Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MANAUS-AM
2023
ALEXANDRE WILLIAN PEREIRA AMARAL
Matrícula Nº 2018006090
MANAUS - AM
2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
CDD – 571.91
Aos meus pais, Ana e José, por sempre estarem ao meu lado, por todo sacrifício e
investimento que fizeram na minha vida. Agradeço também por serem os primeiros a
acreditarem nos meus sonhos e no meu potencial;
À Luly da Mota, pela amizade nesses 6 anos, que se manteve ao longo deste percurso
e que espero que seja para a vida.
A minha orientadora professora Doutora Larissa Quinto, por ter aceitado me orientar,
e pela disposição e paciência para auxiliar a escrita;
Por fim, aos meus filhos de quatro patas Angel e Gigante e todos os outros passaram
pela minha vida e não estão mais presentes.
“Sempre tente enxergar além Do que é
fácil ver Não é preciso imaginar Quando pode
apenas ser Deixa a vida acontecer Alguns
dentes vão cair Desafios vão surgir Mas isso é
crescer”.
S. – Sporothrix;
% - Por cento.
ITZ - Itraconazol
KI - Iodeto de potássio
FLC - Fluconazol
11
estar presente, aumentando a probabilidade de infecção. Além disso, a aglomeração de gatos
em colônias urbanas também pode favorecer a transmissão e disseminação do agente
causador da doença (Farias, 2000).
Portanto, diante do aumento de casos da enfermidade em gatos, da relevância dos
felinos na propagação da doença, das manifestações clínicas graves e das limitações
terapêuticas nessa espécie, reforça-se a importância de esclarecer a abordagem clínica pelos
Médicos Veterinários, assim como as limitações e modalidades terapêuticas disponíveis.
Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão da literatura
acerca da terapêutica da esporotricose felina.
2. ETIOLOGIA
Durante muito tempo o agente etiológico Sporothrix schenckii foi atribuída como
única espécie da esporotricose, porém novos estudos apresentaram que o Sporothrix spp. é
um complexo constituído por várias espécies, S. schenckii sensu stricto, S. brasiliensis, S.
globosa e S. luriei, com maior potencial patogênico e espécies ambientais com menor
potencial patogênico, S. mexicana, S. pallida. Sendo a S. brasiliensis a responsável pela
grande maioria dos casos humanos e animais no Brasil (Carvalho,2016).
12
tendo sido isolado no solo principalmente em matéria orgânica em decomposição, folhas
secas, madeira, locais com vegetação, especificamente em espinhos de roseiras (Cardoso;
Lima; Teixeira, 2015).
O fungo desse gênero tem uma distribuição cosmopolita, tendo maior frequência em
áreas tropicais e temperadas ele se desenvolve de acordo com a umidade, em locais com 92
a 100% de umidade viabilizam condições perfeitas para seu crescimento (Pires, 2017).
3. PATOGENIA
4. TRANSMISSÃO
13
Para os felinos, a infecção pode acontecer por de mordeduras ou arranhaduras
durante brigas, brincadeiras ou cópula com gatos infectados, ou pode ocorrer por contato
direto com o solo (Larsson, 2011). Devido ao hábito de limpeza com a língua, podem
transportar o agente infeccioso para a mucosa oral, esse comportamento facilita a
transmissão do agente durante mordeduras que causam lesões cutâneas (Bison, 2019). Após
a inoculação, há um período pré-patente. A duração desse período varia de acordo com o
estado imunológico do animal, e em casos mais graves, a infecção pode se disseminar pelo
corpo, tornando-se sistêmica (Larsson, 2011).
A transmissão para humanos não está ligada a fatores predisponentes, e sim ligada a
atividades ocupacionais e hábitos que favorecem a infecção, ou seja, é mais comumente
identificada em pessoas que trabalham com plantas e solo ou em pessoas que mantêm
contato com animais (Ferreira, 2022). Ocasionalmente ocorre em ambiente profissional
como médicos veterinários, estudantes de medicina veterinária, tosadores e tratadores
(Larsson, 2011).
5. ASPECTOS CLÍNICOS
No Brasil, alguns estudos demonstram que felinos macho, com faixa etária média de
2 anos são mais acometidos. Geralmente se manifestam em duas ou mais lesões pelos
membros torácicos, superfície de mucosa e cabeça. Também é comum desenvolver quadros
respiratórios (Larsson, 2011).
