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O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO DA

REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI: ANÁLISE DAS


CIDADES DE CRATO, JUAZEIRO DO NORTE E BARBALHA.

Aline Alves de Oliveira1


Ana Cristina dos Santos Morais2
William Eufrásio Nunes Pereira3

Resumo: A urbanização ocorreu desde o momento em que as atividades produtivas


passaram a basear-se nas trocas comerciais. Porém, é com a industrialização que a
urbanização se torna intenso. A presença da indústria criou forças polarizadoras em
torno de um único centro formando as primeiras aglomerações urbanas. No Brasil, a
industrialização ocorrida após a crise de 1929 deslocou grandes fluxos populacionais
para a região centro-sul. No Nordeste, a urbanização foi lenta e limitada, reflexo da
estrutura agrária concentradora. A partir da década de 1960, com as políticas de
desenvolvimento regional foi que o Nordeste desencadeou um acelerado crescimento
urbano. O Cariri cearense na década de 1960 passa por um processo de
industrialização, porém na década de 1990 a região se consolida como polo industrial
e se tornou um dos polos de desenvolvimento do Ceará, por conta disto foi criada a
Região Metropolitana do Cariri. Por isto, o objetivo deste trabalho é descrever o
processo de industrialização e urbanização da Região Metropolitana do Cariri, tendo
como referência as cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. A metodologia
utilizada é bibliográfica e descritiva com base em dados secundários do IBGE e da
RAIS - MTE.
Palvras-chaves: Desenvolvimento Regional; Industrialização; Região Metropolitana
do Cariri.

1 Introdução

A urbanização no seu sentindo mais simples, o de aglomeração de pessoas,


ocorreu desde o momento em que as atividades produtivas passaram a basear-se nas
trocas comerciais. Segundo Braga (2004), as primeiras cidades surgiram quando a
evolução da agricultura permitiu a produção e estocagem de excedentes e as
sociedades tornaram-se mais complexas, com o surgimento das classes sociais
baseadas na divisão social do trabalho. Porém, é com a industrialização que a
urbanização se torna intensa, a presença da indústria criou forças polarizadoras em
torno de um único centro formando as primeiras aglomerações urbanas, que se

