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CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

PROJETO

COMPORTAMENTO FELINO E A INFLUÊNCIA DE FEROMÔNIOS ARTIFICIAIS

ANA CLARA GUERRA DE OLIVEIRA DIZ


JOÃO PEDRO RESENDE DO NASCIMENTO
KARLEN MARCELLE AQUINO DA SILVA
WEMILLY GABRIELLY NUNES FERREIRA
LUÍS FELIPE CAMPOS
BEATRIZ XAVIER FUNKE
RAISSA ZAGO CRUZ
CYNTHIA RAMOS

VALENÇA 2023

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CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

COMPORTAMENTO FELINO E A INFLUÊNCIA DE FEROMÔNIOS ARTIFICIAIS

ANA CLARA GUERRA DE OLIVEIRA DIZ


JOÃO PEDRO RESENDE DO NASCIMENTO
KARLEN MARCELLE AQUINO DA SILVA
WEMILLY GABRIELLY NUNES FERREIRA
LUÍS FELIPE CAMPOS
BEATRIZ XAVIER FUNKE
RAISSA ZAGO CRUZ
CYNTHIA RAMOS

Sob a orientação do professor


Ana Paula Aragão

Projeto apresentado ao curso de Medicina


Veterinária do UNIFAA, como parte das
exigências da disciplina de projeto integrador III

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RESUMO

Os felinos domésticos são animais que costumam sofrer muito preconceito das
pessoas, existem muitos mitos e medos em relação a esses animais, dentre algumas da falas
comumente ditas podemos citar “São animais frios e traiçoeiros”, “Eles não gostam do dono,
só da casa”, “gato brinca com espírito”, mas nada disso é verdade, os mitos que envolvem os
gatos não correspondem à realidade esse preconceito está relacionado com a falta de
conhecimento e informação sobre à espécie. O conhecimento e estudo sobre o comportamento
da espécie felina ainda é pequeno se comparado com os estudos sobre os cães, mas esse
cenário está sendo mudado, existem muitas pesquisas atuais sobre o tema visando a
compreensão e o bem estar desses animais.
Uma das maiores dificuldades de quem adota um bichinho de estimação pela primeira vez, é
saber quais comportamentos são normais e quais indicam alguma alteração, com o
comportamento dos felinos, essas dúvidas são ainda maiores, é necessário ter a compreensão
que o gato não é igual a um cachorro e nem vai apresentar os mesmos comportamentos, a partir
dessa diferenciação conseguimos enxergar os felinos como uma espécie singular. A falta de
informação a cerca do assunto também pode influenciar em um ambiente desagradável e
inadequado ao felino, sendo um fator que causa desconforto emocional e estresse a ele,
podendo causar alterações comportamentais como: Urina fora da caixa, lambedura excessiva,
perda de apetite, arranhadura nos móveis, comportamento agressivo com humanos ou outros
animais e excesso de vocalização . Um grande aliado utilizado no manejo comportamental dos
felinos são os feromônios artificiais, a utilização deles nos felinos pode auxiliar na modificação
do estado emocional do animal, reduzindo quadros de ansiedade e estresse, eliminando
algumas situações indesejadas como; mordeduras, arranhaduras e marcação de território. Seu
uso também é benéfico na redução de brigas e trás melhora na adaptação e convívio com
outros animais.
Além de todos benefícios citados, a utilização desses análogos sintéticos para os felinos pode
contribuir e facilitar o atendimento veterinário, o controle do estado emocional do animal
facilita a realização de procedimentos e torna o momento muito menos estressante para o
animal, facilitando o diagnóstico preciso e avaliação do Médico-Veterinário.

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Existem três tipos de correspondentes naturais de feromônios sintéticos para gatos disponíveis
no mercado: Facial F3 felino, maternal apaziguador felino e interdigital felino, a prescrição de
cada um é feita avaliando cada quadro individualmente, podendo serem utilizados de forma
isolada ou associados com diferentes técnicas.