Por ser uma micose subcutânea a esporotricose pode se apresentar clinicamente
como uma única lesão ou com múltiplas lesões cutâneas, frequentemente gatos desenvolvem
a forma sistêmica, a forma mais comum se caracteriza por múltiplas lesões que envolvem
mucosas sobretudo a nasal, mucosa oral, conjuntival e genital também podem ser acometida
(Gremião et al., 2020).
14
A forma cutânea fixa e disseminada são as mais encontradas em gatos. Geralmente
ocorre em duas ou três áreas lesionadas na cabeça, orelhas (Figura 1), principalmente no
focinho, nos membros torácicos ( figura 2), na cauda e nas superfícies mucosas (Larsson,
2011; Bazzi et al., 2016). Em gatos se manifesta clinicamente como lesões nodulares ou em
placa, firmes, alopécicas e indolores que fistulam ou ulceram , produzindo líquido
serossanguinolento (Bazzi et al. 2016).
15
IMAGEM 2- Lesões esporotricose
localizada em porção distal do
membro torácico de felino. (Amaral,
2023).
No Brasil, lesões em gatos, no nariz, causada pelo agente Sporothrix sp. são
chamadas de “ nariz de palhaço” isso se deve ao inchaço causado pela infecção (Bison,
2019).
6. DIAGNÓSTICO
16
No entanto, outras alternativas como exames citopatológicos e histopatológicos são
muito úteis para o diagnóstico em um período menor, a histopatologia é feito por biópsia já
a Citopatologia é pela técnica de impressão das lesões cutâneas, mesmo com resultado
negativo a doença não é descartada (Gremião et al., 2020). Estes são considerados métodos
padrão-ouro para diagnóstico (Bison, 2019).
7. CONTROLE E PROFILAXIA
Os gatos devem ser mantidos “indoor” (sem acesso à rua) em áreas endêmicas para
evitar contato com gatos infectados ou reservatórios do agente. Essa recomendação é
especialmente importante para animais imunocomprometidos , como aqueles infectados por
retroviroses ou que estão tomando medicamentos imunossupressores (Rosa, 2017).
17
métodos profiláticos, como a castração, e a importância de isolar o animal em tratamento
(Assis et al. 2022).
8. MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizada uma revisão narrativa da literatura científica. A pesquisa foi realizada
nas seguintes plataformas de bases de dados em saúde: Pubmed
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/); BVS-Biblioteca virtual em saúde
(http/bvsalud.org/); Scielo- Scientific eletronic Library Online (https:www.scielo.br/); Portal
de Periódicos CAPES (https:www.periodicos.capes.gov.br/); Google acadêmico
(https://scholar.google.com.br/) e Lilacs (http://lilacs.bvsalud.org/).
9. DISCUSSÃO E RESULTADOS
10. POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS NA ESPOROTRICOSE
Os derivados azólicos são agentes sintéticos que possuem ação sobre o 14-α
esterol desmetilase oferecendo uma ampla ação antifúngica. Sua atuação ocorre por meio da
inibição da biossíntese de lipídios, particularmente do ergosterol, um componente essencial
da membrana fúngica. Por ser uma terapia considerada segura e efetiva, esses fármacos são
considerados de eleição para tratamento de esporotricose em animais, porém quando usado
isoladamente há vários relatos de falha terapêutica e recidivas (Rosa et al., 2018).
18
10.1.1 Itraconazol
10.1.2 Cetoconazol
19
Em casos onde o itraconazol é insuficiente, como em pacientes com sinais
respiratórios e lesões na região nasal (Reis et al, 2012). Há relatos sobre o uso de
cetoconazol com doses de 2,5 a 40 mg/kg a cada 12 ou 24 horas. O fármaco pode causar
efeitos adversos além de apresentar toxicidade para o fígado. Por isso, ao iniciar o
tratamento com o cetoconazol, é necessário realizar o monitoramento das enzimas hepáticas
( Reis, 2011).
Um estudo feito em 773 gatos comparando a segurança e eficácia do itraconazol
(ITZ) e do cetoconazol, onde o tempo necessário para resolução dos sinais clínicos foi
semelhante nos dois grupos, no entanto o grupo tratado com itraconazol teve melhor
terapêutica e menos eventos adversos gastrointestinais do que ao cetoconazol (Pereira et al.,
2010).
