciência moderna, mas algumas sessões depois ele

aponta que o efeito, o resultado do discurso do mestre é a ciência antiga: "o

conhecimento do mestre é produzido como conhecimento inteiramente autônomo do conhecimento

mítico, e isso se chama ciência .

Em seguida, Lacan corrige sua posição e avança que na filosofia o

conhecimento segue a estrutura do discurso do mestre, enquanto na ciência o conhecimento


tem a estrutura do discurso da universidade154 :

A filosofia tem desempenhado o papel de constituir um saber de mestre, a ser retirado do

conhecimento do escravo. A ciência como agora veio à luz

consiste propriamente nesta transmutação da função.

Se o conhecimento está em um lugar diferente em cada discurso, sua natureza muda. O

conhecimento filosófico e científico são absolutamente diferentes em suas

posição, mas também por sua relação com os demais elementos: o poder e o papel

do assunto. Na ciência, o conhecimento tem uma propensão à totalidade, enquanto na

o conhecimento filosófico é o produto de uma relação de expropriação :

É impossível não obedecer ao comando que está ali, no lugar deste

que é a verdade da ciência – Vá em frente. Andar. Continue aprendendo mais.

(…) De fato, como em todos os outros pequenos quadrados ou diagramas de quatro vias

pernas, é sempre aquele que está aqui, acima e à direita, que trabalha - e por

trazer a verdade, porque esse é o sentido do trabalho. Aquele que está neste lugar, no

discurso do senhor é o escravo, no discurso da ciência é o

estudante.

152 Jacques LACAN, O Seminário, Livro XVIII: Sobre um discurso que não seria semblante [1970-
1971], Limiar, Paris, 2006, p. 151.
153 Jacques LACAN, O outro lado da psicanálise, op. cit., pág. 103.
154 Ibid., pág. 173.
155 Ibid., pág. 120.

139
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Que o conhecimento seja diferente de acordo com seu lugar em um discurso mostra a ligação entre

o discurso do mestre e o discurso da universidade como mudança de


status do conhecimento, mesmo da ciência antiga para a ciência moderna: "[isto] é tudo
completamente legítimo se constatarmos que, radicalmente, o discurso acadêmico não
só pode ser articulado a partir do discurso do mestre . Em ciência,
transmutação do conhecimento filosófico, o poder – o significante mestre – é
encontra-se no lugar da verdade. A implicação imediata, por exemplo, é que em
sempre que um cientista fala em nome da ciência – como um especialista – ele
é tomada pela verdade do poder. O poder é constituído por demandas
econômicas ou as decisões das elites, sejam acadêmicas ou financeiras.
A diferença entre filosofia e ciência está no lugar ocupado pelo
conhecer em cada discurso, o lugar do escravo que trabalha no primeiro e
o lugar do todo-saber destinado a civilizar o sujeito – o a-aluno – no segundo.
Este exemplo é uma ilustração da organização dos elementos que
determinam a enunciação e os efeitos de sentido. A mesma frase pode ter um
significado diferente dependendo do discurso; o significado de um enunciado é decidido por sua
enunciação.

Da mesma forma que Lacan atribui à ciência o discurso do histérico


na medida em que o sujeito questiona o lugar do poder e o mestre que
detém157 :

Qualquer que seja a fecundidade que o interrogatório histérico tenha mostrado, o que, eu tenho

disse, introduz-o primeiro na história, e embora a entrada do sujeito como

agente do discurso teve resultados muito surpreendentes, o primeiro dos quais é que

da ciência, não é aí que está a chave de todas as fontes. A chave

está no questionamento do que está em jogo no gozo.

Assim como a ciência se inscreve não apenas no discurso do mestre,


mas também no da histeria, a filosofia se inscreve neste último

156 Jacques LACAN, De um discurso que não seria..., op. cit., pág. 43.
157 Jacques LACAN, Novamente, op. cit., pág. 205-106.

140
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discurso: "[isso] se manifesta desde o início na histeria de Sócrates, e na


efeitos da ciência, venham à luz mais cedo do que se possa imaginar ”158.
Finalmente, Lacan assimila a ciência a um "discurso" que não é
exatamente um discurso, neste caso o do capitalismo159 :
Não esperamos para vê-lo até que o discurso do mestre estivesse totalmente
desenvolvido para mostrar sua bela palavra no discurso do capitalista, com sua
curiosa cópula com a ciência. Isso sempre foi visto e, em todo caso, é o
tudo o que vemos quando se trata de verdade, primeira verdade tudo
pelo menos, daquele que nos interessa um pouco, embora a ciência
faça-nos renunciar a ela, dando-nos apenas o seu imperativo, Continuar a
conhecer em um determinado campo.

Por fim, a qual discurso pertence o “discurso da ciência”? Como


como já dissemos, certos discursos fazem uso da ciência. Como um resultado,
ciência é um elemento que funciona de acordo com sua inserção em cada
estrutura discursiva – mestre, universidade, histeria. Primeira conclusão: Lacan
distingue entre "discurso científico" e "ciência ", sendo esta última uma
elemento permutador em cada discurso, geralmente como S2 ou saber:
“[o] discurso analítico não é um discurso científico, mas um discurso
para o qual a ciência nos fornece o material, o que é bem diferente . Segundo
conclusão: Lacan faz uso “fraco” e “forte” do termo “discurso ”.
Com efeito, os chamados "quatro discursos radicais" são discursos
no sentido forte, enquanto "o discurso da ciência" ou o "discurso da
capitalismo” estão no sentido fraco. A diferença está na formalização
discurso, mas também no laço social. O discurso da ciência não é
formalizado; é antes um conjunto de afirmações que organizam o conhecimento. Para
por sua vez, o discurso do capitalismo é formalizado, mas não inclui um vínculo
social; falta-lhe o vetor entre os dois lugares superiores do discurso.

158 Jacques LACAN, De um discurso que não seria..., op. cit., pág. 240.
159 Jacques LACAN, O outro lado da psicanálise, op. cit., pág. 126.
160 Jacques LACAN, ...ou pior, op. cit., pág. 141.

141
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Nenhum dos "quatro discursos" equivale ao "discurso da ciência", nem

do que o “discurso do capitalismo”.

A separação entre a ciência e o discurso da ciência implica que

dois termos têm consequências: "Eu absolutamente não estou no processo de

dizer que existe a ciência que nada como uma construção pura, que não morde

não no real ”161. Segue-se que o discurso da ciência tem consequências

no real na medida em que todo discurso é uma prática. É então que nós

podemos concluir que, segundo Lacan, a ciência é uma prática discursiva

apenas parte de um discurso. Em suma, na terceira fase da relação entre

ciência e a psicanálise, Lacan eleva ambas as formas de conhecimento à altura do

prática. Eles não são mais conhecimento na medida em que são

articulações entre os elementos: saber, verdade, sujeito e gozo.

Não obstante, parece implausível que os chamados "quatro

discurso" são formalizados "matematicamente" a ponto de serem quase

fórmulas matemáticas, matemas. Este último ponto responde à

questão da diferença entre "ciência" e "discurso sobre ciência". No

discurso da ciência, o elemento “ciência” permanece do lado do conhecimento; é um

simbolização como um conjunto de enunciados organizados. Digamos também que

discurso da ciência corresponde ao senso comum do que se chama

"ciência" na vida cotidiana: um corpo de conhecimento. Lacan por sua vez

persevera em sua concepção de ciência de acordo com o modo koyreano de


matematização como escrita. A formalização dos discursos é feita

possível através de um núcleo escrito de ciência. Em última análise, a ciência é

uma questão crucial para a psicanálise na medida em que envolve


linhas escritas.

Para Lacan, existem três formas de pensar a “ciência”: a) “discurso da

ciência” como organização do conhecimento que implica um vínculo social; b)

161 Jacques LACAN, De um discurso que não seria..., p. 43.

142
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“ciência” como conjunto de saberes –enunciados organizados–; c) finalmente, o


“ciência” como escrito “matéria”.

Por que o núcleo escrito da ciência é tão importante? Porque a função

da escrita permite articular elementos heterogêneos, evitar qualquer discurso de

sentido e inscrever o que está no limite do simbólico e, portanto, indizível.

É possível argumentar que a escrita matemática desnuda a ciência

de qualquer tentação de sentido, dá-lhe um rigor, dando a possibilidade de

inventar coisas novas e transmiti-las162 : “Ainda assim, não devemos

não esqueça, nossa ciência opera apenas a partir de um fluxo de pequenas

letras e gráficos combinados”. A matemática como escrita –

letras e gráficos – constituem o núcleo radical do poder da ciência

e tornam possível o próprio progresso da ciência: "Por que não

também a parte do lugar onde estão localizadas essas fabricações da ciência, se não forem

nada mais que o efeito de uma verdade formalizada? pergunta Lacan.

Lacan extrai a escrita matemática da ciência para formalizar a

quatro discursos, mas também pensar a ciência e a psicanálise como

práticas discursivas. Por esta razão, podemos compreender a importância

da tríplice separação entre ciência como escrita, ciência como discurso

(conjunto de enunciados) e a ciência como parte de um discurso (S2, conhecimento).

Lacan libera a mancha escriturística da ciência de seu seminário sobre a

aparência, o seminário XVIII, que lança uma nova luz sobre a

formalizações matemáticas. Digamos que a formalização tenha uma dimensão

simbolismo que dá rigor e transmissibilidade, mas pouco a pouco, Lacan

trabalha com dimensões reais: o gozo, o real e o irrepresentável.

A formalização matemática como simbolização permanece insuficiente para

Lacan; para ele, a escrita está no limite entre o real e o simbólico, o que

abre uma possibilidade mais radical de lidar e pensar sobre a realidade.

162 Ibid., pág. 123.

143
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“Entre gozo e conhecimento, a letra criaria um litoral”, afirma Lacan163.


Isso abre à psicanálise, como prática, a possibilidade de modificar o
regime de gozo sem apelo ao saber ou ao sentido. saber algo sobre
inconsciente ou mesmo em nosso modo de fruir não é suficiente para
mudar o paradoxal regime de gozo, um regime que, no entanto, nos torna
sofrer. Embora Lacan tenha feito a separação entre conhecer e compreender e
a chamada "realização" - que pertence ao reino do imaginário -,
conhecimento impessoal ou inconsciente permanece insuficiente para ter uma
impacto no prazer. “Como intervir no real do gozo
com simbolismo? Esta, ao que parece, é a questão fundamental que se impõe
Lacan.

Mais uma vez, a ciência guiará a resposta de Lacan; a


carta, a dimensão escrita da ciência, guiará o psicanalista em sua
pesquisa. No entanto, de acordo com sua reputação de concorrente, Lacan faz
operar a carta de maneira distinta. Lacan formula assim o contraste de
carta em psicanálise164 : “o analítico. Não será matemático. Isto é
bem por isso que o discurso analítico se distingue do discurso científico”. O
carta sinaliza o impasse interno de qualquer estrutura, discurso, formação
simbólico ou mesmo do inconsciente – como estrutura. O impasse de todos
estrutura é o nome do real. O buraco da estrutura, a lacuna do simbólico, não tem
não um "além", porque a fissura em si é o real. O “truque” matemático em
enquanto a letra –inscrição– é a localização do impasse, ou seja, da
real165 :

É aqui que o real se destaca. O real só pode ser inscrito por um impasse de

formalização. É por isso que eu pensei que poderia desenhar o modelo do

formalização matemática na medida em que é a elaboração mais avançada

nos foi dado para produzir significado. Essa formalização

163 Ibid., pág. 117.


164 Jacques LACAN, Novamente, op. cit., pág. 105.
165 Ibid., pág. 85.

144
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matemática do significado é feita ao contrário do significado, eu quase ia dizer


má interpretação.

Estamos no zênite do chamado "matema" que na época tinha um rank

ideal para a psicanálise. Aqui "matheme" assume o significado não de


matematização ou formalização, mas de localização e transmissão

de um beco sem saída.

A questão do impasse e sua impossibilidade de um "além" é central

para a psicanálise lacaniana. Por exemplo, no início do século 20 havia

uma discussão sobre os limites da linguagem e o que pode ou não ser dizível. a

O caso de Ludwig Wittgenstein foi a esse respeito paradigmático: o sétimo

aforismo do Tractatus aponta os limites do discurso de acordo com Wittgenstein:

“Sobre o que não podemos falar, devemos calar ”166. A solução de

Wittgenstein para os limites da linguagem, para o que não pode ser dito, é o
silêncio. Por outro lado, Lacan mostra outra solução: diante dos limites dessa

que na linguagem é indizível podemos escrever. Escrever mostra, escreve o

limites da linguagem, além dos quais não há nada: os limites da linguagem

constituem a própria realidade. Diante do real, a solução de Wittgenstein é a

silêncio que abre a porta ao misticismo ou às soluções iniciáticas. Na casa de


Lacan, a solução é literalmente imanente, pois o real, esse inominável e

inexprimível para a linguagem, pode ser escrito sem recorrer a uma metalinguagem – que Lacan

chama o Outro do Outro. A escrita pode caber em qualquer

estrutura simbólica de impasses como a identidade, o conjunto de conjuntos ou

os paradoxos do mentiroso167 sem recorrer à metalinguagem, referência objetiva ou

elemento transcendente. A tentação da metalinguagem, referência ou elemento

transcender nos levaria ao misticismo silencioso, ao sentido religioso, ao

delírio científico ou uma posição iniciática.

166 Ludwig WITTGENSTEIN, Tractatus logico-philosophicus, Gallimard, Paris, 2001, p. 121.


167 Ou o paradoxo de Epimênides que é assim formulado: “Um homem disse que estava
mentindo. O que o homem estava dizendo é verdade ou mentira? ".

145
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Esta localização do impasse pela carta e sua transmissão


posterior só é possível através da formalização. Essa formalização no
clínica é constituída pelo percurso de cadeias significantes que se desdobram
através de "associação livre". Se o "truque" psicanalítico não for
matemática, qual seria o "truque" psicanalítico que tornaria possível
pela letra? Essa questão nos leva à questão do gozo168 :
No entanto, vejamos de perto o que nos inspira a ideia de que, no gozo
dos corpos, o gozo sexual tem o privilégio de ser especificado por um impasse.
Nesse espaço de gozo, tomar algo limitado, fechado, é
um lugar, e falar dele é uma topologia. Em uma escrita que você verá aparecer
no auge do meu discurso no ano passado, acredito que demonstrei a estrita
equivalência de topologia e estrutura.

Lacan extrai a escrita da ciência por sua função de letra, isto é, por sua
localização e potência de transmissão. Em suma, nas bordas dos becos sem saída do
a estrutura inconsciente permanece gozo; a letra localiza as bordas em
inscrevendo os limites dessas arestas, o que possibilita uma intervenção na
gozo e transmissão de impasses, mas não o gozo em si
mesmo.

Por isso, esta terceira fase da relação entre ciência e


a psicanálise é assinada para uso literal da ciência. Por esta via, é
possível entender por que os melhores dispositivos formalizados são
“os quatro discursos” e “as fórmulas da sexuação”. De fato, todos esses
dispositivos constituem fórmulas escritas que não são modelos, mas
localizadores de impasses: cada discurso e cada parte das fórmulas de
a sexuação mostra através da escrita os impasses de uma estrutura. O
quatro discursos escrevem os impasses de todos os laços sociais e as fórmulas de
sexuação os becos sem saída de qualquer tentativa de identidade sexual. Nas bordas desses

impasses, Lacan situa o gozo.

168 Ibid., pág. 14.

146
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Após a separação entre verdade e conhecimento, seguida da equivalência entre a

sujeito da ciência e sujeito da psicanálise, Lacan introduz numa


terceira vez o elemento de prazer. De certa forma, a escrita de
quatro discursos organizam todos esses movimentos: $, S1 - S2 e a. A novidade de
A terceira etapa é a consideração do gozo na prática
ciência e psicanálise. Lacan constitui o que ele gostaria de chamar de "o
Campo lacaniano ”169 :

De vez em quando eu coloco meu nariz em um monte de autores que são


economistas. E vemos como isso é interessante para nós analistas,
porque se há algo que precisa ser feito, em análise, é a instituição
deste outro campo de energia, que exigiria outras estruturas além daquelas
da física, e que é o campo do gozo. (…) Quanto ao campo
gozo – ai, que nunca será chamado, porque certamente não terei o
hora até de traçar as bases, o campo lacaniano, mas eu queria —,
há algumas observações a serem feitas.

O campo de estudo da psicanálise é o gozo e não importa se é na ciência, na


religião, na economia ou na arte. No decorrer
descoberta do gozo, a questão entre ciência e psicanálise muda
mais uma vez. Podemos formular essa mudança parafraseando o
Lacan da segunda fase da relação entre ciência e psicanálise: permanente
permaneceu, portanto, a questão que compõe nosso projeto radical: aquele que vai de: o

A psicanálise é uma ciência? para: o que é uma ciência que inclui


prazer?
No segundo tempo, aquele que compreende "Ciência e verdade", Lacan
abandona implicitamente seu projeto de tornar a psicanálise científica – ao
perpetuando o ideal freudiano, mas formalizado. A terceira vez radicaliza isso
afastamento; há uma clara separação entre ciência e psicanálise em
como práticas discursivas. A divergência não é uma impotência do

169 Jacques LACAN, O outro lado da psicanálise, p. 93.

147
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psicanálise nem uma batalha contra a ciência. É mais um

reconhecimento de uma parte irredutível da psicanálise e o fundamento da

seu próprio campo. Lacan parte da irredutibilidade do sujeito dividido, entre saber e

verdade, entre enunciado e enunciação (Ciência e verdade). Essa irredutibilidade

decorre de uma indiferença à ciência. Então ele vai para o

campo lacaniano, ou seja, o gozo em suas três formas: plus-de-jouir,

objeto perdido e causa do desejo (Seminário XX, Encore). É também o

poder da escrita matemática como o coração da ciência. Esse último

ponto é crucial, não só para o rigor teórico, mas para a prática

na medida em que a carta escreve as posições discursivas e localiza os impasses

de uma estrutura. A letra funciona como uma bússola para encontrar o real e

prazer. Podemos concluir que a literarização da psicanálise

nos dá o código para decifrar a importância da ciência para o

psicanálise. Assim, a escrita da ciência, lógica ou

matemática, purifica a psicanálise de todo significado e conteúdo "imaginário".

Paradoxalmente, a escrita possibilita uma contaminação do gozo em

psicanálise.

Após a divisão do sujeito entre saber e verdade, Lacan também discerne essa

divisão do sujeito entre enunciado e enunciação. Os quatro discursos formalizam,

escreva esta divisão usando a carta, uma carta que localiza becos sem saída e

prazer. A letra só é possível por meio de sua extração da ciência, uma

ciência que não tem a função de um discurso científico. Lacan faz uma aliança com

ciência na medida em que tem um núcleo escrito. Este é um uso literal do

Ciência. Tais são as complexas operações realizadas por Lacan nesta terceira

tempos que se materializam pelos "quatro discursos" e "as fórmulas de

sexuação”, os matemas por excelência.

As explorações desse período também nos orientam sobre o uso que

Lacan faz matema e poesia. É então, por exemplo, que o matema

assume uma figura de escrita em vez de uma formalização graças a

a extração da letra como núcleo da ciência. A função do matema não é

148
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ainda não há formalização; na psicanálise, o rigor epistemológico faz

espaço para uma alfabetização diretamente engajada na prática. A carta tem um

função de localização do real considerando uma possível intervenção clínica

que mudaria o regime de gozo. A escrita do matema é também a

paradigma da transmissão fora da linguagem, portanto do indizível ou do que é

o limite da linguagem.

Neste terceiro tempo, a questão do matema fica mais clara, enquanto

que a função do poema permanece um tanto obscura. Parece que o poema leva a

forma de lalíngua, em uma única palavra, e nesse sentido, está sob a tutela do

prazer. É surpreendente que em seu Seminário XX, Lacan proponha como

idealiza o matema e simultaneamente introduz o termo lalíngua que, a nosso ver,

é a forma atual do poema. O ponto paradoxal está justamente no vórtice

o insensato, o indizível. Existe uma lacuna em qualquer estrutura que seja

localizado pela letra do matema. Nas bordas do fosso vive o

gozo, gozo que necessita de uma intervenção para modificar seu regime.

O poema, como lalíngua, ou seja, como linguagem impregnada de

gozo, pode ser o paradigma da intervenção. Estes são precisamente os

mistérios do gozo da linguagem, de lalíngua que, parece-nos,

levará Lacan a se perguntar a questão do poema cujo objetivo seria

trazer o corpo em ressonância.

149
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1.2.4. A literalização da ciência: a nodologia e a prática da “fofoca” (1975-1981)

Pensa-se que é comunicado, através de mal-entendidos, é claro.


Então, vamos nos comunicar, e digamos em que consiste essa
conversão, pela qual a ciência prova
diferente de qualquer teoria do conhecimento.
Jacques Lacan, O outro lado da psicanálise170

"A psicanálise não é uma ciência", finalmente afirma Lacan em seu

sessão de 15 de novembro de 1977171. De fato, a partir de 1971, e mais decididamente

a partir de 1974, Lacan intensificará este tipo de declarações. Três anos antes de sua

morte, durante o 9º Congresso da Escola Freudiana de Paris, ele concluiu esta situação a partir do
seguinte maneira 172 :

Como agora penso, a psicanálise é intransmissível.

É bem chato. É muito irritante que todo psicanalista seja forçado –

já que ele tem que ser forçado a fazê-lo – reinventar a psicanálise.

Uma ciência, da qual cada cientista deve reinventar sua própria prática, não é

não concebível. A psicanálise não pode aspirar ao status científico

tão logo não haja progresso – ou acúmulo de conhecimento – entre

uma geração e outra. O julgamento de não transferibilidade confirma a não

pertencimento da psicanálise ao campo da ciência. A famosa frase "Eu

não procuro, encontro ”173 emprestado por Lacan de Picasso, é apenas uma

exemplo da distância entre ciência e psicanálise.

170 Jacques LACAN, O outro lado da psicanálise, p. 186.


171 Jacques LACAN, O seminário, Livro XXVI: O momento de concluir [1977-1978]. Não publicado.
172 Jacques LACAN, " 9º Congresso da Escola Freudiana de Paris sobre Transmissão " em Cartas de

Escola, 1979, nº 25, vol. II, pág. 219.


173 Jacques LACAN, ...ou pior, op. cit., pág. 170.

150
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Para complicar as coisas, Lacan recorre ao critério da refutabilidade

Popperian insistir no caráter não científico da psicanálise.

Além disso, o último fulcro "científico" da psicanálise, o

linguística, é finalmente abandonada: cada vez mais, Lacan afirma a

natureza equívoca da linguística.

Em última análise, Lacan, depois de ter proposto a formalização matemática

como meta da psicanálise, como ideal de transmissão, descobre que

o apelo à linguagem equívoca, para o matema, é inevitável: "Não sabemos

absolutamente não o que eles significam, mas eles são transmitidos. Não há mais nenhum

a menos que sejam transmitidos apenas com a ajuda da linguagem”. No entanto, o

a linguagem, como já apontamos, tem uma natureza equívoca. A equivocidade de

linguagem "contaminará" todas as conceituações lacanianas: os títulos de suas

seminários, por exemplo, Encore (um corpo, novamente), Les non-dupes errent (Les non-dupes errent

nomes do pai) e RSI (heresia). Mesmo o equívoco translinguístico está em


jogo175 :

Suponha que alguém ouça a palavra Unbewusst repetida 66 vezes e obtenha isso
chamado de ouvido francês. Se for dado a ele, é claro, não antes, ele
traduzirá isso como Une bévue. Daí o meu título, onde uso o partitivo "du", e digo
que há um erro aí.

De fato, o título de seu seminário L'insu que sait de l' une- bévue é asa para a morte

contém equívocos translinguísticos: O desconhecido que sabe = O fracasso

(inglês) ou o une-bévue = o Unbewusst (alemão). A equivocidade da linguagem

não faz parte de um jogo de linguagem, mas destina-se a uma possível modificação

do regime de gozo pela fala. O exemplo mais famoso de

174 “[Psicanálise] Não é nem mesmo uma ciência. Porque como um homem chamado

Karl Popper mostrou abundantemente, é que não é uma ciência porque é irrefutável”
Jacques LACAN, O momento de concluir, sessão de 15 de novembro de 1977.
175 Jacques LACAN, “Dias da Escola Freudiana de Paris: Os matemas da psicanálise ”

em Cartas da Escola, 1977, n° 21, p. 508.

151
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intervenção desse tipo feita por Lacan é dada por sua analisando Suzanne
Hommel176 :

Um dia, em uma sessão, falo com Lacan sobre um sonho que tive. E eu disse a ele:

“Acordo todas as manhãs às 5 horas” e acrescento: “foi às 5 horas que a Gestapo veio

procurar os judeus em sua casa”. Neste momento Lacan

se levanta como uma flecha de sua poltrona, vem em minha direção e me acaricia

extremamente macio na bochecha. Compreendi "Gestapo", o "gesto de pele". (…)

E essa surpresa não diminuiu a dor, mas posso fazer uma

outra coisa, a prova está agora 40 anos depois.

A natureza não unívoca da linguagem é para Lacan um poder que serve para
desligue o sintoma177.

Este último período da relação entre ciência e psicanálise

caracteriza por uma abordagem que é fragmentária desde o início. Naquela época
corresponde ao que Jean-Claude Milner178 chama de momento de

"desconstrução" em Lacan, após um classicismo que compreende duas etapas.


Nesse período Lacan lança, de forma aforística, aporética e

provocativas, declarações que, por um lado, atacam a ciência e, por outro,

tornar mais humildes as tarefas da psicanálise. vamos dar três

passagens de Lacan onde ele se opõe à ciência:

1) “Ciência e religião combinam muito bem. É uma leitura de Deus! »179

2) “A psicanálise – eu disse, repeti muito recentemente – não é uma

Ciência. Não tem seu status de ciência, e só pode esperar por isso, torcer por isso.

Mas é um delírio que se espera que carregue uma ciência ”180

176 Entrevista com Suzanne Hommel em Gérard MILLER, Rendez-vous chez Lacan (filme), Paris, Edições
Montparnasse, 2012, min. 16h54
177 “No fundo, só temos isso, o equívoco, como arma contra o sinthoma. (…) este equívoco que poderia

libertar do sinthoma. (…) é apenas por equívoco que a interpretação opera. Deve haver algo no significante
que ressoe”. Jacques LACAN, O Seminário, Livro XXIII: O Sinthoma [1975-1976], op. cit., pág. 17.

178 Jean-Claude MILNER, The Clear Work, Paris, Seuil, 1995, p. 159-173.
179 Jacques LACAN, L'insu que sais…, sessão de 10 de maio de 1977.

152
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3) “A ciência não passa de uma fantasia, um núcleo de fantasia ”181

E três citações que mostram uma psicanálise mais modesta:

1) [A psicanálise é uma] “prática de fofoca ”182

2) [Psicanálise] "é a maneira prática de se sentir melhor "183

3) "A análise é realmente o fim da medicina, o lugar onde ela pode encontrar
refúgio »184

No final de seu ensino, e após uma severa reavaliação da ciência,


Lacan priva a ciência de sua posição de ideal. A rejeição final da ciência para
psicanálise, mas ao mesmo tempo seu reconhecimento como condição
necessária para o surgimento da psicanálise, só pode ser explicada por uma
alguma ambiguidade. Com efeito, é possível colocar a questão nos termos
do filósofo François Balmès185 : ou a psicanálise é uma ciência por
acidente, ou a psicanálise é uma ciência em essência. Este problema pode ser
pergunte assim:

1. Não é ciência porque é outra coisa. Psicanálise


não é uma ciência "por essência" ou "por estrutura", para usar
jargão psicanalítico.
2. Não é uma ciência, embora sua vocação ou ambição, sua
destino é ser um. A psicanálise não é uma ciência "por
acidente".

180 Jacques LACAN, O desconhecido que sabe…, Seminário inédito, 11 de janeiro de 1977.
181 Jacques LACAN, O momento de concluir, sessão de 20 de dezembro de 1977.

182 Idem.
183 Jacques LACAN. L'insu que sais..., sessão de 14 de dezembro de 1976.
184 Jacques LACAN, “Conferências e entrevistas em universidades norte-americanas” in Journal

Scilicet, não. 6/7, Paris, 1976, p. 18.


185 François BALMÈS, “Que pesquisa para uma prática de tagarelice? em Psicanálise: Buscando, Inventando,

Reinventando. Eres, Paris, 2004, p. 55.

153
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Mesmo que as duas respostas não sejam apenas opostas, mas exclusivas, a
A resposta de Balmès é que ambas as respostas estão corretas! Como renderizar
conta dessa contradição? A razão está no fato de que a "psicanálise"
significa duas coisas diferentes em cada proposição. Com efeito, no
primeiro caso, a psicanálise como prática não surge da ciência
(por essência ou estrutura); no segundo, a psicanálise como teoria da
o inconsciente não atende aos critérios da ciência (por acidente).
A rejeição da psicanálise do ideal de ciência é consistente com três
elementos que vão além do arcabouço da ciência, a saber: a psicanálise é uma
experiência, discurso e prática. Esses três elementos escapam ao significado de
experiência científica, na medida do discurso da ciência e nos critérios de
refutabilidade – porque a psicanálise é uma prática.
No entanto, para Lacan, que a ciência seja um delírio não impede
às vezes encontra confirmação na realidade. Da mesma forma, que a ciência não é
que uma fantasia não diminui sua eficácia em produzir efeitos reais.
Esta última observação nos mostra que Lacan tem, em certo sentido,
inverteu a oposição que Freud havia feito sobre a prioridade da
psicanálise, como quando Freud sublinha que "na realidade a linha de
demarcação é entre a psicanálise científica e suas aplicações na
áreas médicas e não médicas . Nesta citação, a psicanálise
"aplicada" pode se opor à psicanálise "pura". “Pura”, no
contexto da obra de Freud, significa a psicanálise como uma ciência da
o inconsciente – como vimos no início deste capítulo. Em Freud, o
A psicanálise mais "verdadeira", a mais "pura" é a psicanálise que aspira a
cientificidade. Inversamente, em Lacan, a psicanálise pura ainda não é uma
ciência, mas uma prática. Assim, a essência da psicanálise é a prática.
No final de sua docência, depois de extrair a letra da ciência – em
como uma matematização koyreana do universo –, Lacan é capaz de avançar

186 Sigmund FREUD, “A questão da análise profana” em Obras Completas, vol. XVIII, Paris,
PUF, p. 86.

154
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uma formalização por meio da topologia de nós. Este último movimento é


correlato de uma desidealização do matema. Com efeito, a formalização que
A topologia de nós de recursos não é uma computação, mas uma literalização
peças de escrita "regionais" ou minimalistas. Nada global ou
explicações totalizantes no uso da topologia de nós no trabalho de
Lacan. Pelo contrário, este recurso pode explicar a equivocidade da
linguagem, da natureza única de cada caso clínico e evita o desejo de
dominar a ciência que Heidegger denuncia. Em Lacan essa recusa ao desejo
ciência para dominar a natureza é expressa de forma não romântica:
a contingência dos escritos “nodológicos ”. Topologia do nó
também inclui uma simplicidade mais pragmática para a psicanálise; Além do mais,
mostra a razão pela qual naquela época as ambições são mais
moderado em Lacan. Além disso, a topologia introduz uma dimensão
"artesanal" na psicanálise, o que demonstra por que a topologia é
próximo da poesia: poiesis em grego significa "produzir", termo que é
relação com a da techné, a produção artesanal. Lacan sabia disso
movimento. Na primeira sessão de seu seminário sobre O sinthoma, Lacan
anuncia o sujeito: a relação entre arte e psicanálise. Mais precisamente :
como a literatura de James Joyce desafia a psicanálise? Nisso
sessão, ele enfatiza o vínculo com o artesão: "essa arte que é o que, desde o fundo dos tempos,

sempre vem a nós como vindo do artesão não apenas mantém sua
família, mas a ilustra, por assim dizer ”188.
Lacan coloca uma questão heideggeriana: a relação entre techne e
poiesis como duas produções criativas. Para nós, esse eixo poiesis-techne
separa a psicanálise da ciência considerada técnica. Para dizer isso
mais precisamente: o gesto de literalização da topologia dos nós possibilita
uma abordagem mais rigorosa que introduz tanto a questão da poesia

187 Tomamos emprestado este termo de Alain Cochet. Alain COCHET, Lacanian Nodology, Paris,
L'Harmattan, 2002.
188 Jacques Lacan, O Sinthoma, op. cit., pág. 22.

155
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criação de artesanato ; este último elemento é crucial para a clínica

psicanalítico. O crescente interesse na topologia de tranças confirma para


nós esta tese.

Seria difícil não ver que as questões heideggerianas não

volte sempre na obra de Lacan. A opção de Lacan pela arte

como a techne , tem ressonâncias heideggerianas. Cada vez mais Lacan cede

caminho científico e se aproxima da posição heideggeriana em relação ao

técnico (como ontologização). Podemos ver essa proximidade no

formulação do discurso capitalista; naquela época, Lacan estava mais convencido e

ele compara a ciência com o impulso dos mortos. Embora a ciência seja apenas uma

fantasia, tem consequências concretas. É sobre ciência e tecnologia


como desejo de maestria190 :

A ciência é uma futilidade que não tem peso na vida de ninguém, embora tenha

efeitos, televisão por exemplo. Mas seus efeitos não se devem a nada além do

fantasia que, devo escrever assim, que cresce. A ciência está relacionada com o que nós

especialmente chamado de pulsão de morte. É um facto que a vida continua graças ao

fato de reprodução ligado à fantasia.

A pulsão de morte freudiana e a vontade de domínio têm uma estrutura

semelhante; a primeira é de status libidinal e a segunda é uma formulação onto-filosófica.

Ao contrário de Heidegger, Lacan mostra as molas

aspectos psíquicos e libidinais da ciência: este é o domínio da fantasia.

No entanto, Lacan nos dá através da topologia, um caminho anti-

metafísica para pensar o modo não ontologizante da ciência.

Efetivamente, para Lacan, a ontologização do ser só se dá pela negação do

castração, uma carência fundamental. Esta falta, lacuna ou buraco em qualquer

cuja estrutura é expressa após 1975 com o seguinte sintagma: "não há

189 A obra de Fabián Schejtman na Argentina é um exemplo de extensão das explorações de Lacan
na topologia de nós e tranças. Cf. Fabián SCHEJTMAN, Sinthome: Ensaios de clínica psicoanalítica
nodal, Buenos Aires, Grama, 2013.
190 Jacques LACAN, O Seminário, Livro XXVII. O momento de concluir, sessão de 20 de dezembro de
1977, inédita.

156
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relação sexual”. Depois de tentar livrar-se da metafísica da

o Uno – em seu seminário intitulado “ …ou pior ” – com a ajuda da linguística,

lógica e teoria dos conjuntos, Lacan tenta a topologia. A topologia tem um

uma relação menos totalizante, menos representativa e menos imaginária e

simbólico do que a geometria. Lacan pode identificar fantasias que reprimem

o fato de não haver relação sexual – a lacuna, a falta, o buraco – não

apenas na ciência, mas também na matemática191 :

Não há relação sexual, é claro, exceto entre fantasias. E a fantasia é

nota com a ênfase que lhe dei quando notei que a geometria, (a idade

e alto mestre na escrita no quadro-negro), essa geometria é tecida de fantasias e

ao mesmo tempo, toda a ciência.

A ciência é capturada por uma fantasia. A psicanálise deve ser alertada para isso.

fantasia inerente à ciência. Esta fantasia pode ser expressa de uma forma

geométrico, veja topológico como sugere Lacan. Alain Cochet escreve192 :


O impulso escópico e o objeto do olhar repousam estruturalmente sobre

o plano projetivo, o cross-cap. Esta estrutura do cross-cap deve ser entendida como

a “construção da fantasia” que funda a lógica da fantasia.

Erik Porge chega a conclusões semelhantes em seu livro sobre Lacan e

Marguerite Duras193. Mas, a situação é semelhante a outras

insta? A marca de verificação continua194 :

Um pouco mais adiante no ensino de Lacan, é o objeto oral que está ligado

à determinação matemática do limite de sequências de números racionais.

A fantasia oral baseia-se, de fato, na infinita convergência de racionais para

um limite irracional, nunca alcançado, cuja "proporção áurea" aparece a

protótipo.

191 Idem.
192 Alain COCHET, Nodologia Lacaniana, p. 255.
193 Cf. Erik PORGE, O Arrebatamento de Lacan: Margueritte Duras literalmente, Toulouse, Érès, 2015.
194 Alain COCHET, Nodologia Lacaniana, p. 255.

157
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Da mesma forma, a fantasia anal e a fantasia invocadora também têm um

estrutura matemática, ou seja, topológica195 :

O objeto de voz será posteriormente devolvido à ordem do transfinito. A unidade que invoca

suporte de uma repetição infinita cujo modelo nos é dado seguindo o

todo até suas extensões transfinitas.

Finalmente, o objeto anal corresponde fantasticamente aos nós. O laço

de matéria fecal ou o laço decorativo com o qual o pacote de presente é embrulhado

remetem a um objeto matematizável, suscetível de uma teoria que Lacan

abordagem quase precursora na década de 1970.

De toda matemática, topologia, especialmente a de nós e tranças,

envolve uma relação menos metafísica, menos ontologizante com o mundo. a

a fantasia, portanto, tem um status metafísico. Esta última passagem nos mostra que

a ciência se baseia na fantasia, na repressão de uma lacuna ou de uma

hiato. A trajetória psicanalítica de Lacan – um percurso não metafísico, uma

caminho que aceita a falta – é novamente poesia! É um

Solução heideggeriana depois de passar pela psicanálise de Freud196 :

A realidade é constituída apenas pela fantasia, e a fantasia é também o que

que dá substância à poesia. Ou seja, todo o nosso desenvolvimento de

ciência é algo que, não sabemos de que maneira, surge, faz

irrupção, por causa do que é chamado de relação sexual. Por que existe

algo que funciona como a ciência? É poesia.

A questão é paradoxal. Se a fantasia tem um status metafísico, como

uma abordagem não ontologizante da poesia é possível se ela extrai seu material

primeiro da fantasia? Tanto para Lacan quanto para Heidegger, a questão não é

não negar a metafísica, mas percorrê-la. Se a poesia é feita de

195 Idem., pág. 256.


196Jacques LACAN, O momento de concluir, sessão de 20 de dezembro de 1977.
197 Sobre este ponto mantemos o comentário de Badiou em seu seminário sobre Lacan: “Certamente, para Lacan,
há um redirecionamento filosófico do pensamento (que, para Heidegger, é a própria metafísica), há um suspiro
metafísico de s. Mas, ponto crucial para a antifilosofia de Lacan, esse desvio acaba por ser originalmente cindido:
não há história

158
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substância metafísica – a fantasia – pode ir além dessa substância.

Como isso é possível ? É possível através deste formulário

de escrita que é topologia. A topologia de nós permite reter a letra –

é literalização sem matematização. Poesia e topologia se unem

por escrito. A ciência permanece capturada pelo horizonte da fantasia, bloqueando

a lacuna estrutural enquanto a psicanálise, por meio da poesia e

topologia, pode atravessar essa fantasia mesmo que seja seu produto. Por outro lado

disse, Lacan está próximo da solução heideggeriana, mas graças à escrita

topológica e sua leitura psicanalítica da ciência, tendo uma estrutura

fantástico, ele é indiferente à ciência : Lacan a coloca no lugar em que

partidas. A ciência, como a filosofia e a religião, devem passar uma pela outra.

Nessa travessia, a psicanálise deve ser alertada para os enganos,

miragens e ilusões da ciência.

Atravessando uma análise, cruzando a fantasia. Esta figura de "travessia"

está cada vez mais presente em Lacan. Esta travessia está ligada a uma

curso “de cabeça para baixo”. A chave é dada pelo discurso do analista no

seminário XVII: o discurso do mestre mostra uma relação S1ÿ S2 enquanto o

discurso do analista é feito ao contrário, de S2 para S1 passando por $ e a, sem

nenhuma relação entre S2 e S1. Isto é o que dá o título do seminário

XVII: “ o outro lado da psicanálise ” ou “ psicanálise de cabeça para baixo ” – segundo

edição. O lugar de um significante "menos estúpido" é na parte inferior e à direita como

exclusivo para o desvio filosófico do pensamento. […] A relação fundamental de Lacan com a filosofia é de
natureza completamente diferente. Não é um relato histórico, porque o que se quer é submeter a filosofia a
um teste. […] É através da prova deste ato que vamos discernir a posição filosófica, dividi-la, fazê-la aparecer
como um emaranhado inextricável de operações sobre o ser e operações sobre des-être”. Alain BADIOU, O
Seminário. Lacan.
Antiphilosophy 3. 1994-1995, Paris, Fayard, 2013, p. 74-75. A ciência, como a filosofia, faz metafísica,
ontologiza o ser. Essa ontologização do ser em Heidegger toma a forma de um esquecimento do ser, como
relação histórica. Por outro lado, em Lacan o gesto metafísico é a união da filosofia pelo Um –especialmente
em seu seminário …ou pior, daí a referência ao “suspiro”–. Além disso, o gesto metafísico e suas operações
chegam à ciência. Em todo caso para Heidegger, como para Lacan, a operação contra a metafísica é percorrer
essa história de “erros” metafísicos. Para colocar de forma mais simples: a verdade não metafísica emerge
apenas através de seus erros. A figura da travessia é histórica em Heidegger e assume a forma de navegação
entre o ser e o desser em Lacan.

198 “A matemática se refere à escrita, à escrita como tal; e o pensamento matemático é o fato de podermos
representar uma escrita”. Jacques LACAN, O momento de concluir, sessão de 10 de janeiro de 1978.

159
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produção discursiva; neste momento, está ligada à poesia. O relé deste

modo de conceber a psicanálise – uma viagem, uma travessia ao contrário – é

encontrado na sessão de 14 de dezembro de 1976: “contra-psicanálise ”199.

É interessante descobrir que mesmo o papel do matema, se

tomemos o matema como a localização de um impasse, é definido em termos

de equivocidade 200 :

Havia um homem chamado Cantor que fez teoria dos conjuntos. Ele distinguiu dois
tipos de conjuntos: o conjunto que é contável e – ele observa – em
dentro da escrita, ou seja, que é dentro da escrita que ele faz
para igualar a série de números inteiros, por exemplo, com a série de números
pares. Um conjunto só é contável quando provamos
que é um para um.

Um dos impasses da teoria dos conjuntos é encontrado na

contabilidade, ou seja, na não correspondência um-para-um – portanto, bi

unívoca – entre os elementos de dois conjuntos infinitos. A fundação de

a equivocidade pode se mostrar matematicamente nesse impasse.

A função do psicanalista não é ouvir ou dizer algo, mas

para ler e escrever. Sua função está mais próxima de um artesanato quase artesanal
como o da editora201 :

O legível é o que consiste o conhecimento. E resumindo, é curto. O que eu


dizer sobre a transferência é que eu a coloco timidamente como sendo o sujeito – o sujeito,

um sujeito é sempre assumido, não há sujeito, claro, há apenas o


suposto – o suposto-conhecimento, o que isso pode significar? a
suposto-saber-ler-diferentemente.

Modificando sua primeira formulação sobre a transferência, Lacan propõe que

o analista sabe ler diferentemente. Com efeito, por meio da escrita, o analista rompe

homofonia e produz uma diferença. O psicanalista lê de forma diferente.

199 Jacques LACAN, L'une-bévue..., sessão de 14 de novembro de 1977.


200 Jacques LACAN, O momento de concluir, sessão de 10 de janeiro de 1978.
201 Idem.

160
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A escrita discrimina entre termos homofônicos ou equívocos e


durante esta discriminação abre um caminho202 :
Dizer é diferente de falar. O analisando fala. Ele faz poesia. Ele faz
poesia quando chega lá – é raro – mas é arte. eu cortei porque
Não quero dizer que seja tarde. O analista, por sua vez, decide. O que ele diz é cortado, é

dizer participa por escrito, exceto que para ele isso equívoco sobre
ortografia. (…) Por isso digo que nem no que diz o analisando nem
no que o analista diz, há algo além da escrita. O analista corta para ler
o que é sobre o que ele quer dizer, se de fato o analista sabe o que ele
mesmo quer.

A tarefa do psicanalista é ler e escrever, decidir com a ajuda de


o equívoco do equívoco, abrindo um caminho, limpando um novo caminho. Para
Por isso, Lacan se interessou pela poesia escrita chinesa em seu seminário
18 – “ de um discurso que não seria semblante ”. Poesia escrita chinesa
aponta para um buraco, uma lacuna. Mais precisamente: a função da poesia –escrita–
é perfurar. Para Michel Bousseyroux, por exemplo, a topologia dos nós
é precisamente isso que continua de maneira importante o programa lacaniano
explorar os poderes da escrita.
Poesia, escrita e topologia, estes são os elementos mais
mais próximo da profissão do que da ciência. Uma vez que Lacan extrai a escrita de
matemática – o coração da ciência no sentido koyreano-galileano – ele julga a
ciência como um devaneio que tem efeitos concretos. Ao final, parece-nos que Lacan
compartilha parcialmente o julgamento de Heidegger da ciência como "a vontade de
maestria” no sentido que ele toma para Lacan: fazer uma conexão e negar lacunas.
Por outro lado, Lacan encontra na poesia escrita e na topologia aliados para
renovar a psicanálise. Para Lacan, diferentemente de Heidegger, a ciência

202 Ibid., sessão de 20 de dezembro de 1977.


203 "o que ele [Lacan] procurava no chinês, finalmente encontrou no borromeano" ou "parece que Lacan

procurava na língua chinesa escrita uma escrita nodal da carta e do gozo", Michel BOUSSEYROUX, Lacan, o
Borromeu . Digging the knot, Toulouse, Érés, 2014, p. 92 e 95.

161
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é um saber que deve ser atravessado para torná-lo indiferente à psicanálise.


Para isso, é preciso colocar a ciência no lugar certo: o de um
produção de fantasia. Para Lacan, a poesia ligada à topologia não é
de forma alguma beleza ou criação estética, mas uma ferramenta para desfazer
um link e traçar um caminho usando a escrita. Mas a importância de
topologia reside em sua capacidade de explicar os cortes nos links e
novas conexões. A topologia, que é uma escrita, também tem o poder de
não seja apenas uma representação imaginária.
Poesia e topologia se unem para esvaziar significados, evacuar
representações imaginárias e trabalhar com “pedaços de realidade ”204. Todos
dois constituem o trabalho de um artesão em vez de um cientista.

Podemos resumir a relação entre psicanálise e ciência no final de


O ensino de Lacan assim:

1) Após uma grave travessia para o coração da ciência, Lacan inverte a


A posição de Freud: a prioridade, a essência da psicanálise é a
prática. O ideal científico é descartado. A ciência pode dar conta
o surgimento da psicanálise; nos dá certas chaves para
matemática como escrita matemática;
2) O resultado de uma viagem pela lógica, linguística,
matemática e a topologia de grafos e superfícies permite que Lacan
extrair a letra – a função da escrita – para a ciência. A teoria de

conjuntos e a lógica abrem o caminho para o "não-todo", ou seja, um


forma de construir uma práxis que possa dar suporte a um caso clínico

204“Escrever me interessa, pois acho que é por meio de pequenos pedaços de escrita
que, historicamente, entramos na realidade, ou seja, que deixamos de imaginar. A escrita
de pequenas letras matemáticas é o que sustenta a realidade”, “Em troca não vou
conseguir o que gostaria, que seria dar-lhe um pedaço da realidade”. Isso sim é o que o
matema, no real, lhe acrescenta. Com efeito, esta correspondência não é o fim do real, ao
contrário do que se imagina, não se sabe porquê. Como disse antes, só podemos alcançar
pedaços de realidade (…) Houve um dia um homem chamado Newton que encontrou um
pouco de realidade”, Jacques LACAN, Le sinthoma, op. cit., pág. 68, 119 e 123.

162
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caso. Lacan se move do eixo geral-particular – o eixo lógico da ciência – para

o eixo universal-singular – eixo da psicanálise. Da mesma forma, passa

do eixo lógico necessário-possível ao eixo contingente-impossível.

Lalíngua, o lado feminino e a contingência205 são novos desafios

para Lacan. Seguindo incursões matemáticas e lógicas, Lacan encontra

em topologia uma maneira de abordar esses desafios.

3) A psicanálise e a ciência são avaliadas por Lacan nos planos da

experiência, discurso e prática. Deste ponto de vista, a poesia e a

escrita são mais relevantes para a psicanálise porque

com ambiguidades para mudar o regime de gozo206 ;

4) O matema como localização de um impasse permanece neste momento,

mas escorrega para o equívoco. A topologia tem um lado mais artesanal graças a
à extração da escrita científica. Lacan "literaliza" a

a psicanálise a partir de duas práticas escritas: poesia e topologia;

5) O tema heideggeriano da ciência como tecnologia, mesmo

ontologização do ser retorna em forma de fantasia. Uma vez de

mais o antídoto é a poesia como em Heidegger. Por outro lado, Lacan

de forma semelhante – mas não idêntica – depende dos poderes do

poesia ligada à topologia como escrita. Lacan muda o ângulo

de ataque: evitar a ontologização do ser é escolher o eixo techne-poiesis.

A psicanálise não é uma ciência no sentido técnico, mas uma prática

criativa, uma prática artesanal. Trata-se sempre da aliança entre

poesia e topologia através da escrita.

205 Cf. Monique DAVID-MÉNARD, Elogio dos perigos da vida sexual, Paris, Hermann, 2011. Por exemplo: "A
vida sexual, tal como a situação analítica a convoca, é o laboratório de uma nova contingência" (4ª capa).

206 Tal é também a tese de Jean-Louis Sous: “Paradoxalmente, continua ele [Lacan], uma escrita pendurada
em minúsculas não pode pretender garantir a 'autenticidade' do matema (pode ser ainda imitação ou
imitação). ) enquanto enfatiza que a nomeação do une-bévue… seria um matema “real”! », Jean-Louis SOUS,
Falando com Jacques Lacan.
Hibridações, Paris, L'Harmattan, 2013, p. 93. Além disso, é a forma como lemos a frase de Lacan que afirma
que a poesia é "efeito de sentido, mas também efeito de furo", Jacques LACAN, L'insu que sais, sessão de
17 de maio de 1977.

163
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Finalmente, Lacan é confrontado com um velho problema, o da tensão do matema

e poema. No entanto, essa tensão aparece sob outro aspecto. De fato, ele

trata-se de uma tensão na escrita, próxima ao registro do real, e não no

formalização da linguística mais próxima do registro simbólico. Contínuo


a uma avaliação ao longo de três décadas, Lacan chega a uma conclusão e a uma

extração: a psicanálise é uma prática e a ciência é importante na


como ele carrega a escrita. A escrita possibilita uma espécie de

“reconciliação” entre o matema –via topologia– e o poema –via inscrição

que atravessa as ambiguidades.

1.2.5. conclusões lacanianas

A análise não é uma ciência, é um discurso sem o


qual o chamado discurso da ciência não se sustenta pelo ser
que a acessa há mais de três séculos; além disso, o discurso
da ciência tem consequências irrespiráveis para o que se
chama de humanidade. A análise é o pulmão artificial graças
ao qual se tenta garantir que gozo deve ser encontrado na
fala para que a história continue.

–Jacques Lacan, Entrevista 207

Mostramos como Lacan, tendo uma visão mais

epistemológica como Freud, trouxe à tona o papel fundamental da matemática

para a fundação da nova ciência inventada por Freud. Explorações

freudianos com base na ciência, religião, filosofia e

literatura tem sido tão diversa e fecunda para fundar a nova práxis da

psicanálise. No entanto, Freud permaneceu em uma concepção de ciência

empírico e baseado nas ciências naturais. Seu ideal sempre permaneceu


cientista, em particular pelo seu papel de fundador e vector de uma
nova ciência. Que a ciência continue sendo o ideal – especialmente na forma

matematização – não implica que a ciência seja idealizada. Apenas em


contrário.

207 Jacques LACAN, “Entrevista” na Revue Le Coq-héron, n. 46/47, 1974.

164
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Como já vimos, as incursões lacanianas no terreno da

a matemática era necessária graças à essência "matemática" das ciências naturais.

Nesse sentido, podemos concluir que Lacan estende a

a psicanálise freudiana, dando-lhe uma nova base científica. O

padrões geométricos e usos - por exemplo, óptica para o dispositivo

psíquico – são alguns dos resultados de sua abordagem científica. que

continuação do projeto científico freudiano na forma de matematização

conserva, no entanto, uma das características mais importantes da herança

Freudiana: a jornada pela religião, arte e literatura para tecer teoria e

prática psicanalítica. Lacan acrescenta matemática e filosofia.

Periodizamos a abordagem lacaniana da ciência em quatro etapas:

a) a ciência como terreno nativo da psicanálise (1953-1963); b)

a inversão da questão da cientificidade da psicanálise (1964-1967); c) o

formulação da ciência e da psicanálise em termos discursivos (1968-1974);

ed) a literalização da ciência e da psicanálise (1975-1981). Nos dias de hoje


tem continuidades e descontinuidades. Há também um movimento

de introdução dos elementos que radicalizam a abordagem da última vez. Nisso

ou seja, a continuidade está do lado da radicalização de uma questão que

posta no último período, e a descontinuidade advém da introdução de

novos elementos (divisão do sujeito, verdade como causa, gozo, discurso,

etc). A descontinuidade também pode ser esclarecida por uma nova abordagem

questão da relação entre ciência e psicanálise ou por uma nova

formulação da ciência – graças a um esclarecimento de origem psicanalítica.

No primeiro período, Lacan concebe a ciência como o terreno nativo

da psicanálise por seu fundamento formalizante e o sujeito compartilhado pela

ciência e pela psicanálise. Ao contrário de Freud, ele começa por fundar a

cientificidade de forma formalizante e não empírica. Essa formalização,

de acordo com a concepção Koyreana de ciência, é realizado no início pela

linguística moderna baseada em Lévi-Stauss e Roman Jakobson. Lacan tem

um duplo interesse para a linguística: para ele trata-se de uma formalização que

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forneceria a base epistemológica para a descoberta do inconsciente e de certa forma

lidar com o inconsciente de forma não ontologizante. A tese Koyreana

de uma fundamentação científica através da formalização matemática – sob

condição de uma geometrização do universo – foi acompanhado por um esboço

fundamental em Lacan: uma leitura freudiana do sujeito cartesiano. Trata-se do sujeito

dividido, sujeito que a ciência exclui. Naquela época, a ciência era um

questão de rigor e, assim, desidealizada. A formalização de

psicanálise, que dá rigor epistemológico e constitui uma base

científico, implica uma concepção estruturalista do inconsciente. a

sintagma "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" constitui a base da

formalização e a diferença mínima para diferenciar formalização e

estrutura. A estrutura torna impossível conceber uma relação direta entre o

fenômenos e linguística. A formalização é um tipo de estrutura de

segundo grau que organiza a estrutura.

Então, no segundo período, entre 1964 e 1976, Lacan é mais

crítica à ciência ao radicalizar alguns pontos da primeira fase.

De fato, o assunto da ciência e da psicanálise permanece o mesmo.

No entanto, seus tratamentos são opostos: a ciência sutura o sujeito e o

a psicanálise se abre para a divisão do sujeito. Essa clivagem é radicalizada tomando-se o

forma de uma divisão entre verdade e conhecimento. Lacan criou com o sujeito barrado uma

novidade na história do pensamento. Este não é um assunto que não é um

efeito de linguagem –ou de estrutura– nem transcendental, autorreflexivo ou

transparente para si mesmo. O sujeito dividido entre o conhecimento e a verdade, o que de fato é

de significantes, tem a possibilidade de existir entre significantes ou na divisão

mesmo. Lacan inventou também o correlato desse sujeito que não coincide consigo mesmo

mesmo: o objeto a, um objeto que não existia originalmente, mas que o eu

experiências como um objeto perdido. Assim, os temas que dominam a relação

entre a ciência e a psicanálise são a sutura do sujeito e a foraclusão da verdade como

causa (objeto a). Com a ajuda da religião, Lacan pode conceber uma resposta
contrário à ciência: a introdução do "Nome-do-Pai". Porque a ciência exclui

166
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verdade como causa e sutura o sujeito, Lacan já não se pergunta se o

a psicanálise é uma ciência, mas se é uma ciência que incluiria


psicanálise, ou seja, a verdade como causa e o sujeito dividido – em
reintroduzindo a ciência através do Nome-do-Pai. Por isso falamos

de uma "exclusão interna" da psicanálise à ciência.


Então, no terceiro período, entre 1968 e 1974, Lacan continua a
aprofundar a divisão do sujeito, não apenas entre significantes ou entre verdade
e conhecimento, mas entre enunciado e enunciação. De fato, ao introduzir a teoria

discursos, Lacan constata que a divisão do sujeito toma a forma de distância


entre o enunciado e a enunciação. Com essa teoria, ele concebe a ciência não como
conhecimento, mas como uma prática discursiva que inclui impossibilidades e

gozo – um dos elementos introduzidos por Lacan nesse período. Aqueles

movimentos permitem-lhe distinguir o discurso da ciência da função


Ciência. Por esta razão, Lacan pode discernir tanto a distinção entre
ciência e tecnologia do que a cumplicidade entre o discurso da ciência e o
discurso capitalista – que é outra formulação da técnica como

ontologização do ser em Heidegger. Finalmente, Lacan discerne a diferença


entre a escrita e a fala, o que lhe dá a possibilidade de separar o significante
da carta, problematizar a questão do sentido na psicanálise e

aprofundar o impacto do simbólico sobre o real.


Finalmente, no quarto período, Lacan separa definitivamente o

psicanálise da ciência por uma literalização da psicanálise e


Ciência. Após uma grave travessia com a ajuda da psicanálise e de outras

conhecimento – filosofia, ciência, linguística, arte – Lacan considera que a questão


prioridade da psicanálise é a prática. A ciência explica o surgimento de
psicanálise e nos dá chaves importantes para a matemática na

como escrita. Lacan extrai a letra da ciência por meio da teoria da


conjuntos e topologia para guiar sua prática. A “prática de
tagarelice" que supõe que a psicanálise precisa da matemática para
encontrar outra lógica para se orientar. Para Lacan, a ciência permanece no

167
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quadro de fantasias e capturado pelo ideal de um saber que tudo pode explicar. Dentro
Por outro lado, a psicanálise, graças a seus conceitos e sua clínica, pode
ciência extraindo a carta para evitar sua captura nas miragens do
ciência e formular uma prática artesanal. Com a escrita da teoria da
conjuntos e topologia, Lacan orienta sua prática colocando a ciência no
boa direção. Lacan é bastante indiferente à autorização científica em
uma posição crítica.
Podemos concluir que Lacan nunca deixou de pensar em ciência
conceber e refinar a psicanálise – a prática, a teórica e a
clínico. Por seu caráter moderno, a psicanálise é inseparável da
ciência: pela introdução do sujeito e por uma geometrização que esvazia tudo
conteúdo do universo. No entanto, Lacan não permanece no horizonte da ciência.
Em vez disso, ele questiona a ciência através da experiência e das descobertas de
psicanálise – que se baseiam nos insights da religião, arte e
filosofia. Lacan radicaliza a relação entre ciência e psicanálise sem
quebrar essa relação. Podemos até falar de uma necessária travessia do
campo da ciência através da psicanálise – questionando-a – para esclarecer a
prática, teoria e psicanálise clínica.

2.3. Síntese intermediária

Sem dúvida, não se passa impunemente ao reverso de


Lacan, ao reverso de seu ensino. As fundações estão tremendo,
há até um certo efeito de pânico. Nós nos perguntamos o que
resta e o que resta nós chamamos, com ele, pedaços de
realidade.
–Jacques-Alain Miller, O Último Lacan

Tudo não passa de depois. Depois de passar por tudo.


–Antonio Porchia, Voces

Em suma, neste capítulo abordamos a difícil questão da ciência


e psicanálise. Não se trata de saber se a psicanálise é uma ciência ou

168
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não. Tampouco é sobre a relação entre ciência e psicanálise


simplesmente. Na verdade, dividimos o capítulo em duas partes: a primeira
em Freud e a segunda em Lacan. Assim, mostramos que a noção de
ciência em Freud é uma questão não apenas de legitimar uma nova
conhecimento, mas de uma busca por dar rigor à psicanálise. Na casa de Freud
a psicanálise é submetida ao teste da ciência. Nós também limpamos
quatro teses fundamentais sobre essa submissão aos ideais científicos: a
ciência é uma condição necessária, porque só tem significado em
o horizonte da ciência; a psicanálise pertence às ciências naturais (ela
toma seu modelo da física e da química); "metapsicologia" é o
maneira de explicar cientificamente os processos inconscientes e,
como todas as ciências, a psicanálise deve rejeitar as concepções de
mundo. Por isso, na jornada freudiana, a psicanálise deve
obrigar-se a satisfazer as exigências das ciências naturais. Mesmo que a
a psicanálise é uma prática, sua prática deve ser pautada por leis e
princípios cientificamente construídos.
Mostramos então uma espécie de "pinça científica" em
obra freudiana. A construção desta garra tem dois braços: um
metapsicologia que importa seu modelo de física e uma forma de
conceber e interpretar as formações do inconsciente a partir dos fundamentos
sintática da química. Este grampo permite que você construa um objeto
científica para a psicanálise e, assim, possibilita uma
tratamento de processos inconscientes. Nós formulamos este grampo neste
afirmação: o psicanalista pensa como um físico, mas age como um
químico.

Também trabalhamos a questão da ciência em Lacan. NO


ao contrário de Freud, Lacan concebe a ciência não empiricamente, mas,
seguindo a concepção das revoluções científicas Koyreanas,
formalizando. Além disso, para Lacan, não se trata de submeter a psicanálise a
o teste da ciência, mas para manter uma certa tensão entre ciência e

169
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psicanálise. Para Lacan, a ciência não pode abranger o campo da


psicanálise. Para ele, como mostramos no capítulo anterior, a
construção do rigor psicanalítico deve ser feita por meio de uma
epistemologia que pode fazer jus à complexidade das questões de
psicanálise. Por isso, notamos quatro vezes onde Lacan
concebe a relação entre ciência e psicanálise indo além da simples questão
do estatuto científico da psicanálise. Nesses quatro tempos, Lacan
vários temas: a técnica, a prática, a ética, o assunto, a
religião, magia, filosofia, teoria do discurso, topologia, etc. Lacan tem
introduz elementos extracientíficos para complicar e tensionar
produtivamente a relação entre ciência e psicanálise.
Decidimos desenvolver quatro fases dessa relação: a)
do empirismo freudiano à formalização lacaniana; b) a exclusão interna do
psicanálise na ciência; c) ciência e psicanálise como práticas
discursivo; d) a literalização da ciência para conceber a psicanálise
como prática de fofoca.
A princípio, a ciência é concebida como uma ciência moderna.
–de acordo com a tese de Koyrée onde toma o modelo de matematização galileana
de um universo geométrico. Nesse caso, a psicanálise dá o rigor
epistemológica e científica através da matemática. Lacan
rejeita o empirismo psicanalítico em favor de um modelo de formalização
linguística bastante influenciada pela matematização da
a antropologia de Lévi-Strauss. Ao mesmo tempo, Lacan aborda as questões
filosófico para introduzir o sujeito cartesiano reformulado pela psicanálise
freudiana, o que leva ao sujeito dividido. Esse sujeito, afirma Lacan, é o
mesmo assunto da ciência, mas a orientação psicanalítica para tratá-lo é
oposto ao da ciência. Por isso Lacan afirma que o solo nativo de
psicanálise e ciência (como formalização).
No segundo momento, a concepção de ciência em Lacan é mantida
do mesmo jeito. No entanto, Lacan radicaliza a posição da primeira vez e

170
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inverte a relação entre ciência e psicanálise. Mantido não é


questão de perguntar se a psicanálise é uma ciência ou se o solo nativo da
psicanálise é ciência, trata-se antes da seguinte questão: o que é
do que uma ciência que inclui a psicanálise? Por meio desta consulta
Lacan radicaliza sua posição em relação à ciência fazendo três perguntas: a)
a base para diferenciar a ciência da psicanálise está na sutura do
sujeito e a exclusão da verdade na ciência; b) o próprio material do
a psicanálise é o sujeito que a ciência sutura e a verdade como causa que
ciência impedida; c) para que a psicanálise possa lidar com o assunto, ela deve
divisão (entre conhecimento e verdade) e verdade como causa (verdade como
desejo), deve atravessar o campo da ciência e da religião. Esta travessia
da ciência e da religião reintroduz o "Nome-do-Pai" não só
psicanálise, mas também na ciência.
A terceira fase redefine a concepção de ciência. a ciência não é
conhecimento formalizado ou conhecimento adquirido empiricamente. Ambos
operações que mudam a concepção de ciência em Lacan são a elevação do
ciência para uma prática discursiva e a separação da "função de
ciência” e o “discurso da ciência”. Além disso, Lacan radicaliza a divisão do
sujeito entre os binários conhecimento-verdade e enunciado-enunciação, leva em
consideração do gozo a ponto de considerá-lo como a especificidade do
psicanálise e elucida a função da escrita na ciência – separando as
significado da letra. Por isso, a grande invenção deste período é
o matema, o dos quatro discursos e o das “fórmulas da sexuação”.
Os dois matemas dão conta dessas descobertas introduzidas por Lacan
entre 1964 e 1973.

No último período, entre 1974 e 1981, Lacan afirma absolutamente


que a psicanálise não é uma ciência (reunião de 15 de novembro de 1977). Isto é
a única posição que Lacan encontra depois de ver de perto as últimas nascentes do
Ciência. A ciência seria uma prática discursiva que pode ser usada para
dinâmica capitalista, efeito da estrutura de uma fantasia ou de uma lógica

171
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universalizante contra a corrente da prática de uma experiência singular que

assume a psicanálise. Essa liberação das funções da ciência não é

possível apenas por um longo desvio através da filosofia e da religião. Também pelo

matemática e literatura. A alternativa é considerar a psicanálise

como uma prática mais próxima do artesanato do que da ciência. Com efeito,

há uma espécie de “fragmentação” em sua abordagem teórica – a ponto de

falar de “bit of reality ”208 – e um crescente para nós. Uma prática

análise rigorosa de uma psicanálise que deve lidar com "pedaços de realidade", precisa

de uma prática alternativa da letra: uma prática matemática, a de

topologia de nós.

Esta viagem pela relação entre ciência e psicanálise teve como objetivo comparar as

concepções de ciência em Freud e em Lacan, para encontrar suas semelhanças e

diferenças, bem como as continuidades e descontinuidades entre elas. Tenha um registro

concepções de ciência nestes dois autores irão preparar o caminho para nós

aproximar-se do papel do Matema e do Poema nas questões

cientistas. Da mesma forma, esta viagem esclarecerá se o interesse de Lacan pela

Mathéme e o Poema é uma questão que surge epistemologicamente

ou em termos científicos. Por isso, a separação entre ciência e

técnica, a formulação da ciência como prática discursiva ou mesmo

a articulação da religião e da filosofia, são importantes

para nossa pesquisa. Que a ciência não é redutível à técnica, que

a ciência é uma prática discursiva ou que Lacan abandona a ciência ao

vantagem de uma prática do singular209 –não sem a topologia dos nós– são

questões cruciais para este processo.

208 Jacques LACAN, O sinthoma, op. cit., pág. 124.


209 Tomamos emprestado o termo “singular” do livro de Gerardo Arenas que sustenta
que o projeto lacaniano de ciência sempre foi uma “busca do singular”. Arenas se
perguntava sobre a continuidade ou não entre o “primeiro” Lacan e o “último” Lacan.
Concluiu que ao longo de sua obra, mesmo em suas origens psiquiátricas e não
psicanalíticas, Lacan buscou construir uma "ciência da singularidade". Arenas afirma
que, para Lacan, a matemática, a lógica e a topologia eram um dos meios mais eficazes nessa busca.

172
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CAPÍTULO II – O MATEMÁTICO EM LACAN

[…] dita linguagem tem uma inércia considerável, que pode ser
constatada comparando seu funcionamento com os signos que se
chamam matemáticas, matemas, apenas porque são transmitidos em
sua totalidade. Nós não temos absolutamente nenhuma ideia do que
eles significam, mas eles são transmitidos.

– Jacques Lacan, Novamente.

"Ninguém vem aqui a menos que ele seja um topólogo!" (...) Seria
então a função desse famoso desejo do analista, nessa superfície
cósmica [garrafa de Klein], ser aquele que sabe esculpir as poucas
figuras?

– Jacques Lacan, Problemas Cruciais para a Psicanálise.

Neste capítulo vamos chamar a matemática para analisar o papel

tem na obra de Lacan. Da mesma forma, tiraremos as consequências

usos práticos, teóricos e clínicos da matemática no trabalho

lacaniano. Devido à grande quantidade, diversidade e detalhes que

matemática em Lacan, optamos por abordar essa questão

o oposto dos outros capítulos. Nos outros capítulos abordamos

da questão, digamos de uma forma "clássica", ou seja, abordando o assunto -


ciência, poema – de forma histórica com uma espécie de periodização. Com efeito,
normalmente começamos do início com uma busca em Freud,

depois uma exploração em Lacan.

Neste capítulo, inverteremos a ordem: começaremos com

Lacan e terminará com Freud. Além disso, este capítulo não é sobre um

periodização como tal, mas de uma periodização que seria o resultado de uma

análise de referências matemáticas em Lacan. A ordem entre Freud e Lacan

de uma ciência da singularidade. Ver Gerardo ARENAS, En busca de lo singular. O projeto


inicial de Lacan e o giro de los setenta, Buenos Aires, Grama, 2010.

173
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é permutada porque em Freud a referência matemática está quase ausente –

legível apenas por uma leitura lacaniana. É, portanto, adequado,


inverter a ordem entre Freud e Lacan.

Procederemos da seguinte forma: começaremos com uma análise do

seminários de Lacan onde podemos identificar quatro grandes conjuntos de

elementos “matemáticos”: diagramas, matemas, formalizações e

objetos/assuntos matemáticos. Esses quatro conjuntos têm por motivos de

simplicidade um nome genérico: Mathème. Faremos uma pesquisa exaustiva

elementos matemáticos em Lacan, ou seja, uma análise de sua

seminários para encontrar elementos desses quatro conjuntos principais. Nós

procurará os elementos matemáticos e seus usos apenas no

transmissão oral de Lacan, ou seja, na totalidade de seus seminários –

também conhecido como “ensino ”210. Mesmo que Jean-Claude Milner afirme que

podemos prescindir dos seminários de Lacan, porque o essencial está

seus escritos (ele os chama de " scripta "),211 não somos perfeitamente

OK. Podemos reverter o argumento da seguinte maneira: se o

scripta contêm o essencial transmissível da psicanálise lacaniana – eles

são uma versão compacta de Seminários – Seminários são o vai-e-vem

vem de seus ensinamentos. Este último ponto pode ser associado a um dos usos

matemática em Lacan: formalização. Ao formalizar o processo

e o trabalho em andamento é geralmente mais importante do que o objeto já formalizado

ou o resultado da formalização. É, portanto, apropriado, tentativa e erro

matemática que Lacan fez em seu ensino oral, em vez da

versões mais "definitivas" de sua transmissão escrita.

Às vezes faremos referências a certos escritos, cartas ou pronunciamentos

público para aprofundar nossa análise, bem como localizar os antecedentes

210Jacques LACAN, Mon enseignement, Paris, Seuil, 2005. É possível fazer uma oposição não contraditória
entre ensino e transmissão em Lacan. Também podemos atribuir à oralidade um papel central – mas não
exclusivo – em seu ensino, e um papel prioritário à escrita em sua transmissão. Essa observação é
importante, pois essa distinção também está associada ao papel do matema – a escrita – e ao papel do
poema – um dizer geralmente oral.
211 Jean-Claude MILNER, L'oeuvre claire. Lacan, ciência, filosofia, Paris, Seuil, 1995.
Consulte o Capítulo 1.

174
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matemática do ensino oral de Lacan. Por exemplo, o artigo "O


número treze e a lógica da suspeita ”212, o primeiro que ele escreveu após o
guerra em 1946, antecede o início do ensino de Lacan e
portanto, não constitui uma síntese de um seminário – como é o
caso de “ O Seminário sobre A Carta Roubada” ou “Kant com Sade”. No

número treze…” encontramos uma das primeiras referências a


matemática em Lacan: teoria dos jogos.
Além de seminários e –Escritos e Outros Escritos– temos em
todas as publicações inéditas, gravações transcritas e escritas
como os relatórios dos seus seminários, conferências ou
várias intervenções (cartas, entrevistas, etc.). Às vezes vamos fazer

referências e citações desta outra parte de todo o trabalho de


Lacan. Por exemplo, podemos encontrar indicações importantes sobre o
matema no documento de encerramento dos Dias da Escola Freudiana de
Paris: Os matemas da psicanálise213, em particular sobre a implicação da
matema no “último” Lacan. Faremos isso para esclarecer ou
aprofundar certos elementos e usos da matemática que temos
encontrado em seus seminários.

Este capítulo tem duas partes: a primeira, dedicada ao papel do


matemática em Lacan e o outro, sobre os elementos sutis da matemática
em Freud. A primeira parte constitui, por um lado, uma análise das referências
matemática na obra oral de Lacan – a totalidade de seus seminários – e de
o outro, uma leitura desta análise para tirar as consequências
psicanalítica.
Em resumo, analisaremos um a um os seminários de Lacan,
isto é, as transcrições de seu ensinamento oral, para identificar quatro
grandes conjuntos de referências matemáticas: diagramas, matemas,

212 Jacques LACAN "O número treze e a forma lógica da suspeita ", in Ornicar ?, n° 36, Jan.-
Março de 1986, pág. 7-20. Originalmente publicado em Cahiers d'art (1945/46): 389-93. Reimpresso em Outros
Escritos, Paris, Seuil, 2001.
213 "Dias da Escola Freudiana de Paris: 'Os matemas da psicanálise'" em Cartas de

Escola, 1977, nº 21, p. 506-509.

175
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formalizações matemáticas e objetos/sujeitos matemáticos. Todos esses quatro


juntos vamos chamá-lo de Mathema (com letra maiúscula). Então nós
desenvolveremos as apostas psicanalíticas dessas referências e traçaremos
consequências teóricas, práticas e clínicas. Finalmente, como um
conclusão faremos uma avaliação identificando as estratégias gerais e as
usos da matemática em Lacan. Análise, consequências e conclusões.
Nos dois últimos pontos, citaremos referências não incluídas em
Seminários de Lacan. Ao contrário do resto dos capítulos, não
Não começaremos com uma seção dedicada a Freud. Terminaremos com uma breve
comentário sobre os usos da matemática no pai da
psicanálise.

2.1. Lacan e a matemática

Coloquei a questão do que poderia ser chamado de


matema, já colocando que é o pivô de todo o ensino. Ou
seja, só existe educação matemática, o resto é brincadeira.

–Jacques Lacan, …ou pior.

Os usos da matemática em Lacan estão longe de ser comuns. Primeiro, o


formalização matemática não tem uma função referencial porque
não é um mapeamento ou modelagem da realidade. Em segundo lugar, o
matemática não é um cálculo, uma disciplina de perfeição, um discurso
totalidade, harmonia ou homogeneidade. Em seguida, os diagramas
funcionam nem de forma imaginária – simplificando pela imagem – nem de forma
apenas simbólico – mostrando as relações entre os elementos –.
Finalmente, o matema não é uma fórmula matemática, ou seja,
algébrica, que inclui as mesmas leis de construção matemática.
A matemática em Lacan é bastante fragmentária, subversiva em sua
leis, e seus usos têm uma finalidade totalmente diferente, que inclui: a) a transmissão de
conhecimento psicanalítico para além do discurso e do significado; b) a localização do
impasses em um discurso ou em uma formalização; c) orientação do

176
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clínica psicanalítica formalizando um caso ou a teoria; d) os dados

psicologização psicanálise através da escrita sem o ego ou em

diminuindo a dimensão imaginária; e) rigor com a ajuda de uma racionalidade

literal para melhor pensar e teorizar a psicanálise; f) a abordagem da realidade

sem ontologizá-lo escrevendo algo impossível de dizer; g) um

fixação/ficcionalização com as letras214.

Veremos que os usos da matemática em Lacan são

disruptivo, subversivo e inventivo ao invés de tranquilizante, harmônico ou

referencial. Longe de uma função referencial, os modelos lacanianos têm uma

inspiração matemática cada vez mais “abstrata”. O termo “abstrato” é

entre aspas, porque as chamadas abstrações matemáticas são

paradoxalmente mais materialista em Lacan. De fato, abstrações

matemática, do ponto de vista do ternário lacaniano RSI, são progressivamente

despojado de sua dimensão imaginária ao almejar um status mais real. De

Por exemplo, um modelo é mais intuitivo do que um diagrama devido ao seu tamanho

imaginário; um gráfico tem uma dimensão mais simbólica, portanto, menos imaginária

do que o diagrama. A letra que está em jogo na escrita matemática em um

gráfico tem um status mais rigoroso e materialista do que os modelos. Do mesmo

forma, descobriremos que a matemática não tem uma função de cálculo,

uma busca da perfeição, um discurso harmonizador ou uma cosmologia

totalizando. As regras de construção da matemática que Lacan escolheu

estão longe do uso normal.

Esses quatro elementos que extraímos dos seminários de Lacan são


definir da seguinte forma:

a) Diagrama. Um diagrama é uma representação gráfica ou

apresentação visual que estrutura conceitos, ideias ou

214
“Este diagrama não seria um diagrama se apresentasse uma solução. Não é nem um modelo. É apenas
uma forma de fixar ideias, o que exige uma enfermidade do nosso espírito discursivo.
Jacques LACAN, O Seminário. Livro 2: O ego na teoria de Freud e na técnica da psicanálise [1954-1955],
Paris, Seuil, 1978, p. 284. A ênfase é do autor.
215 Jean-Claude Milner chama essa dimensão da letra em Lacan de “materialismo discursivo”. Ver Jean-
Claude MILNER, L'oeuvre claire. Lacan, ciência, filosofia, Paris, Seuil, 1995.

177
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relacionamentos. Mesmo que Lacan nunca tenha usado o termo "diagrama", nosso

O uso dessa palavra é justificado por uma tríplice tradição: semiótica,

filosófica e matemática. Semioticamente foi usado por

Perfurar; Deleuze usou-o na filosofia para pensar em novas

relacionamentos; e na matemática tem sido usado desde Pascal até os dias atuais.

Na obra lacaniana tem uma função mais relacional do que

representante. Consequentemente, modelos, esquemas e gráficos

são relações dedutivas ou não, mas sempre relacionais.

Mesmo que os diagramas tenham uma apresentação imaginária – figuras,

desenhos, traços – sua função em Lacan visa esvaziar a dimensão

imaginária ou resistir a ela. Essa questão paradoxal pode ser explicada se

tomamos os diagramas como escrituras e não como

desenhos. Dito de outra forma: diagramas – como o próprio nome

indica – são escritas e não Gestalten – totalizações,

configurações, entendimentos globais. É por isso que todos

os diagramas em Lacan têm uma dimensão topológica. A topologia de

superfícies e nós têm uma função evidente de representação

e qualquer conteúdo mais decidido. Em resumo, os diagramas

relações, características matemáticas qualitativas e como

apresentação simultânea, ou seja, uma escrita que expõe de forma

paradigmático – todos os elementos ao mesmo tempo – uma configuração

relacionamentos. Eles tendem a esvaziar qualquer conteúdo, elemento ou

216Jean-Pierre CLÉRO, “Diagrams” in Essay on the psychology of maths, Paris, Ellipses,


2009, p. 146-158; Roco GANGLE, Diagrammatic Imanence: Category Theory and Philosophy,
Edimburgo, Edinburgh University Press, 2016; Charles S. PIERCE, Filosofia da Matemática,
Indiana, Indiana University Press, 2010; Fernando ZALAMEA, “A Lógica da Continuidade de
Pierce: Grafos Existenciais e Continuum Não Cantoriano” na revista The Review of Modern
Logic, nº 9, novembro de 2003, p. 115-162; Gilles DELEUZE e Félix GUATTARI, “O plano de
imanência” em O que é a filosofia ?, Paris, Les Éditions de Minuit, 1991; Kamini VELLODI,
“Pensamento Diagrammático: Duas Formas de Construtivismo em CS Pierce e Gilles
Deleuze” em resenha Parrhesia, no. 19, 2014, pág. 79-95.
217 Um dos seminários que se dedica à construção do gráfico do desejo – As formações do
inconsciente – mostra claramente que a matemática serve para articular as coisas e que os
objetos de que trata a psicanálise só têm sentido para as relações matemáticas, em particular
nas a sessão de 19 de março de 1958. Cf. Jacques LACAN, “As insígnias do ideal” em O
seminário. Livro 5: As formações do inconsciente [1957-1958], Paris, Seuil, 1998, p. 287-302.

178
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representação imaginária em benefício da apresentação das relações de

maneira contra-intuitiva.

b) Sujeitos e objetos matemáticos. A matemática não é convocada

por Lacan apenas como formalização ou matema. tem

assuntos, ou seja, temas e objetos matemáticos que são usados

ao longo do ensino de Lacan. Dois objetivos para este uso

matemática: 1) a de “desconstruir” certas construções,

conceitos e pensamentos metafísicos e 2) o de elaborar conceitos

impossível de formular a não ser pela matemática. Topologia

os nós servem, por exemplo, para desconstruir a metafísica da esfera;

os distintos dispositivos lógicos no Seminário 19 (...ou pior) visam

dissolver a metafísica do Uno. A formulação de uma inexistência

só pode ser formulada matematicamente. Se estes

formulações só são exprimíveis de forma matemática, elas

resistir a apresentações intuitivas e imaginárias. Sua função vai para

o oposto de qualquer representação. Às vezes, a função desconstrutiva

por meio de um objeto ou um assunto matemático está ligado a um

formulação exclusiva – e não metafísica – de um pensamento. Tentar

Heideggeriano dissolver ou desconstruir a metafísica leva

aqui uma versão matemática, uma tentativa inimaginável do filósofo

alemão que fez a equivalência entre ciência e técnica – a forma

mais elaborada da metafísica. Agrupamos nesta categoria

objetos matemáticos (uma integral, a faixa de Möbius, o triângulo

218 Jacques LACAN, O Seminário, Livro XIX: …ou pior [1971-1972], Paris, Seuil, 2011, p. 52.

Podemos ver com Gerardo Arenas que ao longo do seminário ... ou pior , Lacan tenta desconstruir
a metafísica do Um e formular sob o rigor de procedimentos lógico-matemáticos os diferentes
tipos de uns: o singularizante, o indeterminado, um excepcional, um de inexistência, um esférico,
um unário, etc. Ver Gerardo ARENAS, Los 11 Unos del 19 más uno, Buenos Aires, Grama, 2014.

219 Nesse sentido, é possível opor a máxima heideggeriana “a ciência não pensa” à
afirmação do pensamento matemático de Badiou: “A matemática é um pensamento”.
Cf. Martin HEIDEGGER, O que se chama pensar ?, Paris, PUF, 1973, p. 26 e Alain BADIOU, Breve
tratado de ontologia transitória, Paris, Seuil, 1998, p. 39.

179
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de Pascal) e disciplinas matemáticas (álgebra, lógica, topologia).


Assim como a formalização, os sujeitos ou objetos matemáticos priorizam a
processo no resultado. Desconstrução ou formulação por meio de
objetos ou assuntos matemáticos constituem um intermediário em vez de
apenas uma conclusão.

c) Formalização matemática. Quando Lacan usa a matemática


como uma sequência simbólica, podemos falar de
“formalização ”220. A formalização deve ser diferenciada da forma em

como Gestalt, como forma imaginária: imagem, compreensão


global, preenchimento de vazios por procedimentos ou figuras perceptivas.
A formalização é propriamente simbólica e sua configuração mais
simples é a linguagem. Nesse sentido, a formalização é o movimento
obviamente imaginário através de uma priorização de relacionamentos
simbólico. Qualquer formalização utiliza um tipo de escrita (acorrentada,
dedutivo) e seu efeito "colateral" é às vezes a localização de pelo menos
um real221. Esse real é, portanto, um impasse na formalização. O
desapropriação de detalhes e elementos imaginários da realidade empírica
encontrar a estrutura de um fenômeno, a redução do discurso de
analisando-o em termos de uma estrutura ou colocando conceitos em estrutura

220 "Quando falamos de formalização matemática, é um conjunto de convenções a partir das

quais se pode desenvolver toda uma série de consequências, de teoremas que se encadeiam
e estabelecem dentro de um conjunto certas relações de estrutura, uma lei propriamente
dita", Jacques LACAN, O seminário Livro II: O eu na teoria de Freud e na
a técnica da psicanálise [1954-1955], Paris, Seuil, 1978, p. 49.
221 Sobre a questão da localização de pelo menos um ponto do real em uma formalização,
há uma apresentação magistral no artigo de Joan COPJEC, "Sex and the Euthanasia of
Reason" em Joan COPJEC (Ed.) Supondo o Sujeito , London, Verso, 1994. Sobre uma
aplicação deste princípio de formalização e localização de pelo menos um ponto da realidade,
Cf. Alain BADIOU, In Search of Lost Reality, Paris, Fayard, 2015.
222 Um exemplo: os axiomas, regras e operações da álgebra – o estudo das combinações
dos elementos de estruturas abstratas – levam a um impasse: a raiz quadrada de um número
negativo é o objeto de toda álgebra. A invenção dos números imaginários vem de impasses
na álgebra. O número irracional também marca a invenção no beco sem saída da aritmética.
Essa limpeza de invenção no ponto do impasse é crucial para entender o uso da formalização
dos mitos levi-straussianos para casos freudianos (“Little Hans”, “The Wolf Man”) no
Seminário IV (A relação objetal e as estruturas freudianas) .

180
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matemática (ligada na forma de um gráfico ou diagrama)

são exemplos desse elemento matemático. formalização

privilegia o processo sobre o resultado que pode ser expresso pelo

matema ou diagrama.

e) Matema. É uma escrita que se assemelha à da álgebra, mas

cujas regras de construção são diferentes: são fórmulas

escrevendo para enviar. Embora o termo matema tenha sido cunhado

tarde (1971), podemos atribuir a certos escritos quase

algébrico o status de matema. No início o matema toma a forma

resultado de uma formalização matemática. Quando o conceito de

mathème foi concluído ( seminário Encore) , o termo assume a forma de um

fórmula para enviar. Mesmo que a primeira forma – o resultado de uma

formalização – é uma fórmula a ser transmitida, está sob a lei da

simbólico. Com efeito, a primeira formulação transmite uma simbolização

enquanto a segunda aponta para o impasse de uma formalização. O segundo

formulação do matema traz a marca de um impasse, mesmo a

localização de um vácuo, e assim o transmite. Escrita que localiza um vazio

nos impasses da formalização está sob a lei do real. Redução,

localização e transmissão são as características deste elemento matemático.

Aqui está nossa construção do objeto de estudo Matema que inclui quatro

elementos que emergem da obra de Lacan.

2.1.1. Metodologia para analisar o Matema na obra de Lacan

Para analisar o Matema em Lacan faremos uma grade para cada

seminário. Essas grades conterão três categorias horizontais: a) objeto/assunto

matemático; b) implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico; e (c) datas das

sessões. As categorias verticais em cada grade mudam por

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seminário para outro dependendo dos elementos mais frequentes. Mesmo assim, nós

Escolhemos três categorias invariáveis para as categorias verticais:

a) “autores” que designam as menções a matemáticos ou filósofos que

trabalhar com matemática; b) “outros objetos/sujeitos” que se referem ao

objetos matemáticos e assuntos menos mencionados, mas que merecem estar em

a lista ; e c) “matemas, notações algébricas, algoritmos”, que incluem


os escritos feitos nos seminários.

A análise será realizada adicionalmente usando o trabalho indexado

de Lacan, em particular: “Jacques Lacan, Seminário 1952-1980. Índice

referencial", "Índice de nomes próprios e títulos de obras em todas as

seminários de Jacques Lacan” e “Lacan día por día. Los números propios en los

seminarios de Jacques Lacan ”223. Procuraremos referências

matemática (diagramas, matemas, formalização matemática e

objetos/assuntos matemáticos) em todos os seminários, complementando estes

referências escritas.

Antes de ler as tabelas, vamos dar um contexto mínimo do

usos matemáticos em Lacan antes de iniciar "seu ensino",

isto é, antes de iniciar seu seminário com as instruções de "retornar

a Freud” (1953). Ao interpretar a análise dos seminários – as grades, as

tabelas – será interpretado tomando a declinação quádrupla do Mathema :

diagrama, matemas, formalização matemática e objetos/sujeitos

matemática. O apêndice de tabelas de análise encontra-se ao final desta pesquisa.

223 Cf. Henry KRUTZEN, Jacques Lacan, Seminário 1952-1980. Índice de referência, 3ª edição, Paris,
Economica, 2009, Guy LE GAUFEY, et al., Índice de nomes próprios e títulos de obras em todos os
seminários de Jacques Lacan, Paris, EPEL, 1998 e Diana ESTRIN, Lacan día por dia.
Los propios number in los seminarios de Jacques Lacan, Buenos Aires, Pieatierra, 2002.

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2.1.2. Leitura de análise de matemática

Antes do ensino de Lacan, 1945-1953

O primeiro empréstimo matemático de Lacan para sua teoria é a teoria da

jogos em 1945. De fato, a análise de certas situações por meio de

A modelagem da teoria dos jogos faz parte dos escritos "Tempo Lógico e

a afirmação de certeza antecipada" e "O número treze e a forma lógica de

suspeita". Desde o início, Lacan foi atraído para os pontos paradoxais da

formalizações. Em Tempo Lógico, ele tenta articular a lógica da

intersubjetividade através do “problema do prisioneiro”. Ao contrário de

lógica e matemática, Lacan baseia o problema na questão da

dúvida – não certeza – e tempo. Mais radicalmente, os pontos

impasse na teoria dos jogos é um dos aspectos mais fortes da

seu uso: o que dá certeza é a dúvida.

Em O Número Treze, Teoria dos Jogos – Um Tipo de Lógica

coletivo – é levado por Lacan a encontrar aí um ponto paradoxal. Dentro

coleção de 13 moedas idênticas em relação a uma moeda que

pesa menos ou mais que as outras, o desafio é encontrar a peça "estrangeira" para

esta coleção depois de tentar pesar três vezes. A solução para tal problema

envolve o isolamento de uma sala. Este método assume uma "lógica de

suspeita” o que nos leva à ideia de que a diferença é a raiz da suspeita.

Da mesma forma, Lacan se pergunta o número mínimo de "movimentos lógicos"

encontrar a parte que é diferente das outras e as variações destas

movimentos lógicos em relação ao número de peças. É possível ler

este método de um número mínimo de movimentos lógicos na escrita

224 Esta é uma leitura cartesiana inicial de Lacan: "É por isso que penso que a palavra de
ordem de um retorno a Descartes não seria supérflua" Jacques LACAN, "Propos sur la
causalité psychique" in Écrits , Paris, Threshold, 1966, p. 163 (este escrito é escrito ao
mesmo tempo que os escritos sobre teoria dos jogos: 1946). A novidade de Lacan é ler
Descartes como um filósofo que baseia a certeza na dúvida (Cf. capítulo I. Ciência e psicanálise).

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Variantes da cura típica na forma de “inversão dialética” ou “retificação subjetiva ”225.

Esta maneira de ler os casos logicamente permite

Gerardo Arenas para afirmar que desde os primórdios de Lacan existia uma busca por um

“ciência do singular ”226.

Em ambos os casos, Lacan “modela” duas situações realistas e plausíveis,

mas inexistente. Ao mesmo tempo, essa abstração da realidade por meio de uma

formalização não é feita para representar a realidade, mas para isolar ou identificar

um paradoxo. Esse uso contrário já nos mostra um traço

essencial para as apropriações lacanianas da matemática. Nós achamos

também as origens de uma das estratégias mais inovadoras de Lacan: a

localização de um beco sem saída. É interessante relacionar esta estratégia com as críticas

explicações orgânicas da loucura em seu escrito Propos sur la causalité

psíquico. Este link pode nos dar a chave para uma leitura não biologizante do

psique na lógica.

Esta última observação é importante, porque se refere a um dos

aspectos cruciais do uso da matemática por Lacan. Como João

Pierre Cléro aponta que Lacan tem “um acesso platônico à matemática ”227,
ou seja, a matemática não representa a realidade, mas tem o poder de

separar-se da realidade empírica para encontrar nela um real que "tem sua força

intrínseca, sua força, aliás, impensável . Em outras palavras, a força de

matemática reside na sua capacidade de se desvincular da realidade empírica

articular melhor um discurso e localizar um impasse ou um elemento

heterogêneo – mais difícil de encontrar de outra forma.