1
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Economia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Email: linealvesoliver@gmail.com
2
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Economia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Email: crystynamorays@hotmail.com
3
Doutor em Ciências Sociais (UFRN) e professor do Departamento de Economia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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constituíram de um núcleo e uma região periférica com intenso fluxo de comércio,
serviços públicos e mão de obra. Desta forma surge o fenômeno da urbanização, este
fenômeno alterou a estrutura espacial geográfica com migração do campo para a
cidade, principalmente pós 2ª Guerra Mundial.
A urbanização reconfigurou a ocupação territorial e distribuição populacional
nos Estados desenvolvidos e os que se propunham a tornar-se desenvolvidos. No
Brasil, a industrialização ocorrida após a crise de 1929 deslocou grandes fluxos
populacionais para a região centro-sul. A dinâmica dos fluxos populacionais e do
crescimento urbano brasileiro em direção ao centro-sul só se alterou, a partir da
década de 1960, com as políticas de desenvolvimento regional direcionadas para as
regiões periféricas (Norte e Nordeste) do Brasil.
No Nordeste, a urbanização foi lenta e limitada, reflexo da estrutura agrária
concentradora. Como o setor agrícola era intensivo em mão de obra, a baixa
capitalização e produtividade eram insuficientes para o desenvolvimento regional,
reduzindo a atração exercida pelas cidades. Somente em 1956 sob o Governo de
Juscelino Kubitschek, formou-se o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do
Nordeste (GTDN), cujo relatório preconizou reformas estruturais na economia
nordestina. A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), fruto do
relatório GTDN, enfatizava a indústria como o caminho mais viável para o crescimento
da região periférica. Contudo, a industrialização do Nordeste, tornou-se o foco de
atuação do órgão federal, por meio de um vasto programa de incentivos fiscais, e só
então, desencadeava um acelerado crescimento urbano no Nordeste.
Após a Segunda Guerra Mundial, as discussões sobre planejamento regional
se baseavam nas Teorias de Polos de Desenvolvimento. A SUDENE norteou-se por
essa teoria, que preconizava a implantação de estruturas produtivas modernas em
pontos específicos do território, induzindo o desenvolvimento regional.
Segundo Brandão (2007), na Bahia, essa estratégia conduziu à criação do Polo
Petroquímico de Camaçari e do distrito industrial de Aratu, ambos na Região
Metropolitana de Salvador. A SUDENE também gerou polos de bens intermediários
como as indústrias de fertilizantes de Sergipe e o complexo químico de Alagoas. Em
Pernambuco, os investimentos concentram-se em algumas cidades que fazem parte
da Região Metropolitana de Recife, com predominância das indústrias de bens
duráveis. No Ceará, os incentivos contribuíram para a formação de um importante polo
têxtil em Fortaleza, baseado em capitais locais.
No caso do Cariri cearense, esta já era uma região consolidada devida, a sua
tradição agrícola e comercial. Mas foi na década de 1960 que a região passa por um
processo de industrialização, efetuada por agências do governo estadual que
buscavam planejar a industrialização nas regiões menos favorecidas. Porém, foi na
década de 1990 que a região se consolida como polo industrial por conta, da política
de incentivos fiscais do governo estadual. Hoje a influência econômica dessa região
vai além dos limites estaduais.
Por isto a Região Metropolitana do Cariri (RMC) foi criada, pela Lei
complementar estadual do Ceará nº78 de 2009. Segundo o Art. 1º (2009), ela foi
instituída, face ao que dispõe o Art. 43 da Constituição Estadual, constituída pelo
agrupamento dos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão
Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comun.
De acordo com Cartaxo (2009), o objetivo principal da criação da RMC foi
constituir uma circunstância cultural e socieconômica capaz de compartilhar com
Fortaleza a atração de população, equipamentos, serviços e investimentos públicos e
privados, além de contribuir para o fortalecimento das cidades com capacidade para

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absorver o crescimento urbano, e simultaneamente, proporcionar o desenvolvimneto
socieconômico e o combate a pobreza do Estado. Das cidades que compõe a região,
Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha já se destacavam, a cornurbação destas três
cidades forma o polo CRAJUBAR, este detém os maiores índices de urbanização da
região, enquanto o restante das cidades da região metropolitana possui população
majoritariamente rural. Desta forma é notório que o CRAJUBAR apresenta unificação
da malha urbana das cidades bem como um adensamento na ocupação destas áreas
ou, em outros termos, uma conurbação física e que as demais cidades desempenham
papel secundário na região, exercem em grau maior uma relação de dependência para
com o CRAJUBAR, e não ainda de interdependência – física e funcional – como
verificado em relação a aquelas três cidades.
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é descrever o processo de
industrialização e urbanização da Região Metropolitana do Cariri, tendo como
referência as cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. A metodologia utilizada
é bibliográfica e descritiva com base em dados secundários do IBGE e da RAIS - MTE.
Além desta introdução, o presente trabalho está dividido em duas seções mais a
conclusão, a primeira seção descreve o processo de industrialização e urbanização do
Cariri cearense, especificamente das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha.
A segunda trata caracterização e dinâmica econômica da Região Metropolitana do
Cariri (RMC)