1. INTRODUÇÃO

A relação entre felinos e humanos é bem antiga, porém mais recente que a dos cães,
data-se de cerca de 10 mil anos atrás, dando-se através de uma relação de mutualismo. Os
felinos eram atraídos por roedores que se alojavam em locais de armazenamento de grãos
destinados à alimentação humana. Diferente do cão, a domesticação do gato não resultou, a
princípio, em modificações do seu comportamento natural nem seleção
genética (Overall 1997).
O comportamento de um gato é fruto de sua genética combinada ao ambiente em que
vive e as suas primeiras experiências enquanto filhote. Desses resulta o seu temperamento que
determinará a forma que ele interagirá individualmente e com o grupo (DANIELA
RAMOS,2020). O termo temperamento, empregado em estudos comportamentais, é utilizado
para se referir a diferenças individuais em espécies não humanas, e, até então, a espécie felina
(FELIS SILVESTRIS CATUS). As visitas às clínicas veterinárias são consideradas um
“evento” de elevado estresse para muitos gatos e seus tutores, principalmente devido aos
problemas de manuseio e contenção do animal (Mariana Pamplona Perini,2021). Além dessa
dificuldade, existem fatores estressantes que incluem confinamento, viagem de carro até a
clínica, exposição à ambiente desconhecido (GRIFFITH et al., 2000) e manuseio intenso.
Os feromônios são compostos químicos biológicos e naturais, formados
principalmente por ácidos graxos que geram odores específicos e sinais visuais (HENZEL e
RAMOS, 2018).
Esses feromônios são secretados ao meio externo, de forma constante ou em locais e horários
específicos, pelos diferentes tipos de glândulas presentes na pele do animal e certas membranas
mucosas e juntam-se a outros fluídos corporais, como a urina. Isso produz respostas
comportamentais e fisiológicas nos animais receptores da mesma espécie (HENZEL e
RAMOS, 2018). Como exemplo, podemos dizer que os felinos sentem medo durante uma
consulta veterinária, eles podem liberar feromônios de alarme e são produzidas respostas

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emocionais e inconscientes em outros gatos que entrarem no ambiente e detectarem os
feromônios que estão presentes. Há estímulos apaziguadores, como a aplicação de feromônio
sintético para gatos e também a forma de manejo (atendimento cat friendly), além do
fornecimento de petiscos e do controle de ruídos e odores de outros animais. Tudo isso pode
amenizar reações exacerbadas. Em felinos, os feromônios apresentam funções sociais, sexuais
e reprodutivas e de território que são essenciais na comunicação intraespecífica entre os
animais da mesma espécie (HENZEL e RAMOS, 2018). A urina, a secreção vaginal, as fezes e
alguns tipos de glândulas representam importantes fontes de liberação de feromônios. A
presença dos feromônios é percebida por uma estrutura localizada no palato duro, denominada
de órgão vomeronasal. Nos felinos, as glândulas periorais que estão localizadas nos lábios,
queixo, vibrissas e bochechas são responsáveis por expelir secreções com feromônios, eles
possuem cinco feromônios faciais diferentes, nomeados como F1, F2, F3, F4 e F5, isolados das
secreções sebáceas das bochechas. Nos membros torácicos e pélvicos de gatos e cães estão
localizadas as glândulas podais. Ou seja, através dos coxins e da pele da região interdigital, os
animais secretam o suor emitido durante as reações de medo. Na área perianal estão localizadas
as glândulas (HENZEL e RAMOS, 2018):
supracaudais: permanecem ativas durante o ano inteiro e são mais desenvolvidas nos gatos
quando comparado aos cães. Também são essenciais nos comportamentos reprodutivos e
podem estar envolvidas na comunicação social entre os pets;
circum-anais: são mais desenvolvidas nos cães que nos gatos, estando localizadas ao redor do
ânus. Esse grupo também inclui as glândulas de suor modificadas e sebáceas, que
desempenham funções essenciais na vida social dos animais. A coloração da região pode
potencializar a eficácia do sinal semioquímico.
sebáceas dos sacos anais: são mais desenvolvidas em cães. Também são essenciais nos
comportamentos reprodutivos e na comunicação social entre os pets.
O complexo genital inclui as glândulas sebáceas do prepúcio nos machos e da vulva nas
fêmeas, além das glândulas mucosas uretrais ou genitais associadas. Logo após o parto, a
fêmea produz feromônios que são secretados pelas glândulas sebáceas dos sulcos mamários. A
substância pode auxiliar os neonatos a se orientarem, locomoverem e identificarem a fonte de
alimento primário, ou seja, a amamentação .A marcação territorial por urina é o principal