Identificar um paradoxo ou localizar um beco sem saída não é a única conexão

entre o Tempo Lógico e O Número Treze – os dois escritos que usam a teoria

225 Cf. Jacques LACAN, “Variantes da cura típica” em Escritos, Paris, Seuil, 1966.
226 Cf. Gerardo ARENAS, En búsqueda de lo singular. O projeto inicial de Lacan e o giro de los setenta,
Buenos Aires, Grama, 2010.
227 Jean-Pierre CLÉRO, “A utilidade da matemática na psicanálise” em resenha Essaim, nº 24, 2010, p. 10.

228 Ibid., p. 11. Cléro continua: “A matemática não tem a virtude milagrosa de refletir ou copiar, decantando-
os, fenômenos e de articulá-los melhor do que o discurso; eles nem se assemelham a eles nem se
esforçam para se assemelhar a eles; por sua força interna, atraem para si o que lhes parece heterogêneo
e o representam”, idem.

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jogos. Depois que Lacan explica a conexão entre eles em termos de um estudo

de “análises formais iniciais de uma lógica coletiva ”229, ele anuncia que Le

o tempo lógico é um desenvolvimento anterior e posterior ao Número Treze.

Qual é a relação deles? Lacan responde230 :


[Tempo lógico] é uma de nossas abordagens exemplares para projetar
formas lógicas em que a relação entre o indivíduo e a coleção deve ser definida,
antes que a classe seja constituída, ou seja, antes que o indivíduo seja especificado.

Essa concepção se desenvolve em uma lógica do sujeito, que nosso estudo


deixa claro, pois chegamos ao seu fim na tentativa de formular
o silogismo subjetivo, onde o sujeito da existência é assimilado à essência,
radicalmente cultural para nós, ao qual se aplica o termo humanidade.

Em outras palavras, trata-se de encontrar uma lógica bem diferente do silogismo


Aristotélico: 1. Todos os homens são mortais; 2. Mas Sócrates é um homem 3.

Então Sócrates é mortal. Este tipo de silogismo é parte de uma concepção

do indivíduo – naquela época Lacan pensava em termos do indivíduo e

nenhum assunto. A alternativa lógica segundo Lacan é a seguinte231 :


1. Um homem sabe o que um homem não é;
2. Os homens se reconhecem por serem homens;
3. Afirmo ser homem, por medo de ser convencido por homens de
não seja um homem.

Trata-se de desenvolver uma lógica do sujeito que conteste o silogismo

aristotélica para não confundir o coletivo e o universal – as relações de

o indivíduo à coleção, antes que a classe seja constituída. Os termos "classe" e

“coleção” constituem os significantes mais importantes do problema da

treze peças no número treze. O ponto central de usar e subverter o

229
Jacques LACAN "O número treze e a forma lógica da suspeita ", em Outros escritos, Paris,
Limiar, 2001, p. 86. A ênfase é do autor.
230 Idem.
231 LACAN, “O tempo lógico e a afirmação da certeza antecipada. Um novo sofisma” em
Writings, Paris, Seuil, 1966, p. 213.

185
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lógica na teoria dos jogos é pensar o indivíduo fora da universalidade, mas

não sem a comunidade. Lacan distingue entre coletividade – “grupo formado

pelas relações recíprocas de um número definido de indivíduos” – e generalidade –

“uma classe que compreende abstratamente um número indefinido de indivíduos ”232. O

a generalidade é no tempo lógico implicitamente um dos nomes da universalidade

– uma categoria da lógica aristotélica. Esse uso da teoria dos jogos

encontrar uma lógica subversiva visa reformular questões

psiquiátrico. Três perguntas, por exemplo: 1. Não existe paranóia

assim, há paranóicos; 2. O passo de um sujeito impessoal (sabemos que ele

existem dois discos pretos..., um homem sabe o que um homem) sobre

indefinido recíproco (os homens se reconhecem como homens)

e no assunto pessoal (sou homem); 3. Como ler a singularidade de um

indivíduo no meio da generalidade ou universalidade. Podemos afirmar


que a matemática é uma parte importante dos desenvolvimentos

Lacanianos desde o início, quando teve problemas psiquiátricos.

Em suma, Lacan tem interesse pela matemática dos anos 1930.

interesse não é modelador ou representacional, mas como um método

encontrar movimentos lógicos e becos sem saída - na forma de

paradoxos. Essa abordagem matemática fornece a ele uma senha para um

a psicanálise não biologizante desde suas origens psiquiátricas. Notamos desde o


a partir dos anos 40 que Lacan participou da matemática

–lógica e teoria dos jogos– para usá-lo, não sem subvertê-lo.

232 Ibid., pág. 212.


233 "Mais inacessível aos nossos olhos feitos para os sinais do trocador do que o caçador do deserto sabe ver o
rastro imperceptível" constitui a epígrafe da escrita O número treze que é tirada da escrita Propos sur la causalité
psychique. Jacques LACAN, “Comentários sobre a causalidade psíquica”, p. 193.

186
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A inauguração do ensino de Lacan: formalização estruturalista,

Cosmologia Koyreana, Heidegger

O início do ensino de Lacan é contemporâneo de seu retorno a Freud234

e a introdução de seus três registros: simbólico, imaginário e real – neste

peça SIR235. Desde a inauguração de seu seminário, a matemática constituiu-se

para Lacan uma parte crucial de sua obra. De fato, na versão escrita de

seu Discurso de Roma,236 Lacan propõe a matemática – ao lado da

linguística e história – como um componente essencial do "triângulo

epistemológico” de seu ensino – teórico e técnico237 :


Este exemplo mostra como a formalização matemática que inspirou o
lógica de Boole, mesmo a teoria dos conjuntos, pode trazer para a ciência da
ação humana essa estrutura de tempo intersubjetivo, cuja conjectura
a psicanálise precisa se assegurar em seu rigor.

Podemos supor que o interesse de Lacan pela matemática

vem das formalizações levi-traussianas. Suas suposições não são

infundado, porque em 1954 Lévi-Strauss organizou uma série de seminários sobre

usar sua matemática nas ciências sociais onde Lacan deu uma palestra

sob o título “Desenhos Lógicos na Prática da Psicanálise ”239. Além do mais,

a presença de Lévi-Strauss nos primeiros seminários é abundante e sua

legado explicitamente reconhecido. Da mesma forma, seu SIR ternário foi projetado graças à

234 Já notamos em outra nota de rodapé que a palavra de ordem “retornar a” foi aplicada a Descartes antes de Freud. Podemos hipotetizar
que qualquer apelo a um “retorno a” em Lacan está associado a uma matematização. Teoria dos jogos para Descartes e outros para Freud.

235
Jacques LACAN, "O simbólico, o imaginário e o real", conferência inédita de 8 de julho de 1953.

236
Jacques LACAN, “Função e campo da fala e da linguagem na psicanálise” em Escritos, Paris, Seuil,
1966.
237 Ibid., p. 287. Lacan continua na página seguinte: “O conjunto dessas disciplinas que determinam o
curso de uma educação técnica, normalmente se inscreve no triângulo epistemológico que descrevemos
e que daria seu método a um ensino superior de sua teoria e de sua técnica.

238
"Não é sensato que um Lévi-Strauss, ao sugerir a implicação das estruturas da linguagem e daquela
parte das leis sociais que regulam a aliança e o parentesco, já conquista o próprio terreno onde Freud
situa o inconsciente?" , Ibid., pág. 285.
239 Ver Relatório do Conselho Internacional de Ciências Sociais (1953-1959), Paris, UNESCO, 1959.

187
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ideias do antropólogo. O primeiro uso da matemática em Lacan é


formalizante e é equivalente à função simbolizante em Lévi-Strauss. O
diversidade de fenômenos na prática seria imaginária e a simbolização
deles orientaria o psicanalista em sua prática. Da mesma forma, durante a clínica,
ao pensar na prática, é possível formalizá-la. Lacan
também formaliza a técnica psicanalítica241 da mesma forma que Lévi
Strauss formalizou a antropologia242.
A formalização é um esforço para simbolizar os dados
imaginários, bem como uma articulação entre o simbólico e o imaginário. que
a formalização é uma herança estruturalista cujo paradigma é linguístico.
Não é por acaso que as primeiras formalizações foram linguísticas e
desenvolvido a partir de ideias de Saussure, Benveniste ou Jakobson. Ele é
interessante ver como a solução heideggeriana de poetizar para não
ontologizar é tomado por Lacan de forma formalizante: a palavra e o
linguagem permanecem formalizados através da matemática.
As primeiras formalizações de Lacan foram acompanhadas por uma
grande atenção à natureza da ciência e suas consequências cosmológicas.
As referências a físicos são constantes ao longo de sua obra. Seu
referências tornam-se mais detalhadas é sobre a natureza das fórmulas, a
design do universo e o impacto da ciência através da transformação
do mundo (tecnologia, pouso na lua, energia hidrelétrica). No entanto,
Lacan enfatiza a raiz epistemológica da ciência ao concluir, ao

240 Cf. Carina BASUALDO, Lacan (Freud) Lévi-Strauss. Crônica de um encontro fracassado,
Paris, Bord d'eau, 2011 e Markos ZAFIROPOULOS, Lacan e Lévi-Strauss ou o retorno a Freud
1951-1957, Paris, PUF, 2003.
241 "A formalização das regras técnicas é assim tratada nesses escritos com uma liberdade que

é em si uma lição que poderia bastar, e que já dá à primeira leitura seu fruto e sua recompensa",
Jacques LACAN, Le Séminaire, Livre I : A técnica escritos de Freud [1953-1954], Paris, Seuil,
1975, p. 16.
242 Cf. Jacques LACAN, O seminário, Livro IV: A relação de objeto [1956-1957], Paris, Seuil, 1994,
em particular os capítulos 15 e 16.
243 "Acrescentaremos com prazer, quanto a nós: a retórica, a dialética no sentido técnico que

esse termo toma nos Tópicos de Aristóteles, a gramática e, ponto supremo da estética da
linguagem: a poética, que incluiria a técnica, deixada no sombra, do chiste ” Jacques LACAN,
“Função e campo…”, p. 288. Os grifos são do autor.

188
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com a ajuda de Koyré, que as revoluções científicas são o resultado de uma


matematização244. Nesse sentido, a ciência moderna é uma deontologização
por uma subtração ou obviamente da quantidade: "a ciência moderna não é
não quantificação, mas matematização .

A tese Koyreana de que a natureza das revoluções científicas


é construído sobre o pano de fundo de uma matematização é então levado a sério para
Lacan. Já notamos isso ao longo do primeiro e segundo
capítulo desta pesquisa. No entanto, há algo mais nestes
pensamentos sobre a ciência. Estes são escritos matemáticos (fórmulas) e
“irregularidades” das teorias criadas pela ciência.
No que diz respeito às fórmulas matemáticas da física, Lacan torna-se
insistindo mais na questão da transmissão, sua natureza mais real e a
consequências da escrita que não faz sentido. De fato, no início as fórmulas –
que o levará a criar os primeiros algoritmos e que o levarão ao
matemas – têm a natureza do resultado de uma formalização246. Por exemplo,

o algoritmo da metáfora paterna é o resultado de uma longa tentativa e erro


uma formalização do caso do pequeno Hans247. No entanto, Lacan percebe que no
Por meio de fórmulas, os físicos "criam" algo na realidade. No
No início Lacan pensa o real como realidade em si, fora da simbolização ou

imaginário. No entanto, Lacan acaba concluindo que os escritos matemáticos


têm o poder de produzir efeitos "reais". As fórmulas criadas por
físicos não podem representar a realidade, mas têm um impacto

244 “É porque partimos de uma pura formalização simbólica que o experimento pode ser realizado corretamente
e que se inicia o estabelecimento de uma física matematizada. Podemos dizer que depois de séculos inteiros
de esforços para conseguir isso, nunca conseguimos antes de resolver fazer de início essa separação do
simbólico e do real, que os pesquisadores, de geração em geração, nunca deixaram de alcançar pela longa
série de suas pesquisas. experimentos e tentativa e erro, além de fascinante de seguir. Esse é o ponto principal
de uma história da ciência.
Ibid., pág. 429.
245 Jacques LACAN, O seminário, Livro III: As psicoses [1955-1956], Paris, Seuil, 1981, p. 270.
246 "A teoria do campo unificado se resume na lei da gravitação, que consiste essencialmente no fato de que

existe uma fórmula que mantém tudo junto, em uma linguagem ultra simples que inclui três letras", Jacques
LACAN, Le Séminaire, Livre II : O mês na teoria de Freud e na técnica psicanalítica [1954-1955], Paris, Seuil,
1978, p. 280.
247"No caso do pequeno Hans, porém, algo nos encoraja a corrigir o sotaque, e eu diria
quase a fórmula, desta história”, Jacques LACAN, A relação de objeto, p. 408.

189
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Este. Mathemes teria um poder semelhante em discursos que

organizar nossa vida mental. Esta é a tese lacaniana segundo a qual o

discursos não são sem conseqüência. A viagem do interesse de Lacan pela

pequenas fórmulas que podem ser "manuseadas" começa com os poderes do simbólico e

acabando assim na transformação da realidade sem representá-la. Nós

Podemos, assim, observar uma diferença entre formalização e fórmulas em


Lacan248.

Em relação às "irregularidades" na ciência, Lacan examina

pontos normalmente estranhos ou sintomáticos. Assim que Lacan concebeu sua

"estágio do espelho", ele enfatizou o aspecto não biológico da

desenvolvimento biológico: por exemplo, a imagem de uma criança no espelho

organiza seu sistema piramidal ou a imagem que um inseto tem de outro amadurece sua

gônadas. O interesse de Lacan pelas irregularidades, paradoxos e impasses na

matemática visa não exclusivamente adicionar um elemento heterogêneo


na teoria e nas formalizações.

Ao mesmo tempo, ele para diante dos aspectos físicos que quebram todas as

ideia de uma cosmologia arrumada e harmoniosa. Por exemplo, quando Lacan

conta a história da pergunta "por que os planetas não falam

não ? ele aponta que seres falantes, humanos, não são esferas

porque eles têm um buraco: a boca250. O interesse de Lacan pela cosmologia é

248 “Mas a matemática pode simbolizar outro tempo, em particular o tempo intersubjetivo
que estrutura a ação humana, do qual a teoria dos jogos, ainda chamada de estratégia, que
seria melhor chamar de estocástico, começa a nos dar as fórmulas” Jacques LACAN,
“Função e campo…”, p. 287.
249 Jean-Claude Milner e Jean-Louis Sous já sublinharam o caráter “híbrido” das
formalizações lacanianas. Cf. Jean-Claude MILNER, A obra clara: Lacan, ciência, filosofia,
Seuil, Paris, 1995; Jean-Louis SOUS, pequenos matemas de Lacan, L'une-bévue, Paris,
2000. 250
“Coloquei a questão a um eminente filósofo, um dos que vieram aqui este ano para nos
dar uma palestra. Ele estava muito envolvido na história da ciência e fez as reflexões mais
pertinentes e profundas sobre o newtonismo. Sempre ficamos desapontados quando
falamos com pessoas que parecem ser especialistas, mas você vai ver que eu não fiquei
desapontado, na verdade. A questão não lhe parecia suscitar muitas dificuldades. Ele
respondeu “Porque eles não têm boca” ibid., p. 277. A boca quebra a harmonia da esfera e
qualquer concepção do universo. Para Lacan, trata-se do modo como o humano rompe
com toda harmonia ao se tornar um ser falante.

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encontrar uma geometria não esférica e não harmônica e suas consequências

na história da ciência. Podemos pensar o sujeito do inconsciente a partir de uma

topologia esférica? Na mesma ordem das ideias, Lacan afirma que a verdadeira

revolução científica moderna não é copernicana, mas kepleriana: a

ponto radical não é a passagem de um centro (geocentrismo) para outro

(heliocentrismo), mas a passagem do centro para o descentramento. O modelo de

Kepler é elíptico, com dois focos dos quais um é "ausente" ou "vazio",

enquanto o outro, o copernicano, é circular com um centro sempre presente.

A modernidade da ciência reside no seu gesto deontologizante –

passando da quantidade para a qualidade – e desarmonizando – passando da esfera para a

toro ou uma mudança de centro para o descentramento do universo – de sua

concepções do mundo. É verdade que a ciência tem resultados "anti-intuitivos",

isto é, efeitos que contradizem as explicações que temos do mundo

e fenômenos mundanos252 ; no entanto, para Lacan essa característica

a ciência “anti-intuitiva” –matematizada– é mais profunda e dupla: a)

desafia as concepções comuns do mundo – a ideia de que o universo é

esférica ou o corpo um saco–, eb) formaliza –simboliza– os fenômenos

intuitivo – imaginário – esvaziando o significado simbólico253 assim como a Gestalten

imaginário, isto é, as grandes intuições totalizantes que preenchem os interstícios de

qualquer construção perceptiva ou teórica. Para Lacan existe

251 Lacan fala mesmo de “desexorcização da esfera”, Jacques LACAN, Le transfert, p. 116.
252
“Do ponto de vista que nos orienta, não confiamos no fenômeno a priori, pela simples razão de que nossa
abordagem é científica, e que é o ponto de partida da ciência moderna não confiar nos fenômenos e buscar
por trás algo mais subsistir que o explica” Jacques LACAN, Les psychoses, p. 163.

253 “Você estaria errado em acreditar que as pequenas fórmulas de Einstein que relacionam a massa de
inércia com uma constante e alguns expoentes têm o menor significado” Ibid., p. 209.

254
"Mas aqui estamos tocando na clivagem do plano do imaginário, ou do intuitivo - onde funciona de fato
a reminiscência, ou seja, o tipo, a forma eterna, o que também se pode chamar de intuições a priori - e do
simbólico função que ali absolutamente não é homogênea, e cuja introdução na realidade constitui um
forçamento”, “Uma vez que as coisas se estruturam numa certa intuição imaginária, parecem estar sempre
ali, mas é uma miragem, claro” e “Tudo isso é intuição está muito mais próximo do imaginário do que do
simbólico. É uma preocupação muito atual do pensamento matemático eliminar os elementos intuitivos da
forma mais radical possível. O elemento intuitivo é considerado como uma impureza no desenvolvimento do
simbolismo matemático” Jacques LACAN, Le moi

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mesmo uma resistência em escutar, em ouvir, os fenômenos ou no

formalizações que perturbam os sistemas harmônicos do mundo.

Devido à natureza epistemológica das revoluções científicas, o

formalização e matematização seria a chave para a psicanálise

dá uma base científica à sua prática. Afirmamos que o uso lacaniano

da matemática é estruturalmente homóloga ao seu interesse pelos pontos

paradoxal, bizarro ou irregular na ciência. Por exemplo, Lacan coloca

sempre enfatizando os impasses de formalizações como números irracionais (ÿ2), números

imaginários (ÿ-1), transfinitos (ÿ (ou o número

ouro (ÿ). O que chama a atenção são esses números, fruto de uma invenção

no ponto de impasse, são escritos.

Diagramas e aparelhos de escrita: do modelo à topologia

É possível observar nas formalizações de Lacan um movimento que vai

do imaginário ao simbólico e do simbólico ao real. Este movimento é mais

claro em seus diagramas. Em diagramas que vão de modelos a

topologia, é visível uma obviedade de conteúdos e elementos imaginários

a ponto de falar de um “aparelho de escrita” – a expressão é nossa.

A escrita, como veremos, tem uma função não representacional em Lacan.

Portanto, falaremos também de "apresentações", pois esse movimento

é contra a representação. O nome da representação em Lacan é

“o imaginário” – se tem um significado de imagens – e “o simbólico” – se tem

tem um domínio de formalizações sintáticas. Podemos assistir de

após essa passagem do imaginário para o real, passando pelo simbólico neste

array que designamos:

em teoria, pág. 28, 359 e 363 respectivamente. Neste seminário, a intuição está ligada às
miragens do eu.

192
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Gráfico 1

A questão do uso da matemática em Lacan está no centro dessas

diagramas que gradualmente se tornam resistentes à representação. Faz estes

as apresentações esquemáticas são um modelo que representa a realidade psíquica?

O psicanalista Erik Porge responde assim255 :

É certo que nem todos os scripts e todos os diagramas têm o mesmo status: o

esquema óptico, por exemplo, é chamado de metáfora, mas no que diz respeito à

topologia, referência fundamental, Lacan rejeita explicitamente o termo

modelo. Cortes e nós de superfície não são analogias ou

modelos do corte-divisão do sujeito ou do emperramento do objeto causa de desejo

(objeto a), mas são o equivalente exato da própria estrutura, do que pode
escreva sobre isso.

O arco que vai do modelo óptico até a topologia de nós mostra um deslocamento

registros em Lacan, aquele que vai de uma dominância do registro imaginário

até a predominância do registro real, passando pela equivalência dos três

inscrições no seminário 21, Les non-dupes errent – voltaremos ao

questão do fracasso da equivalência dos três registros no nó borromeano.

255 Erik PORGE, “The bifidity of the One”, in The Real in Mathematics, Paris, Agalma, 2004, p. 174-175.

193
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Por exemplo, o "esquema óptico" que tem predominância do imaginário256, e


pois está mais perto de ser modelo, formaliza o palco do espelho e
a articulação entre o eu ideal e o ideal do eu ou do eu e o outro (próximo,
outros) 257.

Lacan aponta que todas as ciências emprestam modelos de outras


ciências e depois comenta o diagrama do capítulo 7 da Tramdeutung de
Freud: é concebido opticamente. Esta observação é para desafiar um
recepção biologizante e psicologizante do aparelho psíquico. De fato,
Lacan mostra que a concepção do aparelho psíquico pela ótica é
uma concepção do psíquico sem interioridade e despojado de todo conteúdo; a
microscópio ou o telescópio é apenas uma organização dos espelhos que produzem
um efeito entre o objeto e o olhar. Sem interioridade, sem conteúdo. Além disso, o
os espelhos têm um status de pontos de referência ou vetorizações de raios de luz.
Por isso é possível formalizar o aparelho psíquico com um esquema.
Essa formalização inscreve o modelo em uma simbolização e ao mesmo tempo
esvazia a concepção psíquica de qualquer referência interna ou mentalidade interna.
Para Lacan, a formalização por meio de diagramas também nos impediria de pensar
o inconsciente como um mecanismo biológico ou neural.

256"Mas este modelo se aplica porque estamos na imaginação, onde o olho é muito importante", Jacques
LACAN, O seminário, Livro I: Os escritos técnicos de Freud, Paris, Seuil, p. 143.

257 “Para tentar esclarecê-lo um pouco, fomentei um pequeno modelo para você,
substituto para o palco do espelho”, Ibid., p. 88.
258 “Somente se você der tal função a um elemento do modelo, outro terá

necessariamente alguma outra função. Tudo aqui é apenas sobre o uso de relações”, Ibid., p. 167.
259 “Eu lhe disse que este modelo está de acordo com os desejos de Freud. Isso explica em vários lugares,

especialmente no Traumdeutung e no Abriss, que as instâncias psíquicas fundamentais devem ser


concebidas em grande parte como representantes do que acontece em uma câmera, ou seja, como as
imagens, sejam virtuais ou reais, produzidas por sua operação. O aparelho orgânico representa o mecanismo
do aparelho, e o que apreendemos são imagens. Suas funções não são homogêneas, pois uma imagem real
ou uma imagem virtual não são a mesma coisa. As instâncias que Freud elabora não devem ser consideradas
substanciais, epifenomenais em relação à modificação do próprio aparelho. É, portanto, por meio de um
esquema óptico que as instâncias devem ser interpretadas. Uma concepção que Freud repetidamente
indicou, mas que ele nunca materializou”, Ibid., p. 142. A ênfase é do autor.

194
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Então, Lacan passa do modelo óptico, seu único modelo, para os diagramas. O

formalização do modelo óptico através da "vetorização", difícil de

pensar sem a referência da ótica em Freud, dá a Lacan a ideia de captar

relacionamentos além da imaginação. Trata-se do nascimento de esquemas em

Lacan. O psicanalista é fascinado pelos escritos freudianos contidos em

seus textos mais "metapsicológicos": o esboço, a carta 52 ou o diagrama

no capítulo 7 da Traumdeutung. Sugerimos que esta mudança

pode ser escrito como: ISRÿSIR. O domínio agora é simbólico e a

o segundo registro, mais importante, é o imaginário.

O primeiro esquema construído por Lacan tenta dar conta do

relações entre o imaginário – o eu e o outro – e o simbólico – uma máquina, o

Língua-. Esta relação é ordenada para o simbólico e será legível em

os diagramas 260. É importante notar que a introdução de esquemas

coincide com a concepção do Outro como tesouro de significantes. O

primeiras notações algébricas também são contemporâneas aos diagramas e


têm um status duplo:

1. São uma redução de um objeto (olhar, outro) ou de um conceito

(Eu ideal, Outro). Por exemplo, o modelo óptico pode ser reduzido a um

notação a'–a (que incidentalmente foi escrita como O'–O no Seminário 1).
2. Constituem os vértices ou cruzamentos entre dois vetores. Ele

é um ponto e não uma substância. Este ponto é crucial para pensar

a deontologização dos conceitos lacanianos e a dimensão topológica

(em termos de gráficos) diagramas261.

260 Por exemplo, quando podemos ler que para ir de S a A temos que passar pelo eixo a'-
a no esquema L que formaliza os casos Dora e o jovem homossexual. A subordinação do
imaginário ao simbólico é vetorizada, ou seja, topologizada (em termos de uma topologia
de grafos). Cf. Jacques LACAN, A relação objetal.
261 “Formalizei letras miúdas, e procurei indicar-te em que direção se poderia fazer um

esforço para habituar-te a escrever os relatórios de forma a dar-te pontos de referência


fixos, aos quais não podes não ter de vir de volta à discussão”, Ibid., p. 411.

195
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Em suma, os esquemas formalizam os conceitos e elementos

psicanalíticos, despindo-os de sua dimensão imaginária. Eles estão

contemporâneo e correlato à introdução das notações algébricas – uma

outras reduções e formalizações matemáticas – e conceitos como o Outro,


ideal do outro ou outro ideal.

Os diagramas constituem uma forma de articular os registros imaginários e

simbólico para dar conta da experiência psicanalítica. Se nós vemos

retrospectivamente os primeiros seminários de Lacan, podemos notar

uma insistência em articular o imaginário e o simbólico262. Cada diagrama (L,

R, I) é uma tentativa de articular o imaginário, o simbólico e o real. Eles também são

uma maneira de organizar os conceitos psicanalíticos de uma forma menos

imaginário e trazer-lhes rigor. Às vezes descobrimos que alguns

diagramas são também uma formalização dos casos freudianos, ou seja,

experiência analítica. O que nos traz de volta à questão de saber se é possível

formalização da experiência analítica e se o caso em si já é uma


construção ou formalização.

Nesse ponto, Lacan afirma explicitamente que a experiência analítica

tem um elemento simbólico irredutível. Este elemento irredutível não tem

de modo algum um ponto místico ou inefável. Ao contrário, matemática e

simbolização constituem um esforço contra qualquer elemento místico ou

iniciático. Com efeito, o facto de se associar livremente não implica que não seja

sem esforço e sem estar sujeito a algumas regras desconhecidas. Quando estamos em

a experiência analítica que simbolizamos através da fala. Falar é um

simbolização. Pela equivalência entre formalização e simbolização

pode-se explicar a relação entre experiência analítica e formalização. Para

Para simplificar, a formalização por diagramas é usada para três coisas: 1)

uso conceitual: dar conta de forma rigorosa de conceitos sem

262"Todo o problema então é o da junção do simbólico e do imaginário na constituição do


real", Jacques LACAN, Les ecrits Techniques de Freud, p. 88 ou “É, como sabemos, na
experiência inaugurada pela psicanálise que podemos apreender por que meios o imaginário
vem a ser exercido, até o mais íntimo do organismo humano, esse domínio do simbólico”,
Jacques LACAN , “O seminário sobre a carta roubada ” em Escritos, Paris, Seuil, 1966, p. 11.

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entificar, reificar ou objetivar; 2) uso clínico: desviando da experiência

analítico para pensá-lo; e 3) uso metafórico: quando estamos

na experiência analítica, formalizamos: a estrutura do sujeito tem uma forma

esquema. Voltaremos à questão do uso metafórico ou

literal da matemática.

Após a formalização dos casos de Dora, o jovem homossexual e Schreber

através dos esquemas, Lacan encontra na própria estrutura da formalização

algo que não funciona, um ponto de contradição ou impossibilidade.

A formalização do caso Hans pela análise dos mitos de Lévi-Strauss mostra o que

apontar de forma paradigmática. Quando Lacan tenta formalizar a

cadeia significante e o conto A carta roubada de Edgar Allan Poe, ele encontra

pontos irredutíveis. Ele os chamará de caput mortum, termo que vem de

alquimia: o resto que ocorre após a transformação de um elemento em um

outro elemento. Esses pontos o levam a considerar uma dimensão real na

seus diagramas. Ao mesmo tempo, Lacan introduziu progressivamente certas

vetorizações em seus diagramas, ou seja, transformou-os em diagramas

mais topológica – no sentido de topologia de grafos.

A passagem dos diagramas aos gráficos é marcada pela formalização do

Jogo de Hamlet . É também efeito da formalização do conto A carta

voleio e o Witz freudiano no seminário 5, As formações do inconsciente. a

grafo é uma formalização topologizada264 que pode dar conta do

dimensões mais reais como o desejo, o falo, a fantasia ou a pulsão. a

primeiro efeito desta formalização é a multiplicação de notações

263
“O espaço do inconsciente é de fato um espaço tipográfico (…) constituído por linhas
e pequenos quadrados (…) responde a leis topológicas”, Jacques LACAN, Le Séminaire,
Livre V: Les formações de l' inconsciente [1957-1958], Paris, Seuil, 1998, p. 147.
264 O índice dessa mudança encontra-se também no termo “lógica da borracha” que é
introduzido entre os seminários 4 e 5. Lacan chama pela primeira vez “esquema topológico”
para um de seus esquemas (o grafo do desejo) em seu seminário 6. Jacques LACAN, O
seminário, Livro IV: Desejo e sua interpretação [1958-1959], Paris, La Martinière, 2013, p. 188.

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algébrico 265. Todos os termos mencionados anteriormente têm uma expressão

algébrica: ÿ, ÿ, $ÿa e $ÿD.

A formalização e os diagramas mostram seus impasses e suas

irredutibilidades. O caput mortum ou o resto após a formalização no Seminário

sobre “A carta roubada” é a forma paradigmática. Por causa disso,

o passo do diagrama para o gráfico pode ser escrito da seguinte forma: SIRÿSRI. No início, Lacan

afirma que a formalização “não é apenas necessária, mas é

necessário ” 266. Em seguida, Lacan declara que essas formalizações não constituem

uma metalinguagem: “não há metalinguagem, há formalizações ”267.

Enfim, uma formalização que leva a um impasse e que não é o resultado

de uma metalinguagem tem apenas uma escolha: uma impossibilidade irredutível. O Outro Barré,

o falo ou desejo são conceitos sincrônicos com essa concepção de

formalizações. Eles sinalizam um limite interior ao simbólico. O gráfico

pode introduzir o irredutível apenas por notações algébricas. Ele é, por

por exemplo, a incompletude ou o irredutível pela topologia das superfícies é mais legível.

De fato, a noção de “irredutibilidade” é topológica, até mesmo informulável.

algebricamente. No entanto, as notações algébricas desta época são

articulados como elementos de uma estrutura vetorizada, que é aliás o

própria definição do gráfico. Perguntamo-nos se certos conceitos são

formulável sem a compreensão dessas operações topológicas e

algébrica em Lacan.

A partir do seminário 6, Desejo e sua interpretação, Lacan faz três

movimentos matemáticos: a) ele chama seus escritos algébricos

explicitamente “formalizações ”268 ; b) ele usa a teoria dos números para

pensar um conceito psicanalítico – o falo – de forma metafórica269 ;

265 Os primeiros algoritmos encontram-se na escrita A Instância da Letra, contemporânea do seminário 5. Neste
seminário Lacan começa a formalizar através de grafos.
266 Jacques LACAN, As Formações do Inconsciente, p. 74. “Há muito pouco risco de nos envolvermos em uma
formalização que se impõe como necessária” Jacques LACAN, L'anguide, p. 314.

267 Igual.
268 Jacques LACAN, Desejo e sua Interpretação, p. 166 e 451.
269 Ibid., pág. 388.

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e, c) acrescenta uma dimensão topológica aos seus escritos, ou seja, o esquema


torna-se um gráfico. Este último movimento produz uma leitura retrospectiva que
dá aos outros escritos – modelos e diagramas – uma densidade mais topológica
explícito.

Entre os Seminários 7 e 8, Lacan faz referências marginais a


diagramas e gráficos. Esta viagem filosófica e literária, não sem
articulações matemáticas, encontra duas questões topológicas: o vaso
heideggeriano e o “entre-duas-mortes”. É possível que essas questões motivem
o psicanalista a aprofundar suas fontes topológicas. Do seminário
9, a referência central que dominará o horizonte matemático das apresentações

escrito é precisamente a topologia das superfícies. Esta topologia coexiste com a


gráficos, diagramas e outros recursos matemáticos nos dois anos
Segue. Os seminários 12 e 13 são dedicados à topologia de superfícies que
permitem a Lacan formular topologicamente o sujeito como um corte para
através da tira de Möbius, a relação entre sujeito e objeto –formulou -se
algebricamente como $ÿa– com a dimensão cruzada e temporal de
o Outro através da garrafa de Klein. Propomos escrever o

deslocamento da topologia de gráficos para a topologia de superfícies como segue:


SIRÿSRI. Na topologia das superfícies, o registro simbólico persiste em sua
função dominante, mas se aproxima do registro real.
A topologia das superfícies permite a Lacan formular a difícil questão
a articulação entre sujeito e objeto a. O mais surpreendente é a travessia
desta etapa formalização de uma pintura. Com efeito, Lacan extrai os marcos da

perspectiva subjacente a Las meninas de Velázquez. Com o minimalismo de


linhas de fuga, faz uma transformação que vai da geometria da perspectiva
à geometria projetiva. Lacan mostra que a construção da perspectiva de
esta pintura produz uma elisão do olhar. Erik Porge dá voz
brevemente270 :

270 Erik PORGE, O Arrebatamento de Lacan. Marguerite Duras ao pé da letra, Toulouse, Érès, 2015, p. 39.

199
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O plano projetivo inscreve uma dinâmica em sua lacuna com a geometria

projetivo. Ele não pode ver o objeto a, mas dá conta de sua invisibilidade,

sua retirada da visibilidade e, assim, dá-lhe um caráter operativo. (…) O

topologia do plano projetivo traz o objeto a para a estrutura significante

racional. Reflete a cientificidade da estrutura visual do assunto

da mesma forma que o cogito, que para Lacan está na origem do sujeito.

A visão é da ordem do visível e o olhar remete ao campo da invisibilidade,


o que escapa ao visível e que constitui uma das encarnações do objeto a. O
topologia do cross-cap expressa como um plano projetivo mostra a entrada do olhar
na formação da fantasia, ou seja, o suporte do desejo. Lacan afirma que
"A perspectiva organizada é a entrada do sujeito no campo do escópico.
mesmo »271. Isso explica uma peculiaridade do objeto a em relação ao sujeito:
o objeto o unifica e o divide ao mesmo tempo. Esse uso da matemática é exemplar
ao mostrar o interesse de Lacan em formalizar o conhecimento: topologia
é uma maneira racional de formular um objeto "invisível". Os resultados
clínicas são enormes: o campo visual humano é estruturado de tal forma
fantástico. Em outras palavras, o invisível – mas pensável – realismo da fantasia
suporta o desejo humano mesmo que seja "inexistente". O interesse de Lacan
objetos “enganosos ”272 podem ser formulados racionalmente. Este último ponto tem
já foi especialmente sublinhado por Jean-Pierre Cléro273 e desenvolvido por Lacan em
a ajuda do "incorpóreo" da filosofia dos estóicos274.
Usando topologia de superfície, lógica e teoria dos números
Lacan consegue definir o objeto a. Este ponto é tão crucial que é impossível
explicar a natureza do objeto a sem seus antecedentes e formulações

271Jacques LACAN, O Seminário, Livro XIII: O Objeto da Psicanálise [1965-1966], inédito, sessão de 25 de
maio de 1966.
272 Jacques LACAN, Escritos, Paris, Seuil, 1966, p. 407. Lacan está interessado nas entidades fictícias,
enganosas e imaginárias, não para se livrar delas, mas para analisá-las, porque constituem um caminho
régio para o inconsciente e para o real. A “semelhança” e a ficção benthamiana (da qual ele se inspira para a
frase “a verdade tem uma estrutura de ficção”) constituem dois exemplos desse procedimento de Lacan.

273 Jean-Pierre CLÉRO, As razões da ficção. Filósofos e matemática, Paris, Armand Colin, 2004.

274 Jacques LACAN, “Radiophonie” em Outros escritos, Paris, Seuil, 2001, p. 409.

200
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matemática. Ao mesmo tempo, a importância da construção matemática de


objeto a e seu uso da topologia de superfícies terá consequências no
A posição de Lacan em relação à ciência. Por exemplo, quando Lacan formula a
questão "radical" da relação entre psicanálise e ciência como
“O que é uma ciência que inclui a psicanálise? »275, ou seja, o que
que uma ciência que inclui o objeto tem na medida em que "objeta" à ciência. que
função de "objeção" só é possível por sua construção lógica. UMA
década depois de Lacan retomará a construção lógica do objeto a e do objeto
da ciência para afirmar dois pontos essenciais para sua doutrina da ciência:
a ciência atravessa a realidade graças à escrita lógica e a psicanálise destaca o
matemática – e sua aproximação ao real – do discurso do mestre277. Ciência e
a psicanálise "morde" o real. No entanto, eles fazem isso de forma diferente: é um
ponto que separa a psicanálise da "tecnociência" ou a equivalência
heideggeriana entre ciência e tecnologia.
O uso da topologia diminui entre os seminários 14 e 18 e o
a teoria dos números e dos conjuntos aparecem com insistência. Depois disto
caminho que separa a articulação da cadeia significante (S1ÿS2), encontra o
número contável do objeto a e "logiciza" o inconsciente em favor de esvaziar o
gramática, Lacan retorna à topologia. Desta vez para a topologia do nó.
Notaremos essa mudança da topologia de superfícies para a topologia de
nós assim: RISÿRSI – o título do seminário 22 que é homofônico com
"heresia". Agora haverá um domínio do registro real e um sub
dominante do simbólico, com intermitência nos seminários 21 e 22 onde
uma das teses centrais é a equivalência dos três registros. O uso do
topologia de superfícies ou gráficos sobre a topologia de nós ou o uso de
topologia trançada não mudará a abordagem topológica “RSI”.

275 Jacques LACAN, “Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Minutos do


seminário 1964” em Outros escritos, Paris, Seuil, 2001, p. 187.
276 “ a, o objeto dos objetos. Nosso vocabulário promoveu para esse objeto o termo objetividade

em oposição ao de objetividade", Jacques LACAN, Le Séminaire, Livre X: L'anguide [1962-1963],


Paris, Seuil, 2004 , p. 248. Lacan joga com a equivocidade entre “objeto” e quais “objetos” para
colocar seu objeto como quais objetos para qualquer sistema do mundo.
277 Essas duas operações são feitas entre o seminário 18 e 19.

201
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Nodologia: entre formalização, diagrama e objeto matemático

Nesta parte abordaremos a topologia de nós como


cruzamento entre diagrama, formalização e objeto matemático. Nós
decidiu fazer isso devido à riqueza das estacas que carregam a topologia de
nós. Veremos que a abordagem de Lacan à topologia dos nós é mais
rico e vasto como o nó borromeano. Esse tipo de pesquisa é feito por
Bousseyroux, Schejtman, Vappereau, Allouch, Morel, Porge ou Cochet278. Na verdade,
optamos por usar o neologismo "nodologia "279 que Cochet
empregado para esse tipo de pesquisa, que explora as consequências clínicas,
teoria e prática na psicanálise da topologia do nó.
O passo a passo da topologia do nó é aberto com a introdução do nó
Borromean de 9 de fevereiro de 1972280. Naturalmente, a topologia dos nós não
não pode ser reduzido ao nó borromeano. Para isso, queremos implantar brevemente
o curso do uso lacaniano da topologia dos nós da seguinte forma:
1) Lacan introduz o nó borromeano sem nenhuma aplicação
(seminário 19);
2) O nó borromeano serve como uma “metáfora” topológica281
construir uma gramática da frase "Peço-lhe que

278 Alain COCHET, Lacanian Nodology, Paris, L'Harmattan, 2003; Erik PORGE, Cartas do sintoma. Versões
de identificação, Toulouse, Érès, 2010; Michel BOUSSEYROUX, Lacan, o Borromeu. Cavando o nó, Toulouse,
Érès, 2014; Michel BOUSSEYROUX, Ao risco da topologia e da poesia. Psicanálise em expansão, Toulouse,
Érès, 2011; Jean ALLOUCH, O outro sexo, Paris, Epel, 2016; Fabián SCHEJTMAN, Ensaios de clínica nodal,
Buenos Aires, Grama, 2013; Jean-Michel VAPPEREAU, Swarm. O grupo fundamental do nó, Paris, Topologie
en extension, 1985; Jean Michel VAPPEREAU, Tecido. Superfícies topológicas intrínsecas, Paris, Topologie
en extension, 1988; Jean-Michel VAPPEREAU, Knot. A teoria do nó esboçada por J. Lacan, Paris, Topologie
en extension, 1997; Geneviève MOREL, A lei da mãe. Ensaio sobre o sinthoma sexual, Paris, Anthropos, 2008.

279 Alain COCHET, op cit.


280 "Coisa estranha, enquanto com minha geometria da tétrade eu estava pensando ontem à noite como eu

iria apresentar isso para você hoje, aconteceu comigo, jantando com uma pessoa encantadora que ouve as
aulas de Monsieur Guilbaud, que, como um anel no meu dedo , dê-me algo que eu quero mostrar a você, algo
que não é nada menos, ao que parece, aprendi ontem à noite, do que o brasão dos Borromeos” Jacques
LACAN, …ou pior, p. 91.
281 “Uma topologia tem uma definição matemática. Isso é abordado por relatórios não métricos e deformáveis.

É o caso desses tipos de círculos flexíveis que constituíram meu

202
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recusa o que te ofereço, porque não é isso” (seminário 19). a


nó é uma metáfora e a frase é uma articulação282 de
frases que se interrompem (como acontece no caso de "Schreber").
O nó borromeano serve para formalizar a estrutura da psicose e
não leva imediatamente aos três registros. Lacan faz o
diferença entre o nó borromeano e o nó olímpico;
3) Lacan toma o nó borromeano como metáfora de um certo
sequência (seminário 20); concluímos que a explosão de
ruptura ou corte funciona como uma metáfora para a
início da psicose. A série de nós “olímpicos” a
metáfora para a estrutura do neurótico. Finalmente, Lacan aceita que
o nó borromeano não constitui uma metáfora283 ;
4) O nó borromeano é formulado pela primeira vez como um
articulação dos três registros (seminário 21). Lacan tenta
igualar para evitar dominância ou prevalência
de um para os outros. Os neologismos “dit-mansion” ou “dit
menção” aparecem. Lacan introduz outros nós (trefoil,
Olimpíadas) e ele "deborromeu" psicose sem

recusa-me o que te ofereço. Cada um é uma coisa fechada flexível, que só quer ser acorrentada aos outros.
Nada se sustenta. Essa topologia, por sua inserção matemática, está ligada a relações de pura significação,
como demonstrou meu último seminário. É na medida em que esses três termos são três que vemos que a
presença do terceiro estabelece uma relação entre os outros dois. É isso que significa o nó borromeano”
e “Certamente haveria algo infinitamente satisfatório em considerar que a linguagem se modela sobre as
supostas funções da realidade física, mesmo que essa realidade seja acessível apenas por meio de uma
funcionalização matemática” Ibid., p. 94.

A ênfase é do autor. Aqui o modelo funciona como representação, portanto, como metáfora.
282 Esta seria uma nova articulação, uma articulação “a três” que sustenta um mínimo de sentido, uma
articulação topológica que sustenta uma gramática: de um para o outro. Mas o que resulta desse nó
enquanto eu tentei desatá-lo, ou melhor, fazer o teste de seu desatar, é que ele nunca é entre dois sozinho.
Esta é a raiz do que está envolvido no objeto a ” Ibid., p. 92.

283 “Sem dúvida não é um suporte simples, pois, para que ele represente adequadamente o uso da
linguagem, seria necessário fazer elos nessa cadeia que se apegariam um pouco mais a outro elo com dois
ou três elos flutuantes intermediários . Também seria necessário entender por que uma sentença tem uma
duração limitada. Isso, a metáfora não pode nos dar” Jacques LACAN, Encore, p. 115.

203
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neurose “borromizante”. A equivalência dos três registros é


harmônico e coloca um grande problema: é impossível
distinguir um do outro sem nomeá-los. A nomeação, da qual
registro vem?
5) Lacan faz vários movimentos em seu seminário 22: ele achata
o nó borromeano, ele usa o teorema de Desargues para abrir
knots284, introduz o ternário inibição-sintoma-ansiedade e
formula os desabafos em termos de "lapsus" e não mais em
termos de pausas. Há uma inversão do uso de nós: o
O nó borromeano agora é para neurose e os outros são
para psicoses (olímpica, trevo, etc.);
6) A solução para a harmonia dos três registros e sua nomeação
feito através da introdução de uma quarta rodada (fim do seminário 22). a
quarta rodada pode ser uma nomeação imaginária (inibição),
simbólico (sintoma) ou real (ansiedade). O nó borromeano de
quatro ou mais anéis aparecem, assim como a pluralização
do nome do pai. O plural "nomes do pai" ou a versão do pai é
contemporâneo, solidário e inconcebível sem topologia e
questão de nomear como quarta rodada. Lacan anuncia
que seu próximo seminário (dia 23) seria “4, 5, 6”;
7) Lacan muda de ideia e dedica seu 23º seminário à questão da
"sinthome", uma reformulação da 4ª rodada. Não é necessário
para "contar" mais de quatro círculos. Com esta solução
"desequilibrando", ele formula vários nós para psicose e
para neurose;
8) Lacan explora a união da topologia dos nós com a topologia dos
superfícies introduzindo os toros como círculos dos nós

284 O teorema de Desargues mostra uma homologia entre uma linha no infinito e um
círculo. Essa abertura dos círculos produz uma diversificação deles e a possibilidade de
conceber os nós em termos de tranças.

204
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Borromeus (seminário 24). Isso permite a Lacan formular a

estrutura histérica e obsessiva;

9) Lacan se pergunta qual é a relação entre simbólico e real. Mais

justamente no impacto do simbólico sobre o real (seminário 25).

Se não há conseqüência do simbólico sobre o real o

a psicanálise é uma “fraude ”. Ele encontra a solução usando

de uma formulação topológica: o nó borromeano generalizado.

Após esta jornada pela topologia dos nós, podemos ver a

revolução que produzem na obra de Lacan. É verdadeiramente um

“virada topológica” em Lacan. A topologia do nó não é usada

apenas para desafiar ou desconstruir certos conceitos metafísicos

como a esfera, uma, representação ou relação entre S1 e S2 (que é o

base do discurso do mestre), mas também para formular alguns pontos

psicanalíticos e tornar possível pensar diferente. Com efeito,

a equivalência exata entre os três registros, uma relação sem relação entre

dois elementos286 ou o achatamento de nós como método que identifica o

285 “A psicanálise seria de certa forma o que se poderia chamar de quidging, quero dizer, aparência. (…) É
inquestionavelmente melhor assim. É indiscutivelmente melhor assim, mas é ainda mais perturbador assim,
quero dizer que a falha entre S1 e S2 é mais marcante porque aqui há algo interrompido e que resumindo o
S1 , isso é apenas o começo do conhecimento; mas um conhecimento que se contenta em começar sempre,
como dizem, não chega a nada. Por isso, quando fui a Bruxelas, não falei da psicanálise nos melhores
termos. Há alguns que reconheço, que estão lá”, Jacques LACAN, O Seminário, Livro XXIV: L’insu que sais
de l’une-bévue à mourre [1976-1977], inédito, sessão de 8 de março de 1977; “Acho que, apesar de tudo o
que você se informou um pouco com os belgas, e que o fato de eu ter falado da psicanálise como
possivelmente uma farsa, tenha chegado aos seus ouvidos, eu diria até que insisto nisso ao falar desse S1
que parece prometer um S2 (...) a psicanálise é uma fraude, mas não é uma fraude qualquer. É uma fraude
que cai justamente em relação ao que é o significante. E o significante, deve-se notar que é algo muito
especial; tem o que se chama de efeitos de sentido, e me bastaria conotar o S2, não ser o segundo no
tempo, mas ter um duplo sentido para o S1 tomar seu lugar, e seu lugar corretamente. Deve-se dizer ao
mesmo tempo que o peso dessa duplicidade de sentido é comum a todos os significantes. », Jacques
LACAN, O desconhecido que sabe, reunião de 15 de março de 1977; “O inconsciente é o impossível, ou
seja, é o que construímos com a linguagem; em outras palavras, uma farsa”, Jacques LACAN, The Seminar,
Book XXVI: Topology and Time [1978-1979], inédito, sessão de 10 de novembro de 1978.

286 As sessões de 18 de março de 1975, 8 de abril de 1975 e 15 de abril de 1975 são dedicadas à questão
de uma retificação da afirmação "não há relação sexual", porque os três círculos do nó borromeano não
vinculam juntos, nenhum deles atravessa o centro. Lacan mostra a diferença entre o “buraco falso” e o
“buraco real” no nó borromeano. O que está em jogo nesta questão é que o "furo real" faz um furo real com
uma rodada de barbante que não passa

205
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impasses são informuláveis sem chamar a topologia dos nós. Aqueles

formulações têm consequências práticas imediatas: a equivalência restaura

o valor do registro imaginário na vida psíquica, a relação sem relação

sinaliza falhas nos registros tornando certos fenômenos “legíveis”

psíquica, identificar os impasses possibilita a distinção entre impotência e

impossibilidade com as consequências práticas que isso implica, etc.


Simultaneamente, esta jornada cheia de tentativas e erros e idas e vindas

nos permite identificar uma das maneiras pelas quais Lacan fez uso

matemática: formalização. Por exemplo, os nós podem ser formulados

tridimensional e bidimensional. Se eles se expressam em três dimensões

o que Lacan chama de "gerenciar as cordas", mostram sua consistência ao preço

de uma imaginação do nó. Esta expressão do nó de caminho

tridimensional mostra algumas propriedades que não são visíveis em dois


dimensões. Por outro lado, a apresentação do nó em duas dimensões esvazia

o imaginário por redução. A primeira é, de fato, a desimaginação que torna

legível ao custo da invisibilidade.

Ressaltamos que essa distinção entre o visível e o legível também é

uma das diferenças entre a clínica médica e a clínica psicanalítica.

O nascimento da clínica médica começa com o olhar, no que é

visível. Por outro lado, a clínica e a prática da psicanálise não são


interessado no visível, mas no que pode ser lido no que pode ser ouvido. Para passar de

visível ao legível há uma manobra de formalização. Esta é a operação de

o "achatamento" dos nós.

De fato, o "achatamento" na topologia indica uma operação

de formalização e que também está vinculada a uma apresentação por meio de um

diagrama. Os detalhes deste procedimento estão além de nossa tarefa e nós

só quero mencioná-lo. O achatamento envolve em termos práticos o passo de um


nó tridimensional para sua expressão bidimensional. Qual é o seu uso

dentro dos outros dois círculos. Uma questão que não pode ser explicada topologicamente e que
precisa de paciência para testá-la. Cf. Jacques LACAN, O Seminário, Livro XXII: RSI [1974-1975], inédito.
287 Cf. Michel FOUCAULT, O nascimento da clínica, Paris, PUF, 1963.

206
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tal procedimento? Torna os becos sem saída legíveis, permite que os furos sejam contados

e distinguir os buracos reais dos falsos. Trata-se do "passo que vai de

manipulação de contas ”288. Esta etapa é também uma operação "de uma clínica que

vai além da magia e da sugestão ”,289 porque mostra também o passo de um conhecimento

assumido para o conhecimento exposto. Este último ponto nos traz de volta à questão da

matemática como precaução contra o obscurantismo, em particular

obscurantismo como efeito de transferência. Deixe que os becos sem saída sejam localizados por

formalização implica o impossível, o real lacaniano, não está diante do

formalização, “existe porque se demonstra ”290. Isso também significa que em

meio de formalização o analista pode ler as impossibilidades –do lado do real–

e sua diferença com a impotência – do lado do imaginário. Essa diferença

entre impossibilidade e impotência é muito útil para ler os matemas de

quatro discursos.

O achatamento do nó e seu correlato efeito de obviedade do

dimensão imaginária está ligada a uma concepção do inconsciente sem

profundidade. Escrevendo em um plano ou em uma superfície –como uma folha–

vem da tridimensionalidade dos círculos das cordas. Hoje podemos

compreender a insistência de Lacan na escrita como suporte. que a escrita

ser legível e não visível implica uma resistência da escrita à representação

imaginário, mas que, por outro lado, concede ao psicanalista um


legibilidade.

288 Fabián SCHEJTMAN, Ensaios de clínica modal, Buenos Aires, Grama, 2013, p. 141.
289 Idem.
290 Ibid., pág. 142.
291 Lacan se refere a Spinoza para exemplificar os poderes da escrita e sua função suporte: os corpos de forma
invisível? Se me fosse permitido dar uma imagem dela, eu a tiraria facilmente daquilo que, na natureza, parece mais
próximo dessa redução às dimensões da superfície que a escrita exige, e da qual ela já é aparente. essa obra de
texto emergindo do ventre da aranha, sua teia. Função verdadeiramente milagrosa, ver, da própria superfície
emergindo de um ponto opaco desse ser estranho, traçar o rastro desses escritos, onde apreender os limites, os
pontos de impasse, de sem saída, que mostram o acesso real o simbólico” Jacques LACAN, Encore, p. 86.

207
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A formalização de nós ao longo dos últimos oito anos


do ensino, é instrutivo para mostrar o interesse matemático por Lacan.
De fato, muitas vezes nos perguntamos se o uso da matemática é
literal. Literal aqui não significa estrutural como quando Lacan aponta que
topologia é a própria estrutura: "A topologia não é 'feita para nós'
guia' na estrutura, é ”292. Esta observação só é possível em
aceitando a afirmação lacaniana "o inconsciente é estruturado como
Língua ".
No entanto, temos uma dúvida em relação à topologia de nós
que tem um interesse mais geral no uso da matemática por Lacan. Isso existe
uma algebrização da topologia que a torna menos imaginária. Por que se
Lacan estava ciente dessa algebrização da topologia, não estava?
Temos uma tripla resposta: a) Lacan não é matemático, ele lidou
matemática para a psicanálise e não de cabeça para baixo – estudando a
psicanálise para demonstrar matemática–; b) Existe um mínimo
de imaginário necessário para "manusear " 294 os nós, ou seja, a topologia
nós é o suporte da carta na psicanálise295 ; e, c) Porque o
topologia é coberta apenas em alguns de seus recursos que são úteis

292 Jacques LACAN, "L'étourdit" em Outros escritos, Paris, Seuil, 2001, p. 483; "Em um escrito que você

verá aparecer como um ponto em meu discurso, acredito que demonstro a estrita equivalência de topologia
e estrutura", Jacques LACAN, Encore, p. 14 e "Esta topologia, que se inscreve na geometria projetiva e nas
superfícies do situs de análise, não deve ser levada, como é o caso dos modelos ópticos de Freud, à
categoria de metáfora, mas para representar a própria estrutura.", Jacques LACAN, «Os atordoados», p.
219.
293 A expressão algébrica para a topologia dos nós implica que os nós são números.
O nó como número, sua expressão algébrica em letras, não é modelo nem metáfora. Por exemplo, a
fórmula algébrica da esfera: S1= {xÿR2 : |x|=1}.
294 “O próprio manuseio das cartas supõe que basta uma não se manter unida para que todas as outras

não apenas não constituam nada de valor por seu arranjo, mas também se dispersem.
É por isso que o nó borromeano é o melhor” Jacques LACAN, Encore, p. 116.
295 “Lacan marca uma diferença entre o verdadeiro dizer que é próprio da psicanálise e a matemática que

ele define como a ciência do Real, ou seja, impossível. O risco de uma formalização que não levasse em
conta essa impossibilidade de demonstração é resvalar para o recurso aos desenvolvimentos produzidos
pela matemática de uma escrita algébrica dos nós: os algoritmos de Alexander, Jones ou Vassiliev. Essa
escrita algébrica busca substituir o objeto plástico por um grupo polinomial ou algébrico, ou seja, reduzir
a escrita volumétrica do nó a uma escrita unidimensional pela linearidade numérica de alguns de seus
invariantes » Graciela PRIETO, Writings of the Sinthoma. Van Gogh, Schwitters e Wolman, Paris, Eres,
2013, p. 9. A ênfase é do autor.

208
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para a psicanálise, e que são apagados por uma algebrização da topologia –


por exemplo vizinhança ou a ruptura a favor da hierarquia ou a
permutação 296. Isso significa que o uso da matemática em Lacan é
sujeito a aspectos intrínsecos específicos de acordo com o ramo – teoria da
conjuntos, aritmética, álgebra, topologia. O inverso também é verdadeiro: existem
aspectos psicanalíticos específicos que não podem ser capturados ou
formulada pela matemática – “o analítico não é
matemática ” 297.

Desconstrução e formulação matemática

Ao ler a análise das tabelas de elementos matemáticos em Lacan


olhar atentamente para a enorme quantidade e diversidade de ramos matemáticos e
matemáticos nomeados nos seminários. No entanto, o interesse de Lacan
permanece sempre “fragmentário” e nunca totalizante ou sistemático. Em um
certo sentido tudo acontece como o uso que Lacan faz da filosofia: ela
explora um ponto de tal e tal filósofo sem ter um conhecimento exaustivo
do autor298.

Podemos afirmar que Lacan tem um uso fragmentário e regional de


matemática, que ele usa tanto para formular conceitos quanto para
desconstruir conceitos. Chamamos essa parte do uso de
matemática em Lacan como “sujeitos ou objetos matemáticos”. Com efeito,

296 “Pensadores como Lévi-Strauss mostraram seu interesse pelos invariantes de uma estrutura, resultado
menos de um estudo indutivo dos objetos do que de um refinamento dos modelos que dão acesso às
estruturas como relações entre objetos. (…) Além do percurso algébrico, há interesse em estruturas de
ordem que tratam de escolhas, hierarquias e classificações; e a topologia que lhe diz respeito a vizinhança,
a proximidade e as barreiras, todas essas noções que podem ser mais precisas do que as considerações
algébricas ou estruturas de ordem”, Darian LEADER, “The Schema L” in Bernard BURGOYNE (Ed.), Drawing
the Soul: Schemas and Models in Psychoanalysis, Londres, Karnac, 2000, p. 175-176.

297 “O material analítico. Não será matemático. É por isso que o discurso analítico se distingue do discurso
científico”, Jacques LACAN, Encore, p. 105.
298 "Lacan só conhece obras em matemática e só conhece matemáticos, como entre filósofos ou literatos,

autores, nomes próprios que cobrem um número limitado de teses", Jean-Pierre CLÉRO, "L'utilité mathes
in psychoanalysis", p. 19.

209
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Lacan se interessa por este ou aquele objeto matemático, ele explora uma questão ou um

outro tema matemático sem qualquer esperança de fazer um sistema ou um


unificação das ilhotas.

Começaremos comentando dois seminários paradigmáticos


onde Lacan faz um uso desconstrutivo da matemática: "Identificação" e
" …ou pior ". Em seu seminário 9 –L'identificação–, trata-se de desdobrar o
linguística, lógica, genealogia e sobretudo a topologia de superfícies para
dissolver ou desconstruir a topologia e a identidade da esfera. Essas duas ideias
metafísica são molas que podem capturar a psicanálise
num movimento ontologizante, psicologizante ou biologizante. Em seus dez
nono seminário –…ou pior–, o esforço matemático é feito usando o
lógica –modal, quantificadores e proposicional–, teoria dos conjuntos,
linguística e topologia de nós para dissolver outra ideia
tradicionalmente metafísico: o Uno. Nesse sentido, sua finalidade é a mesma que
em seu seminário sobre identificação.

Os seminários 9 e 19 são paradigmáticos desse movimento


desconstrutiva da matemática, impossível de conceber por Heidegger ou
mesmo Derrida. Mas é possível ler isso retrospectivamente
desconstrução em si usando a matemática desde sua primeira
seminários. Com efeito, o modelo óptico, a cibernética, a formalização
Lévi-Straussian estruturalista, topologia ou função linguística
como dispositivos que visam dissolver certas ideias excessivamente metafísicas.
Essas ideias como eu, realidade, objeto ou comunicação são bastante
carregados de conteúdos biologicistas, ontologizantes ou psicólogos que dificultam a
prática psicanalítica.
Se olharmos atentamente para as tabelas analíticas de cada seminário,
não é difícil fazer uma correlação entre certos elementos matemáticos
“fragmentário” e a desconstrução de conceitos ou ideias excessivamente metafísicas.
Notamos que esse uso desconstrutivo de Lacan tem suas origens no
início de seu ensino e assim permanece até o fim de sua vida.

210
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Sem pretender ser exaustivo ou reduzir a complexidade e fineza de


destinos matemáticos, criamos uma tabela que mostra uma
correlação entre conceitos a serem desconstruídos e objetos matemáticos ao longo
ao longo do ensino de Lacan:

Gráfico 2

O uso de temas e objetos matemáticos fragmentários, por autor ou sob


a forma de ilhas no estilo "montagem" justifica-se não só pela sua função
desconstrutivo ou seus poderes de dissolução. De fato, podemos derivar
às vezes duas fases: a fase desconstrutiva e a fase construtiva.
A função "construtiva" ou "formulativa" da matemática é
também presente em Lacan. Por exemplo, os números imaginários nos permitem
formular o falo, a divisão aritmética exprime o resto da operação do
divisão do sujeito, a compacidade expõe de maneira não mística o gozo

211
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feminino, a superfície do toro esclarece a relação estrutural entre demanda e

desejo e o modelo óptico serve para articular os registros simbólicos e

imaginário. O Gráfico do Desejo formula vários conceitos e relações em termos

não ontológica, ilusão que os dicionários produzem quando definem

certos termos. Os gráficos permitem uma apresentação simultânea e não

essencialista de conceitos. Superfícies como o toro ou o cross-cap nós

oferecem uma formulação anti-intuitiva e rigorosa da articulação interna

fora. Assim, podemos afirmar que o uso da matemática na

Lacan é essencial, ou seja, há conceitos psicanalíticos informuláveis

sem matemática.

Da mesma forma que fizemos uma correlação entre certas

usos desconstrutivos da matemática e das ideias metafísicas, é

possível fazer outra tabela com a função "formulação" de

matemática:

299 Pode-se, por exemplo, construir uma lógica formal sem fazer uso da negação: “Tal
exercício normalmente só pode levar a uma profunda insuficiência lógica. De fato, é isso
que Freud quer dizer quando afirma que o inconsciente não conhece o princípio da
contradição. O princípio de contradição é na lógica algo excessivamente elaborado, e do
qual, mesmo na lógica, podemos prescindir, pois podemos construir toda uma lógica
formal no campo do conhecimento sem fazer uso da negação”, Jacques LACAN , From
One Other to Outro, pág. 276.

212
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Gráfico 3

A grande diversidade de ramos matemáticos usados de forma

"pastiche", "montagem" ou "colagem" tem duas faculdades muito úteis para Lacan: a

poder dissolvente da metafísica e a capacidade de formular conceitos

psicanalíticos de uma forma não ontológica, antibiológica e por

despojado de conteúdo psicológico. Essa faculdade construtiva e

abordagem desconstrutiva da matemática é usada de forma fragmentária e não visa

não a uma síntese ou a uma construção totalizante de uma mathesis universalis –

modelo matemático concebido como cosmovisão por Descartes ou Leibniz.

A maioria dos psicanalistas e comentaristas interessados em

matemática na obra de Lacan fazem observações sobre a natureza

trabalho fragmentado que o torna o parisiense. Nesse sentido, encontramos

relevante o subtítulo do artigo de Jean-Pierre Cléro "Um problema de

213
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crestomatia psicanalítica »300. No entanto, é surpreendente que eles

não dão conta do uso desconstrutivo e "formulativo" de temas e

objetos matemáticos.

Formalizações matemáticas

Os dois usos lacanianos mais conhecidos da matemática são o

formalização e matemas. Antes mesmo do início do ensino de Lacan

descobrimos formalizações através da teoria dos jogos. Quanto a

matemas, é mais fácil datar seu primeiro uso e, ao mesmo tempo, mais

complexo afirmar o que conta como matema em Lacan: o

primeira vez que o termo “matema” é mencionado por Lacan é a 2ª

dezembro de 1971, mas podemos identificar notações algébricas já em 1953

–mesmo é possível ler depois do fato certos gráficos de 1945 como

matemas301. Embora haja uma relação entre matemas e formalização,

esta relação não é auto-evidente. Às vezes, as formalizações levam à

formulando matemática. Há formalizações que não têm fórmula

final. Em outras palavras, todo matema é resultado de uma formalização, mas não

nem toda formalização tem como objetivo a escrita de um matema. Além da

formalização matemática e matemas têm uma relação com os outros

usos matemáticos em Lacan. Por exemplo, um diagrama pode ser projetado

como formalização, um matema como construção dos elementos

matemática, isto é, a função "formuladora" da matemática.

Alguns diagramas podem ser lidos como matemas. Vamos

analisar os usos da formalização e do matema em Lacan.

300 Jean-Pierre CLÉRO, “A utilidade da matemática na psicanálise. Um problema de crestomatia


psicanalítica”. A crestomatia , termo preferido por J. Bentham, implica uma antologia de textos, um conjunto
no estilo “pastiche” que visa – segundo sua etimologia – o “conhecimento útil” (do grego antigo khrestos –
útil– e mathein –conhecimento – ).
Veja https://fr.wikipedia.org/wiki/Chrestomathie, consultado em 23 de dezembro de 2016.
301 Por exemplo as letras pretas e brancas e os discos na escrita do tempo lógico. Jacques LACAN, “O
tempo lógico e a afirmação da certeza antecipada. Um novo sofisma” em Writings, Paris, Seuil, 1966.

214
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A formalização é uma organização de elementos de acordo com uma

racionalidade ou um sistema. A formalização envolve uma sintaxe302 e

elementos que obedecem a leis ou regras de transformação. Nós temos

já apontava como depois de 1953 a formalização supõe o inconsciente estruturado como

uma linguagem – uma espécie de organização de segundo grau303. NO

Naquela época a formalização foi inspirada no uso Lévi-Straussiano de

matemática. A função da formalização na década de 1950

é encontrar as leis de transformação de certas estruturas como o complexo de Édipo,

relações histéricas, trocas simbólicas ou monetárias de

obsessões, a dialética imaginária ou a questão do desejo.

Na década de 1950, o objetivo da formalização era dar rigor ao

conceitos psicanalíticos, para orientar a técnica e também para dar conta da

articulações entre o registro imaginário e o simbólico. No significado

filosófica ou na tradição das ciências humanas, a formalização é uma

esforço estruturalista para neutralizar a fenomenologia.

Nesta década, a formalização da estrutura visa um movimento de

cientificização da psicanálise, ou seja, torná-la mais rigorosa. Nós

já tratamos da questão Koyreana de uma ciência que se funda na base de

matemática não quantitativa304. A ciência não é guiada por

fenômenos visíveis, mas pelas leis que podem ser discernidas "por trás" desses

fenômenos. Dizemos "atrás", porque a formalização dissipa o fantasma

de causalidade obscura. Os fenômenos psicanalíticos são sempre

superficial. Mas o esforço de formalização torna-os legíveis, esvaziando-os de toda

302 “A sintaxe, numa perspectiva estruturalista, deve situar-se no nível da práxis, que

chamaremos de formalização”, Jacques LACAN, Le Séminaire. Livro 12: Problemas cruciais


para a psicanálise [1964-1965], inédito, sessão de 2 de dezembro de 1964.
303 Cf. Capítulo 1 sobre ciência e psicanálise em Lacan.
304 "A ciência moderna não é quantificação, mas matematização e especificamente

combinatória, ou seja, linguística, incluindo séries e recorrências.", Jacques LACAN, Les


psychoses, p. 270.

215
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conteúdo e sua dimensão imaginária. O imaginário é intuitivo305, o

formalização como simbolização é a maneira de articular o imaginário e

encontrar suas leis de transformação. É o caso das formalizações dos casos de

Freud. O algoritmo da metáfora do nome do pai é o resultado de uma

formalização do caso do pequeno Hans, o diagrama Z é o resultado da formalização

casos de Dora e do jovem homossexual, os diagramas R e I são uma

formalização do caso Schreber. Como já apontamos, o

formalização não é um diagrama, é antes o processo que pode ou não

chegar a uma fórmula, algoritmo ou diagrama. Há na introdução ao

dimensão da realidade – localização de vazios ou buracos – de 1958 a

movimento mais deontológico em Lacan. Este movimento será mais decidido

com topologia de superfície e nó. Para nós, existe uma correlação entre

o uso da topologia dos grafos no grafo do desejo e a

"desedipização" da peça no teatro Hamlet. A localização de vazios ou

furos visa na topologia de superfícies conceber o assunto em termos de corte

e os nós constituem furos articulados306. Tudo isso contribui para uma

debiologização, despsicologização e deontologização. Nesse sentido, o complexo de Édipo

em Freud é demonstrado por meio da formalização feita por Lacan bastante

psicológico, ou seja, bastante ligado a conteúdos imaginários e não

como uma constelação de funções ou uma operação na estrutura.

Durante os dez primeiros seminários a formalização também é um dos

nomes de simbolização. Esta é a simbolização mais refinada, porque

assume símbolos, leis e sintaxe. Essa formalização como

simbolização é também o sinal do progresso humano, um poder que

305 "Matemáticos, tentem de todos os lados, e consigam, ir além da intuição",


Jacques LACAN, O Seminário. Livro 9: Identificação [1961-1962], não publicado. Sessão de 9 de maio de 1962.
306 Sob essa luz podemos ler a afirmação lacaniana “meus nós borromeanos também são
filosofia”, Jacques LACAN, Le Séminaire, Livre XXV: Le moment de conclur [1977-
1978], inédito, sessão de 20 de dezembro de 1977. Lacan sempre esteve em guarda contra
a ontologia, notadamente nos seminários 7, 11, 19 e 20. Após os nós borromeanos, ele
pode considerar uma filosofia que não tenha excessos ontológicos de clássicos filosofia.
Para uma leitura nesse sentido cf. Adrian JOHNSTON, “Esta filosofia que não é uma: Jean-
Claude Milner, Alain Badiou e a antifilosofia lacaniana” na revista S, no. 3, 2010; Roque
Farran, Lacan e Badiou. O anudamiento do sujeito, Buenos Aires, Prometeo, 2014.

216
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é a verdadeira fonte do pensamento – não os neurônios ou o cérebro. Dentro

Nesse sentido, a herança simbólica é transmitida na forma de fórmulas ou


mito neurótico individual.

Os primeiros cinco anos de sua docência, entre 1953 e 1958,


Lacan faz um esforço de formalização para construir o campo do Outro, que é

aqui sinônimo de formalização do inconsciente na medida em que é


estruturada como uma linguagem. Este empreendimento é realizado através da
cibernética, linguística e antropologia estrutural. Este conhecimento
os matemáticos são convocados a encontrar as leis, sintaxe e regras
transformação do inconsciente, ou seja, construir o campo da

o Outro como elemento constitutivo da subjetividade.


Da mesma forma, nesse período a função de formalização visa

tornar a técnica psicanalítica mais eficiente e eficaz. Nós estamos usando


aqui as palavras "eficaz", "eficiente" e "técnico" com cautela. Ele é
surpreendente descobrir que a matemática tem uma função não

ontologizando em Lacan e ao mesmo tempo um objetivo técnico. Com efeito, Lacan


mantém seu uso "heideggeriano" da matemática para produzir uma
técnica psicanalítica mais eficaz. Aqui "eficaz" significa que o

psicanálise tem uma relação com o registro simbólico, que a técnica

a psicanálise não tem como objetivo as transformações imaginárias. este


O uso contém em essência a mesma função que Lacan encontrou no

307 “Durante as eras, ao longo da história humana, estamos testemunhando um progresso que seria muito
errado acreditar ser o progresso das circunvoluções. Estes são o progresso da ordem simbólica. Acompanhe
a história de uma ciência como a matemática. Ficamos estagnados por séculos em torno de questões que
agora são claras para crianças de dez anos. E, no entanto, eram espíritos poderosos que estavam se
mobilizando em torno dele. Paramos antes da resolução da equação quadrática por dez séculos a mais. Os
gregos poderiam tê-lo encontrado, pois encontraram as coisas mais assentadas nos problemas de máximo
e mínimo. O progresso matemático não é progresso no poder do pensamento humano. É o dia em que um
cavalheiro pensa em inventar um sinal assim, ÿ, ou assim, ÿ, que existe o bem. Matemática, é isso”, Jacques
LACAN, O seminário. Livro 1: Os escritos técnicos de Freud [1953-1954], Paris, Seuil, 1975, p. 303.

308 Por exemplo, a “Eficácia Simbólica” de Lévi-Strauss. Cf. Claude LÉVI-STRAUSS, “Eficiência simbólica”
em revista História das religiões, vol. 135, nº. 1, 1949. Devo esta observação a Miguel Sierra, a quem
agradeço.

217
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década anterior em lógica e teoria dos jogos. que a matemática


que Lacan está interessado é qualitativo e não quantitativo, impede uma relação

ontologizando com a técnica psicanalítica. Neste contexto, "eficiência" significa


dizer uma relação direta e transformadora da estrutura do inconsciente através
a localização de pontos de referência fixos309.

Devido à natureza conflitante da psique, a função de formalização


é apenas “exigido, mas é necessário ”310. Efetivamente, o
formalização da psicanálise visa não apenas encontrar as leis da

transformação, mas as leis de transformação de elementos contraditórios,


inconsistentes ou conflitantes. Nesse sentido, o Matema como formalização é
um complemento ao Poema, aqui em forma de mito ou fantasia
infantil.

Por fim, nesse intervalo Lacan usa formalizações para


problematizar a metalinguagem312 e também para que o psicanalista consiga
com a complexidade do material da experiência psicanalítica, ou seja, com
o poder redutor da matemática313 – definir o real ou extrair

309 Formalizei letras miúdas e procurei indicar em que direção se poderia fazer um esforço para se acostumar a escrever os relatórios de
forma a dar pontos de referência fixos, sobre os quais não fosse necessário voltar à discussão , do qual não podemos fugir depois de tê-los
posto, aproveitando-se de tudo o que costuma haver de demasiada flexibilidade nesse jogo entre o imaginário e o simbólico, tão importante
para nossa compreensão da experiência.

Jacques LACAN, O Seminário. Livro 4: a relação objetal [1956-1957], Paris, Seuil, 1994, p. 411.
310
Jacques LACAN, O Seminário. Livro 5: as formações do inconsciente [1957-1958], Paris, Seuil, 1998, p.
74.
311 A função do mito está inscrita aí. Como nos revela a análise estrutural, que é a análise correta, um mito
é sempre uma tentativa de articular a solução de um problema. Trata-se de passar de um certo modo de
explicação da relação-com-o-mundo do sujeito ou da sociedade em questão para outro – sendo a
transformação necessária pelo aparecimento de elementos diferentes, novos, que contradizem o primeira
formulação. De certa forma, eles exigem uma passagem que é, como tal, impossível, que é um beco sem
saída. É isso que dá estrutura ao mito. Jacques LACAN, A relação objetal, p. 293. É importante ressaltar que
a formalização é o próprio esforço de Hans para resolver um problema, ou seja, um conflito. Já são os
analisandos que estão fazendo um esforço de formalização. O papel do analista não é formular o conflito
em termos do mito (Poema), mas “corrigir o objeto” em termos de formalização.

A análise deve discernir uma estrutura encontrando as leis de transformação – formalizar (Mathème) – para
intervir no nível da estrutura.
312
"Não há metalinguagem, há formalizações", Jacques LACAN, As formações do inconsciente, p. 74.

313
"Essa chamada lógica simbólica em relação à lógica tradicional, senão essa redução de letras", Jacques
LACAN, L'identification, sessão de 24 de janeiro de 1962. Lacan antecipa aqui a

218
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os significantes mestres do discurso do analisando. Formalização usando

matemática foi muito útil para Lacan conceber a ausência de objeto no

psicanálise. De fato, a matemática tem um poder de-ontologizante

quando a formalização não é uma questão de objeto nem de relação com o

significado. Lacan assim o expressa314 :

Se não ficarmos fascinados pelo lado endificante que sempre nos faz
lidar com o fenômeno da linguagem como se fosse um objeto,
aprenda a dizer coisas simples e óbvias do jeito que as pessoas
os matemáticos procedem quando manuseiam seus pequenos símbolos, x e y, a e b,
isto é, sem pensar em nada, sem pensar no que significam.

Depois que Lacan postulou a ausência de objeto em La relationship d'objet, em torno de sua

seminário As formações do inconsciente, encontra obstáculos na

formalização. O caso da formalização das contradições é exemplar.

A ausência de objeto na psicanálise e a definição do sujeito como aquilo que

representa um significante para outro significante, constitui outros significantes

exemplos. Entre 1958 e seu seminário Identificação (1961) Lacan

esses obstáculos e radicaliza o uso de formalizações.

Lacan introduz progressivamente a distinção entre significante e letra,

que terão efeitos a serem identificados. Assim, podemos ver uma multiplicação

notações algébricas, algoritmos, notações matemáticas e gráficos

da Instância da Carta em 1958. O caminho da formalização da

contradições também leva Lacan à formalização como um esforço para

identificar a realidade. A função de formalização também muda devido à presença mais

decidiu o registro do real em Lacan a partir do seminário A Ética da

psicanálise (1959) – é Das Ding – e mais obviamente em

Identificação (1961) –com a topologia das superfícies– e Ansiedade (1962) –ou

função da extração do significante mestre no discurso do analista. Observemos as ressonâncias


dessa redução com a formulação de 1978 “Daí minha redução da psicanálise à teoria dos
conjuntos”, Jacques LACAN “Para Vincennes” em revista Ornicar ?, n°17/18, 1979, p. 278.

314 Jacques LACAN, As Formações do Inconsciente, p. 53.

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o conceito de pequeno objeto é construído. A formalização também leva o programa


construir uma especialidade e temporalidade completamente diferente da psique
da estética transcendental em Kant315.

Há duas etapas no uso das formalizações em Lacan. O primeiro

–entre 1953 e 1959– apresenta uma organização que revela as relações entre
os elementos e as leis da transformação. A segunda, entre 1960 e 1969,

em vez disso, refere-se a um conjunto de elementos organizados em torno de um vazio ou buraco. Ele

importante ressaltar que a estrutura é feita de vazios ou de um sistema


de oposição antes da formalização. A formalização no segundo caso tem um

personagem mais próximo da realidade. Por exemplo, o gráfico de desejo é estruturado


em torno do desejo vazio – entre os dois níveis do gráfico –; a topologia de

torus – formalização da articulação entre desejo e demanda – é organizado


em torno de dois orifícios: o orifício central e o orifício central. Essa direção será

radicalizou na última década do ensino do parisiense.


Voltemos ao segundo período da formalização lacaniana. Enquanto

dos anos sessenta, a formalização prolonga alguns aspectos, como a


resistência à intuição316, sua função anti-representacional317 ou

o aprofundamento da questão da metalinguagem318. Com efeito, após um


relativa ausência de matemática no seminário 11 (Os quatro conceitos),

lógica torna-se o instrumento privilegiado de formalização entre o seminário 12


e seminário 20. Entre os seminários 14 e 17, teoria dos conjuntos e

teoria dos números compartilham o mesmo privilégio que a lógica como meios
de formalização. Lacan dá uma grande importância à lógica, porque ela

315 Por exemplo, as sessões de 14 de março de 1962 e 9 de maio de 1962 do seminário Identificação, a sessão
de 24 de fevereiro de 1965 do seminário O objeto da psicanálise e as sessões de 28 de novembro de 1962, 9 de
janeiro de 1963 e 8 de maio , 1963 no seminário A angústia, Jacques LACAN, O seminário. Livro 10: ansiedade
[1962-1963], Paris, Seuil, 2004, p. 51, 103 e 249.
316 “Como você sabe, cada vez mais a geometria está se afastando das intuições que a encontraram –
espacial, por exemplo”, Jacques LACAN, O seminário. Livro 14: a lógica da fantasia [1966-
1967], inédito, sessão de 12 de março de 1967.
317 "Se a análise dos mitos, tal como nos está presente, tem algum sentido, é porque desequilibra completamente
a função da representação", Jacques LACAN, La Logique du Fantasme, sessão de 25 de janeiro de 1967.

318 “Não há metalinguagem (…) a própria lógica deve ser extraída do dado que é a linguagem”, Jacques LACAN,
Le Séminaire. Livro 15: o ato do psicanalista [1967-1968], inédito, sessão de 17 de janeiro de 1968.

220
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permite ler a organização do inconsciente do analisando. A lógica tem um


poder formalizador mais refinado do que a gramática ou a sintaxe, pode
formalizar paradoxos e relações contraditórias. A função do
A lógica retoma os esforços freudianos para compreender a lógica do inconsciente
além da gramática. Por exemplo, a construção lógica do delírio no
caso de Schreber320 ou a lógica subjacente do famoso ensaio freudiano Un enfant
é batido. A lógica também se opõe ao método etimológico e
A genealogia heideggeriana como mais apropriada para abordar a
problemas de metalinguagem.
Durante a primeira década (1950-1959) do ensino de Lacan,
formalização foi dedicada a dissolver a metafísica do sujeito como
eu e o objeto como presença ou algo na realidade. Entre 1960 e
A formalização de 1969 prolonga esta função e pretende desconstruir
outros aspectos metafísicos, como o Uno, a relação entre S1 e S2 do
cadeia significante, completude sem resto –seja o objeto a, seja o sujeito dividido–,
harmonia, a ideia de um ato que pode ser deduzido do conhecimento, a garantia do Outro,

a assimilação do enunciado ao enunciado, a estética transcendental kantiana


e a dialética fálica entre ser e ter. Embora a função desconstrutiva
de uma certa metafísica inclui tanto a primeira década quanto a
segundo, os objetos a serem desconstruídos mudam.

319 “É a lógica que atua aqui como o umbigo do sujeito, e a lógica na medida em que não é de modo algum
lógica, ligada às contingências de uma gramática”, Jacques LACAN, L’objet de la psychanalyse, sessão de
1 de dezembro de 1965 ; "A articulação entre lógica e gramática, aqui também é algo que talvez nos faça dar
mais alguns passos", Jacques LACAN, O ato do psicanalista, sessão de 24 de janeiro de 1968.

320 As três formas de contradizer a frase “eu o amo”: a) “eu não o amo, eu o odeio” (delírio de perseguição,
contrariando o verbo); b) "Não é ele que eu amo, é ela que eu amo" (erotomania, negação do objeto); ec)
“Não sou eu que amo o homem, é ela que o ama” (ciúmes, contrariando o sujeito). Cf. Sigmund FREUD,
“Observações psicanalíticas sobre a autobiografia de um caso de paranóia (demência paranoide) descrita
em forma autobiográfica” em Complete Works, vol. 10, Paris, PUF, 1993, p. 285-286.

321 Sigmund FREUD, “Uma criança é espancada” em Obras Completas, vol. 15, Paris, PUF, 1996.
322 “O metadiscurso imanente à linguagem e que chamo de lógica, aqui, claro, merece ser revigorado com

tal leitura. Certamente, não utilizo – vocês podem notar – de forma alguma o processo etimológico, do qual
Heidegger revive admiravelmente as chamadas fórmulas pré-socráticas”, Jacques LACAN, L’acte du
psychanalyse, sessão de 26 de abril, 1967.

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O lado desconstrutivo da formalização teve a estética transcendental kantiana

como objeto privilegiado nos anos sessenta. Por causa disso, o

os comentários sobre cosmologia estão se multiplicando. Há uma ligação entre o

crítica da estética e cosmologia de Kant323 : a superfície que sustenta a

O pensamento kantiano é a esfera. Isso leva Lacan a um empreendimento de

formalização que aponta a construção de outro caminho que não a cosmologia

baseado em uma topologia esférica. Pouco a pouco, Lacan encontra nessa crítica da

cosmologia e uma solução para esta estética. De fato, superfícies como

o toro, a garrafa de Klein e a tampa cruzada conferem-lhe um espaço alternativo e uma

outra concepção de temporalidade mais adequada à psicanálise. Essas superfícies

não esféricos também desafiam a temporalidade e o espaço kantianos implícitos

sua estética. Este uso da formalização da topologia de superfícies

aos anos sessenta responde a um requisito para mostrar a relação invariante do

sujeito à falta do ser – o buraco do real – e ao campo da linguagem. Teorias

estudos psicológicos e psicanalíticos deste período carregam implicitamente uma

filosofia kantiana em sua base. Lacan assume o desafio de formalizar – de


construir – esta relação de forma diferente.

Essa problematização e sua solução formalizante – pela topologia de

superfícies – leva a dois resultados: a) a formalização toma a forma da

topologia de nós; eb) a formalização terá como ideal o matema. É sobre


do momento dos nós e do matema.

Durante os anos setenta Lacan emprega seus esforços matemáticos

à formalização como topologia de nós e tranças, bem como à

matema. Esta época se abre não apenas como resultado de uma

alternativa à estética transcendental kantiana, mas também para mudar

do estatuto do real como impasse e a radicalização da função da letra.

323 Cf. Samo TOMŠIÿ, “Rumo a uma nova estética transcendental” em Samo TOMŠIÿ e Michael FRIEDMAN
(orgs.), Psicanálise: Perspectivas Topológicas. Novas Concepções de Geometria e Espaço
em Freud e Lacan, Berlim, Transcrição, 2016, p. 95-125. “A topologia não é aquele espaço onde o discurso
matemático nos conduz e que exige uma revisão da estética de Kant? », Jacques LACAN, « L'étourdit » em
Outros escritos, Paris, Seuil, 2001, p. 472.

222
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“Mostra-se que em matemática é precisamente o impossível que


engendra o real ”,324 afirmou Lacan em 1º de junho de 1972. O que é isso?
afirmação significa? Que o real não é algo transcendente – fora
linguagem – ou antes da simbolização ou formalização. Depois de um
formalização que introduz elementos da ordem do real, segue-se que o
real não é antes da formalização. Este ponto é crucial contra uma leitura
A poética de Heidegger . O Matema como formalização é uma alternativa
do poema para não objetivar ou entificar o real. Formalização como
Mathème torna o real formulável sem apelar ao misticismo, obscurantismo ou
a uma doutrina iniciática.
Neste ponto, devemos lembrar que a matemática é
a melhor forma de simbolização. Com isso, a formalização
matemático, como a simbolização mais alta, leva ao matema326 :
É aqui que o real se destaca. O real só pode ser inscrito por um impasse de

formalização. É por isso que eu pensei que poderia desenhar o modelo do

formalização matemática na medida em que é a elaboração mais avançada

nos foi dado para produzir significado.

Que o real se engendra onde quer que esteja, o próprio impasse da formalização não é
possível apenas radicalizando a função da carta e escrevendo-a após o
seminário 18, ou seja, após a separação entre dizer e escrever na escrita
Lituraterre. Encontraremos, por exemplo, uma multiplicação de definições de
real como um impasse em matemática, lógica ou formalização327
após a nova função da letra introduzida em 1970.

324 Jacques LACAN, …ou pior, p. 201.


325 “A psicanálise é uma anti-iniciação”, Jacques LACAN, The Seminar, Book XXVI: Topology and Time [1978-1979],
inédito, sessão de 16 de janeiro de 1979.
326 Jacques LACAN, Novamente, p. 85.
327 “A lógica se permite tirar um pouco da realidade”, “Você vê, eu vou ter que falar um pouco com você este ano
sobre a relação entre lógica e matemática. Além do muro, para dizer logo, existe, ao nosso conhecimento, apenas
esse real que se sinaliza precisamente do impossível, do impossível de alcançá-lo além do muro. O fato é que é o
real”, Jacques LACAN, …ou pior, p. 21 e 75; "agarrar os limites, os pontos de impasse, de sem saída, que mostram
o real acessando o simbólico", Jacques LACAN, Encore, p. 86.

223
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A capacidade das formalizações de encontrar impasses está intimamente

relacionado com a função da letra na matemática328 :

Cabe a nós, você entendeu, obter o modelo da formalização


matemático. A formalização nada mais é do que a substituição de um número
qualquer uma das chamadas letras. Porque, se você escrever isso
inércia é mv2/2, o que isso significa? – caso contrário, qualquer que seja o
número de unidades que você coloca sob cada uma dessas letras, você está sujeito a
um certo número de leis, leis de grupo, adição, multiplicação, etc.

Em outras palavras, naquele momento a formalização matemática é o passo do número

para a letra. A letra sendo um número de uma "fixação dinâmica". De

exemplo em álgebra a letra tem uma função variável, também em funções

matemática: ƒ(x). A fórmula da velocidade – como a fórmula que Lacan escreve

na cotação – definindo uma pergunta dinâmica: v = d/ t. Essa fixação é

impossível sem as letras que expressam uma relação entre variáveis. O

fórmulas da física moderna nos mostram o poder de fixação

dinâmica da letra. Em suma, a carta permite uma nova formalização que visa

a localização de becos sem saída e a criação de fórmulas que fixam variáveis ou

dinamicamente. A questão do matema está no centro dessa concepção de

formalização 329 :

A formalização matemática é nosso objetivo, nosso ideal. Por quê ? -Porque


só ele é matema, isto é, passível de ser transmitido integralmente.

Matemática e álgebra lacaniana

Aproximemo-nos, pois, dos matemas. A primeira vez que Lacan pronunciou o

palavra “matheme” foi em 2 de dezembro de 1971330 :

Seria completamente errado pensar que a matemática conseguiu esvaziar


patético tudo sobre a relação com a verdade. Não é apenas o
matemática elementar. Conhecemos história suficiente para conhecer a dor e

328 Jacques LACAN, Novamente, p. 118. O destaque é do autor.


329 Ibid., p. 108.
330 Jacques LACAN, Falo nas paredes, Paris, Seuil, 2011, p. 57.

224
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a dor engendrada no momento de sua excogitação pelos termos e


funções do cálculo infinitesimal, ou ainda mais tarde a regularização, o endosso,
a lógica dos mesmos termos e dos mesmos métodos, até mesmo a introdução
de um número crescente, cada vez mais elaborado do que precisamos
bem a este nível chamar matemas. Os referidos matemas não incluem
de forma alguma uma genealogia retrógrada, não inclui qualquer exposição possível
para os quais o termo histórico deve ser usado.

Esta primeira referência ao matema é encontrada no contexto de


o ensino da psicanálise. Podemos dizer, portanto, que a
matemas em Lacan são o resultado de duas variáveis. O primeiro é o
transmissão e ensino da psicanálise. A segunda, como nós
acabamos de ver, é o resultado de um longo e árduo trabalho nas formalizações
matemáticos e a introdução da função da escrita, ou seja, da
conceito de letra e a diferença entre dizer e escrever.

Analisaremos a questão do matema e do uso de três maneiras: a)


o contexto de sua ocorrência e sua relação com a transmissão; b) como
mathèmes produz uma leitura retrospectiva de escritos, algoritmos e
fórmulas matemáticas antes que Lacan a propusesse; e, c) se a existência de
mathemes dura até o final do ensino de Lacan ou se forem, pelo
contrário, substituído pelas formalizações de nós e tranças.

no. Contexto da criação de matemas e transmissão da psicanálise

O matema é formulado por Lacan durante uma série de palestras no hospital


de Saint-Anne intitulada O saber do psicanalista331. Estes são três eventos
fechar cronologicamente quem pode nos explicar as razões para
qual Lacan propôs seu matema: 1) a proposta do passe e da revisão Scilicet na
relativamente nova Escola Freudiana de Paris fundada por

331 Essas conferências foram proferidas por Lacan ao mesmo tempo que seu seminário ...
ou pior. Metade dessas conferências foi publicada por Jacques-Alain Miller em um pequeno
livro chamado Falo com as paredes e o restante na versão oficial do seminário ... ou pior.
Existem versões AFI e STAFERLA deste seminário sob o nome de The Psychoanalyst's Knowledge.