Em seu guia para o tratamento da esporotricose, Lloret et al. (2013) afirmam que o
cetoconazol é usado com frequência em cães em vez do iodeto de potássio. Isso significa
que o cetoconazol pode ser um método alternativo para tratar gatos infectados. Ainda assim,
quando comparado ao itraconazol, seus efeitos hepáticos são mais comuns.
10.1.3 Fluconazol
20
Reis et al. (2012) fez um estudo em 48 gatos onde avaliou o tratamento com iodeto
de potássio (KI), foi estabelecido tratamento com KI manipulado em cápsula com dose
inicial de 2,5mg/kg a cada 24h, em seguida a cada cinco dias as doses foram aumentadas
progressivamente, até que uma resposta clínica fosse alcançada ou aparecesse sinais de
toxicidade, da seguinte forma: 5m/kg, 10mg/kg, 15mg/kg, 20mg/kg a cada 24h. Os gatos
apresentaram taxa de cura de 47,9% e a falha do tratamento de 37,5%. Mesmo que gatos
tratados com iodeto apresentem efeitos clínicos adversos, isso não impede a sua utilização,
pois efeitos tóxicos são reversíveis com a suspensão do uso ou quando administrado em
doses mais baixas, assim, o monitoramento clínico e bioquímico é recomendado para
reajuste da dose (Reis et al. 2012).
O mecanismo de ação dos iodetos ainda é desconhecido. Alguns autores indicam que
o iodo aumenta a resposta imune, no entanto o mecanismo do qual ocorre não foi elucidado.
A dose recomendada para tratamento da esporotricose felina pode variar de 10-20mg/kg a
cada 12 ou 24h, via oral (Pereira et al. 2018). Os felinos apresentam sensibilidade às
preparações de iodetos e devem ser monitorados pois pode acontecer iodismo, como
anorexia, vômito, diarreia e depressão. Nesses casos o fármaco pode ser suspenso
temporariamente e estabelecendo doses mais baixas (Reis, 2011).
A terapia contínua com KI pode causar tireoidite, hipo ou hipertireoidismo e
interrupção da produção endógena de hormônios tireoidianos. Após um mês de tratamento,
deve ser feito o teste do estimulador hormonal da tireóide para garantir que a função
tireoidiana permaneça normal (Reis et al. 2012).
Da Rocha et al (2018) relataram que a associação de iodeto de potássio ao
itraconazol apresentou eficácia no tratamento de esporotricose refratária ao ITZ,
especialmente em quadros que envolvem lesões na mucosa nasal e presença de sinais
respiratórios.
10.3 Terbinafina
21
demonstram que a administração do fármaco com doses de 10 e 40 mg/kg não apresentaram
efeitos colaterais, porém ainda são escassas análises sobre sua efetividade no tratamento de
esporotricose felina (Meinerz, 2007).
Segundo Meinerz et al. (2007) os efeitos colaterais associados ao uso da terbinafina
geralmente são leves e transitórios. Quando recebidos por via oral ou tópica, os sinais de
intoxicação mais comuns incluem anorexia, náuseas, vômitos, diarréia e urticária.
Terbinafina tem ação efetiva em tratamento das dermatofitoses e infecções fúngicas
superficiais, e em estudos utilizando 30 mg de terbinafina por via oral a cada 24 horas, se
mostrou efetiva no tratamento de esporotricose felina. Pode ser utilizada como monoterapia
ou associada ao itraconazol (Dos santos, 2021).
Na terapêutica de felinos, deve ser considerado o uso quando houver suspeita de
resistência, intolerância ou pouca resposta ao itraconazol. A dose recomendada para gatos é
de 30 mg a cada 24 horas (Lloret et al. 2013).
10.4 Anfotericina B
22
de desenvolver nefrotoxicidade em pacientes parece ser reduzida por este protocolo e pelo
uso de fluidoterapia prévia ( Rosa, 2017).
10.6 Termoterapia
Honse et al (2010) relataram a cura clínica de um gato que apresentava uma única
lesão cutânea de esporotricose, utilizando somente a termoterapia local, foi utilizado bolsa
térmica com uma temperatura variando de 40 a 42ºC por 15 minutos, duas vezes ao dia, por
sete semanas. Após três semanas, a lesão cicatrizou completamente e não foi observada
disseminação para linfonodo regional. O tratamento continuou por mais quatro semanas e o
gato recebeu alta. Esse tratamento no gato existem várias limitações como a localização das
lesões, determinar o momento de suspender a terapia e de determinar a temperatura correta e
ainda é necessário que o paciente apresente a forma fixa da esporotricose (Honse et al.