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comportamento indesejado pelos tutores de gatos e cães. O animal realiza a marcação urinando
pequenas em superfícies para sinalizar sua presença a outros felinos

O comportamento é mais comum em machos não castrados e pode estar associado a outros
comportamentos territorialistas.
Tanto a urina quanto as fezes são fontes complexas de feromônios nos animais e, portanto,
formas comuns de marcação de território. Porém, a liberação de urina com essa finalidade
ocorre com uma frequência muito maior. O gato percebe os feromônios produzidos e expelidos
por outros felinos que estejam presentes no ambiente através do estímulo do órgão
vomeronasal, que também é conhecido como órgão de Jacobson. Trata-se de uma estrutura
epitelial tubular vascularizada, localizada na parte rostral do palato duro sob o septo nasal. É
conectada com a cavidade oral através do ducto incisivo (HENZEL e RAMOS, 2018).
No bulbo vomeronasal, localizado no sistema nervoso, terminam os axônios dos neurônios
receptores do órgão de Jacobson, que enviam as projeções nervosas para a amígdala no sistema
límbico ou “cérebro emocional” (HENZEL e RAMOS, 2018).
O lúmen do órgão vomeronasal é ativado quando ocorre a percepção dos feromônios. A
vasoconstrição possibilita a abertura do lúmen para a passagem de ar, geralmente realizada
pela “reação de Flehmen”. Essa reação resume-se ao movimento de levantar os lábios após
identificar um cheiro não reconhecido, visando direcionar o odor para o órgão de Jacobson e,
assim, facilitar sua identificação (HENZEL e RAMOS, 2018).
Após a percepção do feromônio reconhecido, o animal apresenta uma resposta emocional
inconsciente que se manifesta independente de quem tenha liberado ou detectado o feromônio.
Também não depende de nenhum conhecimento prévio que o animal já possa ter adquirido
anteriormente. Tratam-se de respostas alarmantes, sociais, reprodutivas ou apaziguadoras que
já são pré-programadas para a espécie (HENZEL e RAMOS, 2018).
No atendimento clínico, existem várias práticas e protocolos acessíveis a fim de reduzir o
estresse e a agressão (MARIANA PAMPLONA PERINI, 2021). Assim, criou-se o programa
de certificação Cat Friendly Practice para clínicas e hospitais veterinários (SPARKES, 2013).
Busca-se proporcionar ao médico veterinário e sua equipe segurança e confiança ao
atender um paciente felino (BURNS, 2010;SPARKES;RODAN et al., 2011; MANLEY, 2012;
SPARKES, 2013; MONROE-ALDRIDGE, 2019). Os benéficios que o programa cat friendly

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podem ajudar a reduzir o estresse sentido pelo felino em ambientes desconhecidos,
contribuem para manter o animal tranquilo, permite uma avaliação mais tranquila e adequada
do paciente e evitam experiências traumáticas com o atendimento veterinário. (AAFP. 2020
Survey Results). Além disso, o uso de substâncias odoríferas, especialmente Catnip e
Feliway®, recebem bastante destaque também na tentativa de acalmar os efeitos estressores
ambientais, reduzir a ansiedade, o medo e a agressão, tanto durante o transporte quanto
durante a
permanência do gato em ambientes hospitalares (FRANK; BEAUCHAMP; PALESTRINI,
2010). Atualmente, existem três tipos de correspondentes naturais de feromônios sintéticos
para gatos disponíveis no mercado (HENZEL e RAMOS, 2018):
facial F3 felino: disponível em spray e difusor. É destinado para gatos e pode ser indicado nas
situações de marcação de território por urina, arranhadura excessiva ou inapropriada, casos de
hospitalização, cistite intersticial, estresse e adaptação a novos ambientes e animais;
maternal apaziguador felino: disponível em spray e difusor. É destinado para gatos e pode ser
indicado nas situações de conflitos entre gatos que dividem o mesmo território;
interdigital felino (FIS): disponível na forma líquida, em ampolas. É destinado para gatos e
pode ser indicado nas situações de arranhaduras em locais inapropriados.
Catnip ou erva-do-gato, recebeu este nome popular devido a sua ação irresistível sobre
gatos. A Catnip pode ser ofertada aos animais na forma de erva moída, óleo essencial, extrato
(BARANAUSKIENE; VENSKUTONIS;DEMYTTENAERE, 2003) e spray de óleo
(ZHANG; PLUMMER; MCGLONE, 2018). O fato de muitos felinos responderem
positivamente a essa planta, aliada ao seu baixo custo e fácil obtenção são condições
importantes para facilitar a utilização da mesma (BOL et al., 2017). Feliway® é o nome dado
ao feromônio F3 (feromônio facial) sintético, substância responsável por auxiliar o gato a
identificar estruturas e áreas que fazem parte de seu território (HEWSON, 2014). Após o uso
do Feliway®, os animais se tornam mais fáceis de manipular e mais calmos (PEREIRA et al,.
2015).