225
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Lacan (maio de 1968); 2) o primeiro encontro de informação da psicanálise na


Centro Experimental de Vincennes (dezembro de 1968)332 ; e, 3) o convite para
ciclo de conferências no hospital Saint-Anne (1971).
A revista Scilicet e a Proposição de 9 de outubro de 1967 constituem
invenções feitas por Lacan para criar uma alternativa, mais ajustada ao
Elaborações psicanalíticas lacanianas, para transmitir a psicanálise. O
A revista Scilicet é uma publicação semi-anônima que visa desinflar o
transmissão por transferência a um autor e o passe é um dispositivo para
transmitir algo de uma análise. A revisão Scilicet e o dispositivo do
passes eram parte integrante da nova Escola. Esses dados devem ser lidos em
à luz da tese de Jean-Claude Milner – que subscrevemos,
aliás – sobre a possibilidade de transmitir a psicanálise em um
contexto universitário – seja em Vincennes ou em Saint-Anne333 – graças à invenção
do matema334. O matema é uma criação que une invenções para transmitir a
psicanálise no contexto da Escola Freudiana de Paris335.
Quais são as apostas no matema que interessam a Lacan no
transmissão da psicanálise? A criação do matema envolve uma

332 Mesmo que a primeira Assembléia Geral tenha ocorrido em 23 de junho de 1969, a primeira
reunião pública ocorreu em 4 de dezembro de 1968. Cf. Informação de Bernard Mérigot, ex-
secretário do Departamento de Psicanálise do Centro Expérimentale de Vincennes, http:/ /
www.savigny avenir.fr/2014/08/08/lenseignement-de-la-psychanalyse-a-luniversite-un-apport-inedit-
de serge-leclaire-1924-1994-la-reunion-critique-du-departement - de-psychanalyse-du cuevuniversite-
d/ consultado em 14 de janeiro de 2017.
333 Nesse sentido, não é por acaso que o matema é concebido em suas palestras Le savoir du
psychanalyse em Saint-Anne e não no contexto de seu seminário ... ou pior.
334 Cf. Jean-Claude MILNER, L'oeuvre claire. Lacan, ciência, filosofia, Seuil, Paris, 1992.
Especialmente o capítulo IV.
335 Já afirmamos que a transmissão está associada à escrita, portanto, ao matema, enquanto o
ensino – os seminários – está ligado à fala e à linguagem oral. Essa leitura está bem fundamentada
nos últimos seminários de Lacan, ainda que Lacan pronuncie a palavra mathème
indiscriminadamente para seu ensino ou para transmissão. Pouco a pouco Lacan fará essa
distinção implicitamente. O ponto de inflexão encontra-se no seguinte seminário: Encore.
Sublinhemos a diferença nesta série de citações: “Quero dizer admissível matematicamente, de
uma maneira que pode ser ensinada, porque é isso que mathème significa”, Jacques LACAN, …
ou pior, p. 146; “Um matema é o que, propriamente e sozinho, se ensina ”, Jacques LACAN, …ou
pior, p. 152; "aos signos que se chamam matemática, matemas, unicamente porque são
transmitidos em sua totalidade", Jacques LACAN Encore, p. 100; “A formalização matemática é
nosso objetivo, nosso ideal. Por que – porque só ele é matema, ou seja, capaz de ser transmitido
em sua totalidade”, Jacques LACAN, Encore, p. 108.
A ênfase é do autor. Note-se que, ainda que Lacan utilize o verbo “ensinar”, ele é conjugado de
forma impessoal: “se ensina”. Essa impessoalidade deve ser oposta ao sintagma “meu
ensinamento” que Lacan usa para se referir ao seu seminário.
Cf. Jacques LACAN, Meu ensino, Paris, Seuil, 2005.

226
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transmissão contra a corrente da transferência, desvinculada dos efeitos perversos da


discurso da Universidade336 e sem que o contexto ou a história337 sejam

requeridos. O matema é, em última análise, um meio de assegurar a transmissão

mais próxima da ciência338, mas ad hoc às exigências da irrepresentabilidade da

real339 sem apelar ao misticismo340.


Matemas são também a resposta a uma pergunta precisa que Lacan
coloca durante sua conferência em Saint-Anne: qual é a raiz da
incompreensão da matemática? O mal-entendido, afirma Lacan, é

um sintoma. Um sintoma de quê? Um sintoma dos quatro discursos que


são revelados pelo discurso do analista. Lacan coloca assim341 :

336 “Se há uma coisa certa, é que só consegui articular esses três discursos numa espécie de matema
porque surgiu o discurso analítico. E quando falo de discurso analítico, não estou falando com você de
algo da ordem do conhecimento.
Poderíamos ter percebido há muito tempo que o discurso do conhecimento é uma metáfora sexual, e deu a
ela sua consequência, a saber, que, como não há relação sexual, também não há conhecimento”, Jacques
LACAN, falo nas paredes , pág. 66.
337 “Conhecemos história suficiente para conhecer o incômodo e a dor que os termos e funções do cálculo

infinitesimal geraram no momento de sua cogitação, ainda mais tarde a regularização, o endosso, a
logificação dos mesmos termos e dos mesmos métodos, até mesmo a introdução de um número cada vez
maior, cada vez mais elaborado, do que realmente precisamos chamar de matemas neste nível. Os ditos
matemas não incluem de forma alguma uma genealogia retrógrada, não incluem nenhuma exposição
possível para a qual o termo histórico deva ser usado”, Jacques LACAN, Je parle aux murs, p. 57.

338 “É óbvio que a questão é saber como lalíngua, que podemos dizer momentaneamente como correlativa

à disjunção do gozo sexual, tem uma relação óbvia com algo real. Mas como partir daí para matemas que
nos permitem construir ciência? Essa é realmente a pergunta, a única pergunta. Que tal darmos uma olhada
mais de perto em como a ciência está ferrada? », Jacques LACAN, Falo às paredes, p. 74.

339“Os campos em questão são feitos do real, tão real quanto o torpedo e o dedo de um homem inocente
que acabou de tocá-lo. O matema, não é porque o abordamos pelo simbólico que não se trata do real”; “O
que define um discurso, o que o opõe ao discurso, digo que, para a abordagem falante, é que o real o
determina. Este é o que é o matema. O real de que falo é absolutamente inacessível, exceto por um caminho
matemático”, Jacques LACAN, Je parle aux murs, p. 60 e 68.

340 “É a conquista da análise tê-lo feito matema, quando o misticismo antes apenas testemunhava sua

provação tornando-o indizível”; “Provavelmente ainda não lhes ocorreu que mais de uma lógica se
aproveitou para proibir-se esse fundamento, e ainda assim permanecer 'formalizado', ou seja, específico do
matema. Quem culparia Freud por tal efeito de obscurantismo e das nuvens de escuridão que ele
imediatamente, de Jung a Abraham, acumulou ao respondê-lo? –Certamente não sou eu que também tenho,
neste lugar (das minhas costas), algumas responsabilidades”, Jacques LACAN, “L'étourdit”, Outros
escritos, p. 485 e 492.
341 Jacques LACAN, Falo para as paredes, p. 59.

227
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A incompreensão matemática deve, portanto, ser algo diferente de um requisito

que emergiria de um vazio formal. A julgar pelo que está acontecendo em


a história da matemática, não é certo que o mal-entendido

é gerado a partir de alguma relação do matema, mesmo o mais elementar, com um


dimensão da verdade. Talvez sejam os mais sensíveis que compreendem o
menos.

Se Lacan se pergunta sobre o mal-entendido da matemática como

sintoma é porque é engendrado por uma certa relação com o matema, é


isto é, porque o matema é o conhecimento sobre a verdade :
Não encontrei nada melhor do que o que chamo de matema para abordar
algo sobre saber sobre a verdade.

Lacan já havia construído os quatro discursos dois anos antes de sua palestra em Saint

Ana. Por isso, o discurso do analista é o único discurso que pode

revelam o mal-entendido sintomático da matemática. que

o mal-entendido é um efeito estrutural. Com efeito, o discurso do analista tem a

saber em posição de verdade: a/S2ÿ$/S1 (para baixo e para a esquerda). Conhecimento na posição
da verdade é a própria estrutura do matema.

Saber sobre a verdade no discurso é paradoxal. Em outras palavras, o

discurso do analista é uma reformulação da verdade meio dita - não


só pode dizer meio343–, porque tem uma estrutura fictícia344 e "recupera o erro

na armadilha do mal-entendido ”345. O sintoma sempre revela a verdade como


algo estrutural. Assim, ao formular o

quatro discursos – a primeira escritura que pode ser nomeada estritamente como

342 Jacques LACAN, …ou pior, p. 199.


343 “Não é preciso dizer, vemos que este é o caso de muitas coisas, mesmo a maioria delas, incluindo a
coisa freudiana como eu a situei como sendo o dizer da verdade. É assim que o dito não fica sem dizer.
Mas se o dito é sempre posto na verdade, mesmo que nunca ultrapasse o meio-dito, o dizer só se une a ele
por ex-sistir ali, seja por não ser da dit-mensão da verdade” Jacques LACAN , O ato psicanalítico, sessão
de 21 de fevereiro de 1968.
344 “A verdade faz aparecer ali sua estrutura ficcional”, Jacques LACAN, “Psicanálise e seu ensino” em

Escritos, Paris, Seuil, 1966, p. 451.


345 Jacques LACAN, Escritos técnicos, p. 291.

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matema–, o discurso do analista revela o cerne do matema porque ele tem o conhecimento

em posição de verdade. Mostra também, como reverso do discurso do Mestre,

que a impotência diante da incompreensão da matemática está no

discurso do analista uma impossibilidade estrutural . Para esta inclinação temos

pode explicar por que o matema tem por vocação a localização de

impasses, ou seja, impossibilidades. Da mesma forma, para quem o matema, em

sendo estruturado como o discurso do analista, é incompatível com o discurso

da Universidade –porque não é um conhecimento de uma presença– ou com a

discurso do Mestre – porque essas letrinhas não são inequívocas346.

Em suma, a criação dos matemas corresponde a um momento em que Lacan

questionou sobre a transmissão da psicanálise. Essa preocupação

transmissão ocorre em uma conferência em Saint-Anne sobre o conhecimento da

psicanalista, onde se questionou sobre a causa da incompreensão do

matemática à luz da psicanálise. Pergunta que ele responde com

primeira fórmula que tem status de matema: o discurso do psicanalista e este

que revela dos outros três discursos. O matema que tem um caráter de

localizador de beco sem saída está correlacionado com o dispositivo do pass347. É

uma das invenções inovadoras para transmitir a psicanálise dentro da Escola

freudienne de Paris : a revista Scilicet e a fundação do Departamento de

psicanálise no Centro Experimental de Vincennes. O matema garante uma

mínimo de transmissão completa no contexto de uma universidade

experimental.

346“Porque o discurso do Mestre começa com a predominância do sujeito justamente


porque tende a ser sustentado apenas por esse mito ultra-reduzido de ser idêntico ao seu próprio significante.
Por isso vos indiquei da última vez o que se chama matemática", "Este é o princípio do
discurso do Mestre, na medida em que se faz mestre de acreditar-se unívoco", Jacques
LACAN, L reverso da psicanálise, p . 102 e 118. Devemos comparar esta citação com esta
do ano anterior: “Primeira condição, linguagem inequívoca. Acabei de lhe lembrar o caráter
inequívoco do discurso matemático”, Jacques LACAN, D’un Autre à l’autre, p. 96. O uso
subversivo de Lacan implica a não univocidade do discurso matemático. Outra pista:
subversão em Lacan significa cada vez mais “um quarto de volta”, característica essencial
da mudança entre os quatro discursos radicais.
347 O matema e o passe, ainda que sejam dispositivos diferentes, constituem duas
invenções para transmitir a singularidade contra a corrente da vocação universal da
universidade. No entanto, o matema transmite o que não passa: o impasse. Por outro lado,
o passe verifica o que passa em uma análise e apura se houve análise e analista.

229
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b. Antecipação e genealogia dos matemas

É possível ler retrospectivamente a obra de Lacan e encontrar a partir de sua

primeiro escreveu algumas notações que podem ser consideradas como matemas.

Estes seriam matemas no sentido restritivo do termo, ou seja, notações

álgebras, algoritmos, letras minúsculas, gráficos ou taquigrafia. Aqueles

notações anteciparam certas características que colocarão os matemas ao

sentido estrito do termo – vocação de transmissão, fruto de uma formalização,

localizadores de impasses, ponto de conhecimento sobre a verdade. Faremos agora um

breve genealogia dessas antecipações do matema ao longo da obra


lacaniano.

O primeiro traço que pode ser considerado notação

matemática coincide com a primeira formalização usada por Lacan. Ela

data de 1945 e encontra-se no escrito Le temps Logique, onde Lacan

teoria dos jogos e faz gráficos em forma de círculos. Ele também escreve

em um rodapé de notações de letras lógicas -A, B, C e D. Ambos,

gráficos e notações, servem para formalizar e expressar o argumento de um

forma menor e mais simples. No mesmo ano, Lacan também publicou o escrito Le

número treze, onde ele também emprega a teoria dos jogos como um elemento

formalizando. Neste escrito podemos encontrar notações aritméticas e

equações algébricas destinadas a capturar o número de movimentos

necessário encontrar a parte "ímpar" em um número total de partes. Do

mesmo, existem os primeiros modelos que visam simplificar o argumento. Ele é

impressionante que seus modelos tenham a mesma notação que os do Tempo Lógico,
ou seja, círculos preto e branco.

Vimos que o início de sua docência em 1953 tem como

correlaciona uma formalização da psicanálise com a ajuda da linguística e

antropologia estrutural. Durante este período, as notações algébricas

348 Talvez esses círculos sejam as mesmas notações que Lacan escreve nos primeiros
diagramas. Esses círculos série os significantes que representam os prisioneiros, os
quartos, a palavra vazia ou a palavra cheia. Veja a figura “um diagrama de análise” (Jacques
LACAN, Escritos técnicos, p. 312) ou diagrama L (Jacques LACAN, “O seminário sobre A carta roubada ”, p. 53).

230
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aparecem e se multiplicam. Em 1954 Lacan escreveu O-O' para simplificar a


relação entre o eu e o outro349 ; em 1955 ele usa notações para codificar
um jogo que se desenrola no conto A carta roubada ; em 1955 o algoritmo de
significado em Ferdinand de Saussure (S/s) 350. Estas são apenas abreviações
palavras, frases ou argumentos na forma de notações. Nesse sentido, eles têm
uma função representacional, mesmo significativa.
Com o objetivo de formalizar o caso do pequeno Hans, em 1956 Lacan
assume a tarefa de construir a fórmula da metáfora paterna.
Simultaneamente, ele formula os primeiros algoritmos tomando o
formalizações de Roman Jakobson, as da metáfora e da metonímia.
Esses esforços para construir fórmulas escritas visam "fornecer
pontos de referência fixos, sobre os quais não é necessário retornar no
falar »351. Eles têm uma função de redução, abreviação e

transmissão. Eles também expressam as leis da transformação. Notações como


que S, a', a, Es ou $ são contemporâneos dos primeiros padrões e esquemas. Com
essas notações e o esforço para formalizar o caso Hans escrevendo a fórmula do
metáfora paterna, o uso da álgebra torna-se difundido por 5 anos. A partir de

notações como ÿÿÿÿ, S(ÿ) ou ÿ começam a aparecer com mais frequência. Ele
importante dizer que o uso subversivo implica uma leitura equívoca
fórmulas. A barra entre significantes ou entre elementos pode ser lida pelo menos
três maneiras: como divisão aritmética (proporção), como resistência a
significado ou como determinação do elemento superior pelo inferior.

Simultaneamente, o sinal de menos "-" na notação -ÿ pode ser lido como


negativização, falta ou sinal de subtração.

349 Jacques LACAN, Os escritos técnicos de Freud..., p. 312.


350 É interessante observar de perto o movimento que leva Lacan a codificar a cadeia significante em “O
seminário sobre A carta roubada ”. O primeiro nível, o da simbolização, é denotado pelos símbolos + e -. A
segunda, que codifica a sintaxe, é composta por números. O terceiro nível, que introduz as impossibilidades
– o caput mortum, ou seja, o ponto real ou de impossibilidade – é escrito com letras gregas. Podemos
levantar a hipótese de que Lacan anuncia que o imaginário é a base dos símbolos, o simbólico é a base dos
números e o real é escrito pelas letras.

351 Jacques LACAN, A relação de objeto…, p. 411.

231
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As formalizações mais ambiciosas, como o gráfico do desejo, são

acompanhada de notações mais complexas que escrevem a articulação entre o

registros imaginários e simbólicos. Para ilustrar, encontramos notações

como i(a) ou I(A), o primeiro para o eu ideal (imaginário) e o segundo para

o ideal do ego (simbólico). É claro, por exemplo, que as letras maiúsculas

desenhar elementos simbólicos em diagramas - modelos, esquemas,

gráficos, etc. Por outro lado, as letras minúsculas constituem elementos

imaginário. Lacan manterá essa regra de distinção para as notações

até o fim de seu ensino. Ele gravará o registro de itens de registro

real por letras minúsculas em itálico. Por exemplo, a solicitação que é

da ordem do simbólico será escrito como "D" e o desejo, mais próximo do real

–porque está entre os dois vetores do gráfico do desejo–, é designado por um

" d ". A distinção entre o eu e o objeto a está no itálico –

sendo o primeiro “a” e o segundo “ a ”.

Do seminário As formações do inconsciente (1957), que Lacan

dedicada à construção do grafo do desejo, a álgebra lacaniana multiplica e

os escritos e notações que ele criou antes são assumidos pelo modelo óptico

e por diagramas. É notável como Lacan emprega notações de

teoria dos números ou lógica. Por exemplo, a escrita do falo

imaginário que também é o símbolo para a proporção áurea ou a proporção áurea:

ÿÿ Tudo acontece como se Lacan quisesse equívoco ou subverter o uso

matemática de alguns símbolos. Também encontramos escrituras ou

notações que são construídas usando símbolos e operadores lógicos.

Por exemplo, o símbolo de diamante, ÿ. Este símbolo é uma construção de

operadores lógicos como disjunção ÿ, conjunção ÿ, menor que < e

maior que >. Lacan usa seus símbolos para apontar, por exemplo, que o

sujeito é maior que o objeto ($>a) ou que o sujeito está em disjunção do objeto ($ÿa). Se

juntarmos os quatro operadores, se os tomarmos juntos, teremos uma relação paradoxal

entre o sujeito ($) e o objeto (a). Este é um emprego subversivo

de Lacan: o objeto e o sujeito estão em conjunção disjuntiva – um operador

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inventado por Lacan que antecipa o conceito filosófico deleuziano de síntese

disjuntiva352– e uma relação “obstruída”. Em todo caso, o objeto e o sujeito não têm

não uma relação harmônica, complementar ou de equivalência. Lacan inventa

outro recurso em suas notações algébricas, a barra ou a "barra". Boa

que Lacan já havia escrito essa barra para o sujeito barrado ($), a barra em A implica

que o registro do simbólico não é completo (ÿ) 353. A linha diagonal que

barra a letra A nos permite ler as rasuras e linhas retrospectivamente

em outras notações como algo da ordem do real. Temos, por

por exemplo, a barra "resistente ao significado" no algoritmo de sinal

Saussureano. Na mesma ordem das ideias, é possível ler o diamante ou o punção

(ÿ) como corte ou o $ como a quebra na cadeia significante. este

novo uso persistirá até o final do ensino de Lacan. O exemplo o

mais conhecido é "a mulher não existe": o


Em 1961 Lacan escreve no quadro as fórmulas da fantasia obsessiva

e histérica com base nos algoritmos da metáfora e da metonímia. Aqueles

fórmulas são possíveis graças à distinção entre falo simbólico (ÿ) e

falo imaginário (ÿ), sendo ambos operadores de uma estrutura. O

A concepção do grande Outro barrado (ÿ) é também uma daquelas fórmulas em

que “podemos ler essa relação [com o Outro] de várias maneiras ”354 :

Fantasia obsessiva ÿÿÿ(a, a', a'', a''', …)


Fantasia histérica (a/-ÿÿÿA)

Pela primeira vez as fórmulas são desenhadas com elementos que escrevem

uma falta na ordem simbólica. Por exemplo, a barra grande Other ou a

352 Síntese disjuntiva “designa o sistema de permutações possíveis entre diferenças que sempre
voltam ao mesmo, movendo-se, deslizando”, ou ainda “diferenças que voltam ao mesmo sem deixar
de ser diferenças”. Félix GUATTARI e Gilles DELEUZE, Anti Édipo, Paris, Editions de Minuit, 1972, p.
18 e 82.
353 No início Lacan refere-se à barra do A do grande Outro como “o lema da análise”, Jacques LACAN,
Desejo e sua interpretação, p. 193. La barre se expressa neste seminário como “O grande segredo (...)
Não há Outro do Outro”, Ibid, p. 353.
354 Jacques LACAN, Transferência, p. 299-300.

233
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falo simbólico como o que corresponde ao lugar onde a falta de


significa 355.
O seminário sobre identificação (1962-1963), como assinalamos
na parte da formalização, abre uma nova sequência: a do uso da topologia das
superfícies e sua articulação com a lógica. Começando de
seminário, Lacan usa uma espécie de "tradução" entre a topologia e sua
notações algébricas. Esse movimento é contemporâneo da definição de
o objeto tem como uma letra que tem uma função algébrica356 :
Esse objeto [o objeto a], nós o designamos por uma letra. Esta notação algébrica tem

sua função. É como um fio destinado a nos permitir reconhecer

a identidade do objeto sob as diversas incidências em que nos aparece. A notação

algébrico tem precisamente o propósito de nos dar uma identificação pura da identidade,

já tendo sido postulado por nós que a identificação por uma palavra é sempre

metafórico.

Em nossa leitura, a frase anterior implica que a carta é um


atribuir uma notação a um furo. O que antecipa a função de compensação do
carta.

Dez anos após o início de seu ensino, Lacan se apropriou de um estilo


matemático a ponto de falar de "minha álgebra" ou mesmo de uma "álgebra
lacaniana "357. Nessa época, 1963-1964, Lacan apresentou pela primeira vez
o sintagma "letras minúsculas " 358, expressão típica do matema, para
consulte a álgebra. Essas notações algébricas também têm dois outros usos:
escreva uma fórmula de transferência359 –uso técnico– e uma construção

355 Ibid., pág. 350.


356 Jacques LACAN, Ansiedade, p. 102.
357 Jacques LACAN, Os quatro conceitos, p. 14, 60 e 73.
358 Ibid., p. 37 e 205. A expressão foi usada duas vezes.
359 "A transferência - vou abordá-la, espero, da próxima vez - nos apresentará diretamente aos algoritmos que eu

acreditava que deveriam ser avançados na prática, especialmente para fins de implementação da técnica analítica
como tal", Ibid., p . 22.

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alternativa do losango através de operadores lógicos – para projetar o

lógica da alienação e separação do Outro.


Entre 1964 e 1968, ou seja, do seminário 12 ao 16, Lacan continuou a

tarefa de “tradução” da topologia de superfícies em termos de sua álgebra –

nunca uma formulação em termos de uma topologia algébrica. Por exemplo,

quando ele atribui a fórmula S/s ao corte da tira de Möbius, S(ÿ) ao

“centro externo” do Torus ou $ÿa no Cross-cap. O S(ÿ) da álgebra lacaniana


envolve a Aposta de Pascal362, o intervalo entre o enunciado e a enunciação363, o lugar

onde o analisando se torna um analista ou a relação entre verdade e suposto sujeito

saber364. Esta última referência é crucial, pois é contemporânea

o algoritmo da transferência, isto é, da fórmula do Sujeito suposto Saber.

O algoritmo é formulado três meses antes dessa referência, em A proposta de 9 de

outubro de 1967 sobre o passe na Escola Freudiana de Paris365.


Entre os seminários 9 e 16, Lacan também introduz outra função de

carta, desta vez através da teoria dos conjuntos. As classificações deste

ramo da matemática também são letras. As letras não algébricas de

teoria dos conjuntos mostram outra característica da letra

Lacaniano: a propriedade da redução. Lógica, álgebra ou a teoria da

os conjuntos têm a virtude de reduzir,366 isto é, despojar o imaginário e o

simbólico para localizar o irredutível do real. O real do impasse367.

360 O diamante ou sovela torna-se o “vel” da alienação e da separação. Ibid., pág. 190.
361 Já desenvolvemos as razões do não uso da topologia algébrica em Lacan na parte dos diagramas, em particular no que diz respeito à
topologia dos nós.
362 Jaques LACAN, O objeto da psicanálise, sessão de 2 de fevereiro de 1966.
363 “Não posso dizer, mas posso escrever. Por isso escrevo S(ÿ): S significando o grande A riscado, como
constituindo um dos pontos nodais dessa rede em torno da qual se articula toda a dialética do desejo, na
medida em que se esvazia do intervalo entre o enunciado e a enunciação", Jaques LACAN, A lógica da
fantasia, sessão de 18 de janeiro de 1967.
364 Jaques LACAN, The Analytical Act, sessão de 10 de janeiro de 1968.
365 Jaques LACAN, “Proposta de 9 de outubro de 1967” em Outros Escritos, p. 248.
366 "Essa chamada lógica simbólica em relação à lógica tradicional, senão essa redução de letras" e "O
alcance geral em que se esforça para reduzir qualquer campo de experiência matemática acumulado por
séculos de desenvolvimento, e acredito que não se pode dar é uma definição melhor do que reduzi-lo a um
jogo de letras", Jacques LACAN, L'identification, sessões de 24 de janeiro de 1962 e 11 de abril de 1962.

367 “(…) o movimento de redução que habita o discurso lógico, para nos centrar

perpetuamente no que é falho”, Jaques LACAN, De um outro para outro, p. 48

235
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Lacan gradualmente insiste na virtude da manipulação da letra: "mas se


qualquer uso da carta é justificado pela demonstração de que o recurso à sua
manipulação para não se enganar, desde que se saiba usá-la ”368. este
tipo de declarações começam a ser mais insistentes a partir de 1968.
Manipulação de letras, redução, oposição entre dizer e escrever são as
temas que dominam o Seminário 16 e preparam o terreno para o
nascimento no sentido estrito do matema. Considerando o exposto, Lacan
começa seu seminário De um outro para outro escrevendo no quadro a frase
que resume a virada para o próprio matema: "A essência da teoria
a psicanálise é um discurso sem palavras . Esse discurso só pode ser sustentado
através da escrita: "A partir dessa escrita radical, buscarei a trama no
lógica matemática ” 370. Lacan não fala de matema em seu seminário
17, O outro lado da psicanálise. No entanto, implícita e explicitamente, a
quatro discursos inauguram a época do matema. De fato, quando Lacan
construiu os quatro discursos ele não tinha a palavra matema. Ele é
somente quando Lacan cunhou o termo "matema" que ele nomeou os quatro
discurso como matemas.

Qual é o matema? Não sendo nem axioma nem metalinguagem, o matema


encarna o ideal de formalização, pois é transmitido integralmente. O matema
é o limite da formalização e sua consequência: o que pode ser escrito quando o
a fala não pode avançar e o que circunscreve os furos372 de uma formalização.

368 Jacques LACAN, O ato analítico, sessão de 17 de janeiro de 1968.


369 Jacques LACAN, De um outro a outro, p. 11 (no quadro). “Um discurso sem palavras” repete-se mais duas vezes,
Ibid., p. 159 e 174.
370 Ibid., pág. 158.
371 “O a-objeto de que falei anteriormente não é um objeto, é o que torna possível tetraedrar cada um desses quatro
discursos à sua maneira. O que os analistas não conseguem ver, curiosamente, é que o objeto a não é um ponto
que localiza em algum lugar os quatro que formam juntos, é a construção, é o matema tetraédrico desses discursos”,
Jacques LACAN, falo sobre o paredes, pág. 70-71.

372 Às vezes a matemática assume a forma de identificar buracos, às vezes tem a função de criar buracos: "É o
progresso da matemática, é porque a matemática chegou através da álgebra, a escrever inteiramente que a idéia
pode ter vindo de usar a letra para outra coisa que não fazer buracos”, Jacques LACAN, D’un discours que ne would
pas du semblant, p. 139.

236
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O matema é uma escrita que revela a estrutura dos quatro discursos e o coração

fórmulas de sexuação, porque designa a estrutura em questão do discurso


do psicanalista373 : o saber na posição da verdade, a ausência de relação sexual
e as tensões do tripé real-conhecimento-verdade. O matema é uma escrita que

limita a quantidade de leituras374, tem tendência à univocidade375 –

impasses376–, reduz a dimensão imaginária e está além do suporte


da fala – sendo seu suporte, a escrita. Embora o matema seja tudo isso, ele

tem uma dimensão imaginária377, suas letras são equívocas378 e para


para transmiti-lo é necessário um mínimo de fala379. O matema está, portanto, em
tensão com o lado patético da matemática.
O patema é a ressonância e o elemento em tensão com o matema em

qualquer formalização. A base do lado patético das formalizações é a

psicanálise freudiana. De fato, como a formalização é um


simbolização, implica um esforço de renúncia, isto é, de adiamento da
gratificação imediata por outra coisa. Obviamente e o

373 "O matema não é uma simples abreviatura, ou uma inscrição taquigráfica, mas tem a ambição

de denotar uma estrutura realmente envolvida no discurso psicanalítico e daí em outros


discursos", Marc DARMON "Matheme", na Internet, 1992. http: //freud-lacan.com/freud/
Champs_specialises/Theorie_psychanapolitique/Matheme, consultado em 28 de fevereiro de
2017.
374 “Não estamos lidando com um campo chamado matemática, e onde não podemos escrever

qualquer coisa”, Jacques LACAN, …ou pior, p. 26.


375 “Eu fiz do não-ensinável o matema de assegurar-lhe a fixação da opinião verdadeira, a fixação

escrito com um x, mas não sem ambiguidade”, Jacques LACAN, “L'étourdit”, p. 483.
376 "Para dizer melhor, de sua perfeita redução, de identificar e classificar, mas depois, o que

aconteceu tanto com os métodos de demonstração da matemática grega quanto com os


impasses que lhes foram dados de antemão, não é absolutamente justificado falar do matema
como algo que se desvincula da exigência verídica”, Jacques LACAN, Je parle aux murs, p. 58.
377 “Imaginar o real do simbólico, nosso primeiro passo, feito há muito tempo, é a matemática”,

Jacques LACAN, RSI, sessão de 13 de novembro de 1974.


378 "Para permitir vinte e cem leituras diferentes, uma multiplicidade admissível na medida em

que a palavra falada permanece presa em sua álgebra", Jacques LACAN, "Subversão do
sujeito", p. 816. Além disso, a equivocidade dos matemas está ligada à manipulação, palavra-
chave do matema e da topologia dos nós: “Bom, esses termos pouco mais ou menos alados,
S1, S2, a, $, digo que podem ser usado em um grande número de relacionamentos. Você
simplesmente tem que se familiarizar com seu manuseio”, Jacques LACAN, L’envers de la psychanalyse, p. 218.
379 “Nós absolutamente não sabemos o que eles significam [os matemas], mas eles são

transmitidos. O fato é que eles são transmitidos apenas com a ajuda da linguagem, e é isso que
torna toda a claudicação do caso”, Jacques LACAN, Encore, p. 100.

237
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lado anti-representacional do matema incluem esforços e um limite


em seu propósito380 :

E mesmo que essas formalizações reduzidas a variáveis ou funções óbvias

qualquer substância referencial, seria errado acreditar que seria totalmente

evacuado ou esvaziado de todo o pathos neste projeto. Especialmente porque, no campo

puramente matemática, a geração de todas essas fórmulas (em particular

elaboração progressiva do cálculo infinitesimal) não é sem dificuldade e sem

dor. (…) O matema mexe, desperta emoção neste movimento

de purificação pela qual se aproxima, margeia, marca a operação mutativa, a

transformação do sujeito em seus modos de subjetivação.

Jean-Louis Sous resume assim o lado patético das formalizações que


levar a um matema. Consequentemente, o matema é um ideal. Ele é
também um ideal porque falha. O matema falha como qualquer ideal, e por

mesma razão que Lacan não deixa de desejar que a psicanálise seja

transmissível e ensinável pelo matema.


A vocação do matema, como ideal, é criar uma ponte entre

psicanálise e ciência matematizada – segundo o modelo koyreano. Graças a


conhecimento na posição de verdade, o matema não se instala no discurso do
a Universidade. O matema escapa ao terreno do discurso do Mestre pela mesma
razão, mas também em virtude da equivocidade de suas cartas. O matema é

A "fixação" do real sempre escapa ao dizer. O matema é emancipado de


a palavra do autor e se sustenta nas relações entre letras que limitam o

fala e a dimensão imaginária para não alterar ou produzir uma distorção


de transmissão. Tais são seus poderes de transmissão que visam propagar

380 Jean-Louis SOUS, “O Patético do Matemático” em Conversando com Jacques Lacan.

Hibridações, Paris, L'Harmattan, 2013, p. 85.


381 “A característica de uma álgebra é poder ter várias interpretações. O S(ÿ) pode

significar todo tipo de coisas, até e incluindo a função da morte do pai. Mas, em um nível
radical, no nível da logificação de nossa experiência, S(ÿ) é exatamente – se está em
algum lugar e totalmente articulável – o que se chama estrutura”, Jacques LACAN, D’un
Autre to another, p . 291.

238
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psicanálise sem apelar nem à transferência nem ao contexto histórico ou


situação 382.

O nome matema se justifica de acordo com sua etimologia. Embora a raiz de

“matema” não vem da palavra “matemático”. Matemat significa

"ciência" ou "matemática" em grego. A verdadeira raiz do termo matema

deriva é mátese. Esta etimologia é mais apropriada. Mathesis significava isso

que pode ser ensinado a um aluno, ensinado a um discípulo. Mesmo assim, nós

podemos derivar o termo "matema" dessas duas raízes, uma espécie de híbrido

dessas origens etimológicas. Esse emaranhado está mais próximo das intenções

transmissão e também para dar rigor à psicanálise sem

ser capturado nem pela filosofia nem pelo discurso da universidade. a

“matema” condensa a transmissão e a ponte entre psicanálise e discurso

cientista.

O matema inspira-se no discurso científico, sem contudo se identificar com

ele: “o analítico não será matemático. É exatamente por isso que o

discurso analítico é distinto do discurso científico. Esta frase foi

citado várias vezes para “demonstrar” que Lacan renuncia ao fim de sua

educação matemática. Temos outra leitura: O real é

o próprio impasse da formalização e "o truque analítico" começa precisamente

quando você tem que fazer algo com o impossível. Até Lacan fala de

“poderes do impossível ”384. Em suma, o real é o próprio impasse da

formalização, portanto, o real nunca está antes da formalização. O truque analítico

não é matemática, é claro. Mas o truque analítico – o de saber fazer com

382 Cf. Marc DARMON, “Matheme”.


383 “E aí, devemos ouvir a palavra mathèmata em seu duplo sentido. Os mathèmata são, é claro,
conhecimento, mas também são as fórmulas do conhecimento. É tanto o conhecimento em seu conteúdo,
quanto a forma como esse conhecimento se dá em matemas, ou seja, o aprendizado de uma fórmula dada
pelo mestre, ouvida pelo discípulo. (...) A escrita, portanto ligada à própria forma da matemática, não pode
de modo algum responder ao que é o real do saber filosófico: a contínua fricção dos modos de saber uns
com os outros”, Michel FOUCAULT, O governo de si e outros, Paris, Gallimard/Seuil, 2008 citado por Jean-
Louis SOUS, op. cit., pág. 87.

384 Jacques LACAN, O outro lado da psicanálise, p. 217.

239
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impasses – nunca existe sem matemática. Lacan nunca subestima,


não se livre ou desista da matemática.

O matema é uma estranha "ponte" entre a psicanálise e o discurso


da ciência na medida em que não faz uma conexão, mas um limite interno ao
discurso da ciência pelo próprio material da ciência – a formalização
matemático. O matema, por ser o impasse na formalização, demonstra

que a formalização nunca é completa385 :


Assim, o matema, longe de provar ou verificar, preferiria escrever

a incompletude da formalização, uma aproximação ao real ainda em sofrimento,

posta à prova em sua dimensão incomensurável.

Além disso, a palavra "matema" deve ser entendida em ressonância com os termos

"fonema" e "grafema" da linguística, ou mesmo do conceito de Levi


Straussian do “mitoma ”386. Ao mesmo tempo, o matema seria a unidade mínima
de um real que localizamos ou de um real que circundamos. Por este lado, nós
podemos ler o patético ou o patético do matema de maneira diferente387 :
O matema tentaria tocar o pathos do que resta no sofrimento

não por conhecimento especular ou empático, mas por essa produção de

conhecimento em torno do objeto em questão, quebrando toda aparência e desviando-se

todo pathos.

O patético esforço para definir a realidade também mostra um caminho matemático


tocar em outro patema: o do real do gozo. De fato, o lugar de

385 Jean-Louis SOUS, “O patético do matema”, p. 91.


386 O mitema é a unidade mínima de um mito segundo Lévi-Strauss, que por sua vez é uma
apropriação do "fonema", "lexema" ou "grama" - que vem da linguística para estudar a estrutura
do mito . O matema, nesse sentido, é a unidade mínima de transmissão. Além disso, o matema
é a radicalização do programa lacaniano inspirado na matemática do grupo Bourbaki. A revista
Silicitet também é inspirada no mesmo grupo.
Matheme, o passe, Scilicet e a Escola Freudiana de Paris são contemporâneos.
387 Jean-Louis SOUS, “O patético do matema”, p. 86.

240
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o impasse da formalização – que visa o matema – também constitui o mesmo

lugar onde o prazer ocorre.

O patema, assim como a linguagem, o sujeito e a transferência são vetores para

contra a corrente do matema. Já desenvolvemos a questão da linguagem por

relação à transmissão do matema. No entanto, o matema deve levar em

duas condições: diminuir os efeitos de sugestão de qualquer

autoridade389 –a transferência– e, na medida em que visa a cientificidade, mantendo a

assunto 390. Esses elementos estão em tensão dialética com o matema. Dentro

Conseqüentemente, o matema é também um ideal, um ideal em tensão.

Entre o seminário 17 e o seminário 20, estamos no auge da

matema. Embora o nome mathème mal tenha aparecido na conferência em Saint


Anne –no contexto do seminário 19–, o matema em sentido estrito é formulado

no Seminário 17. A rigor, o matema é uma fórmula

escrito, pronto para ser transmitido, onde está localizado um impasse. O nome do matema

no seminário 17 é “letras minúsculas ” 391. Neste seminário, o impasse é

formulada em termos de impossibilidade. Consequentemente, os matemas únicos no

388 “A articulação desse núcleo opaco que se chama gozo sexual nesse registro a ser explorado que se
chama castração só data do surgimento historicamente recente do discurso psicanalítico. Isso, me parece,
é o que merece nosso esforço para formular seu matema. Gostaríamos que isso fosse demonstrado de
outra forma que não sofrida, sofrida como uma espécie de segredo vergonhoso, que, por ter sido publicado
pela psicanálise, permanece igualmente vergonhoso, igualmente desprovido de questão", Jacques LACAN,
Je parle auxwalls, p . . 63.
389 "Formalizar esse discurso consiste em garantir que ele se mantenha por si mesmo, mesmo que completamente

evaporar o matemático”, Jacques LACAN, De um outro para outro, p. 96.


390 “O formalismo matemático é a tentativa de submeter este discurso a um teste que poderíamos definir

nestes termos – tendo a certeza do que parece ser, ou seja, funcionar sem o sujeito”, Idem.

391 Este nome aparece cinco vezes para se referir aos quatro discursos, Jacques LACAN, L'envers de la
psychanalyse, p. 130, 177, 197, 220 e 234. Ele também os chama de “pequenos quadripods”, ibid., p. 15 e
217.
392 “Ao colocar a formalização do discurso e, dentro dessa formalização, acordar consigo mesmo algumas
regras destinadas a colocá-lo à prova, encontra-se um elemento de impossibilidade”, “o real é o impossível.
Não como um simples pilar contra o qual batemos a testa, mas como o pilar lógico do que, do simbólico, se
afirma como impossível. É daí que surge o real”, “É no estágio em que o registro de uma articulação
simbólica foi definido como o impossível de demonstrar a verdade, que o real é colocado, se o real é que
define o impossível. É isso que pode nos ajudar a medir nosso amor pela verdade – e também o que pode
nos fazer sentir por que governar, educar, também analisar e, por que não, fazer as pessoas desejarem,
para completar com uma definição como seriam os discursos de os histéricos são operações que são,
estritamente falando, impossíveis. (…) Está claro que

241
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sentido estrito do termo são os quatro discursos e as "fórmulas da sexuação" -


concebido entre os seminários 18 e 20 e nomeado como tal em L'étourdit. Boa
que alguns escritos, gráficos, letras ou fórmulas têm a mesma
características do que os matemas, os únicos que podem ser considerados

retrospectivamente como matemas no sentido estrito são S(ÿ), ÿ e a. Com efeito, eles
escrevem impasses na formalização, são transmissíveis e
envolvem o cerne do discurso do analista393 : o saber em posição de verdade394.
Durante as férias de verão, entre os seminários 19 e 20, Lacan escreveu seu
complexo escrito L'étourdit, que inclui o essencial do seminário 19, além do
comentários importantes sobre topologia – especialmente superfícies – e seus
doutrina do matema. Neste documento, ele resume as razões para a
matema: a) sempre há algo que não pode ser dito, mas
pode escrever; b) o matema é a exclusão da metáfora; c) ele é
transferível; e, d) o matema tem uma estrutura topológica não
teórico, é o corte do próprio discurso.
Já vimos as formulações do matema no seminário 20, o
seminário do zênite do matema. Todas as características do matema já
mencionados estão incluídos neste seminário. A vida do matema, o matema
no sentido estrito do termo, é muito curto. Com efeito, do seminário
No entanto, as referências implícitas ou explícitas são quase inexistentes396.

sua articulação plena como impossível é precisamente o que nos dá o risco, o acaso vislumbrado, de que seu real,
por assim dizer , estoure” . 50, 143 e 201.

393 “Chama-se die Grenzen der Deutbarkeit [o limite da interpretabilidade]. É algo que tem uma estreita
relação, enfim, com a inscrição do discurso analítico; é que se esta inscrição é de fato o que eu digo sobre
ela, ou seja, o começo, o núcleo chave de sua matemática, há todas as chances de que ela sirva ao mesmo
propósito que a matemática”, Jacques LACAN, Les non-dupes errent, sessão de 20 de novembro de 1973.

394 Mesmo que nossa leitura já nos pareça justificada, podemos encontrar essas letras da álgebra lacaniana,
essas pequenas letras articuladas, no diagrama encontrado na página 83 do seminário Encore.
Compartilhamos a mesma postura de Christian Fierens no ponto de considerar essas letras como matemas
retrospectivamente. Cf. Christian FIERENS, “A função da escrita e o discurso do analista no seminário de
novo ” em La revue lacanienne, n. 6, 2010.
395 Jacques LACAN, "L'étourdit" em Outros Escritos, Paris, Seuil, 2001.
396 “Invenção é escrever, e o que nós exigimos em uma lógica matemática é muito precisamente que nada dependa

da demonstração, exceto em uma certa maneira de impor uma combinatória a si mesmo .

242
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A introdução dos três termos – topologia de nó, ressonância e lalíngua –

durante os seminários 19 e 20 não ajudou em nada. Esses termos são

geralmente aceitos como substitutos para o matema. Mas nós podemos

notar que letras, escritos e matemas continuam a fazer parte

Comentários e Articulações na Era do Imperialismo Topológico


alguns nós.

vs. Matemas persistem

Uma das últimas referências explícitas ao matema chega em 2 de novembro

1976, ou seja, no início do seminário 24. Foi nos últimos dias

dedicado ao matema. Lacan usou suas notações algébricas até o final

de seu vigésimo sexto seminário. A última referência de Lacan ao

mathème será pronunciado em 8 de janeiro de 1980 na Faculdade de Direito da Sorbonne

nove meses antes de sua morte. Por que a ideia da substituição do matema pelo

O nó borromeano persiste? Por que no final do ensino de Lacan

existe uma alternativa ao matema ou ao poema? É verdade que a topologia de

nós domina a paisagem lacaniana a partir de 1973 e que as referências a

poema se multiplica. Uma coisa é certa: Lacan nunca abandona a

matema e convive com o nó e sua relação com a poesia. O nome do

poesia neste momento é lalíngua e ressonância, que Lacan introduz ao mesmo

tempo do que o matema e o nó borromeano399.

não-dupes errent, sessão de 9 de abril de 1974; “Claro que o ideal do matema é que tudo
deve corresponder. Isso sim é o que o matema, no real, lhe acrescenta. Com efeito, esta
correspondência não é o fim do real, ao contrário do que se imagina, não se sabe porquê.
Como disse antes, só podemos alcançar pedaços de realidade”, Jacques LACAN, Le
sinthoma, p. 123.
397 “Procurando um matema, porque o matema não é bilíngue”. Jacques LACAN,

“Encerramento dos Dias. Dias da Escola Freudiana de Paris, Os Matemáticos da Psicanálise,


31 de outubro a 2 de novembro de 1976”, na revista Cartas da Escola Freudiana, Boletim
Interno da Escola Freudiana de Paris, nº 21, agosto de 1977.
398 “A estabilidade da religião vem do fato de que o significado é sempre religioso. Daí minha

obstinação no meu modo de matemas – que não impede nada, mas testemunha o que seria
necessário para o analista alinhá-lo à sua função”, Jacques LACAN, “Lettre de dissolution”,
em Outros escritos, p. 318. Esta é uma carta escrita em 5 de janeiro de 1980, mesmo que foi
lida em 8 de janeiro de 1980 em seu seminário.
399 O neologismo que condensa razão e ressonância, inventado pelo poeta François Ponge, foi utilizado pela primeira vez em 6 de janeiro de
1972 na série de palestras na Capela de Saint-

243
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O matema persiste por si só, mas seu caráter de localizador de

impasses ou sua formulação de "um " 400 tomará duas formas: nós e
o único engano.

Com efeito, em 16 de novembro de 1976 Lacan formula ambiguidades

homofônico usando o mesmo raciocínio que ele fez em seu

seminário … ou pior, ou seja, em vez do partitivo “há Um”, ele afirma “há

do une-bévue ”401. A leitura de Jean Louis Sous é a seguinte:

Paradoxalmente, continua, uma escrita que toma a forma de pequenas letras


poderia alegar garantir a "autenticidade" do matema (ainda pode ser
simili ou imitação) enquanto ele enfatiza que a nomeação do une-bévue... que, que
seria um matema “real”! Devemos, portanto, manter a etimologia grega
do que é transmitido, é ensinado a afirmar que realmente teria passado por
matema quando uma nova escrita produz um efeito de cruzamento.

O une-bévue seria um equívoco que atravessa as barreiras do simbólico

transmitir um real. “O une-bévue é o que se troca apesar de não

não vale a unidade em questão” disse Lacan em 14 de dezembro de 1976402.

material da linguagem pode romper com a aparência e a mentira do

a troca significando pela transmissão de um real. O real do une-bévue é trocado

além do simbólico: "que não vale a unidade em questão". Este ponto nós

refere-se ao capítulo sobre poesia nesta pesquisa. Esta poesia é "efeito de

significado, mas também um efeito de furo ”403. Em outras palavras, a poesia como efeito de

Anne, dois meses após a introdução do termo “matheme”, Jacques LACAN, falo para as paredes, p. 93. O deslize
entre o dicionário lalande de filosofia e o termo lalíngua é introduzido em 9 de fevereiro de 1972, a mesma sessão em
que Lacan fala pela primeira vez do nó borromeano, Jacques LACAN, ...ou pior, p. 83. Cf. Joseph ATTIÉ, “Razão e
ressonância” em Entre o dito e o escrito. Psicanálise e escrita poética, Paris, Michele, 2015.

400 Longos comentários em torno do Um, toda uma desconstrução do Um e uma nova formulação do Um “bífido”
acontecem no seminário ... ou pior. Para alguns autores, Gerardo Arenas e Jean-Louis Sous, por exemplo, o une-
bévue é o herdeiro desse achado no Uno.
Ver Gerardo ARENAS, Los 11 unos del 19 más uno, Buenos Aires, Grama, 2014 e Jean-Louis SOUS, Speaking with
Jacques Lacan.
401 Jacques LACAN, L'une-bévue, sessão de 16 de novembro de 1976.
402 Ibid., sessão de 14 de dezembro de 1976.
403 Ibid., sessão de 15 de março de 1977.

244
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buraco tem um efeito do simbólico sobre o real para equívoco dos significantes mestres

que são "fundadores de uma vida " 404.

O caminho que vai do matema ao nó encontra sua base na letra, que tem um

duplo efeito: a limpeza dos buracos e a sustentação do real. Lacan assim o anuncia em
seu seminário Encore405 :

A característica da linguagem matemática, uma vez suficientemente identificada


quanto às suas exigências de pura demonstração, é que tudo o que dela avança,
não tanto no comentário falado quanto no próprio manuseio de
letras, suponha que é suficiente que uma não valha para todas as outras não
só não constituem nada válido por seu arranjo, mas
dispersar.

A função de escrita é o suporte da topologia de nodes406 :

Este mínimo é suficiente para você reconhecer o nó borromeano ali. Ele é


parece que justifiquei como o nó borromeano pode ser escrito, já que é
uma escrita, uma escrita que sustenta um real.

Ao mesmo tempo, a função de escrita está agora ligada à topologia de


nós407 :

Invenção é escrever, e o que precisamos na lógica matemática,


é precisamente isso que nada da demonstração repousa a não ser sobre um
certa maneira de se impor uma combinação perfeitamente
determinado por um conjunto de letras (…) a função de escrever (…) é minha
materialismo para mim.

Em suma, a função de suporte da letra e a capacidade de identificar furos são

estendido pela topologia de nodes408. Então, quais são as razões

404 Geneviève MOREL, “Como desfazer as ambiguidades fundadoras de uma vida? » em A lei da mãe, Paris,
Economica, 2008, p. 205.
405 Jacques LACAN, Novamente, p. 116.
406 Jacques LACAN, RSI, sessão de 17 de dezembro de 1974. Ver também "A escrita me interessa, pois acho que
é através de pequenos pedaços de escrita que, historicamente, entramos na realidade, saber que se deixou de
imaginar. A escrita de pequenas letras matemáticas é o que sustenta o real”, Jacques LACAN, Le sinthoma, p. 68.

407 Jacques LACAN, Les non-dupes errent, sessão de 9 de abril de 1974.

245
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invocado para afirmar que a vida do matema foi muito curta? Ainda mais,
é possível garantir que o matema foi substituído pela topologia de
nós?

Um dos defensores dessa posição é Jean-Claude Milner. Para ele, pouco


após a publicação de L' étourdit – um escrito crucial para a teoria do matema – o
o nó é proposto por Lacan como “o melhor suporte que podemos dar do que a
linguagem matemática procede ”409. De
seminário 20, resultam duas proposições: a) o matema, cujo suporte
é pura literalidade, destaca-se da propriedade dedutiva (sua eficácia reside
no manuseio das cartas e não no comentário falado, ou seja,
em cadeias de razão); e, b) agora a literalidade está ligada à propriedade
Borromeu dos nós – basta que um círculo não valha para os outros
dispersar.
A tese central de Milner sobre a matemática em Lacan é
resumida em três momentos:

a) Classicismo primitivo. Há uma matematização da psicanálise


via Koyré, uma matematização chamada “Galileanismo”. Isto é
a concepção de uma ciência matematizada de natureza estruturalista
linguística articulada ao cartesianismo – um sujeito que é representado por
um significante para outro significante.
b) Segundo classicismo. Este é o período do matema, a articulação do
sujeito à definição matemática do assunto. Este é o momento em que o
letra predomina sobre o significante. Lacan toma o paradigma
matemática, exceto precisamente dedução, a carta suspende a cadeia
razões410. Nesta doutrina do matema a letra articula

408
"O nó borromeano é feito de buracos e até permite localizar o que Lacan chama de buraco real", Michel
BOUSSEYROUX, Lacan o Borromeu. Digging the knot, Toulouse, Érès, 2014, p. 274.

409Jacques LACAN, Novamente, p. 116. Citado por Jean-Claude MILNER, L'oeuvre clair, p. 159.
410 “A doutrina do matema, por mais nova que seja, revela-se então baseada em uma característica
comum a todos os muitos e variados empréstimos que Lacan faz das letras matemáticas. Lacan retém
nessas cartas o que eles articulam de suspensivo, ou seja, impossível: o infinito como inacessível, a teoria
do número como cruzamento da falha

246
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coisas diversas. Portanto, o matema tem leis regionais,


é fragmentado. A doutrina do matema só é apoiada por uma
Definição hiperbourbakista de matemática.
c) Desconstrução. Este é o momento em que a teoria dos nós
chegaria ao fim, o que levaria à dissolução da Escola Freudiana de Paris em
1980413.

“Então o nó foi letal”, conclui Milner. Este breve e lacônico


afirmação implica que a matemática não é suficiente para literalizar e que
os nós absorvem a matemática.
A matemática, as curiosidades que oferece, dão lugar a novos lugares;
Passos são dados em Joyce, em direção ao poema, em direção às letras de uma palavra. este

o movimento, sem dúvida, começa assim que Encore. Mas em um texto jubiloso, o
matema está no auge e o poema aparece apenas para confirmá-lo. Saussure
e Jakobson, negligenciados como garantes do classicismo inicial, retornam
em uma nova posição, a de sujeitos linguísticos (tal é, nós
lembra, o escopo da linguística), capazes, como sujeitos, e como
linguistas, para garantir a transitividade entre letras matemáticas e
poético.

zero incessante, topologia como teoria de um 'n'espaço', arrancando a geometria de toda


estética transcendental", Jean-Claude MILNER, L'oeuvre clair, p. 132.
411 Milner fala ainda de “confronto de pares irreconciliáveis”, “estrutura de choque do
heterogêneo”, “necessidade de heterogeneidade no cálculo sexual”, op. cit., pág. 131-133.
412 Idem., pág. 135. O bourbaquismo é uma teoria matemática que é a disjunção da quantidade.
Trata-se de literalidade. As matemáticas paradigmáticas do Bourbakismo são a lógica
russelliana e a matemática bourbakista – especialmente a teoria dos conjuntos. Por outro
lado, o hiperbourbakismo oferece uma matemática literalizada, mas sem dedução e
raciocínio apagógico, ou seja, sem recorrer a uma cadeia de razões para concluir sobre um
resultado, seja pela cadeia de premissas e conclusões. , seja por meio da cadeia de
premissas e conclusões. caminho do absurdo – provando o absurdo de uma proposição.
413 “Que a escola tenha sido dissolvida por um momento significa apenas uma coisa: o

matema também foi dissolvido. E assim como o anterior, também o matema reafirmado
não é o mesmo”, ibid., p. 161.
414 “O nó é outra coisa; é literalmente antinômico e, portanto, antinômico ao matema.

Porque se abriu uma grande falha: o nó pode suportar letras (por exemplo, R, S, I), seu
borromeanismo mostra que ele é literal, mas ele próprio não é totalmente literalizado ”,
Ibid. , p. 162. O destaque é do autor.

247
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A conclusão é óbvia: o matema foi substituído pelo poema usando o


nó. No entanto, deve-se notar, o matema não é o
matemático. Uma topologia não literalizada toma o lugar do matema para
transmitir o poema (“uma transitividade entre letras matemáticas e
poético"). Equívoco homofônico é o novo nome do matema,
matema que é dado por lalangue415. A doutrina de uma carta que oscila entre
poesia e matemática emergem do paradigma joyceano. A conclusão final
para Milner é desconstrutivo e catastrófico417 :
Não é por acaso que Lacan encontrará formulações antigalileanas
do tipo “A natureza abomina o nó” (Seminário RSI, 3 de maio de 1975). Além de sua
forma, verdadeiro brasão do que a história elementar das ciências
adversários aristotélicos de Galileu, tal logion acarreta uma consequência
radical: se a Natureza abomina o nó e se o nó fosse uma letra

matemática, então a Natureza e alguma letra matemática poderiam ser


incompatível, que se opõe diretamente ao axioma fundador da ciência
moderno. De duas coisas, uma: ou a ciência matematizada é
supostamente abolida, e então toda a doutrina doutrinária da ciência cai, trazendo
com ela o segundo classicismo lacaniano, no que tem em comum com o primeiro;
ou então o nó não é uma letra; portanto, não é um matema, e então, o
o segundo classicismo é abolido, na medida em que é distinto do primeiro. Como no
ou alienantes, perdemos todas as vezes.

415 Ibid., pág. 165. Note-se que esta posição se aproxima da de Jean-Louis Sous em relação a
um matema chamado “o une-bévue”, cf. acima de.
416 “Depois dos dois classicismos lacanianos identificados por Jean-Claude Milner em L’oeuvre claire

(o Lacan da hipótese hiperestrutural e o Lacan do matema), há um terceiro classicismo


lacaniano, mas, eu diria, um renascimento lacaniano, um Lacan rejuvenescido pelo nó
borromeano, que eu até qualificaria como manierismo lacaniano ” Michel BOUSSEYROUX,
Lacan, o Borromeu. Digging the knot, Toulouse, Érès, 2014, p. 273-274. Perto desta posição
estão também Colette Soler, Éric Laurent e Jacques-Alain Miller. Cf. Jacques-Alain MILLER,
Curso “Um esforço de poesia” (2002-2003), inédito em francês (Jacques-Alain MILLER, Un
esfuerzo de poesía, Buenos Aires, Paidós, 2016); Jacques-Alain MILLER, Curso “O último
Lacan” (2006-2007), inédito em francês (Jacques-Alain MILLER, El ultimísimo Lacan, Buenos
Aires, Paidós, 2013); Éric LAURENT, O outro lado da biopolítica, Paris, Navarin, 2016; Colette
SOLER, Lacan, leitora de Joyce, Paris, PUF, 2015.
417 Jean-Claude MILNER, L'oeuvre claire, p. 167-168. A ênfase é do autor.

248
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A abordagem e a posição de Milner podem ser resumidas nesta tabela que


nomeamos:

Gráfico 4

Esta tabela também mostra alguma equivalência entre a conclusão de Milner


e as leituras do último Lacan segundo Miller, Bousseyroux e Soler. Quanto a nós,
descobrimos que o matema persiste na forma de um poema – o une-bévue,
equívoco homofônico – e na forma do matema como transmissão.
Encontramos formulações em termos do matema que transmite –letra
algébrica, localização de um beco sem saída, manuseio de cartas – e em termos de
ambiguidades homofônicas – reson, une-bévue, lalangue – que atravessam o
simbólico. Além disso, essas duas formas de matema coexistem com a topologia
de nós. De fato, o matheme-une-bévue é impensável sem a topologia de
nós, ele abre o "renascimento" do "último Lacan" para formulá-lo com
termos de Bousseyroux e Miller.

A formalização é uma articulação de vazios e buracos. A formalização no

função de tornar certos pontos visíveis. Nesse sentido, a formalização durante


última década do ensino de Lacan, prolonga a função de
localização de becos sem saída – um dos pontos a serem lidos na formalização.

249
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2.1.3. Conclusões da análise do Mathème

Claro, há algo arbitrário aqui. Não vou me desculpar


me protegendo dos matemáticos. Eles fazem o que
querem, e eu também.

–Jacques Lacan, falo para as paredes.

É óbvio que o uso da matemática por Lacan está longe de ser ortodoxo.

Também podemos ver a grande diversidade de ramos matemáticos


em seu trabalho. A matemática é uma das mais
importante, o mais usado e com a filosofia, o mais frequente. Ele é
impossível afirmar que Lacan renunciou ao final de seu ensino ao
matemática para substituí-lo pelo poema. Defender essa posição envolve
ignorar muito do ensino de Lacan. Na tabela a seguir,
que criamos, há uma síntese esquemática do uso de
matemática em Lacan:

250
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Gráfico 5

Lacan sempre sublinhou a grande “fertilidade da matemática ”418. É sobre

de uma matemática qualitativa ou modal, que se priva de medição. Algum

o uso dele em seu trabalho não é quantitativo, nem representativo, nem modelador. Além

do uso notável, frequente e variado da matemática ao longo

do ensino de Lacan, é importante destacar seu interesse e a

função do Matema na psicanálise. Para isso, analisamos

quatro partes do Mathème : diagrama, objeto/sujeito matemático, formalização


e matema.

Vimos que o diagrama é um caso especial da formalização.

Concluímos que a formalização às vezes pode chegar à formulação de

418“Na função do mito em seu jogo, as transformações operam de acordo com certas
regras, que têm, assim, um valor revelador, criando configurações superiores ou
iluminando casos particulares. Em suma, eles demonstram o mesmo tipo de fecundidade
que a matemática”, Jacques LACAN, Le transfert, p. 377-378; "Os matemáticos, que afinal
não precisam dessa elaboração para operar seus aparelhos, no entanto surgem e têm sua
fertilidade", Jacques LACAN, Problemas cruciais para a psicanálise, sessão de 27 de
janeiro de 1965.

251
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matemas. Também foi observado que o uso fragmentário da matemática


em Lacan tem um lado construtivo e outro desconstrutivo. O lado construtivo ou

"Formulativo" está próximo do diagrama e dos matemas. Em suma, existem


cruzamentos nas quatro partes do Mathème. Vamos resumir os problemas
da matemática em Lacan percorrendo essas quatro partes do Mathème.

Diagrama, dispositivos de escrita

Vimos que Lacan nunca usou a palavra diagrama. Ainda, em


recepção lacaniana anglo-saxônica e na filosofia e
continental este termo se justifica. Diagramas ocupam muito espaço
em seu ensino. São apresentações gráficas ou visuais que
visam estruturar ideias e conceitos, bem como suas relações. O
diagramas começam com Lacan com o modelo óptico e terminam com
topologia de nós. Entre o modelo óptico e os nós, encontramos
diagramas, topologia de grafos e topologia de superfície. Nós temos
notou um deslocamento que vai de uma predominância do registro imaginário –
com o modelo óptico (ISR) – até a equivalência dos registradores com o nó
Borromean através de esquemas (SIR), topologia gráfica (SRI),
topologia de superfície (RIS) e topologia de nó (RSI).
Esse movimento que vai do imaginário ao real para levar a uma
equivalência entre os três registros implica um movimento que visa uma
conteúdo obviamente imaginário e para evitar o efeito indutor do sono de
simbólico, sendo o real o poder do despertar.
Os diagramas privilegiam uma dimensão relacional e impedem
uma ontologização, ou seja, uma objetivação de conceitos – tome uma
conceito como uma coisa ou como uma relação transparente entre fala e
a coisa. O diagrama funciona como um “anti-dicionário”: os conceitos
não leia como coisas, mas como um cruzamento entre um vetor
e outra – essa característica é revelada em particular pelo gráfico do desejo.

252
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Ao mesmo tempo, os diagramas são uma apresentação de relacionamentos que

conceitos de estrutura. Trata-se de um escrito que visa apresentar

conceitos de forma sintagmática –simultaneamente– e não apenas de forma

paradigmático – um conceito articulado em termos temporais. Na verdade, um dos

funções mais inovadoras em Lacan incluem a articulação entre o eixo

paradigmático e o eixo sintagmático. O último seminário intitulado "A

topologia e tempo" é um dos índices desse interesse lacaniano pela

a articulação entre temporalidade e estrutura – precisamente o eixo sintagmático e

paradigmático.

A maioria dos diagramas tem uma dimensão topológica – gráficos,

superfícies ou nós–, mas eles sempre têm notações algébricas. O

os diagramas estão relacionados a objetos/assuntos matemáticos e formalização.

A princípio, os diagramas funcionam como uma formalização de

técnica psicanalítica, ou seja, têm uma função de transmissão. Muito

rapidamente, Lacan os emprega para formalizar e tornar legíveis alguns grandes

caso de Freud-Schreber, Dora, o jovem homossexual. Em suma, os diagramas

podem ser concebidos como dispositivos de escrita graças à sua propriedade de

formalizar a técnica psicanalítica, os conceitos, os casos, o aparelho psíquico ou

mesmo a literatura. Desde a introdução da topologia de

nós, modelos, diagramas e gráficos estão menos presentes no trabalho de

Lacan. A topologia como aparelho de escrita ou diagrama é uma

nova formulação do espaço psíquico que desafia a estética

transcendentalismo de Kant – tempo e espaço são reformulados em uma topologia

não tridimensional. Nesse sentido, a topologia tem uma vocação não metafísica.

que formula conceitos, tempo e espaço em termos não esféricos. Na maioria das vezes,

a topologia de superfícies, nós e tranças permite projetar

inovações na psicanálise lacaniana. Fórmulas e conceitos lacanianos

mais aventureiro no final de seu ensino só pode ser pensado por

a introdução da topologia de nós. Além disso, para Lacan o inconsciente

funciona de forma topológica e a topologia manifesta o real do

253
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estrutura 419. Em outras palavras, há conceitos e fenômenos no

psicanálise que não pode ser formulada sem topologia.

À medida que os diagramas se movem do modelo óptico para o

topologia dos nós, eles revelam novas características do diagrama

anterior. Por exemplo, a vetorização da topologia gráfica mostra uma

dimensão vetorizada de modelo óptico e esquemas. Ao mesmo tempo, o

topologia de superfícies destaca que diagramas – modelos, esquemas e

gráficos – não são volumes. São objetos bastante matemáticos em

duas dimensões, ou seja, superfícies. Escrever e falar não têm três

dimensões, mas dois. Lacan fez várias observações sobre este ponto,

particularmente nas questões do corpo, na eficácia do simbólico e na

estrutura bidimensional do tempo na psicanálise.

As questões entre a topologia de grafos, superfícies e nós estão relacionadas a

procedimentos de “achatamento” e “mergulho”. A incorporação consiste em

apresentar um objeto matemático de menor dimensão em um

dimensão superior. Cada procedimento torna certos aspectos visíveis

psicanalítica. O exemplo mais claro é o "achatamento" de nós no

seminário 22: buracos falsos e verdadeiros são legíveis. O “plano projetivo” (um

espécies de achatamento) no cross-cap mostra um ponto off-line que organiza

todo o campo visual, o que explica fenômenos relacionados ao olhar como

objeto a.

Por fim, os diagramas se inscrevem na genealogia freudiana do

escritos, modelos e diagramas. Lacan encontra nela uma potencialidade simbólica que

façanhas para refinar a psicanálise. Em última análise, a função dos diagramas

é relacional, com o objetivo de esvaziar todo o conteúdo e desimaginar a teoria

psicanalítico. Para concluir, os diagramas são antimetafísicos graças a

suas formulações não biologizantes, não substanciais e não substanciais

419“O inconsciente funciona topologicamente”, Riccardo CARRABINO, “La topologia e la


sua introduzzione in psicoanalisi” em resenha La psicoanalisi, no. 14, 1993, pág. 169; “A
topologia manifesta o real da estrutura”, Massimo RECALCATI, Introduzione alla
psicoanalisis contemporanea. I problemi del dopo Freud, Roma, Mondadori, 2003. A tradução é do autor.

254
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psicologizante, resistente à representação e, em última instância, questionadora

a topologia da esfera – desconstruindo a polaridade interioridade/exterioridade.

Sujeitos e objetos matemáticos, fragmentos matemáticos

Vimos que outro uso da matemática em Lacan é

"fragmentário", "híbrido" e "regional", ou seja, as peças fazem uma

tipo de montagem. Há, portanto, objetos e temas matemáticos que são meios e
não resultados. De que adianta essa montagem ou DIY

matemático? Serve a dois propósitos: desconstruir a metafísica em

psicanálise e construir formulações não metafísicas. Aqui o significado de

metafísica inclui um, esfera, presença, universalidade, representação,

complementaridade, harmonia e qualquer tipo de essencialização ou objetivação

(biologização, psicologização, imaginação).

Se esses temas e objetos matemáticos ajudam a neutralizar e


desconstruir a metafísica, bem como evitar uma formulação da mesma ordem,

é, portanto, uma alternativa ao problema colocado por Heidegger. Com efeito, para

Heidegger a única saída para a ontologização do ser e a tentação


metafísica – de todos os tipos – é poesia. Lacan toma o caminho científico de

Koyré, isto é, matemática. Certamente, em sua versão fragmentária,

híbrido e regional. Este ponto pode nos revelar que o matema, os diagramas

e formalização geralmente têm as mesmas características, o que nos dá


impede que se veja o Matema em Lacan como uma visão do mundo ou

uma teoria totalizante. Seu objetivo não é uma unificação em um grau

muito mais alto ou anexar os fragmentos matemáticos a uma mathesis

universal. Podemos até falar de um pastiche de objetos e temas


matemática.

A questão da metafísica assume toda a sua relevância se estiver ligada

conceitos teóricos e técnicos em psicanálise. Por exemplo, eu e


sua essencialização, o amor da transferência e da complementaridade, o grande Outro

255
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e metalinguagem, identificação e a esfera ou uma, a ética da felicidade e

harmonia sem resto, etc. Podemos ver que o trabalho matemático

objetos e temas fragmentários, híbridos e regionais são uma parte íntima

crítica da psicologia, behaviorismo, farmacologia,

psiquiatria e psicanálise em suas versões pós-freudianas, desde

psicologia do ego ou das relações objetais. Lógica ou topologia modal

superfícies tornam possível criticar e pensar diferentemente sobre espaço, tempo e

a estrutura do assunto. Ao mesmo tempo, os principais conceitos e questões

cruciais são formuladas de forma diferente usando objetos e temas matemáticos,

como o nó borromeano, o objeto a, o sintagma "não há relação

sexual”, o Outro grande barrado, fantasia, gozo feminino, metáfora

paterno ou a articulação entre desejo e demanda. Na verdade, existem conceitos

psicanalíticos informuláveis sem matemática, entre estes, objetos

paradoxal (mitemas de Lévi-Strauss no caso do pequeno Hans),

incorpóreo (o ponto off-line como fantasia) ou inexistente (o impulso

como uma lamela com a topologia das superfícies). Na prática psicanalítica,

as noções de construção (segundo Freud) e redução têm ressonâncias

com formulação e desconstrução, respectivamente. A construção está ligada


também ao inconsciente dito "transferencial" e a redução ao inconsciente denominada

“verdadeiro ” 420.

Por fim, vimos como Lacan tenta desconstruir

ou formular um ponto crucial primeiro pela linguagem. Quando ele falha, ele

tente com outro recurso matemático: lógica, álgebra, teoria

conjuntos, e assim por diante. Às vezes ele "traduz" de um ramo de

matemática para outro para reformular um ponto e tornar outro legível

aspecto. Tudo isso significa que cada ramo da matemática tem sua própria

potencial e limite. Às vezes, a própria tradução torna um ponto legível

psicanalítica importante.

420 Geneviève MOREL, “Construções freudianas e reduções lacanianas” em A lei da mãe.


Ensaio sobre o sinthoma sexual, Paris, Economica, 2008; Colette SOLER, O inconsciente reinventado,
Paris, PUF, 2009.

256
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Formalizações

O esforço para se distanciar internamente do próprio conteúdo permite autonomia

à matemática – em seu lado formalizante – para fazer certas

aspectos impossíveis no empírico. Com efeito, vimos que a

formalização se desvincula de qualquer conteúdo e representação imaginária para


tornar legíveis as relações entre os elementos, encontrar as leis de

transformar uma estrutura, isolar um paradoxo ou encontrar um ponto da realidade.

A mudança entre o uso da formalização para identificar as leis de

transformação e tornar mais eficaz a técnica psicanalítica e a

formalização para definir um real ou um buraco, é aí que a etapa da

literalmente significando. Entre um e outro, Lacan acha útil a formalização

localizar marcos fixos, bem como discernir as leis de


transformação de elementos incoerentes, conflitantes ou contraditórios. Nesses

pontos conflitantes, paradoxais ou contraditórios, Lacan pode localizar tanto o

Mathema, ou o Poema (na forma do mito)422.

No início, Lacan concebe a formalização em termos de simbolização, em

sendo a melhor matemática. Gradualmente, a formalização leva


a forma de escrita. O momento da formalização como carta levará

em matemática.

A formalização é usada por Lacan para fixar elementos de

dinamicamente: é aqui que reside a utilidade da álgebra e das funções,

421“Esse poder de arrancar da empiricidade é confiado à matemática, da mesma forma metafórico-


conceitual e pelas mesmas razões, em Lacan e em Platão. O real está mais seguro na matemática do que na
empiricidade. Isso não significa que a matemática seja inútil; pelo contrário. Mas é, paradoxalmente, quando
parecem desviar-se muito da empiricidade que mais servem ”, Jean-Pierre CLÉRO, “A utilidade da
matemática na psicanálise”, p. 13-14.

422 O filósofo americano Tom Eyers aponta a distinção entre formalização segundo Bacherlard e segundo
Lacan no que diz respeito à “impureza”. Para Bacherlard a impureza da formalização se encontra no
empírico, enquanto para Lacan essa impureza reside na formalização, ou seja, nos limites da formalização.
Em outras palavras, segundo Eyers, Lacan está interessado na formalização por meio de “sua própria
maneira de falhar”. Tom EYERS, Pós-Racionalismo. Psicanálise, epistemologia e marxismo na França do
pós-guerra, Londres/Nova York, Bloomsbury, 2013, p. 61.

257
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em outras palavras, o passo do número para a letra. A formalização visa

princípio no início do ensino de Lacan para dar rigor ao


psicanálise. Esse objetivo está em tensão com a singularidade dos casos em certas
formalizações, como diagramas ou metáfora paterna. O
formalização também tem a ver com a dialética construção-redução que

apontaram sobre objetos e temas matemáticos. O


formalização como redução tem a ver com a questão da leitura de um grande
quantidade de informação – o bla-bla-bla do analisando – ou seja, orientar

não pelo imaginário, mas pelas leis da transformação ou pela letra que
identifica um verdadeiro.

A formalização também tem propriedades desimaginizadoras, não

metafísicas, que impedem uma ontologização da psicanálise sob


todas as suas formas.

Matemática, notações algébricas, gráficos, taquigrafia

Após uma formalização, é possível criar uma fórmula que se parece com um

escrita algébrica. Aqui está o que encontramos para os matemas: existe


dois momentos dos matemas. Primeiro, uma escrita que funcionava como
precursor ou antecipador e, em seguida, a escrita do matema em sentido estrito. O

primeiro transmite uma simbolização – o exemplo está na fórmula da fantasia


ou a metáfora paterna –, e esta torna a transmissão um beco sem saída.
Em ambos os casos, o matema é o resultado de uma redução, sua tarefa é que

localização, tem também uma função essencial de transmissão. No

matema como antecipação algébrica, é uma redução dos conteúdos


imaginário, a localização de marcos e a transmissão do essencial de um
relacionamento – na forma de cartas. No matema em sentido estrito, a redução tem

a tarefa de definir o real, bem como a localização e transmissão de um


fim da linha. O matema em sentido estrito pode nos revelar características

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aspectos importantes dos escritos algébricos em Lacan, como transmissão,

desimaginarização, minimalismo estrutural ou manipulação de letras.

Então, podemos distinguir entre o matema e seus ancestrais:

notações algébricas, gráficos, "álgebra lacaniana", letras minúsculas e

forma abreviada. Mostramos essa genealogia e suas transformações

ao longo do ensino de Lacan. Uma coisa é certa: o matema é

presente do início ao fim de seus seminários.

O matema em sentido estrito surgiu em 1969 – os quatro

discurso–, correio é assim denominado em 2 de dezembro de 1971. O contexto da

O surgimento do matema está ligado à fundação da Escola Freudiana de Paris em

1967, sua resenha Scilicet –uma resenha semi-anônima–, o dispositivo do passe e

a abertura do Departamento de Psicanálise do Centro Experimental de

Vincennes em 1968. É claro que o objetivo do matema é a transmissão.

No entanto, a questão não é a transmissão do conhecimento como tal, mas

de um beco sem saída. Não é qualquer beco sem saída ou qualquer transmissão,

mas a transmissão do impasse do conhecimento sobre a verdade. O coração do matema

bastão. Por isso, Lacan introduz o matema ao discutir

incompreensão da matemática como um sintoma psicanalítico: a

discurso do Analista – aquele que inscreve o conhecimento em uma posição de verdade – é o inverso

do discurso do Mestre – as letras algébricas são inequívocas e seu coração é

impotência – e o contrário do discurso da Universidade – seu conhecimento é um

presença e não um beco sem saída. A impossibilidade como característica

matema será explorado, bem como formulado em detalhes nas fórmulas do

sexualidade. Consequentemente, a letra ÿ da álgebra lacaniana é a única que

pode ser considerado como um matema diante dos quatro discursos radicais.

Pouco a pouco, Lacan distingue entre "dizer" e "escrever", o que possibilita

a formulação do matema. Além disso, o matema visa reduzir a

dimensões transferenciais, “patéticas” – da dor – e da fala – do

idioma falado. O matema, nesse sentido, é um ideal, porque está em tensão com essas

259
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três dimensões. O matema é uma escrita ideal silenciosa e impossível.

Impossível se livrar das impurezas.

A função do matema, como no diagrama, formalização ou

objetos e temas matemáticos, consiste em uma dessesencialização,

desimaginarização, debiologização e não-psicologização do

transmissão da psicanálise.

O matema também está em tensão entre a equivocidade e o poder que limita

as palestras. É uma relação entre letras que não tem propriedades dedutivas

ou apagógico. É também híbrida, fragmentária e regional. Nesse caminho

se justifica o uso fragmentário, abordagem singular –ciência da singularidade-,

formaliza este ou aquele setor da experiência psicanalítica. O Matema dá

rigor na teoria, na prática clínica e psicanalítica, mas não

não confundir com a ciência que tem uma vocação mais universalista.

É necessário que um psicanalista estude matemática?

Essa questão nos remete à utilidade – ou não – do Matema para a clínica, a

prática e teoria. Vimos a íntima relação entre crítica e

a desconstrução de noções psicológicas e metafísicas – eu, realidade,

identidade, comunicação, um, ontologia – e criação não essencialista e

objetivando os conceitos psicanalíticos. É claro que os conceitos lacanianos

mais inovadores são o resultado de um estudo desconstrutivo e formalizante

através da matemática. Mesmo que o trabalho matemático esteja ausente em

certos conceitos, o produto do esforço matemático é inegável. Sobre a

clínica, o Mathème mostra seu poder de transmitir e formalizar

casos clínicos. Por exemplo, os quatro discursos localizam impasses e

mudanças de enunciado em um caso; o gráfico do desejo ou os diagramas


mostram as leis de transformação de caso e extraem a essência de um caso ou

de uma leitura literária – Hamlet neste caso. Finalmente, a matemática

também são úteis para a prática. "Libere" uma situação quando estiver em

experiência psicanalítica ou mesmo "ler" as leis de transformação do

situação, não são metáforas. Quando Lacan recomenda

260
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"sabe ignorar " 423 na hora da prática, ele não diz simplesmente "ignorar".
O psicanalista da matemática pode prescindir dela, mas não sem passar por uma
grande perda para teorizar, praticar e pensar sobre sua clínica.
Por fim, podemos concluir que Lacan nunca se livra do
matema. Ou o matema toma a forma do une-bévue –une
equívoco que se transmite – seja que coexista com a topologia dos nós, o
matema é utilizado por Lacan até a dissolução da Escola Freudiana de Paris
em 1980. As notações algébricas persistem e até mesmo sua propriedade de
transmissão. É verdade, porém, que o matema sofre transformações

e que se aproxima do poema, pela homofonia do une-bévue ou pela


a articulação íntima entre poema e nós no final de seu ensino.

2.2. Freud e a matemática

O uso ou mesmo a referência à matemática em Freud está ausente. Há


apenas uma menção explícita à matemática na obra freudiana.
No entanto, é possível encontrar um pensamento matemático implícito em
todos os textos freudianos se o lermos através da leitura lacaniana. Para

esse motivo, ao contrário dos outros capítulos, começamos com Lacan. que
parte do capítulo será breve e "telegráfica". Ela só vai dar
referenciais e servirá apenas para apontar os traços matemáticos e o pensamento
matemática em Freud que a obra de Lacan torna legível.
A única citação matemática em Freud é anedótica e, além disso,
engraçado424 :

Certa vez, tive a oportunidade de atender clinicamente um jovem –


quase ainda um garotinho – que, depois de conhecer pela
primeira vez e sem ter desejado processos sexuais, fugiu
diante de todos os desejos que surgiram nele e usaram para que vários
meios de repressão, intensificando seu zelo por aprender, exagerando sua

423Jacques LACAN, “Variantes da cura típica” em Escritos, Paris, Seuil, 1966, p. 349.
424 Sigmund FREUD, “Delirium and Dreams in W. Jensen's 'Gradiva'” in Complete Works, vol.
8, Paris, PUF, 2010, p. 77-78.

261
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apego infantil à mãe e adotando em tudo uma maneira de ser infantil. eu


Não vou expor aqui como a sexualidade reprimida ressurgiu
precisamente em relação à sua mãe, mas vou descrever as mais raras e mais
estranho onde outra de suas fortalezas desmoronou em uma ocasião que não pode ser
dificilmente reconhece como suficiente. Para desviar-se do sexual, a matemática
desfrutar da mais alta reputação; já J.-J. Rousseau deve ter recebido
conselho de uma senhora que não estava feliz com ele: Lascia dá e studia a
matemático. Foi assim que o nosso fugitivo se lançou com particular zelo na
matemática e geometria ensinou na escola até sua faculdade de
compreensão, diante de alguns problemas triviais, foi um dia
de repente paralisado. Para dois deles, ainda foi possível estabelecer
a afirmação: dois corpos colidem um com o outro, um na velocidade de..., etc. E :
inscrever um cone em um cilindro cuja base tem um diâmetro de..., etc. Diante desses
alusões à vida sexual que certamente não teriam atingido mais ninguém, ele
ele também se viu traído pela matemática e, diante deles também, fugiu.

Além do tom anedótico, além da referência explícita, é possível

encontrar vestígios do pensamento matemático em Freud. Assim que ele escreve

famosa carta 52 a Fließ em 1886, Freud concebe o aparelho psíquico em termos

de uma "escrita" neuronal. O ensaio póstumo de Freud, O esboço de um

psicologia científica – escrita entre 1895 e 1896 – mostra uma tentativa de

conceber o aparelho psíquico ao nível de uma escrita psíquica. que

escrita do aparelho psíquico aponta para uma topologização do psiquismo, pois

implica relações entre instâncias, suas transformações e uma espacialidade.

Dizemos de forma "topológica", porque é claro que a relação entre

instâncias, sua espacialidade e suas transformações não são geométricas, ou seja,

digamos identificado com uma figura ou uma instância anatomicamente localizada. Freud
questiona sobre as relações entre os neurônios, as barreiras e suas transformações

e não na descrição de um lugar e sua forma.

425 Mesmo psicanalistas como Vappereau acham que o esquema dessa carta pode ser
reescrito como o esquema L de Lacan. Ver Jean-Michel VAPPEREAU, O nó. A teoria do
nó esboçada por J. Lacan, Paris, Topologie en extension, 1997.

262
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No mesmo caminho, Paul-Laurent Assoun encontra um pensamento

matemática nascente em Freud – não apenas em termos topológicos,

mas algébrico – quando se pergunta o seguinte426 :


O próprio Freud não recorreu a letras pequenas para algebrizar suas
modelo do aparelho neural psíquico em seu Esboço de Psicologia
científico - assim como ele usou "representações gráficas"
(graphische Darstellungen) para visualizar seus tópicos?

Os diagramas, gráficos e modelos lacanianos com sua dimensão topológica e

algébrica devem-se aos primeiros escritos freudianos. Em O mal-estar na cultura

Freud percebe as dificuldades da representação visual e a

complexidade do aparelho psíquico – que segundo Lacan se resolverá pela

topologia427 :
Se quiséssemos apresentar espacialmente a sucessão histórica, que
poderia ocorrer apenas por justaposição em um único espaço; primeira e única
mesmo espaço não suporta ser preenchido de duas maneiras. Nossa tentativa
parece um jogo fútil; tem apenas uma justificativa; ela nos mostra como
ponto estamos longe de dominar, através de uma apresentação visual, o
peculiaridades da vida animal.

Por isso, Jean-Pierre Cléro afirma que Freud se confrontou com

problemas que poderiam ser colocados em termos topológicos para esclarecer sua

pensei. Mais claramente, segundo Cléro, a questão do aparelho psíquico e da

topologia estão ligadas à estrutura psíquica e à memória: "a verdade, que é

uma reconstrução da história em sua cronologia, não é tão menos delirante que a

própria doença, sendo o tempo apenas a reconstituição

de uma espacialidade ou sincronia psíquica mais fundamental. Isso existe

426 Paul-Laurent ASSOUN, Lacan, Paris, PUF, 2009, p. 112.


427 Sigmund FREUD, “O mal-estar na civilização” em Obras Completas, vol. 18, Paris, PUF, 1994, p. 256.

428 Jean-Pierre CLÉRO, As razões da ficção. Filósofos e matemática, Paris, Armand Colin, 2004, p. 225.
Afirma ainda que Freud apresenta "o tempo como a mentira e a máscara do espaço, que melhor fala a
verdade do espírito", ibid., p. 300. É interessante encontrar

263
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outra pista para chegar à mesma conclusão: para Freud seus diagramas
uma inspiração mais ótica e biológica. Vamos ler uma ótima citação para
descobrir que a ótica funciona de maneira não ontologizante do dispositivo
psíquico em Freud429 :
A idéia assim colocada à nossa disposição é a de uma localidade psíquica.
Vamos deixar completamente de lado o fato de que o aparelho mental do qual ele
aqui também é conhecido por nós como preparação anatômica e evitará
cuidadosamente a tentação de determinar a localidade psíquica de qualquer maneira

nada anatômico. Ficamos no terreno psicológico e ouvimos


segue apenas o convite para nos representar o instrumento que serve ao
operações da alma como, por exemplo, um microscópio composto de vários
peças, uma câmera, etc. A localidade psíquica corresponde então a
um lugar dentro de um dispositivo onde ocorre uma das etapas preliminares da imagem

produtos. No microscópio e no telescópio, essas são, como sabemos, localidades


parcialmente ideal, regiões onde nenhuma parte constituinte está localizada
concreto do dispositivo. Considero supérfluo procurar exonerar-me de
imperfeições dessas imagens e todas as imagens semelhantes.

Nesse sentido, a Traumdeutung constitui o texto mais freudiano


"matemática". De fato, A Interpretação do Sonho contém um diagrama
psíquico, o trabalho do sonho -condensação e deslocamento- e o sonho concebido
como a lógica. Em suma, o trabalho do sonho mostra que a criptografia
sonhos seguindo uma lógica que lembra a combinação de elementos
químicos – vimos este ponto no capítulo sobre ciência com Freud – ou
à formalização feita pela linguística estrutural. A permutação e a

a relação entre fala –eixo sintagmático/histórico– e linguagem –eixo paradigmático/estrutura


topológica. Em outras palavras, a pergunta sobre essa relação pode ser formulada da seguinte
forma: por que é preciso falar na experiência psicanalítica? Por que a estrutura precisa se
desdobrar ao longo do tempo para expressar melhor a verdade? Mais uma vez, com Freud –
como com Lacan – a verdade está do lado da fala e o real do lado da escrita, ou seja, da
estrutura topológica.
429 Sigmund FREUD, “A Interpretação dos Sonhos” em Obras Completas, vol. 4, Paris, PUF,
2003, p. 589.
430 “As diferentes partes desta complicada formação encontram-se naturalmente, uma em

relação à outra, nas mais variadas relações lógicas”, Ibid., p. 355. Todo o Capítulo IV, intitulado
"A Obra do Sonho", é um tratado sobre a lógica do sonho.

264
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combinação constituem as operações "pré-matemáticas" do trabalho do sonho,

mas também do resto das formações do inconsciente: do sintoma, da palavra

da mente e dos delitos. Em outras palavras, através da combinação

e permutação, operações matemáticas qualitativas, Lacan

nos permite nomear a condensação como metáfora e o deslocamento

como metonímia. Em Freud encontramos a base para formalizar

inconsciente e sua lógica em termos linguísticos, a primeira formalização

matemático usado por Lacan. Não é por acaso que Freud se interessou

pela lógica, porque em sua juventude se dedicou a traduzir parte do

Sistema lógico de John Stuart Mill431.

A Traumdeutung é o modelo de um pensamento matemático

como pensamento "sem qualidades", isto é, como obra do inconsciente e

não mais como pensamento. De fato, o sonho – e todas as formações de

inconsciente – são uma lógica – feita de significantes – sem qualidade, porque é

de uma atividade ou de um processo que não consiste em calcular ou julgar, mas em

transformar, ou seja, garantir a diversidade de sentido ao indecifrável.

Um ano antes de sua morte, Freud publicou Construções em Análise, onde terminou

pensando nas construções em termos de uma espécie de "efeito-verdade". É sobre

de uma certa convicção sobre a verdade de uma construção. Em outras palavras, ao

nível terapêutico o efeito é semelhante se for uma construção, onde

de uma memória recuperada. Não há possibilidade de saber por demonstração

431 Para autores como Jean-Pierre Cléro e Thierry Longé, o paralelo entre os utilitaristas e
Freud é palpável: sua concepção não objetiva do objeto, uma teoria da verdade como ficção
e mesmo a concepção de Wortvorstellung (representação de palavras) é um fato. Cf. Thierry
LONGE, “ Sigmund Freud, Para conceber afasia. Um estudo crítico” in Revue Essaim, nº 26,
2011, p. 28 e Jean-Pierre CLERO, op. cit., pág. 225. Além disso, é possível traçar um paralelo entre a
A relação de Freud com a matemática e a conhecida história da relação entre Freud e
Nietzsche. Há uma influência de Nietzsche e da matemática que Freud teve o cuidado de não
mencionar, ainda que presentes, com grandes diferenças, como grandes intuições.
432 “O 'sem qualidades' exigido pela ciência não se chama mais pensamento. Portanto,
devemos entender que Lacan, voltando a Freud, mas também a Marx, agora prefere falar de
trabalho : o inconsciente como ‘conhecimento que não trabalha, não calcula, nem julga, que
não o impede de funcionar’ (Televisão, p . 26)”, Jean-Claude MILNER, Op cit., p. 144.
433 “Se a construção estiver errada, nada muda no paciente; mas se for exata ou se representar

um passo em direção à verdade, ele reage a ela por um evidente agravamento de seus
sintomas e de seu estado geral”, Sigmund FREUD, “Constructions in analysis” in Complete
Works, vol. 20, Paris, PUF, 2010, p. 69.

265
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se o trauma ocorreu ou não. O trauma ou certas conexões inconscientes são

indemonstrável, mas necessário no sentido lógico, mesmo efeito de estrutura – não

não são contingentes, eles aparecerão mais cedo ou mais tarde. Por exemplo, o pai

totêmica, ainda que não exista na realidade, sua função lógica de vazio,

proibido de ser ocupado por alguém, tem uma eficácia simbólica que estrutura o

realidade do assunto. O texto Construções em análise , portanto, aborda a questão

da relação entre ficção e lógica.

Freud estava ciente da relação entre matemática e sexualidade. Dentro

1916, a revista Imago, fundada por ele, Hanns Sachs e Otto Rank, publicou o artigo

pela psicanalista vienense Hermine von Hug-Helmuth intitulado "Alguns

relação entre erotismo e matemática”434. O artigo aborda

matemática e sua relação com o erotismo; ele começa comentando a

como as pulsões são capazes de se sublimar de diferentes maneiras, e

em seguida, discute os simbolismos de números e formas na cosmologia

Pitágoras e Platão. A revista editada na época por Freud foi

dedicado à relação entre psicanálise e temas culturais. Na verdade, o único

artigo psicanalítico sobre matemática nas duas revistas editadas por

Freud –Internationale Zeitschrift für Psychoanalyse et Imago– foi o de Abraço

Hellmuth. É improvável que Freud, como editor, não soubesse disso.

artigo ou que ele ignorou a ligação entre psicanálise e matemática.

No entanto, não sabemos por que Freud se interessou pela arte,

literatura e poesia em vez de matemática; Clero explica assim:

"Freud não tem mais nada a dizer sobre os métodos e valores da verdade em

matemática do que nas técnicas de pintura e na beleza das pinturas

eles permitem”435. É Lacan quem vai tirar as consequências da lógica,

escrita matemática na forma de diagramas e quase operadores

matemática que é sugerida ao longo da obra freudiana. Nós não

434 Hermine von HUG-HELLMUTH, “Einige Beziehungen zwischen Erotik und Mathematik” in Revue Imago,
vol. 4, 1916, pág. 52-68.
435 Jean-Pierre CLÉRO, Ensaio de psicologia da matemática, Paris, Elipses, 2009, p. 23.

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só pode observar esse movimento retrospectivamente no

psicanalista francês.