2010).
23
enrofloxacina (5mg/kg/sid, durante 20 dias) associada ao itraconazol (20 mg/kg/sid/). Essa
modalidade também apresenta limitações, assim como a termoterapia, a principal limitação
de tratamento é a localização da lesão, pois deve estar em local anatômico que permita a
intervenção cirúrgica.
A esporotricose está se tornando uma zoonose cada vez mais prevalente no Brasil.
Os felinos desempenham um papel crucial na disseminação dessa doença, pois carregam
uma quantidade significativa das leveduras causadoras em suas lesões.
O itraconazol mantém-se como a principal opção de tratamento para a esporotricose
na prática clínica veterinária, apesar do aumento dos relatos de falhas terapêuticas. Em
situações onde o itraconazol se mostra ineficaz, a associação com o iodeto de potássio tem
sido frequentemente utilizado como uma alternativa bem-sucedida.
A associação de terapias não farmacológicas com as farmacológicas tem sido uma
alternativa viável. Assim como terapias adjuvantes que envolvem imunomodulação têm o
potencial de reduzir o tempo necessário para tratamento.
O uso da termoterapia e das intervenções cirúrgicas tem bons resultados, mas são
limitados a casos muito específicos.
A escolha da terapia vai depender da avaliação da gravidade da doença, da forma
que a doença se apresenta no animal, do estado imunológico do paciente e do tipo e
extensão das lesões
24
REFERÊNCIAS
CHAVES, Adriana da Roza et al. Evolução clínica dos casos de esporotricose felina
diagnosticados no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC)/Fiocruz no período
de 1998 a 2005. 2011. Tese de Doutorado.
Da Rocha, R. F. D. B., Schubach, T. M. P., Pereira, S. A., dos Reis, É. G., Carvalho, B. W.,
& Gremião, I. D. F. (2018). Refractory feline sporotrichosis treated with itraconazole
combined with potassium iodide. Journal of Small Animal Practice. doi:10.1111/jsap.12852
25
G. A. .; STELLA, A. E. ESPOROTRICOSE FELINA E SAÚDE PÚBLICA. Veterinária e
Zootecnia, Botucatu, v. 29, p. 1–10, 2022. DOI: 10.35172/rvz.2022.v29.594. Disponível em:
https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/594.
Gremião IDF, Oliveira MME, Monteiro de Miranda LH, Saraiva Freitas DF, Pereira SA.
Geographic Expansion of Sporotrichosis, Brazil. Emerg Infect Dis. 2020
Mar;26(3):621-624. doi: 10.3201/eid2603.190803. PMID: 32091376; PMCID:
PMC7045854.
GREMIÃO, Isabella Dib Ferreira et al. Tratamento cirúrgico associado à terapia antifúngica
convencional na esporotricose felina. Acta Scientiae Veterinariae, v. 34, n. 2, p. 221-223,
2006.
Honse, CO, Rodrigues, AM, Gremião, IDF, Pereira, SA, & Schubach, TMP (2010). Uso de
hipertermia local no tratamento da esporotricose em gato. Registro Veterinário, 166(7),
208–209. doi:10.1136/vr.b4768
LUTZ, Adolpho; SPLENDORE, Alffonso. Sobre uma micose observada em homens e ratos:
contribuição para o conhecimento das assim chamadas esporotricoses. Revista Médica de
São Paulo, v. 21, p. 443-450, 1907.
Nakasu CCT, Waller SB, Ripoll MK, Ferreira MRA, Conceição FR, Gomes ADR, Osório
LDG, de Faria RO, Cleff MB. Feline sporotrichosis: a case series of itraconazole-resistant
Sporothrix brasiliensis infection. Braz J Microbiol. Mar;52(1):163-171. 2021.
Pereira SA, Passos SR, Silva JN, Gremião ID, Figueiredo FB, Teixeira JL, Monteiro PC,
Schubach TM. Response to azolic antifungal agents for treating feline sporotrichosis. Vet
Rec. 2010 Mar 6;166(10):290-4. doi: 10.1136/vr.166.10.290. PMID: 20208075.
REIS, Érica G. et al. Potassium iodide capsule treatment of feline sporotrichosis. Journal of
feline medicine and surgery, v. 14, n. 6, p. 399-404, 2012.
26
ROSA, Cristiano Silva da. Esporotricose felina e canina em área endêmica: epidemiologia e
tratamento. 2017.
27