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

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Apresentar aos tutores e ao público geral o comportamento, expressões e a influência dos feromônios
artificiais nos felinos domésticos.

2.2. Objetivos Específicos

Informar os tutores sobre os diferentes comportamentos dos felinos domésticos e como é


possível analisar suas expressões para entender melhor quais sentimentos podem ser
observados. Além disso, também será apresentado a influência da utilização de feromônios
artificiais no comportamento dos felinos e como essa ferramenta pode ajudar em um manejo
menos estressante visando o bem estar animal no ambiente domiciliar e clínico.

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4. JUSTIFICATIVA

O conhecimento a cerca do comportamento felino é essencial para a manutenção do


bem estar entre felinos e humanos, compreendendo a espécie da forma correta os humanos
conseguem entender e identificar a maneira que os felinos se comunicam e manifestam seus
sentimentos. Problemas de comportamento são uma das principais razões de abandono de
felinos. Além disso, a falta de técnica no manejo desses animais e agressividade são fatores de
risco para transmissão de zoonoses.
Aos tutores é importante que o ambiente e manejo esteja sendo feito de forma
adequada em relação a espécie e a cada indivíduo, garantindo um conforto na relação entre
humanos e animais.
Para o público em geral, conhecer a espécie é importante para preconceitos e crenças
equivocadas serem quebradas e assim diminuir o abandono e maus tratos a esses e animais e
aumentar a chance de adoção.
No ambiente clínico o manejo cat friendly incluindo o uso de feromônios tem sido um
grande aliado na rotina para a condução de um atendimento menos estressante e seguro para
os felinos, tutores e médicos veterinários, a compreensão do comportamento e necessidades
do animal é de extrema importância para um atendimento de excelência. A diminuição de
comportamentos agressivos, de estresse ou medo é de extrema importância para a clínica, uma
vez que podem induzir a respostas fisiológicas, comportamentais e resultados de exames
laboratoriais alteradas, podendo levar a um diagnostico errôneo.

4.REFERENCIAL TEÓRICO

5. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo será conduzido em um período de 1 ano. Será delegado responsabilidades


para cada integrante do grupo, partindo de início com um formulário online disponibilizado
por uma ferramenta do Google, o Google Forms. Esse formulário terá como objetivo entender

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se os tutores de gatos domésticos compreendem os comportamentos de seus animais. O
questionário será destinado a população que tenham gatos em casa, com as seguintes
perguntas: nome, idade, formação, localidade, quantos gatos possui, se já ouviu falar na
utilização de feromônios artificiais (Feliway, etc), se já reparou em algum comportamento/
expressão do seu gato e caso tenha, para qual finalidade o gato costuma se expressar daquela
forma (pedir comida, carinho, etc). O formulário ficará disponível por 5 meses com o objetivo
de atingir 500 tutores. Após a coleta desses dados, será analisado a porcentagem de tutores
que conhecem os comportamentos de seus pets. Posteriormente, os 7 meses restantes terão
como foco desenvolver um artigo informativo sobre como é possível identificar as expressões
dos gatos domésticos e como funciona o uso de ferormônio artificial nesses animais, com base
nas pesquisas anteriores.

5. RESULTADOS ESPERADOS

6.CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Conforme a ABNT 6023:2018

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