2.3. Síntese intermediária

Para abordar o Mathème em Lacan, analisamos todas as


referências matemáticas nos seminários de Lacan, o que ele chamou de "meu

ensino". Para fazer isso, construímos o objeto Matheme separando

o uso da matemática ao longo da obra de Lacan em quatro

conjuntos: diagramas, formalizações, objetos/temas matemáticos e


matema em sentido estrito. Em seguida, classificamos as referências

matemática nos seminários de Lacan em uma grade, uma para cada


seminário. A grade inclui três categorias horizontais: a) objeto/sujeito

matemático; b) implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico; e

c) datas das sessões. Existem também categorias verticais, que mudam

acordo com o seminário, mas mantendo duas categorias invariáveis: a) “autores”,


isto é, matemáticos e filósofos que tratam do

matemático; b) “outros objetos/sujeitos” que se refere aos objetos ou

temas matemáticos marginais, mas que consideramos importantes


incluir em uma lista; e c) “matemas, notações algébricas, algoritmos”,
todos os escritos criados e utilizados por Lacan neste seminário.

Após a construção do objeto Matheme, seu agrupamento em quatro

conjuntos e a classificação de referências matemáticas na grade,

analisou as grades. Essa análise foi feita introduzindo também


referências a certos escritos, cartas ou declarações públicas – que não

parte do seminário – para contextualizar e enriquecer a análise. Lendo isso


A análise foi feita periodizando duas partes: antes do ensino de Lacan

(1945-1953) e o próprio ensino de Lacan (1953-1980). No


primeira parte, há apenas referências aos escritos de Lacan. O segundo

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parte constitui uma leitura dos quatro conjuntos – formalizações, diagramas,


matema e objetos/tópicos matemáticos.
Acabamos lidando com as origens matemáticas ou os elementos
“protomatemáticos” em Freud. Elementos e planos de fundo que são apenas legíveis
pela leitura lacaniana da matemática.

Os resultados da análise mostraram a importância, o interesse e o uso de


matemática em Lacan, bem como suas apostas e suas transformações
O trabalho dele.

A importância da matemática em Lacan repousa em três pilares. Todo

os três derivam de uma leitura Koyreana da ciência, isto é, de uma

conceito de ciência matematizada. Primeiro, a raiz matemática do rigor


cientista. Em segundo lugar, a matemática extrai seu poder de

descolamento do empírico, que constitui uma espécie de "organização do


segundo grau", porque a formalização supõe um inconsciente estruturado como
uma linguagem. Terceiro, o lado não ontologizante da matemática é um
alternativa ao poema heideggeriano, ou seja, fundar a psicanálise sem
cair em nenhuma objetivação – psicologização, patologização,
biologização. Em suma, rigor, lado deontólogo e poder formalizador
constituem características matemáticas cruciais para inaugurar sua
ensinar com "o retorno a Freud" e a introdução de seu
simbólico-imaginário-real.
Sem dúvida, Lacan encontrou enorme fecundidade nas distintas

ramos da matemática que ele usou ao longo de sua obra: teoria


jogos, álgebra, geometria analítica, estatística, cálculo, topologia de superfícies,
teoria dos números, aritmética, topologia dos nós, lógica ou teoria da
conjuntos. Ele até usou algumas aplicações matemáticas, como

óptica, cosmologia, cibernética e física. Essa diversidade de


ramos matemáticos e suas aplicações é incrível. Mais surpreendente
ainda é a frequência dessas referências. Quase não há sessões de
seu seminário que não tem nenhum elemento matemático, uma referência a um

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matemático ou o comentário de um filósofo altamente matemático:


Pascal, Descartes, Leibniz, Russell, Wittgenstein, Pierce, Platão, Pitágoras ou
Kant.

Para Lacan a matemática não é uma representação, um mapa


da realidade, um meio de cálculo, uma ferramenta de precisão ou o instrumento de
precisão. Seu interesse, seu uso e suas participações incluem a transmissão, a
rigor, a “base científica” – no sentido koyreano – da psicanálise,
alternativa adicional ao poema heideggeriano, uma escrita de uma verdade que
só pode dizer meio – ou meio dizer – a simbolização mais refinada, uma
localizador do real, o poder de desapego de um empirismo repleto de
confusões imaginárias, um "pensamento sem qualidades" ou mesmo uma função
antimetafísica do pensamento. A matemática, em última análise, é uma fonte
novos conceitos que de outra forma seriam informuláveis. Para isso, Lacan
subverte o uso comum da matemática.
O uso e o interesse da matemática são práticos, teóricos e
clínicas. No início, Lacan faz formalizações para fixar os pontos de referência
da técnica e faz observações matemáticas que visam orientar a
prática. A formalização dos famosos casos de Freud por Lacan não é
apenas para transmitir a clínica, mas para orientar a prática e
pensar diferente sobre a teoria psicanalítica.
A matemática tem o poder de definir a realidade e a facilidade de
reduzir a complexidade aos seus elementos mínimos. Na prática, esses dois pontos
são muito úteis: localizar o real para passar da impotência à impossibilidade e
reduzir o discurso do analisando aos significantes mestres que comandam sua
discurso, a ponto de dele extrair a carta do gozo.
A matemática constitui um conhecimento ad hoc para a natureza da
o inconsciente ou o real. O fato de o inconsciente ser estruturado como uma linguagem
possibilita uma formalização, ao invés de uma observação empírica. O
A própria definição do real é matemática: o real é o impasse no
formalização. Ao mesmo tempo, conceitos como pulsão, fantasia, objeto

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a, a sexuação, o gozo feminino ou as formações do inconsciente não são

concebível apenas por uma formulação matemática. Pelo menos um componente

matemática está em jogo para sua concepção ou formulação. Nesse sentido, o

matemática não é uma técnica simples –uma aplicação de conhecimento–,

mas um pensamento no sentido que Badiou lhe dá – uma aposta no ponto em que o real

emerge e uma verificação posterior de suas consequências.


Assim que Lacan era um jovem psiquiatra, a matemática teve um

grande interesse por ele. Entre 1945 e 1953, concentrou seu interesse em

teoria dos jogos para encontrar becos sem saída, para subverter a lógica aristotélica

e assim ler a singularidade de um indivíduo – ainda não o sujeito – em meio a

o universal. A teoria dos jogos chamou sua atenção por sua capacidade de formular

psiquiatria não em termos biológicos, mas como método de

localizar movimentos lógicos e impasses na forma de paradoxos


em um caso clínico.

A partir de 1953, Lacan inicia seu ensino com a introdução

do ternário simbólico-imaginário-real e seu retorno a Freud. A partir daquele momento,

matemática era uma parte essencial de seu "triângulo

epistemológica” – ao lado da linguística e da história. A influência de

As formalizações Lévi-Straussianas também são cruciais. Lacan inaugura sua

ensino com um movimento matemático de inspiração koyreana que


uma apropriação heideggeriana – a matemática como alternativa à

poema para não ontologizar a teoria psicanalítica. O conceito de ciência

matematizado que decorre de Koyrée também se deduz da grande importância

que Lacan dá em toda a sua obra aos comentários sobre física e

cosmologia. Estes comentários estão sempre ligados à adaptação do

matemática para fins psicanalíticos.

Desde o início de seu ensino, discernimos quatro


conjuntos de usos da matemática: objetos/temas matemáticos,

436 Cf. Alain BADIOU, Breve tratado de ontologia transitória, Paris, Seuil, 1998 (em particular
o capítulo 2 intitulado “A matemática é um pensamento”), Alain BADIOU, Em busca da
realidade perdida, Paris, Fayard, 2015 e Alain BADIOU, Louvor da Matemática, Paris, Flammarion, 2015.

270
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diagramas, matemas e formalizações. A matemática em Lacan não


não reduzido a matemas ou suas formalizações. Encontramos neste
busca o uso "fragmentário" ou "regional" da matemática. este
o emprego segue duas direções: desconstrução e formulação. Ambos
Os últimos pontos são alguns achados desta pesquisa. Também nossa posição
no que diz respeito à topologia de nós e ao matema. Com efeito, mesmo que o
O nó borromeano mostrou-se muito produtivo para Lacan, a topologia dos nós
não se limita ao nó borromeano. Você não deve "fetichizar" o nó. Isso existe
objetos matemáticos muito férteis e produtivos na topologia dos nós,
como correntes, tranças, “nós de corrente”, nós “olímpicos” e operações de
assentamento e mergulho. Por isso, retomamos
o nome "nodologia "437 para complicar o campo de estudo da topologia
nós pela psicanálise. Também mostramos algumas consequências
aspectos práticos, clínicos e teóricos dessa nodologia no trabalho de alguns
psicanalistas – Schejtman, Bousseyroux, Allouch, Vappereau, Porge, Morel ou
Cochete. Quanto ao matema, concluímos que não é tão fácil afirmar
que Lacan se livrou do matema ao final de seu ensino, pois ainda fala dele
em 1980, quando dissolveu a Escola Freudiana de Paris ou quando organizou
Jornadas da Escola Freudiana de Paris sob o nome "A
matemas da psicanálise” em 1977438. Como vimos, o matema tem
três destinos possíveis: a) mantém-se convivendo com o nó borromeano
e o poema; b) transforma-se e toma a forma de Une-bévue (acumulação
ambiguidades, ressonância ou lalíngua); c) ele faz uma mutação na forma do
topologia dos nós articulando poesia.
Mesmo que Lacan nunca tenha escrito o termo "diagrama", tomamos a
palavra de uma tradição filosófica que Lacan não ignorou – Pierce e Deleuze.
Modelos, diagramas, gráficos, superfícies, nós e tranças pertencem a este
junto. Mostramos como existe um deslocamento que vai de

437 Alain COCHET, Nodologia Lacaniana, Paris,


L'Harmattan, 2003 438 Dias da Escola Freudiana de Paris: “Os matemas da psicanálise”
na revista Cartas da Escola, n. 21, 1977.

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registrador imaginário –ISR– no modelo óptico até uma equivalência entre


os três registros do nó borromeano. Entre o modelo e os nós, há
um vetor de passagem para os esquemas –SIR–, a topologia dos gráficos –SRI–, o
topologia de superfícies –RIS– para finalizar na topologia de nós –RSI.
Vimos que os diagramas enfatizam uma dimensão relacional e
articular os eixos sincrônico e diacrônico de uma formalização, ou seja,
dizem que são um agenciamento entre espaço e tempo. Ao mesmo tempo, o
diagramas constituem uma apresentação formalizada que estrutura o
conceitos deontologizando-os – os conceitos agora são apenas um
cruzamento entre vetores, superfícies ou nós. A princípio, o interesse de Lacan
diagramas – modelos, diagramas e gráficos – começou por formalizar a
os casos mais importantes de Freud para deles extrair traços transmissíveis. Dentro
Além disso, os diagramas tornam os casos clínicos legíveis. Ao mesmo tempo, o
dígrafos entre 1953 e 1958 têm uma função formalizadora da técnica
psicanalítico. Os diagramas seguem uma genealogia freudiana de
escritos, modelos e diagramas. No entanto, como vimos, Lacan encontra aí
sempre uma dimensão topológica nascente e essencial que trará mais
longe, até gradualmente contestar a estética transcendental de Kant. Ele tem
ali fundaram outra espacialidade não tridimensional ou, pelo menos, cujas três
dimensões se tornarão dit-mansões – os três registros lacanianos
estruturado pela topologia de nós e suportado pela letra. Assim, Lacan
concluiu que a topologia manifesta o real da estrutura e que não é uma
metáfora 439. Lacan encontra nas formalizações diagramáticas uma
potencial simbólico para refinar a psicanálise e torná-la mais
rigoroso.
Sublinhámos a importância das formalizações para o regresso à
Freud de Lacan. Vimos também que as formalizações visam tornar
aspectos legíveis que não seriam fáceis de ver no empírico. O

439 “A topologia não é 'feita para nos guiar' na estrutura. Esta estrutura é”, Jacques LACAN,

“L’Étourdit” em Outros escritos, Paris, Seuil, 2001, p. 483; “o nó não é uma metáfora”,
Jacques LACAN, Topologia e tempo, sessão de 20 de fevereiro de 1979.

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formalizações permitem vincular elementos distintos para encontrar as leis de

transformar uma estrutura ou fixar marcos. Gradualmente

formalizações em Lacan têm a função de encontrar um ponto do real ou

isolar um paradoxo, até mesmo discernir as leis de transformação dos elementos

conflitantes ou inconsistentes. Quando a formalização toma a forma de escrita,

pode abrir uma possibilidade para o matema. A função de escrever

as formalizações permitem fixar os elementos de uma estrutura de forma

dinâmica para identificar um real.

Buscamos as origens do matema em sentido estrito. Nós temos

localizou seu contexto de criação, suas questões, sua genealogia e como

nascimento torna possível ler retrospectivamente as notações algébricas e

outra abreviação. Também acompanhamos o curso do matema até

o fim do ensino de Lacan. Por um lado, sua criação tem um elemento

“contingente” ou contextual. Por outro lado, o surgimento do matema é uma

efeito estrutural ou uma consequência lógica. Quando Lacan se pergunta sobre o

dificuldade em entender matemática – ele chama isso de mal-entendido

um sintoma –, ele formula pela primeira vez o matema em sentido estrito em

1971. Por um lado, o matema responde às questões da transmissão da psicanálise

– dentro e fora de uma escola psicanalítica. Do outro lado, o

matema é o produto de um grande esforço no uso de objetos matemáticos,

construção de diagramas e principais considerações sobre formalização.


O matema é informulável sem a distinção entre "dizer" e "escrever", mas

também impensável sem a diferença entre significante e letra. O matema no significado

strict faz parte de uma série de invenções para a transmissão da psicanálise, como

a Escola Freudiana de Paris, a revista Scilicet, o dispositivo do passe e

a abertura do Departamento de Psicanálise do Centro Experimental de


Vincennes. A "fórmula da sexuação" é o nome desta invenção.

No entanto, concluímos que os quatro discursos e o Outro barrado são os

os únicos que compartilham este nome se formos rigorosos, porque o coração do matema

se encontra no discurso analítico – notadamente no impasse de um saber sobre

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a verdade. Nesse sentido, o matema em sentido estrito identifica um real, localiza um

beco sem saída e, então, ele os repassa. As apostas do matema levam a sério o

questão da transmissão e ensino da psicanálise, reduzindo

as dimensões do imaginário, da transferência – articulando poder e

conhecimento – e “patemática”. Que ele os reduz de forma alguma implica que ele não

livrar-se de. Um dos poderes do matema é a redução de leituras, mas sem

livrar-se da ambiguidade. O matema não existe sem impurezas, mesmo


se pretende reduzi-los. Mostramos também os dois momentos do matema em

sentido estrito: o primeiro que transmite uma simbolização e o matema em sua

momento “maduro” que transmite um impasse. Por ser uma fórmula que parece

a uma escrita algébrica, o matema começa como uma notação ou

taquigrafia usando certas regras de aritmética, álgebra, lógica ou

geométricas, mas subvertendo-as.

Descobrimos e aprofundamos como os matemas, bem como

diagramas e formalização, constituem uma espécie de matemática

fragmentário, regional e híbrido. Isso nos levou ao quarto

juntos: objetos e temas matemáticos. Esses fragmentos de objetos e

temas de matemática podem funcionar individualmente ou como um

assemblage, até mesmo um pastiche tanto para formular conceitos quanto para

desconstruir. É uma dupla função: a de dissolver conceitos

metafísico e o outro para formular conceitos evitando uma queda

metafísico. Por isso, concluímos, existem conceitos que não

não pode ser expressa, exceto por um desvio matemático.

Diagramas, formalizações, matema e uso fragmentário de objetos e

temas matemáticos visam desmantelar uma metafísica e formular

com rigor – e sem a tentação de qualquer metafísica – conceitos

psicanalíticos com suas consequências clínicas, práticas e teóricas

concomitantes. Eles têm em comum fazer parte de um que leva à crítica

psicologia, behaviorismo, farmacologia, psiquiatria ou

à psicanálise em suas versões pós-freudianas, desde a psicologia do ego ou

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da teoria das relações objetais. Como? 'Ou' O quê? Pelo poder antimetafísico
matemática. A matemática desmantela o um, a esfera, a presença,
universalidade, representação, harmonia, complementaridade e qualquer tipo
de essencialização ou objetivação. Usando a matemática podemos
também formular conceitos psicanalíticos sem usar esse tipo de
metafísica ou sem uma visão de mundo. Um dos pontos-chave de Lacan reside
em sua apropriação koyreana de Heidegger, ou seja, o Mathème como
alternativa ao poema. Consequentemente, em Lacan – especialmente na época
dos quatro discursos – a ciência não coincide com a técnica, ou seja,
com o ponto mais alto da metafísica em Heidegger.
Por fim, abordamos a obra freudiana para
procurar por elementos matemáticos. Freud, apesar de sua tradução de parte
do livro de lógica de John Stuart Mill, não fez nenhuma referência explícita ao
matemática. Ele construiu um dispositivo psíquico para explicar o
fenômenos que ele encontrou em sua prática e clínica. Para isso, ele tem
concebeu esse dispositivo – em vários momentos de sua obra – como uma escrita.
Uma escrita com elementos que podemos qualificar como algébricos e
mesma topologia. Além disso, observamos como nas apostas da
na escrita desse aparelho psíquico, há uma articulação entre tempo e
uma estrutura. Usando a metáfora da ótica, ele deu um grande passo para
não biologizar o aparelho psíquico e, consequentemente, as explicações
fenômenos inconscientes. Por fim, mostramos que
A interpretação do sonho também contém uma lógica do sonho. Em textos como
que Totem e tabu, Construções em análise ou Moisés e monoteísmo Freud
desenhou uma espécie de "efeito-verdade", ou seja, construções que não existem
não necessariamente na realidade, mas que são logicamente necessários. Freud, em
tentando dar conta da clínica, acabou usando um
protomatemático. Seus traços foram relidos por Lacan.

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CAPÍTULO III – O POEMA EM LACAN1

Já foi dito que o poeta é o grande terapeuta. Nesse


sentido, a questão poética envolveria exorcizar,
conjurar e, mais ainda, reparar. Escrever um poema é
remendar a ferida fundamental, a lágrima. Porque estamos todos feridos.
–Alejandra Pizarnik, Entrevista com Martha Isabel Moia

Queremos sugerir que, da mesma forma que a


psicanálise visa o inconsciente da literatura, a
literatura, por sua vez, é o inconsciente da psicanálise;
a sombra do impensado na teoria psicanalítica é
precisamente seu próprio envolvimento com a
literatura; a literatura em psicanálise funciona
justamente como seu “impensado”: como sua condição
de possibilidade e o ponto cego de sua própria
subversão.
–Shoshana Felman, A questão aberta

Após nossa jornada pela ontologia, epistemologia e ciência, temos


analisou as referências matemáticas em Lacan – mathème, formalização e
matemática – como uma das duas questões fundamentais deste
pesquisa: Matema e Poema. Por isso, uma das chaves para nossa leitura

deste capítulo é que a psicanálise lacaniana aborda a poesia sob a

condição da linguística moderna e a preocupação não ontológica de Heidegger.


Essa condição de abordagem será radicalizada e encontrará novas
problemática em Lacan. As consequências éticas, ontológicas e clínicas

1 Agradeço a Cristobal Farriol as referências poéticas em Freud, bem como as intuições que

compartilhou comigo em diversas ocasiões. Grande parte deste capítulo teria sido impossível
sem sua ajuda.
2 Alejandra PIZARNIK, “Entrevista com Martha Isabel Moia” em El deseo de la palabra,
Barcelona, Barcelona, 1972.

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e política persistem ao longo de seu ensino, pelo menos desde os anos

cinquenta. Essas perguntas não são exclusivas, mas são representativas

dificuldades e refinamentos da problemática e do interesse lacaniano pelo

poesia. Por esta razão, começaremos especificando o significado que

dar ao termo "poesia" em psicanálise. É fundamental fazer um

breve viagem sobre Freud para recuperar sua abordagem – tão importante – ao

poesia, e medir as diferenças e continuidades em Lacan. Em primeiro lugar,

vamos abordar a poesia abordando toda a complexidade desse

questão por quatro temas associados à poesia: literatura, estética, arte e

criação. Agruparemos fenômenos e elementos distintos associados a

essas categorias – literatura, estética, arte e criação – sob o nome de Poème.

Assim, vamos dividir este capítulo em três partes: os aspectos próximos

ou associada à poesia, poesia em Freud e finalmente poesia em Lacan.

Nas duas últimas partes, queremos, por um lado, traçar os antecedentes

e a possível continuidade –ou herança– entre Freud e Lacan; do outro lado nós

queremos identificar e distinguir as abordagens e usos gerais do Poema em

a psicanálise de Freud e Lacan. Por fim, nosso objetivo é analisar a

papel do Poema na obra de Lacan para assim confrontá-lo com o papel de


Matemática do mesmo autor.

Nossa metodologia consiste em ir até os exemplos mais detalhados

analisar esses movimentos e os efeitos no campo da psicanálise.

Começaremos com Freud para preparar o terreno e identificar onde

Lacan. Desta forma, tentaremos ler a estratégia geral, a

usos práticos, clínicos e teóricos da poesia para a psicanálise, bem como

do que a diversidade das operações realizadas por Freud e Lacan. Isso é por que

que não vamos detalhar ou implantar essas operações em detalhes. Não é sobre

do que identificar a estratégia geral e suas operações para compará-las e

comparar com os do Matema. A questão é, portanto, não

detalhes excessivos para evitar que nos percamos nos labirintos

poética, mas, ao mesmo tempo, não generalizar demais para não passar

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chavões que tornariam nossa pesquisa estéril. Finalmente, nós


responda às seguintes perguntas: qual é o papel do Poema na
psicanálise? Qual a importância do Poema na psicanálise? O Poema,
é necessário ou acessório para a psicanálise? Quais são as diferenças
entre a abordagem freudiana e lacaniana do Poema?

3.1. Literatura, estética, arte e criação

A poesia vem sob o Poema, assim como a arquitetura,


a escultura ou a música. Qualquer obra de arte é, portanto,
Poema.
–Martin Heidegger, Caminhos que não levam a lugar nenhum.

Nesta pesquisa, Poema será tomado no sentido amplo do termo por ter
características como literatura, criação, arte e estética. No entanto,
faremos um exercício para definir essas quatro dimensões no sentido amplo de
poesia para evitar qualquer confusão possível.
Primeiro, a literatura. Derivado do latim litera, este termo aparece no início
do século XII. Posteriormente, a literatura assume seu significado técnico e
moderno: por um lado, é um conhecimento geral de obras – de escritos e
histórias orais – mais importantes em algumas culturas após a fundação dos
estados modernos; Por outro lado, a literatura é uma disciplina que diz respeito ao
comunicação verbal e oral. Após o surgimento da linguística,
teorias da comunicação e da história, a literatura é um termo sempre
em disputa e que críticos literários e filósofos procuram
(re)definir3.
Em segundo lugar, a estética – ciência do sensível por sua etimologia – é
uma disciplina da filosofia que se baseia na ciência da beleza ou na
na crítica do gosto. Nesse sentido, a estética não deve ser confundida com
filosofia da arte. A estética lida com questões como emoções
produzidos ou não por expressões artísticas, o julgamento de um

3 Cf. Claude PICHOIS, História da Literatura Francesa, Paris, Flammarion, 1997.

279
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trabalho, a criação de novas percepções – segundo Deleuze4 – e a beleza em

oposição ao útil e ao funcional5. Assim como a literatura, a estética é

também sempre um campo de disputa6.

Em terceiro lugar, a arte7 é o conjunto de processos, conhecimentos e

regras para criar objetos que produzem um estado particular em humanos

de sensibilidade ou prazer. Esta definição canônica, como as outras definições

já apresentado, é absolutamente questionável. No entanto, definir arte nos dá

um fulcro para distingui-la da literatura e da estética.

Por fim, a criação. A etimologia da palavra "poesia" vem do grego

poiêsis, que significa “criação”. O verbo poiêin em grego se traduz como "fazer" .

e "criar". Mas "fazer" e "criar" não têm o mesmo significado em grego. Ele

basta lembrar a diferenciação aristotélica entre práxis e poiesis :

poiêsis é uma ação baseada no conhecimento e na produção de um objeto artificial

que surge diante de nós. Este é o trabalho. A práxis , ao contrário, não tem

valor apenas como um meio para um fim. O objeto não está na frente do homem. É sobre

de uma ação para a produção de outra coisa8.

Esta última observação dá-nos um exemplo, por um lado, de

confusões entre a poesia como gênero literário e a poesia como

criação –por meio da fala– e, por outro, das complexidades levantadas pelo termo

criação em relação à poesia. A título de ilustração, aqui está um pequeno

lista da geografia sinuosa do problema da poesia como criação:

a) A distinção entre Dichtung e poesia em alemão. Dois índices de

esta edição: 1) uma entrada no Dicionário de intraduzíveis

dedica-se à literatura, linguística e

4 Gilles DELEUZE e Félix GUATTARI, O que é filosofia ?, Paris, Minuit, 1992.


5
Cf. Marc JIMENEZ, O que é estética?, Paris, Gallimard, 1997.
6 Para uma abordagem psicanalítica da estética cf. Massimo RECALCATI, Il miracolo della
forma: Per un'estetica psicoanalitica, Milan, Bruno Mondadori, 2007 and Massimo RECALCATI,
Las tres estéticas de Lacan. Psicoanálisis y arte, Buenos Aires, Ediciones del Cifrado, 2006.
7 Dicionário de francês Larousse, 2015.
8 Oded BALABAN, “ Práxis e poesia na filosofia prática de Aristóteles”, em The Journal of Value
Inquiry, junho de 1990, nÿ 24, número 3, p. 185-198.

280
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aspectos filosóficos dessa distinção entre línguas tão diferentes9, e 2)


um texto fundamental da psicanálise, intitulado "O criador
literatura e sua fantasia”10, contém o termo “Der Dichter ” que foi
traduzido como "criador literário" em vez de "aquele que diz" ou
"poeta".
b) A diferença entre criação como práxis, poiêsis e techné de
grego, e suas consequências filosóficas, artísticas e estéticas.
A criação de um objeto ou a criação da linguagem para a linguagem.
c) A questão ancestral sobre o estatuto criativo ou não do poema, porque o
poema só pode ser uma imitação – um velho problema platônico.
d) O questionamento da nomeação como criação por meio de
palavra poética. Esta questão tem ressonâncias com a filosofia.
da linguagem, em particular o que é chamado de dimensão "pragmática"
da linguagem, “atos de fala” ou “força ilocutória”.
e) O questionamento da natureza “presente” ou “ausente” da criação,
isto é, se a criação é algo presente ou creatio ex
nihilo. Por isso, Heidegger articula uma espécie de "negatividade
ontológico” em torno do “nada” (nichts), do “vazio” (Leere) e do
“limpeza” ou “limpeza” (Lichtung). Lichtung , para Heidegger,
constitui o momento de "esclarecimento" como a possibilidade de qualquer
criação12.

Essa lista não é exaustiva. Embora haja perguntas


Platônica – a imitação do poema – e aristotélica – o binômio

9 Barbara CASSIN (dir.), Vocabulário Europeu de Filosofias. Dicionário de intraduzível, Paris,


Seuil/Robert, 2004.
10 Sigmund FREUD, “o poeta e a atividade da fantasia” em Obras Completas, vol. 8, Paris, PUF,
2007 e “Criação literária e sonho acordado”, em L’perturbante erangèté e outros ensaios, Paris,
Gallimard, 1985.
11 Johh SEARLE, How to do Things with Words: The William James Lectures entregue na
Universidade de Harvard , Oxford, Clarendon Press, 1955.
12 Cf. Marlène ZARADER, Martin Heidegger e as palavras originais, Paris, Vrin, 1990.

281
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praxis/ poiêin, catarse como purificação da alma – é óbvio que neste


domínio o interlocutor privilegiado é Heidegger.

Optamos por abordar as questões da literatura,


estética, arte e criação para direcionar o Poema. Esses campos
não cobrem completamente a gama de fenômenos poéticos. Mas nós
selecionaram esses temas para se aproximarem da poesia, para constituir
recursos muito importantes no campo da psicanálise e para melhor
explicar o uso poético na psicanálise. Digamos que esses quatro
dimensões nos dão certos "traços", traços ou características que
também toca na poesia. Por exemplo, para a psicanálise, a simetria como
essa dimensão estética do poema não é interessante. Que tal um
psicanalista ou o analisando é simétrico não constitui uma questão
clínica relevante. Em contraste, a discussão dos gêneros na literatura –
fundamental nos debates literários – para a transmissão do conhecimento
psicanálise é uma questão da maior importância: será que a
mito, fábula, romance ou ciência informe são os gêneros literários
mais apropriado para apresentar, divulgar ou transmitir a clínica? Deles
exemplos adicionais desta questão: para a psicanálise um dos
questões estéticas capitais não é a beleza, mas a produção de prazer
ou mesmo a inversão entre a beleza e o efeito umheimlich (entre
sublimação e “estranheza perturbadora”); quanto à arte, a dimensão do
novidade de uma linguagem artística (plástica, retórica, pictórica, etc.)
questão da utilidade da arte têm prioridade sobre as questões do
conservação da arte ou o estudo comparativo da arte de acordo com suas regiões. Dentro

Por outro lado, para a psicanálise a utilidade é uma questão de simbolização e


sublimação; o estudo comparativo da arte pode ser interessante para o
psicanálise na medida em que as comparações são traduzíveis em
conceitos psicanalíticos – por exemplo, a pintura moderna que
a primeira vez que a perspectiva introduz o objeto do olhar na própria pintura. Dentro

282
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Além disso, esses quatro tópicos – arte, criação, literatura e estética – são mais

familiarizado com a abordagem freudiana. Encontramos correspondências em

obra de Lacan. No entanto, nele há uma espécie – veremos – de

agrupamento de elementos previamente extraídos desses quatro temas em

nas outras quatro características: Dichtung, poiêin, lalíngua e função poética.

Além das definições, a pesquisa etimológica de termos ou

a exaustividade das palavras "literatura", "arte", "estética" e "criação",

a chave é localizar os traços dessas áreas que são mais sensíveis

para a psicanálise. Também é importante limitar as questões literárias,

poesia artística, criativa e estética favorecida pela psicanálise


de Freud e Lacan.

Essa localização de pontos sensíveis, esse movimento de limitação de certos

problemas e detectar os "traços" nativos dos assuntos psicanalíticos

nos permitirá identificar os casos singulares de tratamento da poesia por Lacan e

algumas estratégias gerais de sua abordagem da poesia.

A cisão entre oralidade e escrita na literatura, o forçamento dos limites da

linguagem através da poesia, a criação de mundos através do discurso poético, a tensão

poética entre criação e nomeação, fazer uma obra de arte que não representa

de forma alguma a realidade, o equívoco da tradução Dichtung como "poeta" ou

“aquele que diz” para sinalizar um hiato entre enunciação e enunciado constituem

pontos fascinantes para Lacan.

Dito de outra forma, para Lacan a questão é "atravessar" o

poesia, estética, arte ou literatura para produzir dentro de um

torção interna e a partir daí extrair as ferramentas teóricas, clínicas e práticas para

psicanálise. Porque é lá "onde a psicanálise muitas vezes tem apenas que retomar sua

bem”13. Trata-se, nas palavras de Jorge Alemán, de construir um "dispositivo

transcender”14 para sustentar a psicanálise e afiar a ponta da

13 Jacques LACAN “Função e campo da fala e da linguagem” em Escritos, Seuil, Paris, 1966, p. 240.

14Jorge ALEMÁN “A conjectura antifilosófica. Entrevista com Carlos Gómez” em Lacan e o debate
posmoderno, Madrid, Miguel Gómez, 2013, p. 54.

283
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clínico. Estamos cientes do uso do termo "ferramentas" porque


A psicanálise, paradoxalmente, constrói aparatos "não transcendentes" para
de elementos poéticos, artísticos, estéticos e literários para
sua práxis não utilitária. Provaremos que, pelo menos, a tarefa lacaniana de
cruzar esses campos tem o propósito de ontologizar a psicanálise e
desvincular a cura psicanalítica de qualquer "razão instrumental", para
se expressar como Habermas, ou de uma possível apropriação utilitária.
Para resumir e dar um passo adiante: literatura, estética, arte e
criação constituem domínios vizinhos e próximos da poesia que
características importantes para abordar poeticamente o
psicanálise; não pretendemos definir ou
considerar como conhecimento já construído. Em vez disso, nossa tarefa será
mostrar como essas dimensões têm “características” ou pontos cruciais
para a psicanálise. Nomearemos os usos, empréstimos e pontos extraídos
nesses campos o viés lacaniano para o território da poesia ou uma abordagem
lado do Poema15. O que é Poesia (em maiúsculas)? Não é sobre o
poesia como um gênero literário ou o ato de criar poesia, mas
considerar o Poema como a pureza de toda arte, de um "pensamento poético" ou de
a estratégia geral de considerar todos os outros campos mencionados
(criação, arte, literatura, estética). Nesse sentido, concordamos com
Heidegger16 :
A poesia vem sob o Poema, assim como a arquitetura, a escultura ou
música. Qualquer obra de arte é, portanto, Poema, na medida em que se enraíza na
desdobramento ou o ser da fala, que por sua vez não é Urpoesie (poesia
primordial) só porque é Poema.

15 Na introdução distinguimos o poema (em minúsculas) do Poema (em maiúsculas e às


vezes em itálico). O caso é semelhante para Poesia e Poesia.
16 Martin HEIDEGGER, Caminhos que não levam a lugar nenhum, Paris, Gallimard, 1980, p. 84.
Os grifos são do autor.

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É impossível que Lacan não tivesse conhecimento dessa concepção de Poema em

Heidegger, como admitem sua tradução para o francês de Logos e seus escritos

Função e campo da fala e da linguagem na psicanálise17. Na verdade, Alan

Badiou, como lacaniano, também está em continuidade com essa forma de pensar

o Poema18. Basicamente, o Poema é o trabalho da linguagem sobre a linguagem,

qualquer linguagem: artística, arquitetônica, pictórica, fotográfica,

etc Além disso, o Poema transmite um pensamento. O pensamento e a linguagem são, portanto,

essencialmente as questões de Heidegger e Badiou. Isso é por que

que optamos por escrever Poema ou Poesia com letra maiúscula. Ainda existe

outra razão: assim como vamos reagrupar a função poética, a

A poiêsis grega , a Dichtung de Heidegger e a lalíngua na categoria

"Poema", também vamos reunir as "características" e os pontos cruciais da

estética, literatura e arte sob o mesmo termo.

Esta estratégia nos permitirá fazer genealogia com preocupações

heideggerianos, e para nos dar um panorama mais amplo da questão do poema

em Lacan. Normalmente, as abordagens teóricas e clínicas do poema

lacanianos se limitam a intervenções, ou seja, a interpretações sobre o

ambiguidades linguísticas: homofonia, transliteração, ambiguidades

gramatical, etc A afirmação anterior em detrimento das outras dimensões

poéticas ( Poesia ou Poema) como gêneros literários, retórica,

função poética, a criação pela metáfora, a disjunção do enunciado e da

a enunciação, a neutralização das dimensões "ontologizantes" do

psicanálise, o forçamento dos limites da linguagem, entre outros.

Em Lacan, vamos encontrar dois movimentos – não explicados por

ele – dentro do Poema. O primeiro movimento diz respeito ao reagrupamento

17 Lacan não é explícito nesse ponto. No entanto, sua resposta à objetivação, ou seja, à biologização da
psicanálise e precisamente da poesia (cf. a epígrafe de Função e campo).
Vários textos foram dedicados a esta questão, notem-se os de Héctor LÓPEZ (Lo fundamental de Lacan en
Heidegger, Buenos Aires, Letra viva, 2011) e o de François BALMÈS (O que Lacan diz do ser, Paris, PUF,
1999).
18 Alain BADIOU, Manifesto for Philosophy, Paris, Seuil, 1989, Alain BADIOU, Conditions, Paris, Seuil, 1992
e Alain BADIOU, Little Handbook of Unsightly, Paris, Seuil, 1998.
19 Jean-Luis SOUS, Equívoco interpretativo. Seis momentos de Freud a Lacan, Paris, Le bord de l'eau, 2014.

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elementos da estética, da arte, da criação e da literatura dos quais Lacan extrai

pontos inebriantes e "características" para a psicanálise. O segundo movimento

visa a transformação desses elementos em termos propriamente lacanianos,

transformação que gostaríamos de chamar de "subversão" ou "torção interna",

e que leva a termos como lalíngua, metáfora paterna,

equívoco homofônico ou a função da escrita.

Como já observamos, Poesia, Poema , não são um

recurso decorativo, um ditado passável, a expressão psicológica das emoções

interno, um gênero literário, uma comunicação metafórica, uma narrativa

estética, uma afirmação análoga ou a produção de efeitos de movimento,

ardente ou divertido. O Poema trata do aspecto estético, criativo ou

artísticas que são anti-intuitivas, não harmônicas, contra-intuitivas e criativas

sem precedente. Esta criação ultrapassa os limites da linguagem ao introduzir novos

turnos, expressões, palavras, operadores lógicos, texturas ou

possibilidades sem precedentes em uma língua. Por isso, pelo menos para Lacan,

o Poema está mais próximo da modernidade – que se afasta da linguagem natural ou

qualquer representação – nada mais que o romantismo – que concebe a mente como um

profundidade e uma predominância de sentimentos.

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3.2. Freud e a poesia

Como é difícil para o psicanalista encontrar algo novo que


um criador literário não teria conhecido antes dele.

–Sigmund Freud, Psicopatologia da Vida Cotidiana

Mas são preciosos aliados [os Antigos] a quem os poetas


e nós devemos dar grande valor ao seu testemunho, porque
sempre tiveram entre o céu e a terra uma infinidade de coisas com
as quais a nossa sabedoria escolar ainda não pode sonhar. Na
psicologia eles estão bem à frente de nós, pessoas comuns,
porque eles extraem de fontes que ainda não tornamos acessíveis.
Ciência.
–Sigmund Freud, Delirium and Dreams in W. Jensen's
Gradiva

A questão do estilo literário, e da literatura em geral, interessou


psiquiatras durante a primeira metade do século XIX, quando a psiquiatria
em estado de nascimento: as cartas, os escritos de pacientes internados

expressão privilegiada da loucura, mas, ao mesmo tempo, uma forma de tomar


carregar essa loucura e às vezes como meio terapêutico. que os escritos de
pacientes são considerados modelos de observação médica é surpreendente

hoje. Desde logo, porque a observação não é "observada", a literatura


cama. A psiquiatria era basicamente uma prática de leitura.

Como observa Erik Porge20, a psiquiatria do século XIX inventou uma


novo gênero literário: a literatura do louco. Ao contrário, o
psiquiatras também se tornaram escritores, não por uma razão terapêutica,
mas para a transmissão de casos. Os psiquiatras emprestaram
personagens literários a escritores para usá-los como tipos clínicos:
“Pinel em La Bruyère, Esquirol em Cervantès ou Le Tasse. Balzac é

particularmente apreciado”21. Essa herança literária, o gênero da literatura de


alienado, foi retomado por Freud, que deu continuidade a essa tradição literária do

20 Erik PORGE “Lacan, a poesia do inconsciente” em Éric MARTY (Ed.) Lacan e a literatura, Paris, O
martelo sem mestre, p. 62.
21 Idem.

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psiquiatria. Um dos "casos" clínicos "canônicos" de Freud foi retirado de um texto


escrito por um paciente: as Memórias de Schreber.

O vaivém dos recursos literários em psicanálise não deve


confundir. Não mais do que o Prêmio Goethe, que reconhece talentos literários em

língua alemã, foi concedido a Freud22. Embora o reconhecimento da


tradição literária da psiquiatria deve ser comprovada em Freud23, a questão
crucial é a transmissão da experiência clínica através

da literatura. O que impressionou tanto os escritores quanto o público em geral da


O caso de Freud é seu estilo literário; estão escritos como se fossem
romances! “Ao contrário da literatura científica, não há fronteira

estabelecido entre a popularização analítica e a apresentação dos fundamentos da


psicanálise”24 afirma Porge. Mas essa popularização/declaração dos fundamentos
é escrito como um romance e não como um poema. Por que o relato de caso
clínica é apresentada como um romance em vez de uma anotação ou

arquivo com um índice de sintomas? Existe um gênero literário


mais adequado para transmitir o que acontece na psicanálise? O inconsciente é
por natureza literária?
Em Delírio e Sonhos no Freud "Gradiva" de W. Jensen

pergunta se "a apresentação poética da gênese de um delírio pode fazer frente à


sentença da ciência"25, respondendo que a solução para a questão é
inesperado, invertendo a posição da ciência. De fato, a falsa ciência

para Freud, ele se contenta em descrever e classificar fenômenos psíquicos,


enquanto a ciência real deve dar conta das questões de causalidade. Freud

22 O Prêmio Goethe é um prêmio cultural alemão concedido pela cidade de Frankfurt-am-


Main desde 1927. Freud recebeu o prêmio em 1930, é uma história bastante conhecida.
No entanto, é menos conhecido que desde 1964 existe um prêmio intitulado "Prêmio
Sigmund Freud para prosa científica", uma distinção concedida pela Academia Alemã de
Língua Oral e Escrita (Deutsche Akademie für Sprache und Dichtung).
23 “Assim o poeta não pode dar lugar ao psiquiatra e o tratamento poético de um tema
psiquiátrico pode levar a um resultado correto sem perder sua beleza”. Sigmund FREUD
"Delirium e sonhos na Gradiva de W. Jensen" in Complete Works, vol. VIII, Paris, PUF,
2010, p. 77-78.
24 Ibid., pág. 61.
25 Sigmund FREUD, "Delirium and Dreams in W. Jensen's Gradiva", p. 87.

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retoma uma questão colocada a partir de seus primeiros casos de histeria: não basta
descrever a cura, deve-se procurar os mecanismos psíquicos da histeria para
conseguir curá-la. O ponto preciso é o seguinte: a ciência deve formar uma aliança
com a literatura para garantir, paradoxalmente, a cientificidade, ou seja,
explicar fenômenos de maneira complexa, em vez de apenas
simplicidade de descrição.
Por exemplo, Freud descobre desde cedo que uma das operações que
responsável pelos traumas é o après-coup [Nachträglichkeit], ou seja ,
dizer uma temporalidade de natureza psíquica que explica a patogênese da
neurose. Trauma é trauma na medida em que há

outro evento que, posteriormente, desencadeia retrospectivamente as impressões


do primeiro trauma. O trauma é duplo, pois seu segredo é
dado pela temporalidade do après-coup que articula o primeiro momento com o
segundo – o último dando status originário ao primeiro. A organização
material clínico literário pode refletir a complexidade entre o
dimensão diacrônica e a dimensão sincrônica do caso.
A apresentação dos casos em forma romana reflete a natureza do
o próprio inconsciente. Tomar notas durante a sessão é desencorajado por Freud,
não apenas por causa das dificuldades em manter a atenção flutuante
[gleichschwebende : em igual suspense], mas porque não tem uma função
científico, nem mesmo transmissão de conhecimento: “a precisão aparente é
de natureza psiquiátrica e cansa o leitor, não substitui a
presença na reunião e não tem valor demonstrativo”27. Em outros
termos, a verdade da experiência analítica não é adequada à exatidão –
valor primário da ciência – de tomar notas. A narrativa ordena

26 "Além disso, gostaríamos de repetir, o poeta nos deu um estudo psiquiátrico inteiramente
correto pelo qual podemos medir nossa compreensão da vida da alma, uma história de
doença e cura com a intenção de inculcar certas doutrinas fundamentais da psicologia
médica. Sigmund FREUD "Delirium e sonhos na Gradiva de W. Jensen" in Complete Works,
vol. 8, Paris, PUF, 2007, p. 77.
27 Sigmund FREUD, “Aconselhamento aos médicos sobre tratamento analítico” em La técnica
psychanalyse, Paris, PUF, 1967, p. 62-64. Citado por Erik PORGE, op. cit., pág. 63.

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senão a cronologia e o arranjo, deformações que, por outro lado,


restaurar a temporalidade do desvelamento da experiência psicanalítica. Para
Por isso, o Prêmio Goethe não pode ser um reconhecimento "irônico" da
tipo "Freud não é suficientemente científico, a prova é justamente que ele ganhou
um prêmio de literatura", ao contrário, seu estilo literário o torna
experiência clínica mais rigorosa e científica28 :
A verdade só aflora no universo da ficção e escapa
o expediente naturalista do corte de vida e da gravação síncrona.
Freud deve medir-se com sua própria capacidade de exibir, com seus dons
de escritor.

Transmitir a experiência clínica psicanalítica de forma científica e


rigoroso : esta é a primeira função poética que encontramos em Freud.
Pois a natureza do inconsciente é de certa forma "literária", Freud
na Poesia um suporte para a divulgação ou transmissão da psicanálise.
Podemos avançar agora na segunda função: os poetas
antecipar certos fenômenos que a psicanálise desdobrará em um
cientista. Devemos desenvolver essas intuições, dar-lhes um
racionais e implantá-los com rigor por meio da ciência, tarefa que Freud
decididamente assumir.

Por exemplo, algumas tendências psicológicas que Freud encontra em


sua clínica são encarnados por certos personagens da literatura,
assim antecipado pela psicanálise29 :
O trabalho analítico nos mostra facilmente que são poderes do
consciência moral que proíbe a pessoa de retirar-se de uma emenda
muito feliz o ganho tão esperado. Mas é uma tarefa difícil
aprender a reconhecer a natureza e a origem dessas tendências vigilantes
e punitivo que muitas vezes nos surpreendemos ao ver existir onde não

28 Mario LAVAGETTO, Freud posto à prova pela literatura, Paris, Seuil, 2002, p. 227. Citado por Erik
Porge, Ibid., p. 63.
29 Sigmund FREUD “Aqueles que falham por causa do sucesso” em Obras Completas, vol. 15,
Paris, PUF, 1996, p. 23.

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não esperava encontrá-los. Pelo que sabemos ou presumimos sobre isso, eu

queremos, pelas razões que sabemos, discutir não sobre casos extraídos de

observação médica, mas em figuras que grandes poetas deram à luz


de seu conhecimento superabundante da alma.

Os poetas não apenas antecipam tendências psíquicas antes do

psicanálise, mas também foram capazes de descrever a vida amorosa e o aborrecimento

ódio. É esse conhecimento literário que permite explicar a complexidade dos casos

clínicas30 :

Somos assim obrigados a dar razão aos poetas que nos retratam com

predileção de pessoas que amam sem saber ou que não sabem se

amam, ou que acreditam que odeiam quando amam.

Às vezes os poetas colhem histórias populares e as expressam de forma

trágico, cômico ou épico31 : "A alma popular sabe algo sobre isso e

Poetas têm ocasionalmente feito uso deste material. Em uma comédia

Anzengruber apresenta um jovem camponês ingênuo que se deixa dissuadir

casar com a noiva que se destina a ele porque é 'uma cadela que vai custar o

vida ao seu primeiro.

Às vezes também acontece que as antecipações literárias criadas por

poetas adquirem o status de conceito. O exemplo mais conhecido é o drama

descrito por Sófocles32 :

Toda uma série de sugestões procedeu para mim do complexo de Édipo,

Gradualmente, reconheci a onipresença. Se, desde sempre, a escolha, mesmo a

criação deste material horrível tinha sido enigmático, assim como o efeito

esmagadora em sua apresentação poética e a essência da tragédia do destino em

geral, tudo isso se explicava pelo reconhecimento do fato de que aqui havia sido apreendido

em todo o seu significado afetivo uma conformidade com as leis específicas para o futuro

30 Sigmund FREUD “Sobre a psicogênese de um caso de homossexualidade feminina” em Obras


Completas, vol. 15, Paris, PUF, 1996, p. 257.
31 Sigmund FREUD “O tabu da virgindade” em Obras Completas, vol. 15, Paris, PUF, 1996, p. 94.
32 Sigmund FREUD “Auto-apresentação” em Obras Completas, vol. 17, Paris, PUF, 1996, p. 110-111.

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comovente.

É importante notar que nesta última citação há uma

cruzamento entre a cristalização de um conceito (às vezes, o complexo

de Édipo) e o gênero literário: a tragédia. Mais uma vez um gênero literário

pode explicar a vida da alma com complexidade e rigor.

Outro exemplo de intuição da vida da alma através da literatura – e não

filosofia, ciência ou religião – é o impulso, este “além do princípio

de prazer”33 :
Construímos uma série de conclusões com base na

pressuposição de que tudo o que está vivo deve necessariamente morrer por
causas internas. Fizemos essa suposição sem nos perguntar mais do que
questões precisamente porque não nos aparece como uma hipótese.
Estamos acostumados a pensar assim, fortalecidos nisso por nossos poetas.

A hipótese sobre a unidade deve submeter-se a comprovação científica, tal é a

método freudiano: "Não deixamos, portanto, de nos voltar para o

ciência biológica para colocar essa crença à prova. finalmente, o

os poetas também anteciparam mecanismos psíquicos autênticos. Freud nós

lembra que diante da busca de situações patogênicas, pela repressão do

sexualidade, os sintomas surgem como formações substitutas do reprimido.

Essa repressão vem, diz Freud, das impressões sexuais do primeiro


anos de infância. Assim35 :

Isso resultou no que poetas e conhecedores de seres humanos


sempre afirmou, a saber, que as impressões desse período inicial da vida,
embora geralmente sucumbam à amnésia, deixe no
desenvolvimento dos traços individuais indeléveis, que em particular eles
estabelecer a disposição para afecções neuróticas posteriores.

33 Sigmund FREUD “Além do Princípio do Prazer” em Obras Completas, vol. 15, Paris, PUF, 1996, p.
317.
34 Idem.
35 Sigmund FREUD “Auto-apresentação”, op. cit., pág. 88.

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Em resumo: a antecipação de certos fenômenos psíquicos e a explicação

de certos mecanismos constituem dois exemplos da poética em Freud. Todo

isso contribui para a construção de conceitos psicanalíticos. Nós podemos

acrescentar também um terceiro exemplo: a configuração das formações de


o inconsciente.

Freud percebeu muito cedo as intuições psicológicas na poesia e

na literatura. É poesia que olhou para memórias

infância, desejos, sonhos e fantasias, todos esses elementos desprezados por

Ciência. Assim, Freud encontra na poesia não apenas um suporte

epistemológica, mas também uma antecipação do que a psicologia

"cientista" se desenvolverá. Este ponto é importante, pois está ligado à ideia

que a epistemologia francesa permite a Lacan pensar a alternativa

matemática versus ontologização do ser na psicanálise. Por quê ?

Uma vez que a lição dos epistemólogos franceses foi a localização do pensamento

em um todo maior do que os protocolos da ciência deram: a

poesia, matemática, religião ou filosofia contêm

operações de pensamento.

Além disso, Freud também descobriu que a aceitação da psicanálise é

mais favorável em culturas mais sensíveis à literatura. Na França

a resistência contra a psicanálise vem antes da psiquiatria e da

psicologia, enquanto não havia oposição feroz nas belas letras


e as chamadas “ciências humanas”37 :

Na França, o interesse pela psicanálise começou com os homens da literatura.


Para entender isso, devemos lembrar que com a interpretação do sonho, o
a psicanálise ultrapassou os limites de uma questão puramente médica. Entre seu
entrou em cena na Alemanha e agora na França são seus múltiplos

36 "Ressaltar que as pesquisas nascidas da ficção poética autorizam as mesmas


interpretações que as reais, que estão, portanto, em ação na produção do poeta os
mecanismos do inconsciente que conhecemos do trabalho dos sonhos". Sigmund Freud
"Delirium and Dreams in W. Jensen's Gradiva", op. cit., pág. 41.
37 Sigmund FREUD “Auto-apresentação”, op. cit., pág. 110.

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aplicações aos campos da literatura e ciência da arte, história


religiões e pré-história, mitologia, etnologia, pedagogia, etc.

Em suma, temos três formas em que Freud usa a literatura


e poesia: 1) a transmissão da experiência clínica psicanalítica
uma forma literária graças às questões psicanalíticas da natureza
(temporalidade, organização do material inconsciente etc.); 2) os poetas e os
literatura antecipa fenômenos e avança intuições que a psicanálise
irão se desenvolver através da ciência e possivelmente colocá-los à prova de
método científico; essas intuições e fenômenos incluem as tendências de
alma, mecanismos psíquicos, conceitos psicanalíticos e formações de
o inconsciente; e 3) a psicanálise tem o suporte epistemológico da literatura
desenvolver elementos desprezados pela ciência (fantasias, memórias, palavras
da mente, etc); esse suporte epistemológico não é apenas antecipar ou
explicar o que a ciência rejeita, mas como se se contentasse com uma riqueza
explicação ainda não formalizada.
Até aqui, mencionamos três abordagens da Poesia em Freud:
transmissão e disseminação da experiência psicanalítica, antecipação de
fenômenos a serem verificados pela ciência e suporte epistemológico para implantar
elementos desprezados pela ciência. A quarta abordagem é a criação. Três
formas de criação existem em sua obra: brincadeiras infantis, sublimação e
o Witz [witz]. Os dois últimos incluem a criação literária,
poesia e arte em geral.
Desde logo, a brincadeira infantil e a poesia, por exemplo, têm a mesma origem:
fantasias. Essas fantasias sempre têm dois lados: "ou são
desejos ambiciosos que servem para exaltar a personalidade, sejam desejos
erótico »38. Os jogos são um assunto muito sério para as crianças: sua
trabalho duro envolve uma grande quantidade de investimento emocional. a criança

38 Sigmund FREUD “O poeta e a atividade da fantasia” em Obras Completas, vol. 8, Paris,


PUF, 1996, p. 164.

294
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transpõe em seus jogos as coisas do mundo em uma nova ordem para sua
conveniência. Os adultos devem renunciar à criação desses mundos para

atender as demandas da realidade, mas os investimentos continuam e a


a demanda de prazer permanece: eles os transformam em fantasias. O poeta, o artista,

o escritor age, nesse sentido, como uma criança brincando: "ele cria uma

mundo de fantasia que ele leva muito a sério, ou seja, ele confere grande
quantidades de afeto, separando-o estritamente da realidade”39.

Para tornar a conexão mais visível, Freud nos lembra que a linguagem

O alemão manteve o parentesco entre o brincar infantil e a criação poética em sua

etimologia. Com efeito, as composições artísticas que requerem um

consolidação por meio de objetos "palpáveis e passíveis de serem

representado" inclua em sua designação a raiz "Spiele", que significa

"jogos" na linguagem de Freud: Lustspiel = jogo literalmente provocativo


diversão: comédia; Trauerspiel = literalmente jogo causando tristeza ou

luto: tragédia; Schauspieler = literalmente aquele que faz o show:


o ator.

Sobre as fantasias diurnas, Freud, em um de seus contos

palestras introdutórias sobre a psicanálise, aponta a relação entre fantasia e

sublimação. Esta ligação envolve precisamente a arte. Artistas, diz Freud,


distrair da realidade real e mobilizar o seu interesse na "formação

desejo" ou mesmo "o artista também é um introvertido que não está longe de

neurose”40. Não obstante, e inversamente, que nos neuróticos, o resultado da

a libido está mais ligada a objetos socialmente valorizados. Essa questão é chamada
sublimação.

A sublimação em Freud é um dos principais destinos da pulsão.

Na sublimação, a pulsão modifica seu objetivo e envolve uma mudança

de objeto. De fato, a pulsão transforma seu objetivo originalmente sexual e permite

39 Ibid., pág. 162.


40 “Entre as forças pulsionais assim utilizadas, os impulsos sexuais desempenham um papel significativo; eles
são então sublimados, ou seja. desviados de seus objetivos sexuais e direcionados a outros, que são socialmente
superiores e não são mais sexuais”. Sigmund Freud “As operações fracassadas” em Obras Completas, vol. 14,
Paris, PUF, 1996, p. 17.

295
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canalização para objetos culturais socialmente aceitos e valorizados.


Essas forças instintivas não são apenas usadas, ou mesmo
sublimadas, pela produção criativa, mas também pelas criações científicas,
educacional, e toda uma lista de atividades socialmente valorizadas. O artista, o

cientista, filósofo ou poeta são capazes de mudar o objetivo sexual


para esses fins sociais ao invés de reprimi-los, o que permite41 :
outros, por sua vez, extraiam consolo e apaziguamento das fontes de prazer
de seu próprio inconsciente, que se tornou inacessível para eles, ele ganha sua
reconhecimento e sua admiração e, portanto, obtém por sua fantasia o que ele
havia obtido antes apenas em sua imaginação: honra, poder e amor
mulheres.

Além dessas duas formas de criação em Freud, o jogo infantil e a sublimação,


encontrar no final de sua palestra "O poeta e a atividade da fantasia" um
mecanismo típico de qualquer criação literária e poética segundo Freud: o
produção de prazer por meio do trabalho inconsciente. Este é o Witz, a palavra
da mente, como uma criação poética. O chiste se comporta como qualquer
formação do inconsciente uma criação e mecanismos semelhantes para sua
Produção. No entanto, nessa formação, a produção do prazer se revela
mais claro.
A esse respeito, Freud visa um duplo objetivo em relação ao Witz : 1)
mostram que o trabalho do sonho, as deformações por condensação e
deslocamento, são também os mecanismos que permitem sonhos diurnos
vulgar para se tornar literatura; 2) também descobrir por meio desses mecanismos
que há uma produção de prazer, ou seja, que a poesia e a literatura
são possíveis graças às apostas da economia psíquica. Em outras palavras, o
a criação literária assume a forma de uma obra psíquica que simboliza, mas
que também é produzido por um lado econômico do prazer. Este lado
A economia também explica como a criação literária gera um

41 Sigmund FREUD “Os caminhos da formação do sintoma” em Obras Completas, vol. 14,
Paris, PUF, 1996, p. 390.

296
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prazer estético: Freud encontra os mecanismos inconscientes do prazer


estética42 :
Está na técnica de superação da dita repulsão, que com certeza tem que
lidar com as barreiras que existem entre cada eu individual e os outros,
que reside a verdadeira Ars poetica.

Já notamos que às vezes Freud fala de criação poética,


outras vezes da "Ars poetica" ou menos frequentemente da literatura quando
refere-se à criação ou sublimação. Essa diversidade de termos se deve a uma

questão de tradução. De fato, a palavra "Dichtung", e seus derivados, que Freud


usos para a poesia, o poeta e a criação também são possíveis de dizer

“ficção”, “literatura”, etc. A entrada "Dichtung" do Dicionário de


intraduzível nos lembra que para traduzir esta palavra do alemão43 :
Francês e Inglês devem usar as palavras literatura (literatura), poesia
(poesia) ou, mais vagamente, ficção (ficção), que certamente se aproximam do
Substantivo germânico, mas de forma alguma esgota suas múltiplas potencialidades
semântica (invenção, fabricação, poesia). A língua alemã sabe

além disso, também, os termos Literatur, Poesie, Fiktion – e Dichtung, enquanto

participante de cada um deles, os engloba e os ultrapassa.

Para nós, essa "intraduzibilidade" do termo alemão "Dichtung" é bastante


frutífera porque mostra que a Poesia (no início em maiúscula) cobre um
vasta como a poesia: arte, literatura, estética, etc. Na verdade, interpretar

"Dichtung" como poesia as traduções de Freud para o francês pertencem a um


tal ambiguidade.

Em resumo, para Freud, a criação assume três formas: brincadeira infantil,


sublimação e espirituosidade. Os dois últimos relacionam-se diretamente com a arte em

enquanto Freud encontrar os mecanismos psíquicos de toda criação artística.

42 Sigmund FREUD “O poeta e a atividade da fantasia” em Obras Completas, vol. 8, Paris,


PUF, 2007, p. 170. 43 Élisabeth DECULTOT “Dichtung” em Barbara CASSIN (dir.), Vocabulário
Europeu de Filosofias.
Dicionário de intraduzível, Paris, Seuil/Robert, 2004, p. 312.

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Além disso, esses mecanismos estão ligados a um tema fundamental para a estética:

o do prazer. Nesse sentido, é importante privilegiar o Witz , pois de fato,

abordagem fundamental para explicar inúmeras criações: contém, em

Com efeito, o "linguístico" e o libidinal brotam da Poesia.

Vamos recapitular. Em Freud, as abordagens poéticas (no sentido amplo da

termo, próximo de Dichtung em alemão) são neste ponto quatro: 1) natureza

do objeto psicanalítico requer uma abordagem “narrativa”; 2) existe no

literatura uma antecipação dos temas posteriormente desenvolvidos pelo

psicanálise; 3) a riqueza explicativa da literatura dá conta dos aspectos

desprezado pela ciência e que a psicanálise usa como suporte

epistemológico; e, 4) o fundador da psicanálise encontra as fontes de

criação poética e prazer estético na psicanálise, especialmente na

a economia e o trabalho do Witz, um chiste. Agora

vamos implantar brevemente uma quinta abordagem:

a do mito e a psicologia dos povos. Em artigos como

que "Paralelo mitológico com uma representação de restrição de ordem

plástico", "Sonhos no folclore" e "O poeta e a atividade da fantasia"

Freud desenvolve a ideia de que os mitos têm uma verdade psíquica mais profunda

apenas uma história simples. Às vezes os poetas em sua articulação de fantasias

poemas, sem saber, emprestam "temas prontos, como

os antigos autores de épicos e tragédias, para aqueles que parecem criar

seus temas livremente. Freud conclui que45 :

os temas são dados, eles vêm do tesouro popular de mitos, lendas


e contos. No entanto, a investigação dessas formações relacionadas à psicologia da
povos não é de forma alguma completa, mas, quando se trata de mitos, por exemplo,
é bastante provável que correspondam aos restos deformados de
desejando fantasias de nações inteiras, aos velhos sonhos dos jovens
humanidade.

44 Sigmund FREUD “O poeta e a atividade da fantasia”, p. 167.


45 Ibid., pág. 169-170.

298
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A importância deste assunto não é o suposto "inconsciente coletivo" e sua

"arquétipos", mas o fato de que em histórias, mitos e contos populares

há uma verdade psíquica que só é expressa por esse meio. Em Freud isso

hipótese é importante para compreender a cultura, mas também para estabelecer

como certos mitos e contos populares transmitem uma "psicologia

Povos ". É Lacan quem vai tirar todas as consequências desse passo

freudiana através do estruturalismo francês, notadamente com a leitura

Freudiana que vai segurar Claude Lévi-Strauss. Este passo mais do que Lacan dá

essa direção lhe permite "despsicologizar" a psicanálise evitando qualquer

"ontologização" do tipo "arquetípico" onde certos dramas da vida

psíquicas são transmitidas pelo "inconsciente coletivo" ou por uma suposta forma

genético.

síntese freudiana

Se a teoria do inconsciente pode ser formulada, é


porque já existe, fora do terreno estritamente clínico, uma certa
identificação de um modo inconsciente de pensamento, e
porque o terreno das obras de arte e da literatura se define
como o domínio do pensamento. a eficácia privilegiada desse inconsciente.
–Jacques Rancière, O inconsciente estético.

O interesse de Freud pela literatura, arte, poesia, estética, mas também pela

mitos e lendas da tradição popular, tem como objetivo identificar a forma como este

que não pode ser pensado, que é inconsciente, encontra um modo de presença

na área sensível. Em outras palavras, a própria natureza dos problemas

psicanalítica vai além do que pode ser formulado pela ciência:

suposições arriscadas, material clínico ou fenômenos sem importância

para a ciência, como erros ou piadas.

Que os problemas e questões psicanalíticas vão além do quadro

protocolos científicos não implica o cancelamento ou desvalorização do

Ciência. Ao contrário, existe em Freud uma relação complexa entre

ciência e Poesia (no sentido ampliado que propusemos). Às vezes o

299
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intuições literárias ou hipóteses arriscadas são postas à prova


Ciência. Aqui temos uma relação de complementaridade: ainda que a Poesia deva
subordinar-se aos princípios da ciência, as grandes intuições são dadas
pelo primeiro. A ciência parece impotente para produzir essas intuições
cru. Nem a ciência pode ser rigorosa no que diz respeito a
materiais clínicos. A poesia mostrou um problema filosófico
insuperável naquele momento para a ciência: a relação entre representação e
realidade. Um velho problema para a literatura, para o qual a questão não é a
representação fiel à realidade. Essa pergunta é fundamental para o
psicanálise, porque a realidade psíquica não acontece no mundo
dia a dia. A ciência é, portanto, impotente, porque carrega a suposição
filosófico do que o filósofo Richard Rorty chama de "o espelho da
gentil”46. A ciência da época trabalhava dentro do paradigma que afirmava
essa teoria é uma representação da realidade, um espelho da natureza. O
A literatura, paradoxalmente, forneceu um recurso mais rigoroso para
solicitar o material clínico, pois sua natureza o exigia.
Erik Porge nos lembra de um detalhe sobre as anotações de Freud para
evitar a tentação "realista", ou seja, a tentação de ler as notas como

uma representação exata da realidade, ou seja, um “espelho da natureza”47 :


O caso de Erns Lanzer, indevidamente renomeado pela comunidade analítica
Rat Man, constitui um texto privilegiado para estudar esta passagem de
relatar da observação à narrativa sujeita a restrições
literária, pois temos o diário que Freud manteve das primeiras sessões
e redação final do caso para publicação. Em particular, podemos
perceber que o próprio Diário contém os vestígios dessa passagem em uma
mudança de enunciado (endereço implícito a uma audiência potencial, ponto de vista
temática e não cronológica...).

46 Richard RORTY, Specular Man, Paris, Seuil, 1990.


47 Erik PORGE “Lacan, a poesia do inconsciente”, op. cit., pág. 64.

300
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Estaríamos errados em pensar que essas "restrições literárias" são ruins

representações de sua clínica. O jornal mudou seu estilo literário, levando

notas do próprio Freud sofreu mutações. A apresentação dos casos e as notas

relação mais próxima da realidade – mudaram. Freud foi das notas

cronológica e a clássica “epicrisis”48 da tradição médica, ao tomar

notas divididas por temas e uma ambientação em "romance". A conclusão é óbvia: a

a própria natureza do caso exige uma redação mais adequada. A questão do estilo

e o gênero literário torna-se inevitável para Freud.

De fato, Freud retoma uma tradição que começou na psiquiatria,

o da literatura psiquiátrica. Não é insignificante que os termos "sadismo"

e “masoquismo” teorizados pela psiquiatria são nomes derivados da

literatura. Freud transforma essa herança da psiquiatria em literatura visando

uma perspectiva epistemológica.

Produziu então um estilo literário rigorosamente mais adaptado ao

natureza dos fenômenos psicanalíticos. A transmissão de casos clínicos para

usar uma escrita de gênero literário está em continuidade com a herança

psiquiátrico, isto é, elevado ao status de conhecimento construído

epistemologicamente. Aqui, ciência e literatura se misturam tão

epistemológica devido à natureza dos fenômenos psicanalíticos. Aqui está o

questões da escrita literária em Freud.

Soma-se a isso a antecipação das questões psicanalíticas por meio da Poesia.

De fato, a literatura não é apenas um campo de aplicação da

a psicanálise é também um campo de confirmação das descobertas

psicanalíticos nos personagens, histórias ou temas da literatura.

É para Freud uma antecipação de conceitos, hipóteses e

fenômenos ignorados e desprezados pela ciência. Suas intuições, aos olhos de

48 O dicionário Larousse define epicrise da seguinte forma: “Na medicina, todos os fenômenos decorrentes
da própria crise e que completam seu significado e prognóstico”. É preciso enfatizar o "consecutivo" para
notar a mudança de Freud para um estilo mais "ficcional".
A epicrise era clássica em Freud no final de casos como o de Hans, Dora ou os dos Estudos
sobre a Histeria. Cf. Epicrise. (sd) no dicionário Larousse online .
Recuperado de http://www.larousse.fr/dictionnaires/francais/épicrise/30358

301
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Freud, deve ser desenvolvido de forma científica e, acima de tudo, deve


ser clinicamente testado. Estes dois últimos pontos podem resumir
as relações entre ciência e poesia em Freud:

a) A escrita literária torna a psicanálise mais rigorosa, mais


cientista. Ou seja, há uma relação epistemológica entre ciência e
Poesia.

b) Poesia e ciência têm uma relação complementar; o primeiro acordo


intuições, hipóteses e fenômenos que a ciência não pode
imaginar, conceber ou registrar – e nem o
filosofia –, a segunda confere o status de conhecimento aos seus materiais
antecipada pela Poesia.

Freud concebe três formas de criação: brincadeira infantil, Witz e sublimação


(que constitui o passo da fantasia para o artístico, científico ou
qualquer atividade socialmente valorizada). O Witz – a frase espirituosa – nos dá uma
chave privilegiada para compreender o que Lacan chama de "as formações de
o inconsciente": atos fracassados, sonhos e sintomas. O Witz e, por
Conseqüentemente, todos os tipos de formações do inconsciente têm um lado
simbólico -condensação e deslocamento- e outro lado libidinal ou
de prazer, isto é, uma economia de gozo. Que abre a porta para
pulsão, desejo e sexualidade. Isso significaria que a poesia e a arte
fontes de natureza libidinal e sexual. Assim, Freud criou uma nova

campo para pensar a dimensão poética a partir da psicanálise: da


da estética à poesia através da arte e da escrita literária49.
A conexão entre as formações do inconsciente e a economia libidinal é

claramente visível em 1903, ano em que Freud escreveu simultaneamente "O traço

49 As compilações, em francês, dos ensaios de Freud sobre literatura constituem um


exemplo do poder teórico da psicanálise para pensar esta última. Cf. Sigmund FREUD,
Freud e a criação literária, Paris PUF, 2010. Esta coleção inclui ensaios como “Personagens
psicopatas no palco" ou "O interesse da psicanálise pela estética".

302
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da mente" e "Três ensaios sobre uma teoria sexual". Nós não consideramos

que um certo "big bang" das abordagens literárias de Freud é um

coincidência. Certamente, em 1906, quando a relação entre as formações de

inconsciente, a economia libidinal e a sexualidade já estavam estabelecidas, uma espécie de

big bang de obras literárias em Freud50 ocorreu. O ponto de partida de

essa abordagem é encontrada em seus escritos sobre Jensen e em "O Poeta e a Atividade
fantasia”51.

O ponto de chegada dessa abordagem literária traz Freud ao

psicologia dos povos e a questão do mito. Muito cedo, Lacan tomará a

vem de Freud nesse ponto, ao formalizar o mito e essa psicologia da

povos através do estruturalismo e da filosofia de Heidegger. Esta afirmação

Lacan sintetiza os esforços de formalização por meio dos quais desdobrou essa

pergunta é a seguinte: "Esse é o mito, a tentativa de dar forma épica

ao que acontece a partir da estrutura”52.

As preocupações literárias e poéticas freudianas serão retomadas por Lacan. No entanto,

serão reelaborados e aprofundados com a ajuda da filosofia, antropologia,

matemática ou epistemologia. Como já vimos, a teoria da


matema em Freud é inexistente; as formalizações são herdadas do

física ou química. A ausência de interesse matemático de Freud é notável.

50 Sigmund FREUD [1909] “Uma memória de infância de Leonardo da Vinci” em Obras Completas, vol.
10, Paris, PUF, 1996; Sigmund FREUD [1911] “Sonhos no folclore” em Obras Completas, vol.
11, Paris, PUF, 1996; Sigmund FREUD [1913] “Materiais de contos em sonhos” em Obras
Completas, vol. 12, Paris, PUF, 1996; Sigmund FREUD [1916] “Paralelo mitológico com uma
representação da restrição plástica” em Obras Completas, vol. 15, Paris, PUF, 1996; Sigmund
FREUD [1917] “Uma memória de infância de Poesia e Verdade” em Obras Completas, vol. 15,
Paris, PUF, 1996; Sigmund FREUD [1918] “O Estranho” em Obras Completas, vol. 15, Paris, PUF,
1996.; Sigmund FREUD [1919] “Prefácio a Theodor Reik” em Obras Completas, vol. 15, Paris, PUF,
1996; Sigmund FREUD [1928] “Dostoiévski e o assassinato do pai” em Obras Completas, vol. 18,
Paris, PUF, 1996; Sigmund FREUD [1930] “Prêmio Goethe 1930” em Obras Completas, vol. 18,
Paris, PUF, 1996; Sigmund FREUD [1935] “Para Thomas Mann por seu 60º aniversário
aniversário” em Obras Completas, vol. 19, Paris, PUF, 1996; Sigmund FREUD [1937] “O homem
Moisés. Um romance histórico” em Obras Completas, vol. 20, Paris, PUF, 1996.
51 Sigmund FREUD [1906] “Delirium e sonhos na Gradiva de W. Jensen” in Complete Works, vol.

8, Paris, PUF, 1996; Sigmund FREUD [1907] “O poeta e a atividade da fantasia” em Obras
Completas, vol. 8, Paris, PUF, 1996.
52 Jacques LACAN, “Televisão” em Outros escritos, Paris, Seuil, 2001, p. 532.

303
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Por outro lado, Lacan confia fortemente na matemática. Ela

conhecimento nesta área é vasto e variado. Este último ponto nos dá uma

indicação preciosa: o matema e o poema em Lacan não constituem uma

pares excluídos, eles não são incompatíveis ou opostos. Por exemplo, Lacan pode

ir mais longe do que Freud no que diz respeito ao mito graças à formalização por

através do estruturalismo ou do grupo de Klein. Com Lacan, o rigor

e o que prolonga as intuições poéticas não é a ciência, mas a

matemática como a raiz de qualquer verdadeira revolução científica – isso é

da tese do Galileanismo lida por Koyré. Às vezes, em Lacan o Poema é Mathème,

e vice versa. A formalização do mito, no início Lacan nomeou o matema

Lévi -Straussian mythème , é uma fonte poética já formalizada . Outro

O recurso poético formalizado é a linguística que Lacan importou de

Jakobson e Saussure via Hjelmslev. Por outro lado, o Matema é um

criação e, nesse sentido, é Poema por etimologia: poêin (como

criação ex nihilo) ou Dichtung (na medida em que a matemática tem uma estrutura

fictício53).

Freud se afastou da filosofia para dar lugar à psicanálise e

não confundir o inconsciente filosófico com o inconsciente psicanalítico

– tese bem conhecida trabalhada por Paul-Laurent Assoun54. Lacan, graças a

Abordagens freudianas da literatura, mas também de sua bagagem

epistemológico, é mais aventureiro e usa matemática e

filosofia para avançar no campo da Poesia. Um dos mais exemplos

conhecido é o seu conceito de sublimação que é um tecido entre o vaso

Heideggeriano, sua leitura de Antígona e o papel da psicanálise na

53 Há matemáticos que conhecem Lacan e que afirmam que a matemática tem uma estrutura de ficção –
usando essa expressão lacaniana. Veja Jean-Pierre CLERO
“Matemática e literatura” em Ensaio sobre a psicologia da matemática, Paris, Ellipses, 2009; Jean-Pierre
CLÉRO “Uma concepção ficcional da matemática” em Ensaio sobre ficções, Paris, Hermann, 2014; Pablo
AMSTER, Fragmentos de un discurso matemático, Buenos Aires, Fondo de Cultura Económica, 2007. A
expressão “matemática tem uma estrutura de ficção” encontra-se no artigo “Las matemáticas de las
mariposas”, Journal Uno, no. 1 de janeiro de 2009.

54 Paul-Laurent ASSOUN Freud, filosofia e filósofos, Paris, PUF, 1976 e Paul-Laurent ASSOUN Freud e
Nietzsche, Paris, PUF, 1980.

304
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estética. Além disso, Lacan extrai consequências éticas para o

psicanálise!

3.3. Lacan e a poesia

Repudio este atestado: não sou poeta, mas poema. E que


está escrito, apesar de parecer um assunto.

–Jacques Lacan, Prefácio à edição em inglês do


Seminário 11

Carimbos de significado, mas com a ajuda do que se chama


de escrita poética, você pode ter a dimensão do que poderia ser a
interpretação analítica.
–Jacques Lacan, O desconhecido que sabe do une-bévue

O nome de Lacan atraiu todos os tipos de adjetivos literários ou artísticos55 :

Barroco, Oulipiano, Mallarmeu, Maneirista, Gongorista, Rococó… O mesmo é verdade

para adjetivos da filosofia: hegeliano, heideggeriano, cartesiano,

platonista. Com Lacan nos encontramos na entrada de um opulento palimpsesto de

complexidades literárias, uma tecelagem de referências explícitas e subterrâneas de

todas as ordens: não só estética, artística, literária, poética, mas

também filosófica, científica, teológica e matemática. Cultura

A enciclopédia de Lacan está presente através de alusões, citações indiretas,


referências implícitas e piscadelas para o leitor informado. Relativo a

referências literárias e poéticas podemos encontrar, por exemplo, nomes

como Blanchot, Chamfort, Sade, Baudelaire, Poe, Duras, Claudel, Gide, Joyce,

Éluard, Hugo, Elliot, Valéry, Queneau, Longus, Beckett, Artaud, Breton,

55 “O estilo de Lacan foi algumas vezes comparado ao de Mallarmé. Curiosamente, não é


com esse poeta que Lacan reconheceu sua dívida, mas com Gongora: “[..] o Gongora da
psicanálise, assim se diz, para servir a você”. Em 1965, em Problemas cruciais para a
psicanálise , ele faz uma homenagem especial ao poema A fábula de Polifemo e Galatéia
em que, segundo ele, foi formado. Ele a cita novamente em 1971 em uma entrevista na
Universidade de Tóquio. A este respeito é surpreendente que o nome de Gongora nem
sequer apareça”. Erik PORGE, "Jacques Lacan, poesia do inconsciente" em Éric MARTY (ed.) Lacan e literatura,

305
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Shakespeare ou Rimbaud. Além disso, seu estilo de escrita inclui um ritmo poético,

um uso literário quase inusitado do ponto e vírgula56 e a mímica

com alguns escritos literários em seus escritos, a saber: Margueritte Duras,

Joyce ou Edgar Allan Poe. Esse mimetismo nos levará à questão do

maneirismo e estilo. Voltaremos a isso no final deste capítulo.

A essas listas podemos adicionar outras invenções e criações

linguísticas que poderiam ser consideradas figuras literárias ou

“licenças poéticas”:

a) Ele fez trocadilhos nos textos mais teóricos (em particular

sua homenagem a Margueritte Duras e as duas conferências sobre "Joyce le

sintoma)

b) Considera os vulgarismos da linguagem coloquial, as dicções, as quedas

ou os ritmos de uma canção ("do que perdura de pura perda ao que

só aposto no pai na pior das hipóteses” em Televisão)

c) Paródia, completa ou retifica expressões famosas (Gérard de

Nerval em O Terceiro)

d) Deságua nos ritmos pré-estabelecidos por outros (o alexandrino de

Boileau na Televisão)

e) Ele cria neologismos (um livro é dedicado aos 789 neologismos

inventado por Lacan57)

f) Alitera significantes e aproveita anagramas (tédio em

recompondo para unário)

g) Ele faz sentir as ambiguidades (deles, dois ou entre vocês são, mortos)

56 “Entre os mais “secretos” (…) está o ritmo. Lacan, ao que parece, tem ritmo na pele, na pele
dos dedos quando segura a caneta, o ritmo dos poetas mais clássicos e o ritmo dos delírios mais
habilmente desgrenhados, como Joyce”; “Não me lembro de quem disse que um escritor pode
ser reconhecido pelo uso do ponto e vírgula. (…) divirta-se estudando o uso do ponto e vírgula
nos Escritos : você verá sua frequência e sua sutileza”; “Lacan, que frequentou uma boa escola,
adora ritmos ternários”. Luis SOLER, “escritor lacaniano” em 2001, Lacan no século, Paris Ed. du
Champ Lacanien, 2002, p. 312, 322 e 328. Cf. também Jacques ADAM “Lacan oulipen? : ponto de
interrogação” em 2001, Lacan dans le siècle, Paris Ed. du Champ Lacanien, 2002.

57 Macrel BENABOU, Laurent CORNAZ, Dominique DE LIEGE e Yan PELLISSIER, 789 neologismos
de Jacques Lacan, Paris, EPEL, 2002.

306
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Este inventário não é exaustivo, apresentamo-lo apenas a título de exemplo.

Podemos encontrar fragmentos, digamos poéticos, em seus Escritos, por

exemplo a quadra de Diana e Actéon no final de "La Chose freudienne" ou a

prosopopeia da Esfinge de "L'étourdit".

Por causa de todos esses recursos literários, poéticos e retóricos

Lacan ganhou a fama de ter mau gosto58 ou um escritor

pesado. Talvez, mas esta escrita não é gratuita. É possível que Lacan

não poderia ter escrito de outra forma. Afirmamos isso, porque Lacan estava bem ciente da

dimensão retórica do inconsciente quando escreve59 :

Freud nos diz que ela se dá na elaboração do sonho, isto é, em sua


retórica. Elipse e pleonasmo, hiperbate ou sílese, regressão, repetição,
aposição, tais são os deslocamentos sintáticos, a metáfora, a catacrese,
antonomásia, alegoria, metonímia e sinédoque, condensações
semântica, onde Freud nos ensina a ler intenções ostensivas ou
demonstrativo, dissimulador ou persuasivo, retórico ou sedutor, incluindo
o sujeito modula sua fala onírica.

De fato, o inconsciente sendo estruturado como uma linguagem - deslizes, sonhos, atos

perdidos, sintomas – constitui o próprio material da psicanálise. Por esta

razão, Freud e Lacan sublinharam várias vezes, no que diz respeito aos ritmos,

aliteração, expressões retóricas, entre outros recursos, natureza

quase literário do inconsciente. Assim, podemos aderir à afirmação

por Erik Porge sobre um “inconsciente estruturado como poesia”60.

Nos escritos e seminários de Lacan, o estilo é poético. Como

analista, segundo alguns depoimentos, seu estilo de interpretação e sua

prática pode ser qualificada como poética61. É possível armazenar o estilo

58 Pierre PACHET “Gosto e mau gosto de Jacques Lacan” em Éric MARTY (ed.) Lacan e
literatura, Houilles, Mancious, 2005.
59 Jacques LACAN “Função e campo da fala na psicanálise”, p. 268.

60 Erik PORGE, Transmitindo a clínica psicanalítica. Freud, Lacan, hoje, Toulouse, Érès, 2005,
p. 65.
61 Cf. Luis SOLER, “escritor lacaniano” em 2001, Lacan no século, Paris Ed. du Champ
Lacanien, 2002; Gérard HADDAD, O dia em que Lacan me adotou, Paris, Grasset, 2002; e Stuart
SCHNEIDERMAN, Jacques Lacan: a morte de um herói intelectual, Massachusetts, Harvard University Press, 1984.

307
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de Freud do lado do romance e às vezes do mito, enquanto o estilo de Lacan é


mais próximo da poesia. Esta última observação nos confronta com
a espinhosa questão de saber se o inconsciente tem uma forma narrativa, digamos
em prosa, ou se seu próprio assunto é poético. Esta pergunta difícil não é
ainda resoluto, mesmo entre escritores e poetas; isto é, se a poesia e
literatura têm um status diferente do pensamento. Seja como for, Lacan explora
seriamente poesia, literatura, linguística, retórica e
questões de prazer estético e criação para fazer perguntas
psicanalíticos e refinando sua clínica. Esses tipos de perguntas vão além
amplamente a simples oposição entre as humanidades e as ciências
natural por seus métodos: hermenêutica ou teoria literária para
primeiro e matemática para o último. Nós já vimos isso
problema nos últimos capítulos, especialmente sobre a subversão da
ciência através da psicanálise através da epistemologia, filosofia
Heideggeriana e linguística. Nós vamos fazer o curso deste
Exploração lacaniana no campo da Poesia.

62 Por exemplo, quando Yves BONNEFOY afirma que "a literatura é uma possibilidade de linguagem, enquanto
de fala" http://cultura.elpais.com/cultura/2014/02/07/actualidad/1391788213_007468.html
do que janeiro de 2016 .
poesia leste uma maneiras consultado
despertar
em 3 de

308
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3.3.1. Lacan, o psiquiatra e poeta surrealista

Coisas que fluem em você com suor ou seiva,


Formas, quer nascidas da forja ou do sangue,
Sua torrente não é mais densa que meu sonho,
E se eu não bater em você com um desejo incessante,

Atravesso sua água, caio em direção à praia Onde


o peso do meu demônio pensante me atrai;
Sozinho ele atinge o chão duro em que o ser se eleva,
Mal cego e surdo, o deus sem sentido.

Mas, assim que cada palavra pereceu em minha garganta,


Coisas que brotam do sangue ou da forja,
Natureza–, me perco no fluxo de um elemento:

O que em mim mexe, o mesmo te levanta, Formas


que em ti escorre o suor ou a seiva, É o fogo que
me faz teu amante imortal.

–Jaques Lacan, Panta rei, Heráclito


(Fragmentos), 6 de agosto de 1929

A histeria é a maior descoberta poética do final do


século XIX.
Luis Aragão e André Breton,
O cinquentenário da histeria

ÿÿÿÿÿ ÿÿÿ tudo flui, é o título que Lacan toma emprestado de Heráclito para um

poema endereçado e enviado em versão manuscrita ao filósofo Ferdinand Alquié.

O 6 de agosto de 1929 escreve este poema que mais tarde publicará sob o nome de

Hiato irracional. O título é inspirado na filosofia de Jacob Bœhme, conhecido

por Lacan através da tese de Alexandre Koyré63 – professor de Lacan em 1922. Nessa

época, Lacan era estagiário de psiquiatria no pronto-socorro de Paris

ao lado de Clérambault e do professor Heuyer no hospital Saint-Anne. a

jovem psiquiatra está pronto para fazer um estágio no Burghölzi em Zurique, precisamente onde

Jung foi o responsável pelo serviço. Trata-se de um Lacan que passa

da neurologia à psiquiatria e cujos primeiros artigos foram publicados entre

1926 e 1932, antes de defender sua tese de doutorado em medicina – intitulada

Sobre a psicose paranóide em sua relação com a personalidade.

63 Alexandre KOYRÉ, A Filosofia de Jacob Bœhme, Paris, Vrin, 1929.

309
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Lacan, primeiro neurologista, depois psiquiatra, publica este

poema na revista surrealista fundada e dirigida pela romancista Lise

Deharme, O Farol de Neuilly. Esta revista viu em seus quatro números

figuras como Brassaï, Raymond Queneau, Robert Desnos, James Joyce,

Claude Senet ou Jean Follain. Contemporânea ao poema, a escrita "O problema da

estilo e concepção psiquiátrica de formas paranóides de experiência.

apareceu na revista surrealista e no estilo batailiano Minotaure, editada por

Albert Skira64. Desta vez, Lacan publicou seu texto ao lado de Picasso, Dali e Leiris.

O artigo viu a luz em junho de 1933 e o poema em dezembro de 1933. Lacan

tinha apenas 32 anos.

Luis Soler afirma que certa revista psicanalítica tem "praticamente

proibido" a publicação de outro poema, sob o aspecto de "um madrigal inédito em

forma de caligrama”66. Ele afirma a existência de um terceiro poema, ouvido em

rádio em 1991. Era também um madrigal, nas palavras de Gennie

Lemoine, "com uma delicadeza, uma elegância e uma perfeição que me

pensar que ele era um poeta, mais seguramente do que os dois poemas apresentados (por

nosso prazer) por você”. A Maison de la Radio recusou-se a comunicá-lo,

ele afirma. É certo que existem outros poemas de Lacan, mas é

perguntando quando poderíamos lê-los. Sabemos que Lacan teve o cuidado de escrever

poeticamente e que ele era uma das elites literárias de seu tempo.

No entanto, nosso interesse não está em Lacan como poeta, mas

sobre os efeitos epistemológicos das primeiras pesquisas do jovem psiquiatra

64 Jacques LACAN, "O problema do estilo e a concepção psiquiátrica das formas paranóicas da experiência" na
Revue Minotaure, Paris, Éditions Albert Skira, junho de 1933 e Jacques LACAN, "Hiatus irracionalis" na Revue Le
Phare de Neuilly, Neuilly-sur -Seine , dezembro de 1933.
65 Para olhar as questões históricas e epistemológicas, convidamos o leitor a ler o essencial artigo de Annick
ALLAIGRE-DUNY, “Sobre o soneto de Lacan”, na Revista L'Unebévue, n. 17, Primetemps 2001, Paris, Ed. L'Unebévue.

66 Luis SOLER, “escritor lacaniano” em 2001, Lacan no século, Paris, Ed. du Champ Lacanien, 2002, p. 314.

67 Idem., pág. 315.


68 Idem., pág. 314.

310
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Parisiense no limiar da psicanálise69. De fato, nos perguntamos por que

Lacan estava interessado em arte, especialmente o surrealismo.

Para começar, diremos que naquela época Lacan estava no ponto

propor seu estágio do espelho, sua primeira invenção psicanalítica, que

toma emprestado da filosofia de Jacob Boehme. Assim como o primeiro poema

escrito por Lacan, também inspirado pela filosofia.

Em seguida, o interesse de Lacan pelo automatismo mental de seu mestre

Clérambault, ao deixar de sotaques organicistas, é uma questão de escrever

automático de Breton71. O resultado se manifesta sobretudo no "Seminário

em A carta roubada" onde o automatismo não será nem espontâneo nem uma palavra poética

à arbitrariedade da imagem, mas fruto das leis da cadeia significante.

Por fim, não podemos negar que assim que seu poema foi publicado,

com outro título revelador, "Hiatus irracionalis", Lacan abre a porta para um

concepção do inconsciente como o que se revela no lapso – rupturas do

discurso – e no fim do real como uma lacuna na realidade. título e poema

contém a semente e a intuição original da diferença entre o real e o

realidade: "Hiatus irracionalis, hiato de uma sem-razão, lacuna de um absurdo,

o lapso de um lapso, ou seja, o inconsciente, que muito mais tarde Lacan reinventará

o verdadeiro”72. Para articular este último ponto e o anterior, Soraya Tlatli faz uma

observação importante sobre o trabalho de Clérambault73 :

69 Esta parte do capítulo baseia-se essencialmente nas ideias desenvolvidas por Soraya TATLI e
Jacques-Alain MILLER. Cf. Soraya TLATLI, O psiquiatra e seus poetas, Paris, Tchou, 2000 e Jacques-
Alain MILLER "Orientação de Lacan antes de 1953" em Richard FELDSTEIN, Bruce FINK e Maire
JAANUS (eds.) Seminários de leitura I e II. O retorno de Lacan a Freud. Nova York, SUNY Press, 1996.

70 Dany-Robert DUFOUR, Lacan and the Sophianic mirror of Boehme, Paris, Cahiers de l'Unebévue,
EPEL, 1998.
71 O próprio Lacan reconhece a influência do surrealismo e de seu mestre Clérambault em sua própria
pesquisa , Crevel,… a descendência pode ser encontrada nos primeiros números do Minotauro –
vamos apontar a origem desse interesse. Segue os passos de Clérambault, nosso único mestre em
psiquiatria”, Jacques LACAN, “De nos antecedentes” em Escritos, op. cit., pág. 65.

72 Michel BOUSSEROUX, “Os três estados de fala. Topologia da poesia, poesia da topologia” in
Revue L'en-je, n. 22, 2014, pág. 51.
73 Soraya TLATLI, O psiquiatra e seus poetas, op. cit., pág. 72

311
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Um dos problemas que sua obra não consegue resolver é "o radical
heterogeneidade das relações entre a função, ou seja, o significado e, portanto, o
a causalidade psíquica e o mecanismo gerador, isto é, a causa primeira .
psicoses. Esta interpretação da obra de Clérambault é interessante
na medida em que pode levar a questionar ainda mais sua noção de
causação psíquica. (…) A análise considera, de facto, como digno de interesse o
mecanismo gerador de psicoses: um automatismo ele próprio provocado por
uma causa neurológica ou fisiológica não localizável.

Não se deve esquecer que o sintagma "hiatus irracionalis" constitui um

formulação do filósofo Johan Gottlieb Fichte para designar uma lacuna entre

pensamento e realidade. Esse hiato existe, pois a realidade não pode ser deduzida

a partir de conceitos. Este hiato é irracional, porque é impossível

racionalizar, exceto por uma conceituação correta. O antídoto contra

o irracional é a conceituação. Entre o mecanismo gerador de

psicoses e causalidade psíquica, há um hiato, uma lacuna. Isso vai representar

muitos dos problemas para Lacan, o psicanalista, que ele tentará resolver

de forma racional, mesmo conceitualmente, em particular pela introdução

de seus três registros: o real (lacunas na realidade), o simbólico

(automatismo como simbolização) e o imaginário.

Por isso, Lacan se permite conceituar o que não é

racional sem afundar no irracional, ou seja, uma apropriação

romantismo da psicanálise. Ou seja, trata-se de aproximar-se do real, de

o inconsciente e seus fenômenos como uma fonte oculta da qual emergem

todos os tipos de criaturas irracionais e obscuras.