2 Urbanização e Industrialização do Cariri Cearense

Segundo Beserra (2006), o processo de industrialização do Cariri cearense foi


um fenômeno que ocorreu associado às escalas local, regional, nacional e global. No
geral, se confunde com um processo maior, o de industrialização do Estado do Ceará.
Amora (2005) estabelece uma periodização conquanto à industrialização cearense em
três momentos: o primeiro vai do fim do século XIX estendendo-se até os anos 1950; o
segundo se inicia nos anos 1960 até meados dos anos 1980 e; o terceiro vai dos anos
1980, intensificando-se nos anos 1990, até hoje. Nestes mesmos moldes ocorreu à
industrialização da região do Cariri, o primeiro período acima citado é caracterizado
pelas indústrias têxteis, de óleo vegetal, couros e peles cujo vetor principal para sua
instalação foi à existência de matérias-primas de origem agrícola e pecuária, com
destaque à produção do algodão. Para Lima Junior (2009), reproduziam-se em terras
cearenses as características socioeconômicas da civilização do couro e o algodão
promoveu o florescimento de importantes núcleos urbanos no sertão – como, por
exemplo, Iguatu, Quixadá, Quixeramobim e principalmente Icó, além do Crato na
região do Cariri, a produção era voltada, principalmente ao mercado externo.
Para Araújo (2006), no Cariri, a ocupação e a industrialização inicialmente,
ocorreram em decorrência da expansão da agricultura. A disponibilidade de recursos
naturais, como potencial hídrico, condições climáticas e solos férteis permitiu uma
produção diversificada no Vale. A mandioca (cultura mais antiga do lugar), a cana-de-
açúcar e o algodão ocupavam lugar de destaque, fazendo surgir indústrias
elementares, como os engenhos de rapadura, casas de farinha e indústrias de
beneficiamento de algodão. O algodão que se destinava à subsistência, a partir de
1860, se transforma em produção comercial exportadora, com a demanda europeia de
matérias-primas. A Guerra de Secessão norte-americana forçou os ingleses —
grandes consumidores do produto, em razão da força de sua indústria têxtil — a
buscarem novas fontes de abastecimento. Desta forma, o Nordeste e o Ceará se

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integravam ao mercado mundial em expansão, ingressando numa era de crescimento.
Os efeitos desse crescimento, no Ceará, foram marcantes, refletindo diretamente na
ampliação do comércio e na diversificação da produção.
No Cariri outro fator importante para a ocupação e industrialização foi o surto
comercial ocorrido na região devido à vinda de comerciantes do Icó para o Crato,
como também a presença do Pe. Cícero em Juazeiro do Norte, o que atraiu muitos
imigrantes para a região. O cenário caririense foi modificado entre as décadas de 1850
e 1950. Mudanças ocorreram nos mais diversos planos: econômico, social, político,
cultural. No plano político, a independência de Juazeiro do Norte, com sua elevação à
categoria de município em 1911, foi, sem dúvida, o ponto mais marcante. Também
relevante foi à importância e o poder de barganha alcançado pelo Cariri no contexto da
política cearense, sobretudo com a dinâmica dos municípios de Juazeiro, Crato e
Barbalha, num processo que mais tarde iria resultar na conurbação CRAJUBAR.
As décadas de 1960-1980 segundo Araújo (2006) caracterizam, sobretudo,
pelas políticas de incentivos fiscais, para a promoção da industrialização do Estado,
desencadeadas pela SUDENE, primeiro órgão de planejamento regional que se
apresentou como uma nova forma de atuação do governo federal. Para a SUDENE, a
industrialização seria a condição sine qua non para o desenvolvimento regional. Isto
porque, dentre outros fatores, os anos 1956-60 mostravam a industrialização como
força propulsora da economia brasileira, sobretudo as indústrias de bens de capital e
de consumo durável, concentradas no Sudeste brasileiro.
Os estados mais beneficiados com os recursos da SUDENE foram
Pernambuco, Bahia e Ceará. Este último foi, para Beserra (2006), pego despreparado
para fazer uso mais intensivo dos incentivos postos à disposição do Nordeste, o que
provocou uma perda relativa para as indústrias baiana e pernambucana. Em 1962, na
tentativa de minimizar as perdas relativas aos estados da Bahia e de Pernambuco, o
governo estadual criou a CODEC (Companhia de Desenvolvimento do Ceará),
agência estadual de desenvolvimento industrial destinada a trabalhar em conjuntos
com as demais instituições estaduais e regionais voltadas direta ou indiretamente para
questões relativas ao desenvolvimento. A CODEC, através de projetos, iria buscar a
industrialização planejada nas regiões menos favorecidas, dentre elas o Cariri. O
ASIMOW, de autoria do professor Morris Asimow, foi um destes projetos elaborados na
busca do desenvolvimento da Região Caririense, fruto de um convênio entre a UCLA e
a UFC, sendo custeado pela Fundação Ford e pela USAID.
A Região do Cariri foi escolhida para a realização do projeto por apresentar um
conjunto de vantagens consideradas expressivas, tais como sólida tradição agrícola e
comercial, centro cultural regional, acesso à energia de Paulo Afonso (a Região do
Cariri foi à primeira, no Ceará, a se beneficiar com a energia elétrica) e, por fim, ser o
segundo centro econômico do Ceará. Desta forma foram instaladas fábricas de telhas,
tijolos, cimento e confecções de sapatos. Junto com técnicos do BNB, a equipe do
Projeto ASIMOW deslocou-se para o Cariri a fim de investigar as oportunidades
industriais mais adequadas para as vocações da região. O resultado alcançado
resultou na sugestão dos seguintes empreendimentos: 1) fábrica de telhas e tijolos, 2)
fábrica de cimento, 3) fábrica de doces, 4) beneficiamento do milho, 5) confecção de
sapatos, 6) montagem de rádios transistorizados.
De acordo com Beserra (2006), os resultados foram diversos. A indústria de
sapatos ainda conseguiu funcionar como empresa limitada, mas a fábrica de cimentos
só seria implantada em 1967, aprovada pela SUDENE, sem modificações substanciais
em seu projeto. As fábricas de rádios, tijolos e beneficiamento do milho iniciaram suas
produções em 1963, com impacto inicial promissor. Porém, as fábricas de alimentos e
rádios não suportariam as pressões concorrenciais exercidas por firmas situadas fora

