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COLLEGAMENTO CH - PENSAMENTO ESPIRITUAL

(in espressione brasiliana)

Castelgandolfo, 20 de abril de 2000

«As quatro palavras»

Caríssimas,
Feliz Quinta-feira Santa!
Neste mês de abril a nossa conexão telefônica coincide justamente com este dia tão
especial para todos os cristãos.
E nós que (devido à nossa espiritualidade que nasceu do carisma que o Espírito Santo
nos concedeu) o sentimos especialíssimo, não podemos deixar de fazer hoje uma pausa para
meditar um pouco, contemplar, procurar reviver os mistérios que este dia nos revela,
juntamente com os da Sexta-feira Santa, do Sábado de Aleluia e do Domingo de Páscoa.
Podemos resumir cada um destes dias com uma palavra que exprime, ou melhor,
“grita” há mais de 50 anos no Movimento o nosso "dever ser": Amor, a Quinta-feira Santa;
Jesus abandonado amanhã, a Sexta-feira Santa; Maria, o Sábado de Aleluia; o Ressuscitado,
o Domingo de Páscoa.
Portanto hoje, o Amor. A Quinta-feira Santa – e neste dia muitas vezes
experimentamos, ao longo dos anos, a doçura de uma particular intimidade com Deus– nos
recorda aquela profusão de amor que o Céu derramou sobre a terra.
Amor, primeiramente, é a Eucaristia, que nos foi doada neste dia.
Amor é o sacerdócio, que é serviço de amor e nos dá também a possibilidade de ter a
Eucaristia.
Amor é a unidade, efeito do amor que Jesus (num dia como este) implorou ao Pai:
"Que todos sejam um como eu e tu" (Jo 17, 21).
Amor é o mandamento novo que Jesus revelou neste dia antes de morrer: "Como eu
vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que
sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros" (Jo 13, 34-35). Este mandamento nos
permite viver aqui na terra segundo o modelo da Santíssima Trindade.
Amanhã: Sexta-feira Santa. Um único nome: Jesus abandonado.
Ultimamente escrevi um livro sobre Jesus abandonado intitulado: "O Grito". Eu o
dediquei a ele com a intenção de escrevê-lo também em nome de vocês, em nome de toda a
Obra de Maria, "como – esta é a dedicatória – uma carta de amor a Jesus abandonado".
Nele falo sobre Jesus, que, na única vida que Deus nos concedeu, um dia, um dia
específico, diferente para cada um de nós, nos chamou para segui-lo, para doarmo-nos a ele.

1.
É compreensível então –e ali eu o declaro – que todas as minhas palavras naquelas
páginas não podem ser um discurso, mesmo familiar, caloroso, íntimo, sincero; mas querem
ser um canto, um hino de alegria e, acima de tudo, de gratidão a ele.
Ele tinha doado tudo: viveu ao lado de Maria suportando dificuldades e sendo
obediente. Três anos de pregação; três horas na cruz, de onde perdoa os seus algozes, abre
o Paraíso ao Bom Ladrão, doa sua Mãe a nós (...). Restava-lhe a divindade.
A sua união com o Pai, a doce e inefável união com ele, que o tinha tornado tão
potente aqui na terra, como filho de Deus, e tão majestoso na cruz, a presença sensível de
Deus devia retrair-se no fundo de sua alma e tornar-se imperceptível, de alguma forma devia
separá-lo daquele com quem ele disse ser uma coisa só, até gritar: "Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste?" (Mt 27, 46).
Depois de amanhã é Sábado de Aleluia. Maria está sozinha. Sozinha com seu filho-
Deus morto. Um abismo de angústia inconsolável, um sofrimento dilacerante? Sim, mas ela
permanece firme, de pé, tornando-se um exemplo excelso, um monumento de todas as
virtudes. Maria espera, acredita. As palavras de Jesus que anunciavam a sua morte, mas
também a sua ressurreição, talvez tenham sido esquecidas por outros, porém nunca por
Maria: "Conservava estas palavras, com todas as outras, no seu coração e as meditava" (cf.
Lc 2, 51).
Portanto, Maria não sucumbe à dor: espera.

E, finalmente, o Domingo de Páscoa.


É o triunfo de Jesus ressuscitado que conhecemos e revivemos também em nós
pessoalmente, no nosso pequeno âmbito, após termos abraçado o abandono ou quando,
unidos realmente no seu nome, experimentamos os efeitos da sua vida, os frutos do seu
espírito.
O Ressuscitado deve estar sempre presente e vivo em nós neste ano 2000, no qual o
mundo deseja ver não só pessoas que acreditam e de alguma forma o amam, mas que são
também testemunhas autênticas, que podem dizer a todos por experiência, como a Madalena
disse aos Apóstolos após ter encontrado Jesus perto da sepultura, aquelas palavras que
conhecemos, mas que são sempre novas: "Nós o vimos! Sim, nós o descobrimos na luz com
que nos iluminou; o tocamos na paz que nos infundiu; ouvimos a sua voz no íntimo do nosso
coração; saboreamos a sua alegria incomparável".
Caríssimas, lembremos, então, nestes dias, essas quatro palavras: amor, Jesus
abandonado, Maria, o Ressuscitado. E para que se tornem vida, nada melhor do que
continuar a viver a frase: "Aquilo que me faz sofrer é meu", em relação aos irmãos que
sofrem, amando-os; a respeito dos nossos sofrimentos pessoais, abraçando Jesus
abandonado; nas provações da Obra, que é uma presença mística de Maria na Igreja e no
mundo, provações que devemos superar; no esforço de jamais nos privarmos dele em nós e
no nosso meio: o Ressuscitado.
"Aquilo que me faz sofrer é meu"! Tendo feito isso, tudo estará feito!

2.

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