74 Cf. “Sobre Lacan e surrealismo, ver Marcelle MARINI, Lacan, Pierre Belfond, 1986.
Marcelle Marini observa uma aliança momentânea entre Lacan e os surrealistas, mas nega
categoricamente qualquer significado profundo na formação do jovem Lacan. Ver, ao
contrário, François ROUSTANG, Lacan, de l'equivoque à l'impasse, Minuit, 1986. Lacan se
apresenta ali como defensor de um "hiper-romantismo que bem poderia ser o outro nome
do surrealismo, porque é Tratava-se de transitar todo o racional do irracional e, assim,
permitir que uma racionalidade nunca vista surgisse no horizonte”, Soraya TLATLI, O
psiquiatra e seus poetas, op. cit., pág. 27 (parte inferior da página).

312
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Nesses três pontos – a possibilidade de construir o estádio espelho, o

contestação e rearticulação da obra de Clérambault e a abordagem que

questiona o realismo através da linguagem e a distinção entre realidade e

real–, outros autores acrescentam como efeitos do interesse que Lacan mostra por
surrealismo75 :

a) Descentralização do sujeito76 ;

b) A mobilização do modelo de escrita automática para contrariar a

discurso dominante da psiquiatria – a poesia surrealista é elevada à categoria

classificação do método–;

c) Uma estratégia racional para abordar o absurdo por

através da linguagem;

d) Capacidade de atenção aos jogos homofónicos, musicalidade e

o ritmo da linguagem77 ;

e) A função explicativa e não ilustrativa da poesia;

f) As origens do conceito lacaniano de pulsão – como um todo

heterogêneo no estilo “collé papier” ou “cadáver requintado”;

g) O poder transformador da imagem que desfaz semelhanças no

mundo real para construir uma nova realidade;

h) A desconstrução da diferença entre a chamada fala normal e

chamado discurso patológico que subscreve a tese surrealista que afirma que

o patológico não é desprovido de sentido, que tem sua própria validade e

lógica78.

A linguagem e a relação com a realidade também constituem uma questão crucial que

abrirá a possibilidade de apropriação linguística da psicanálise via

75 Em particular Soraya TLATLI, ibid., p. 7, 11, 33 e 36.


76 Élisabeth ROUDINESCO “resta que a experiência surrealista traz à tona, pela primeira vez na França,
um encontro entre o inconsciente freudiano, a linguagem e o descentramento do sujeito que em grande
medida inspirará a formação do jovem Lacan” em A Batalha dos Cem Anos. História da psicanálise na
França, vol. 2, Paris, Seuil, 1986, p. 42.
77 “O nonsense vem da melodia, do ritmo previamente atribuído no qual as palavras são enxertadas”
Jacques LACAN, “Escritos inspiradores: esquizografia” in De la psychose paranoïaque dans ses relations
avec la personne, p. 380.
78 Luis SOLER, ibid.

313
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Jakobson e Lévi-Strauss. Por exemplo, a teoria clássica da metáfora

afirma que a metáfora é possível, porque dois objetos compartilham uma

característica comum. Por outro lado, para os surrealistas a metáfora é

produzido quando as imagens mais díspares se combinam para criar um

faísca poética. O anterior nos mostra como para Lacan, como para

para os surrealistas, há uma supremacia da linguagem sobre o mundo das coisas.

Afinal, essa conexão entre surrealismo e questões psiquiátricas

ou psicanalítica é impensável sem uma epistemologia que permita

articular racionalmente os efeitos pensáveis da arte. A arte talvez seja um

uma ferramenta e um dispositivo tão complexo quanto os aceleradores de partículas ou o

microscópio. De fato, é por meio da arte que Lacan tenta não apenas

formular grandes questões de psiquiatria, mas também testar

hipóteses. A arte faz parte da formação de hipóteses, da construção de

teorias, inovação das práticas clínicas e também de uma forma de fazer

de pesquisa. Por exemplo, Lacan pensava naquela época que a criação

artístico, estilo na arte mais precisamente, pode ajudar a psiquiatria a

resolver problemas teóricos. Lacan afirma que79 :


[Entre] todos os problemas da criação artística, o do estilo exige a
mais imperativamente, e para o próprio artista, acreditamos, uma solução
teórico. A ideia não é sem importância, na verdade, que surge o conflito,
revelado pelo fato do estilo, entre a criação realista baseada no conhecimento
objetivo, por um lado, e, por outro, o poder superior de significação, o
alta comunicabilidade emocional da chamada criação estilizada.

Encontramos o mesmo movimento em Lacan e Freud, mas articulado

por outro lado. Literatura, arte e poesia fornecem a Lacan recursos

inventivas maneiras de renovar a psiquiatria, enquanto a matemática – ou

79Jacques LACAN, “O problema do estilo e a concepção psiquiátrica das formas paranóicas


da experiência”, publicado em De la psychose paranoïaque dans ses relationships avec la
personne, Paris, Seuil, 1932 (republicado em 1975 com este artigo), p. 383.

314
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antes um pensamento, digamos “formalista” – permita que o jovem Lacan

neutralizar o lado inefável ou místico, às vezes delirante, da Poesia80 :

O estruturalista Lacan teve o cuidado de minimizar o apelo que o surrealismo tinha


praticado no jovem psiquiatra de Sainte Anne. (…) Lacan se distanciando
com um bretão que o fascinara, mas que, além de tender para uma espécie de
do ocultismo, mantém a ilusão de um domínio artístico dos determinismos
psíquico.

Se o dadaísmo e o surrealismo são hoje neutralizados pelo discurso

universidade – seus meticulosos protocolos de acumulação de conhecimento sob o aspecto

letra morta – para a arte de vanguarda de Lacan, notadamente o surrealismo,

dá a chave para abrir um novo campo na psicanálise e continuar a

pesquisa iniciada por Freud.

Na verdade, ele sempre se recusará a ceder à tentação obscurantista de

poetas, ele permaneceu "surdo às sereias do inefável" para emprestar

a expressão de Luis Soler81. Lacan torna-se o outro de Breton82 por esse

resistência que só é possível através de dois recursos: linguística e

matemática83. Já implantamos o lado formalizante da linguística

de Lacan e o uso da matemática em sua obra. Nós vamos trabalhar

manteve o lado poético da linguística em Lacan, paralelo à sua


de volta a Freud.

80 Luis SOLER, Ibid., p. 326.


81 Idem.
82 Jacqueline CHENIEUX-GENDRON “Jacques Lacan, o “outro” de André Breton” in Éric Marty (ed.)
Lacan e literatura, Houilles, Mancious, 2005.
83 Parece-nos importante mencionar que há psicanalistas que afirmam uma forte influência do grupo
de literatos e matemáticos denominado OuLiPo (Oficina de literatura potencial) ao qual pertenciam
Raymond Queneau, Italo Calvino ou Georges Perec. Cf. Jacques ADAM, “Lacan oulipien? : ponto de
interrogação” em 2001, Lacan dans le siècle, Paris, Ed. du Champ Lacanien, 2002.

315
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3.3.2. O espaço entre Heidegger e a linguística moderna

Essa longa série de variações que se estende


ao longo de séculos e séculos nada mais é do que uma
espécie de longa aproximação que faz com que o mito,
ao ser espremido o mais próximo possível de suas
possibilidades, acaba entrando propriamente falando
na subjetividade e na psicologia. Sustento, e manterei
sem ambiguidade – e, ao fazê-lo, acho que estou em
sintonia com Freud – que as criações poéticas
engendram, mais do que refletem, criações psicológicas.
–Jacques Lacan, O desejo e sua interpretação

Lacan, mais uma vez, aborda estrategicamente um grande conhecedor e

leitor inovador de Freud: Claude Lévi-Strauss. Assim, como Lacan se apropria

da leitura inovadora de Freud entre os surrealistas, ele repete o mesmo gesto

com o antropólogo estruturalista. Simultaneamente traduz o artigo Logos, de

Martin Heidegger.
Seguindo sua interessante pesquisa sobre o palco do espelho, a teoria da

jogos –Tempo lógico–, psiquiatria e sociologia inglesas –Os complexos

famílias –, Lacan inicia uma investigação sobre os fundamentos da

filosofia, antropologia e linguística, no que chamou de "o retorno


a Freud”. Esse movimento abrirá uma nova sequência na busca por

Lacan que resultará em uma nova aliança com a poesia. Esta sequência tem

nós quatro abordagens poéticas que coincidem aproximadamente com quatro momentos

cronológica: poesia deontologizante, poesia que produz uma faísca

da significação, o mito e a ficção da ordem significante. Observe que este

sequência aberta, com suas quatro abordagens poéticas sobrepostas,

nunca fechado por Lacan, mas retificado ao longo dos anos.

Na versão escrita de "O discurso de Roma", intitulada "Função e campo de

fala e linguagem na psicanálise", Lacan empreende a tarefa de fazer uma

retornar a Freud a partir de Heidegger, Hegel e Lévi-Strauss. Ao tomar o

Conceitos freudianos com filosofia e antropologia Lacan procura

316
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refundar a psicanálise com uma nova epistemologia que leva em conta a

temporalidade do inconsciente (daqui em diante tem um status linguístico).

Em meio a uma articulação entre a tese heideggeriana de

a ontologização do ser e a antropologia estrutural de Lévi-Strauss – que

sua vez é um conhecedor de Freud e da linguística de Ferdinand de

Saussure–, Lacan refunda a psicanálise no solo da poesia. Que tipo de

poesia? Sabemos que em Heidegger a poesia é a única forma de evitar a

ontologização do ser. Com a ajuda da antropologia, Lacan pensa a poesia

heideggeriana como “função e campo da fala e da linguagem”. Lacan

usa a poesia para evitar a ontologização do inconsciente sob o aspecto da

biologização – o inconsciente está localizado no cérebro – e psicologização –

o inconsciente é sinônimo de mentalidade ou uma espécie do cogito como

coisa pensando. Essa busca filosófica e antropológica está ligada à


definição do inconsciente como "discurso do outro", como não deixa de apontar

Lacan84. Note que esta expressão implica que o assunto é tomado

pela fala e nunca é mestre de sua fala. Essa "impessoalidade"

coincide com o impessoal do Dasein heideggeriano : um dizer sem sujeito. a


resultado é que a poesia aqui é um dizer impessoal. poesia é importante

na medida em que toma uma forma homóloga às leis do inconsciente. aquele

o inconsciente sendo o discurso do outro significa que só podemos

abordagem por meio da linguagem e da fala. Lacan segue a intuição

filosófica, desenvolvendo-a através da antropologia estrutural. poesia neste

momento é um remédio contra a ontologização e uma forma de contabilizar

rigorosamente do inconsciente, em particular para apreender sua temporalidade e sua

formações – sintoma, sonho, malfeito.

O segundo momento se abre com a ajuda da linguística moderna em torno


Saussure, Hjelmslev e Jakobson. Este é o lema "o inconsciente está estruturado

84 Jacques LACAN, Escritos, op. cit., pág. 16, 265, 281, 363, 379, 439, 524, 652, 655 e 814.

317
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como uma linguagem. De fato, após a introdução deste postulado por Lacan em

seu seminário sobre as psicoses entre 1955 e 1956, escreveu seu importante

formalizações “algébricas” da metonímia e da metáfora. Ao desenhar um

paralelismo entre condensação e deslocamento com metáfora e

metonímia em Jakobson, Lacan identifica os dois mecanismos da obra de

o inconsciente segundo Freud, traduzindo-os em termos linguísticos.

O resultado poético de tal operação é o seguinte: a metáfora

tem leis precisas e não é mais uma função de semelhança

com características compartilhadas por dois objetos. Com efeito, segundo o

linguisticamente a relação das palavras com a realidade torna-se rara, ou seja, torna-se

opaco. Esta é a tese lacaniana retirada de Saussure que afirma a

primazia do significante sobre o significado. O que é metáfora segundo Lacan?

É a produção de uma centelha de sentido. A metáfora não é

possível para uma semelhança entre duas coisas; pelo contrário, o efeito

criador da metáfora está na produção de uma semelhança incrível:

na frase "Minha juventude foi apenas uma tempestade escura" (Baudelaire,

O Inimigo) , a tempestade tenebrosa dá um significado adicional à juventude.

Esse efeito adicional de sentido que não é referencial explica

o novo significado que ocorre não apenas em trocadilhos, piadas

e chistes, mas também em sintomas, sonhos e atos

esquecidas. O inconsciente funciona poeticamente, porque suas leis são retóricas

do ponto de vista da linguística moderna. A linguística é um recurso que

confere rigor e despoja a metáfora de qualquer referente e de qualquer

"metafísica da presença" para usar a expressão de Heidegger.

Lacan nunca foi completamente estruturalista. Claro que para ele

a razão psicanalítica não é linguística nem antropológica. Mesmo que exista

85 Jacques LACAN, O Seminário. Livro 3: as psicoses [1955-1956], Paris, Seuil, 1981, p. 20.

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leis linguísticas, o sujeito não se reduz à formação linguística. a


o sujeito é “o umbigo da pura combinatória da matemática do significante”86.
Tomando emprestado da linguística de Saussure, Hjelmslev e Jakobson, Lacan
define o simbólico reunindo três metáforas, que ele introduz no
o Seminário Psicoses : a metáfora do sujeito e a metáfora do sintoma,
escrito em "A instância da carta", depois a metáfora do Pai, em "A
questão preliminar”. Aqui, a metáfora assume a forma poética do grego poiêin,
isto é, como criação ou fabricação. Não é por acaso que o exemplo
que dá a Lacan a metáfora do Nome-do-Pai é precisamente uma
Poema de Victor Hugo sobre a paternidade: "Booz adormecido". A poesia é, portanto,
criação, fabricação, mas sobretudo engendramento e fecundidade.

A terceira abordagem poética de Lacan é através do mito. Em 1953,


numa conferência, Lacan retomou a expressão "mito individual do neurótico"
de Lévi-Strauss, que por sua vez assumiu Freud, propondo um método serial
lendo casos freudianos como "The Rat Man" e "Little Hans".
Seguindo Lévi-Strauss, Lacan aborda o inconsciente de uma forma
estruturalista. Para o antropólogo, as culturas são organizadas por um
estrutura subjacente que regula todos os fenômenos, a tarefa de
o antropólogo é encontrar as leis de combinação e permutação deste
estrutura, ou seja, suas "fórmulas transformacionais". Este método de

pesquisa envolve a abordagem de mitos e suas variações como


efeitos de uma estrutura. Essa estrutura é inconsciente, segue leis

linguística. O importante não é o conteúdo do mito, mas a


estrutura básica e suas leis de permutação e combinação. A estrutura e seus
leis são inconscientes e por isso "o inconsciente é vazio"87, ou seja,
estrutura não é conteúdo.

86 Colette SOLER, “Lacan reavaliado por Lacan” in Marcel DRACH e Bernard TOBOUL, A antropologia de
Lévi-Strauss e a psicanálise, Paris, La Découverte, 2008, p. 100.
87 Claude LÉVI-STRAUSS, Antropologia Estrutural, Paris, Plon, 1958, p. 224.

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De certa forma, essa referência ao mito perpetua a abordagem

poética anterior, a do inconsciente se estrutura como uma linguagem

(poética) com leis – metáfora e metonímia. É certo que esta abordagem

é paralelo, porém, neste lado Lacan dá mais um passo: quando o

formalização linguística da estrutura leva a um beco sem saída este é o mito

que continua. Com efeito, quando consideramos o inconsciente como uma linguagem feita de

significantes, deve-se sempre lembrar que nem a totalidade dos significantes forma

um absoluto – um conhecimento completo – nem existe um significante que signifique a si mesmo.

A consequência para Lacan é óbvia: a linguagem e, portanto, a abordagem

linguística do inconsciente, encontra um ponto de impasse. Podemos lê-lo

solução para este impasse88 :

O mito é o que dá uma fórmula discursiva a algo que não pode


ser transmitida na definição de verdade, uma vez que a definição de verdade não
pode confiar apenas em si mesmo, e isso é à medida que a fala progride
que ela o constitui. A fala não pode apreender a si mesma ou apreender o
movimento de acesso à verdade, como verdade objetiva. Ela só pode
expressá-lo de forma mítica.

Diante do impasse da transmissão, o mito permanece. Em algum momento ele

trata-se de um saber ancestral, o de dar uma explicação mítica em

submeter-se ao insimbolizável e ao irrepresentável. É verdade que a maioria

sociedades têm mitos para representar as origens e mistérios de

nascimento e morte. Mas para a antropologia, segundo Lévi-Strauss, a tarefa

envolve uma formalização da estrutura e função dos mitos que leva

finalmente a uma impossibilidade ou a uma contradição.

88
Jacques LACAN O mito individual do neurótico, ou Poesia e verdade na neurose, Paris, Seuil,
2007 [1953], pág. 14.
89 “Como nos revela a análise estrutural, que é a análise correta, um mito é sempre uma tentativa de
articular a solução de um problema. (…) Eles exigem de certa forma uma passagem que é como tal
impossível, que é um beco sem saída. É isso que dá estrutura ao mito. Jacques LACAN, O Seminário. Livro
4. A relação objetal [1956-1957], Paris, Seuil, 1994, p. 293.

90 Ideia que Lacan toma emprestado: “Você tem aí em estado vivo esse tipo de contradição interna

320
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Com efeito, Lévi-Strauss afirma que o mito responde a uma situação


impossibilidade ou contradição inicial , não como solução, mas
como uma nova maneira de formulá-los logicamente, ou seja, um
contradição ou impossibilidade responde a outra. O antropólogo
French91 coloca desta forma:

A incapacidade de conectar grupos de relacionamento é superada


(ou mais exatamente substituído) pela afirmação de que duas relações
contraditórios entre si são idênticos, na medida em que cada um é,
como o outro, contraditório consigo mesmo.

O mais interessante dessa abordagem é sua operacionalidade, sua


funcionamento produtivo de um beco sem saída. Por exemplo, uma contradição
entre os elementos A e B nos mostra que entre C e D há uma contradição
semelhante. Nesse momento, Lacan expõe os casos “O Lobisomem” e “Hans”
desta forma92.
O Lobisomem é capturado em duas situações: a) o casamento de seu
pai com uma esposa mais rica - devido à melhoria de sua posição social - ele
suspende sua ligação sentimental com uma mulher pobre, mas bonita; b) som
pai foi salvo por um amigo de uma dívida de apostas, não lhe pagou
mais tarde. O esforço do homem lobo tenta reformular
a impossibilidade de reunir as duas situações em relação à sua situação
família, o que desencadeia uma série de trocas que ocultam o pagamento da
dívida como uma variante da contradição original.

No caso "Hans", a articulação de impossibilidades e contradições é


semelhante, mas o elemento importante para Lacan é mais "literário" ou
"poético". Se no caso do Homem dos Lobos a abordagem do mito é

que muitas vezes nos faz supor nos mitos que há inconsistência, confusão de dois contos, quando na
realidade o autor, seja Homero ou o pequeno Hans, é vítima de uma contradição que é simplesmente a de
dois registros essencialmente diferentes” Jacques LACAN, idem., pág. 369.

91 Claude LÉVI-STRAUSS, Antropologia Estrutural, op. cit., pág. 239.


92 Essas exposições são encontradas em O mito individual do neurótico e no seminário A relação objetal,
respectivamente.

321
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algébrico, em Hans emerge um princípio crucial: as fantasias sexuais. Dentro

efeito, diante das questões sexuais – em relação ao nascimento e morte – e

dinamismo familiar, Hans fantasia devaneios que Freud qualifica como

sexual94. Para Lacan trata-se mais de construções míticas em relação a

a impossibilidade de simbolização ou contradições intransponíveis. De

Por exemplo, quando Freud explica a Hans o que aconteceu antes de seu nascimento,

“Muito antes de estar no mundo”95, ele apresenta – seguimos Lacan – uma

mito que ajuda a simbolizar a lacuna a partir da qual surgem as fantasias sexuais. Ao

contrário das fantasias sexuais –mitos–, Lacan aponta

que o mito de nascimento edipiano de Hans também introduz o pai simbólico

ao invés do pai real97 : "É Totem e tabu, que não passa de um mito

moderno, um mito construído para explicar o que permaneceu escancarado em sua

doutrina, a saber – Onde está o pai? ". Na medida em que Hans não pode

encontrar seu lugar em relação à mãe e ao pai (aqui é um dos becos sem saída),

gera fantasias. Mitos injetam significado, uma dose de representação

simbolismo que produz conhecimento em torno de pontos de impasse. Nesse sentido, o

O mito de Édipo como Darian Leader98 diz :

93 “Em suma, para centrar o valor exato das chamadas teorias infantis da sexualidade e de toda a ordem
de atividades que se estruturam em torno delas na criança, devemos nos referir ao conceito de mito. (…)
Se convém agora introduzir a noção de mito, é porque agora estamos conduzindo da maneira mais natural
à noção de teorias infantis”. Jacques LACAN, A relação objetal, Paris, Seuil, 1994, p. 252.

94 "A passagem é feita através de uma série de transições que são precisamente o que chamo de mitos
forjados pelo pequeno Hans" e "É a partir deste momento que a criança está prestes a encontrar uma
primeira pausa em sua busca frenética do nunca satisfazendo mitos conciliatórios, e que nos levará à
solução final que ele encontrará, que é, como você verá, uma solução aproximada do complexo de Édipo”
Jacques LACAN, Ibid., p. 274 e 266.
95 “Muito antes de ele nascer, eu já sabia que um pequeno Hans viria a mim que amaria tanto sua mãe que

ele necessariamente teria que ter medo de seu pai por esse motivo e eu havia contado a seu pai sobre isso”
Sigmund FREUD, "Análise da fobia de um menino de cinco anos" em Obras Completas, vol. 9, Paris, PUF,
1995, p. 36.
96 Aqui há uma ressonância do tema heideggeriano: Lacan retoma a noção de existência do filósofo alemão para afirmar que a neurose é
uma resposta à existência humana.
No entanto, para Lacan a noção de existência humana inclui a sexualidade e não simplesmente o problema
da morte. Este último ponto levará Lacan a conceber a neurose como tentativas de resolver os enigmas da
sexualidade (histeria: sou mulher ou homem?) e da morte (a obsessão: estou morto ou vivo?).

97Jacques LACAN, A relação objetal, op. cit., pág. 210.


98 Darian LEADER “Os mitos de Lacan” em Jean-Michel RABATE (Ed.) The Cambridge Companion to Lacan,
Cambridge, Cambridge University Press, 2003, p. 42. A tradução é do autor.

322
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...mostra como uma ficção não deve ser entendida simplesmente como
algo "falso", mas como algo que pode ser usado para organizar
materiais díspares e traumáticos.

De fato, a abordagem matemática do mito, diferentemente da função


mito, é fornecer uma função de verdade como ficção: "Indicarei
também o problema colocado pelo fato de que o mito como um todo tem o caráter de
ficção”99. Em suma, o mito como poesia é uma ficção, uma criação brota
em um beco sem saída. Daí a importância de enfatizar que a paráfrase
de Lévi-Strauss, "O romance familiar do neurótico", implica uma
deslocamento da estrutura narrativa que vai do romance ao mito, ou seja,
do simbólico como estrutura do inconsciente ao simbólico como
produção de sentido em torno de uma falha na estrutura.
Esse ponto levará Lacan a propor outros mitos, pois ele nunca
se recusou a usá-lo. Freud como Lacan encontra elementos e

fenômenos que são irrepresentáveis ou não simbolizáveis pela psique


humano ; eles, portanto, os desdobraram na forma de mito. Afinal, Freud
introduz mitos como o pai da horda (Totem e tabu) ou as batalhas entre Eros e
Thanatos (Impulsos e seus destinos) quando tenta articular
problemas clínicos associados à dificuldade psíquica em lidar com o prazer
ou dor excessiva. Lacan, seguindo seu mestre, formulou várias
mitos para expressar certos pontos de impasse, tanto clínicos quanto teóricos:
a metáfora do amor como duas mãos, o mito da lamela e o
formalização do mito do pai da horda primitiva100.

99Jacques LACAN, A relação objetal, op. cit., pág. 253.


100 O primeiro para articular a disparidade entre o objeto do desejo e a demanda (seminário sobre
Transferência), o segundo para contestar o fato de que não há complementaridade entre dois
amantes, mas algo perdido para sempre (seminário sobre Os quatro conceitos) e o último mostrar
como o pai da horda primitiva tem uma função lógica de estruturar a subjetividade mesmo que ele
não exista na realidade factual (seminário sobre O outro lado da psicanálise). Em última análise, a
questão do mito levará Lacan ao seu sintagma “a verdade só pode ser dita pela metade”.

323
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O ponto mais poético do mito é a verdade estruturada como ficção,


que Lacan apresentou em seu escrito “O Seminário sobre a carta roubada”. Aqui o

A poesia é uma narrativa criativa mais próxima do sentido alemão de Dichtung.


No entanto, a ficção não adquire um significado pejorativo, mas sim um poder simbólico.

Este é o momento do “imperialismo do significante” em Lacan. Para avançar lá,


Lacan leva em conta a filosofia das ficções de Jeremy Bentham. Isto é
como Lacan nos anuncia a introdução da ficção depois de agradecer

Jakobson a encontrar em Bentham uma abordagem linguística101 :


O esforço de Bentham se estabelece na dialética da relação entre a linguagem e o
real para situar o bem – o prazer nesta ocasião, que veremos é articulado

de uma maneira completamente diferente de Aristóteles – do lado do real. E está dentro


essa oposição entre ficção e realidade que o movimento de
gangorra da experiência freudiana.
Efetuada a separação entre o fictício e o real, as coisas não se situam

nem um pouco onde se esperaria. Em Freud, a característica de

prazer, como dimensão do que une o homem, encontra-se inteiramente na


lado fictício. O fictício, de fato, não é por essência, o que é enganoso, mas,

estritamente falando, o que chamamos de simbólico.

Para entender a frase "a verdade tem uma estrutura de ficção", é preciso
diferenciar realidade, verdade e real em Lacan. Em torno de seu seminário sobre

O ego na teoria de Freud, Lacan está encontrando a maneira pela qual o

registro imaginário articula-se com o simbólico. Neste seminário condensado de


a escrita "O seminário sobre A carta roubada", Lacan mostra através da

O conto de Edgar Allan Poe "A carta roubada" como os fenômenos


os imaginários estão subordinados às leis da estrutura simbólica. Por esta
razão, Lacan só pode acessar a realidade por meio de um tecido feito de

o imaginário e o simbólico. Mas o imaginário e o simbólico têm esses limites,


sua ruptura interna: o real. Aqui há um segundo ponto cardeal: para Lacan o

101
Jacques LACAN, O Seminário. Livro VII. A ética da psicanálise [1959-1960], Paris,
Seuil, 1986, p. 21-22.

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verdade e realidade estão muito próximas, tanto que são quase

intercambiável. Veremos que pouco a pouco Lacan mudará de posição e

separará a realidade da verdade.

Este ponto nos dá duas interpretações da frase: 1) A estrutura,

que nos permite acessar ou tornar a realidade compreensível, é uma rede

entre palavras e imagens – o imaginário e o simbólico, estruturados por sua vez por

uma falha interna: o real, vendo a verdade. Deixe a verdade ter uma estrutura de ficção

significa que só podemos acessar a verdade com a ajuda do (break

de a) ficção; 2) Que a verdade tenha uma estrutura ficcional também faz sentido

mais comum: só acessamos a realidade – especialmente a realidade psíquica –

do que pelos marcos construídos pelo imaginário e pelo simbólico. Em ambos

sentido de interpretação, a verdade não tem uma definição clássica como

adequação entre o intelecto e a coisa.

No entanto, é importante fazer uma observação. É justamente porque

que Lacan distingue entre real e realidade – que acessamos através da ficção –

que ele nunca é um relativista. De fato, em ambas as interpretações de

"a verdade tem uma estrutura de ficção" não há lugar para o relativismo:

seja por uma determinação das leis da estrutura simbólica, seja por

do impasse que ocorre em toda ficção.

Para autores como Alenka Zupanÿiÿ essa ideia de verdade como

impasse de toda ficção tem um valor para a leitura do cinema ou mesmo do

literatura104 : “Para que a ficção seja estruturada no sentido clássico (afinal,

estamos lidando aqui com dois clássicos: Shakespeare e Hitchcock), é essencial

que algo é excluído”. A verdade como um impasse nos mostra dois

102 Cf. François BALMÈS, O que diz Lacan sobre o ser. 1953-1960, PUF, Paris, 1999.
103 Por isso o filósofo Alain Badiou toma emprestado essa nova ideia de verdade como aquilo que subtrai
da rede imaginária/simbólica para construir seu edifício filosófico: “O que o gênio de Lacan viu, como
Colombo para seu ovo, é que a resposta está na pergunta. Se uma verdade não pode se originar de uma
doação, é necessariamente que ela se origina de um desaparecimento”, Alain BADIOU, Condições, Paris,
Seuil, 1992, p. 199.
104 Alenka ZUPANCIC, "O lugar ideal para morrer: o teatro nos filmes de Hitchcock", em Slavoj ŽIZEK (Ed.)
Tudo o que você queria saber sobre Lacan mas nunca ousou perguntar a Hitchcock, Paris, Capricci, 2010 ,
p. 33.

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coisas de ficção como cena dentro de cena – por exemplo em Hamlet –,

de acordo com Zupanÿiÿ: “Pode-se argumentar que ficção-dentro-ficção é o momento em que

a ficção é confrontada de dentro com seu próprio fora”105. Diversos

consequências clínicas são deduzidas aí: o umbigo do sonho em Freud, o

pesadelos como o confronto de um real dentro de um sonho, a fantasia

como uma matriz que oculta o real produzindo formações de

o inconsciente, etc.

Se se verificar que certas obras literárias ou certos filmes

dramatizar o personagem fictício da verdade, assim como o romance familiar ou o

histórias que contamos a nós mesmos correspondem a uma

dramatização da verdade como um impasse. O que os sociólogos chamam de "o

falácia da autobiografia”106, ou seja, a construção e

reconstrução da identidade usando narrativas. Para a psicanálise, é um

ficção. Na sociologia, isso é tratado como uma colagem fragmentada, enquanto

para a psicanálise, a ficção – contraditória, paradoxal ou fragmentária –

nos leva à verdade por meio de um ponto que se subtrai. É sobre

exatamente a ideia que Lacan encontra em Bentham107 :


Bentham, como mostra a Teoria das Ficções, é o homem que aborda a
questão [social, política, jurídica ou econômica] no nível do significante. NO
sobre todas as instituições, mas no que é fictício sobre elas, ou seja,
fundamentalmente verbal, sua pesquisa é, não reduzir a nada todos esses direitos
múltipla, incoerente, contraditória de que a jurisprudência inglesa lhe dá
exemplo, mas ao contrário do artifício simbólico desses termos,

105 Idem. Além disso, essa ideia da verdade como um impasse da ficção que nos confronta
com um “interior ao seu próprio exterior” nos permite, usando as ideias do filósofo esloveno,
articular o não relativismo de Lacan com a subjetividade na psicanálise. paradoxo – até
mesmo o escândalo – da noção de fantasia reside no fato de que ela subverte a oposição
padrão entre “subjetivo” e “objetivo”: é óbvio que a fantasia não é, por definição,
“objetiva” (no sentido ingênuo de que existe independentemente das percepções do sujeito');
no entanto, também não é "subjetivo" (no sentido de que é redutível às intuições conscientes
que um sujeito experimentou). A fantasia pertence antes à categoria de 'objetivamente
subjetiva', as coisas do mundo aparecem objetivamente para você, mesmo que não apareçam
dessa maneira para você”, Slavoj ŽIZEK, The Fragile Absolut, London, Verso, 2000, p. 76. A
tradução é do autor. Cf. “O sujeito está, por assim dizer, em exclusão interna de seu objeto”,
Jacques LACAN, “Ciência e verdade” em Escritos, op. cit. pág. 861.
106 Pierre BOURDIEU, Outline for self-analysis, Paris, Reasons for Action, 2004.
107 Jacques LACAN, O Seminário. Livro VII, op. cit., pág. 269. Os grifos são do autor.

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criadores de textos também, para ver que há algo em tudo isso que pode ser usado para

algo, ou seja, precisamente para ser objeto de partilha.

Para Lacan, o filósofo inglês passa por inconsistências e contradições – onde

é o real ou a verdade como real – por intermédio da ficção. que

ficção tem efeitos de utilidade, até de simbolização – para colocar em termos

lacanianos. Graças a esta homologação entre utilidade e simbolização, Lacan encontra

uma leitura alternativa de Bentham. De fato, para Lacan o utilitarismo não é

hedonismo ingênuo, mas tem uma espécie de "além do princípio do prazer"

Freudiana na questão do desejo. Por isso, Lacan aponta a

a mudança da palavra utilidade por felicidade em Bentham como catastrófica.

A utilidade é suscetível de uma leitura simbólica e dialética, enquanto a

a felicidade nos leva a uma ética hedonista, do "serviço dos bens". É sobre

de um Lacan que “problematiza Bentham contra si mesmo”,108 como

Jean-Pierre Clero.

A ficção não é uma miragem, mas uma solução provisória ou transitória

o que nos permite superar o impasse lógico de uma formalização. É neste

significando que poderíamos ler o número imaginário - a raiz quadrada de um número

negativo – como artifício operativo. E é justamente nesse sentido que nós

pode ler a equivalência que Lacan faz entre a raiz quadrada de -1 e o falo

na Subversão do sujeito e na dialética do desejo. O falo é um operador fictício

que na realidade é inexistente, ou seja, o falo não é o pênis. a

falo é uma ficção operativa, mas sua inexistência estrutura o sujeito.

Esta solução provisória de ficções tem outros efeitos para o Cléro, que

também pode ser ligado ao falo na psicanálise110 :

A ficção é o que os homens procuram para superar sua individualidade e

postular acima deles uma intersubjetividade, realizada por ninguém, é claro, mas

108 Jean-Pierre CLÉRO, Existe uma filosofia de Lacan ?, Paris, Ellipses, 2014, p. 139.
109 Esta é a chave de leitura de Jean-Pierre Cléro para operacionalizar as ficções benthamianas para a
matemática – leitura impossível sem a ajuda de Lacan segundo o autor. Cf. Jean-Pierre CLÉRO, The Reasons
for Fiction: Philosophers and Mathematics, Paris, Armand Colin, 2004.
110 Jean-Pierre CLÉRO, Existe uma filosofia de Lacan ?, op. cit., pág. 140.

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assumida e, como tal, perfeitamente operacional, "objetiva", resistente e


constitutivo do social e do real.

O vínculo social e a simbolização –o nome da utilidade em Bentham segundo Lacan–


estão ligados à teoria das ficções.

A lição final da ficção para Lacan é a escolha forçada entre duas

opções: ou tomar essas ficções como mentiras e tentar


corrigir, retificar para adaptar os assuntos a uma suposta realidade, ou

essas ficções como formações do inconsciente e mergulhar nelas através de um

método. Qual método? A de encontrar nos impasses lógicos e a


contradições, impossibilidades e inconsistências, o próprio índice da verdade

mesmo. O que fazer com eles? Devemos atravessá-los por meio de ficções

operacional.

De fato, poderíamos desdobrar todo um tratado sobre a relação entre

verdade e mentira na obra de Lacan. O psicanalista iniciou esse incrível processo

de articulação entre verdade e falsidade assim que se encontrou na

Heidegger usando o termo grego aletheia. Ele tentou de várias maneiras isso

articulação, a ponto de afirmar que "a psicanálise é a ciência da

milagres”112. A imaginação, como simbolização, não é mais um poder

111 A superação de um impasse lógico pela mentira ou pelo fictício tem relação com o
plano projetivo e também com o recurso da arte à teoria da perspectiva. Projetar uma
figura geométrica, topológica ou outro plano na arte é um recurso matemático relacionado à ficção.
Além disso, o “ponto off-line” constitui um recurso para trabalhar sem representação
possível em objetos topológicos mais complicados de representação: a garrafa de Klein
e a tampa cruzada. As apostas dessas duas figuras têm em comum uma forma de tornar
inteligível e articulável – sem o auxílio da representação – um novo sujeito e um novo
objeto na psicanálise. Os efeitos dessas operações são simbolização, temporalidade no
futuro e vínculos sociais concomitantes. Colocar-se no lugar do outro – por exemplo, na
teoria dos jogos do dilema do prisioneiro no tempo lógico – envolve projeção, simbolização
e conexão social. “Existe um encadeamento perfeito onde o real pode tomar o lugar exato
do fictício, onde o fictício pode tomar o lugar da realidade. (…) A teoria das ficções dispõe
de uma figuração topológica; em todo caso, mais espacial do que temporal, de acordo
com a concepção que Freud e Lacan tinham da psique” Ibid., p. 67.
112 Jacques LACAN, "A coisa freudiana" em Escritos, op. cit., pág. 407. Cf. "sua existência

já está declarada, inocente ou culpada, antes de vir ao mundo, e o fio de sua verdade não
pode impedi-lo de já costurar um tecido de mentiras", Jacques LACAN, "Comentário sobre
Daniel Lagache relatório” na op. citado, pág. 653; “nada esconde tanto quanto o que
revela, como a verdade, ÿÿÿÿÿÿÿ = Verbongenheit” Jacques LACAN, “L'étourdit” in Other
Writings, op. cit., pág. 451; finalmente, o título homofônico de seu seminário “les non-
dupes errent” (os nomes do pai) nos sinaliza que “engano” deve ser levado a sério. Para um estudo detalhado

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enganosa, mas a maneira de localizar a verdade. Só há ficção,

aparência e falsidade – todos os três fatos de um material linguístico – por

chegar à verdade – que indica precisamente o que escapa à linguagem. Milho

para chegar lá, é preciso atravessar as cadeias significantes, desorientar-se pelo

narrativa que contamos de nós mesmos e produzimos ficções. a

mentiras e ilusões constituem o caminho irredutível para chegar a um

verdade que só pode ser “meia dita”.

Em artigo publicado em 2012, Laurie Laufer aborda a arte – uma

exposição hiper-realista – apontar como no meio das técnicas

medicina de ressuscitação moderna levanta novas questões

ao redor do corpo e do tempo. Mostra como a "fábrica de ideais" de

a época é alimentada por um "desejo de eternidade" que reproduz as teorias

relações sexuais infantis de imortalidade e eternidade. Ela se aproxima desse "desejo

da eternidade" do mito de Titon. Aurora se apaixona por um belo e

jovem mortal chamado Tithon e ela pediu a vida eterna para seu amado. Ela

esqueci de pedir também a juventude eterna para ele. Seu corpo está envelhecendo e

torna-se insignificante e seco a ponto de apenas sua voz permanecer como um

sopro fantasmagórico de um corpo desaparecido. Usando este mito e a exposição hiper-realista do

corpo de Ariel Sharon –ex-primeiro-ministro de Israel–, Laurie Laufer mostra

o excesso de semelhança em relação à morte113 :

O excesso do mesmo e do semelhante abre paradoxalmente um lugar para

estranheza, como se o "demasiado representável" abrisse a questão do

Fantasma. Porque o paradoxo do fantasma se deve ao seu excesso de representação,

a um formulário "impossível de sair". Alucinar um encontro com um

corpo fantasmagórico questiona a forma do "envelope psíquico de um ser

que está morto e vivo.

BETTSTRAND, Psicanálise como ciência das miragens: semblantes, ficções, fantasias e


ilusões importam, Londres/Nova York, Borges University Press, 2017.
113 Laurie LAUFER, “O que é eternidade? A fábrica de fantasmas” em revista Cliniques
Méditerranées, 2/2012, n. 86, pág. 102.

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Para ela, o hiper-realismo não é uma simples mimese ou uma imitação, é


sim de uma "semelhança por excesso", expressão emprestada de Georges Didi
Huberman. Mitos, arte (desta vez hiper-realismo) e teorias sexuais
infantis localizam e "fantasiam" o impasse da morte: "a morte é um fato
estrutura que eu não quero saber". A morte nos confronta com o impasse da
conhecimento e ao impasse da representabilidade, pois está no domínio da
o entre – entre dois lugares, dois espaços, dois tempos. Não conseguindo renderizar
conta e não ser capaz de lidar com entidades paradoxais, constituem um dos
críticas fundamentais da psicanálise à ciência – em sua versão
empírico e experimental.
Além disso, a psicanálise está interessada em ficções e mitos que
dão conta de entidades inexistentes, mas que têm efeitos na subjetividade
como o objeto a, fantasias ou impulsos. Estes são objetos e instâncias
entrando no que a “escola eslovena” chama de “materialismo espectral”114. Nós
esclareçamos o ponto principal: não podemos formular nem tornar inteligíveis nem
trabalhar esses objetos apenas por meio da literatura e da poesia. pelos mitos,
tragédias, fabulações, ficções, contos, histórias, poemas e outros gêneros literários
estende a força simbólica115 a) como os efeitos de um buraco no meio do
simbólico, b) lidar com impasses simbólicos ec) conceituar
e trabalhar clinicamente com essas entidades inexistentes, mas que possuem
eficiência psíquica, circulando entre o simbólico e o real.
A ficção como poesia – poiêin, criação simbólica – tem duas
aspectos intimamente ligados: a) a ficção é o quadro simbólico que se estrutura
em torno de um buraco não simbolizável e que por isso tem um limite
interior que por sua vez determina toda ficção; e b) existe potencial

114 Ver Slavoj ŽIŽEK, Órgãos sem corpos, 2003, p. 25, 27, 75, 88, 169 e 173; Eric SANTNER, On Creaturely
Life: Rilke, Benjamin, Sebald, Chicago, University of Chicago Press, 2006, p. 57; ZUPANÿIÿ, The Odd One In:
On Comedy, Cambridge, MIT Press, 2008, p. 60; Mladen DOLAR, A Voice and Nothing More, Londres, Verso,
2006, p. 62.
115 “Deve-se notar, de fato, entre as audácias de Lacan, uma das mais extraordinárias, que é deixar, ou
melhor, fazer a verdade falar, pelo modo literário mais apropriado, à ficção. (…) a verdade não se funda em
si mesma, se erige da linguagem” Jean-Pierre CLÉRO, Existe uma filosofia de Lacan ?, op. cit., pág. 81.

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criativo no ponto de impossibilidade, a verdade como real. Em suma, Lacan encontra

através do mito e da teoria das ficções a articulação da linguagem com a realidade,

precisamente no limiar do seu seminário sobre Ética, onde inicia uma

uma nova forma de pensar a poesia. O que nos leva à questão da Poesia

e o real por meio de um ponto comum entre essa abordagem do "Lacan de

o imperialismo do simbólico” e a sublimação como criação de Heidegger.

3.3.3. Poesia, sublimação e criação ex nihilo

Toda arte é caracterizada como um certo


modo de organização em torno do vazio.
– Jacques Lacan, A Ética da Psicanálise

Em torno de seu seminário sobre Ética, entre 1959-1960, Lacan toca na relação

entre arte e sublimação, questão freudiana, mudando de perspectiva. que

desta vez é sobre Poesia como arte e criação como fabricação –

outra forma de traduzir o termo grego poiêin.

Em Freud, a sublimação incide sobre a questão da pulsão, como

nós o sublinhamos. A sublimação implica a mudança de objeto instintual,

ou seja, passar dos objetos sexuais à criação de obras de arte ou objetos

que têm uma utilidade social, renunciando mais ou menos a objetos sexuais. O objetivo

da pulsão também não é sexual na sublimação. No entanto, se nós

aceita a tese freudiana segundo a qual a plasticidade das pulsões tem um limite,

permanece "algo que não pode ser sublimado, há uma demanda libidinal,

a exigência de uma certa dose, de uma certa taxa de satisfação direta, por falta de

o que resulta são danos, distúrbios graves”, afirma Lacan117.

116 "Mas quem é originalmente sexual contra outro que não é mais sexual, mas que está psiquicamente
relacionado com o primeiro" Sigmund FREUD, "'Civilized' Sexual Morality and Nervous Disease in Modern
Times", in Sexual Life, Paris, PUF, 1982, pág. 33.
117 Jacques LACAN, O Seminário. Livro VII. A Ética da Psicanálise, op. cit., pág. 110.

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O psicanalista é irônico com essa solução freudiana118 :

Freud nos diz que "a sublimação é também a satisfação da pulsão, então

que é zeilgehemmt, inibido quanto ao seu objetivo – embora não o alcance. O

sublimação não é menos a satisfação do impulso, e isso sem

repressão. Em outras palavras - agora eu não estou fodendo, estou falando com você, eh

Boa ! Posso ter exatamente a mesma satisfação como se estivesse fodendo. É isso

Isso significa. Isto é também o que levanta a questão de saber se, de fato, eu
Porra.

Nesta passagem, que a princípio parece grotesca, encontramos uma questão

capital: os objetos de prazer imediato – sexual, por exemplo – não são

substituídos por objetos artísticos ou culturais devido à sua perda. Mesmo o

objetos "originais", mesmo de prazer imediato, estão perdidos para sempre. Está aqui

promoção de objetos artísticos ou culturais que criam a ilusão de perda e

de uma substituição. Trata-se, portanto, de uma questão dialética entre objeto perdido

e a temporalidade de um segundo objeto – que torna efetiva a ilusão de um objeto

presente do qual se perdeu. É a leitura que Lacan faz do texto freudiano

Esboço de uma psicologia científica, em particular do objeto "vicariante". Nós

encontrar aqui que a possibilidade de sublimação é a chamada perda "originária"

do objeto. Em resumo, a teoria da criação de Lacan nos assegura que

alguns itens só podem ser criados com a ilusão de substituição.

Assim, Lacan inverte a questão freudiana, não sem ironia, sobre

a troca de objetos sexuais por pessoas culturais devido a uma perda originária –

ou seja, perda estrutural - de objetos originários - ou seja, sexual

por sua etimologia “secare”, cortada em latim–: “O jogo sexual mais cru pode

ser objeto de um poema, sem que isso perca seu objetivo

118 Jacques LACAN, O Seminário. Livro XI. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise,
Paris, Seuil, 1973, p. 151.
119 “O objeto é, por sua própria natureza, um objeto redescoberto. Que ele estava perdido é a consequência
– mas depois do fato. E assim ele é encontrado sem que saibamos, a não ser por essas redescobertas, que
ele estava perdido”. Jacques LACAN, A Ética da Psicanálise, op. cit., pág. 143.

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sublimando”120. Que esta citação tenha o termo "poesia" não é a única razão

para a qual a sublimação é Poesia. Falta explicar mais o relatório

entre a sublimação e a criação ex nihilo, ou seja, o lado poiêin –fabricação– de

esta proposição.

De fato, antes que Lacan pudesse formular a teoria sobre o objeto a,

essa perda original foi formulada com a ajuda de uma concepção kantiana, a de

Das Ding, A Coisa121. Lacan, com a ajuda de Heidegger e da teologia, reformula a

questão da sublimação em Freud. Nas aulas dedicadas a

sublimação e arte, a partir de seu seminário sobre Ética, ele utiliza o conceito de

criação ex nihilo e o exemplo do oleiro em Heidegger.

Quanto à criação ex nihilo, Lacan toma Deus como um grande Outro. NO

Com a ajuda dessa abordagem, ele retoma a tese teológica que afirma que a única

maneira como o mundo pode existir é a retirada de Deus. Se lermos esta tese

de maneira secular, facilmente concluiremos que há um vazio no coração

mesmo do lugar do Outro. Com efeito, só com a condição de ter um lugar vazio

no Outro é possível criar algo. Este lugar vazio tem outro

nome: Das Ding.

120 Ibid., pág. 191.


121 Além disso, é interessante que Jean-Pierre Cléro formule a tese que afirma que La Chose
O lacanismo tinha naquela época o status de ficção, até mesmo de mito para explicar um ponto indescritível
da experiência clínica: seus meios. Ele ri de si mesmo quando diz que a noção de Das Ding é operacional;
certamente, não deixa de ser uma construção, mas pode-se perguntar se uma explicação é tão convincente
quando se usa tal enigma. Este é um tema bem considerado por

Bentham em sua teoria das ficções do que a da relatividade da explicação; quando se explica, deve-se
considerar o que se está explicando como menos confuso do que o que se quer explicar. Mas isso é uma
decisão e não um fato”. Jean-Pierre CLÉRO, Dicionário Lacan, Paris, Elipses, 2008, p. 64.

122 “A perspectiva criacionista é a única que nos permite vislumbrar a possibilidade da eliminação radical
de Deus” Jacques LACAN, A Ética da Psicanálise, op. cit., pág. 253. Cf. A questão de Deus e da ciência no
capítulo 2 desta tese. Lacan retoma a questão da morte de Deus para trazê-la ao campo da psicanálise e
tirar suas consequências.
É necessário ler assim o aforismo lacaniano “a verdadeira fórmula do ateísmo é que Deus é inconsciente”
Jacques Lacan, Les quatre concepts, p. 58. Para uma exegese mais refinada deste aforismo, ver François
BALMÈS, “Ateísmo e nomes divinos na psicanálise”, na revista Cliniques Méditerranéennes 1/2006 (n . 73).
Também é interessante dar uma olhada no relatório

333
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Outra abordagem lacaniana da questão do vazio e da criação é a


“vaso” desenhado por Heidegger123. Podemos ler a fórmula proposta por
Lacan sobre a sublimação como elevação “de um objeto (...)
Coisa”124. A questão diz respeito à operação de transformar um objeto em
algo que não seria um simples objeto utilitário. Para responder a esta pergunta,
Martin Heidegger toma o exemplo de um oleiro, ou seja, um artesão ancestral
que faz um trabalho quando faz um vaso. O filósofo alemão destaca que
o gesto fundamental do oleiro consiste em definir o vazio, em dar-lhe forma,
uma representação, para cercar o vazio com barro. Basicamente o
vaso vem de um vazio. Por esta razão o vazio é antes o conteúdo do vaso
do que o seu conteúdo. O oleiro limita o vazio com o objeto criado e lhe dá o status de
Coisa. Assim, as pinturas rupestres são uma forma de
representação a vácuo de Das Ding125 :
Eles cercam de um imaginário, eles cercam de significantes uma cavidade, um

oco, que na sombra ou na noite de um lugar. É também, de certa forma,

toda a arte das catedrais por vir e dar uma representação majestosa ao

vazio, ou seja, cercar um lugar vazio com ornamentos, uma esplêndida

construção.

Para sintetizar a questão da perda irrecuperável do objeto e a questão da


Das Ding, encontramos em Lacan dois movimentos de aproximação do
sublimação de uma forma completamente diferente daquela de Freud: a) um espaço
vazio no campo do Outro (é a reformulação em termos psicanalíticos
da criação ex nihilo graças à retirada de Deus) eb) e a ausência original de um
objeto de acionamento.

entre a perspectiva criacionista e a luta de Lacan contra a causalidade simples e ingênua, questão que Lacan
reformulou várias vezes.
123 “A introdução desse significante modelado que é o vaso já é inteiramente a noção de criação ex nihilo. E a
noção de criação ex nihilo é coextensiva com a situação exata da Coisa como tal” Jacques LACAN, A Ética da
Psicanálise, op. cit., pág. 147.
124 Ibid., pág. 133.
125 CAUSA Jean-Daniel , “Conceito de criação ex nihilo e suas questões clínicas”, in Frédéric VINOT et al., Mediações
terapêuticas pela arte, Paris, Eres, 2014, p. 191.

334
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Objeto ausente que cria a ilusão de estar originalmente presente, Coisa

mítico, a criação ex nihilo como retirada de Deus – isto é, como um lugar vazio

no coração do Outro – e um vaso que envolve o vazio nos leva ao mesmo

ponto: A arte, o trabalho artístico e as criações culturais dão um

representação ao que não tem representação. Em suma, na realidade todos

a criação genuína é a criação do nada. Lacan apreende a função do real

na sublimação, subtraindo-a do registro imaginário pelo simbólico.

3.3.4. Literatura e arte como antecipação e suporte epistemológico

A ambição de Lacan, ao contrário [de


Freud], é enlouquecer com Hamlet e optar
deliberadamente pelo plural em sua escrita, seja
imitando ou contestando os textos literários
citados. Enquanto Freud exerce um controle
rigoroso sobre o poder textual de suas citações, o
ensino de Lacan visa acima de tudo liberar esse
poder novamente, e isso para se adequar aos mais
estritos princípios psicanalíticos.

–Malcom Bowie, Freud, Proust e Lacan:


teoria como ficção

No arco que vai do seminário sobre Ética (1959-1960) ao seminário

De um discurso que não seria semblante (1970-1971), Lacan não muda

fundamentalmente sua abordagem da Poesia. De fato, ele se concentrará em

lógica, topologia de superfície e teoria dos conjuntos e não

uma alusão a obras literárias, pinturas e filmes do mesmo ângulo

de ataque.

Sófocles, Shakespeare, Dante, Sade, Tchekhov, Allan Poe, Gide, Claudel,

Duras ou Genet são tratados de forma clássica ou freudiana, ou seja, o

a literatura é uma antecipação e um suporte epistemológico. Ao mesmo tempo, o

126 “Esta Coisa, da qual todas as formas criadas pelo homem são do registro da sublimação, sempre será
representada por outra coisa – ou mais exatamente que só pode ser representada por outra coisa. Mas, em
qualquer forma de sublimação, o vazio será determinante.
Jacques LACAN, A Ética da Psicanálise, op. cit., pág. 60.

335
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cinema ou pintura fornecem-lhe os meios para abrir uma questão


psicanálise ou formalizar um ponto da experiência analítica. Nós
Podemos ilustrar essa abordagem com alguns exemplos:
a) Joyce como escritor traz uma nova função do sintoma;
b) Hamlet nos permite compreender como o desejo do sujeito é
determinado pela questão enigmática do desejo da mãe;
c) Antígona contém, para Lacan, a possibilidade de inverter a relação
entre estética e ética, dando-nos uma nova formulação de
desejo;

d) Através da carta roubada, Lacan explora os efeitos do significante e a natureza do

linguagem em psicanálise;
e) Através da literatura de Sade, Lacan pôde discernir a dimensão
do gozo do Outro e suas consequências na clínica
diferencial (distinção entre perversão e neurose);
f) O conto Frayeurs de Tchekhov contém para Lacan, se lermos
corretamente, a distinção entre medo e ansiedade;
g) A tabela Las meninas de Velasquez permite que ele encontre a função
do olhar como objeto a para organizar o campo visual;

Chamamos essa abordagem de "clássica" porque é a maneira pela qual


Freud passou a extrair recursos literários. Esses recursos
dar um novo elemento a ser desenvolvido com a ajuda da ciência ou refinado por
experiência psicanalítica. Da mesma forma, eles são os mesmos elementos que
algumas vezes forneceram suporte epistemológico para construir um conceito
psicanalítico. Nesse sentido, Lacan foi freudiano em sua relação com
arte e literatura. Implantamos essas duas posições – suporte

336
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epistemologia e antecipação a serem desenvolvidos cientificamente127– no


primeira parte deste capítulo.

Esta terceira abordagem não é realmente uma periodização, mas uma

extensão da abordagem freudiana que vamos identificar como um todo


da obra de Lacan.

3.3.5. Poesia escrita chinesa: do vazio mediano ao nó borromeano (entre o


diz e escreve)

A poesia pode sair de si mesma desde


que fique dentro da crista que se encontra entre
o som e o significado.
–Philippe Beck, Contra um Boileau

Este último período de Lacan é mais complexo e profundo do que aqueles que

precedido quanto às suas consequências. Após uma exploração teórica

conjuntos, a lógica e a topologia das superfícies, Lacan chega a um conceito

mais diferenciado da letra. Digamos que nesse período Lacan se distingue de um


mais precisamente o significante da letra, a escrita do dito e o som do sentido. Aqueles
as distinções só são possíveis pelo desvio que pressupõe a escrita chinesa.

Segundo Erik Porge128, essa escrita dá a Lacan os elementos para uma

mudança na concepção da relação entre escrever e falar.


O desvio pelo chinês serve também a Lacan para examinar a função do

significante, seu valor escrito, chegando a afirmar que a letra é o "suporte do

reais”129. Por exemplo, para Porge a língua chinesa seria um testemunho da


se relacionam com o mundo em uma civilização. Com efeito, graças à junção do

127 Freud se baseou na ciência enquanto Lacan desenvolve antecipações artísticas e


literárias com a ajuda da biologia, antropologia, linguística, filosofia, religião ou
matemática.
128 Erik PORGE, “Nos passos dos chineses em Lacan”, no jornal Essaim, n. 10, pág. 147-150.
129 “Para além da linguagem, este efeito, que se produz ao apoiar-se apenas na escrita, é
seguramente o ideal da matemática. No entanto, recusar a referência à palavra escrita é proibir-
se o que, de todos os efeitos da linguagem, consegue articular-se” Jacques LACAN, Le Séminaire. Livro XX.
Novamente [1972-1973], Paris, Seuil, 1975, p. 44; “Escrever me interessa, pois acho que é
através de pequenos pedaços de escrita que, historicamente, entramos na realidade, ou seja,
que deixamos de imaginar. A escrita de pequenas letras matemáticas é o que sustenta a realidade.
Jacques LACAN, O Seminário, Livro XXIII: O Sinthome [1975-1976], Paris, Seuil, 2005, p. 68.

337
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fala e canto na língua chinesa e na junção de pintura e

a escrita da caligrafia chinesa, a escrita chinesa manifesta o "apagamento" da

a coisa. Se o traço unário é "o da diferença em seu estado puro"130, o significante

(seja caligráfico ou fonético) não representa uma coisa para

alguém, mas ele representa "um sujeito para outro significante" (para usar o
fórmula canônica de Lacan). “O chinês exemplifica melhor do que escrever

alfabeticamente a existência e a função do traço unário", afirma Erik Porge, porque o

traço unário mostra a essência do significante, sua função distintiva, a diferença

qualidade dos traços que sublinham a "mesmice" significante, ou seja, "a


pura diferença”131.

Em suma, o interesse de Lacan pela língua chinesa é generalizar a função

do significante. Para Lacan, a palavra-fonema constitui uma espécie de


de equivocidade. Na escrita chinesa, existem quatro tons diferentes. Por esta
razão, dependemos mais de sua pronúncia, seu lugar em uma frase e

seu tom para interpretar um termo em chinês. O mais característico

aspecto surpreendente da escrita chinesa envolve a multiplicidade de significados que

tem o mesmo ideograma escrito quando o pronunciamos. Do contrário


o que pensamos sobre a escrita, não retira a equivocidade, mas

enfatiza mais fortemente. Pelo menos na escrita chinesa, onde sua ambiguidade
é mais complexo e amplo que o francês.

Para voltar à questão da relação entre escrita e fala, Porge


afirma que o curso em Lacan seria o seguinte:

1. Primeira vez. No seminário sobre Identificação, Lacan sustenta que


a escrita é a primeira em relação à fala. Mais precisamente Lacan

afirma que na escrita há elementos ou traços materiais que

já estão lá para serem fonetizados. Lacan convoca precisamente a escrita

Chinês no seminário From One Other to Another para apoiar o mesmo


tese.

130 Erik PORGE, ibid., p. 147.


131 Jacques LACAN, O Seminário, Livro IX: Identificação [1961-1962], inédito, sessão de 6 de dezembro
de 1961.

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2. Segunda vez. A partir de 1971, no seminário Sobre um discurso que


não seria aparência, Lacan declara que "a escrita é algo que,
de certa forma, afeta a fala. No habitat da fala”132.
Lacan muda de opinião sobre a questão da escrita. Contexto dos relatórios Porge
desta discussão: remover a confusão derridiana da escrita como

arqui-escrita, escrita primordial ou originária. Por outro lado, Lacan


afirma que a escrita vem depois da fala. Esta mudança
de posição corresponde ao surgimento do conhecimento científico cuja
a escrita é o suporte: lógica, topologia e matemática.

Qual é a consequência psicanalítica dessa inversão de posição entre


fala e escrita, entre o dito e o escrito? A introdução de um terceiro elemento:
o discurso. Essa inversão nos mostra uma manobra típica de Lacan; ele atira
consequências de uma articulação entre matemática, filosofia,
antropologia e arte. Durante o encontro de Lacan com a escrita chinesa, ele
faz a pergunta sobre a diferença entre a escrita científica moderna –
sendo a escrita a condição de seu surgimento – e a escrita chinesa por
trazer à tona a especificidade da escrita em psicanálise. Essa é a função do
letra ou a função da escrita.
Lacan afirma que a escrita chinesa vem do discurso da divindade,
enquanto a escrita da ciência – lógica, topologia, matemática – é
nascido do discurso de mercado. Lacan segue aqui o trabalho do egiptólogo inglês Sir
WMF Petrie: são signos de cerâmica e não outros signos que são
adotados como signos da escrita. Há escrita saindo do mercado e outra
escrita que vem da religião. A conclusão se impõe a Lacan: "a carta,
radicalmente, é o efeito do discurso. Em seguida, Lacan se faz a pergunta sobre o
especificidade da escrita analítica, ou seja, a escrita que vem do discurso

132 Jacques LACAN, O Seminário. Livro XVIII. De um discurso que não seria aparência [1970-

1971], Paris, Seuil, 2007, p. 83.


133 Jacques LACAN, Encore, Paris, Seuil, 1975, p. 36.

339
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analítico: "Para sair do discurso analítico, as cartas que tiro aqui têm um
valor diferente daqueles que podem emergir da teoria dos conjuntos.
Este longo desvio pela escrita chinesa, a arqueologia da escrita e
a escrita do mercado como condição para o surgimento da ciência
constitui a possibilidade de trazer à tona o papel da psicanálise na
cultura e sua especificidade como discurso. Assim, este desvio explica a introdução
de um terceiro elemento – o discurso – em relação à escrita e à fala, bem como
pesquisa que Lacan foi para realmente abrir as entranhas da linguagem,
material essencial para a psicanálise. Por meio da escrita chinesa,
Lacan acentua a questão da letra, mais precisamente da relação entre
duas vertentes do significante – como significante propriamente dito e como letra ou
desperdício – e discurso. A consequência: a escrita não pode ser dissociada da
quatro discursos radicais. De fato, a escrita chinesa permite que Lacan identifique
o papel da escrita na psicanálise e na ciência. Essa distinção foi
necessário extrair a letra da matemática literalizando o
psicanálise.
A função técnica da matemática não é ontológica em si
em si, reside antes na organização escrita das letras (a, S1, S2 e $, por
exemplo). O destino metafísico da matemática não é necessariamente
o da ontologização, isto é, a matemática como domínio da
mundo como se estivesse disponível como um recurso. Escrevendo
matemática organizada como o discurso do mestre é diferente de sua
organização como discurso analítico. As letras da teoria dos conjuntos
no discurso do mestre têm a estrutura discursiva de equivalência
Heideggeriana entre matemática, ciência e tecnologia. Esta equivalência
não existe na psicanálise na medida em que não é organizada como a
discurso do mestre – o analista deve estar ciente disso. Através de seus quatro discursos

radicais – como configuração de conhecimento (S2), poder (S1), sujeito ($) e descanso

134 Ibid., p. 37.

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(a)– Lacan não é heideggeriano em relação à questão da ciência e

matemática. Se a matemática é ciência ou tecnologia dependeria

de sua posição dentro de cada discurso.

Escrita poética chinesa vincula escrita, fala e discurso ao lançamento

também o que matemática e poesia têm em comum como literatura.

Também a sua diferença. A questão é sobre o impossível, os becos sem saída e os buracos.

Escrever em matemática e em literatura identifica uma realidade impossível,

localize a borda de um buraco e mostre o impossível. No entanto, esta escrita opera

de uma maneira diferente. A matemática, como Lacan nunca deixa de insistir, é

funda ao se livrar da violação inaugural135 do princípio da identidade:


A teoria dos conjuntos é baseada no conjunto vazio do qual ø é o único elemento

que pode satisfazer a condição de ser diferente de si mesmo (XÿXÿX que se lê “X

tal que X não é igual a X). Não é sem importância que esta violação do

princípio de identidade está escrito (lemos "X tal que..."). Digamos que a carta pode

expressar algo impossível para a fala. A escrita formula algo

algo inexprimível para o dito. Por outro lado, a escrita literária abre caminho

sem precedente. Em Lacan há uma assimilação dos recursos da linguagem e da

textos poéticos e literários. De fato, a escrita literária abre, gera, uma

135 “Esse suporte se deve ao fato de que a matemática só pode ser construída a partir do que o próprio
significante pode significar. O A que você escreveu uma vez pode ser significado por sua repetição de A.
No entanto, essa posição é estritamente insustentável, constitui uma violação da regra, no que diz respeito
à função do significante, que pode significar qualquer coisa, exceto certamente a si mesmo. .
É desse postulado inicial que devemos nos livrar para que o discurso matemático possa ser inaugurado.
Entre os dois, da infração original à construção do discurso da energética, o discurso da ciência só se
sustenta, na lógica, fazendo da verdade um jogo de valores, esquivando-se radicalmente de todo o seu
poder. dinâmico” Jacques LACAN, O seminário , Livro XVII, O outro lado da psicanálise [1969-1970], Paris,
Seuil, 1991, p. 103. Esta citação pode nos dar uma grande pista em Lacan: A escrita da teoria dos conjuntos
pode ter um impacto tanto no coração da matéria (o átomo) quanto no real do inconsciente. É importante
mencionar que antes da teoria dos conjuntos a linguagem permanecia como um dos elementos
argumentativos da matemática. A teoria dos conjuntos torna possível livrar-se dos argumentos através da
linguagem. Inaugura a possibilidade integral no campo da matemática de um argumento através da escrita.
Por esta razão, é a primeira teoria fundamental da matemática (pode formular qualquer ramo da matemática:
lógica, álgebra, teoria dos números, geometria, etc.), tanto que Hilbert pôde afirmar que "Ninguém deve nos
excluir do paraíso que Cantor criou" (citado por Nicolas BERGER "Arithmetic ordinal and cardinal hierarchies
on sets" em http://www.hec.unil.ch/logique/recherche/berger.pdf, consultado em 8 de maio de 2016).

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caminho nunca antes visto na linguagem comum. Para Lacan os grandes textos literários

contêm novas articulações na linguagem, invenções da linguagem

e outras figuras impensáveis. Todos os grandes escritores abrem

novas maneiras pelas quais a linguagem comum e outros escritores

deve transitar. É aí que reside a importância da escrita.


literatura em Lacan.

Esta última observação é de grande importância para a prática

analítico. Por exemplo, na fórmula do discurso do analista o lugar do

a produção é precisamente a do produto ou resto (a/S2ÿ$/ S1). Isso implica

que um novo significante mestre é o produto do discurso analítico (e não o

plus-de-jouir como no discurso do mestre)136 :

A tese de Lacan sobre a poesia é vigorosa: ele coloca o poeta bem

lado do profeta, o que implica que a poesia pertence à dimensão de um

puro dizer. É o menos estúpido dizer, porque só a poesia (ou profecia)

bem sucedido em dizer algo novo, mesmo único, usando

significantes velhos ou esmagados. A poesia produz novos sentidos e com

esses novos significados, novas perspectivas da realidade.

Não é possível chegar à carta, com seu caráter de não coincidência com

mesmo, do que pela fala. Não podemos descobrir o impossível, o buraco e

inventar um caminho distinto (abrir um novo caminho) do que através da fala. É sobre

da simbolização por cadeias significantes que levam a um ponto real,

isto é, algo impossível de simbolizar ou expressar. Onde o

discurso não pode avançar por simbolização, podemos escrevê -lo como

algo impossível. As invenções matemáticas e literárias são

sempre por intermédio de uma escrita posterior a um esforço de

136 “A tese de Lacan sobre a poesia é contundente: ele coloca o poeta ao lado do profeta, o que significa que a

poesia pertence à dimensão do dizer puro (le dire). É o ditado menos estúpido, pois só a poesia (ou profecia)
consegue dizer algo novo, mesmo único, usando significantes velhos e desgastados. A poesia produz novos
significados e, com esse novo significado, novas perspectivas sobre a realidade”, Colette SOLER, “The Paradoxes
of the Symptom in Psychoanalysis” in Jean-Michel RABATÉ (Ed.), The Cambridge Companion to Lacan, Cambridge
University Press, Cambridge , pág. 96.
A tradução é do autor.

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simbolização que leva a um impasse137. escrita matemática e

literário (sua distinção está na disposição em um discurso) produto de

novidades no vórtice de um real posterior a uma simbolização. A carta

matemática e a letra literária – poética – distinguem-se pela articulação

específico entre a fala, a escrita e o discurso. Observe que a escrita ou a letra

não têm nada a ver com escrever em papel ou em um computador. Eles estão

sim a marca de um impasse após uma simbolização pela palavra (escrita ou

oral).

A poesia escrita chinesa permite que Lacan introduza dois termos

crucial para a psicanálise: lalíngua (sem artigo) e gozo como

única substância na psicanálise. Da mesma forma, a função da escrita, que Lacan

refina após o desvio pela escrita chinesa lhe dá a chave para seguir em frente

Nós borromeanos que têm o mesmo status de escrita que os ideogramas

Chinês. Voltaremos a isso.

prazer

Jacques-Alain Miller afirma que o "há Um" constitui a porta de entrada para o

último professor de Lacan139. Esta observação está ligada a um novo

definição do inconsciente em Lacan: "o inconsciente é aquele ser, falar,

desfrutar, e, acrescento, não quero saber mais nada. Acrescento que isso significa

não sabem absolutamente nada”140. É um inconsciente qua gozo que

emerge da fala e não como efeito do conhecimento. Uma segunda observação de

Lacan nos trará o marco dessa mudança na definição de

137 "A escrita não é a primeira, mas a segunda em relação a qualquer função da linguagem [...] É da fala que se
abre o caminho para a escrita" Jacques LACAN, D'un discurs qui n'est pas du semblance, Paris, Seuil, 2007, p. 62 e
64.
138 Devo esta leitura precisa e rigorosa ao artigo de Christian FIERENS “A função da escrita e o discurso do analista

em Le Seminar Encore” em La revue lacanienne, 2010, n. 6, pág. 85-97.

139 Jacques-Alain MILLER, Orientação Lacaniana III, 13, Curso 2011, Ser e Um, inédito, sessão de 18 de maio de
2011.
140 Jacques LACAN, Novamente, p. 95.

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inconsciente: "daí minha expressão de ser falante que substituirá o ICS de Freud

(inconsciente, leia isso)”141.

De fato, essas duas citações estão ligadas para nos dar uma

nova abordagem do inconsciente como significado a ser decifrado. Ele não seria mais um

formação do inconsciente para decifrar, mas algo da ordem do

prazer. Esta abordagem será mais como uma cadeia de "aproveitar-significado", ou seja,

dizer como a “bateria significante de lalíngua” que tem a tarefa de “não fornecer

do que a cifra do significado”142. Não se trata de um inconsciente que tem efeitos de

sentido, porque o Outro da linguagem não está em jogo. Assim, não é

mais um inconsciente da comunicação. O gozo de lalíngua é um

discurso autista que não se dirige ao Outro.

Esse gozo do inconsciente tem uma ligação com o corpo; é atribuído

ao corpo. Portanto, é uma substância auto-desfrutável. O

A questão que se coloca tem a ver com a conexão que existe entre o material do significante

e prazer do corpo. A linguagem introduz no gozo a repetição de

o Um (uma letra-significante que está impressa no corpo). Esta listagem é para

Lacan o inconsciente em seu último ensinamento. Esta observação é

importante, pois visa uma indicação na prática: há um momento de

desdobrar o inconsciente "transferencial" e após esse desdobramento a orientação do

a prática analítica não busca sentido no inconsciente. É mais

reduzir o sentido das interpretações, pois o inconsciente pode usufruir do sentido e da

blablabla da corda significante (que só repete o Uno).

O Um como significante de letra, gozo e lalíngua nos dão uma

articulação em torno da matemática – como uma leitura lógica da

o inconsciente que repete o Uno – e a poesia – desta vez como lalíngua e

como intervenção poética . Sabemos que a definição de prazer e

seus problemas são mais complexos. É impossível lidar com essa complexidade em

desta pesquisa, remetemos o leitor aos textos La jouissance au fil de

141 Jacques LACAN, "Joyce o Sintoma" em Outros Escritos, op. cit., pág. 565.
142 Jacques LACAN, Televisão, Paris, Seuil, 1974, p. 22.
143 Jacques LACAN, Novamente, p. 26.

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o ensino de Lacan144, Os seis paradigmas do gozo145 e O

gozo146, inevitável aos nossos olhos.

Lalíngua, a função de significado determinante do som e da interpretação poética

A segunda sessão do seminário Encore é uma homenagem a Jakobson, presente na

seu seminário. Neste dia, Lacan reconhece sua filiação a ele. Lacan admite que

Não faça linguística, mas linguística. Lacan estava tão longe do

“função de sentido determinante do som”, que constitui o próprio da função

poético, em Jakobson. A sessão do seminário foi dedicada a Jakobson em

como linguista, mas como pesquisador da poesia. Deixe o som ter um

função determinante – e não discriminatória – é essencial para Lacan148. aquele


a matéria sonora determina o significado é uma das teses centrais do seminário

Novamente. Em seguida, Lacan mostra a diferença entre o significante e o gozo

para ir um passo além: lalíngua determina a linguagem e o significante não é

do que uma causa de prazer. É claro que a mudança de status

o inconsciente como cadeia de gozo é correlato à introdução do

neologismo lalíngua.

Em 4 de novembro de 1971, Lacan criou esse neologismo como efeito de uma

deslizando entre o som de um conhecido dicionário filosófico chamado

“Lalande” e lalíngua. Essa mudança nos aproxima de uma dimensão crucial:

Lalíngua é o tropeço do sentido através do som. Lingüística, o dicionário

144 Marcel RITTER, Jean-Marie JADIN, Gozo sobre o ensino de Lacan, Toulouse, Érès, 2009.
145 Jacques-Alain MILLER, “Os seis paradigmas do gozo” na revista La cause freudienne, n.
46, 2000.
146 Néstor BRAUNSTEIN, Prazer. Um conceito lacaniano, Paris, Point Hors Ligne/Érès, 2005.
147 Jacques LACAN, Novamente, p. 20.
148 “Segue-se que do conhecimento inconsciente pode-se conhecer um pouco, desde que
se deixe inspirar pela função poética, tal como Jakobson a define como a função “determinante
de sentido” do som (e não “discriminativa de sentido”) , ou seja, a função que para Lacan, de
reunir som e sentido, é a única que permite a interpretação analítica”, Michel BOUSSEYROUX,
Lacan, o Borromeu. Digging the knot, Toulouse, Érès, 2014, p. 45.

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ou gramática são apenas algumas tentativas de domar a dispersão e

a invasão de lalíngua149 :

A linguagem, sem dúvida, é feita de lalíngua. É uma elucubração saber sobre

Língua. Mas o inconsciente é saber, saber fazer com alíngua. E isto

que sabemos fazer com lalíngua excede em muito o que podemos renderizar

conta como linguagem.

"Elucubração do conhecimento em lalíngua" é o lugar ocupado pela linguística.

Lacan inverte a abordagem da linguística em sua definição mais conhecida sobre

lalangue : "Uma língua, entre outras coisas, nada mais é do que a integral de

equívocos que sua história deixou para persistir”150. espanhol, italiano ou

francês são apenas o acúmulo de ambiguidades – gramatical,

fonética, semântica – do latim. A linguagem individual só

o acúmulo de ambiguidades em nosso romance familiar.

Esta última observação é tanto uma indicação analítica valiosa

e uma forma de ligar lalíngua à poesia. Por exemplo, quando Geneviève

Morel se pergunta “como desfazer os equívocos fundadores de uma vida? »,

visa uma intervenção de tipo poético na economia libidinal de um

cadeia significante cheia de gozo. Nossa língua, lalíngua, é uma

um acúmulo de ambiguidades que podem ser lidas de outra maneira. É o drama de

nossa vida que se expressa através do discurso do mestre (S1/$ÿ S2/a) : o

mestre significante comanda a cadeia significante (S1ÿ S2) que por sua vez é

determinado pela fantasia ($ÿa). A indicação prática é produzir um

equívoco em S1 para que possa ser lido de forma diferente. Nas palavras de
Geneviève Morel151 :

Como desfazer as ambiguidades de uma vida? Essa proposição que podemos

qualificar-se como mediador não impede a integração na teoria da interpretação

reflexões anteriores sobre poesia, equívocos e um possível além ou

149Jacques LACAN, Novamente, op. cit., pág. 127.


150Jacques LACAN, "O atordoado", p. 490.
151 Geneviève MOREL, A lei da mãe. Ensaio sobre o sinthoma sexual, Paris, Economica, 2008, p. 205.

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obviamente significativo, mas também integra os resultados freudianos da

experiência: levam a levar a sério os efeitos de sentido

interpretações que talvez não sejam totalmente redutíveis à sugestão

nem fé religiosa. Com efeito, dar tanta importância ao equívoco

significado, que por definição esconde pelo menos dois significados, envolve levar em conta

conta os efeitos desse duplo sentido sobre o sujeito e sobre a vida.

Para Jean-Luis Sous, este é um ensaio que vai da linguagem à lalíngua e que

não pode ser reduzido a uma questão de interpretação. Este ensaio é sobre um

concepção absolutamente diferente da psicanálise. Jean-Louis Sous desenvolve

duas séries divergentes que colocam a linguagem e a lalíngua152 em tensão :

Uma linguagem Linguagem


Conceito Projetista
Diferença binária Substância agradável
Unidades de entidade linguística Cunilingüística
Universal Especial
Essencialismo Maneirismo
Estado, atributo Predicado, transformação
Substrato ponta de um conceto
Nível descentralizado de interpretação de Equívoco, ressonância de lalíngua no
suposições equívoco de orifícios de pulsão
Significado do falo como órgão dos sentidos Deslizamento falacioso como órgão dos
sentidos

Gráfico 6

Queremos enfocar a questão da "ressonância de lalíngua em

ambiguidade dos orifícios de pulsão” para voltar à articulação entre lalíngua,

prazer e interpretação poética. Vamos ver como as seguintes citações de

152Jean-Luis SOUS, “Sete vezes na ponta de lalíngua” em Falando com Jacques Lacan.
Hibridações, Paris, L'Harmattan, 2013, p. 107-127.

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Lacan, apesar de seu tom bastante enigmático, são mais claros com a chave dessa

articulação entre lalíngua, gozo e interpretação poética153 :


O analista, por sua vez, decide. O que ele diz é cortado, ou seja, particípio de
escrita, exceto que para ele ele equívoco na ortografia. Ele escreve
diferentemente para que pela graça da grafia, de uma forma
diferente da escrita, soa diferente do que é dito, do que é dito com
a intenção de dizer, isto é, conscientemente, na medida em que a consciência vai
muito longe.

Notamos a relação entre dizer, escrever, poesia e equivocidade e

sublinhemos o efeito de sentido e de furo que a poesia possui154 :


Poesia que é efeito de sentido, mas também de furo. Há apenas poesia, você
eu disse, que permite a interpretação e é nisso que não chego mais, em
minha técnica, custe o que custar; Eu não sou estúpido o suficiente, eu não sou
ri bastante!

No entanto, a poesia como intervenção visa mais o buraco do que a produção


significado155 :

Carimbos de significado, mas com a ajuda do que é chamado de escrita poética, você
pode ter a dimensão do que poderia ser a interpretação analítica.

Essa intervenção poética alinhada ao discurso analítico (a/ S2ÿ$/S1) indica

que a posição de saída ou repouso corresponde a uma nova (S1). Um

significando novo como produção, ou seja, como poiêin ou poesia156 :


O terrível é que a relação que fomenta a coisa toda diz respeito apenas
gozo e que a proibição ali projetada pela religião compartilhar com
pânico do qual a filosofia procede neste lugar, uma multidão de substâncias em

153 Jacques LACAN, O seminário, Livro XXV: O momento de concluir [1977-1978], inédito, sessão de
20 de dezembro de 1977.
154 Jacques LACAN, O Seminário, Livro XXIV: O desconhecido que sabe do une-bévue s'aile à mourre [1976-
1977], inédito, sessão de 17 de maio de 1977.
155 Jacques LACAN, Ibid., sessão de 19 de abril de 1977.
156 Jacques LACAN, “Posfácio ao seminário 11” em Outros escritos, op. cit., pág. 506.

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surgem como substitutos do único próprio, o do impossível, ao que se

falar, ser o real. Não poderia esta "postura-de-baixo" ser

livro mais acessível desta forma para onde a escrita do poema já faz o dizer
menos estúpido?

O analista, por sua vez, está no lugar do "a" como poema e não como

poeta. Caso contrário, seria sujeito e não agente de aparência/causa do desejo :

Que hierarquia poderia confirmá-lo como analista, dar-lhe a

amortecedor ? O que um Cht me disse foi que eu nasci. Eu repudio este certificado: eu

não sou um poeta, mas um poema. E que está escrito, apesar de parecer

tema.

A última citação desta série resume as anteriores nadando158 na

questão equívoca de lalíngua. Este é o estilo lacaniano segundo seu seminário

em Joyce159 :

Como eu nasci poema e papouete, diria que o mais curto sendo o melhor, ele diz para si

mesmo: “Para estar onde? que às vezes é escrito de mais de uma maneira:

orifício. Recusar pelo buraco vale a pena… aguenta. Embora suspenso. " É um

poema assinado “Là-quand” porque parece responder a ele, naturalmente.

Eu teria adiantado que, se fosse o passe, eu teria "arriscado". Mas eu sou muito velho

analista para servir. Acrescentar "a quem quer que seja" estaria fora de lugar. James

É óbvio que neste momento as apostas da poesia em Lacan estão ligadas a uma

possível intervenção na economia libidinal. Aqui, intervenção significa um

interpretação160 que não é hermenêutica, ou seja, que não visa o sentido.

157 Jacques LACAN, “Prefácio à edição inglesa do Seminário 11” em Outros Escritos, op. cit., pág. 572.
158 As metáforas aquáticas serão mais frequentes neste período.
159 Jacques LACAN, “Manuscrito 83”, em Obras gráficas e manuscritos, Paris, Artcurial, 2006 [1978], p. 48.

160 "É a interpretação, que não é modal, mas apofântica" Jacques LACAN, "L'étourdit" em Outros Escritos,

op. cit., pág. 473. O termo apofântico vem do jargão aristotélico e visa extrair a interpretação do registro do
sentido, ou seja, acentuar um dizer como ato, ou seja, "atravessar o conjunto dos ditos e alcançar o gozo
que se decifra entre os significantes”, Silvia Elena TENDLARZ, “O inconsciente e sua interpretação” http://
www.silviaelenatendlarz.com/index.php?file=Articulos/Experiencia-analitica/El inconsciente-y-su-
interpretacion_FR.html , acessado em 20 de dezembro de 2016.

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Ao contrário, a interpretação visa produzir um efeito de esvaziamento do


sentido por equívoco: "Poesia que é efeito de sentido, mas também de furo"
(supra) 161. Uma intervenção na economia libidinal implica um efeito
lalíngua (um real) pelo simbólico162. Essa intervenção na economia
libidinal implica necessariamente linguagem e gozo em torno do vazio
(vazio, buraco). O que nos traz de volta à poesia chinesa, ou melhor, ao passo do
Poesia escrita chinesa com o nó borromeano.

O passo da escrita poética chinesa ao nó borromeano

A poesia escrita chinesa atrai a atenção de Lacan graças a vários


características: a forma gestual de sua caligrafia, sua articulação entre o
dizê-lo e escrevê-lo, e como produzir um "vazio mediano" através da poesia. este
vazio mediano implica um elemento ternário164 que o retira do binário.
Não é a primeira vez que Lacan aponta a conexão entre topologia e
escrevendo. De fato, no início de uma sessão de seu seminário The Object of

Apreendemos aqui que o que ele pretende com a própria noção de um significante que
não teria nenhum tipo de sentido, ele visa, por assim dizer, a ressonância do efeito do
furo, isto é - isto é, o que , no dito, é logificado a partir da ausência da relação sexual e se
estende como uma significação vazia. Sua referência à escrita poética chinesa não é feita
para induzir a pensar que a interpretação deve ser escrita, mas que a interpretação não é
simplesmente um equívoco de sentido a sentido, mas que é propriamente o forçamento
pelo qual um sentido, sempre comum, pode ressoar uma significação que só é vazia, que só é vazia na condiç
Jacques-Alain MILLER, Orientação Lacaniana III, 9: O último Lacan, inédito, sessão de 28 de
março de 2007.
162 “Por um lado, ele [Lacan] pensa que o analista pode, graças à interpretação equívoca,
fazer ressoar o significante no corpo, assim tocar a 'mecânica' da pulsão ou modificar sua
trajetória, na medida em que ' as pulsões são o eco no corpo do fato de que há um dizer'”.
Geneviève MOREL, A lei da mãe, op. cit., pág. 107.
163
"François Cheng mostra bem em seu livro por quais processos o poeta introduz o vazio na
linguagem, omitindo pronomes pessoais, palavras vazias, criando uma espécie de vazio entre
as palavras, e até mesmo substituindo palavras vazias por verbos, tanto que, o sendo a palavra
impulsionada pelo sopro do Vazio mediano, os poemas do Tang chegam a 'trans-escrever',
como escreve Cheng, o inexprimível das coisas” Michel BOUSSEYROUX, Ao risco da topologia
e alguma poesia. Expandindo a psicanálise, Toulouse, Érès, 2011, p. 333.
164 Este é um terceiro elemento em relação ao ying e yang que precisamente não está escrito.
Esse vazio não é exatamente um vazio no qual se cai, mas um vazio feito pela palavra que
muda o espaço ao produzir um efeito no poema. Nesse sentido, o vazio mediano é poiesis, ou
seja, produção. Mais uma vez encontramos a relação entre poesia, fala, topologia e “creato ex
nihilo”.

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psychoanalyse165, Lacan escreveu caracteres chineses adicionando um círculo de tinta

preto que ele traduzirá em sua “própria caligrafia” como oito interiores166.

A última vez que Lacan escreveu caligrafia chinesa no quadro

é em 3 de março de 1972, uma sessão após a primeira menção que ele fez no Node

Borromeu, 9 de fevereiro de 1972167. Tudo acontece como se Lacan tivesse

substituiu a caligrafia chinesa por sua própria caligrafia, ou seja, a

topologia de nós. O nó borromeano tem, como o vazio mediano, um

dimensão ternária que serve para articular tudo o que ele encontrou na escrita

poética chinesa.

Quais são, em última análise, as questões colocadas

Escrita poética chinesa e retomada pelo nó borromeano? Nós

encontre pelo menos cinco:

a) A função da escrita e sua relação com as funções da fala e

Língua. Essa amarração não ocorre sem a escrita dos quatro discursos169 ;

b) A poesia como intervenção por equívoco. Interpretação


doravante visa à redução do sentido;

c) Relação entre vários elementos matemáticos e poéticos para o

práxis analítica (através da escrita e da topologia, por exemplo);

165
Jacques LACAN, O seminário, Livro XIII: O objeto da psicanálise [1965-1966], inédito,
sessão de 15.12.1965.
166 Idem.
167 Jacques LACAN, O Seminário, Livro XIX: …ou pior [1971-1972], Paris, Seuil, 2011, p. 91 e 96.
168 “A língua chinesa 'brinca com o nó'. E assim ela joga no buraco, sem o qual não haveria
nó possível. Sim, parece que Lacan buscou na língua chinesa escrita uma escrita nodal da
carta e do gozo » Michel BOUSSEYROUX, Lacan le borroméen, p. 95.
169 Às vezes temos a impressão de que a função da escrita tem uma relação privilegiada com
a realidade, enquanto a fala e a linguagem a têm com a verdade, até com o desejo. Essa
“impressão” é baseada em duas citações de Lacan (“Me a verdade, eu falo” Jacques LACAN,
“La escolheu freudienne” em Escritos , op. cit., p. 409; “Estamos ali reduzidos ao sentimento
porque Joyce não não nos diga, ele escreveu, e é aí que está toda a diferença. Quando você
escreve, você pode tocar a realidade, mas não a verdade" Jacques LACAN, Le Sinthoma , p.
68) e outro de Jean-Claude Milner ("O a verdade fala, ela não escreve" (Jean-Claude MILNER,
L'oeuvre claire, Paris, Seuil, 1995, p. 32). , a verdade, “variedade” (condensação entre verdade
e variedade) como é chamada em seu seminário XXIV, é sempre variável e “meio dito” (Jacques
LACAN, L'insu que sais..., sessão de 19 de abril de 1977) Ver Joseph ATTIÉ, Entre o dito e o
escrito Psicanálise e escrita poética, Paris, Michèle , 2015 (“Na escrita, é a letra que tem
precedência e pode prescindir de sentido”, p. 21; “o significante deve referir-se a um sentido
e a letra a um s-significado, para um real indescritível”, p. 36; "A verdade é assim estilhaçada
em favor do puro significante tornado letra, isto é, um certo real", p. 126).

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d) A introdução de dimensões próprias da psicanálise: lalíngua


e prazer;
e) A introdução de dimensões indescritíveis para a linguística
moderno (ressonância170, tom, fuga de sentido, homofonia, musicalidade171,
"mimemes"172, a possibilidade do gesto teatral ou outras características
artístico173);

Dissemos que esse período abriu um caminho tão fértil para Lacan que ele
finalmente articulou elementos heterogêneos ao reformular múltiplas
conceitos decisivos para a psicanálise. Ao longo deste período, cada vez mais
quanto mais a poesia domina. Mas, que tipo de poesia é essa? Quando Lacan
afirma, em carta endereçada a François Cheng, que "a partir de agora qualquer língua
analítico deve ser poético”174 encontramos várias dimensões do
poesia. Primeiro, a criação artística – em Joyce – que temos
abordado na seção anterior (3.3.4. Literatura e arte como
antecipação e suporte epistemológico). Deste lado, lalíngua seria um
criação artística, ou seja, o artista como produtor (poiêin) de sua obra
a partir da organização da escrita dos equívocos. Em segundo lugar, a poesia
como os recursos culturais da literatura que empurram a linguagem para

170 "A poesia é o caso limite da aliança do som e do significado cuja unidade paradoxal na fala e na linguagem é
seu próprio ser", Henri Maldiney citado por Joseph ATTIÉ, op. cit., pág. 111.
171 “Como a música, o som não ocorre na consciência, mas na matéria, é mais efeito de sensações do que de
sentido”, “A ressonância não duplica, não duplica uma única causalidade. Não representa a transcendência de um
referente ausente, mas dá ressonância , como diria o poeta François Ponge”, Jean-Louis SOUS, L'équivoque
interpretativo. Seis momentos de Freud a Lacan, Paris, Le bord d'eau, 2014, p. 17 e 18-19.

172 Dardo SCAVINO, “En la masmédula de Girondo o la ficción de la lengua” in Bulletin hispanique, ano 2005, vol.
107, nº. 2., pág. 525.
173 “É raro Lacan fazer uma pausa sem emitir uma espécie de barulhinho na garganta – meio grunhido, meio
risinho – que se repete em todas essas gravações como se ele tivesse que limpar suas cordas vocais de um nódulo
de reprovação. reformando a cada frase, eliminando algum descontentamento tão doloroso quanto necessário ao
seu pensamento. (…) Lacan evita imitar em sua voz uma plenitude que sugere a de um centro, de uma unidade, até
mesmo do sentimento passageiro de uma simbiose entre teoria e seu objeto. Pausas constantemente longas fazem
sentir o vazio dentro do raciocínio e se opõem ao canto contínuo de uma voz que esquece qualquer exterioridade
aos seus próprios efeitos” Claude JAEGLE, Silent portrait of Jacques Lacan, Paris, PUF, 2010, p. 27-29, citado por
Jean-Louis SOUS, Interpretative equivocation, p. 125.

174 François CHENG, “Entrevista com François Cheng, observações coletadas por Judith Miller” em revisão

O Burro, não. 48, 1991, pág. 54.

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limites. Ao mesmo tempo, a literatura chinesa como cultura escrita seria o

testemunho do traço unário na cultura. Por sua vez, a "descoberta" de Joyce

dissolver a língua inglesa injetando outras línguas seria

a atestação de lalíngua como acúmulo de ambiguidades na escala

cultural. Finalmente, a poesia supõe uma dimensão equívoca, que

nos remete à nomeação e à equivocidade. A nomeação é entendida como a

língua materna que funda um equívoco fundamental que determina a

cadeia significante (S1ÿ S2) 175. Equivocidade é uma interpretação que visa
“desfazendo os equívocos fundadores de uma vida”176.

Em suma, a poesia tem uma dimensão de criação, invenção

cultural, de poiêsis (criação), que vai além da linguística. Ela tem um triplo

vocação: como recurso epistemológico (o inconsciente é fundado por uma

equívoco fundamental, nomeação177), como arma técnica para a

prática (interpretação como redução de sentido) e como o que impulsiona

limites da linguagem.

175 “A nomeação é sempre feita na língua materna [é lalíngua], cheia de ambiguidades impostas ao sujeito”
Geneviève MOREL, La loi de la mère, op. cit., pág. 111.
176 Como dissemos, essa dimensão interpretativa tem uma dimensão topológica. Fazer algo com a fala
(buracos, troumatismo, equívocos): "[...] a única arma do analista contra o sintoma é o meio-dizer ou o
duplo dizer do equívoco" e "O real da divisão do sujeito entre S1 e S2 reflete a duplicidade do símbolo e do
sintoma que se define topologicamente pela figura do "falso-buraco" [ ... ] -buraco , buraco do simbólico e
do símbolo. Seria uma questão de “realizar” esse falso buraco transformando-o em um buraco real” ibid.,
p. 107 e 108.

177 “O poema, por outro lado, é uma tentativa sempre nova de nomeação. Isso é uma coisa fabulosa que
não é dada a todos, porque se trata de se situar em relação ao ponto de falta que está em qualquer língua »
Joseph ATTIÉ, op. cit., pág. 74.

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3.3.6. síntese lacaniana

É verdade que neste mesmo ano do Momento para


concluir Lacan conclui que a psicanálise é poesia e, mesmo, no
auge do horror, que é filosofia. Não há discurso que assuma tão
radicalmente a falta de garantia como a poesia. Às vezes há
poesia em uma sessão.

–François Balmès, Que ciência para uma


prática de tagarelar

Encontramos cinco formulações da relação entre psicanálise e Poesia :

A poesia antecipa a psicanálise, a Poesia –traduzida pela linguística–

como base epistemológica própria da psicanálise, a Poesia como

poder produtivo (poiêin), a Poesia como recurso que antecipa e dá

um suporte epistemológico para a psicanálise e, por fim, a Poesia como

configuração cultural –escrita– que esclarece o papel da psicanálise na história da

humanidade. Embora nosso critério para categorizar essas formulações

segue uma lógica cronológica, é possível encontrá-los ao longo

obra de Lacan. Às vezes, alguns desses momentos são reformulados ou repetidos,

às vezes encontramos indícios de tempos posteriores. Nós podemos

concluímos que, apesar de sua emergência cronológica, cada momento configura

uma lógica estável e independente de relação entre psicanálise e Poesia.

O primeiro momento é o do encontro de Lacan com o surrealismo.

A arte surrealista constitui a porta de entrada para o jovem psiquiatra Lacan, no

mundo da poesia. Ele escreveu seu primeiro poema intitulado "hiatus irracionalis",

onde podemos encontrar retrospectivamente um resumo de toda a sua obra.

Através de sua abordagem à arte surrealista, vários temas lacanianos são designados. Ele

é na verdade uma antecipação ao nível dos temas e ao nível do

um método que facilitará a reinvenção da psicanálise de Lacan.

Em relação aos temas, encontramos a abordagem do surrealismo em

linguagem –onde se pode distinguir entre o real e a realidade–, o descentramento do sujeito,

a estratégia racional para abordar o absurdo por meio da linguagem,

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a importância da parte lúdica da linguagem – jogos homofônicos, musicalidade e


ritmo–, a função explicativa e não ilustrativa da poesia e a
desconstrução do binário normal e anormal tão importante para o
despatologização da psiquiatria.
Um ponto capital que está longe de ser uma coincidência é o do poder
transformando imagem e linguagem. A imagem e a linguagem não podem ser reduzidas a

ser mediadores da realidade, mas são operadores reais para transformar


realidade: eles têm um poder ficcional que tem a capacidade de afetar
o mundo. A imagem é uma organizadora da realidade e a palavra é uma força que
dialetiza o mundo – opõe-se como uma negatividade ao que já é
existir. O palco do espelho viu a luz graças a essa intuição desenvolvida na
do surrealismo.
No que diz respeito ao método, Lacan antecipa as bases de sua relação
com a literatura, a poesia e a arte em geral. Com a ajuda da arte, Lacan formula e resolve
problemas teóricos. Literatura, arte e poesia são os remédios para
renovar a psiquiatria. A arte não só permite formular grandes
perguntas à psiquiatria, mas também para testar certas hipóteses.
Como psiquiatra interessado no surrealismo, Lacan "traduz" a linguagem
de arte para uso no campo da ciência.
Muito cedo, Lacan encontrou nos surrealistas a tentação mística que
apelar para o inefável. Formalização, conceituação e linguagem seriam os
antídotos para evitar cair nessa armadilha.
O segundo momento segue um ponto essencial heideggeriano: a poesia
como Urpoesie – a arte como forma de habitar o Ser – impede a
degradação da psicanálise como abordagem biologizante ou
psicólogo da psicanálise. A poesia, com a ajuda da linguística, dá a
base epistemológica para renovar a psicanálise de forma rigorosa.

178 Ou é antes uma “subversão psicanalítica da psicopatologia” como o


sugere Miguel Serra. Cf. Miguel SIERRA, As Contribuições de Freud e Lacan à Teoria das
Estruturas Clínicas. Das bases genealógicas aos debates em psicopatologia, tese de
doutorado defendida em 30 de setembro de 2016 na Universidade de Paris 7 Diderot. Tese
orientada por François Sauvagnat.

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Com efeito, a linguística e a instrução desontologizante de Heidegger


fornecer uma base para formalizar o mito e entender o poder de
romance em Freud, dimensionando a importância das ficções na psicanálise e
ler “estruturalmente” contos, peças, textos literários e
grandes obras de arte.
Naquela época, o slogan do "retorno de Freud" foi feito para
uma psicanálise não biologizante, não psicologizante e não ontologizante.
Mas esta instrução não pode ser reduzida a uma tarefa negativa (prevenir, ir
contra algo, opor-se a uma ideia, etc.). Também é um tempo
onde as ferramentas de formalização permitem fornecer uma base epistemológica
para a psicanálise. O algoritmo de metáfora inspirado por Jakobson (e
Victor Hugo) e a formalização do mito em Lévi-Strauss desontologizam o
psicanálise; ao mesmo tempo, dão-lhe uma base rigorosa para formular
conceitos (o nome do pai) e ferramentas (o gráfico do desejo), permitindo-lhe
ir além do Freud edipiano. Esta operação é impossível sem a ajuda do
Poesia. Por exemplo, o gráfico do desejo foi desenvolvido usando um desvio por
O Diabo Apaixonado (de Jacques Cazotte) e uma leitura de Hamlet. No fim de
nesse período Lacan encontra a importância das ficções para a psicanálise no
meio da filosofia de Bentham. Esta intuição terá um significado
definitivo na obra lacaniana.

A terceira abordagem toma a arte como paradigma da sublimação.


Em Lacan podemos encontrar a Poesia como criação -poiêin- a partir
do objeto perdido para sempre em Freud. Lacan inverte a questão freudiana da
criação como sublimação ao afirmar que certas obras de arte não podem
ser fabricado apenas com a ilusão de substituir um objeto perdido.
Lacan toma emprestado o exemplo do oleiro heideggeriano para formular a
sublimação como criação em torno de um vazio. A figura da creatio ex nihilo
estende-se aos últimos seminários sob a figura da escrita chinesa
e topologia de nós.

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O quarto momento na relação entre Poesia e psicanálise retoma

a relação clássica em Freud: uma antecipação de temas psicanalíticos

e suporte epistemológico para desenvolver conceitos para a práxis

analítico. Textos de Claudel a Joyce, via Sófocles, Shakespeare,

Sade, Poe, Genet ou Duras, contêm ideias e conceitos que anteciparam este

acontece com a prática analítica. Lacan desvincula esses elementos e extrai desses
textos um suporte epistemológico. Cinema, pintura ou escultura são
abordado de forma semelhante.

Por fim, a quinta aproximação entre Poesia e psicanálise

iniciando uma forma particular de poesia: a poesia escrita chinesa. Desta vez,

A poesia assume uma das formas mais radicais de "linguagem": a escrita

como configuração cultural, que esclarece o papel da psicanálise na

a história da humanidade. De fato, Lacan identifica três funções: fala,


linguagem e escrita; ele encontra o cerne das apostas da equivocidade da linguagem; ele faz

espaço para dimensões indescritíveis pela linguística por meio do que

chama de "linguística", e acrescentando duas questões fundamentais para a

psicanálise: lalíngua e o campo do gozo. Lacan usa a Poesia

como forma de esclarecimento de um dos mistérios da cultura: o hiato

entre o que se escreve e o que se diz. O vácuo é parte constitutiva do

questão e, por isso, Lacan conseguiu substituir a caligrafia chinesa


pela topologia de nós.

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3.4. Síntese intermediária

Os psicanalistas tornam-se os substitutos do poema.

–Michel de Certeau, História da Psicanálise

Se o estilo de Lacan se funde em poesia, não é para


torná-lo um poeta, mas um analista, sendo a clínica do estilo
o índice do desejo do analista, o eixo de cada
padre.

–Erik Porge, Transmitindo a Clínica


Psicanalítica

Não acredito em bilinguismo na poesia.


Linguagem dupla, sim, há…

A poesia, a fatal unicidade da linguagem...

Poesia hoje,
como a verdade, eles muitas vezes falham

–Paul Celan, Bremen Discurso

Ao longo deste capítulo, construímos nosso objeto de estudo: a Poesia. Nós


vimos que a multiplicidade de características que podem ser submetidas a este
título é enorme. Mas escolhemos quatro aspectos que assumimos
capturar a essência da poesia para a psicanálise. A poesia reúne
dimensões artísticas (forçar e invenção da linguagem através da linguagem),
estético (prazer), criacionista (nomeação, produção, invenção) e
literário (escrita, estilo, gênero literário). A poesia começa ao longo deste
pesquisa com letras maiúsculas e em cursiva para se distinguir do poema como
gênero literário, ou seja, como uma história ou texto escrito em verso.

Procedemos da seguinte forma: primeiro,


abordou as quatro dimensões associadas à poesia (literatura,
estética, arte e criação) para construir Poesia; segundo, temos
mostrado como Freud e Lacan extraem dela elementos importantes da

358
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psicanálise; por fim, identificamos as relações entre a psicanálise

e Poesia em cada psicanalista –Freud e Lacan–. Em outras palavras, como

Freud e Lacan extraem elementos das quatro dimensões da Poesia para

construir usos psicanalíticos – clínicos, teóricos e práticos. Nós

notamos as diferenças e continuidades entre Freud e Lacan.

Todos esses elementos reunidos sob o nome de Poema, como vimos, não são

não convocado por suas características decorativas, o poder do artifício

retórica, sua expressão psicológica, seu gênero literário ou para produzir

efeitos que visam agradar, comover ou inflamar. Dichtung, poiêin, o

“linguística” – a subversão da linguística – e a função poética carregam

sobre os limites da linguagem, sobre a nova criação e sobre algo

preocupante. Nesse sentido, o Poema tem características mais modernas do que

clássico ou romântico.

Assim, quando falamos do Poema, trata-se dos elementos extraídos do

dimensões estéticas, criativas, literárias ou artísticas da poesia que são

anti-intuitivo, não-harmônico, na contramão e de criação sem precedentes. Esses elementos

empurrar os limites da linguagem, introduzindo novos turnos de frase,

expressões, palavras, operadores lógicos, texturas ou possibilidades

novo em um idioma. O Poema não habita o campo da comunicação

e não tem uma função puramente estética –de beleza–, referencial ou

analógico. O Poema é um ditado impessoal que não se dirige a alguém

especificamente. O que atrai a atenção de Lacan é a função de um dizer que é

hors sens, um ditado que esvazia de sentido ou que não possui sentido. O Poema

produz efeitos radicais: ressoando com o que é impossível

dizer, forçar a língua (neologismos, injunção de uma gramática estrangeira),

modificar o inconsciente através da fala, induzir a fala interpretativa fora do significado,

produzem a inexpressividade ou a irrupção de um enunciado que toca a realidade. A poesia é _

uma espécie de revelação imanente, uma posição de abertura ou ruptura, uma

disposição para fazer as pessoas dizerem o que o real insiste em dizer; é o reinado de

a equivocidade e o poder da mensagem para a mensagem. O Poema não é

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Pacífico. Há uma demanda virulenta em falar sob o risco do aberto, por


que ele diz o que é impossível de dizer e gera o mais verdadeiro. Héctor Lopes
explica179 :
"Então o verdadeiro poeta, nenhuma mensagem descafeinada que abuse da função emotiva

da linguagem, mas da fala que se limita com o sem-sentido, que é conseqüentemente

lacrimejamento, e até repulsa em certos momentos, e que chama antes a

ansiedade do que à identificação.

Em suma, construímos nosso objeto Poesia reunindo quatro dimensões de


poesia para trazer à tona as relações e os usos que Freud e Lacan têm de fato.
Sob esse prisma, partimos com Freud para preparar o
fundamentar e identificar de onde parte Lacan. Dessa forma, tentamos ler o

estratégia geral, os usos poéticos da psicanálise e a diversidade de


operações feitas para Lacan. Não precisamos detalhar
maximamente nem implantar essas operações exaustivamente. Foi apenas
identificar a estratégia geral e suas operações para compará-las e
comparar com os do Mathème no capítulo 4 – que será dedicado ao
relação entre Poema e Matema. A questão era, portanto, não entrar em muitos detalhes
para evitar que nos percamos nos labirintos poéticos, mas ao mesmo tempo,
não generalize muito para não passar por lugares-comuns que
tornaria nossa pesquisa infrutífera.

Vimos como Freud enfrentou a questão da


cientificidade da psicanálise. Muito cedo, ele encontrou fenômenos em sua
clínica que se assemelhava a textos literários. Esses fenômenos não foram
tratado pela ciência, sendo considerado indigno. Para Freud, a tarefa de
A psicanálise como ciência não se reduz a descrever os fenômenos
psíquico e tratá-los. A prática psicanalítica pressupõe a explicação de
esses fenômenos. O psicanalista vienense considerava a Poesia uma aliada

179 Héctor LOPEZ, Lo fundamental de Heidegger em Lacan, Buenos Aires, Letra viva, 2011,
p. 66. A tradução é do autor.

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explorar esses fenômenos negligenciados pela ciência. A natureza literária de

formações do inconsciente, por exemplo, levaram Freud a se interessar pela

literatura para garantir a cientificidade da psicanálise. Usando Poesia

Freud pesquisou, descreveu e explicou um novo campo chamado "psique".

Identificamos cinco usos principais da Poesia em Freud:

a) uma transmissão da experiência psicanalítica que pode

prestar contas de forma científica e rigorosa;

b) uma antecipação de certos fenômenos e tendências que o

a psicanálise se desdobrará de forma científica;

c) um suporte epistemológico para desenvolver os elementos desprezados pelo

ciência (fantasias, memórias, brincadeiras, etc.)

conceitos e teorias – A poesia contém uma riqueza de explicação não


ainda formalizado–;

d) uma criação, por exemplo, as três formas de criação na obra

Freudiano: jogos infantis, sublimação e o Witz – dos quais apenas o

os dois últimos envolvem criação literária, poesia e arte em

em geral-;

e) uma formulação de verdades não acessíveis senão pela literatura,

como quando Freud desenvolve a ideia de que os mitos têm uma verdade

psíquico mais profundo do que uma simples história e que Lacan formula em
termos de um mito que dá "uma forma épica ao que acontece a partir de
estrutura »180.

Confirmamos então que Lacan está em uma relação de filiação

Freudiana em relação ao encontro entre psicanálise e Poema. Para nós ele

é óbvio que o psicanalista parisiense retoma, reconfigura e aprofunda a

Abordagens poéticas freudianas colocando-as em relação com outros saberes

180 Jacques LACAN, "Televisão", op. citar,. pág. 532.

361
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como matemática, antropologia, linguística, sociologia,


biologia, cosmologia, religião, etc.
Em Lacan, é possível nomear cinco relações essenciais entre
Poesia e psicanálise. Vimos que essas relações coincidem com cinco
períodos. Essa periodização pode ser assim resumida: a) a influência surrealista na
psiquiatria (1930-1949); b) a abordagem linguística e heideggeriana da linguagem
e ficção produtiva (1950-1960); c) A poesia como sublimação em torno do
vazio (1961-1964); d) a repetição do quadro clássico freudiano: literatura e
a arte como antecipação e suporte epistemológico (1958-1964); e, e) Poesia
vista através da escrita, ou seja, como uma produção cultural de grande
ninhada (1971-1981). Como vimos, esses períodos apenas indicam
os momentos mais ativos. O anterior significa que alguns deles
pode reativar ou mesclar com outros períodos, ou seja,
antecipações e significados retrospectivos sempre foram possíveis.
Além de suas diferentes formas de vincular Poeme e psicanálise,
Observe duas diferenças fundamentais entre a abordagem freudiana e
a abordagem lacaniana do Poema. Lacan levanta a questão da psicanálise ao
termos de linguagem,181 enquanto Freud age em termos de antecipações poéticas para

desenvolver cientificamente. Primeiro, é o surrealismo que lhe dá


uma intuição do papel da linguagem em relação à realidade. Então é o
linguística moderna e o estruturalismo, lidos por Heidegger, que lhe permitem
formalizar essa intuição. Finalmente, a escrita poética chinesa e
matemática –especificamente topologia– permitem elucidar três
funções essenciais para a psicanálise e a cultura em geral: a função
da escrita, a função da fala e a função da linguagem. Lacan coloca
perspectiva da psicanálise a partir do primado da linguagem e sua

181 “O dever que Lacan impôs ao analista de assimilar de forma mais profunda os
recursos da linguagem poética adquiriu outra magnitude. Na medida em que a literatura
e a linguagem em geral ocupavam outro lugar dentro da teoria e do pensamento da época,
esse dever se impunha não apenas ao clínico, mas também ao teórico » Santiago
DEYMONNAZ , Lacan no cuarto contíguo. Usos de la teoría en la literatura argentina de
los años setenta, Leiden, Almenara, 2015, p. 212. A tradução é do autor.

362
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derivações: escrita, fala e linguagem como tal. Para Lacan, o Poema


é uma das línguas faladas pela psicanálise. Se o inconsciente está estruturado
como uma linguagem, composta de significantes ou letras, o Poema faz uso de uma grande

reservatório de recursos linguísticos acumulados em sua história, ou seja, de


lalíngua como um acúmulo de informações semânticas, lógicas e
gramatical. Há uma homologia estrutural entre o Poema e os objetos de
psicanálise, homologia que pode explicar por que o Poema é um dos
recursos extracientíficos e transdisciplinares mais utilizados182.
Mesmo que Freud tenha percebido o papel histórico da psicanálise, ele não
não tinha as ferramentas para conceber certos aspectos da psicanálise, como
o próprio texto da história, ou seja, a psicanálise como
não metalinguística. Enquanto Lacan, graças à homologia estrutural entre
Poema e psicanálise, podem formular a psicanálise estruturalmente como
uma inovação em escala equivalente à da poesia escrita chinesa,
amor cortês, a escrita de Dante ou as inovações joycianas dentro
linguagem – de forma imanente. De onde suas diferenças e suas
ninhadas.

Em Freud, a psicanálise nunca toma a forma de literatura. Ele


não se trata de uma identificação entre Poema e psicanálise, mas de uma
homologia estrutural. Esta homologia só é possível na condição de
conceber a psicanálise como algo que também faz parte
questão de linguagem, mesmo sujeita às leis da linguagem, fala e escrita.
Em outras palavras, os conceitos, a teoria, a prática, a construção de casos – o
portanto – e todas as questões que pertencem ao campo da
a psicanálise segue as leis e funções da linguagem, fala e escrita.
A máxima lacaniana “não há metalinguagem” assume toda a sua força aqui.
Que a própria matéria da psicanálise é linguagem, fala e escrita
confere ao Poema e ao Matema um papel essencial para a teoria, prática e

182 Devo várias dessas observações ao apêndice do livro Lacan en el cuarto contiguo

intitulado “La literatura en el psicoanálisis”, Idem.

363
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clínica, pois o Poema se mostra como esse elemento intrínseco à linguagem que

permite que você ultrapasse os limites da linguagem, reinvente-a ou mostre seus truques.

Assim, o Poema revela a capacidade explicativa e transformadora da linguagem.

Essa homologia estrutural entre Poesia e psicanálise só é possível

do que pela formulação da psicanálise em termos de linguagem (surrealismo,

linguística/estruturalismo moderno e a escrita como produto cultural). que

homologia tem esses efeitos em várias questões:

1. Pode nos explicar por que a questão freudiana entra

ciência e literatura, mesmo entre ciência e arte, se coloca

implicitamente em termos de Poema e Matema – ambos em termos de

uma relação radical com a linguagem. Para este lado é possível

esclarecer o distanciamento lacaniano dos elementos positivistas e

romântico em Freud, porque o Poema e o Matema tiram tudo

conteúdo empírico e formular as coisas de maneira formal – isso

que é refratário à concepção de profundidade ou de uma realidade

irracionalidade oculta. Assim, Mathème e Poème compartilham o

característica de estar nas bordas, extremidades e limites do

linguagem – o mito seria neste aspecto um exemplo de uma verdade que

só pode ser expressa em forma literária. A radicalidade do

a psicanálise permanece talvez na capacidade do Matema ou Poema de

nomear, escrever, inventar ou inscrever onde os limites da linguagem se encontram

sentir;
2. Destaca os "efeitos colaterais" como o benefício da

psiquiatria através da literatura. Ao mesmo tempo, essas observações

explicaria a esperança que a arte ou a literatura tinham para o

a psicanálise pode responder aos mistérios da criação artística

ou encontrar seus mecanismos mais profundos – por exemplo, o


sublimação-;

364
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3. Dimensiona por que Lacan não se intimida quando é

confrontados com as questões colocadas pelo “grande conhecimento”: o

filosofia, ciência, arte e religião. Lacan tinha uma "certeza

antecipada” da vitória da psicanálise na cultura, da

a psicanálise como um evento que permite a leitura desse conhecimento

por outro lado. Por exemplo, por meio dos quatro discursos, é possível
ler as mutações desse saber ao longo da história – esse saber

constituem práticas discursivas;

4. Reflete a abordagem freudiana e lacaniana da

às vanguardas literárias, artísticas ou poéticas. Será notado que

Freud não está muito interessado em movimentos artísticos de vanguarda.

Sua abordagem da literatura e da arte é bastante clássica: Goethe,

Cervantes, Shakespeare, Heine ou Sófocles. Lacan estava mais consciente

a tarefa de modernizar a psicanálise e trazê-la à

está na hora. Assim, é possível registrar as mutações do

cultura ou arte como transformações da linguagem.

Freud seria, portanto, um "romance" do classicismo, um arqueólogo por um lado. Do

outro, Lacan seria um "poema" de vanguarda que trouxesse à luz o

Psicanálise para o Século XXI. Talvez.

De que adianta o Poema? Para que serve a Poesia na psicanálise? Ao longo deste

capítulo, detalhamos alguns usos:

• Antecipação ou inspiração para teoria, prática e clínica

psicanalítico. Como tal, o Poema é uma origem, fonte ou

um oráculo;

• É o próprio material da psicanálise na medida em que o Poema é

feito de linguagem, fala e escrita. O Poema tem uma homologia

estrutural com a psicanálise. A função de arquivo, recurso do

linguagem ou tesouro se impõe aqui;

365
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• Mostra sua capacidade de revelar ou liberar certos aspectos

teóricos, práticos ou clínicos para a psicanálise, como

criação/sublimação, interpretação, estrutura do sujeito (a tragédia

de Édipo, Hamlet, O diabo apaixonado por Cazotte), a

escrita/construção de um caso, a transmissão da psicanálise,

etc. Esta é uma utilidade heurística e experimental ;

• Tem a possibilidade de formular e pensar questões psicanalíticas

inexprimível e impensável de outra forma. teatro, tragédia,

função poética, escrita poética chinesa, estilo são elementos

sem a qual a psicanálise não poderia elaborar questões

fundamental para sua prática. Podemos encontrar a função de elaboração, suporte

epistemológica e criativa;

• O Poema serve como meio didático. A aplicação da teoria, prática

ou a clínica analítica à literatura ou à arte em geral. Está aqui

função didática, exemplificativa ou de transmissão183 ;

• Às vezes parece que nem Lacan nem Freud questionam a autoridade

do Poema. Literatura ou arte eram elementos que não exigiam

para não ser explicado. Esta não é uma pergunta a ser tomada

pejorativo. O Poema seria um quadro mais amplo do que a racionalidade da

psicanálise ou da ciência. Nesse sentido, o Poema tem uma função de

filiação, inspiração, posição de autoridade e às vezes admiração;

• O Poema também serve como laboratório para testar, refinar ou confirmar

alguns pressupostos analíticos. Se o Poema é o acúmulo de

recursos linguísticos na história, podemos usar a literatura

ou a arte como complemento da clínica, como um laboratório. O

183 "Que a história da linguagem e das instituições e as ressonâncias, atestadas ou não


na memória, da literatura e dos significados implicados nas obras de arte são necessárias
para a compreensão do texto de nossa experiência, é fato que Freud , por ter dela tirado
sua inspiração, seu modo de pensar e suas armas técnicas, testemunha de tal forma que
se pode tocá-la apenas folheando as páginas de sua obra. Mas ele não achava supérfluo
estabelecer a condição para qualquer instituição de ensino da psicanálise.
Jacques LACAN, "A coisa freudiana", p. 435. O acento é do autor.

366
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exemplos mais próximos são os contos de The Sandman de Hoffmann

ou os sustos de Chekhov184 ;

• Estar na contramão da metafísica é outra função do Poema

em psicanálise. Esta é a solução dada por Heidegger para a

de-ontologização da filosofia, mas aqui no campo da

psicanálise. A equivocidade da linguagem, o esvaziamento do sentido e a capacidade

ter outra escuta tem uma função anti-representacional,

subversiva e um antídoto para qualquer ontologização.

O Poema é necessário para a psicanálise? Sim definitivamente. O

literatura, poesia, arte ou criação usando linguagens (faladas, dançadas,

arquitetônicos, musicais, artísticos, etc.) constituem elementos

indispensável para a concepção, a renovação da teoria, a formulação de

conceitos, a intervenção durante a prática e para todas as restantes

Dimensões da Psicanálise. Se reformularmos o Poema como um grande

reservatório de recursos linguísticos – falados ou artísticos – acumulados em

ao longo da história, nosso julgamento está correto. O próprio material de


a psicanálise é a linguagem. Na medida em que o triplo lado da linguagem –

linguagem, fala, escrita – faz parte do Poema, é necessário que o

psicanálise. Que o material da psicanálise seja a linguagem não significa

se analisa a língua ou se a busca pela língua é seu objetivo.

184 A Psicanálise e a Poesia têm em comum uma questão radical, que chamamos de bom
grado “uma das questões mais importantes do século XXI ”: como produzir impacto na
economia do gozo? No dia de estudos da Universitas litterarum
organizado para nós no Chicago University Center em Paris com o apoio da Escola
Doutoral em Psicanálise e Psicopatologia de Paris 7 Diderot em 29/04/2016, chegamos à
mesma conclusão. A arte ou a literatura se perguntam sobre a produção-criação de uma
obra impossível de ser submetida ao circuito do mercado. A psicanálise visa mudar a
economia do gozo que produz o sofrimento do sujeito. O sinthoma seria um resto que
não poderia circular nos circuitos do mercado. Mesmo a questão do discurso capitalista
é respondida por Lacan através de uma conjectura católica literária e secular: sinthoma = santo thomas (de A
“Por um lado, o fascínio da psicanálise diante da pulsão. De outro, a intenção de fazê-lo
ceder ou entendê-lo – outra forma de submissão. Ambas as reações estavam presentes
em sua abordagem da literatura e nas contorções feitas pela teoria psicanalítica para
confrontar a literatura. A literatura não era para Freud equivalente à pulsão. Foi antes a
estratégia, e não o objeto, a manobra repetida pelo psicanalista” Santiago DEYMONNAZ,
Lacan en el cuarto contiguo, op. cit., pág. 200.

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Para a psicanálise – prática, teoria, clínica – o Poema é um

necessário, mas não suficiente. O Poema e a psicanálise não são

não dois saberes superponíveis ou idênticos. Cada um deles tem seu próprio

campo. A transferência, o sujeito, o gozo ou o real são elementos específicos da

psicanálise. Portanto, o Poema não pode ser a prática, a teoria

ou a clínica para lidar com o sofrimento dos sujeitos. Por outro lado, a psicanálise

não é uma análise do discurso, crítica literária/de arte ou

hermenêutica.

O Poema pode existir sem psicanálise. A recíproca, concluímos, não é

Não é verdade. É possível que a psicanálise possa revelar coisas

importante ou interessante para o Poema. No entanto, a psicanálise não é

necessário nem indispensável para o Poema. Existe uma assimetria

hierarquia entre eles.

Se a psicanálise perde sua relação com o Poema torna-se uma terapia


indiferenciado Onde uma cientificismo – neurociência, psiquiatria,

behaviorismo. Se a psicanálise se funde ou se identifica com o Poema ,

se tornaria uma crítica, uma hermenêutica ou uma ferramenta de análise

obras artísticas ou produções discursivas. O Poema é um elemento que

deve estar sempre em tensão interna, nunca identificada ou fundida com a

psicanálise.

O Poema não está subordinado à psicanálise. Ele pode esclarecer,

antecipar, colocar em tensão, ser um suporte epistemológico, uma ferramenta para a

prática ou alguma forma de intervenção, mas não está exatamente subordinada a

psicanálise. Se o Poema se subordinasse à psicanálise, perderia sua


radicalidade de sua ponta afiada. O Poema é um elemento inerente – em tensão – ao

nascimento185, a renovação e a prática cotidiana da psicanálise, mas

nunca subordinado ao último.

185 "O diagnóstico local e as reações elétricas não entram em jogo no estudo da histeria,
ao passo que uma apresentação minuciosa dos processos psíquicos, como costumamos
encontrar no poeta, me permite, aplicando algumas fórmulas,

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Se a psicanálise partisse do Poema, perderia uma das

mais radicais. Se a psicanálise se identifica com o Poema , ela perde sua especificidade. a

Poème está em extrema tensão com a psicanálise. Porque é impossível

encontrar os elementos da literatura que a psicanálise precisa no

religião, ciência ou filosofia, nossa pergunta se torna a seguinte:

como manter essa tensão poética dentro do

psicanálise, sem fundir ou desfazer-se do Poema? É possível que

Lacan respondeu a essa pergunta com o Matema.

psicológico, ver apesar de tudo mais ou menos claramente no desenrolar de uma histeria”
Sigmund FREUD, “Estudos sobre a histeria” [1895] em Obras Completas, vol. II, Paris, PUF,
2009, p. 182.

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CAPÍTULO IV – POEMA E MATEMÁTICO EM LACAN : UM ESTUDO DE TRÊS CASOS

O poema, a música, o teorema,


Presenças Imaculadas nascidas do vazio.
Edifícios aéreos
Em um abismo construído.

–Octavio Paz, Resposta e Reconciliação1

Poemas escondem teoremas.

– Gaston Bachelard, A Psicanálise do Fogo

A psicanálise é apaixonada pela literatura.


Por outro lado, a literatura não é apaixonada pela
psicanálise. (…) A psicanálise gostaria de ser uma
ciência apaixonada pela literatura.

–Justin Clemens, A psicanálise é uma


antifilosofia

Já havíamos explorado o interesse e usos da matemática e

poesia no trabalho freudiano e lacaniano de forma independente. É sobre,

neste capítulo dedicado ao estudo da relação entre Matema e Poema,

para juntar esses conceitos. Como já vimos, a diversidade

e a complexidade das funções desses dois elementos é esmagadora. Deste modo,

decidimos extrair apenas três "casos" de todo o ensino de

Lacan, ou seja, três momentos em que Lacan põe em jogo essas funções .

Em outras palavras, este capítulo não será uma busca exaustiva por essa

relação, mas uma busca por casos "exemplares" do que está em jogo quando Lacan

articula Matema e Poema. Nesse sentido, este capítulo constitui um ponto

de chegada. Para examinar os três casos dessa relação, é essencial

1 Octavio PAZ, “Respuesta y reconciliação. Diálogo con Francisco Quevedo” na revista Vuelta ,
nº 259, junho de 1998. Agradeço a Viridiana Pérez Márquez por chamar minha atenção para este poema.

371
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levar em consideração as elaborações feitas nos capítulos sobre o


Mathema e no Poema.

Nos dois capítulos anteriores, mostramos como o


Matema e Poema são termos polivocais. Descobrimos assim que o
A teoria psicanalítica lacaniana não é uma Weltanschauung – uma concepção do
mundo. Como tal, a relação entre estes dois elementos é muito
variados, específicos e têm uma tendência fragmentária, regional. Dentro
Ou seja, Matema e Poema constituem na obra como um todo

Lacaniana uma função de “caixa de ferramentas”. Mas, que instrumentos contém


esta “caixa de ferramentas”? Inclui diagramas, matemas,
formalizações, objetos matemáticos, arte, estética,
literatura, criação. Cada componente deste kit de ferramentas tem um propósito
e uma função específica. Assim, cavar uma ferramenta matemática com uma ferramenta

poesia visa resolver um problema singular, construir um dispositivo


particular ou para abordar singularmente uma questão específica.
No entanto, Matema e Poema têm características semelhantes, também
tanto ao nível da "matéria" como ao nível das funções. Matema e Poema,
em suas versões – diagrama, objeto, matema, criação, literatura, etc. –
constituem do mesmo material: da carta2. Além disso, suas funções
têm os mesmos objetivos, compartilham o mesmo vetor; às vezes é
orientações ou direções são opostas. Por exemplo, Matema e Poema têm
uma função despsicologizante: a primeira esvaziando o sentido e a última
pela produção de outro significado – equivocidade na ocorrência, ou ambos por
subtração de sentido – o matema e os neologismos em Joyce. O
matemática e poesia têm em comum o fato de serem descoladas da realidade:
por um lado, purificar-se da realidade e encontrar as relações lógicas

2“Observamos a analogia entre o poeta e o matemático, que lembra as afinidades


entre lalíngua e o matema lacaniano. De fato, ambos precisam ser transmitidos
apenas a letra que, por sua natureza de suporte material, tem a capacidade de faltar
na aparência da representação, de tornar o sentido em branco e colocar à beira do
silêncio”, Josiane PACCARD -HUGUET e Michèle RIVOIRE, Estudos Poéticos, Lyon,
Presses Universitaires de Lyon, 2001, p. 141.

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caso contrário, mais difícil de esclarecer devido à sua contaminação com outros

elementos; e por outro lado, a poesia é sobre ficções que, no entanto, têm

consequências na realidade. Poema e Matema também são conhecimento sem objeto

e, de certa forma, dizeres impessoais; ou seja, conhecimento sem

sujeito e sem objeto. Assim, o Matema e o Poema constituem duas formas de

processa a linguagem imanentemente : não é uma metalinguagem. No entanto,

o primeiro visa reduzir as leituras, enquanto o segundo visa equívocos

as leituras, para multiplicá-las3. Que eles não são uma metalinguagem é

importante em termos teóricos, práticos e clínicos, pois as soluções para esses

três níveis nunca são extraídos de outra língua supostamente superior – não há

não um Outro do Outro.

A matemática e a poesia têm uma função e um uso anti-intuitivo, não

representacional, contra a harmonia, não totalizante e na direção errada. Eles têm

uma tendência a reduzir a dimensão imaginária e construir dispositivos que

viajar contra a maré da ontologia e da metafísica. Matema e

Os poemas nunca constituem uma polaridade binária do tipo “masculino/feminino”.

Isso envolveria a metafísica de uma esfera complementar ou a

metafísica de um Uno para restaurar. Nesse sentido, a diversidade e a complexidade

cada conjunto impede um único relacionamento binário complementar. De

Consequentemente, a relação entre matemática e poesia pode ser dialética: uma

relação de tensão, interrupção4, confusão – o Mathème tem um lado poético

3
“A doutrina de lalíngua é inseparável da do matema. Enquanto lalíngua só se sustenta
no mal-entendido, vive dele, dele se alimenta, porque os sentidos se cruzam e se
multiplicam nos sons, o matema, ao contrário, pode ser transmitido em sua totalidade sem
“anfibólio”. os termos de Leibniz, porque é feito de letras sem sentido”, Jacques-Alain
MILLER, “Théorie du langue”, na revista Ornicar ?, nº. 1, 1975, pág. 33 citado por Josiane
PACCARD -HUGUET e Michèle RIVOIRE, Idem.
4 Por exemplo, a tese de Alain Badiou sobre a origem estrutural da filosofia "a interrupção
matemática do poema" foi revertida pelo crítico literário australiano Justin Clemens: ele
concebeu a psicanálise freudiana como uma antifilosofia: "a poética da interrupção do
matema". Para Badiou, o mito está do lado do poema e a racionalidade filosófica do lado
da matemática. Ali podemos localizar o início da filosofia – no sentido histórico e
estrutural. Para Clemens, Freud usa a literatura (no lado da poesia) para limitar a
racionalidade desenfreada do cientificismo biológico ou neuronal (no lado matemático);
mais precisamente, de acordo com Clemens encontramos em Freud que o antídoto para
o cientificismo excessivo é a literatura (suas apostas implicam uma racionalidade mais sutil adequada à práxi

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ou de cabeça para baixo–, com alicates –para capturar um real–, ou com uma relação não dialética,

isto é, redutíveis uma à outra. Este último ponto nos diz que a relação

entre Matema e Poema não está no eixo "necessário-possível", mas

ao longo do eixo “contingente-impossível”, para colocá-lo em termos lacanianos. Digamos

que a psicanálise visa, por um lado, uma transmissão universal e sem perdas –

“integral”, nas palavras de Lacan5. Por outro lado, a psicanálise envolve

uma prática de linguagem, uma prática de tagarelice que é singular. a

singular ou singularidade é traduzida aqui como contingência e também como

impossibilidade – o impasse na simbolização – mesmo que não sejam

imediatamente semelhante. A universalidade torna necessário e possível a

matema. A singularidade como contingência pode ser incorporada pelo trauma,

mestre significante que funda o inconsciente, o une-bévue como equívoco

fundador ou o encontro amoroso como tyché que interrompe o autômato.

A função do impossível pode ser cumprida pelo impasse de uma simbolização,

bem como pelo trauma como um encontro com o que era impossível em um

universo simbólico. O impossível não como o que é impossível no

representação, mas como um acontecimento impossível. O impossível é um

trauma precisamente porque acontece. A transmissão da práxis

a psicanálise ou a gramática da linguagem são bastante necessárias e possíveis

como contingente ou impossível. No entanto, embora o Matema seja mais

se inclina para o universal – e para essa inclinação necessária e possível – e o Poema

tendência ao singular, a relação Matema-Poema está em si do lado

o eixo contingente-impossível na lógica modal e em termos das fórmulas de

sexo. Devemos lembrar que o lado feminino das fórmulas do

a sexuação também passa pela linguagem, mas passa por ela de maneira singular –

um por um. Concluímos em nossa pesquisa sobre o Matema e sobre o Poema

que esta ligação é singular e por isso está no eixo contingente

impossível ou feminino nas fórmulas da sexuação.

psicanalítico). Ver Justin CLEMENS, Psychoanalysis is an Antiphilosophy, Edimburgo, Edinburgh


University Press, 2013 e Alain BADIOU, Conditions, Paris, Seuil, 1992.
5
Jacques LACAN, O Seminário, Livro XX: Novamente, Paris, Seuil, 1975, p. 100.

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Esta última observação é paradoxal, porque a psicanálise visa uma

relação à linguagem singular e contingente. Ao mesmo tempo, a psicanálise

precisam que a matemática seja transmitida e rigorosa. Ocasionalmente,

matemática tem a função de nomear o impossível – não é o mesmo

uma coisa é definir o impossível do que nomeá-lo – ou lidar com as contingências.

Assim, a poesia pode dar rigor e tem uma função de transmissão.


A observação é paradoxal porque a psicanálise pretende constituir-se

como uma práxis singular com transmissão universal, enfim, uma

ciência do singular como já notamos várias vezes neste

pesquisa. Este ponto é também um fulcro da nossa metodologia : a

A relação Mathème-Poème deve ser questionada caso a caso, um a um.

Como a psicanálise é uma prática que precisa de linguagem,

podemos afirmar que a matemática e a poesia constituem os dois limites da

linguagem como extremidades. Convergem para mobilizar os limites da

linguagem, para levá-los mais longe. Consequentemente, Matema e Poema, como

relacionamento, têm um interesse genuíno pela psicanálise: sua prática é uma práxis

da orla da linguagem. Já mostramos como Lacan trata

questionar a escrita dos dois lados – escrita matemática e escrita

poético. Com efeito, a carta não tem apenas um interesse material: é

de um limiar de linguagem. A criação matemática e a criação poética concordam

aqui como duas práticas que empurram os limites da linguagem por qualquer

recurso – escrita, som, ambiguidade, inscrição, localização do real, etc. Nós

Podemos inverter esta última observação e apresentar a seguinte hipótese:

matemática e poesia são duas formas de conhecimento que podem explicar e

formular invenções de linguagem, mas o que empurra os limites da linguagem –

sempre de forma imanente – é o gozo, porque o gozo é o campo do

psicanálise6. O lado prazeroso da linguagem na psicanálise tem um nome:

Língua.

6 “Quanto ao campo do gozo – ai, que nunca chamaremos, porque certamente não terei
tempo nem de traçar as bases, o campo lacaniano, mas eu o quis –, ele

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4.1. Três casos de articulação entre Poema e Matema

Com base em nossa pesquisa sobre Matema e Poema, onde temos

notou uma conexão entre esses dois elementos de forma singular e


contingente, vamos apresentar três "casos" da relação entre poesia e
matemática, extraída do ensino de Lacan.
Vamos escolher esses “casos” (dos quais reteremos três
características): a) serão extraídas dos três momentos distintos entre elas;
b) a articulação Matema-Poema será distinta em cada caso; e, c) devem
mostram uma dimensão paradigmática que pode antecipar ou permitir outras
"casos" lacanianos em vários períodos do ensino de Lacan. Por esta
razão, escolhemos "casos" de diferentes épocas e ao final de cada
exposição desses "casos", faremos comentários e links com
outros exemplos desta articulação antes, depois e no mesmo momento desta
" caso particular. O primeiro "caso" corresponde aos anos 52-57, o Lacan de
simbólico; o segundo caso, o de Lacan "logiciza" quem faz leituras sobre
pinturas –por volta dos anos 64-67–; e, por fim, o caso que é extraído de
seu último ensinamento, isto é, de Lacan "poeta borromeano" do fim
dos anos setenta.

há observações a fazer”, Jacques LACAN, O seminário, livro XVII: O outro lado da


psicanálise, Paris, Seuil, 1991, p. 93. Devo agradecer a Tamara Dellutri esta observação.

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4.1.1. O mito individual do neurótico: o mito como formalização do

paradoxo

De modo que o mito estaria aí para nos


mostrar a equação em forma significante de uma
problemática que deve necessariamente deixar
por si mesma algo em aberto, que responde ao
insolúvel pela insolubilidade significante, e sua
projeção redescoberta em suas equivalências que
fornecem (isso seria a função do mito) o
significante do impossível.
–Jacques Lacan, Intervenção após
uma palestra de Claude Lévi-Strauss

O primeiro caso corresponde ao período de Lacan do imperialismo do significante:

a formalização do caso do pequeno Hans pelo mito Lévi-Straussiano. Entre 1952 e

1957, Lacan assume, entre outras coisas, a tarefa de formalizar os casos clínicos

Freudianos – do caso de Dora ao caso de Schreber passando pelo caso de

o homem da lupa, o do pequeno Hans e o caso do homem-rato. É sobre

também a partir do momento em que Lacan usa Heidegger e Lévi-Strauss para ler Freud.

Nesse período, a linguística está na posição do poema heideggeriano, mas também

funciona como uma formalização matemática. Naquela hora,

Mathème e Poème assumem, por um lado, a forma da linguística e, por outro,

lado, a forma do mito. De fato, Lacan usa a antropologia estrutural em

como uma concepção dos fenômenos como uma estrutura que se comporta

termos linguísticos: permutação e combinação. Mas a linguística

estrutural não é o único elemento da antropologia Lévi-Straussiana

emprestado por Lacan. Orienta-se também pela formalização do mito com a ajuda de

matemática em Lévi-Strauss. Nesse contexto, o mitema tem o mesmo papel

do que o fonema ou o lexema, ou seja, a partícula mínima de uma estrutura

linguística, sendo o mitema a unidade fundamental da estrutura do mito.

A formalização dos casos freudianos pelo método Lévi-Strausiano tem como

mesmo objetivo: o de formalizar a experiência para nela encontrar paradoxos. De

377
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exemplo, a história fantástica da tortura do rato no caso do homem com

ratos é uma formação poética –um mito– que Lacan começa a formalizar

pelo método de Lévi-Strauss. O conflito psíquico do homem com

ratos desencadearam a neurose deste sujeito. Esse conflito psíquico pode ser formalizado em

traduzindo-o como o paradoxo ou impasse dessa formalização. Se nós

formaliza a história de Ernt Lanzer –o homem-rato–, encontraremos o conflito

na forma de uma escolha: ele pode se casar com a pobre mulher que ama ou

com uma mulher rica – sua prima – de acordo com a vontade de seu pai. Lacan explica

que7 :

O conflito mulher rica/mulher pobre foi reproduzido com muita exatidão na vida

do assunto no momento em que seu pai o empurrou para se casar com uma mulher rica, e é

quando a neurose real começou.

Sr. Lanzer é confrontado com a mesma escolha de seu pai, o que faz com que um de seus

sintomas obsessivos: hesitação. Lacan formaliza no modo de

antropologia estrutural8 :

A coisa é muito apreciada por mim em seu relevo, pois, como Claude

Lévi-Strauss sabe disso, tentei quase imediatamente e, com isso, atrevo-me a

digamos, um sucesso completo, para aplicar a grade aos sintomas da neurose

obsessivo; e, principalmente, à admirável análise que Freud fez do

caso do Homem-Rato, isso em uma palestra que intitulei justamente

“O mito individual do neurótico”. Eu estive estritamente no poder

formalizar o caso segundo uma fórmula dada por Claude Lévi-Strauss, segundo a qual um

um primeiro associado a com um b, enquanto um c está associado com um d, é encontrado, no

segunda geração, trocando de parceiro com ela, mas não sem que ela permaneça

um resíduo irredutível na forma da negativação de um dos quatro termos,

que se impõe como correlato à transformação do grupo: onde se lê o que

Eu diria que o sinal de uma espécie de impossibilidade de resolução total do problema

7 Jacques LACAN, “O mito individual do neurótico, ou poesia e verdade no neurótico” em Le

mito individual do neurótico, ou Poesia e verdade na neurose, Paris, Seuil, 2007, p. 23.
8 Jacques LACAN, "Intervenção após uma apresentação de Claude-Lévi Strauss na

Sociedade Francesa de Filosofia, 'Sobre a relação entre mitologia e ritual' com uma resposta
dele" em O mito individual do neurótico ou Poesia e verdade na neurose, Paris , Seuil, 2007, p. 104-105.

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do mito.

A ênfase deve ser colocada na impossibilidade de uma solução, pois neste ponto

emerge o que Lacan chama de verdade do mito. Para entender isso

nota, vamos apresentar a formalização9 :

Fx (a): Fy (b):: Fx (b):F a-1 (y)

que se lê: Fx (a) é para Fy (b) o que Fx (b): F a-1 (y)


ou

Fx (a): Fy (b) [o homem-rato perde seus óculos] em conflito com [um funcionário

dos correios é pago em seu lugar o pacote com seus óculos]


e

Fx (b): F a-1 (y) [o pai do homem rato desperdiçou o dinheiro do exército em

apostando] em conflito com [alguém pagou a dívida do pai]

O ponto mais interessante reside numa certa inversão do

formalização em Claude Lévi-Strauss: a-1. Para esclarecer a torção que Lacan

feito, vamos apresentar mais uma vez a fórmula que resulta da


formalização com outros conteúdos:

Fx (a): Fy (b):: Fx (b):F a-1 (y)

que se lê: Fx (a) é para Fy (b) o que Fx (b): F a-1 (y)


ou

Fx (a): Fy (b) [pobre mulher que ele ama] em conflito com [mulher rica de acordo com

refere-se a seu pai]


e

Fx (b): F a-1 (y) [pagamento para mulher dos correios] em conflito com [pagamento para

Tenente A]

9 Tomamos emprestadas as formalizações do seguinte artigo: Juan Pablo LUCCHELLI,


“Lacan e a fórmula canônica dos mitos” em revista Les Temps Modernes, n. 660, 2010, pág. 119.

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ou

“ a-1” se enquadra em “mulher rica segundo a designação de seu pai”, subtraindo “o

mulher rica” [-1], mas preservando “a designação de seu pai” [a], ou seja,

"pagar ao Tenente A " para não deixar cair a imagem do pai.

Em outras palavras, a função F a-1 (y) é de dupla inversão: de relação e de

prazo. "Pagar a dívida com a mulher rica" é a expressão da função em

termos de fantasia por meio dessas inversões, por um lado da relação

(“pagar a dívida para” em vez de “receber o pagamento”) e do outro lado do relacionamento (não para

a "mulher pobre", para evitar uma escolha, mas "para a mulher rica"), que

tem como resultado – em forma de paradoxo – a capitulação de seu desejo.

O Rat Man sabe que deve esse dinheiro à "senhora dos correios", ele
essa certeza, mas como ele é uma obsessão, essa mesma certeza alimenta

dúvida: ele deve reembolsar o tenente A ou “a senhora dos correios”? Deste modo,

podemos compreender o impasse lógico:

a) “Você deve pagar a quem pagou sua dívida”

b) "Você deve ser torturado para pagar a dívida"

c) “Você tem que pagar ao Tenente A para nunca pagar a dívida com o

senhora do correio »

A fantasia da tortura toma o lugar do impasse. Estamos observando a situação

clássico de um obsessivo: o sintoma serve para renunciar ao desejo. Seria

inútil convidar o paciente – o homem-rato – a interromper voluntariamente sua

fantasias. Essa tarefa consistiria em permutar os elementos imaginários, mas

não a estrutura simbólica, que deve ser transformada para produzir

efeitos em elementos imaginários. No entanto, a estrutura simbólica está

uma vez uma resposta a uma contradição, isto é, uma resposta ao real como

impossível. A conclusão é óbvia: o mito é uma formalização que torna

conta de uma contradição. As variações dos mitos (o conteúdo) são um efeito

e uma maneira de extrair o mito fundamental (a estrutura). Ser mais

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preciso: para desfazer o mito, é preciso formalizar a estrutura


através da fenomenologia das variações dos mitos. Chegamos ao
formulação "O real só pode ser inscrito por um impasse de
formalização ”10. O Poema, em forma de mito, coincide com o Matema
como formalização. A matemática tem uma estrutura fictícia. Mas ele
não é uma história ou uma narrativa como tal – a psicanálise não
uma posição pós-moderna em relação à verdade. Eles são mais uma ficção
o que nos mostra um impasse durante a formalização, ou seja, um real.
Como dar conta dessa realidade por meio da formalização? Do que é este real o
nome ? O caso Hans nos mostra as chaves para responder a essas perguntas.
Foi a partir de duas experiências que o pequeno Hans foi confrontado com a
questão de sua posição em relação à mãe: suas primeiras ereções e a
nascimento de sua irmã. O esforço do pequeno Hans consistiu em introduzir uma ordem para

seu mundo psíquico para reconfigurar sua posição simbólica após o impacto
do real da sexualidade. Claro que a proliferação de ideias, sonhos, cenários,
sintomas e histórias é apenas uma tentativa de encontrar um lugar.
No entanto, há um problema: Hans tem apenas um número limitado

10 Jacques LACAN, Novamente, p. 85.


11 “Mas o que estou tentando fazer aqui é simplesmente frustrá-lo: apresentar a literatura
não em termos de sua estrutura lógica, mas à matemática em termos de sua estrutura
ficcional. Basicamente, parece que a matemática tem uma estrutura fictícia. Este último
ponto pode ser arriscado, pois quem escreve essas linhas é um matemático, e a ficção
está inevitavelmente associada à mentira. De tal forma que, quando digo que o matemático
está mentindo, eu estaria em uma nova versão do paradoxo de Epimênides e este artigo
se tornaria menos crível. A matemática é uma forma organizada de mentir”, Pablo
AMSTER, “La matemática de las mariposas” em revista Uno, no. 50, janeiro de 2009.
Tradução do autor.
12 “ Fictício não significa ilusório, nem em si enganoso. Está muito longe de poder ser

traduzido por fictícios, como não deixou de fazê-lo que foi a mola de seu sucesso no
continente, a saber, Etienne Dumont, que de alguma forma popularizou a doutrina. fictício
significa fictício, mas no sentido de que já articulei diante de vocês que toda verdade tem
uma estrutura ficcional”, Jacques LACAN, O seminário, livro VII: A ética da psicanálise,
Paris, Seuil, 1986, p. 21; “Basta ouvir o termo ficções como não representando nada de
ilusório ou enganoso, afetando o que está sob seu domínio, o que ele olha, de nenhum tal
caráter, mas abrangendo justamente o que eu promovi de forma aforística ao enfatizar
que a verdade, na medida em que como seu lugar só pode ser aquele onde a palavra
ocorre, que a verdade em essência – perdoe-me isso em essência, é me fazer ouvir, n 'não
colocar toda a ênfase filosófica que esse termo implica -, a verdade, digamos, de si
mesmo, tem uma estrutura de ficção", Jacques LACAN, O seminário, livro XVI: De um outro a outro, Paris, Seu

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elementos para sua tarefa (o cavalo, os trens, a girafa, as crianças, etc.).

Em outras palavras, produz uma “atividade mítica” –a expressão é de Lacan13–

passar de um mundo dominado por relações imaginárias para um mundo

organizado em torno de princípios e lugares. A atividade psíquica do pequeno Hans

visa introduzir uma estrutura simbólica.

Essa atividade mítica é equivalente ao princípio transformacional da

mito em Lévi-Strauss. O mito é um uso de elementos imaginários que

visa produzir uma troca simbólica. A função do mito é a de "fazer

diante de uma situação impossível pela articulação sucessiva de todas as formas

impossibilidade da solução ”14. Esta última citação nos leva ao nosso

perguntas: de que nome é esse impossível – real? Como é que

o mito dá conta dessa realidade? É a partir desta passagem de Lacan que

Vamos responder a estas perguntas15 :

Cabe a nós perceber que esses são os temas da vida e

morte, existência e não existência, especialmente nascimento,

isto é, do aparecimento do que ainda não existe. Então são tópicos

que estão ligados, por um lado, à existência do próprio sujeito e aos horizontes que sua

experiência o leva, por outro lado, ao fato de que ele é o sujeito de um sexo, de seu sexo

natural. É assim que nossa experiência nos mostra que a atividade mítica é

usado em crianças.

A questão do sujeito não diz respeito apenas à existência, mas ao sexo. É sobre

realidade do sexo e da morte. O pequeno Hans está procurando uma estrutura para encontrar um

lugar entre sua mãe e seu pai. O complexo de Édipo é para Lacan um

construção mítica que pode responder aos impasses da realidade, nomeadamente o sexo

(suas ereções) e seu lugar (o nascimento de sua irmã). Quando o pai da criança

Hans não assume a função de apresentar o mito de Édipo, seu filho

uma ferramenta lógica para permitir o movimento de elementos imaginários. Nisso

13Jacques LACAN, O Seminário, Livro IV: A relação objetal, Paris, Seuil, 1994, p. 252.
14 Ibid., pág. 330.
15 Ibid., pág. 254.

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sentido, as teorias infantis constituem elementos lógicos estruturados16 :


Mesmo civilizações com uma forte tendência utilitária e funcional vêem

singularmente essas atividades cerimoniais se repetem na maioria dos nichos


inesperado. Deve haver alguma razão para isso. Em suma, para centralizar o valor
exatidão das chamadas teorias infantis da sexualidade, e de todas as
a ordem das atividades que estão na criança estruturadas em torno delas,
deve referir-se à noção de mito.

Como os mitos coletivos, as teorias infantis pretendem dar uma

representação ou solução para o que para a criança se apresenta como um enigma

principal. Por exemplo, fantasias fundamentais ou originárias em Freud

dramatizar a origem de uma história, o que aparece para o sujeito como uma realidade.

Eles são, nesse sentido, uma explicação, uma teoria. São mitos no sentido

que Lacan lhes daria alguns anos depois: "O mito é que, o

tentativa de dar forma épica ao que acontece a partir da estrutura”17. Aqueles

explicações ou teorias – como mitos – têm uma origem enigmática

e desconhecido da criança18 : a "cena originária" constitui a origem do sujeito que

é visto representado, as "fantasias de sedução" constituem a origem do

surgimento da sexualidade e as "fantasias de castração" estão na origem da


diferença de gênero.

16 Ibid., pág. 252.


17 Jacques LACAN, “Televisão” em Outros escritos, Paris, Seuil, 2001, p. 532.
18 “A relação de contiguidade entre mitos e criação mítica infantil é suficientemente indicada pelas comparações
que acabei de fazer para vocês. Daí o interesse que podemos ter pela investigação dos mitos, na mitologia
científica ou comparada, que há algum tempo, e cada vez mais, vem sendo elaborada segundo um método cujo
caráter de formalização já indica que certo passo foi dado. A fecundidade que essa formalização acarreta sugere
que é nesse sentido que é preciso buscar, mais do que pelo método das analogias, referências culturalistas e
naturalistas, até então empregadas na análise dos mitos. , Jacques LACAN, A relação objetal, p . . 253.

19 “Essas formações de fantasia, a da observação da relação sexual dos pais, a da sedução, a castração e outras,
chamo-as de fantasias originárias, e examinarei em outro lugar detalhadamente sua origem, bem como sua relação
com a experiência de vida individual”. Sigmund FREUD, “Comunicação de um caso de paranóia contradizendo a
teoria psicanalítica” em Obras Completas, vol. XIII, Paris, PUF, 1996, p. 318.

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Acabamos de mostrar o uso da formalização dos mitos em Lacan.


Entre 1952 e 1957 Lacan persiste em desdobrar a matemática que Lévi
Strauss usou para sua antropologia estrutural, a saber, a
matematização dos mitos como se fosse uma sintaxe, cuja unidade
foi o mítico. Para isso, formalizou os grandes casos de Freud. Aqui nós
Usamos apenas os casos do Pequeno Hans e do Homem dos Ratos. O
a formalização dos mitos em Lacan serve para articular o registro imaginário e
simbólico. Também dá conta da realidade que os causa. Neste período, o
Matema é uma expressão formalizada do Poema que se justifica pela
concepção do inconsciente como linguagem. Já desenvolvemos isso
justificativa nos capítulos 1 (parte 1.2.1. O campo científico é o solo
nativo da psicanálise) e 2 (parte 2.1.2. Lendo a análise do Mathème –
formalizações matemáticas)21.

A formalização dos mitos visa separar – e tornar legível – o registro de


imaginário do simbólico, bem como dar preponderância ao segundo sobre
a primeira no sentido de uma sobredeterminação da estrutura sobre os fenômenos.
A formalização libera o registro simbólico e, ao mesmo tempo, mostra a
emerge do real do qual o simbólico é apenas uma resposta. A formalização de um

20 “A formalização traz à tona elementos ou unidades dos mitos cujo funcionamento


estrutural é, em seu nível, comparável, sem ser idêntico a ele, ao trazido pelo estudo da
linguística, as elaborações dos vários elementos taxiemáticos modernos. Conseguimos
isolar esses elementos e colocar em prática sua eficácia. Estas são as unidades da
construção mítica, que definimos sob o nome de mitemas”, Jacques LACAN, La
relationship d'objet, p. 253.
21 Lacan invoca o teorema de Stokes para explicar a pulsão, ele não o desenvolveu
simplesmente como um modelo. Apresentamos a explicação de Darian Leader sobre este
ponto: “O valor do modelo é limitado: as matemáticas evocadas acrescentam um ponto
adicional ao argumento de Lacan e pressupõem uma interpretação muito particular do
que é o espaço. No entanto, se interpretarmos a nota de rodapé, trata-se de algo mais do
que um truque retórico para produzir uma transferência para um suposto conhecimento
matemático. Em primeiro lugar, testemunha o esforço de Lacan em dar uma espinha
dorsal à sua teorização. Ele assumiu que as estruturas em jogo no campo da psicanálise
são estruturas matemáticas. Em segundo lugar, a intenção de Lacan era afirmar que
existem conceitos que não podem ser formulados como proposições", Darian LEADER,
"Os mitos de Lacan" in Jean Michel RABATE (Ed.) The Cambridge Companion to Lacan,
Cambridge , Cambridge University Press, 2003, p. 47. A tradução é do autor. Cf. Jacques
LACAN, “Posição do inconsciente” em Escritos, Paris, Seuil, p. 847, nota de rodapé.

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caso torna possível ler e orientar a prática. Quando a formalização – uma tarefa

clínica para se distanciar da prática – coincide com a simbolização,

mostra seu poder organizador como intervenção na prática. Com efeito,

a direção da cura neste momento é controlada pelo registro do

simbólico; essa direção permite que as intervenções do analista visem

o escoramento de uma estrutura, isto é, da ficção do mito de Édipo como

princípio organizador da subjetividade do pequeno Hans.

Descobrimos que a tokenização é um esforço para mitigar

efeitos da realidade. Nesse sentido, a formalização revela o real em jogo e como

as contradições imaginárias são, assim, uma forma de superar os impasses

simbólico. Por exemplo, uma contradição entre os elementos A e B demonstra

a existência de uma contradição semelhante entre C e D. Por exemplo, no caso de

para o homem-rato, o conflito surge de outro conflito, o do pai. É aí que

reside a chave do método de Lévi-Straussian22 : trata-se de fazer o equivalente de

estruturalmente um paradoxo com outro, até mesmo um impasse com um

de outros. A formalização não é uma formalização dos dois elementos em termos

de uma articulação livre de conflitos. Ao contrário, Lacan toma emprestado do antropólogo

o método de formalização para articular paradoxos, impasses e

conflitos. Aí encontramos um uso original da matemática em Lacan

que lhe permite articular matemática com mito. Por que o mito e o

formalização das contradições são tão importantes para Lacan neste

época? Desde logo dão rigor à clínica, e depois orientam o

prática e formalização (porque há uma homologia entre simbolização), e

por fim, relatam os impasses do sexo e as representações

insuportável para os sujeitos. O mito dará a Lacan a chave da questão

de verdade na década de 1970. De fato, o que Lacan

chamará "verdade na posição de saber", ou a afirmação de que

22 “A impossibilidade de conectar grupos de relações é superada (ou mais exatamente substituída) pela
afirmação de que duas relações mutuamente contraditórias são idênticas, na medida em que cada uma é,
como a outra, autocontraditória.” Claude LÉVI STRAUSS, Antropologia Estrutural, op. cit., pág. 239.

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a verdade só pode ser dita pela metade, é possível graças à formalização do mito. a
o mito torna possível localizar um beco sem saída na estrutura. Mas, neste
Na época, a preocupação de Lacan já residia nas soluções simbólicas para
contradições e não na transmissão ou localização de impasses. Nós
se aprofundou na dimensão da localização de impasses e
formalização das contradições no capítulo 3 (parte 3.3.2. O espaço entre
Heidegger e a linguística moderna).
Neste estudo de caso, a formalização matemática inspirada em Levi
Straussian coincide com o Poema à beira da literatura (mito, ficção)
e criação (o sintoma como metáfora). Quanto ao Matema
formalização é a função predominante, deixando de lado o matema (ou
fórmulas) e objetos matemáticos. Apenas diagramas são usados
para formalizar o caso da jovem homossexual Dora e Schreber.
Neste estudo de caso, a Poesia é um campo mais amplo do que
matemática. O Matema só pode formalizar parte da Poesia. Dentro
ao mesmo tempo, a formalização de segmentos poéticos – contos, mitos, romances,
sonhos, formações do inconsciente, etc. – é possível na medida em que o
matemática e poesia coincidem com o inconsciente, estruturado como um
Língua. Em outras palavras, o mito pode ser formalizado desde que a linguagem
já está estruturado, o que é possível pelo paradigma linguístico
estruturalista. A formalização em Lacan não é aristotélica, ou seja,
formalização de dados empíricos. Já notamos este ponto
no capítulo 1 (parte 1.2.1. O campo científico é o solo nativo do
psicanálise). Há outra condição: a poesia em forma de mito e
Matema como formalização se unem graças à teoria das ficções
emprestado de Bentham por Lacan24.

23 "O mito é o que dá uma fórmula discursiva a algo que não pode ser transmitido na definição
da verdade", Jacques LACAN, "O mito individual do neurótico" em O mito individual do
neurótico, p. 14.
24 "Em algum lugar do Seminário sobre 'A carta roubada', sobre o fato de eu estar analisando

uma ficção, pude escrever que essa operação era, pelo menos em certo sentido, completamente
legítima, porque também bem, eu estava dizendo, em qualquer ficção adequadamente estruturada, você pode tocar

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No entanto, por que nos permitimos igualar mito e


Poesia ? A chave ainda está na teoria das ficções25 :

O que é chamado de mito, seja religioso ou folclórico, em qualquer estágio

do seu legado que lhe é levado, apresenta-se como uma narrativa. Você pode dizer muito

coisas desta história, e tomá-la sob diferentes aspectos estruturais. Nós podemos dizer

por exemplo, que há algo atemporal nisso. Podemos tentar definir

estrutura quanto aos sites que define. Pode ser tomado em sua forma

literatura, que está fortemente relacionada com a criação

poético, enquanto o mito é ao mesmo tempo muito distinto dele, no sentido de que

demonstra certa constância que absolutamente não está sujeita a

invenção subjetiva. Indicarei também o problema colocado pelo facto de a

o mito tem, em geral, um personagem fictício. Mas esta ficção apresenta uma

estabilidade que não o torna de forma alguma maleável às modificações que possam

ser feita, ou, mais precisamente, o que implica que qualquer modificação

implica mesmo outro, invariavelmente sugerindo a noção de um

estrutura. Por outro lado, essa ficção mantém uma relação singular com algo

algo que está sempre implícito por trás dele, e do qual até carrega a mensagem

formalmente indicada, ou seja, a verdade. Isso é algo que não pode ser

desvinculado do mito.

Temos por um lado uma produção literária, o mito, a formalizar em


termos simbólicos tanto os impasses quanto as contradições e, por outro lado,
uma produção de outras produções literárias mais imaginárias : a
fantasias e sonhos típicos. Estes últimos, portanto, contêm ficções
sobredeterminada por uma estrutura simbólica que é, por sua vez, uma resposta à
real. Digamos que os mitos e fantasias originais são mais simbólicos,
enquanto as formações do inconsciente (sonhos, sintomas e
sintomas) pertencem ao registro do imaginário.

dedo essa estrutura que, na própria verdade, pode ser designada como a mesma da
ficção. A necessidade estrutural que é levada por qualquer expressão da verdade é
precisamente uma estrutura que é a mesma da ficção. A verdade tem uma estrutura, por
assim dizer, de ficção”, Jacques LACAN, La relationship d'objet, p. 253.
25 Igual.

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Após a formalização da técnica em seus dois primeiros seminários,

Lacan empreende uma formalização dos mitos, das formações do inconsciente

e fantasias originárias, o que lhe abre a porta para usar a topologia de

gráfico do desejo, ou seja, uma nova formalização da literatura: esta

caso de Hamlet. Esta porta tem a mesma senha. A da formalização que

visa esvaziar o conteúdo imaginário do complexo de Édipo (metáfora do

nome-do-pai, desejo da mãe, pai imaginário, pai simbólico etc.), o

deontologização do objeto (que levará ao objeto a pequeno ), a

despsicologização e debiologização. A desoedipização da parte do

O teatro Hamlet só é possível por um esforço matemático (que é

confirmado pelo uso de topologia gráfica).

4.1.2. O olhar e a visão: do espelho à janela ou a topologização do

geometria

Em qualquer pintura, ele só pode estar


ausente e substituído por um buraco – um
reflexo, em suma, da pupila atrás da qual está
o olhar. Consequentemente, e na medida em
que a pintura entra em relação com o desejo,
fica sempre marcado o lugar de uma tela
central, que é justamente o que, diante da
pintura, sou elidido como sujeito do plano geométrico.
–Jacques Lacan, Os Quatro
Conceitos Fundamentais da Psicanálise

No primeiro capítulo do livro Palavras e Coisas, o filósofo Michel

Foucault realiza uma análise da pintura Las Meninas. A pintura de Velázquez

é lido para focalizar a articulação entre realidade e verdade que, por sua vez,

estão ligados às ideias do visível e do invisível. Essa leitura se expande

três eixos: a) dupla representação; b) poder; c) o espectador.

Segundo Foucault, devemos partir de um triângulo virtual que resume um

dupla representação. De um lado encontramos o olhar do pintor para

dentro da pintura, a representação real do artista. O artista permanece na frente

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sua matriz olhando para o modelo que não está dentro da matriz. Ele

é invisível. Esse olhar constitui o ápice do triângulo virtual. Do outro lado, o

pintura na pintura, o que o pintor faz na representação está na frente

nós de cabeça para baixo no cavalete. Só o pintor dentro da pintura sabe que ele

observado. Este é o segundo elemento invisível.

O resto das coisas e personagens constituem o conjunto de elementos

visível na obra: a Infanta Margarita rodeada de donas, criadas,


cortesãos e anões. A Infanta está também num quarto com espelhos e

pinturas que estão no fundo da parede. Todos estes elementos são visíveis graças a

luz entrando por uma janela. A janela também não é visível, mas

sabemos que está à direita, na borda inferior da mesa. A luz

projetada pela janela nos mostra um caminho visual. Ela ilumina o espaço

"irreal", ou seja, a do modelo. Esse modelo possibilita o chamado

dupla representação, refletida em um espelho. Lá aparecem os verdadeiros

representados: Rei Filipe IV e Rainha Mariana da Áustria. Ambos

são invisíveis, exceto pelas figuras reais representadas, ou seja, aquelas que

testemunhar a cena do pintor em seu ateliê – dentro da pintura. No entanto, o

espelho que está lá embaixo, bem ao lado das outras pinturas dentro do

representação, é o único elemento visível dos reais representados. Eles são o

representados, os únicos que ninguém vê porque são invisíveis por causa

perspectiva e escuridão. A imagem no espelho, conclui Foucault,

constitui o que torna possível olhar para o que está além da representação.

Até agora descrevemos a representação dual.

Quanto ao segundo eixo, o do poder, Velázquez homenageia

Filipe IV representando-o duplamente, como acabamos de mostrar.

Assim, Velázquez criou uma metáfora do poder no centro da representação.

Cinco dos oito espectadores da pintura – excluindo o pintor – olham com

respeitar o palco à sua frente. A pintura é uma cena que olha para um

outra cena. Com efeito, a imagem "invisível" imposta por uma obediência é a

metáfora de um poder invisível que organiza a representação. O ponto que

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organiza a cena da pintura está fora da representação. Aquele que contempla, o

rei ausente, é o olhar que organiza a pintura.

O espectador, terceiro eixo, é o último protagonista da dupla

representação, pois está no mesmo ponto do modelo a ser representado.

Qualquer espectador da pintura cumpre uma função semelhante à do espelho: ele olha

a cena que está diante dele e simultaneamente ele é observado pela representação,

num diálogo infinito com a imagem.

Em poucas palavras, o rei concentra três olhares: o do pintor, o do

a Infanta e a do modelo, ou seja, o espectador. Por isso, o rei

é o ponto de partida de um tratado sobre o lugar das ciências humanas na

a episteme clássica do século XVII . De fato, é impossível nesta episteme clássica

que o soberano seja representado como um homem. Neste

tempo, o vínculo entre as palavras e as coisas é rompido com a representação26 :


Nos séculos XVII e XXVIII , a própria existência da linguagem, sua antiga solidez de
coisa inscrita no mundo foram dissolvidas no funcionamento do

representação; toda linguagem contava como discurso.

Para Foucault, o quadro gravita em torno de um ponto de estabilização, a saber: o

representação real. A substituição da imagem por uma superfície invisível

colorido sustenta o sistema barroco da pintura e, por extensão, a episteme da

a época clássica. A subjetividade “real” ordena a paisagem, domina a

natureza e organiza o humano (figura 1).

26 Michel FOUCAULT, Palavras e coisas, Paris, Gallimard, 1966, p. 58.

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Imagem 127

No entanto, segundo Lacan, o erro de perspectiva de Foucault é justamente o

substituição do espelho pela pintura. Esse ponto, continua Lacan, nos faz

pensar que o que se esconde por trás da pintura de Velázquez – dentro do

tableau– é um tableau de reis. Para Lacan, nem o tamanho nem a imagem do espelho

representa o ponto de vista que estrutura a pintura (figura 2). Lacan argumenta que

É impossível que o rei e a rainha sejam o "sujeito" da misteriosa pintura.

O que a pintura interna esconde? Qual é o conteúdo deste espaço

oculto? Em primeiro lugar, a resposta de Lacan é incerta. Mas o que surge

nos comentários de Lacan insistentemente é que esta questão é uma

pergunta incorreta.

27 Imagem emprestada de https://www.thinglink.com/scene/560575099816640512, acessada


em 1º de outubro de 2017.

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Imagem 228

De fato, aos olhos de Lacan, Las Meninas nos mostra dois lados: primeiro, o

tableau é um labirinto de jogos representacionais que reforça a ilusão de

continuidade entre o espaço visual e o espaço de representação. Ele nos convida a

mergulhar nele e transformar a imagem interior que nos diz

"olhe para mim": "a pintura é uma armadilha para o olhar, que se trata de aprisionar aquele que
está lá na frente"29 . Segundo, “a pintura virada” dentro dela nos confronta

com uma dupla função da pintura: a de olhar e conhecer. Do lado de


sabe, acabamos com um buraco. Um buraco no conhecimento. Tal

são as apostas da pintura segundo Lacan.

Para ser preciso, a discussão entre Lacan e Foucault sobre Les

Meninas reside na concepção da pintura: é uma janela ou um espelho?

A web dentro da web pode ser vista como um jogo de

espelhos ou como uma topologia de janela. A natureza da tabela não é

28 Imagem emprestada de https://www.thinglink.com/scene/560575099816640512, acessada


em 1º de outubro de 2017.
29 Jacques LACAN, O Seminário, Livro XIII: O Objeto da Psicanálise, inédito, sessão de 25 de maio de 1966.

392
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a do espelho, mas a da janela30. Da mesma forma, a relação do assunto com uma tela

é distinta da relação com o espelho: "A relação da pintura com o assunto é


fundamentalmente diferente do espelho . Essa distinção nos dá uma

interpretação alternativa da pintura de Velázquez. Nem a imagem de reis no fundo do

pintura nem a tela girada de Velázquez dentro da pintura são de

espelhos, diz Lacan. Como já dissemos, Lacan aponta que a imagem em

fundo não corresponde a um espelho, porque as proporções e leis de

perspectiva demonstram isso. Quanto à tela, Lacan insiste que existem várias

pistas que afirmam que o pintor não era canhoto, o que indica

a impossibilidade de estar diante de um espelho (figura 3). Essa leitura de Lacan é


contra a corrente de Foucault.

Imagem 332

Mas, se a tela não pode ser interpretada como um jogo de espelhos, o que é

sua natureza? Encontramos a resposta em outra tabela mencionada no

sessão de 30 de março de 1966: A condição humana de René Magritte (Figura 4).

30 Sobre esse ponto, Lacan antecipou essa distinção dois anos antes em uma sessão de seu seminário
11, que intitulou “O que há em uma pintura? ". Cf. Jacques LACAN, O Seminário, Livro XI: Os quatro
conceitos fundamentais da psicanálise, Paris, Seuil, 1973, p. 97.
31 Idem.
32 Imagem emprestada de https://enviarte.wordpress.com/2013/09/28/las-meninas-de

velazquez-a-360o, acessado em 1º de outubro de 2017.

393
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Imagem 433

Uma tela em uma janela com a mesma imagem de fora da janela faz mais
delicada a borda da tela. Produz um efeito de ruptura entre nossa visão e
o espaço que é representado pela janela. Lacan chama esse efeito de
Vorstellungsrepräsentanz ou “representação da representação”. O efeito faz
não reforça o labirinto de representações. Pelo contrário, esvazia o
profundidade imaginária para permitir uma elaboração simbólica no
mesma superfície da representação. Em outras palavras, a condição humana é
ao mesmo tempo uma ilusão representacional ("se a pintura não estivesse lá, eu
podia ver pela janela”) e uma problematização do
representação (“não há exterior fora da janela!”). Meninas e La
condição humana são pinturas onde há uma montagem do estilo "uma tela sobre
uma tela” e não um jogo de espelhos que se refletem34. O

33 Imagem emprestada de https://www.nga.gov/Collection/art-object-page.70170.html,


acesso em 1 de outubro de 2017.
34 "A pintura está na pintura como representação do objeto da pintura", Jacques LACAN, O objeto da

psicanálise, sessão de 18 de maio de 1966.

394
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consequência imediata é o questionamento da ilusão representacional.


Na realidade, a distância mínima entre a pintura e a janela da tela La

condição humana é semelhante à distância do avatar do pintor em Les

meninas. A figura de Velázquez na pintura não foi pintada na época do

representação, ele recua um pouco. Esta posição de recuo constitui o ponto chave da

a leitura lacaniana da tela, pois a pintura representada em seu interior nos obriga a

olhar novamente para a web para ver outra coisa pela primeira vez

do que a única representação da realidade, ponto final. Outra figura, a de

doña María Agustina, olhe para este espaço representado na pintura. A resposta

a esse olhar está a afirmação “você não me vê de onde estou olhando para você ”35. Vamos ficar com isso

duas questões: a de um olhar que nos vê onde não o vemos e

a da distância entre a tela e a figura de Velázquez.

Voltando à questão da janela e do espelho, a primeira permite

uma montagem e uma leitura imanente da pintura. Lendo a tabela como

espelho nos leva à questão de uma verdade além da tela. Então é sobre

para Lacan de uma articulação de telas dentro de uma tela e não de um jogo

especular de espelhos. Assim, na leitura de Lacan, toda a interpretação de

Las meninas questiona a possibilidade de reduzir a pintura a um espelho de

verdade. Tudo está aqui. Está tudo na mesa. A articulação das mesas permite

antes uma montagem36 e a inscrição do objeto a olhar, que não

vimos apenas através da topologia do cross-cap. O ponto “sintomático”

está justamente na distância entre o pintor e a tela "escondida", isto é,

dizer na sutura do cross-cap. Este ponto é também a posição onde habita um

olhar que nos vê onde não o vemos.

Essa engenhosa leitura de Lacan reside na diferença entre o

geometria e topologia. Não é apenas a diferença entre o

pintura como janela e como espelho, mas com uma diferença matemática.

35 Idem.
36 “Vemos a estrutura da pintura, sua montagem em perspectiva”, Ibid., sessão de 11 de maio de 1966.

395
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37 :
Assim, o psicanalista parisiense faz a pergunta
Uma pintura feita sob as condições da perspectiva estrita teria o efeito, se
você supõe, por exemplo, porque você tem que se agarrar a algo

coisa, que você está de pé em um plano coberto com uma grade infinita, que isso
grade vem, é claro, parar no horizonte. E acima do horizonte?
Você naturalmente dirá: o céu. Mas de jeito nenhum, de jeito nenhum, de jeito nenhum,
de jeito nenhum. Acima, o que está, no horizonte, atrás de você, como eu acho
que se você pensar sobre isso, você pode agarrá-lo imediatamente, para desenhar um
linha que une o ponto que chamamos de S ao que está atrás no plano
suporte do qual você verá assim que for projetado acima do horizonte
este horizonte do plano projetivo vem do plano de suporte ser costurado no mesmo
horizonte apontam os dois pontos opostos do plano de suporte: um por exemplo que
está completamente à sua esquerda na linha do horizonte do plano de suporte, virá
costure para outro que esteja completamente à sua direita na linha do horizonte
também do plano de apoio.

Sabemos que o plano projetivo é uma apresentação bidimensional de um


superfície chamada cross-cap. O plano projetivo tem uma estrutura simples, mas não é
não é possível representá-lo no espaço a não ser por um artifício: a estrutura
permite auto-cruzamento. A transição da geometria para a topologia ocorre
meio de outra curva que vai da perspectiva ao plano projetivo. O que é
consequência dessa virada? O psicanalista Erik Porge nos explica o que
movimento39 :
A questão da transição da perspectiva para o plano projetivo é a de costurar o

37 Ibid., sessão de 4 de maio de 1966. O destaque é do autor.


38 “O desenho do plano projetivo, por outro lado, é menos simples se quisermos enfatizar seu caráter

compacto e sua semelhança com a esfera. Uma descrição matematicamente simples é ver o plano
projetivo como a superfície da esfera na qual dois pontos são identificados se e somente se eles são
diametralmente opostos. Esta identificação topológica obviamente não é fisicamente realizável por
colagem. Note, no entanto, que para cada ponto de uma esfera há um iníquo oposto diametral, então nada
é perdido considerando apenas uma meia-esfera.
Na borda deste hemisfério há um círculo no qual ainda aparecem pares de pontos diametralmente
opostos que devem ser identificados”, René LAVENDHOMME, Lugares do sujeito. Psicanálise e
matemática, Paris, Seuil, 2001, p. 61 39 Erik PORGE, O arrebatamento de Lacan. Marguerite Duras ao pé
da letra, Toulouse, Érès, 2015, p. 53.

396
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sujeito ao objeto a na fantasia. A transformação é reversível. Mesa,


como a fantasia, liga o sujeito barrado do significante (determinado por linhas e
pontos), o sujeito dividido (os dois pontos sujeitos da pintura) para o objeto tem olhar
dá-lhe uma estrutura de envelope perfurado.

Esta volta que vai da geometria e perspectiva à topologia pelo plano

projetiva constitui o que torna possível conceber a articulação do sujeito e do objeto a,

isto é, a inscrição da estrutura da fantasia na pintura.

Agora podemos dimensionar a importância de projetar o array

como uma janela em vez de um espelho. A fantasia é uma janela que emoldura o

realidade psíquica. Lacan antecipa um ponto irredutível no esquema óptico –

e no estádio do espelho – em seu seminário A Ansiedade40. Então o espelho faz

impossível a tarefa de conceber a articulação entre o sujeito e o objeto a. que

a articulação só é possível por uma escrita topológica. Vamos dar uma olhada de perto no

não da perspectiva para o plano projetivo. Na figura 5 (emprestada do livro de

Porge41) temos uma vetorização da mesa Les ménines, ou seja, uma

apresentação em termos de perspectiva:

Figura 5

40“A catexia da imagem especular é um momento fundamental da relação imaginária. É fundamental porque
tem um limite. Nem toda catexia libidinal passa pela imagem especular. Há um resto”, Jacques LACAN, O
seminário, livro X: A angústia, Paris, Seuil, 2004, p. 50.

41 Imagem emprestada, Cf. Erik PORGE, O Arrebatamento de Lacan, p. 48.

397
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Lacan projeta a perspectiva sobre uma esfera e toma o ponto "S" (figura 5)
como um eixo ou equador onde dois pontos da esfera se opõem. Este eixo ou

equador permite introduzir o artifício que acabamos de mencionar: um

estrutura que se cruza. Aqui apresentamos a projeção de vetorização


da tela de Velázquez42 :

Figura 6

Essa projeção sobre uma esfera lhe permite "traduzir" a geometria do

perspectiva, transformando-o em um objeto topológico, ou seja, o cross-cap.


A operação é extremamente técnica, mas o matemático René

Lavendhomme resume assim43 :


No entanto, um desenho é possível se se aceita representar uma superfície que é
se cruza (…) A descrição deste desenho pode ser feita como
seguinte: consideramos uma meia-esfera que comprimimos juntando duas
pontos diametralmente opostos do equador.

Encontramos essa projeção no hemisfério da Figura 6 (parte inferior e

lei). Deve-se notar que cada par de vetores que passa pelo equador faz um

Tira de Möbius (na parte inferior do primeiro desenho da figura 6 encontramos a metade

42 Imagem emprestada, Cf. Erik PORGE, Ibid., p. 50.


43 René LAVENDHOMME, Lugares do sujeito, p. 62.

398
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torção deste objeto topológico). A faixa de Möbius é a estrutura que mostra


a estrutura da representação de Velázquez pelo pintor Velázquez, ou seja,
dizer a exclusão da auto-representação. O pintor faz um auto-retrato em
dois momentos sinalizando uma estrutura da faixa de Möbius. Esta é a ponte
"sintomática" que relatamos anteriormente como a sutura do cross-cap.
Para articular as tiras de Möbius, é necessário que a estrutura
se cruza, se cruza. Existe um nome para um
articulação destas tiras de Möbius: cross-cap. A expressão artística desta
artifício de autorrecuperação da estrutura encontra-se justamente na tentativa
autorretrato na pintura. Mas, fica uma cicatriz: os dois tempos de
esta tentativa, a torção da faixa de Möbius ou o autocorte da
estrutura de tampa cruzada . Todos os três são expressões do artifício para incluir
o assunto dentro da pintura.
Lacan comenta a discussão da teoria da perspectiva no
renascimento, em particular o método para corrigir o ponto de vista em
Léon Battista Alberti, o famoso “costruzione legittima”. A perspectiva em
uma pintura parece localizar o sujeito ausente no ponto de fuga. Na verdade, ele
é a leitura de Foucault, que assume que o espectador da tela está em
a mesma posição dos reis (representados dentro do quadro sob o reflexo em
o espelho). Em outras palavras, para Foucault o tema da pintura coincide com a linha
de vazamento representado no espelho. No entanto, como já observamos,
Lacan contesta essa leitura através da matemática ao afirmar que
ponto de vista, é impossível que os reis estejam ao mesmo
distância do que o espectador, ou seja, o sujeito.
Uma das distinções entre Foucault e Lacan é a localização do sujeito
em Les ménines : é um assunto como a borda de uma pirâmide - o ponto de
fuga de uma perspectiva – ou de um sujeito como um excesso ou um ponto excluído
representação? Para Foucault, o sujeito é o ponto de fuga, enquanto para
Lacan o sujeito é um ponto excluído para o qual a representação é possível. O
maneira de mostrar este ponto de registro é através da topologia. Dentro

399
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efeito, a transformação da perspectiva em plano projetivo pode resolver o enigma

da posição do sujeito na pintura de Velázquez. Qual é a consequência

essa leitura da posição do sujeito possibilitada pela topologia? O mundo faz

só pode ser representado pelo sujeito sob a condição de não representar a si mesmo.

Encontramos a lição fundamental da fantasia ($ÿa) em seu seminário 14:

a exclusão do sujeito é essencial para que o mundo seja representável. Lacan

faz todos os esforços para mostrar a necessidade irredutível de um ponto não

localizável para a construção da realidade: seja em Les ménines, seja em

o artifício do ponto onde uma superfície se intercepta (ponto impossível que

pertence ao sujeito ausente na representação).

Por que a pintura desperta interesse em Lacan? Esta tela é o apogeu

leituras de pinturas em Lacan. É um processo de amadurecimento

objeto a através da topologia. É também uma pintura da era da arte

barroco. Esse ponto nos leva à emergência do sujeito da ciência. Como nós

vimos no capítulo 1 (1.2.1. O campo científico é o solo nativo do

psicanálise e 1.2.2. A exclusão interna da psicanálise na ciência)

Descartes é o fundador da ciência moderna e seu assunto. Descartes é o

nome próprio que condensa o movimento de cisão entre o saber e a verdade que é

a base da ciência moderna. A ciência moderna (Descartes) e o barroco

compartilham um campo comum: ambos são baseados na divisão

constitutiva do sujeito entre a verdade e o saber. O interesse de Lacan no século XVII

reside aqui. Para o barroco e para a ciência moderna, o assunto tem seu fundamento

irrecuperável no Outro44. No entanto, o pensamento cartesiano se liberta da verdade

quando ela o confere a Deus. Assim, a ciência moderna pode desenvolver sua

saber sem se preocupar com a verdade. Por outro lado, o Barroco articula a

44 Tão logo o sujeito da ciência se divide entre saber e verdade, o objeto a é a parte
irrecuperável do campo do Outro. Lacan fala mesmo em “saber amputado”: “Expliquei-lhe o
esquema da alienação: esta é uma escolha que não é uma escolha no sentido de que sempre
perdemos alguma coisa? Ou o todo, você gosta da verdade, mas quem gosta, já que você
não sabe nada sobre isso? Ou então você não tem conhecimento, mas ciência, e esse objeto
de interseção que é o objeto a lhe escapa. Aí está o buraco. Você tem esse conhecimento
amputado”, Jacques LACAN, O objeto da psicanálise, sessão de 8 de dezembro de 1965.

400
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conhecer a verdade para que o primeiro busque a manifestação divina do

último no mundo. Em suma, o século XVII encontra-se polarizado por um saber sem

preocupação com a verdade e um conhecimento que busca apenas sua iluminação. O

a ciência moderna produz um saber e um resto, enquanto o barroco é um

sintoma, porque se encarrega da questão da verdade articulando-a com

enigmas do cristianismo, especialmente ao misticismo cristão. Em suma,

a importância do barroco está relacionada com o tema da ciência, mudança estrutural

situado na história entre o saber e a verdade que terá consequências para

encontrar o lugar da psicanálise em relação a outras formas de conhecimento, como

religião, arte, filosofia e ciência.

Como acabamos de mencionar, as meninas constituem o ponto

final de uma série de investigações sobre pinturas para amadurecer a única invenção

Lacaniano (segundo Lacan): o objeto a. De fato, podemos mapear


de sua pesquisa sobre as telas da seguinte forma:

Seminário 10, Santa Lúcia e Santa Ágata de Francisco de Zurbarán para

conceber o objeto a como agalma, a divisão do sujeito, o resto do sujeito

como um objeto separável.

Seminário 11, embaixadores de Hans Holbein para pensar o objeto um

como anamorfose e anamorfose como referente fálico.

Seminário 12, O grito de Edvard Munch para articular o grito de demanda,

o silêncio do desejo e o objeto a.

Seminário 13, As meninas de Diego de Velázquez para dar conta

o objeto tem um plano projetivo45.

O que significa amadurecer o objeto a ? Primeiro, seu design – em torno do

45 É interessante notar que antes de sua leitura de Las Meninas, Lacan encontrou em sua
viagem aos Estados Unidos os afrescos do pintor mexicano Diego Rivera, que o fizeram
mudar seus planos de viagem e ir para o México. Lacan se hospeda no famoso Hotel del
Prado, onde está localizado o afresco Sonho de uma tarde de domingo na Alameda. Nesse
afresco, Lacan também localiza o objeto a e, posteriormente, volta-se para a topologia da
garrafa de Klein. Cf. Jacques LACAN, O objeto da psicanálise, sessão de 23 de março de 1966.

401
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seminário Ansiedade – e, em segundo lugar, a função de encarnar a falta


pelo objeto a46, que mais tarde pode dar a função lógica do analista
como encarnação do objeto a – um passo adiante no sujeito suposto saber. Dentro
Seminário 12, Problemas cruciais da psicanálise, Lacan explora a teoria
dos números para dar conta do assunto da ciência e abordá-lo
psicanálise. Em torno do seminário 13 Lacan deixa a teoria dos números e
caminha em direção à geometria e à arte para articular o sujeito ao objeto a.

Diremos que neste momento a tentativa de Lacan gira em torno da


forma positiva do objeto a, entre outros. As encarnações do objeto a que são as
mama, fezes, olhar ou voz são apenas um exemplo de "positivização"
do objeto tem como furo da estrutura. Por este motivo, temos
metáforas biológicas (o louva-a-deus, a placenta, o seio, etc.)
seminários 10 e 11. Lacan também percorre o caminho do Poema e do Matema para
apresentar a falta de forma positiva na forma do objeto a. Biologia
dá uma intuição da lógica do buraco e seu recesso da operação
simbólico. As encarnações do objeto a surgem de um buraco insimbolizável e
irredutível pela estrutura do corpo. A arte dos números e a teoria são
outras tentativas de explicar o objeto a. Resta, no entanto, dar uma
apresentação não só biológica, artística ou lógica do objeto a, mas
uma consistência topológica. A topologia das superfícies permite que Lacan avance
e conceder rigor às intuições dos últimos três anos. De
exemplo, a ideia de que a pintura mostra a função do olhar (o que estou olhando
nunca é o que eu quero ver) já aparece no comentário do
competição entre os pintores Zeuxis e Parrhasios no seminário 1147.

46 Como sempre, Lacan antecipa essa abordagem. A questão de apresentar o objeto a


como forma positiva da falta encontra-se no seminário 10: "Quando lhe falei dos seios e
dos olhos de Zurbarán, Lucie e Agathe, você não se impressionou com o fato de que
esses objetos a se apresentavam ali de forma positiva? », Jacques LACAN, Ansiedade, p. 205.
47 “Por outro lado, o que eu assisto nunca é o que eu quero ver. E a relação que mencionei

antes, entre o pintor e o amador, é um jogo, um jogo de trompe-l'oeil, diga-se o que se diga.
Aqui, nenhuma referência ao que é impropriamente chamado de figurativo se você colocar
lá não sei que referência à realidade subjacente. No antigo apólogo de Zeuxis e Parrhasios,
o mérito de Zeuxis é ter feito uvas que atraíam pássaros. O foco não é

402
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No entanto, a leitura de Lacan de Les ménines só é possível por

topologia de superfícies pelo plano projetivo. Nesse sentido, não é apenas

formalizar ou dar rigor às intuições, mas a partir de uma leitura

romance da pintura que tem consequências teóricas, clínicas e conceituais

do sujeito da modernidade (entre a ciência e a arte barroca). A leitura de Les ménines

é um exercício de concepção de modernidade, o estatuto da arte barroca e

o surgimento do sujeito da ciência. A topologia de superfícies é frutífera

para dar outra leitura.

Se Lacan se interessa pela arte do século XVII, é pela importância que esta

A era dá espelhos, disfarces e simulações. lá em baixo

encontramos a importância que Lacan dá também aos enigmas da pintura de

Velázquez. A tela do pintor espanhol é uma armadilha para o olhar48 sem além, uma

ilusão de óptica. Voltando à pintura de Zeuxis e Les ménines, Mladen Dolar

mostra a diferença entre animais e humanos no que diz respeito à visão e ao

olhar49 :
Os animais confiam nas falsas aparências da realidade. Por outro lado, o
humanos são enganados por um véu que na realidade não apenas imita o
realidade, mas ele a esconde. Assim, a modalidade humana de engano é
a isca: o engano está no fato de que o olhar foi tentado a atravessar
o véu da aparência. Em outras palavras, por trás da cortina há apenas o sujeito que
tentou chegar lá.

Em suma, a tela de Velázquez concentra ilusões, semblantes e miragens

de uma boa pintura. É paradigmático: trompe l'oeil, o sujeito como

ponto feito que essas uvas não eram uvas perfeitas, a ênfase está no fato de que até o olho
do pássaro foi enganado nelas. A prova é que seu colega Parrásios triunfa sobre ele, por
ter conseguido pintar um voto na parede, um véu tão parecido que Zêuxis, virando-se para
ele, lhe disse – Então, e agora, mostre-nos, você, o que você fez por trás disso. Pelo qual
se mostra que o que está em jogo é de fato trompe-l'oeil. Triunfo, sobre o olho, do olhar”,
Jacques LACAN, Os quatro conceitos fundamentais, p. 95.
48 “Esta pintura não é outra coisa que qualquer pintura, uma armadilha para o olhar. Em

qualquer pintura, é justamente procurando o olhar em cada um de seus pontos que você a
verá desaparecer”, Ibid., p. 83.
49 Mladen DOLAR, Uma Voz e Nada Mais, p. 94.

403
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tentativa de encontrar algo além da pintura, o véu que esconde algo

coisa por trás, o sujeito como ausência imanente e como possibilidade de toda

representação. A pintura “se dá a ver ”50, mas não sem a participação do

tema. Se uma pintura pode nos enganar, é porque ela nos olha – no

dois sentidos da palavra (nos diz respeito e nos diz respeito).

O olho é o órgão da percepção, por isso temos

a impressão de olhar para fora. Para que essa ilusão funcione, é necessário

que se instalam duas elisões: a) o olho vê apenas de um ponto, enquanto nós

somos olhados de todos os lados eb) o olhar (o objeto que falta para

constituem o campo de visão). Eliminamos o olhar e o fato de o olho ter

apenas um ponto de vista. É a ilusão de que controlamos o campo

de vista. Desta forma, uma tela desmonta(r)e o olhar e as elisões do

campo escópico. A mentira revelada pela pintura é que a ilusão não vem

não da aparência, mas que a ilusão, a miragem e a aparência se estruturam

na realidade, até mesmo na própria ontologia. Qual é o alcance deste

exploração da manifestação do olhar no véu, no palco e na tela? este

caminho levará Lacan à distinção entre memórias de tela, sonhos e atuação

fora, por exemplo.

O estudo do segundo caso de articulação da matemática e da poesia na

Lacan nos traz à arte. Especificamente na pintura. como nós temos

já visto, a distinção crucial entre espelho e janela que explica

a articulação entre sujeito e objeto a. É impossível sem a topologia de

superfícies. Duas mudanças de leituras, que nos dão uma resposta correta

para os quebra-cabeças no tabuleiro. Eles são possíveis graças à abordagem feita de antemão

por Lacan para dar conta do objeto a. De fato, o deslocamento do espelho

50
“É nesse domínio, de fato, que se apresenta a dimensão pela qual o sujeito tem que se inserir na pintura.
A mímica permite que algo seja visto na medida em que é distinto do que se poderia chamar de um eu que
está por trás dele. O efeito da mímica é a camuflagem, no sentido estritamente técnico. Não se trata de
concordar com o pano de fundo, mas, sobre um pano de fundo variegado, de tornar-se variegado –
exatamente como opera a técnica de camuflagem nas operações de guerra humana”, Jacques LACAN, Les
quatre conceitos fundamentos , p. 92.

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(palco do espelho) na janela (a angústia) e a mudança da geometria

(perspectiva) à topologia (plano projetivo) são fundamentais para

conta do objeto a, mas também para contestar a leitura foucaultiana da pintura.

No entanto, o alcance da leitura alternativa lacaniana de Las Meninas é mais

ambicioso do que o de se opor a outras leituras, a disputa pela leitura de


Inclusive Foucault.

Quais são as consequências da leitura alternativa que Lacan faz de

As meninas ? Tem consequências clínicas, teóricas e práticas

(montagem de impulsos, um ponto subtraído do campo visual, a fantasia como

o que configura a realidade psíquica, não há metalinguagem, entre outros).

Ela também tem outra concepção da natureza da modernidade e do surgimento

do assunto da ciência. Vemos também a importância da ligação entre

Matema e Poema para a concepção do assunto, para esclarecer a posição do

psicanálise em relação a outros saberes e dar conta do momento

da emergência da psicanálise na modernidade – o sujeito da ciência e

forma de explicar a cisão entre verdade e conhecimento no barroco.

A matemática e a poesia retificam, esclarecem e devolvem o rigor a certas

aspectos que Lacan havia desenvolvido anteriormente. A poesia é o marcador de uma

ponto de inflexão na história e o material sobre o qual o Matema vai

formalizar para produzir conhecimento e dar rigor a uma intuição

antecipada pela arte, isto é, pelo Poema. Essa é a relação clássica entre

Poema e Matema em Freud (Cf. capítulo 3, parte 3.2. Freud e a poesia).


Então, em resumo, o segundo caso é uma leitura alternada entre Poema

e Matheus. A matemática se apresenta como um objeto/tema,

formalização e diagrama. O plano projetivo é um objeto matemático preciso

formalizar a perspectiva, formular o objeto a em jogo na pintura e um

diagrama como topologia de superfície. A poesia toma a forma de arte

(o enigma da representação na tela) e estética, não como

prazer estético, mas como alternativa à estética kantiana – o plano

projetiva em vez de esfera. A estética também como uma verdadeira ilusão –

405
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ontológico – e não como uma aparência. A abordagem do Poema é clássica,


isto é, como a inquisição de uma intuição artística. Tal é o avanço
freudiano clássico.

4.1.3. Poesia como interpretação: topologia, ressonância, lalíngua e o um


asneira

A linguagem é fruto de um amadurecimento,


de um amadurecimento de algo que se cristaliza
no uso, resta que a poesia diz respeito a uma
violência feita com esse uso.
–Jacques Lacan, L’une-bévue

Depois de um longo desvio pela matemática e pela poesia, mas também pela
antropologia, filosofia e religião, Lacan chega a uma conclusão:
que o inconsciente se estrutura como uma linguagem é, na verdade, apenas o efeito
do discurso do mestre. A cadeia significante que é organizada por um significante
mestre que comanda o resto dos outros significantes (S1ÿS2) é homólogo ao
estrutura do inconsciente e a raiz do "sonho eterno" da filosofia. Dentro
além disso, a origem estrutural da "imbecilidade" e a vaticina do "triunfo da
religião" encontra-se no discurso do professor e, por isso, no coração
da estruturação do sujeito – porque o sujeito é o que representa um significante para
outro significante (S1/$ÿS2)–, habita a raiz da busca de sentido, alienação
ao Outro, as identificações imaginárias ou simbólicas, bem como a ferocidade
ontologizar de maneira fálica, que é o caminho para a constituição
ser.

Digamos que o próprio fundamento do sujeito é artificial: o discurso da


master é uma tentativa de vincular um S1 a um S2. No entanto, o discurso é um

solução para os impasses da existência. Uma solução ontologizante neste caso.


Nesse sentido, o desvio de Lacan pela filosofia, antropologia ou religião

51 Jacques LACAN, “Talvez em Vincennes” em Outros Escritos, p. 315.

406
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mostra seus impasses ontológicos. Por outro lado, a poesia e a matemática


permitir que ele encontre outra solução. De fato, o discurso do analista
é uma forma de "desconstruir" essa alienação fundadora da subjetividade,
porque permite que a cadeia significante (S2//S1) seja percorrida para trás pelo artifício
da transferência (aÿ$). Além disso, mostra que existe outra posição que não o sujeito
dividida: a do objeto que causa desejo. A mudança do sujeito e do inconsciente
para o falador e o "inconsciente real "52 são efeito da constatação de que o
cadeia significante está ligada de maneira forçada ou artificial. Há vestígios onde
podemos encontrar o registro da mudança conceitual. No entanto, o que
nos interessa aqui é que a desconstrução e reconstrução da posição
lacanianas são o efeito de um tratamento matemático e poético da questão.
Depois que Lacan desconstruiu a relação entre S1ÿS2, entre o
seminários 16 e 19, é necessário propor outra forma de contabilizar
essa conexão (ilusória) e se existem outras relações possíveis. Lacan encontra o
Nó borromeano e com ele a topologia de nós e tranças. Como nós
vimos no capítulo sobre o Mathème, Lacan parte da teoria do
números, lógica e teoria dos conjuntos para topologia de nós. este
mudança é possível pela pesquisa que ele fez sobre a poesia chinesa
escrito. Assim, a topologia dos nós está intimamente ligada à poesia e outra
projeto de linguagem. Estes são lalíngua e ressonância – que são
contemporânea com o seminário 19, com o nó borromeano e o matema. Ela
é, portanto, um efeito de enfatizar –como Jakobson– a dimensão determinante do
é sobre sem sentido.

A função determinante do som no significado em Jakobson é decisiva

para a abordagem poética de lalíngua. Lalíngua, no sentido de Mladen Dolar

52 Colette SOLER, O inconsciente reinventado, Paris, PUF, 2009; “O inconsciente não tem
nada a ver com o inconsciente. Então, por que não traduzir tudo silenciosamente pelo
une-bévue. Especialmente porque imediatamente tem a vantagem de destacar certas
coisas; por que nos forçamos à análise dos sonhos, que constitui um erro como qualquer
outra coisa, como um ato fracassado, exceto que há algo em que nos reconhecemos. Nos
reconhecemos no chiste, porque o chiste está ligado ao que chamei de lalíngua, nos
reconhecemos no chiste, escorregamos nele e sobre isso Freud fez algumas considerações
que não são negligenciáveis”, Jacques LACAN, O Seminário. Livro XXIV: L'insu que sais,
inédito, sessão de 11 de novembro de 1976.

407
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trata-se do momento em que o significado esbarra no som53, ou seja, quando o som

interrompe o significado. Dolar cita o título do livro Six Lessons on Sound and

O significado de Jakobson tão difícil de pronunciar, porque o som se impõe ao significado.

Trava-línguas do tipo "Um caçador que sabe caçar sem seu cachorro é um bom

caçador secando suas meias em um toco seco" também mostram o

função determinante do som no significado. “A característica da poesia é colocar

soar no sentido e transmitir música nas letras ”54, assim

que Michel Bousseyroux define a dimensão poética de lalíngua a partir do

três registradores na topologia do nó. Essa dimensão poética, como


anunciamos, encontra sua base na função determinante do som no
significado55 :

Como se dá essa determinação poética do sentido? Jakobson explica


em seu livro Questions de poetique. Ela aproveita as chances fônicas oferecidas
pela linguagem. Para isso, usa figuras de equivalência
fonética, como paronomásia, anagrama, onomatopeia e sinestesia,
de modo que dessa equivalência som-sentido surge um efeito de sentido que é o fato
realidade atual do real de lalíngua, e não o efeito da retração temporal do
significante no simbólico.

Doravante, o S2 da cadeia significante é a equivocidade estrutural da linguagem

ou mesmo a dupla função do sintoma e o símbolo do registro do

simbólico. Esta dupla função é indistinguível apenas pela topologia do

nós. Ora, a interpretação visa o real do gozo que está ausente

significado – ou abs -sentido, ab-sex56. Esta é uma interpretação baseada na

letra e não na ordem do simbólico. A carta pode ser lida em diferentes

línguas, sua equivocidade é translinguística e não depende de um sistema

53 Mladen DOLAR, A Voice and Nothing More, Cambridge, MIT, 2006, p. 146.
54 Michel BOUSSEYROUX, Lacan, o Borromeu. Cave o nó. Toulouse, Eres, 2012, p. 50.
55 Ibid., pág. 51.
56 Jacques LACAN, "L'étourdit" em Outros Escritos, p. 450 e 461.

408
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gramatical ou sintático. Em outras palavras: Lacan é chamado Lacan “em todas


as línguas ”57. A letra não pertence ao registro de sentido.
Voltando à questão da matriz da cadeia significante (S1ÿ
S2), revela-se ilusória. De fato, do ponto de vista da topologia dos nós
apresenta-se como um “falso buraco ”58. Uma longa citação pode resumir tudo
o que implantamos até agora59 :
Nessa fase, o sujeito só pode se representar com o índice significante 1, S1. Quanto a

no índice significante 2, S2, está o artesão, como pela conjunção de dois

significantes, é capaz de produzir o que chamei de pequeno objeto. Este S2, eu tenho

acabamos de ilustrar a relação com o ouvido e o olho, evocando inclusive a boca

fechado. Mas também descobri isso pela duplicidade do símbolo e do sintoma.

É na medida em que reina o discurso do mestre que o S2 se divide. cuja divisão

é a do símbolo e do sintoma. Essa divisão é, por assim dizer,

refletida na divisão do assunto. É porque o sujeito é o que um significante

representa para outro significante que somos necessitados por sua

insistência em mostrar que é no sintoma que um desses dois significantes

se apoia no simbólico. Nesse sentido, na articulação do sintoma

no símbolo há, eu diria, apenas um falso buraco.

Quando o discurso do professor é desconstruído por meio da matemática, o


topologia de nós abre uma sequência inédita de possíveis articulações de
conceitos concebidos por Lacan na época: a letra, lalíngua, nomeação,
sinthoma, o inconsciente real60, etc. A desconstrução do discurso do mestre,

57 “Se o nome próprio ainda carrega até para nós e em nosso uso, o traço nesta forma que de uma língua para outra
não se traduz, pois simplesmente se transforma, se transfere, e aí está bem a sua característica: meu nome é Lacan
em todas as línguas, e você também da mesma forma, cada um pelo seu nome”, Jacques LACAN, O seminário. Livro
IX: identificação, inédito, sessão de 10 de janeiro de 1962.

58Jacques LACAN, O Seminário. Livro XXIII: O sinthoma, Paris, Seuil, 2005, p. 83.
59 Ibid., pág. 23.
60 "Quando o lapso de uma volta, isto é, como só escrevo em francês: l'espace d'un lapsus, não tem mais significado
(ou interpretação), só então temos a certeza de que estamos no inconsciente", Jacques LACAN, “Prefácio à edição
em inglês do Seminário XI” em Outros Escritos, p. 571.

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matriz da cadeia significante, implica necessariamente a desconstrução


inconsciente simbólico ou transferencial.
Essa desconstrução usando matemática – teoria dos conjuntos,
lógica, teoria dos números – abre novas possibilidades que não podem
implantar sem topologia de nó. De fato, o beco sem saída da cadeia
significado (S1ÿS2) implica que não há relação sexual, mas é
apenas redação negativa. O lado positivo ou o momento da formulação
se encontra no nó borromeano: tem relação pela não-relação, porque o
círculos de cordas não escavam o centro. Esta é uma notícia
articulação, um três que está lá antes do um, um múltiplo que precede o um – por
use os termos de Badiou61. Esta articulação particular discernida através de
matemática terá seus efeitos. Se a desconstrução o desafia a intervir
no registro do real do gozo sem o auxílio do simbólico, o nó
Borromean dá-lhe uma alternativa que lhe cabe “como um anel no dedo ”62.
Como vimos no ponto sobre os diagramas no capítulo
dedicada ao Matema, essa questão é central para Lacan, pois se não houver
impacto na realidade, a psicanálise é uma fraude. A resposta para isso
problemática nos leva ao reino da poesia. Em outras palavras, o uso
discerne-se a poesia da interpretação, mesmo orientada pela topologia dos nós.
A poesia agora é uma forma de impactar a economia
libidinal, na pulsão. Lalíngua , a letra e a correlativa “má interpretação” são
envolvidos nesta solução. Essa abordagem poética através do discernimento
uma formulação matemática e topológica pode ser observada neste
citação63 :

A segunda etapa consiste em jogar com esse equívoco que poderia liberar
do sinthoma. Com efeito, é apenas por equívoco que
a interpretação opera. Deve haver algo no significante que
ressoa. Surpreende-nos que isso não tenha aparecido aos filósofos

61 Alain BADIOU, Ser e o Acontecimento, Seuil, Paris, 1988.


62
Jacques LACAN, O Seminário. Livro XIX: …Ou pior, Paris, Seuil, 2011, p. 91.
63
Jacques LACAN, O sinthoma, p. 17. O destaque é do autor.

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Inglês. Eu os chamo assim porque eles não são psicanalistas. Elas

acreditam firmemente que o discurso não tem efeito. Eles estão errados. Elas

imaginar que há impulsos, e mesmo assim, quando eles não se importam

traduzir Trieb por instinto. Eles não imaginam que os impulsos são o eco

no corpo do fato de que há um ditado.

Trata-se de interpretação por equívoco que tem um efeito ressonante


e assim afetar o lado "prazer" do sintoma,
isto é, no corpo. A interpretação encontra sua eficácia na equivocidade e na
o lado sonoro da poesia64 :
Se a linguística se ergue, é na medida em que um Roman Jakobson se aproxima

francamente as questões da poética. Metáfora e metonímia não têm

margem para interpretação apenas na medida em que são capazes de realizar

algo mais. E esta outra coisa da qual eles funcionam é de fato aquilo pelo qual

unem estreitamente som e significado. Trata-se de uma interpretação

apenas extingue um sintoma, que a verdade se especifica para ser poética.

Existe uma maneira topológica de explicar esse efeito sem recorrer à cadeia
significativo. Por isso, a função da metáfora e da metonímia
mudança em Lacan – como podemos ler na última citação. a
rodada simbólica de barbante pode ter efeitos no real ou no imaginário
sem que estejam ligados entre si. Se o registro do simbólico se mover, afetará os
demais registros sem cruzar os demais pelo centro. Está aqui
onde podemos ler a relevância de conceitos como lalíngua , ressonância ou
o verdadeiro inconsciente.

A poesia pode produzir significado ou anexar significado ao significado. Mas ele


esta é uma operação “falhou ”65 :
Quando falei da Verdade, é ao significado que me refiro; mas a propriedade de

poesia quando falha, é justamente para ter um só sentido, ser puro

64Jacques LACAN, L' insu que sais, sessão de 19 de abril de 1977.


65 Ibid., sessão de 15 de março de 1977.

411
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nó de uma palavra com outra palavra. O fato é que a vontade de sentido

é eliminar o duplo sentido.

No entanto, a poesia tem duas vertentes, uma simbólica e outra real. O

primeiro está ligado ao significante e ao significado. A última está ligada à letra e ao

esvaziamento do sentido. Assim explica Lacan: "A astúcia do homem é

encher tudo isso, eu lhe disse, com poesia que é um efeito de sentido, mas

bem como um efeito de furo ”66. O lado "letra" da poesia pode permitir uma

leitura alternativa dos significantes mestres, ou seja, equívoco

significantes "fundadores de uma vida", para retomar a expressão


por Geneviève Morel67.

A poesia orientada por nós tem uma função interpretativa. Mas ela

tem outra função. De fato, como já mencionamos no início deste

No caso, a topologia do nó introduz a distinção entre um "true hole" e um

"falso buraco". Essa distinção nos leva ao papel da poesia como

nomeação com a pluralização concomitante do Nome-do-Pai. Os círculos de

cordas que correspondem ao simbólico e ao sintoma são separadas fazendo-se


um “falso buraco”, uma falsa articulação entre dois elementos – como no

discurso do mestre. O buraco está errado, porque os dois elementos podem ser separados

sem necessidade de corte. No entanto, os dois círculos são articulados de tal forma

maneira que eles têm um buraco que pode ser transformado por um cruzamento de linha infinita

66 Ibid., sessão de 17 de maio de 1977.


67 Geneviève MOREL, “Como desfazer as ambiguidades fundadoras de uma vida? » em A lei da mãe,
Paris, Economica, 2008, p. 205. Este ponto também é justificado pelo que Lacan chama de “mal-entendido”:
“Estou traumatizado pelo mal-entendido”, “o homem nasce com o mal-entendido”, Jacques LACAN, “Le
mal-entendido” na revista Ornicar ?, n. 22 e 23, Paris, 1981. “A palavra introduz equívocos no mundo, mas
devemos aceitar que esse mal não é tão ruim. Costuma-se afirmar que a única forma de não encontrar
ambiguidades é não dizer nada; a poesia, a arte em geral, justifica plenamente nossa "resignação" em
aceitar tanto o equívoco quanto a contradição. Mesmo na matemática, onde frequentemente encontramos
o que já foi chamado de “surpresa retórica” Pablo AMSTER, Apuntes matemáticas para ler a Lacan 1.

Topologia, Buenos Aires, Letra viva, 2010, p. 150. A tradução é do autor.


68"Só a poesia, como eu disse, permite a interpretação e é aí que não posso
mais, na minha técnica, que ela aguenta; Eu não sou estúpido o suficiente, eu não sou estúpido o
suficiente ! », Jacques LACAN, L’insu que sais, sessão de 17 de maio de 1977.

412
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o centro, a linha infinita, sendo topologicamente equivalente a uma


círculo69 :

Imagem 7

Essa transformação topológica mostra uma mudança na estrutura e na

mesmo tempo revela a existência de um terceiro elemento que precede ao

transformação: a borda do buraco falso é a verdadeira. Essa operação mostra que o

linha é o sinthoma como nomeação que vem do real, isto é, como

quarto elemento. Este último ponto implica que o Nome-do-Pai pode vir

do verdadeiro. Luis Izcovich chama esta operação de "nomeação sem Outro" e

explica assim70 :

Essa perspectiva que Lacan enfatiza no seminário RSI demonstra que ele

não mais considera o Nome-do-Pai como uma operação interna ao simbólico.

Mais exatamente, Lacan muda o estatuto do simbólico, passando de um simbólico

como uma cadeia significante para um simbólico definido como um buraco. Para estabelecer

a identificação real com o Outro real indica a insondabilidade da intrusão do Nome

do Pai na estrutura. É isso que talvez nos permita explicar que, por um lado,

lado, Lacan mantém o Nome-do-Pai no singular e que, por outro, ele

generaliza. Mantém o singular para indicar sua função radical e sua

constituição como identificação real com o Outro real. Se ao mesmo tempo ele

69Jacques LACAN, O sinthoma, p. 83. De acordo com o teorema de Desargues, uma linha infinita em um
esfera é equivalente a um círculo.
70 Luis IZCOVICH, “Nominação sem Outro” em revista L'en-je lacanien, n. 12, 2009, pág. 39-52.

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pluraliza para propor três formas de Nomes-do-Pai, é porque eles


nomear o imaginário, o simbólico e o real.

Aqui, a poesia assume a forma de nomeação. Uma das consequências é a


pluralização do Nome-do-Pai que está ligada à famosa expressão "fazer sem
Nome-do-Pai, com a condição de usá-lo ”71. Existem outros, mas para nós,
essas observações são suficientes para mostrar as duas formas que o Poema toma
neste caso: nomeação e interpretação. Se tomarmos a distinção quádrupla
do Poema, a nomeação e a interpretação assumem a forma de
literatura (poesia), criação (nós e poesia como soluções
artesanato, uma prática de "saber fazer com", a nomeação como
batismo ou criação pela linguagem) e arte (a musicalidade da ressonância e
Língua). Essas funções poéticas não podem ser concebidas sem uma
discernimento e uma orientação matemática.
Como prova adicional, queremos expor a
consequências de ver a matemática como sem importância. Nesse sentido, o
caso do filósofo “lacaniano” Slavoj Žižek é, talvez,
paradigmática de uma leitura filosófica da psicanálise que prescinde
matemática. Para ele, Lacan renunciou à topologia dos nós. Seu último
ensino foi considerado por Lacan como um fracasso mesmo, de acordo com a leitura
do filósofo esloveno. A questão surge em uma longa citação72 :
Em seu último seminário, Lacan aborda precisamente a questão dos nós
para pensar a não-relação, encarnada em um elemento paradoxal (que poderia
correspondem vagamente ao singular universal, à 'parte do sem parte'). Bem aqui
entra em cena o nó borromeano, constituído por três círculos entrelaçados de tal

para que eles não estejam diretamente conectados em pares, mas apenas através
ao terceiro, e que se cortarmos o terceiro nó, os outros dois serão
igualmente destacados – em suma, não há relação entre dois círculos

71
Jacques LACAN, O sinthoma, p. 136.
72 Slavoj ŽIŽEK, Less than Nothing, Londres/Nova York, Verso, 2012, p. 798-799, a tradução é
do autor.

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algum. O que é esse terceiro círculo? O objeto tem? O sinthoma? pedido

simbólico em si? Aqui Lacan, bem no final de seu seminário, encontrou-se

em um beco sem saída que ele reconheceu abertamente, de uma forma que foi autenticamente

trágico: "A metáfora do nó borromeano em seu estado mais simples é

impróprio. É um abuso de metáfora, porque na realidade não há nada

que sustenta o imaginário, o simbólico e o real. Que não haja relacionamento

sexual, isso é o essencial do que estou afirmando. Que não tem relação

sexual porque existe um imaginário, um simbólico e um real, é isso que eu não tenho

não ouso dizer. Eu disse isso de qualquer maneira. Obviamente eu estava errado, mas eu

deixo-me escorregar nele... simplesmente me deixo escorregar nele. Isto é

irritante, é ainda mais do que chato. É ainda mais chato porque é

injustificado. Isso é o que me aparece hoje, é ao mesmo tempo o que eu

confessar. Boa ! (Jacques Lacan, Topologia e Tempo, 9 de janeiro de 1979). É necessário

Observe duas coisas nesta passagem. Primeiro, podemos olhar


retroativamente onde está o erro óbvio: o nó borromeano funciona

como uma metáfora apenas se pensarmos nos três círculos

simultaneamente, como um entre lagos na mesma superfície. (A única maneira de

salvar este modelo consistiria em acrescentar um quarto elemento que juntaria

os outros três, dos quais Lacan fez com seu conceito de sinthoma garantindo a

coesão da tríade SRI.) Em segundo lugar, por que Lacan, por sua própria admissão,

Ele estava errado ao dizer que não há relação sexual na medida em que há um

Imaginário, Simbólico e Real? Porque os três não são projetados

simultaneamente como uma tríade, mas funciona mais como a tríade kierkegaardiana de

Estética-Ética-Religiosa, na qual a escolha é

sempre situado entre dois termos – ou/ou (…) É o mesmo no

Tríade lacaniana do imaginário-simbólico-real, ou na tríade freudiana

do ego-superego-id: quando nos concentramos em um termo, os outros dois

condensam-se em um (sob a hegemonia de um deles).

Nesse ponto, Žižek começa a ler Lacan de maneira hegeliana. Para nós, constitui
o exemplo perfeito de uma apropriação filosófica por um erro matemático. De
fato, uma vez que Žižek não aceita a versão

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"topológica" de Lacan, ele toma a solução "filosófica" em vez de

a alternativa "poética". A topologia de nó nunca é usada em sua

livros – exceto o nó borromeano de três círculos – e raramente lalíngua. Ele não tem

nunca usou o termo reson e desconfia da poesia. Ele afirma que "atrás

cada limpeza étnica há um poeta ”73. Ele está bastante em uma posição

filosofia hegeliana. Para ele, o Lacan mais completo é o do seminário

Novamente, a do matema e do “não há relação sexual”. Em última análise, um

Lacan que completa o ponto mais alto do idealismo alemão74.

Por outro lado, podemos abordar o problema mencionado por Žižek numa leitura

que atravessa e atravessa a matemática – neste caso a

topologia – para extrair consequências poéticas úteis para a prática e

a clínica psicanalítica. É o caso de Erik Porge, Michel Bousseyroux e

Fabian Schejtman75. Aproximemo-nos da leitura de Porge, que retoma a mesma citação

em que Žižek assegura que Lacan está errado e aceita sua completa

falha. Segundo Porge, como já vimos no capítulo sobre o Matema,

a equivalência entre três registros é problemática para distinguir

o imaginário, o simbólico e o real. É necessário introduzir a nomeação do

quarta rodada para marcar esses três registros desequilibrando o nó

Borromeu em um nó que permanece Borromeu. Graças a isso

nomeação, não há mais equivalência entre círculos. Porge dramatiza isso

conclusão catastrófica: “E, no entanto, oh! » para então se perguntar

" O que aconteceu ? Lacan parou aí? ". Mas o próprio Porge

73 Slavoj ŽIŽEK, “The Militay-Poetic Complex” in London Review of Books, https://


www.lrb.co.uk/v30/n16/slavoj-zizek/the-military-poetic-complex, visto em 4 de julho de 2017 .
74 Slavoj ŽIŽEK, The Indivisible Resting, New York, Verso, 1996. Até mesmo Alain Badiou
considera que a partir de Žižek o idealismo inaugura uma nova forma de ler toda a história
da filosofia, dividida em seis etapas: 1 Uma pré-história grega; 2. Um nascimento crítico
(Kant); 3. Duas insistências idealistas (Fichte e Schelling); 4. Uma matriz dialética
“definitiva” (Hegel); 5. Uma repetição criativa de Hegel (Lacan); e, 6. Uma repetição criativa
de Hegel por Lacan (Žižek). Alain BADIOU, “The method of Slavoj Žižek” in Slavoj Žižek, Less
than nothing, Paris, Fayard, 2015, p. 4.
75 Erik PORGE, Cartas do sintoma. Versões de identificação, Toulouse, Érès, 2010; Michel
BOUSSEYROUX, Ao risco da topologia e da poesia. Psicanálise em expansão, Toulouse,
Érès, 2011; Fabián SCHEJTMAN, Sinthome: Ensaios de clínica psicoanalítica nodal, Buenos
Aires, Grama, 2013.

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responde suas perguntas e retifica a posição de Lacan com a ajuda de um nó que o


o matemático Pierre Soury apontou para Lacan após a sessão de 9 de janeiro de
1979. O comentário de Porge está na mesma passagem citada por Žižek.
A solução para este problema é extremamente complexa e técnica, pois
implica a noção de homotopia – o leitor pode conferir no capítulo
13 do livro Cartas do Sintoma76 de Porge. Esta solução, no entanto, implica
consequências teóricas, clínicas e práticas. O mais óbvio e o de
a articulação entre topologia e poesia através do equívoco – poesia
produz um efeito de sentido, mas também de furo. A solução envolve a
generalização do nó borromeano. Porge conclui77 :
Não sabemos exatamente como Lacan acolheu o feedback

de Sury. Mesmo que as razões invocadas por Lacan não fossem expressas no

mesmos termos que Soury, temos todas as razões para acreditar que este

feedback o dissuadiu de persistir em considerar que o nó borromeano era

impróprio para a metáfora. De fato, a partir de 13 de março de 1979, apenas dois meses

mais tarde, Lacan apresenta em seu seminário o novo nó borromeano que

desenhado por Jean-Michel Vappereau [esta é uma reformulação do nó

Nó Borromeu designado por Soury] e que ele batiza como "Nó Borromeu

generalizado”. Longe de abandonar o nó, ele o generaliza.

No entanto, é de salientar que a resposta à questão do insucesso (ou não) do


A tentativa lacaniana de explorar o nó borromeano implica que temos que cruzar
matemática, até mesmo para chegar a uma concepção poética da prática
psicanalítica e não uma formulação filosófica hegeliana como o caso de Žižek78.
Perguntamo-nos, pelo menos, se esta apropriação ou leitura

76 Erik PORGE, Cartas do sintoma, Toulouse, Érès, 2010.


77 Ibid., pág. 137-138. A ênfase é do autor.
78
“É muito significativo que Lacan, em Encore, faça dois movimentos correlativos: ele introduz dois
conceitos cuja correlação ele nunca explica, lalíngua e matema, mas ambos têm sua base onde o significante
não contribui para fazer sentido – o objeto no significante , como se fosse o objeto dentro do significante,
quando está sob os auspícios da letra do plus-de-voz (lalíngua) e quando está sob os auspícios da letra, da
letra sem sentido do matema (daí as fórmulas da sexuação, etc.). Estou quase tentado a usar o julgamento
infinito de Hegel: declarar a identidade especulativa de dois termos opostos, de modo que a voz pura só
pode ser a perfeita

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filosofia – indo contra a corrente da prática psicanalítica – não é uma

consequência de não ter feito matemática. De qualquer forma, resta

verificar na clínica se esta leitura hegeliana é mais apropriada para o

prática psicanalítica. Quanto a nós, parece que lendo a topologia

nós e suas consequências poéticas são mais úteis para a prática. Deste modo,

conceitos como escada, sinthoma, pluralização do Nome-do-Pai e

expressões como "identificar-se com o sintoma" como fim da análise e

"saber lidar" com o irredutível de uma análise são cruciais.

É possível concluir que a articulação do Matema e do Poema neste caso

é singular, como nos outros casos. O Mathème é apresentado aqui em duas

Tempo. No começo, funciona como matemática

fragmentos (lógica, teoria dos conjuntos, etc.)

metafísica do discurso do mestre – a matriz da filosofia e a cadeia

significativo. Num segundo momento, assume a forma construtiva de

diagrama e formalização, ambos usando a topologia de

nós. Por sua vez, o Poema funciona de duas maneiras: como interpretação

poética por meio de equívocos translinguísticos/homofônicos e como

nomeação que vem do real (pela letra). Nomenclatura e interpretação,

como acabamos de ver, têm dimensões poéticas como criação,


arte e literatura.

O momento poético de interpretação e nomeação não pode ser

formular sem o tempo matemático da desconstrução e o momento

construção da topologia do nó. Mas durante o primeiro tempo desconstrutivo

matemática, a poesia está ausente. Por outro lado, ela assume um papel

primordial no momento construtivo da topologia dos nós.

Matemática e poesia se unem para formular uma clínica, uma

teoria e prática não metafísica. Articulam-se para abrir uma práxis

exemplo da letra, ou seja, do matema”, Mladen DOLAR, A Voice and Nothing More, p. 149.
A tradução é do autor.

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não psicológico, deontologizante e um espaço a-esférico e não unitário. Ele

Há, no entanto, uma diferença com os outros casos: a desconstrução inclui

não só o imaginário, mas inclui também uma dissolução do

metafísica do simbólico. Os três registros estão agora articulados

Borromeu, que deu possibilidades inéditas antes de sua


descoberta.

Curiosamente, olhando mais de perto, há

momentos em que Matema e Poema são indistinguíveis. Neste caso, temos

deles. O une-bévue como equívoco fundador, como equívoco que torna

passar algo pela parede da linguagem funciona como matema,


isto é, como transmissão de conhecimento. O une-bévue é matema também em

na medida em que é uma letra irredutível e identifica um real após um

formalização. Resta discutir se há substituição de um pelo outro,

como vimos no capítulo sobre o Matema. O segundo exemplo

vem da interpretação poética e da topologia dos nós. Ambos

constituem uma espécie de solução caseira. Em outras palavras, o une-bévue é

topologia quase matemática e quase poética, ou seja,

artístico.

Finalmente, em nosso último caso, a carta é o terreno comum da

Matema e Poema. Ali, uma teoria do significante sem a letra faria

infértil a articulação da matemática e da poesia.

Para concluir, ainda que Lacan tenha renunciado ao Matema ou se

substituído pelo Poema (o matema pelo une-bévue), é preciso passar

por um tratamento matemático para chegar lá.

4.2. Descobertas

Após o estudo de três casos retirados do ensino de Lacan, é hora de

concluir. Escolhemos esses casos por um triplo critério: uma conexão entre

matemática e poesia distintas à primeira vista, um período de tempo distinto e

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uma capacidade de antecipar casos semelhantes no ensino de Lacan. No


A princípio, não tínhamos certeza se esses casos atenderiam a esses critérios, mas
tinha uma ideia geral dessas características. Isso nos permitiu encontrar
algo inesperado.
Estudamos os seguintes casos: “O mito como formalização do
paradoxo” (1952-1957), “A topologização da geometria” (1964-1967) e
“Poesia como interpretação” (1975-1979).
Como anunciamos na introdução deste capítulo, o
relações entre Mathème e Poème são variadas, particulares e dependem
cada caso. Encontramos essa afirmação em todos os três estudos. Com efeito,
na formalização do mito (52-57), a articulação entre esses elementos visa
articular os registros imaginários e simbólicos. Esta montagem também dá a
chave para a questão da verdade, que só pode ser dita pela metade. Homologação
entre simbolização e formalização determina o tecido entre
matemática e poesia. No caso da topologia da geometria (64-
67), a questão em jogo é antes explicar rigorosamente o objeto a,
particularmente no que diz respeito ao olhar (e sua distinção entre percepção e
campo de visão). Trata-se de formalizar as intuições de que a biologia, o mito
(da lamínula) e a pintura o trouxe em seminários anteriores
(seminários 10, 11 e 12). Trata-se também de articular o sujeito dividido com
objeto a. Por isso, trata-se também do papel do sujeito na ciência.
moderno e no barroco. Finalmente, no caso de poesia como
interpretação (75-79), a questão está centrada em uma articulação não relacionada79
entre os três registros e suas consequências teóricas, clínicas e práticas. Ele
é também uma solução não metafísica para o problema da incidência de

79 Como vimos, o nó borromeano está amarrado por uma não relação (capítulo II, parte
2.1.2. Lendo a análise de Mahtème, “Nodologia: entre formalização, diagrama e objeto
matemático”). Nesse sentido, compartilhamos a opinião de Žižek que afirma que o interesse
de Lacan pelo nó borromeano reside na passagem de "não há relação sexual" para "não há
relação (sexual)": nós para pensar a não-relação, encarnada no elemento paradoxal (…) Aí
entra em cena o nó borromeano”, Slavoj ŽIZEK, Menos que Nada, p. 797-798, a tradução é
do autor. No entanto, não concordamos com a leitura dialética hegeliana de que ele dá nós.

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simbólico sobre o real quando Lacan desconstrói a cadeia significante

S1ÿS2. Mantidos, o diagnóstico, as relações entre os distintos gozos

(outro, fálico) e a forma de intervenção do analista mudam. Existe um

retorno à poesia que diminui a importância da matemática. Os nós são

possível por uma subtração das propriedades matemáticas, deixando o

carta. A letra é o pivô que articula Mahtème e Poème. O efeito deste tecido é

uma solução artesanal: escrever caso a caso tecendo os nós. O resultado o

mais impressionante é a função do equívoco – o une-bévue – como um matema,

isto é, como uma letra que transmite e como uma letra irredutível que define uma

real. Cada articulação é única e responde a um critério teórico, clínico ou

prática.

A tecelagem entre matemática e poesia visa dar conta da

limites da linguagem – falada ou escrita – e por isso em termos

psicanalítica, torna formuláveis as relações da linguagem com o real e com

verdade – como um impasse de uma estrutura. De fato, mesmo que cada caso seja um

montagem singular, mostram o interesse de Lacan em aproximar os limites

de linguagem. A formalização do mito (52-57) é uma busca da verdade que não

pode ser dito completamente. A verdade se encontra nos pontos paradoxais, nas

impasses e por contradições estruturais. O passo do

perspectiva sobre o plano projetivo no estudo de Les ménines (64-67) é uma

exploração dos limites da representação. De fato, o limite que faz

possível, toda representação é interna e se inscreve como subtração.

Entre 1975 e 1979, a importância dos nós para a linguagem – seja para

interpretação, seja para nomear – reside no forçamento, ou seja, para

para empurrar os limites da linguagem e para confundir a linguagem. A busca em

matheme, reson , lalangue, variedade e une-bévue, mas também o interesse em

Joyce ou George Cantor tem sua motivação na busca da verdade e

real. Esta pesquisa sobre os limites da linguagem –sob o nome de verdade ou realidade–

só é possível através de uma articulação entre Matema e Poema. Nesse sentido, o

421
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O entrelaçamento entre matemática e poesia funciona como pinças que

golpe de pince agarra um pedaço de realidade ou um fragmento de verdade.

Podemos concluir que o entrelaçamento entre Mathème e Poème é singular, tende

a ser fragmentário e regional. Por causa disso

tipo de relacionamento, preferimos falar de uma "caixa de ferramentas". É também o

por que encontramos essa relação do lado do eixo "contingente"

impossível” e não do lado da modalidade lógica “necessário-possível”. que

posição lógica posiciona a relação matemática-poesia no lado feminino da

fórmulas do sexo. A articulação singular entre poesia e matemática

visa resolver um problema específico. No entanto, este

problema deve ser resolvido de uma forma não metafísica. Então, mesmo que ele

existem usos gerais de matemática ou poesia, devemos

abordar esta questão caso a caso. No entanto, existem propriedades

princípios gerais da matemática e da poesia que atraem a atenção de Lacan. Ele

também há coincidências entre vários casos.

Com efeito, entre a formalização do mito e a interpretação poética

articulados nos nós, há interesse em articular os registros, em orientar a clínica,

formalização para esclarecer leituras, gêneros literários (mito e poesia)

e tentar superar os impasses. A leitura de Les ménines e

a abordagem lacaniana do mito compartilha a deontologização do objeto,

a intenção de dar conta de ilusões (aparências, semblantes, mentiras), a

localização de um real e a relação entre ciência e religião. Os nós e

abordagem da pintura de Velázquez são semelhantes no que diz respeito à arte

(artes artesanais ou grandes), a formalização topológica e a desconstrução de

metafísica da esfera.

Quanto às propriedades comuns que têm o Matema e o Poema, há

vários. Como já indicamos, matemática e poesia

aproximar os limites da linguagem para dar conta da realidade e da verdade.

Essa relação privilegiada esclarece a posição da psicanálise em relação à

outros conhecimentos : filosofia, arte, ciência e religião. Matema e Poema são

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fundamental por sua ausência de apelo à metalinguagem, suas formulações anti-

intuitivos, suas afirmações ou formulações não totalizantes, sua linguagem refratária a

representação, suas palavras e escritos impessoais e sua orientação para

contra a corrente da harmonia e do significado. Eles também compartilham propriedades que

desafiar biologização, psicologização, ontologização e edipização

da psicanálise. Esse uso é importante, seja para esvaziar certos conceitos ou

certas ideias de toda a metafísica (biológica, ontológica, psicológica,

etc.), ou formulá-los evitando a metafísica.

Assim, observamos como a matemática, ligada ao

poesia, tendem a esvaziar a imaginação e reduzir as dimensões do significado

simbólico para se orientar para o real – no plano do impasse. Nesse sentido,

a assembléia Mahtème e Poème constitui uma forma privilegiada de evitar a

a estupidez constitutiva do imaginário e a estupidez inerente ao simbólico80.

Em última análise, o Matema e o Poema são conhecimentos essenciais,

individualmente ou em associação (na forma de fusão, tensão,

complementaridade, oposição, etc.). É difícil conceber a prática, a

teoria clínica ou psicanalítica sem a relação complexa dessas

disciplinas que se praticam no limite da linguagem – dimensão favorecida

em grande parte pela psicanálise lacaniana. O que deve atrair nossa atenção,

é a extrema utilidade que esse conhecimento tem para desconstruir e construir

teoria, clínica e prática em Lacan.

80 Cf. Jean-Claude MILNER, Nomes indistintos, Paris, Seuil, 1983.

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424
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CONCLUSÃO

Além das dificuldades relacionadas à compreensão da matemática,

elementos literários ou poéticos e da psicanálise lacaniana, a ambição de


esta pesquisa é elucidar a relação entre Matema e Poema na obra

de Lacan. Essas dificuldades não estão associadas apenas às nossas limitações, mas

a diversidade de abordagens, a densidade dessas referências e as indicações

implícito em Lacan. Optamos por atacar a relação de

matemática e poesia em Lacan em geral. Nós temos

renunciou às especificidades matemáticas e poéticas em favor de uma abordagem

que nos deu uma resposta mais global desta ligação.

Escusado será dizer que este empreendimento envolve um risco assumido desde o início

aproximações e incompletudes, e esperamos que o leitor

matemático ou especialista em literatura considerará esses aspectos.

Por outro lado, esta posição implica a elucidação das estratégias e abordagens

aspectos mais gerais da relação entre poesia e matemática. Mesmo assim, nós

voltamos aos primeiros traços dos elementos matemáticos e

poética em Lacan, ou seja, fizemos uma genealogia das referências

poética e matemática na obra lacaniana. Da mesma forma, fizemos

um estudo mais detalhado de três casos de ligações entre esses elementos. Um estudo
exaustiva de todos os casos possíveis entre Matema e Poema parece-nos um

tarefa que excede nossa pesquisa. É certo que percebemos durante

nossa pesquisa que havia relações gerais e singulares entre

matemática e poesia. Mas o leitor poderá encontrar chaves úteis e

crucial para abordar essa relação em geral; ele terá assim uma chave para

esclarecer relações específicas nos textos e seminários de Lacan.

Fizemos a nós mesmos a questão da relação entre Mathème e

Poema, tentando focar a atenção em pontos que não

não parecem ter sido particularmente observados até o presente. Por esta

fazemos, agrupamos as referências literárias, estéticas, artísticas

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sobre a criação em Lacan sob o nome “ Poème ” – em maiúsculas e em


itálico. Procedemos de forma diferente no caso do Matema. De fato, nós
foi na direção oposta: a busca começou com a
referências matemáticas e depois classificá-las em quatro categorias:
formalizações, assuntos/objetos matemáticos, diagramas e matemas –pt
termos estritos. Apresentamos a seguir os resultados da pesquisa sob o
forma de testar hipóteses e responder a perguntas
crucial para o nosso estudo.

Respondendo a perguntas cruciais

Além das hipóteses desta pesquisa, questionamos sobre


duas questões. A primeira diz respeito à afirmação de que Lacan ao final
de seu ensino se livrou do matema em favor do poema. O
segunda questão diz respeito aos usos e estratégias gerais do Matema e
do Poema.

Com relação ao primeiro ponto de interrogação, nossa pesquisa elimina


qualquer possibilidade de um suposto desmantelamento do matema. Embora Lacan tenha

acentuou a presença do poema, nem o mathème nem o Mathème (o


matemática) não desapareceram de seu trabalho. Matemática como fórmulas
da sexuação, os quatro discursos ou a letra algébrica ÿ – que indica
o impasse do Outro – são levados em consideração até o fim de sua vida. Além do mais,

matemática também está presente em seus últimos cinco anos


seminários na forma de topologia (de nós e superfícies), a teoria de
números, aritmética e teoria dos conjuntos. Por fim, o matema
enquanto a transmissão simultânea toma a forma do une-bévue - que passa
tão ambíguo. Trata-se da coincidência entre matema e poema quanto ao que
o que passa – o que é transmitido. Lacan chega ao poema, mas não sem o matema.
O acento no caminho poético é visível, mas só chega lá por um
formalização topológica através de nós. Lacan deu esse passo quando

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atravessou a poesia escrita chinesa para chegar à topologia nodal – como


sublinhou Michel Bousseyroux1.
Quanto à questão dos usos e estratégias gerais do Mathème e do
Poema, é possível assemelhar-se a estes na seguinte enumeração:
1/ Usos e estratégias gerais do Matema e do Poema. O
deontologização das questões psicanalíticas (contra a biologização,
behaviorismo, neurologização, psicologização, patologização,
etc.), o impacto no significado (um pelo óbvio, outro pela saturação),
o alongamento imanente dos limites da linguagem, suas funções ligadas ao
linguagem (escrita ou falada), suporte epistemológico (para formular perguntas,
conceitos ou dispositivos), uma abordagem alternativa de sujeito e objeto (ditos
impessoal, obviamente do objeto), a transmissão da psicanálise e a
formulação conceitual antimetafísica (contra a metafísica do Uno, do
a esfera, a presença, do ser, da relação sexual, equivalência, estética
Kantiano, etc).
2/ Usos e estratégias gerais do Matema. A localização de
paradoxos (becos sem saída e impossibilidades), estabelecendo referências,
formulação de relações de transformação (invariantes e movimentos), uma
alternativa para deontologizar, a desconstrução de conceitos e práticas
ontologizado, a redução da complexidade, a subtração de elementos
empírico, o esvaziamento de todo conteúdo, um pensamento relacional, a articulação
dimensões diacrônicas e sincrônicas, uma forma de dar conta
contingência; o singular, transmissão sem sentido, função de limitar
obscurantismo (e a aura mística), circunscrição do real, operação que
torna legível uma aparente variedade de fenômenos (reduzindo o
complexidade aos seus elementos mínimos) e a tendência à univocidade do vazio (o
redução de leituras).

1 Michel BOUSSEYROUX, Ao risco da topologia e da poesia. Expandindo a psicanálise,


Toulouse, Érès, 2011.

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3/ Usos e estratégias gerais do Poema. Um ditado


impessoal, a formulação de fenômenos negligenciados pela ciência, a
doação de uma base epistemológica para a clínica (pela natureza de sua
fenômenos), a transmissão (de casos, exemplos, de uma função didática),
antecipação (ou inspiração) de questões psicanalíticas, apoio
epistemológico (formulação de questões, um laboratório experimental, porque o
poema tem uma racionalidade mais ampla), uma forma de dar conta do
mecanismos de criação (Witz, sublimação), a formulação da verdade
psicanalítica (que tem uma estrutura ficcional e que tem relação com o
desejo), um reservatório de recursos linguísticos acumulados em sua história, o
função de nomenclatura, uma forma de registrar mutações na cultura
termos de linguagem, uma forma de lidar com a linguagem (porque há uma homologia
estrutura entre poesia e objetos psicanalíticos que é o material do
psicanálise) e uma função heurística (liberação ou revelação).

Resposta às nossas suposições

1/ Lacan toma emprestado o diagnóstico heideggeriano da “ontologização do ser” e a


prescrição do Poema como resposta a essa ontologização. Esta hipótese é
revelado como verdadeiro por várias passagens da escrita de Lacan como Função e
champ2, mas também explicitamente quando Lacan vinculou esse escrito à filosofia
de Heidegger3. Não é necessário citar as passagens onde a influência –
subvertida – sobre a questão do ser e da poesia em Heidegger se faz sentir. Ele é

2 Essas passagens, como “fala vazia e fala cheia”, “no que chamaremos de poética da
obra freudiana” ou “função poética da linguagem” são apenas alguns exemplos. Jacques
LACAN, “Função e campo da fala e da linguagem na psicanálise” em Escritos, Seuil,
Paris, 1966, p. 247, 317 e 322.
3
"[O] interesse que o professor Martin Heidegger quis mostrar, rompendo com uma
reserva até então muito bem fundamentada, por uma psicanálise assumida nesses
princípios, colaborando na publicação citada acima [Psicanálise] como manifesto do
ensino do Doutor Jacques Lacan sobre Fala e Linguagem", Jacques LACAN, "Currículo
apresentado para uma candidatura para uma direção de psicanálise na Escola de Estudos
Avançados" na revista Bulletin de l'Association Freudienne, n° 40, 1957, p. 7. Lacan refere-se à sua tradução d
de Heidegger (publicado na revista La psychanalyse) e seu escrito "Função e campo da
fala e da linguagem na psicanálise".

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possível encontrar em alguns autores como Jorge Alemán, Héctor López ou


François Balmès das leituras que seguem nessa direção.
O gesto fundacional do "retorno a Freud" em Lacan contém a leitura
deontologização heideggeriana do ser por meio da "delegação do
pensamento” à poesia, para usar a expressão de Badiou4. Ao longo de sua
trabalho podemos encontrar tal deontologização com a ajuda do Poema em
nossos termos – arte, criação, estética e literatura. A ontologização em
A psicanálise, de que a poesia é o antídoto, toma a forma de argumentos
psicológico, biológico, neurológico, patológico, comportamental,
essencialistas e sobretudo metafísicos – o Uno, a esfera, o sentido, a referência, o
metalinguagem, identidade, o ego, a relação sexual, etc. A descentralização do
questão filosófica entre ser/não-ser em O significado do falo é
um bom exemplo desse uso da poesia para desafiar a ontologização
ser. Com efeito, quando Lacan opõe não ser a não-ser, mas ser e ter,
ele usa os recursos da linguagem para deontologizar uma questão crucial
para a psicanálise: o falo. Encontramos outro exemplo na
desœpização da psicanálise pela leitura que Lacan fez de Hamlet no
seminário Desejo e sua interpretação – sem contar que essa abordagem é feita
com a ajuda do romance O Diabo Apaixonado de Cazotte e com a distinção

linguística entre enunciado e enunciação que possibilita o espaço do desejo.

2/ Lacan acrescenta a alternativa matemática à “ontologização do ser ”. A partir de


que Lacan inclui a matemática em seu “triângulo epistemológico ”5 – para
lado da história e da retórica – abre a porta para um uso não ontologizante
do Matema. De fato, o comentário sobre a importância epistemológica da
matemática para a psicanálise se encontra justamente no momento da
fundamento do projeto não ontologizante da psicanálise pela poesia: função
e campo de fala.

4 Alain BADIOU, Manifesto for Philosophy, Seuil, Paris, 1989.


5
Jacques LACAN, "Função e campo da fala e da linguagem na psicanálise", p. 288.

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Além disso, mostramos as apostas desconstrutivas das formulações


matemática ao longo de sua obra (Cf. capítulo 2, tabelas 2 e 3). Nós
concluir que a rota matemática é uma solução alternativa para
a ontologização do ser porque tem a mesma função. O Matema também é
alternativa, pois conserva a propriedade deontologizante do Poema e ao mesmo tempo
tem outras características que o Poema não tem: localização
impasses, rigor epistemológico, transmissão ou redução de
variantes empíricas. Além disso, a matemática evita o lado obscurantista e
a aura mística da poesia. Nesse sentido, podemos concluir que a evasão
da questão do papel da matemática em Lacan contribuiria sem dúvida
dúvida ao obscurantismo na psicanálise. A matemática é usada para
exorcizar uma visão iniciática da psicanálise, porque esses procedimentos estão no
alcance de todos. Nesse sentido, são democráticas, nas palavras de Badiou6.
Por que a matemática não é uma técnica, ou seja, uma
variante da ontologização denunciada por Heidegger? Como vimos, o
A concepção koyreana de ciência e a formulação da ciência como
prática discursiva (capítulo 1) distancia o uso psicanalítico do
matemática da tecnologia. Além disso, distinguimos a função de
escrever o discurso da ciência. Esta disparidade é mais visível nas fórmulas
de sexuação ou na topologia dos nós. Finalmente, conseguimos
baseado na leitura de Mathème de Alain Badiou. Com efeito, segundo o
filósofo, a matemática é um pensamento7, ou seja, obriga-nos a
inventam quando encontram um beco sem saída. Este projeto não
calculadora da matemática segue a de Lacan para quem o real é apenas um
impasse da formalização. Em outras palavras, para Lacan uma das funções
aspectos mais interessantes do Mathème reside no momento em que ele falha. Nesse caminho,

6 “[A] prova é apresentada como dependente apenas de demonstração racional, exposta a todos e

refutável em seu próprio princípio, de modo que quem afirmou uma afirmação finalmente
demonstrada como falsa deve se curvar. Nesse sentido, a matemática participa do pensamento
democrático”, Alain BADIOU, Elogio da matemática, Flammarion, Paris, 2015, p. 38.
7 Alain BADIOU, Breve tratado de ontologia transitória, Seuil, Paris, 1998.

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lemos a frase "o analítico não é matemático": o

a psicanálise começa onde o Mathème encontra um obstáculo. Por estas razões,

concluímos que a segunda hipótese é verdadeira.

3/ Lacan não está interessado na linguagem como produtora de sentido, como

singularidade ou como meio de comunicação. À partida, parece que o

Mathème é usado para comunicação porque tende à univocidade. Deste modo,

o Poema que está ligado à função da linguagem teria uma função produtiva

de significado. No entanto, o sentido, a univocidade e a comunicação são postos em causa

através da poesia e da matemática.

A matemática tende à univocidade, mas subvertida pelo uso

lacaniano. As formalizações encontram impasses, o que produz uma univocidade

não de “presença” como na matemática, mas de ausência – esta

que não funciona, de um paradoxo, de um vazio. Os matemas constituem

fórmulas escritas onde suas letras não têm uma leitura unívoca. Além disso, sua

fórmulas escritas não se comunicam, são usadas para transmissão. O

a transmissão não é recíproca e não produz sentido. Quando o matema

é criado por Lacan no contexto do passe e quando vinculado a L'une-bévue,

sua função não é comunicar, mas registrar um efeito e fazer

passar uma ambiguidade. A comunicação não garante a transmissão de um

equívoco ou um efeito do tipo Witz. Para dar conta de suas dimensões,

deve perceber a proximidade da matemática com o lado escrito da linguagem.

Quanto à poesia, observamos nos usos lacanianos da arte,

poesia ou literatura, seu interesse pela linguagem em si e não como

meios de comunicação. De fato, Lacan tinha uma predileção pelo

retórica, estética e função poética da linguagem – a forma do texto

torna-se o núcleo da mensagem. A proximidade de Lacan com a poesia e

sofisticação, como observou Christian Dunker8, não é persuasiva ou

8 Christian DUNKER, Por que Lacan?, São Paulo, Zagodoni, 2016, p. 42.

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só estética quando subverteu o modelo comunicativo


tradicional para adaptá-lo à psicanálise: "o sujeito recebe do Outro seu
própria mensagem de forma invertida . Essa subversão do modelo
comunicativo permite que Lacan evite citar a solução platônica –
a expulsão dos poetas da República – e suscitar as questões
radicais da psicanálise. A inclinação de Lacan pela poesia é explicada por sua
interesse na mensagem pela mensagem (poesia), no singular anexado à linguagem
(literatura) ou ambiguidade (retórica). Essas características distintivas da Poesia
não produzem sentido, não são comunicativos e não seguem o
univocidade.

Em suma, as características da matemática e da poesia que


acabamos de notar são importantes para as perguntas
psicanalítica. Embora possamos encontrar elementos importantes para
psicanálise na ciência, filosofia ou religião, poesia e
matemática são estratégicas através de seus componentes linguísticos que se desviam
de qualquer função comunicativa, inequívoca ou geradora de significado. Dentro
outras palavras, a psicanálise lacaniana está interessada em matemática e
poesia, pois enfatizam as funções contra-intuitivas da linguagem. Do
desta forma, a terceira hipótese é confirmada como verdadeira.

4/ Combinar matemática e poesia abre um espaço específico para


psicanálise. No que diz respeito ao cruzamento entre dois saberes, é
necessário para responder à questão de sua diferença da ciência,
filosofia ou religião. Em outras palavras, o que é poesia e
matemática tem que a ciência ou a filosofia não tem? A particularidade
comum entre Matema e Poema é a linguagem. Ambos são
disciplinas ligadas à linguagem, mesmo que se oponham em espectro.
Filosofia, religião e ciência são importantes para a psicanálise

9 Jacques LACAN, Escritos, Paris, Seuil, p. 9, 41, 247-248, 296, 298-299, 348, 353, 438, 472 e 634.

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na medida em que ajudam a fazer e responder as mesmas perguntas que o


psicanálise. No entanto, nem a filosofia nem a ciência podem expandir o
linguagem, isto é, empurrando imanentemente os limites da linguagem para
inventar novos escritos ou palavras. Na medida em que o próprio material
da psicanálise é a linguagem e seus limites, o Matema e o Poema são
crucial.

Quanto à hipótese central de nossa pesquisa, colocaremos a


questão de outra forma: é impossível conceber certos conceitos ou
práticas psicanalíticas sem poesia ou sem matemática? Nós arriscamos
forte para responder afirmativamente. No entanto, é difícil imaginar a
A psicanálise lacaniana sem sua abordagem heideggeriana – formulando a
questões de forma poética para não ontologizá-la – e sua alternativa
matemático. Notamos que o Poema pode formular temas desprezados
pela ciência ou pela filosofia, enquanto o Matema dá rigor
essas intuições. Trata-se da relação freudiana clássica entre arte –poesia– e
ciência-matemática. Graças às suas propriedades de distanciamento do empírico,
matemática tem um poder de pensamento mais elevado do que meros
observação. Encontramos o lado koyreano da ciência ligado à formalização
linguístico. Diremos que na medida em que a questão da
a matematização da psicanálise está ligada à epistemologia francesa –
Koyré, Bachelard, Canguilhem – e à formulação heideggeriana não
ontologizando, há conceitos impossíveis de conceber a não ser por
Matemática. Em suma, no que diz respeito à teoria psicanalítica
lacaniano, é impossível conceber certos conceitos sem
matemática – sexuação, lógica da fantasia, objeto a, falo, metáfora do
nome do Pai. Agora é possível falar sobre isso e projetar alguns
conceitos. Mas esta é uma popularização ou exemplos didáticos. Para
Lacan era impossível concebê-los sem matemática. Para nós em
como psicanalistas, seria importante trabalhá-los matematicamente
dar-lhes rigor e desenvolver todo o seu crescimento. No entanto, ao nível

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teórica, a poesia não é necessária. Mais cedo ou mais tarde, ciência, religião ou

filosofia teria chegado a considerar conceitos psicanalíticos. O

a poesia, portanto, tem a função de desencadear a criação de conceitos.

É nesse sentido que lemos a frase de Badiou segundo a qual a poesia

é "profético ".
Quanto à dimensão prática, o privilégio é a poesia e não a

matemática. De acordo com a nossa construção do objeto " Poema ", é impossível

praticar a psicanálise sem o “desvio” poético da linguagem. No nível de

escuta, mas também intervenção, há uma preponderância dos elementos

poético. Estaremos errados em negligenciar, até mesmo desprezar a matemática em

a prática – a dimensão da redução, a leitura da estrutura transferencial

ou saber lidar com becos sem saída. Ainda assim, é possível praticar o

psicanálise sem o Matema e não sem o Poema. Basta examinar o

testemunho da psicanálise de Freud para vê-lo.

Vemos a clínica como o esforço para se desviar da prática e

pensamento, bem como a transmissão da teoria. Nesse sentido, a clínica é o conjunto de

dispositivos como a escrita de casos, a escola psicanalítica, a

psicopatologia, controle, passe ou cartel. Em sua dimensão clínica,

podemos dizer que ambos, Poème e Mathème, não são necessários.

Eles têm, no entanto, um papel prioritário no refinamento da clínica psicanalítica.

Desde suas origens, Freud foi confrontado com a questão do estilo literário quando

escreveu seus casos. A questão do estilo perpassa toda a obra de Lacan, justamente

no ponto de tensão entre o universal e o singular; este ponto de tensão é

tão central para a transmissão da teoria quanto para a explicação de

o surgimento do sintoma. Uma certa “numericidade” é essencial – objetos

matemática fragmentária, teoria dos conjuntos – para formular dispositivos como o cartel

ou a Escola. Por isso, concluímos que a poesia e

10 “Olhando de perto, vemos que há apenas duas coisas na atividade dos homens que
são proféticas: poesia e matemática. (…) Poesia, porque qualquer grande poema é o
lugar linguístico de um confronto radical com a realidade. Um poema extorque da
linguagem um ponto real que é impossível dizer”, Alain BADIOU, In Search of Lost Reality, Fayard, Paris, 20

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matemática são desejáveis e têm o mesmo peso para a clínica.


A rigor, algumas das grandes invenções clínicas de Lacan – o passe, o
cartel, a Escola, a subversão da psicopatologia pela topologia dos nós,
o sinthoma ou o estilo – não pode ser formulado apenas com a ajuda do Poema e do
Matema. Neste ponto, permitimo-nos perguntar-nos se o
A psicanálise lacaniana – teórica e praticamente – não está em risco
sem essas invenções clínicas lacanianas; invenções lacanianas que, além disso,
são inconcebíveis sem matemática e sem poesia.
Finalmente, o Matema e o Poema não são necessários,
mas desejável radicalizar teoria, prática e clínica. Nós
teria uma grande perda se não tivéssemos esses recursos. Onde reside
essa radicalização ou aperfeiçoamento da psicanálise através da matemática
e poesia? A posição aqui defendida reside no poder de mobilização do
linguagem do Matema e do Poema. De fato, quando a psicanálise se baseia
como prática da linguagem, a poesia e a matemática se constituem
como conhecimento privilegiado para a psicanálise. O inconsciente estruturado
como linguagem, a prática da fofoca ou a cura pela fala são algumas
formulações que visam fundamentar a psicanálise na linguagem. Nós podemos
acrescentar que a psicanálise é uma prática no limite da linguagem.
A matemática e a poesia forçam, de forma falada ou escrita, os limites da
Língua. Essa linguagem é para a psicanálise um “aparelho de gozo”
e o significante é definido como “a causa do gozo ”11 justificam
a importância dessas disciplinas. Também vemos o caminho
quais a ciência, religião ou filosofia têm ressonâncias e
materiais importantes para a psicanálise, mas não abrem espaço
específico da psicanálise. O único ponto que exige uma reserva é
projetar alguns temas de ciência, religião ou filosofia

11 “Eu vou mais longe, até o ponto em que agora isso pode ser feito, dizendo que o
inconsciente é estruturado como uma linguagem. A partir daí, sem dúvida, essa
linguagem lança luz sobre se colocar como aparelho de gozo”, Jacques LACAN, Le
Séminaire. Livro XI. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, Paris, Seuil, 1975, p. 52 e 27.

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como elementos poéticos ou matemáticos. Por meio desta pesquisa podemos

temos os meios para trazer à tona os conteúdos matemáticos e poéticos do

filosofia, ciência e religião.

Em conclusão, se a ênfase da hipótese é no "espaço próprio",

acaba por ser correcto de forma limitada e com reservas. Psicanálise

pode aguçar a vanguarda da teoria, prática e prática clínica por um

articulação entre matemática e poesia, mas essa articulação não é

estritamente necessário para a psicanálise. Nesse sentido, abrem espaços

para a psicanálise, mas não um espaço próprio ou mesmo exclusivo para

psicanálise. Por estas razões, podemos afirmar que a distância mínima

abre um espaço para a criação de conceitos, para a prática psicanalítica

e para a clínica. É uma muleta, uma tensão que não pode ser eliminada, uma

espaço que permite uma dialetização da língua. Como já temos

formulados, Matema e Poema também constituem os dois focos onde a psicanálise

O lacanismo demonstra o edifício metafísico denunciado por Heidegger.

5/ Mesmo que existam relações gerais entre matemática e poesia, cada

A travessia é única. Ao longo desta pesquisa destacamos

destaca as propriedades da matemática e da poesia. É graças a ele

função quase oposta no espectro da linguagem que eles se aproximam.

Dada a importância geral da articulação entre Matema e Poema

para deontologização, invenção conceitual, orientação prática,

rigor epistemológico, a transmissão, o forçamento imanente da linguagem, entre

outros trabalhos, essa articulação também é singular.

Não estamos falando de uma articulação em particular, que compartilha uma característica

com outros casos. Pelo contrário, é uma articulação que é única ou singular.

Mesmo que Lacan entrelace matemática e poesia com uma estratégia geral e,

portanto, este é um caso especial, o ponto a ser feito ou

desconstruir é singular. Às vezes, o que anima uma ligação entre Mathème e

O poema tem consequências clínicas, práticas ou teóricas. Outros tempos,

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a articulação em si é singular, ou seja, é entre um elemento

artístico e outro topológico (o tratamento de Les Ménines) ou entre um

ponto literário formalizado de forma diagramática (a construção do gráfico do

desejo).

Em suma , esta pesquisa identificou os usos gerais do Mathème

e do Poema independentemente, suas articulações entre eles têm apenas

muito pouco em comum, principalmente em seus propósitos: deontologização,

forçamento da linguagem, a formulação ou desconstrução de um ponto prático,

teórico ou clínico. A forma de o fazer, a finalidade ou mesmo o tratamento em

Cada caso é único. A contribuição desta pesquisa está na

sinalizando a importância da matemática e da poesia para o

psicanálise. A tarefa era identificar os usos específicos e gerais de

estes de forma independente para começar a ler um tratamento artesanal de

sua articulação. Nesse sentido, a articulação entre Matema e Poema é útil para

“inventando sempre a psicanálise ”12.

É, portanto, uma chave para ler a psicanálise lacaniana em um

artesanal e único. Para isso, fizemos uma pesquisa exaustiva

referências matemáticas e uma leitura retrospectiva da obra

Freudiano. Foi preciso percorrer as referências poéticas – criação,

estética, arte e poesia – em Lacan.

12“Como agora penso, a psicanálise é intransmissível. É muito chato que cada psicanalista
seja forçado – pois deve ser forçado a fazê-lo – a reinventar a psicanálise”, Jaques LACAN,
“9º Congresso da Escola Freudiana de Paris sobre “transmissão”, in Cartas do EFP, nº 25 ,
vol. II, 1979, pág. 219.

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APÊNDICE I: TABELAS MATEMÁTICAS DE REFERÊNCIA EM TODAS AS

SEMINÁRIOS LACAN

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Seminário “Sobre a técnica psicanalítica” / “Os escritos técnicos de


Freud”, 1953-1954.

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Livro de Datas das


sujeito matemático Alexander (The Logics on Emotions) : sessões
Lógica diagrama lógico-simbólico dos delírios segundo Freud (eu o amo – não sou eu que 16.06.54
o amo…), os delírios em Freud têm uma forma lógica, hegeliana lógica.

Diagrama Diagrama óptico (a experiência do buquê invertido) "permite ilustrar de forma 24.02.54,
particularmente simples o que resulta do emaranhado do mundo imaginário e do 24.03.54,
mundo real na economia psíquica" (que tem um valor metafórico, 24.02.54) , 31.04.54, 5.5.54,
Diagrama com dois espelhos (articulação entre o eu ideal e o ideal do ego, 30.06.54, 7.07.54
articulação entre o eu e o outro, 24.03.54), diagrama simplificado dos dois espelhos
(direção do tratamento, 5.05.54), lógica temporal (distinta no tempo cronológico),
os esquemas ópticos procuram definir a particularidade da psicanálise em relação
à psicologia, esquema de análise (espiral do progresso da elaboração em Freud,
O-O').

Formalização “formalização de regras técnicas” 13.01.54


Matemática O progresso humano não é um progresso do pensamento do ser humano, é o 18.10.53, 9.06.54,
progresso do simbólico na matemática, Lavoisier introduz os símbolos matemáticos 7.07.54
(linguagem e ciência), a perversão como
mudança de sinal que opera em certas funções matemáticas.
Diédrico com seis faces Articulação entre simbólico, imaginário e real (tem status de esquema e também 30.06.54
articula as "três paixões do ser: amor, ignorância e ódio)
Autores Brüke, Helmholtz, Du Bois-Reymond, Lavoisier, Maxwell, Platão, Wiener, Heidegger,
Spinoza, Saussure, Benveniste, Descartes, Pascal.
Outros objetos/ assuntos Triângulo (mentira-mal-entendido-ambiguidade), numeração concebível.
Matemática, notações O-O' (eu e desejo, eu e o outro).
algébricas, algoritmos

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Seminário “O ego na teoria de Freud e na técnica da psicanálise”,


1954-1955.

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas da


sujeito matemático Alguns sistemas levam a impasses sessão
Aritmética aritméticos (particularmente sistemas de parentesco ou sociais). 1.12.54

Diagramas Aparelho psíquico em Freud (Traumdeutung, Enwurf, Carta 52), crítica 29.02.55, 16.02.55,
ao conceito de regressão e reformulação topológica (localização), perigo 2.03.55, 9.03.55,
de objetivar Freud (“sem entificá-lo, sem objetificá-lo” 2.03.1955). 1.06.55

L-cadeia Articulação mais e menos, simbolização da imaginação. 26.04.55


Lógica Máquina e cálculo (discurso do Outro), contradições (ÿ antinomias), 012.8.54, 02.9.55,
função universal (amor), escrita de possibilidades em um sistema 06.8.55, 15.06.55,
(abertura ou firmeza), erros em um sistema formal. 22.06.55
ÿ2, A/B = C/D, número Distinção entre conhecimento e verdade, articulação entre imaginação e 24.10.54, 1.06.55
irracional simbolismo.
Esquema L Formulação pela primeira vez do esquema L (na forma de um Z), 8.12.54, 25.05.55,
articulação entre o imaginário e o simbólico por meio da introdução do 29.06.55
grande Outro (como estrutura significante).
Articulação das letras (notação algébrica?, matemas?) A, m, a e S. "O
humano recebe do outro sua própria mensagem, de forma
invertida" (8.12.54).
Cibernética Lange como máquina, comunicação e informação não fazem parte da 9.02.55, 26.01.55,
psicanálise, uma máquina que brinca com os humanos, um circuito 1.12.55
simbólico.
Contar Conte você mesmo, eu e eu. 15.12.54
Par ou ímpar Construção da imaginação, símbolo e simbolismo, cifragem, acaso e 23.03.55, 22.06.55
determinismo (sequência de números escolhidos ao acaso), Seminário
sobre A carta roubada.
Matemático Definição de aritmética, desvio da intuição, necessidade da matemática 1.12.54, 29.06.55
(Lévi-Strauss e parentesco, formalismo).
Formalização Importância do símbolo na psicanálise, principalmente depois de Freud. 01.12.54, 9.12.54
Topologia (implícita) Espaço e organização gráfica (diagramas de Freud), relação entre mim 2.03.55, 25.05.55,
e esfera, problematização entre interior e exterior. 22.06.55
Diagramas Entwurf, Traumdeutung, carta 52, dois diagramas perdidos (segundo 9.02.55, 16.02.55,
Krutzen). 9.03.55, 16.03.55,
29.06.55
Autores Copérnico, Koyré, Descartes, Ptolomeu, Lévi-Strauss, La Mettrie,
Huygens, Malebranche, Platão, Newton, Pascal, Einstein, Émile Borel,
Galilée, Heisenberg (matemático Riguet que participa do seminário).
Outros objetos/ assuntos Biunivocidade, triângulo de Pascal, número cardinal e ordinal, tempo
lógico, números inteiros, distribuição espacial, estatística de números,
cálculo, assimetria (ímpar), sequência de números escolhidos ao acaso.
Os planetas não falam (19.05.55, 25.05.55). ÿ2, a-a', i(a), O-O'.
Matemática,
notações algébricas,
algoritmos

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Seminário “Estruturas freudianas nas psicoses”, 1955-1956.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso Datas das


matemático psicanalítico "alucinação verbal", sessões
Esquema L articulação entre imaginário e simbólico, os esquemas são a 16.10.55, 30.10.55
própria estrutura (trecho da experiência analítica), reformular
a comunicação em termos linguísticos, "o sujeito recebe sua
mensagem do outro em uma forma invertida” (10.30.55,
12.7.55).
Lógica Explicar as contradições da lógica formal em Schreber, problema da 14.12.55, 25.01.56,
metalinguagem na psicose (“toda linguagem implica uma 1.02.56, 2.05.56,
metalinguagem” 9.05.56), construção lógica e independência S/s, 16.05.56
importância da noção de ausência (lógica significante), “a elaboração
de O sonho de Freud é muito semelhante à análise lógica e
gramatical” (16.05.56).
Matemático "A ciência moderna, não é quantificação, mas matematização" (linguística, 16.05.56, 4.07.56
combinatória), estrutura e matemática,
natural ("a funçãoa do
estrutura
pai" "é (matemática)
a introdução não
de é
uma ordem matemática" 4.07.56) . "intersecção" entre o imaginário e o
simbólico "nos entrega todo o sistema do mundo", "a fonte da função
essencial que o ego desempenha na estruturação da neurose" 21.03.56,
Topologia (implícita) "Freud tem essa 01.11.56, 03.21.56,
07.4.56

fórmula, que o que foi rejeitado de dentro reaparece de fora"


reformulado em termos do simbólico e do real (11.01.56), "Um anel não
é um objeto que se encontra na natureza" é da ordem de "
penetração" (4.07.56). “topologia subjetiva” e alucinação (interior e
Topologia (explícito) exterior do sujeito, 8.02.56). 8.02.56

Fórmulas "Você estaria errado em acreditar que as pequenas fórmulas de 11.04.56, 18.01.56
Einstein que relacionam a massa de inércia a uma constante e alguns
expoentes têm o menor significado" 11.04.56, as fórmulas gramaticais
de Freud (eu não gosto, eu a odeio ...) ( 18.01.56).
Autores Pascal, Benveniste, Weiner, Spinoza, Aristóteles, Descartes, Leibniz,
Einstein, Plotino, Kant, Heidegger, Heráclito, Jakobson, Saussure.
Outros objetos/ assuntos Teoria dos conjuntos (estrutura, conjuntos abertos e fechados), noção
de estrutura, assimetria.
Matemática, S/s.
notações algébricas,
algoritmos

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Seminário “A relação objetal e as estruturas freudianas”, 1956-1957.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Leis lógicas Datas das
matemático e simbolização (par/ímpar), tempo lógico, sessões
Lógica lógica (localização de contradições e impossibilidades) e mito (Édipo como 27.03.57,
“instrumento lógico”, “certas imagens têm um funcionamento simbólico”, ficcional 3.04.57, 26.06.57
logic 27.03.57, 3.04.57), a lógica permite trocas e permutações (26.06.57). "topologia
é uma geometria em borracha, é aqui também uma lógica em borracha", "Esse tipo
de lógica é novo", "Tem as mesmas leis que o que já foi formalizado em d Outros
Topologia (explícito) Domínios da Lógica? », formalizar o pequeno caso Hans, superar impasses lógicos, 19.06.57
formalizar os esquemas de Freud (Traumdeutung).

Topologia (implícita) Diagrama ÿ Localização, espacialização do diagrama, circuitos. 21.10.56


Estrutura Lévi-Strauss (mitos e construção mítica, 27.03.57), transformação de relações 10.03.57, 27.03.57
contraditórias, incoerentes (10.03.57), superação de impasses lógicos (impossível,
contraditório, incoerente).

Diagrama Diagramas da rede ferroviária caso do pequeno Hans (8.05.57, 15.05.57), mãe falo- 28.10.56, 16.01.57,
filho (28.10.56), diagrama L (sem a forma Z) e caso do jovem homossexual (16.01.57), 23.01.57, 6.02.57,
diagrama Caso L e Dora (23.01.57), diagrama de Freud (6.02.57), diagrama L e 6.02.57, 3.07.57
"Inversão de Leonardo" da Vinci (3.07.57).

Fórmula "No caso do pequeno Hans, algo no entanto nos encoraja a corrigir o acento, e eu 19.06.57, 26.06.57
diria quase a fórmula, desta história" 26.06.57, várias formas de formular
algebricamente o pequeno caso
Hans.
Matematização “É porque partimos de uma pura formalização simbólica que o experimento pode 3.07.57
ser realizado corretamente e que se inicia o estabelecimento de uma física
matematizada. Podemos dizer que depois de séculos inteiros de esforços para
conseguir isso, nunca conseguimos antes de resolver fazer de início essa separação
do simbólico e do real, que os pesquisadores, de geração em geração, nunca
conseguiram alcançar pela longa série de seus experimentos e tentativa e erro, que
além disso são fascinantes de seguir. Este é o ponto principal de uma história da
ciência”.

Formalização A resposta de Lévi-Strauss ao problema das ciências humanas (27.02.57), "A 27.02.57, 26.06.57,
experiência freudiana, se queremos formalizá-la, devemos tomá-la literalmente, 3.07.57,
admiti-la pelo menos
provisoriamente" (26.06.57), "Formalizei letras miúdas, e procurei indicar-vos em
que direcção se poderia esforçar para nos habituarmos a redigir os relatórios de
modo a dar-nos pontos de referência fixados, em que talvez não tenhamos que voltar
na discussão" (3.07.57).

Autores Platão, La Mettrie, Heidegger, Lévi-Strauss, Saussure, Frege, Lewis Carrol,


Aristóteles, Koyré, Galileu.
Outros objetos/ assunto Formalização do Seminário “A carta roubada” (rede ÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿ; gráfico, distribuição,
cadeia -/+), divisão, tabela castração-privação frustração, significante impossível =
caput mortum, permutação, gráfico . a-a' (situação analítica, esquema L, eixo
Matemática, notações imaginário), I, (elemento imaginário), S/s, várias formulações da "metáfora paterna".
algébricas, algoritmos

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Seminário “As formações do inconsciente”, 1957-1958.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico A lógica Datas das


matemático questiona o a priori kantiano (20.10.57), a sessões
Lógica lógica da borracha, a lógica e a linguagem, o tempo lógico. “é impossível 20.10.57, 27.10.57,
representar o significante, o significado e o sujeito no mesmo plano” (problema
Topologia do cogito) 6.10.57, topologia da metáfora paterna, estrutura significante e 6.10.57, 13.10.57,
espaço topológico, a topologia é uma certa lógica da castração (por articulam 20.10.57, 27.10.57,
a noção de falta e a de falo, 23.04.58), lugar tópico de ÿ em relação a S/s 08.01.58, 8.04.58,
(14.05.58), “o espaço do inconsciente é mesmo um espaço tipográfico (…) 14.05.58, 21.05.58,
quadrados (…) responde a leis topológicas” (8.01.58), significando cadeia e 11.06.58, 4.06.58,
anéis (tori, 13.10.57). 2.07.58

Formalização “Se, no entanto, conseguirmos levar longe o suficiente essa estruturação 27.10.57
tópica, não escaparemos a uma exigência adicional, se de fato seu ideal é de
uma formalização unívoca, porque certas ambiguidades são irredutíveis no
nível da estrutura da linguagem como somos tentando defini-la", "Não há
metalinguagem, há formalizações" (no nível lógico ou significante, 27.10.57),
"essa formalização não é apenas exigida, mas é necessária" .

Diagrama “É um diagrama muito conveniente, e é justamente a inconveniência de 8.01.58, 22.01.58,


representar coisas topológicas por diagramas espaciais”, é melhor topologia 5.02.58, 12.03.58,
“Assim, minha pequena rede, imagine que você mesmo a amassa, faz uma 30.04.58, 4.06.58,
bolinha de -lo e colocá-lo em seu bolso. Bem, em princípio, as relações 11.06.58
permanecem sempre as mesmas, na medida em que são relações de
ordem" (4.06.58), o diagrama em forma de ovo de Freud (4.06.58), o Diagrama L
(este
vezes para articular o complexo de Édipo), construção do Esquema R
(introdução da estrutura quaternária), Esquema Quadrado do caso Dora (que
introduz notações algébricas como $ÿa, d, i(a), m), esquema triangular mãe pai-
filho (metáfora paterna).
Matemático Grupos e conjuntos (6.10.57), eixo de abcissas e diagrama de símbolo de 6.10.57, 20.10.57,
realidade/quadrado R (5.02.58), "tratando o fenômeno da linguagem como se 27.10.57, 1.12.57,
fosse um objeto, aprenderemos a dizer coisas simples e óbvias da maneira 5.02.58
como os matemáticos procedem quando manuseiam seus pequenos
símbolos” (20.10.57), “não há metalinguagem no sentido de que isso significaria,
por exemplo, uma matematização completa do fenômeno da linguagem” (27.10.57),

Raymond Queneau e matemática (1.12.57).


gráfico Gráfico "do desejo" (que nunca é nomeado como tal), articulação entre vários 6.10.57, 8.01.58,
termos lacanianos, novas notações (mathèmes?) 22.01.58, 5.02.58,
articulada, formalização da cadeia e dos gráficos do Seminário “A carta 12.03.58, 16.04.58,
roubada” ; no início o gráfico serve para formalizar as formações do 30.04.58, 14.05.58,
inconsciente, depois o caso Schreber e finalmente abre um amplo leque de 4.06.58, 11.06.58,
questões psicanalíticas. 18.06.58, 2.07.58
Autores Jakobson, Russell, Descartes, Queneau, Zenão, Euclides, Platão, Aristóteles,
Bateson, Lévi-Strauss, Spinoza.
Outros objetos/ assuntos Formalismo literário, teorema de Euclides, metalinguagem, significado do falo,
ser/existência. a-a' (caso Dora), D (desejo da mãe, desejo desejado pela mãe),
Matemática, notações d (desejo do filho pela mãe), ÿ (resultado pelo qual o sujeito é colocado em
algébricas, algoritmos certa relação com o significante), i( a) (imagem do outro no espelho), ÿ

(significa quem introduz algo novo no Outro), ÿ (falo fantasma), ÿ (relação


quadrática), s(A) (mensagem, o que no Outro assume o valor de insígnia,
sintoma), S(ÿ ) ( A é marcado pelo falo), $ (sujeito riscado), $ÿa (fantasia), $ÿD
(sujeito e pedido), S/s, “símbolos” da metáfora e da metonímia (comente sobre
a instância L do carta, notações algébricas, 6.10.57).

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Seminário “Desejo e sua interpretação”, 1958-1959.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático Lógica e Bejahung/ Verneinung, sessões
Lógica transferência e posição lógica do analisando e do analista, "a conexão 12.10.58, 3.12.59,
lógica entre duas coisas não é óbvia" (7.01.59), "Quando há tem dois 11.03.59,
lados em lógica, há sempre um terceiro” (11.03.59), o signo lógico de “til” 10.06.59, 1.07.59
para articular o falo (ter-ser falo, disjunção, seja…ou…, 17.06.59), “essa
experiência do lógico sujeito que é nosso” (trabalho criativo do logos,
desejo, sublimação, identificação, 1.07.59), lógica e etapas do grafo.

Topologia Homologia (conceito), o gráfico é topológico (elementos e suas relações, 26.10.58, 3.12.59,
26.10.58), topologia de significantes (3.12.59), “topologia de nossa 4.02.59, 28.01.59,
experiência” (4.02.59), “topologia de recalque”, “topologia de 17.06.59
desejo” (espaço entre dois vetores, andere Schauplatz, Traumdeutung,
3.12.59), sujeito: interior/exterior (28.01.59), “Mau objeto interno” e toro
(antecedente de Das ding i(a), 17.06.59) .
Matemático Estrutura (grama, forma topológica, leitura de Hamlet, 8.04.59), número 8.04.59, 22.04.59
imaginário ÿ-1 = metáfora matemática do falo "A raiz de menos um não
pode em si corresponder a nada real, no sentido matemático do
termo" ( 22.04.59).
Diagrama Modelo óptico (buquê, balancim de espelho plano, 7.01.59).
Formalização Os escritos algébricos são chamados de “formalização”, experiência 14.01.59,
psicanalítica e formalização. 20.05.59
gráfico “Diagrama topológico” = gráfico (21.01.59, 8.04.59), articulando o desejo, O seminário
o falo, o Outro barrado e outros conceitos cruciais para a psicanálise, em si é a
articulação sincronia/diacronia, introdução do che vuoi ?, guia na relação formalização do
na realidade ( 12/10/59), diagrama da Carta 52 de Freud, caso de Ella gráfico
Sharpe.
Ciência “O esforço que consistia essencialmente em esvaziar toda articulação 3.06.59
científica de suas implantações mitológicas”.
Função Função fantasia (e corte, 27.05.59), função fálica (4.02.59, 10.06.59). 4.02.59, 27.05.59,
10.06.59
Autores Jakobson, Descartes, Platão, Escola de Malbourg, Simone Weil, Spinoza,
Aristóteles, Einstein, Parmênides.
Outros objetos/ assuntos Corte, aritmética, Lewis Carroll (regra dupla de três, fetichismo da relação
sujeito/objeto, 4.03.59), teoria dos conjuntos, contagem de si mesmo
(crianças não podem “tenho três irmãos), teoria dos grupos, número
irracional. i(a)/ I (identificações com a insígnia do outro), E(e) (enunciado/
Matemática, enunciação), todas as escritas algébricas do grafo do desejo (em
notações algébricas, particular S(ÿ), “ símbolo da análise”, “ não há Outro do Outro”, 8.04.59),
algoritmos -ÿ
(falo imaginário), O-O' (modelo óptico), ÿÿi(a) (transformação de $ÿa),
$ÿD (drive), $ÿÿ (rejeição de Hamlet).

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Seminário “A ética da psicanálise”, 1959-1960.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático Lógica de Aristóteles –universal/ sessões
Lógica particular– (25.10.59), a lógica se constrói sobre o próprio tecido da 25.10.59,
negação e da spaltung (divisão do sujeito, 20.01.60). 20.01.60,
23.03.60,
22.06.60
Topologia Dificuldade da representação topológica de Das Ding (23.12.59), "é sobre 2.12.59, 16.12.59,
este interior excluído que, para usar os próprios termos do Entwurf, é 23.12.59,
assim excluído do interior" (20.01.60), topologia e sublimação (em relação 27.01.60, 3.02.60,
com a pulsão e a retomada da sublimação em Kant), "Aqui estão as 25.05.60,
noções topológicas sem as quais é impossível orientar-se em nossa 29.06.60, 6.06.60
experiência, e dizer algo diferente do que é apenas filmar de forma
redonda e confusa, mesmo sob o penas
eminente" (29.06.60), "topologia da subjetividade", "Aqui se situa assim
outra topologia, a topologia que institui a relação com o real" (16.12.59),
a topologia e "a zona dos entre-mortes ” (6.06.60), vacúolo (do parceiro
inumano), “topologia clássica freudiana de um termo como o ego
” (3.02.60), topologia e questões do ser.
Diagrama Princípio do prazer/princípio da realidade, Entwurf. 25.10.59
Matemático “O poder do significante, do discurso que surge das letras miúdas da 18.05.60
matemática”, discurso que nada esquece, a física e o discurso da
matemática.
Formalização Lévi-Strauss formaliza a passagem da natureza à cultura. 8.06.60
Cosmologia Cosmologia posta em causa para a unidade, topologia. 13.01.60
Autores Aristóteles, Jakobson, Pascal, Bentham, Galileu, Brücke, Helmholtz,
Fechner, Lévi-Strauss, Newton, Platão.
Outros objetos/ assuntos Cálculo infinitesimal, física moderna, anamorfose.
Matemática, I, i(a) (e amor ao próximo, altruísmo), ÿ (e Deus), $ÿa.
notações algébricas,
algoritmos

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Gómez Carlos – Tese de Doutorado - 2017

Seminário “A transferência em sua disparidade subjetiva, sua suposta situação, suas


excursões técnicas”, 1960-1961.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático Silogismo em Sócrates, tempo lógico sessões
Lógica e amor (25.01.61), “há uma prioridade lógica para o que você ouve – a 16.10.60,
saber, que é antes de tudo como inconsciente do Outro que toda 25.01.61, 1.03.61,
experiência do inconsciente” (8.03.61), “relação lógica inicial, inaugural 8.03.61, 14.06.61,
do sujeito com o significante” e cisão do sujeito (1.03.61), “função da
pressa na lógica” (tempo lógico, angústia, precipitação, 14.06 .61).

Topologia Tempo no sentido topológico (14.12.60), topologia do agalma (1.02.61), 14.12.60,


topologia e gráfico, "A noção de interior é uma função topológica capital 11.01.61, 1.02.61,
no pensamento analítico, pois mesmo a introjeção se refere a ela » (menção 08.03.61,
de superfície e volume, linha unária –einziger Zug– 10.05.61, 7.06.61,
7.06.61), “o objeto é ob. O objeto se encontra através das objeções” (ensaio 21.06.61
sobre a definição topológica do objeto a, 21.06.61), lei e desejo no grafo
(10.05.61), topologia do vazio e cheio (14.12.60), topologia e desejo do
analista, ética, entre-duas-mortes (11.01.61), a topologia possibilita a
transferência (8.03.61).
Matemática Intuição na construção matemática e desexorcização da esfera (21.12.60), 21.12.60, 1.02.61,
Você perceberia então que a matemática é muito melhor – aí, pode-se 01.03.61,
acenar sinais com um significado inequívoco, porque eles não têm 26.04.61,
' 24.05.61
nenhum (1.02.61), O ÿÿque está aí em
objetos emcondições de colocar
função, como todos osde
o ƒ minúsculo
uma fórmula matemática” (26.04.61), função do mito e fecundidade da
matemática (24.05.61), matemática e metalinguagem, “de desde o início
da elaboração da noção de transferência, tudo o que o analista representa
seu inconsciente como, digamos, não analisado, foi considerado nocivo
para sua função e seu funcionamento como analista” (1.03.61).

Diagrama Diagrama e gráfico, diagrama e cosmologia, diagrama e topologia, 1.03.61, 8.03.61,


diagrama óptico (condição topológica, identificação por Ein einziger Zug, 7.06.61, 14.06.61,
o Outro no palco do espelho, 7.06.61), diagrama de Freud em 21.06.61,
Massenpsycholgie. 28.06.61
Cosmologia Centro e periferia (12.04.61), hominização do cosmos, Viagens de Gulliver 16.10.60,
e antecipação de estações cosmonáuticas, reflexão ética e cosmologia 21.12.60
(Soberano Bem e esfera, 16.10.60), Elipses (Koyré, Galileu, Kepler,
Copérnico), Kepler é partindo de uma concepção imaginária do cosmos
(emprestada de Timeu, 21.12.60), investigação cosmológica, concepção
cosmológica.
Autores Platão, Kant, Aristóteles, Lévi-Strauss, Von Neumann, Parmênides, Plotino,
Canguilhem, Russell, Pitágoras, Contos de Mileto, Ptolomeu, Copérnico,
Galileu, Koyré, Kepler, Filolau, Demócrito, Descartes, Jakobson, Bentham.

Outros objetos/ assuntos Jogo de bridge, assimetria.


Matemática, Fórmula de fantasia obsessiva (ÿÿÿ(a, a', a'', a''', …) e fórmula de fantasia
notações algébricas histérica (a/-ÿÿA) onde ÿ = desejo por (mas que “pode ler este relatório de
e algoritmos várias maneiras" (26.04.61); "o interesse das fórmulas é que podemos
tomá-las pelo valor de face" e "o lado operacional das fórmulas" (3.05.61),
a- a', I, i( a), ÿÿÿ (simbólico e imaginário), S(ÿ) (falo como símbolo que
responde ao lugar onde ocorre a falta de significante), $ÿa, $, $ÿD .

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Seminário “Identificação”, 1961-1962.

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas da


sujeito matemático Paradoxo de Epimênides, crítica A é sessão
Lógica A (tautologia), posição do lógico e da ontologia (formalismo), lógica e Todo o seminário
sentido (Wittgenstein), “não é de modo algum o caminho do lógico-
positivismo”. que nos parece, em termos de lógica (…), quero dizer ao
nível de uma experiência de fala, aquela em que confiamos pelos seus
equívocos, até pelas suas ambiguidades, sobre o que podemos abordar
sob este termo de 'identificação' (15.10.61), a tautologia é singularmente
fecunda 20.12.61), lógica e função da letra (20.12.61), o esforço lógico
é reduzir o diverso ao idêntico (10.01.62), “a lógica formal é uma ciência
útil” porque “deveria proibi-lo a qualquer momento de lhe dar o menor
significado” (“somos muito intuitivos”, 24.01.62), Piaget é um lógico
melhor do que um psicólogo (7.03.62 ), a lógica de Port Royal e
quantificação proposicional (7.03.62), lógica de classes e função de
negação (11.04.62), introdução da dimensão temporal na lógica (pressa
lógica, tempo lógico, 16.05.62), apreender logicamente o objeto de
desejo (Begriff, 23.05.62), desconfiar do gênero e da classe (13.12. 61),
“Essa chamada lógica simbólica comparada à lógica tradicional, senão
essa redução de letras”

(24.01.62), "O que fez de todo o encanto, toda a sedução há muito


procurada da lógica clássica, o verdadeiro ponto de interesse da lógica
formal, quero dizer o de Aristóteles, é o que ela pressupõe e o que
exclui e que é realmente seu ponto de articulação, a saber, o ponto do
impossível enquanto é o do desejo" (13.06.62), "A definição lógica do
objeto, que me permito chamar de lacaniana na ocasião, porque não é
a mesma coisa como falando do lacanismo execrado, do objeto do
desejo, sua função lógica para esse objeto (...) , depende da função
estruturante do ponto” (20.06.62), A = A (constituindo um equívoco
deste princípio lógico , 20.06.62).

Matemático Lógica matematizada (nome próprio, Russell, 20.12.61), introduzindo a 20.12.61, 10.01.62,
função do sujeito (não no sentido psicológico, mas estrutural) através 17.01.62, 7.01.62,
de algoritmos (uma formalização, 10.01.62), dial de Apuleio (contrário, 9.05.62
contraditório, universal, particular 17.01 .62), dial de Pierce e lógica
Port-Royal (7.03.62), “os matemáticos, tentam de todos os lados, e
conseguem, transbordar a intuição” (9.05.62).
Topologia Mudança na combinatória topológica e na tradição aristotélica Todo o seminário
(13.12.61), que lógica? (Kant, lógica formal ou lógica "elástica",
21.02.62), lógica "elástica" e figuras de "borracha" (28.03.62), terceira
dimensão e crítica da psicologia profunda (7.03.62), "eu disse que nós
só temos acesso a duas dimensões (não quatro ou cinco dimensões
como na ficção científica, 2.05.62), o campo visual é bidimensional
(11.04.62), psiquicamente só temos acesso bidimensional (2.05.62),
Möbius strip, cross-cap, torus, irredutibilidade, projeção, encaixe, "A
estética kantiana é absolutamente insustentável, pela simples razão de
que é, para ele, fundamentalmente sustentada por uma argumentação
matemática que se deve ao que se pode chamar de era da
matemática” (crítica às categorias kantianas a priori por topologia
14.03.62), Tempo e espaço (cosmologia, Kant, 26.02.62) , “supõe-se
que existe uma estrutura topológica que terá de ser demonstrada em
que forma é necessariamente a do sujeito, o que implica que existem
alguns de seus lagos que não podem ser reduzidos. Este é o ponto
principal do modelo do meu toro” (7.03.62), “Poincaré e outros
sustentam que há um elemento intuitivo irredutível, e toda a escola de
axiomistas afirma que podemos formalizar inteiramente a partir de
axiomas, definições e elementos, todo o desenvolvimento da
matemática, isto é, arrancá-la de toda intuição topológica. (topologia é
“uma grande ciência”, 7.03.62), “A função do falo ÿ é o que vamos
tentar dar seu suporte topológico”

(9.05.62), "Por enquanto, o que nos é proposto é encontrar um modelo


topológico, um modelo de estética transcendental que nos permita dar
conta de todas essas funções do falo ao mesmo tempo"
(9.05.62), Intersecção lógica e articulação topológica (torus) de
demanda e desejo (28.03.62), Oito dentro (Kierkegaard e o
repetição, 11.04.62), "No entanto, o que acontece no campo através do
qual este espaço externo atravessa o toro, ou seja, o espaço do buraco

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central, há o nervo topológico do que fez o interesse do toro e o. a relação entre


interior e exterior é ilustrada por algo que pode nos tocar. Observe isso. Freud, a
anatomia tradicional um tanto Naturwissenschaft, com Paracelso e Aristóteles,
sempre listou, entre os orifícios do corpo, os órgãos dos sentidos como orifícios
autênticos. A teoria psicanalítica, estruturada pela função da libido, fez uma
escolha muito restrita entre os orifícios e não nos fala dos orifícios sensoriais
como orifícios, exceto para reduzi-los ao significante dos orifícios primeiro
escolhidos” (16.05 . 62), “a noção de superfície topológica deve ser introduzida
em nosso funcionamento mental porque ela está lá. só que a função do corte
assume o seu interesse" (16.05.62), "Mas é tudo a mesma coisa - aqui tomo nota
para indicá-lo - lá teremos que voltar a constituí-lo, não mais uma dinâmica
cinética, mas temporal, que não podemos fazer

somente depois de ter passado pelo que deve ser feito no momento, a saber, a
localização topológica espacializante da função identificatória” (9.05.62). “O Um
enquanto tal é o Outro” (as características da unidade fundem-se com a própria
Um unidade, o significante implica uma função da unidade: ser apenas diferença, 29.10.61
29.10.61).

Teoria dos conjuntos A teoria dos conjuntos é "o escopo geral em que se esforça para reduzir todo o campo de 20.12.61, 11.04.62
experiência matemática acumulada por séculos de desenvolvimento, e acredito
que não se pode dar melhor definição do que reduzi-lo a um jogo de
letras" (progresso do pensamento, nossa era = momento certo no discurso da
ciência, 20.12.61), “lógica moderna dos conjuntos” (11.04.62).

Diagrama Mostrador de Pierce (7.03.62), gráfico e toro (21.03.62), toro e articulação D + d 7.03.62, 21.03.62,
(28.03.62, 4.04.62), oito interiores (círculos de Euler e toros, 11.04.62), nó de trevo 28.03.62, 04.04.62,
( 2.05.62), oito interiores (gráfico, pedido no toro, 9.05.62), polígonos fundamentais 2.05.62, 9.05.62,
(torus e cross-cap, 23.05.62), cross-cap e cortes (Möbius strip, 13.06.62) . 23.05.62, 13.06.62

Autores Russell, Wittgenstein, Mallarmé, Koyré, Aristóteles, Platão, Jakobson, Saussure,


Hjemslev, Heidegger, Descartes, Brentano, Plotin, Rousselot (fonética), caligrafia
chinesa, Gardiner (teoria dos nomes próprios), Whitehead, Champollion, Euler,
Pascal, Apuleio, Kant, Spinoza, Frege, Gödel, Gagarin (cosmonauta), Bradbury
(ficção científica), Schröder (matemático), Hamilton (matemático), Kurt Lewin,
Boole, Nicord (matemático), Lévi-Strauss.

Outros objetos/ assuntos Compacidade, metalinguagem, série convergente e cogito, torção (quarto de
volta), história de Shackleton na Antártida (contando-se, “sempre houve um a
mais, logo um a menos”, 28.03.62), "o animal não sabe contar " (28.02.62), sujeito
como corte (13.06.62), objeto especularizável, círculo de Euler, traço unário, teoria
dos transfinitos, número inteiro, Deus e vazio no Outro (17.01.62).

Matemática, notações "parecia-me coincidir perfeitamente com a fórmula $ÿa a tal ponto que eu a formulo
algébricas, algoritmos para você como dada, como a formalização mais simples que nos é permitido
alcançar em contato com as várias formas da clínica, ou seja, digamos porque é
preciso presumir da estrutura desse ponto central que podemos necessariamente
construí-lo para dar conta das ambiguidades de seus efeitos.

(06.20.62), "[Euler] escreveu-lhe 241 cartas, não apenas para fazê-lo entender os
círculos de Euler" (04.11.62), I (eu ideal e pequena diferença), i(a) (imagem e objeto,
envolve acesso ao objeto), ÿ-1 (sujeito), ÿ (círculo de conotação do objeto), ÿ
(função imaginária do falo), ÿ (corte de), s(A), S(ÿ) (renuncia a toda metalinguagem ),
$ÿa (“formalização da fantasia”, 9.05.62, 13.06.62), simbolismo geral das operações
lógicas em Russell, relação do sujeito pensante com a letra (20.12.61) .

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Seminário “Ansiedade”, 1962-1963.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático Lógica e definição do real pelo sessões
Lógica impossível "Não temos outra maneira de apreendê-lo senão 19.12.62,
avançando de tropeço em tropeço" (Hans e a universalidade do falo, 30.01.63,
19.12.62) , a lógica permanece a fazer porque a função da falta está 27.03.63,
mascarada (o campo psicanalítico a revela pela angústia, 30.01.63, 08.05.63
27.03.63), a psicanálise não trata da objetividade (o pensamento
científico ocidental), mas da objetividade (da qual seu correlato é
um puro motivo: formalismo lógico – que segundo Lacan, ele ensina
há 6 anos –, 05.8.63).

Topologia Toro e desejo no obsessivo (26.06.63), superfície do cross-cap, tira de Möbius 26.06.63,
(objeto não especular), topologia não é metáfora (23.01.63), topologia é crítica da 23.01.63. 01.09.63
estética kantiana, embriologia-placenta -envelope-cord-cut (9.01.63).

Matemático "Quando você passa de um certo estágio de compreensão matemática, uma vez 29.05.63,
que está feito, está feito, e você não precisa mais procurar caminhos" (29.05.63), 13.03.63
sistema e matemática copernicanos e einsteinianos, "A passagem de um para o
outro é feita por uma rotação de um quarto de volta, e não por qualquer simetria
ou inversão" no masoquismo e no sadismo (13.03.63).

Formalização “Nossa prática pode se dar ao luxo de ser parcialmente culpada em relação a si 5.06.63, 12.12.62,
mesma e que haja um resíduo, pois é justamente isso que se pretende. (...) 8.05.63
corremos muito pouco risco de nos engajar em uma formalização que se impõe
como necessária” (5.06.63), as “análises goldensteinianas” aproximam-se de
“nossas” formalizações (mesmo no campo psicanalítico, 12.12.62), as noção de
causa (em outro sentido da filosofia ocidental) é uma “função” que é “idêntica”
ao que “permanece necessariamente preso na máquina formal, sem a qual o
formalismo lógico não seria absolutamente nada para nós”.

(8.05.63), “É esta peça que circula no formalismo lógico tal como foi constituído
pelo nosso trabalho sobre o uso do significante. É essa parte de nós mesmos que
está presa na máquina e que é para sempre irrecuperável. Um objeto perdido nos
diferentes níveis da experiência corporal onde ocorre seu corte, é este que é o
suporte, o substrato autêntico, de qualquer função da causa” (8.05.63).

Álgebra “O que é uma álgebra? - se não for algo muito simples que se pretende transmitir 12.12.62, 9.01.63
no manuseio, no estado mecânico, sem que você precise entendê-lo, algo muito
complicado. É muito melhor assim, sempre me disseram isso em matemática.
Basta que a álgebra seja construída corretamente” então Lacan escreveu $ÿD e
$ÿa, “Nossa álgebra nos traz aqui um instrumento pronto para ver claramente as
consequências. A demanda vem indevidamente no lugar do que é evadido, a, o
objeto”.

Diamante (soco) Operações de conjunção, disjunção, maior e menor em conjunto (“imagem por 13.03.63
fórmulas matemáticas”).
Diagrama Gráfico, dispositivo óptico, buquê invertido, matriz de inibição sintoma-ansiedade, Todo o
divisão A $ ÿ a $, cinco estágios do objeto (objeto a : circuito de progressão/ seminário
regressão, que tem estrutura homóloga ao grafo do desejo), “meus esquemas
Essentials” são funções com quatro termos (uma função quadrada, 13.03.63).

Autores Heidegger, Aristóteles, Lévi-Strauss, Goldstein, Descartes, Pascal, Platão, Kant,


Koyré, Russell, Imré Hermann, Jakobson, Euler.
Outros objetos/ assuntos Número inteiro, infinito, recorrência, cross-cap, tira de Möbius, limite e borda,
“exorcizando o cosmos”, equações einsteinianas, ensino de ciências-pedagogia-
falta-ansiedade, círculo de Euler.
Matemática, notações “o propósito da notação algébrica é precisamente nos dar uma identificação pura
algébricas, algoritmos de identidade” (o objeto a é uma notação algébrica, 9.01.63), aÿ$, i(a), -ÿ (falta e
castração, vazio do vaso e distinção entre a e ÿ), ÿÿÿÿ, ÿ (diamante par), $ (divisão
significativa do sujeito e esquema), $0 (ansiedade do outro e sadismo), $ÿa
(fórmula da fantasia e acesso ao objeto), $ÿD (relação entre desejo e demanda).

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Gómez Carlos – Tese de Doutorado - 2017

Seminário "Os fundamentos da psicanálise / Os quatro conceitos


fundamentais da psicanálise", 1963-1964.

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso Datas da


sujeito matemático psicanalítico sessão
Lógica Lógica e vel, paradoxo de Russell, reunião e interseção 27.05.64
Topologia Corte e borda, "os termos psicanalíticos só se sustentam por sua relação 26.02.64,
topológica com os outros" (26.02.64), a transferência é um nó, topologia ÿ 15.04.64,
Gestalt, desenvolveu topologia fundamental em seu seminário sobre The 13.05.64,
identificação, topologia e desejo do analista, "deduzi uma topologia cuja 27.05.64
finalidade é dar conta da constituição do sujeito" (alienação, separação,
vel, topologia "não sem artifício", 27.05.64), topologia e pulsão, topologia
de transferência e oito interior, interseção como cobertura de duas faltas.
“a aritmética é uma ciência que foi literalmente barrada pela intrusão do
Matemático algebraísmo” (3.06.64), “poderemos começar a brincar com as letrinhas da 3.06.64, 29.01.64
álgebra que transformam a geometria em análise – que a porta está aberta
para teoria dos conjuntos” (por

pensar o cogito cartesiano , a verdade e o real, 29.01.64).


Diagrama Diagrama dos dois triângulos (olhar), a armadilha, oito interior, zona 03.4.64, 03.11.64,
erógena, diagramas Eulerianos, circuito da unidade, modelo óptico, 04.22.64,
29.04.64,
reflexões sobre os modelos (modelo ÿ ficção, modelo ÿ Gurndbegriff, 6.05.64), “[Ficção ]
Um termo, digo de passagem, bastante preferível ao de modelo, que foi 13.05.64,
muito abusado. De qualquer forma, o modelo nunca é um Grundbegriff ”. 20.05.64,
27.05.64,
10.06.64,
Formalização “Uma falsa ciência, como uma verdadeira, pode ser colocada em 15.01.64,
fórmulas” (15.01.64), formalização lógica exaustiva da matemática, 17.06.64
(fórmulas de metonímia e metáfora, 17.06.64).
Autores Lévi-Strauss, Spinoza, Lavoisier, Kant, Aristóteles, Descartes, Newton,
Platão, Demócrito, Heidegger, Einstein, Planck, Leibniz, Saussure, Heráclito.

Outros objetos/ assuntos Cálculo infinitesimal, funções (alienação, separação), "interpretação


significativa é em si um absurdo", "interpretação significativa para significar
absurdo" (17.06.63), adição ÿ reunião, astrologia, contagem (tenho três
irmãos...), assimetria, fração, óptica, máquina, número cardinal, teoria dos
conjuntos, geometria, infinitização do valor do sujeito, lúnula.

Matemática, Lacan chama -ÿ algoritmo “apontado de forma única” (11.03.64), ÿ algoritmo


notações algébricas, 13.05.64 (vetorial de vel, icc e lacunas), Fórmulas de metáfora e metonímia
algoritmos (17.06.64), Os, s ', s '', s''',…/S (sequência de significados), S(i(a', a'', a''',
…)) (sequência de identificações), I, i(a ), - ÿ (falta de desejo central,
distinção a), $, $ÿD, S1 e S2 (primeira vez), a pequena chamada segundo a
“álgebra lacaniana” 3 menções (12.02.64, 19.02.64, 26.02 .64).

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Seminário “Problemas Críticos para a Psicanálise”, 1964-1965.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Russell Datas das


matemático e metalinguagem (Möbius strip articulation, sessões
Lógica linguagem-objeto, 9.12.64), lógica e gramática (6.01.65), crítica da metalinguagem 9.12.64, 6.01.65,
(Russell, 13.01.65), lógica e identificação (Sócrates é mortal, 20.01.64), lógica da 20.01.65,
falta (0-1, lógica em psicanálise, contradição, 24.02.65), Aristóteles e contingência 24.02.65, 5.05.65,
(universal, particular e singular, 5.5.65), lógica e verdade (conhecimento, valor e 2.06.65, 10.03.65
referente, O sofista de Platão, 2.06.65), exigência lógica (tudo deve ser dito,
redução lógica e algo irredutível, um núcleo resiste, 10.03.65).

Matemático Número (construção lógica, 10.03.64), número e classe (20.11.64), Medalha Fields 20.11.64, 2.12.64,
(Prémio Nobel de matemática, homologia entre uma esfera 3D e uma esfera 7D, 10.03.65,
10.03.65), "sintaxe, numa perspectiva estruturalista, é situar-se em um nível de 27.01.65
práxis, que chamaremos de formalização” (...) forma de formalização. É porque,
na via da formalização, o que buscamos excluir é o sujeito. Somente nós,
analistas, nosso objetivo deve ser exatamente o oposto, pois esse é o pivô de
nossa práxis” (2.12.64), “fertilidade da matemática” (27.01.65).

Topologia Topologia ÿ Formas de Gestalt (9.12.64), superfícies e espaço (sujeito esfera, tira Todo o seminário
de Möbius, cross-cap, interior oito, 9.12.63), Topologia e cosmologia (exercício
com superfícies, evolução, linguagem, 16.12.63), Klein garrafa e modelos
topológicos (6.01.64), esquema topológico ÿ esquema estendido (13.01.64),
“procuramos propor uma forma e, sem rodeios, uma topologia essencial à práxis
psicanalítica. É para isso que reproduzi aqui, nesta forma da garrafa de
Klein” (mais próximo da realidade, 3.12.65), “Ninguém entra aqui se não for
topólogo” (o desejo do analista no superfície, 3.12.65), "ele tem outros métodos
para formular as consequências para formular as consequências dessa cúspide
indescritível, e o que eu represento para você, porque eu acho que é tudo a
mesma coisa, por mais horrível que seja ver que a construção é, mais apreensível,
não aos seus hábitos mentais, porque assim que você tentar manipulá-la um
pouco, esta garrafa você verá que dificuldades você pode ter, mas ainda assim,
essas imagens, singularmente mais reveladoras do que se eu me contentasse
com algumas pequenas símbolo e algum cálculo, você não teria a sensação de
que fazia sentido" (3.02.65), "Não é por acaso que é onde devemos buscar nossa
referência, desde matemática, matemática em seu desenvolvimento sempre,
desde sua origem euclidiana, como você sabe, porque a matemática é de origem
grega, e toda a sua história não pode negar que carrega o traço original dela, a
matemática, ao longo de sua história, e sempre de uma maneira mais
deslumbrante, mais avassaladora à medida que nos aproximamos do tempo de
nossos dias, manifesta isso, que nos interessa no mais alto grau, é que, seja
qual for a parte que esta ou aquela família de espíritos toma na matemática,
preservando, ou ao contrário tendendo a excluir, reduzir, anatematizar até mesmo
o intuitivo, isso núcleo intuitivo que, seguramente, está aí, irredutível, e dá ao
nosso pensamento esse suporte indispensável das dimensões do espaço,
fantasmagoria insuficiente do tempo linear, os elementos mais ou menos bem
articulados na Estética Transcendental de Kant ” (24.02.65).

Diagrama Construção da faixa de Möbius (reduplicação e cross-cap, interior oito, 9.12.64), 9.12.64, 16.12.64,
Torus e faixa de Möbius (interior/exterior, 6.01.65, 3.05.65,
16.12.64, 01.6.65), garrafa de Klein e dispositivo óptico (3.12.65), Diagrama de 17.03.65, 7.04.65,
faltas (tira e cortes de Möbius, 05.3.65), diagrama de castração-frustração- 19.05.65, 5.05.65,
privação (garrafa de Klein, sujeito e a, 17.03. 65), diagrama conhecimento-sujeito- 9.06.65, 20.01.65,
sexo (19.05.65), diagrama “sozinho às 5 horas” (7.04.65, 5.05.65-neurose-desejo- 3.02.65
psicose e perversão), diagrama conhecimento-sujeito-sexo versão Möbius ( Sinn-
Warheit-Zwang, 9.06.65), diagrama da unidade (retirado do seminário 11, 20.01.65),
diagrama óptico (3.02.65).
teoria do jogo “O jogo próprio é sempre, mesmo quando mascarado, uma regra; uma regra que 19.05.65
exclui como proibido este ponto, que é precisamente aquele que ao nível do sexo
vos designo como o ponto de acesso impossível, ou seja, o ponto em que o real
se define como o impossível” (dialética 19.05.65) .

Autores Chomsky, Jakobson, Queneau, Aristóteles, Piaget, Vigostky, Russell, Saussure,


Descartes, Gagarin (cosmonauta), Newton, Copérnico, Sörensen (nomes
próprios), Gardiner (nomes próprios), Lévi-Strauss, Platão,

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Gómez Carlos – Tese de Doutorado - 2017

Heidegger, Koyré, Euler, Pascal, Stoics, Frege, Duroux, Miller, Leibniz, Feynman
(Prêmio Nobel de Física 1965), Husserl, Leonov (cosmonauta), Troubetskoy, Theilhard
de Chardin, Foucault, Aulagnier, Leclaire, Neuman e Morgenstern ( jogos teóricos),
Mallarmé, Milner, Riemann (matemático).

Outros objetos/ assuntos Corte-sutura-falta, Frege e a construção do zero (o um-em-mais, , número de


conectividade, expletivo ne, biunivocidade, sistema do mundo (cosmologia),
contagem, incontável, física em termos de "nada é perdido/nada é criado", dimensões
de número inteiro, nome próprio. i(a) (imagem do corpo), -ÿ (negação da cópula), ÿ
Matemática, notações (conjunção/disjunção, inclusão/exclusão, corte de…), S (ÿ) (termo de análise, o Outro
algébricas, algoritmos sabe que não é nada), Sÿa (fantasia e Entzweiung), $ÿD (demanda), S (sujeito mítico),
S/s (corte médio da tira de Möbius).

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Gómez Carlos – Tese de Doutorado - 2017

Seminário “O objeto da psicanálise”, 1965-1966.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático “Indicaremos mais adiante como se situa sessões
Lógica a lógica moderna (terceiro exemplo). É incontestavelmente a consequência 1.12.65, 8.12.65,
estritamente determinada de uma tentativa de suturar o sujeito da ciência, e o 12.01.66, 9.02.66,
último teorema de Gödel mostra que falha nisso” (umbigo do sujeito, lógica não 19.01.66
é gramática, 1.12.65) , “a lógica é uma tentativa de metalinguagem" (8.12.65),
lógica proposicional e ausência da função de alienação na lógica (12.01.66),
conjunto aberto e fechado (bord, 19.01.66), lógica e gramática (9.02.66). "Vou
substituir a sequência topológica que, este ano, ensina a localizar a função do
objeto a nada mais é do que a aposta de Pascal " (26.01.66), esperança matemática
Matemático (2.02.66), números reais e falta de função (8.12.65), teoria de grupo necessária 26.01.66, 2.02.66,
para a função do objeto a (1.06.66), incomensurabilidade e número irracional 8.12.65, 1.06.66,
(8.12.65), número não é um dispositivo de medida (8.12.65), “A teoria dos jogos, 1.12.65
melhor chamada estratégia , é um exemplo disso, o. aproveita-se o caráter
inteiramente calculável de um sujeito estritamente reduzido à fórmula de uma
matriz de combinações significantes. (1.12.65).

Topologia A divisão do sujeito entre verdade e conhecimento (e entre enunciado e 1.12.65, 8.12.65,
enunciação) estrutura-se em tira de Möbius (1.12.65), tira de Möbius e oito interior 15.12.65,
(1.12.65), lógica e metalinguagem (8.12.65), os estóicos envolvem o corpóreo ao 19.01.66,
nível da lógica (8.12.65), a formulação estruturalista da causa se funda em sua 20.04.66,
referência a um mundo topológico (8.12.65), corte da função do sujeito” “o 26.01.66
suporte estrutural da constituição do sujeito como divisão”

(8.12.65), “Podemos a partir dessas primeiras definições sobre o assunto


conceber o que essas duas outras estruturas da garrafa de Klein e do toro podem
nos servir para estabelecer relações fundamentais que nos permitirão situar com
um rigor que nunca é obtido tão longe da linguagem ordinária, na medida em
que a linguagem ordinária conduz a uma entificação do sujeito que é o verdadeiro
nó e a chave do problema" (imediatamente que Lacan fala de Heidegger e
alethèia, a lógica é superior ao mito, 15.12.65), " Limite, borda, borda, esses são
os termos em questão. A parte da verdade. é o do nosso limite entre o nascimento
e a morte, limite como sujeito, e tudo o que é conhecimento é o conjunto aberto
que está incluído no intervalo. É nisso que o poeta, o que quer que saiba sobre
isso, e mesmo que não saiba, reintroduz tão logo o que conhece e manipula é a
estrutura da linguagem e não simplesmente a fala. Ele reintroduz, seja como for,
essa topologia da borda e a articulação da estrutura" (19.01.66), vizinhança
(19.01.66), a garrafa de Klein como suporte do ser do sujeito (e relação do sujeito
com o Outros, 15.12.65, 20.04.66), envelopes e placenta (26.01.66), topologia não
é intuição (20.04.66).

Formalização "É literalmente necessário que a formalização da gramática contorne essa lógica 1.12.65
para se estabelecer com sucesso, mas o movimento desse contorno se inscreve
nesse estabelecimento" (1.12.65), "Para demonstrar a potência do aparato
constituído pelo mitema para analisar as transformações mitogénicas, que nesta
fase parecem estabelecer-se numa sincronia que se simplifica pela sua
reversibilidade. Claude Lévi-Strauss não pretende entregar-nos a natureza do
mitante” (1.12.65).
Diagrama “Esta topologia, que faz parte da geometria projetiva e das superfícies de análise 1.12.65, 15.12.65,
situs, não deve ser levada, como é o caso dos modelos ópticos de Freud, à 25.05.66
categoria de metáfora, mas sim para representar a própria estrutura (25.05.66). ),
"Gráfico Lévi-Straussiano" (1.12.66), "Também não tenho muito o que me
desculpar, porque se essas dificuldades que qualificamos como dificuldades
intuitivas no campo da topologia foram, de certa forma, radicalmente eliminadas
da exposição matemática propriamente dita dessas coisas” (15.12.65).

Perspectiva Geometria projetiva (pulsão escópica, 18.05.66), horizonte e perspectiva (4.05.66, 4.05.66, 18.05.66,
11.05.66, 18.05.66), física e observador (o olho, 20.04.66), olhar e visão (27.05.66). 20.04.66, 27.05.66,
11.05.66

Autores Koyré, Descartes, Brücke, Helmholtz, Du Bois-Reymond, Lévi-Strauss,


Canguilhem, Piaget, Jakobson, Hjelmslev, Chomsky, Gödel, Heidegger,
Spinoza, Cantor, Aristóteles, Frege, Feynman, Kroneker (matemático),
Dedekind, Platão, Pitágoras, Brower (matemático), Desargues, Felix
Klein, Queneau, Poincaré, Leibniz, Cahiers pour l'analyse, Russell, Kant,

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Ptolomeu, Copérnico, Newton, Pascal, Laplace, Einstein, Borel, Fermat, Carcavi


(matemático), Quine, Whitehead, Miller (a sutura), Milner (a questão do significante),
Euler, Hilbert, Bourbaki, Ruyer Raymond, Brianchon (matemático), Castoriadis,
Kepler, Buffon.
Outros objetos/ assuntos Quarto de volta (irredutível a qualquer translação especular, 30.03.66), hipérbole,
cone, teoria dos conjuntos. i(a) (suporte da série desejo, uma construção), -ÿ
Matemática, notações (castração), ÿ (corte de), ÿ-1, S(ÿ) (aposta de Pascal), $ÿD (perguntar onde se apega
algébricas, algoritmos à divisão do assunto).

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Seminário “A lógica da fantasia”, 1966-1967.

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas da


sujeito matemático "sendo a coisa suficientemente indicada sessão
Lógica para nós pelo estímulo que a lógica recebeu, para submeter-se ao jogo da Todo o seminário
escrita sozinha, exceto que ela sempre deixa de lembrar que isso repousa
apenas na função de uma falta , naquilo que se escreve e que constitui o
estatuto, enquanto tal, da função da escrita” (16.11.66), a lógica é uma questão
que diz respeito ao universo do discurso (escrita lógica, 16.11.66), existência
lógica e fantasia (manuseio de significantes, realizado não in vivo, "livro de
carne": peito, scybal, olhar e voz, 16.11.66), a lógica moderna é instituída de
uma regra de escrita (e não por convenção, 12.7.66), paradoxo de Russell e sua
escrita (ausente, 23.11.66), lógica de Boole (escrita, estoicismo, negação,
universal do discurso, 7.12.66 ), "Essa lógica só se sustenta onde pode ser
manuseada no uso da escrita, mas estritamente falando" (implicação e
consequência, 14.12.66), a lógica e a nova introdução da função de alienação
(introdução do sujeito na lógica, na fantasia, na bolsa ou na vida, cogito,
1.02.67), estrutura lógica e gramatical (uma criança é batu, 02.09.67), “Esta
conjunção de um ponto basal para toda a lógica, porque o que levamos
conosco para este lugar marginal do pensamento, que é aquele - lugar da
penumbra, lugar do crepúsculo - onde se desenvolve a ação analítica, se
levarmos conosco as exigências da lógica, a que somos levados. o fazer
merece, finalmente, que o atribuamos ao que acho que deveria ser seu melhor
nome: sublógico; é isso que estamos tentando inaugurar aqui, este
ano" (22.02.67), "O metadiscurso imanente à linguagem e que chamo de lógica,
aqui, claro, merece ser revigorado nessa leitura. Confesso que não uso –

dá para perceber – em nada do processo etimologizante, do qual Heidegger


revive admiravelmente as fórmulas conhecidas como
pré-socráticos” (26.04.67), neurose e estrutura lógica (10.05.67), “pretendo
terminar com o que se poderia chamar de lembrete clínico. Certamente não
que quando falo de lógica e especificamente da lógica da fantasia saio, ainda
que por um momento, do campo da clínica” (21.06.67), “não há possibilidade
de sentido que seja inequívoco” (21.06.67) .

Matemático O un-en-trop (elemento não numerável, não redutível à série, 16.12.66), álgebra 23.11.66,
e cadeia de Markov (letras, 23.11.66), "é indiscutível que, tendo falado, posso 16.12.66,
escrever e manter o que escrevi (...) não há progressão possível do que se 18.01.67,
chama verdade matemática e essa é toda a essência do que se chama, em 12.04.67,
19.04.67,
matemática: demonstração” (18.01.67), “só entra aqui quem é 19.04.67,
geômetra” (12.04.67), infinito e a proporção áurea (Fibonacci, um e outro, 26.04.67
incomensurabilidade, 19.04.67, 26.04.67) , matemática é dele
uso na teoria psicanalítica (8.03.67).
Topologia Garrafa de Klein–torus–tira de Möbius (“cada uma dessas superfícies resulta 1.02.67, 15.02.76
do corte constituído pelo duplo laço” 15.02.67), “a estrutura é algo que é assim,
é real” (torus, 1.02.67), Lacan usa o termo “topologia” apenas 5 vezes neste
seminário.
Diagrama Gráfico do desejo (Subversão do sujeito, 14.12.67), “como você sabe, cada vez Número dourado
mais a geometria se afasta das intuições que a fundaram – todo o seminário
espacial, por exemplo – focar em ser nada mais do que uma forma
especificável” (12.04.67), Klein Group (14.12.66), alienação e interseção
(11.01.67, 18.01.67, 25.01.67), proporção áurea (média e razão extrema,
intervenção de Kris, 22.02.67, 1.03.67, 8.03.67, 12.04.67, 19.04.67, 26.04.67,
10.05.67, 31.04.67, 14.06.67).
Formalização "Não fica bem claro, apenas abrindo um volume como o último Mitologias 25.01.67
publicado por Claude Lévi-Strauss, que se a análise dos mitos, tal como se
apresenta a nós, tem um sentido, é que ela desequilibra completamente a
função de representação? ” (25/01/67).
Autores Spinoza, Euler, Hyppolite, Heidegger, Chomsky, Frege, Perelman, Russell,
Markov, Wittgenstein, Boole, Brentano, Aristóteles, Descartes, Arquimedes,
Benveniste, Kant, Euclides, Cantor, Pascal, Platão, Leibniz, Newton, Plotinus,
Levi- Strauss, Jakobson, Saussure, Bichat, Kneale (lógico), Bentham,
Parmênides.
Outros objetos/ assuntos Grupo Klein, contagem e sujeito, oito interior, limite (gozo e detumescência),
teoria dos conjuntos, "não há metalinguagem", "Já o dissemos: tomando o
menos por zero, é próprio do sujeito e o próprio nome é feito aqui para marcar
o rastro” (1.03.67), repetição e gozo.

matemática, escrita Algoritmo de Efeito de Significado Metafórico (14/12/66), "Mas, como

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algébrica, dizer que ainda é apelar a ele para situar essa verdade, é fazê-lo
algoritmos reaparecer cada vez que falo. E é por isso que este ditado: 'que não
tem nenhum tipo de existência', não posso dizê-lo, mas posso
escrevê-lo. E é por isso que escrevo S: significante do grande A
riscado, S(ÿ) como constituindo um dos pontos nodais dessa rede
em torno da qual se articula toda a dialética do desejo, na medida
em que se esvazia do intervalo entre enunciado e
enunciação” (18.01.67), -ÿ (falha na articulação da Bedeutung
sexual , valor de troca e negativitação), ÿ (menor, maior, inclusão,
exclusão), ÿ-1, S(ÿ) (eliminação do outro como universo do discurso,
terceiro elemento no ato sexual: falo), $ÿa, $ÿD (é quando a demanda se cala que a pulsão começa), S1.

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Seminário “O ato do psicanalista”, 1967-1968.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático Lógica como manipulação da letra sessões
Lógica (álgebra, Cantor, diagonalização, transfinita, 15.11.67), lógica da 15.11.67,
quantificação (quantizadores, truques lógicos quantizadores, 24.01.68, 24.01.68, 7.02.68,
7.02.68), função e quantificadores (oração predicativa, 28.02.68), "A 28.02.68,
coisa tem consequências, uma das quais só poderia ser destacada ao 20.03.68,
nível dos lógicos, quero dizer, onde sabemos usar o que é uma 24.01.68,
dedução, ou seja, onde quer que suportemos um sistema, uma aparatos 21.02.68,
como o uso de quantificadores, não poderemos criar algoritmos como 17.01.68
basta que haja uma regra de antemão, que qualquer problema seja
pura e simplesmente sujeito ao uso de uma regra, uma vez fixada, de
cálculo; que assim que estivermos neste campo, sempre poderemos
trazer à tona o indecidível" (20.03.68), os quantificadores não podem
ser traduzidos para a linguagem (24.01.68), "Porque em toda a ciência
- dou-lhe esta nova definição dela - a lógica foi definida como esse
algo que visa propriamente resolver o problema do sujeito suposto
saber” (21.02.68), “não há metalinguagem (...) a própria lógica deve ser
extraída do dado que é a linguagem ” (fantasia como frase gramatical,
17.01.68).

Matemático Proporção áurea e incomensurabilidade (objeto a, relação não sexual, 20.03.68, 7.01.68,
7.01.68), geometria projetiva e olhar (20.03.68), começando do zero 10.01.68
(marca, 10.01.68), grupo Klein.
Topologia Depois da topologia Lacan tentará "a articulação entre lógica e gramática, 24.01.68
eis também algo que talvez nos faça dar mais alguns passos" (24.01.68).

Diagrama Real-simbólico-imaginário, alienação-transferência-verdade, quadrante


de Pierce, oito interior e conhecimento suposto.
Autores Cantor, Lógicos da Idade Média, Gauss, Heidegger, Koyré, Platão,
Spinoza, Félix Klein, Descartes, Aristóteles, Scilicet, Pierce, Chomsky,
Jakobson, Desargues, Lavoisier, Pierre Soury, Russell.
Outros objetos/ assuntos Tetraedro, assimetria, Aristóteles e o princípio da contradição,
binunivocidade. “mas se qualquer uso da letra se justifica demonstrando
Matemática, que o recurso à sua manipulação é suficiente para evitar cometer erros,
notações algébricas, desde que se saiba usá-la” (17.01.68), ÿ2, S(ÿ ) (o analisando torna-se
algoritmos analista , verdade e sujeito suposto saber), -ÿ (castração, falta, separação
com a).

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Seminário “De um outro para outro”, 1968-1969.

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso Datas da


sujeito matemático psicanalítico Discurso do sessão
Lógica analista como função extraída da matemática (13.10.68), o Todo o seminário
discurso é uma lógica condicionada por uma redução de
material (a letra é a redução, "é a partir do momento que
você introduz no se isso, então que começa uma lógica A
e uma B", "não mais lógica que encerra toda a linguagem",
20.11.68), lógica e existência de Deus, lógica e
consequências, "Ao contrário, no discurso analítico é uma
questão de dar sua plena presença à função do sujeito,
invertendo o movimento de redução que habita o discurso
lógico, para nos centrarmos perpetuamente no que é
falho” (27.11.68), “O estruturalismo é lógica em toda parte,
e mesmo em nível do desejo” (“só o aparelho lógico pode
demonstrar sua falha”, 12.4.68), as falhas na textura da
lógica permitem apreender o estatuto do sujeito (12.11.68),
o discurso tem leis lógicas, lan compromisso com a lógica
(8.01.69), a lógica matemática é escrita ("esta escrita
radical", fala sem palavras), "Os mecanismos do
inconsciente definem uma estrutura lógica mínima que há
muito resumi em termos de diferença e repetição" (26.01.69),
a lógica freudiana não pode funcionar em termos polares
porque introduz falta: castração (12.03.69), lógica e negação, “há homologia entre as falhas da lógica
designado por uma proposição predicativa, "Que eu sou o lógico, e que
isso é confirmado pelo fato de que essa lógica me torna odioso a todos,
por que não?" Essa lógica se articula a partir das próprias coordenadas da
prática” (4.06.69), pode-se construir uma lógica formal sem fazer uso da
negação (o inconsciente não conhece o princípio da contradição).

Matemático "Lógica matemática é apenas lógica" (20.11.68), Teoria dos conjuntos e 20.11.68,
assimetria entre S1 e S2, par ordenado e disjunção entre S1 e S2, 27.11.68,
incompletude e Gödel, variável = sujeito, o discurso matemático não tem 11.12.68, 8.01.69,
sentido (a noção de conteúdo na matemática é vazio, dupla operação do 22.01.69,
discurso matemático: construir e formalizar, 01.8.69), gozo e proporção 23.04.69,
áurea (articulação do saber –1– e verdade –a–), estrutura topológica de A 30.04.69,
barrado = impossibilidade de um conjunto de todos conjuntos (não pode 21.05.69
ser identificado nem com 1 nem com todos), desejo do matemático,
matemática = operando desesperadamente para que o campo do Outro se
mantenha como tal.
Diagrama O grafo tem uma estrutura lógica (11.12.68), par ordenado {{ S1}, { S1, S2 }}, 11.12.68,
aparato óptico, quatro gráficos de superfície, série de Fibonacci (articulação
conhecimento-verdade para mostrar a lógica do gozo).
Topologia “Se o objeto a pode funcionar como equivalente do gozo, é por causa de 20.11.68,
uma estrutura topológica” (26.03.69), a topologia não é uma metáfora 27.11.68, 8.01.69,
(20.11.68), “Daí o nosso esforço por uma topologia que corrija as afirmações 22.01.69,
até então aceito em psicanálise” (15.01.69), topologia e gozo feminino 26.03.69,
(12.03.69), quatro estruturas topológicas (superfícies: esfera, toro, cross- 23.04.69,
cap, garrafa de Klein) e parentesco com objetos a. 30.04.69,
21.05.69,
Formalização “Não é à toa que os termos se manifestam aqui por letras minúsculas, por 8.01.69, 30.04.69
uma álgebra. A característica de uma álgebra é poder ter várias
interpretações" (30.04.69), "o formalismo em sua função de corte surgirá
melhor na matemática" (8.01.69), a forma não é formalismo, "formalizando
esse discurso consiste em garantir que ele se mantenha por si mesmo,
mesmo quando o matemático se evaporou completamente” (8.01.69). Teoria
da ficção (Bentham), Pascal, Aristóteles, JA Miller (sutura), Russell, Gödel,
Autores Hjelmslev, Jakobson, Kojève, Quine, Newmann (teoria dos jogos), lógica de
Port-Royal, Kant, Platão, Arquimedes, Nicolas Tartaglia (matemático,
medida), Deleuze (Lógica do sentido, Diferença e repetição), Saussure,
Peano, Newton, Jean-Luis Krivine (matemático, axiomático), Lógica estóica,
Pitágoras, Descartes, Einstein, Euclides, Lévi-Strauss, Cahiers para análise.
Matrizes de aposta de Pascal, lógica quântica, axioma, oito interior,
incompletude (Gödel), indecidível, contável, paradoxo de Russel, assimetria,
Outros objetos/ assuntos função, concatenação, sutura, transfinito, espaço e tempo, teoria dos jogos,
"teorema de Lacan", plano projetivo.

Matemática, I, i(a), ($ÿ($ÿa))/a, s(A), S(A) (e perversão, um-mais), S(ÿ), $ÿD, S1ÿ
notações algébricas, S2 (par ordenado), S1 = representa algo, traço unário, S2 = representa
algoritmos conhecimento.

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Seminário "Psicanálise de cabeça para baixo / O outro lado da psicanálise", 1969-


1970.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático Lógica e discurso (incompletude, sessões
Lógica 3.12.69), “O saber é, em certo nível, dominado, articulado por 3.12.69, 14.01.69,
necessidades puramente formais, as necessidades da escrita, que 21.01.70,
resulta hoje em certo tipo de lógica ” (14.01.69), lógica proposicional 11.03.70, 9.04.70
(valor reduzido na inscrição, 21.01.70), “Porque temos precisamente
necessidades lógicas, se me permite este termo. Porque somos
seres nascidos do gozo excedente, fruto do uso da linguagem" ("a
linguagem nos usa, e é assim que ela goza" (21.01.70), "a lógica
matemática permitiu reduzir completamente – não suturar, mas
evaporar -
o sujeito da ciência” (recordação do seminário do ano de 1965, discurso
universitário, 11.03.70), o limite lógico do que, do simbólico, se afirma como
impossível. É daí que surge o real” (9.04.70).
Matemático A matemática representa o saber no discurso do mestre (ÿ mito, 18.02.69), a 18.02.69,
matemática só pode ser construída a partir de um significante que pode ser 20.05.70,
significado para si mesmo (a matemática se funda livrando-se de 'uma infração 17.06.70
inaugural, 18.02.69), uso rigoroso do simbólico (= matemático) entre os gregos
antigos, uso da matemática para articular o efeito de um discurso ( causado por
uma repetição de 1, Mehrlust –more -de-jouir–, 20.05.70), “A ciência surgiu de o
que havia no ovo nas manifestações euclidianas”

(20.05.70), "Toda a evolução da matemática grega nos prova que o que sobe ao
zênite é a manipulação do número como tal" (20.05.70), "funções radicais" (=
algo que entra no real que tinha nunca entrou antes –Leibniz, integrais,
diferenciais e logaritmos–, a função escreve duas ordens de relações, 17.06.70).

Topologia Nenhuma referência à topologia!


Formalização “Pôr a formalização do discurso e, dentro dessa formalização, acordar consigo 11.01.70,
algumas regras destinadas a colocá-lo à prova, encontra-se um elemento de 14.01.70
impossibilidade. Isso é o que está propriamente na base, na raiz, do que é feito
de estrutura” (14.01.70), formalização do saber e o escravo no discurso do senhor
(“ideal” de uma formalização, 11.01.70) .

Matemáticos (implícito) “o meio-dizer é a lei interna de qualquer tipo de enunciação da verdade, e o que 3.12.70, 11.03.70
melhor o corporifica é o mito” (mythèmes et contradições, 11.03.70), o signo da
“força lógica” de suas “quatro letrinhas” é incompletude (seus limites
intransponíveis, uma lógica fraca, mas poderosa, 3.12.69).

Autores Kant, Aristóteles, Platão, Descartes, Cahiers pour l'analyse, Frege, Wittgenstein,
Quine, Russell, Newton, Maxwell, Riemann, Gauss, Lévi Strauss, Pascal,
Saussure, Jakobson, Cercle de Prague, Galileu, Leibniz, Copérnico, Koyré ,
Arquimedes, Euclides.
Outros objetos/ assuntos Série de Fibonacci, aritmética, contagem e numeração, quarto de volta.
Matemática, notações Escrevendo sobre os quatro discursos, “esses termos pouco mais ou menos
algébricas, algoritmos alados, S1, S2, a, S, eu te digo que eles podem ser usados em um número muito
grande de relacionamentos. Você só precisa se familiarizar com o manuseio deles”
(17.06.70), S1 (significa ser eu mesmo, traço unário, determina a castração), S2
(redes-representantes de saberes, bateria de significantes).

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Seminário “Sobre um discurso que não seria semblante”, 1970-1971.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático Consequências do discurso e da lógica sessões
Lógica (implicações, modus ponens, 13.01.71), “o discurso do analista nada mais é do 13.01.71,
que a lógica da ação” (17.02.71), “não há questão lógica senão da palavra 10.02.71,
escrita” (“a palavra escrita não significa precisamente linguagem”, no entanto, a 17.02.71,
palavra escrita “só se faz a partir de sua referência à linguagem”, 17.02.71), “os 17.03.71,
paradoxos em que a lógica clássica cessa só valem a partir do momento quando 12.05.71,
se escreve" (17.02.71), escrita = manipulação da escrita (10.03.71), "Tudo pode ser 19.05.71,
redutível à pura lógica? (a operação do matemático é suportada apenas pela 16.06.71
manipulação de letras pequenas ou grandes, 17.03.71), toda a lógica é distorcida
ao pretender partir da linguagem-objeto (não há metalinguagem, 12.05.71) ,
“Qualquer que seja o originalmente, caráter fundamentalmente, fundamentalmente
fictício do que faz o material do qual a linguagem é articulada, é claro que há um
modo de verificação, que se esforça para apreender onde a ficção, se posso dizer,
se encontra, e o que a detém” (a contradição é outra forma – além da tautologia –
para o progresso da ciência, 19.05.71), na lógica o projeto de inscrição é chamado
de “lógica de articulação” (19.05.71), forçando na lógica como “limpeza” (progresso
da lógica como inscrição, "O que queria esclarecer hoje, para vos ilustrar, é que a
lógica traz a marca do impasse sexual", 19.05.71), "eu mesmo tentei dizer-vos que
isso se deve ao seu fracasso ao nível de uma lógica que é suportado por em que
toda a lógica se sustenta, a saber, a escrita.

(16.06.71), Sinn and Bedeutung at Frege (referência necessária, 16.06.71). "não há


topologia sem escrita" (topologia consiste em fazer furos na escrita, topologia =
Topologia "questionamento da matemática pela lógica", 10.03.71), garrafa de Klein 17.02.71,
(significado do falo), função da escrita no gráfico e no diagrama (Writings , estilo, 10.03.71,
17.02.71, 10.03.71), espaço euclidiano e quarta dimensão (17.03.71). 17.03.71

Matemático O discurso matemático não tem sentido e de todos os discursos é "aquele que se 17.02.71,
desenvolve com mais rigor" (17.02.71), "Não há associação mais livre do que se 10.03.71, 1905.71
poderia dizer 'é livre uma variável ligada em uma função matemática' ( 17.02.71), a
função
matemática “É do próprio intervalo da proibição inscrita que surge a conjunção,
mesmo a identidade, como me atrevi a enunciá-la, deste desejo e desta
lei” (17.02.71), uma demonstração matemática não passa sem uma palavra
(10.03.71), "É o progresso da matemática, é porque a matemática chegou através
da álgebra para ser escrita inteiramente, que a idéia poderia vir de usar a letra
para outra coisa que não fazer buracos" (19.05.71 ), "Na medida em que
permanecemos na letra onde reside o poder da matemática" (x é tomado como
variável, 19.05.71).

gráfico O gráfico de Pierce, “É a fala, é claro, que abre o caminho para a escrita. Meus 17.02.71,
Escritos, se assim os intitulei, é porque representam 10.03.71
uma tentativa, uma tentativa de escrita, como é suficientemente marcada por isso,
que termina em gráficos. O problema é que as pessoas que afirmam comentar
sobre mim deixam os gráficos imediatamente. Estão errados, os gráficos só são
compreensíveis segundo, eu diria, o menor efeito estilístico dos ditos Escritos,
que são de certa forma os passos para acessá-los” (10.03.71).

Autores Koyré, Saussure, Descartes, Pascal, Aristóteles, Lévi-Strauss (mito), Newton,


Jacques Monod, Richards, Pierce, Euclides, Saussure, Leibniz, Barthes, Frege,
Peano, Platão, Carnap, Lorenzen (matemática).
Outros objetos/ assuntos Nominalismo, número real, lógica proposicional, lógica das quantidades, torção,
indecidível, contar, mostrar e demonstrar. " a letra, Mulher não tem nada a ver
Matemática, notações com isso, se ela existe" (17.02.71), La (a mulher não existe, "a letra como é o
algébricas, algoritmos significante que há não tem Outro, S(ÿ)", 17/03/71), ÿ (falo), S1 (ÿ letra).

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Gómez Carlos – Tese de Doutorado - 2017

Seminário “…Ou pior – O saber do psicanalista”, 1971-1972.

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico X Datas da


sujeito matemático como variável na lógica que marca o sessão
Lógica vazio que é "a única maneira de dizer algo com a ajuda da linguagem" (não há Todas as
metalinguagem, lógica como metalinguagem necessária ficcional, 8.12.71 ), (… sessões
ou pior) os três pontos = elisão de um verbo – o que pode ser feito na linguagem
para questionar a lógica (uma mudança de letra para ir de pior para dizer, o
verbo é o único termo que não pode ser um lugar vazio, esvaziar o verbo faz
argumentarÿsubstanciar, 12.8.71), o seminário trata de explorar uma nova lógica
(essa exploração "não é apenas o questionamento de que impõe um limite à
linguagem na apreensão do real", "a lógica se permite tirar um pouco do real",
lógica modal, em lógica não é possível escrever a relação sexual, 12.8.71),
história da lógica (predicados, tentativa de aplicar lógica ao significante
matemático, 15.12.71), a estrutura re é lógico (Lacan define o objeto da lógica
como “o que se produz a partir da necessidade de um discurso”, todo discurso
toma seu sentido de outro discurso, 12.01.72), “o real (...) ” (introdução de uma
lacuna irredutível = real, o discurso ingênuo é imediatamente inscrito como
verdade, crítica su sofista, 12.01.71), mostrando isso “que a castração é outra
articulação que não anedótica fazendo uso de funções lógicas” (12.01.72 ),
tempo e lógica (mito, 12.01.71), “o uso da lógica não está alheio ao conteúdo do
inconsciente” (Freud e a terra prometida, século XX para que a lógica prescinda
do princípio da contradição, Freud e a lógica gramaticalmente, 12.01.72), crença
é a rejeição da lógica ("certamente não, mas ainda assim", 19.01.72), Frege
fundou o número 1 no conceito de inexistência (necessidade lógica como um
correlato do fundamento de inexistência , 19.01.72), relação entre lógica e
matemática (o real sinaliza o impossível, René Thom não pensa que a lógica
possa dar conta do número, 3.02.72), "função da pressa na lógica" (15.03.72 ),
lógica da o mito (a lógica corrige o mito), a lógica amortece o significado
(6.01.72), a lógica torna suportável a posição do analista (14.06.72).

Matemático A parte mais séria do discurso científico (o impossível) é articulada em termos 3.3.72, 1.06.72,
algébricos ou topológicos (3.03.72), "é preciso acreditar que a matemática 2.12.71, 10.05.72,
dispensou qualquer questão sobre o Uno" (1.06.72), "O número não tem nada a 12.02.72
tem a ver com a linguagem, e é mais real do que tudo, como o discurso da
ciência demonstrou suficientemente” (1.06.72), um sentimento de que a não
contradição não pode ser suficiente para fundar a verdade (2.12.71), a
incompreensão matemática é um sintoma , "É um tropismo, se me permite
verdade" (2.12.71), formulação matemática da existência ("É claro que é apenas
a partir de uma certa reflexão sobre a matemática que a existência tomou seu
significado", 1.06.72), "é mostrado que na matemática é precisamente do
impossível que o real é gerado" (1.06.72), o número complexo como uma das
coisas mais úteis ilhas e frutíferas que criaram a matemática, "segue-se que não
há ÿ que não possa ser considerado acessível a partir de ÿ0 " (beco sem saída
na cadeia, (0 ÿ 1) ÿ 1, 10.05.72), aritmética e teorema de Gödel (12.02 .72).

Topologia Origem topológica da linguagem (“está ligada a algo que acontece no ser falante 3.03.72, 1.06.72,
pelo viés da sexualidade”, 3.03.72), amor e castração (“tentaremos abordá-la 9.02.72
por meios um pouco rigorosos Só podem ser lógico e até topológico”, 01.6.72),
“Peço-lhe que me recuse o que lhe ofereço” e topologia (3.03.72), garrafa de
Klein, tetraedro (esquerda-direita), diagrama de discurso vetorizado, nós
borromeanos e relações deformáveis (9.02.72).

Matema Introdução do termo matema, "Um matema é o que, propriamente e sozinho, 15.12.71, 4.05.72,
("admissível matematicamente"
é ensinado. Somente o =Um
a ser ensinado, 4.05.72), "Isso é saber
é ensinado” o que
se poderia 20.03.72
chamar de matema, do qual eu postulei que é é o ponto central de todo o ensino.
Em outras palavras, há apenas ensino matemático, o resto é brincadeira" e "E
esta é talvez uma primeira abordagem ao que envolve a castração, do ponto de
vista dessa função matemática que minha escrita imita" (15.12.71) , aproximando
o conhecimento sobre a verdade.

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Gómez Carlos – Tese de Doutorado - 2017

seg Em grande parte, este seminário (e suas palestras adicionais em Saint- Uma das
Anne) é um teste do Uno através de recursos distintos e variados: lógica, chaves desses
topologia, gramática, linguística, outras línguas, matemática, teoria dos seminários é a
conjuntos, aritmética, álgebra etc. questão do Uno
O aparato lógico que Lacan constrói (híbrido entre lógica modal e
quântica –mais Pierce, Aristóteles, Frege–) é uma maneira de atacar a
metafísica do Um ou de apreender outro status do Um. "nada mais
perigoso do que a confusão sobre o que está envolvido no Uno" (3.03.72),
ontologia = careta do Uno (21.06.72).
Autores Aristóteles, Saussure, Copérnico, Scilicet, Russell, Leibniz, Newton,
Cantor, Platão, Jakobson, Frege, Thom, Perelman, Brunschwig, Apuleio,
Galileu, Pascal, Pierce, Bourbaki, Gödel, Descartes, Leopold Kronecker
(matemático), Wittgenstein, Poincaré, Cahiers pour l'analyse, Pythagore,
Archimède, Cauchy (matemático), Euclid, Boole, De Morgan, Weiner,
François Recanati (que fez uma intervenção matemática no seminário),
Parménide.
Outros objetos/ assuntos Introdução dos termos "lalangue", "réson" (F. Ponge) e "pathematique"
todos seguidos por matema, triângulo semiótico de Pierce, triângulo de
Pascal, cosmologia, mônada, contáveis, mitemas (não têm significado),
contingência, cálculo infinitesimal, um a um, transfinito, diagonal,
contagem (e o Um da diferença), díade e tríade.
Matemática, “Vamos chamá-lo de símbolos escritos, porque nem se parece com
notações algébricas, nenhuma letra. Esses símbolos representam algo que pode ser chamado
algoritmos de operações" (não é qualquer coisa, há algo arbitrário, 15.12.71), "a
teoria dos conjuntos implica uma escrita unívoca, mas como muitas
coisas em matemática, não pode ser afirmada sem escrita - esta fórmula,
este Yad'lun que tento transmitir,
existedistingue-se de e
entre escrever toda a diferença
falar. (19.04.72),que
fórmulas de sexuação, ÿ(x) (função sexual), S(ÿ) (goza o Outro
mentalmente não sexualmente), S1ÿ S2 (são dois para que haja S1),
quantors existenciais e universais.

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Seminário “Encore”, 1972-1973.

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico Datas das


matemático Requisito lógico na fala (a mulher exige sessões
Lógica um a um, 12.12.72), lógica de Port-Royal (lógica do signo, 19.12.72), Bourbaki e o 12.12.72,
signo lógico como um pequeno quadrado ( 9.01.73), tempo lógico, os estóicos 19.12.72, 9.01.73,
descobriram que na lógica havia algo mais sólido (implicação material, 13.02.73), 13.02.73,
enstasis como obstáculo lógico em Aristóteles (20.02.73). 20.02.73

Matemático “Para além da linguagem, este efeito, que se produz ao apoiar-se apenas na 16.01.73, 8.05.73
escrita, é seguramente o ideal da matemática. Ora, recusar a referência à escrita
é proibir-nos o que, de todos os efeitos da linguagem, pode vir a ser articulado” e
“É no próprio jogo da escrita matemática que temos de encontrar o ponto de
orientação para o qual dirigir. nós mesmos para, dessa prática, desse novo laço
social que emerge e se estende singularmente, o discurso analítico" (16.01.73),
"Afinal, o que é que a energética senão também uma coisa matemática?

O material analítico não será matemático. É por isso que o discurso da análise se
distingue do discurso científico” (truque matemático preciso: energia, 8.05.73).

Topologia “O significante (…) deve ser estruturado em termos topológicos” (19/12/72), 22.10.72,
“grafização” (termo de lógica matemática, 10/04/73), analogia topológica e anéis 21.11.72,
de corda (15/05/73) ), topologia e nivelamento de atualização do nó (lógica, 19.12.72,
22.10.73), "nada mais compacto que uma falha" (compacidade, 21.11.72), "O real 20.03.73,
só pode ser inscrito por um impasse de formalização" (formalização = l a 10.04.73,
elaboração mais avançada que nos foi dada para produzir significado”, é feito ao 15.05.73
contrário do sentido, contra o sentido, 20.03.73), o espaço não é intuitivo. "a
formalização da lógica matemática, tão bem feita que se sustenta apenas pela
Formalização escrita" (10.04.73), "Cabe a nós, você compreendeu, obter o modelo de 10.04.73,
formalização matemática . A formalização nada mais é do que a substituição por 15.03.73
qualquer número de uns do que se chama letra" (15.05.73), "Aux

nós não se aplica até hoje nenhuma formalização matemática que


permita” (15.05.73), manuseio de letras = linguagem matemática.

Matema “A formalização matemática é nosso objetivo, nosso ideal. Por quê? – 8.05.73, 15.05.73,
porque só ele é matema, ou seja, passível de ser transmitido integralmente. A 20.03.73
formalização matemática é a escrita, mas ela só subsiste se eu usar a linguagem
que uso para apresentá-la” (15.05.73), “o que pode ser visto comparando seu
funcionamento com os signos que eu uso. eles são transmitidos integralmente.
Nós não temos absolutamente nenhuma ideia do que eles significam, mas eles
são transmitidos. O fato é que eles são transmitidos apenas com a ajuda da
linguagem, e é isso que torna a coisa toda manca” (8.05.73), função verdadeiramente
milagrosa, para ser vista, desde a própria superfície emergindo de um ponto
opaco desse estranho sendo, traçar o rastro dessas escritas, onde apreender os
limites, os pontos de impasse, de não saída, que mostram o real acessando o
simbólico. É nisso que não creio que seja inútil ter chegado a escrever o a, o $ do
significante, o A e o ÿ. Sua própria escrita constitui um suporte que vai além da
fala, sem se afastar dos próprios efeitos da linguagem. Isso tem o valor de centrar
o simbólico, na condição de saber usá-lo” (falando de Spinoza e da função da
escrita na matemática, 20.03.73).

nó borromeano “o próprio manuseio das cartas supõe que basta que uma não suponha que todas 15.05.73
as outras não apenas não constituam nada de valor por seu arranjo, mas que se
dispersem. É por isso que o nó borromeano é o melhor” (15.05.73), matemática da
cunha (nó).

Diagrama Triângulo real-S(ÿ)-simbólico-um-imaginário-ÿ (verdade-aparência-real, 20.03.73), 13.03.73,


nós (próprio, trifólio, borromeano, oito interior), fórmulas de sexuação. 20.03.73,
15.05.73
Autores Aristóteles, Bentham, Frege, Descartes, Platão, Zenão, Recanati, Jakobson
(anagramas), Saussure, Pascal, Parmênides, Kant, Bourbaki, Ptolomeu, Leibniz,
Koyré, Russell, Spinoza, JC Milner, Queneau, Lévi-Strauss, Bateson, Copérnico,
Newton.
Outros objetos/ assuntos Elipse e foco (cosmologia), infinito, finito e ordem, limite (gozo), ponto-linha-
espaço-dimensão, contingência.
Matemática, notações "Primeiro, o a, que chamo de objeto, mas que ainda não passa de uma
algébricas, algoritmos letra" (9.01.73), "A gramática é o que se revela da linguagem apenas na escrita
(16.01.73). Fórmulas de sexuação (13.03.73), LA,

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ÿ(x), S(ÿ) (sem Outro do Outro, um-em-menos), S1 (significa puro,


enxame, lalíngua, o significante "um"), S2 (é deles, lalíngua), S1 ÿ S2
(desarticulação, S1{ S1 [S1 (S1ÿ S2)]}).

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Seminário “Les non-dupes errent”, 1973-1974

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso psicanalítico "Eu Datas das


matemático insisti nisso com os pés de chumbo, é sessões
Lógica bastante óbvio que se a lógica é o que digo, a ciência do Real, e nada mais, tão 13.11.73,
precisamente a característica da lógica, e como ciência do Real, é precisamente 12.02.74,
não fazer verdade (…) A letra é de certa forma inerente a esta passagem ao Real. 19.02.74, 9.04.74,
Aí é engraçado poder dizer que a escrita estava ali para provar, provar o quê, 14.05.74
provar a data da invenção" (9.04.74), "a lógica é a ciência do Real" (12.02.74, 19.02.
74, 9.04.74, 14.05.74), “imaginando o Real do Simbólico, nosso primeiro passo,
dado há muito tempo, é a matemática” (13.11.74). “A matemática de Freud, que
pode ser identificada na lógica de seu discurso, em sua própria errância. Ou seja,
à maneira como ele tentou adequar esse discurso analítico ao discurso científico.
Matemático Esse foi o seu erro. Isto é o que tem - não posso dizer "impedido", finalmente - de 13.11.73,
fazer matemática; como a matemática fazia assim, precisava de um segundo passo 11.12.73,
para depois poder inscrevê-la” (letras minúsculas, 13.11.73), “Isso se vê muito bem 20.12.73,
na ciência matemática. Quero dizer naquilo que é ensinável porque diz respeito ao 12.02.74, 9.05.74
real transmitido pelo simbólico” (13.11.74), “A verdade só pode ser dita pela
metade. Significa confirmar que não há verdade senão matematizada, isto é,
escrita, isto é, que só pode ser suspensa, como verdade, dos axiomas. Ou seja,
não há verdade senão o que não tem sentido” (11.12.73), a lógica de Aristóteles
esvazia o dito de seu sentido (12.02.74), matemática ÿ desejo de saber (05.9.74),
“chama-se die Grenzen der Deutbarkeit [o limite da interpretabilidade]. É algo que
tem uma estreita relação, enfim, com a inscrição do discurso analítico; é que se
esta inscrição é de fato o que eu digo dela, ou seja, o começo, o núcleo chave de
sua matemática, há todas as chances de que ela sirva ao mesmo propósito que a
matemática” (20.11.73).

Topologia “Ali, três não é uma suposição, porque nós, graças à teoria dos conjuntos, 18.12.73,
elaboramos o número cardinal como tal. O que você tem que ver, o que você tem 15.01.74
que apoiar, é isso: é questionar, questionar que não é um modelo, o que seria da
ordem da Imaginação. Não é um modelo porque, porque em relação a esses três,
você não é seu sujeito imaginando-o ou simbolizando-o, você está preso: você é
apenas – como sujeito – você não é que os pacientes dessa triplicidade” (15.01.74 ),
“é a topologia que, aí, sustenta, não é um sujeito que lhe é suposto; o que a
topologia suporta, a ideia, é abordá-la sem uma imagem, não as supor, não supor
essas letras para eles, como eles encontraram a topologia, supor apenas o Real
para eles” (topologia é o abandono da medida, 15.01.74), a topologia de Lacan não
é a mesma de Freud (18.12.73).

Diagrama “É porque os gregos não tinham a mesma relação com a escrita. A flor do que eles 23.04.74,
produziram são desenhos, é desenhar planos » 13.11.73, 8.01.74
(23.04.74), “O imaginário é sempre uma intuição do que deve ser
simbolizado” (13.11.73), “A consistência é de outra ordem que não a evidência. Ele
é construído a partir de algo de que eu acho que, sustentando-o com círculos de
barbante, algo passará disso que estou lhes dizendo: que é muito mais oco
(8.01.74).
nó borromeano “O círculo é intuitivo, irradia. Não se trata de obscurecer. Todo o seminário
É ele quem faz o Uno. É uma questão de nó, de receber seu efeito. Receber o efeito
a partir de seu Real, a saber, que não é Um. O nó borromeano, seu Real, é segurar
não é três: ele trança. Trança, e é aí que você tem que ver como o que eu propus
anteriormente, ou seja, que a ordem não é essencial ali, é o ponto
importante” (8.01.74), “talvez este ano eu faça você sentir o nó ( é mesmo o caso
de dizê-lo), o nó da questão, sobre o que eles chamam - eu falo de matemáticos,
eu não, eu não sou, sinto muito - do que eles chamam de "espaço vetorial".
(13.11.74), equivalência dos três registros lacanianos (13.11.73), “o nó borromeano,
foi abordado por meios matemáticos” (18.12.73), “Não é bem como as coordenadas
cartesianas; não é porque são três, não se engane. As coordenadas cartesianas
são geometrias antigas. É porque... é porque é um espaço, meu, como eu o defino
a partir dessas três mansões, é um espaço cujos pontos são determinados de
maneira bem diferente” (13.11.73), “a lógica, no entanto, tomou certas lições disso,
lições tais que todos nós chegamos à intuição vazia, não é?

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Gómez Carlos – Tese de Doutorado - 2017

não ? e que, atualmente, é tudo igual ao extremo em um livro de


matemática, dessa matemática moderna que sabemos ser execrável,
segundo alguns, podemos prescindir do menor número por muitos
capítulos” (11.13.73) , Nó borromeano como lógica do real (14.05.74),
nó borromeano dextrogiratório e levógiro, vizinhança.
Autores Grassmann (linguista e matemático), Spinoza, Descartes, Husserl,
Aristóteles, Pascal, Einstein, Edwin Abott (autor de "Flatland"), Newton,
Leibniz, Kant, Platão, Cantor, Peano, Hintikka (lógico), Wittgenstein,
Galileu, Saussure, Heidegger, Boole, Pierce, Bichat, Jakobson.
Outros objetos/ assuntos Não-todos = aleph zero (transifini, contável, 19.02.74), contando até 3
ou até 4, consistência do imaginário, tranças, triskel. "Invenção é
Matemática, escrever, e o que se requer em uma lógica matemática é muito
notações precisamente que nada se baseie na demonstração, exceto em uma
algébricas, algoritmos certa maneira de impor a si mesmo uma combinação perfeitamente
determinada por um jogo de letras" (9.04.74), "a função de escrever
(…) é o meu próprio materialismo” (9.04.73), (x) (função que obstrui a
relação sexual), S1 (identificação), S1ÿS2
(forçar, erro na função e no campo da fala), S2 (conhecimento
inconsciente).

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Seminário “RSI”, 1974-1975

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso Datas das


matemático psicanalítico Para consertar as sessões
Lógica coisas, que se chamam ideias, certo? e que não são ideias, para 17.12.74,
fixar as coisas onde elas merecem ser fixadas, isto é, na lógica, 11.03.75,
Freud não acredita em Deus” (17.12.74), lógica aristotélica (the 13.05.75
femme n'ek-siste pas tout , 11.03.75), “Acabo de introduzir o termo
'nomeação'. Eu tive que responder a ela recentemente sobre o que
foi coletado em um pequeno trabalho de lógicos sobre o que os
lógicos conseguiram afirmar até hoje, sobre o que é chamado de
"referente" (13.05 .75).

Matemático “Então, o que significa se eu afirmar que não há relacionamento sexual? É 14.01.75,
designar um ponto bem local, manifestar a lógica da relação, marcar aquele R 21.01.75,
para designar a relação, R ser colocado entre x e y, é entrar daqui em diante no 18.03.75,
jogo da escrita, e que , no que diz respeito à relação sexual, é estritamente 13.05.75,
impossível escrever x R y, de qualquer forma, que não haja elaboração logicizável
e ao mesmo tempo matematizável da relação sexual” (18.03.75), “O número três
é para ser demonstrado como o que é se for o Real, ou seja, o impossível" ("Eu
pararia em 4, 5, 6", 13.05.75), Peano e os números inteiros (o círculo de corda é
designado como zero, 14.01.75), "O inconsciente, por exemplo, tem um contador
nele? Não estou dizendo algo que possa ser contado, estou dizendo se há um
contador no sentido do personagem que você conhece que rabisca números.
Existe um contador no inconsciente? É bastante óbvio que sim. Cada inconsciente
não é um contador, é um contador” (14.01.75), número de ouro e nenhuma relação
sexual como racionalmente determinável (21.01.75).

Topologia “Há até matemáticos por tê-lo escrito na íntegra, todo o espaço é plano” (14.01.75), 10.12.74,
“É aqui que a topologia dá um passo. Ela permite pensar, mas é uma reflexão 14.01.75,
tardia, que a estética (que o que você sente, em outras palavras) não é em si 21.01.75,
mesma, como dizemos, transcendental: ela está ligada ao que podemos muito 18.03.75
bem conceber como contingência, para ter que é essa topologia que vale para
um corpo" (18.03.75), "'Dizer' é um ato: aquilo pelo qual 'dizer' é um ato é
acrescentar uma dimensão, uma dimensão de achatamento" (18.03. 75), "o
Imaginário está enraizado nas três dimensões do espaço" (10.12.74), "o ser que
fala está sempre em algum lugar errado. entre duas e três dimensões" ("Andamos,
mas não imaginamos que, porque andamos, estamos fazendo algo que tem a
menor relação com o espaço tridimensional", 14.01.75), "Se você ouvir falar às
vezes de um mundo quadridimensional, você saberá que neste mundo, calculável,
mas não imaginável, não pode haver tais nós” (21.01.75). “Peço que este nó
repudie a qualificação do modelo. Isso em nome do fato do que devemos supor
sobre o modelo: o modelo como acabei de dizer e isso, por causa de sua escrita,
está situado no Imaginário. Não há Imaginário que não suponha uma substância.
nó borromeano Todo o seminário

(…) E é nisto que afirmo que este modelo aparente que consiste neste nó, neste
nó borromeano, é uma excepção embora se situe também no Imaginário, é uma
excepção a esta suposição, a isto, que aquilo que ele propõe é que os três que
estão ali funcionem como consistência pura, ou seja, é só mantendo-se juntos
que eles consistem” (17.12.74), “A natureza abomina o nó, especialmente o
borromeano e, coisa estranha, isso que eu passo a coisa para você” (14.01.75),
“Olhe bem, eu já disse que se eu fosse um dia, assim, agarrado pelo nó
borromeano, está completamente ligado a essa ordem de eventos (ou advento,
como preferir) que se chama discurso analítico, e na medida em que o defini
como um elo social, hoje emergente. Esse discurso tem um valor histórico a ser
identificado” (8.04.75).

Diagrama Nó borromeano (linha infinita), trísquel, inibição-ansiedade-sintoma, nó


borromeano e prazeres, nó de quatro, tori entrelaçado, nó de Wittgenstein.

Autores Desargues, Euclides, Descartes, Platão, Peano, Newton, Aristóteles, Pierce,


Spinoza, Michel Thomé, Pierre Soury, Frege, Kripke, Heidegger, Riemman, Russell.

Outros objetos/ assuntos “A ciência pode ainda não ter percebido plenamente que se trata da matéria, é
como se tivesse um inconsciente, dito matéria, como se soubesse em algum
lugar o que estava fazendo” (14.01.75), consistência, ex-sistência, equivalência,
dextrogiro, levogiro.

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Gómez Carlos – Tese de Doutorado - 2017

Matemática, notações “O que o sintoma diz? É a função do sintoma, uma função a ser entendida como
algébricas, algoritmos faria a formulação matemática: ƒ(x).
O que é isso x? Isto é o que do inconsciente pode ser traduzido por uma letra,
visto que somente na letra a identidade de si para si é isolada de qualquer
qualidade. Do inconsciente todo Um, na medida em que sustenta o significante
em que consiste o inconsciente, todo Um pode ser escrito com uma
letra” (21.01.75), LA (um contável, o ÿ la), S1.

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Seminário “O Sinthoma”, 1975-1976

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso Datas das


matemático psicanalítico Lógica trinitária em sessões
Lógica Pierce (real, simbólico, imaginário, 16.03.76), “O que tento 16.03.76,
introduzir com a escrita do nó é nada menos que o que chamo 11.05.76
de lógica de sacos e cordas” (11.05.76).
Matemático “O nó borromeano não constitui um modelo na medida em que há algo 9.12.75, 13.01.76
próximo ao qual a imaginação falha (…)
a matemática do nó na topologia é insuficiente" (9.12.75), "A escrita me
interessa, pois acho que é através de pequenos pedaços de escrita que,
historicamente, entramos na realidade, ou seja, que se deixou de
imaginar. A escrita de pequenas letras matemáticas é o que sustenta o
real” (13.01.76). “a topologia assenta no facto de ter pelo menos (…) isto
Topologia que se chama toro” (10.02.76), linha recta infinita homóloga ao círculo (a 10.01.76,
recta infinita tem a virtude de ter o buraco a toda a volta, critique au 11.05.76
neurologisme, 11.05.76), “há a bolsa, cujo mito, se assim posso dizer,
consiste na esfera” (11.05.76).

nó borromeano Diferença entre mostrar e demonstrar, não é um modelo, “o nó bo muda Todo o


completamente o sentido da escrita. Dá a essa escrita uma autonomia, seminário
tanto mais notável que há outra escrita, aquela que resulta do que se tenta tirar
poderia chamar de uma precipitação do significante” (depois fala de todas as consequências da
Derrida, 11.05.76). nó borromeano
Matema “Claro que o ideal do matema é que tudo deve corresponder. Isso 16.03.76
sim é o que o matema, no real, lhe acrescenta. Com efeito, esta
correspondência não é o fim do real, ao contrário do que se imagina,
não se sabe porquê. Como disse anteriormente, só podemos alcançar
pedaços de realidade” 16.03.76.
Autores Aristóteles, Platão, Euclides, Cantor, Soury, Chomsky, Thomé, Kant,
Heidegger, Johan Listing (matemático), Desargues, Pierce, John Willard
Milnor (matemático), Newton, Einstein.
Outros objetos/ assuntos Contagem (“anunciei-vos no ano passado, que era para intitular o 18.11.75, 9.12.75,
Seminário deste ano de 4, 5, 6 (…) Isso não significa que os quatro em 9.03.76
questão sejam por isso menos pesados para mim », 18.11.75 ),
«condansação», consistência, número, citação, teoria dos conjuntos,
«Parece-me inevitável porque não há verdade possível enquanto tal
senão esvaziar este real. Além disso, a linguagem come o real” (9.12.75),
letra ƒ(x) (cujo sintoma é x), nó da cadeia. “(…) o que caracteriza lalíngua
entre todos, são os equívocos que aí são possíveis (…) das mulheres
gerou em cada caso lalíngua” (9.03.76), esfera armilar.

Matemática, La (a mulher não existe), ÿ e S(ÿ) (ÿ como fonação, fonção), S1


notações algébricas, (nome próprio Joyce, representante do sujeito), S2 (conhecimento).
algoritmos

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Seminário “O desconhecido que sabe da asa de Une-bévue até a morte”, 1976-1977

Objeto/sujeito Implicação, relevância, tratamento, uso Datas das


matemático psicanalítico “É, eu acho, bastante sessões
Lógica surpreendente que, no que chamo de estrutura do inconsciente, a 11.01.77,
gramática deve ser eliminada. Não devemos eliminar a lógica, mas 8.04.77, 17.05.77
devemos eliminar a gramática. Em francês, há muita gramática.
Em alemão há ainda mais. Em inglês há outro, mas de alguma
forma implícito. A gramática deve estar implícita para poder ter
seu justo peso” (11.01.77), “O próprio Peirce articula que para isso
precisaríamos de uma lógica ternária, e não, como a usamos, uma
lógica binária, é aliás o que me autoriza a falar da "alma de um
terceiro", como de algo que requer um certo tipo de relações
lógicas" (11.01.77), "é muito difícil não escorregar, nesta ocasião,
na imaginação do corpo, nomeadamente da cabeça grande. O
terrível é que é lógico e a lógica na ocasião, não é pouca coisa, a
saber, que é o parasita do homem" (8.03.77), essa lógica do Uno é
de fato o que permanece, o que permanece como existência
(8.03.77)" E a escrita só dá algo em matemática, a saber, onde
operamos, pela lógica formal, saber extraindo um certo número de
coisas que se define, que se define principalmente como axiomas,
e só se opera brutalmente extrair essas cartas, porque são
letras” (17.05.77). "que só há uma maneira, até agora, em
Matemático matemática, de contar os buracos: é passar, ou seja, fazer uma 18.01.77,
viagem tal que os buracos sejam contas. Este é o chamado grupo 15.03.77,
10.05.77
fundamental. É por isso que a matemática não domina totalmente o que está
envolvido. Quantos buracos há em um nó borromeano! (18.01.77), o que é mais
mental é aritmética porque conta (Gödel e o indecidível, Cantor e o contável,
10.05.77), Bem, é geometria” (15.03.77).

Topologia "O passe como montagem topológica que nos permitirá dar conta de forma tão 14.12.76, 8.02.77
eficaz quando um sujeito profere algo, ele é capaz de testemunhar, ou seja, de
transmitir a articulação de sua enunciação ao seu enunciado" (8.02.77 ), “ O
homem gira em círculos se o que digo sobre sua estrutura é verdade, porque a
estrutura, a estrutura do homem é tórica. Não que eu afirme que é tal. Digo que
podemos tentar ver onde está o problema, tanto mais que a topologia geral nos
encoraja a fazê-lo. O sistema do mundo até agora sempre foi esferoidal” (14.12.76).

Diagrama “A metáfora em uso para o que se chama de acesso ao real é o que se chama de 16.11.77
modelo. Há um certo Kelvin que se interessou muito por isso, o próprio Lord,
seu nome era Lord Kelvin. Ele considerava que a ciência era algo em que um
modelo funcionava e que permitia, com a ajuda desse modelo, prever quais
seriam os resultados, os resultados do funcionamento da realidade. Recorremos,
portanto, ao imaginário para ter uma ideia da realidade” (16.11.77), Gráfico do
desejo, inversões do toro, toros entrelaçados, correntes, tira de Möbius, porrete,
garrafa de Klein, nó borromeano, tranças, nó borromeano colocar em continuidade.

Autores Lord Kelvin (matemático), Frege, Descartes, Felix Klein, Pierce, Milner, Pierre
Soury, Hyppolite, Jakobson, Saussure, Cheng, Gödel, Kristeva, Bentham,
Aristóteles.
Outros objetos/ assuntos Tempo lógico, acabado, cortado.
Matemática, notações “O que eu chamo de impossível é o Real, se limita à não-contradição. O Real é o
algébricas, algoritmos impossível apenas de ser escrito, ou seja, não deixa de ser escrito. O Real é o
possível enquanto se espera que se escreva” (8.03.77), LA (mulher e não tudo),
S(ÿ) (que não responde, não existe o significante daquilo que o Outro não existe),
S1ÿS2 (fala do analista e fraude), S2 (duplo sentido).

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Seminário “O momento de concluir”, 1977-1978

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso Datas da


sujeito matemático psicanalítico “A lógica só sessão
Lógica pode ser sustentada por algumas coisas. Se não 15.10.77
acreditarmos gratuitamente que as palavras fazem coisas,
a lógica não tem razão de ser” (15.10.77).
Matemático “Eu estava lendo recentemente uma coisa chamada – está em quatro volumes
– O mundo da matemática. Como você pode ver, está em inglês. Não há o
menor mundo da matemática” (20.12.77), “A matemática refere-se à escrita, à
escrita enquanto tal; e o pensamento matemático é o fato de podermos
representar uma escrita” (10.01.78).

Topologia “A geometria euclidiana tem todas as características da fantasia. Uma fantasia 15.10.77
não é um sonho, é uma aspiração. A ideia da linha, da linha reta por exemplo,
é obviamente uma fantasia. Por sorte, saímos. Quero dizer que a topologia
restaurou o que deveria ser chamado de tecelagem. A ideia de vizinhança é
simplesmente a ideia de coerência, se nos permitirmos dar substância à
palavra 'ideia'” (15.10.77).

Diagrama Tori, nós, nós borromeanos, inversão toriÿtrica, faixa de Slade, inversão da
esfera.
Contar Contar é difícil e vou te dizer porque, é impossível contar sem dois tipos de 10.01.78
números. Tudo começa do zero.
Tudo começa do zero e todos sabem que o zero é absolutamente essencial.
(10.01.78).
Autores Popper, Pierre Soury, Descartes, Newman, Cantor, Milner.
Outros objetos/ assuntos “elemento neutro” e “elemento gerador” (aritmética, nó borromeano, 17.01.78),
Deformação, transformação.
Matemática, notações “Está mesmo no que o Real está aí. Está lá pelo jeito que eu escrevo. 10.01.78
algébricas, algoritmos Escrever é um artifício. O Real aparece assim apenas por um artifício, um
artifício li. ao fato de que há fala e até mesmo dizer. E dizê-lo diz respeito ao
que se chama a verdade. É por isso que digo que a verdade não pode ser
dita” (10.01.78), S(ÿ) (O suposto saber-ler-diferente, 10.01.78), S1ÿS2.

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Seminário “Topologia e tempo”, 1978-1979

Objeto/ Implicação, relevância, tratamento, uso Datas da


sujeito matemático psicanalítico "O que me sessão
Matemático incomoda no nó borromeano é uma questão matemática 20.02.79
e é matematicamente que pretendo tratá-la" (20.02.79)
Topologia “Ainda há uma lacuna entre a psicanálise e a topologia. O que eu procuro 21.11.78,
é essa lacuna, para preenchê-la. A topologia é exemplar, permite na 19.12.78
prática fazer um certo número de metáforas. Existe uma equivalência
entre estrutura e topologia.
(21.11.78), “A topologia é imaginária. Levou seu desenvolvimento apenas
com a imaginação. Há uma distinção a ser feita entre o Imaginário e o
que chamo de Simbólico. O simbólico é a fala. O imaginário é distinto
dele” (19/12/78).
Diagrama Nó Borromeu generalizado (03.13.79, 03.20.79), Slade strip, tranças,
Möbius strip, torus, torus (achatado)=Möbius strip.
Autores Vapereau, Soury.
Outros objetos/ assuntos Homotopia no nó borromeano generalizado.
Matemática, ____

notações algébricas,
algoritmos

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ......................................................... ......................................................... ......................................... 9


AGRADESIMIENTOS ................................................. ......................................................... ......................................... 11
AGRADECIMENTOS ......................................................... ......................................................... ......................... 13
DANKSAGUNGEN................................................................ .................................................. ............................................. 15
APERFEIÇOAMENTOS ....................................................... .................................................. .................................................. .. 17
INTRODUÇÃO................................................. .................................................. ....................................... 21

PROBLEMÁTICAS E ASSUNTOS 22
A ONTOLOGIZAÇÃO DO SER 28
ABRINDO UM ESPAÇO PARA A PSICOANÁLISE : A ALTERNATIVA DA EPISTEMOLOGIA FRANCESA E A
REPATRIAÇÃO DOS POETAS.................. ......... ......................................... ......... ......................................... 32
A epistemologia francesa é essencial para o caminho matemático ........................................ 33
A função poética em Jakobson e a repatriação dos poetas por Lacan ............................ 40
Síntese ................................................. . .................................................. . .......................................... 45
ANTECEDENTES E CONTEXTO 47
Nossa pesquisa anterior .............................................. ................................................................... ... .............. 47
Doxa e literatura analítica ............................................. .................................................. ......... 50
CARACTERÍSTICAS DA TESE 61
CAPÍTULO I – CIÊNCIA E PSICOANÁLISE................................................. .. .................................................. .. .. 67
1.1. FREUD E CIÊNCIA 68
1.1.1. Quatro teses fundamentais sobre a ciência em Freud................................................. ............... ......... 70
1.1.2. A garra científica freudiana: física e química “metapsicológica”
“sintático” ............................................. ................................................................... .................................... 82
1.1.3. Matematização e topologia em Freud ............................................. ......................... 84
1.1.4. Conclusões freudianas ........................................................ .................................................. ....... 88
1.2. A RELAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E PSICOANÁLISE EM LACAN 90

1.2.1. O campo científico é o solo nativo da psicanálise: do empirismo freudiano à formalização lacaniana
(1953-1963). ....................................................... .......... 93
1.2.2. A exclusão interna da psicanálise na ciência (1964-1967) .............................. 111
1.2.3. Psicanálise e Ciência como Práticas Discursivas (1968-1974) ............... 135
1.2.4. A literalização da ciência: a nodologia e a prática da “fofoca” (1975-1981)
.................................................. .................................................. .................................................. ....... 150
1.2.5. Conclusões Lacanianas ........................................................ .. .................................................. .. ..... 164
2.3. SÍNTESE INTERMEDIÁRIA 168
CAPÍTULO II – O MATEMÁTICO EM LACAN............................................. .................................................. ........173
2.1. LACAN E MATEMÁTICA 176
2.1.1. Metodologia para analisar o Mathème na obra de Lacan................................... 181
2.1.2. Lendo a análise do Mathème .................................................. ............................................. 182
Antes do ensino de Lacan, 1945-1953 ............................................. ................................................... 183
A inauguração do ensino de Lacan: formalização estruturalista, cosmologia koyreana,
Heidegger................................... ... ........................................................ ........................................................ .... 187
Diagramas e aparato de escrita: do modelo à topologia ........................................ ...... ........ 192
Nodologia: entre formalização, diagrama e objeto matemático ........................................ ...... .. 202
Desconstrução e formulação matemática ............................................. ......................... 209
Formalizações matemáticas ........................................................ .................................................. ... 214
Matemática e álgebra lacaniana ............................................. .................................................................... ...... ......224
2.1.3. Conclusões da análise do Mathème ........................................ ..... ......................... 250
Diagrama, dispositivos de escrita ............................................. ....................................................... ........ .. 252
Sujeitos e objetos matemáticos, fragmentos matemáticos ........................................ ......... 255
Formalizações ........................................................ ......................................................... ......................... 257
Matemática, notações algébricas, grafismo, taquigrafia ................................... .... .............. 258

quatrocentos e noventa e sete


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2.2. FREUD E MATEMÁTICA 261


2.3. SÍNTESE INTERMEDIÁRIA 267
CAPÍTULO III – O POEMA EM LACAN............................................. .................................................. .............. 277
3.1. LITERATURA, ESTÉTICA, ARTE E CRIAÇÃO 279
3.2. FREUD E POESIA 287
Síntese freudiana .................................................... ............................................. .... ................... 299
3.3. LACAN E POESIA 305
3.3.1. Lacan, o psiquiatra e poeta surrealista .............................. 309
3.3.2. O espaço entre Heidegger e a linguística moderna ........................................ .............. .............. 316
3.3.3. Poesia, sublimação e criação ex nihilo ............................................. .................................... 331
3.3.4. Literatura e arte como antecipação e suporte epistemológico................................ 335
3.3.5. Poesia escrita chinesa: do vazio mediano ao nó borromeano (entre o dito e o escrito)
.................................................. .................................................. .................................................. ....... 337
O prazer ......................................... .................................................. ................................... 343
Lalíngua, a função de significação determinante do som e da interpretação poética ....................... 345
O passo da escrita poética chinesa ao nó borromeano ................... 350
3.3.6. Síntese lacaniana ........................................................ .................................................. ............ 354
3.4. SÍNTESE INTERMEDIÁRIA 358
CAPÍTULO IV – POEMA E MATEMÁTICO EM LACAN : UM ESTUDO DE TRÊS CASOS ................................... ........ ......371
4.1. TRÊS CASOS DE ARTICULAÇÃO ENTRE POEMA E MATEMÁTICO ............................................. .......................................376

4.1.1. O MITO INDIVIDUAL DO NEURÓTICO : O MITO COMO FORMALIZAÇÃO DO PARADOXO 4.1.2. O 377
OLHAR E A VISÃO : DO ESPELHO À JANELA OU A TOPOLOGIA DA GEOMETRIA 388
4.1.3. POESIA COMO INTERPRETAÇÃO : TOPOLOGIA, RESON, LALANGUE E L'UNE-BEVUE 406
4.2. DESCOBERTAS .................................................... .................................................. ....................................... 419
CONCLUSÃO................................................. .................................................. .................................................. .425
APÊNDICE I: TABELAS MATEMÁTICAS DE REFERÊNCIA EM TODOS OS SEMINÁRIOS DE LACAN
439
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 475
ÍNDICE quatrocentos e noventa e sete

498

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