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do Cariri. Enquanto durou, o Asimow foi responsável pela implantação de 75% do total
dos investimentos feitos na Região e equivalente a 67% das implantações realizadas
em Fortaleza no mesmo período.
Desta forma a década de 1960 se caracterizou pela modificação na estrutura
produtiva industrial do Cariri, porém foi nos anos 1990 que a indústria se consolida, em
decorrência dos apoios e dos investimentos por parte do governo à iniciativa privada
com o anseio de promover a industrialização do CRAJUBAR. Na administração do
Estado do Ceará, a partir de 1987, dominou o discurso modernizante do governador
Tasso Jereissati e do grupo de empresários cearenses ligados ao Centro Industrial do
Ceará (CIC) e à Federação das Indústrias do Ceará (FIEC), que assumiram o
comando da política estadual. Nesta nova política, o Governo Estadual elege o setor
industrial como caminho para o desenvolvimento, visto que o “Governo das Mudanças”
primava pela política desenvolvimentista, a qual apontava que o desenvolvimento
econômico só seria alcançado por meio da promoção industrial pelo Estado.
(ARAUJO, 2006).
Neste sentido é lançado o Programa de Promoção Industrial e Atração de
Investimentos, seu objetivo era desenvolver mecanismos para a divulgação de
oportunidades de investimentos industriais através de incentivos fiscais e financeiros,
apoio tecnológico, mercado e infraestrutura, sobretudo com a ampliação do Porto do
Mucuripe, a viabilização para a construção de um outro porto (o do Pecém) e a
construção do novo aeroporto Pinto Martins de modo que induza empresários locais,
nacionais e estrangeiros a realizarem investimentos no Estado (CEARÁ,
GOVERNADOR, 1989).
“No documento “A nova política industrial do Ceará´” a Secretária de Indústria e
Comércio explicita os objetivos do programa: interiorização do Desenvolvimento” que
estava assentada nas seguintes ações prioritárias: 1) programas de interiorização; 2)
programa de promoção industrial; 3) programa mineral; 4) programa de
desenvolvimento tecnológico industrial e; 5) projetos especiais. O documento
apresentava um objetivo bastante pretensioso para uma política industrial: o de
direcionar uma política industrial para contribuir com a erradicação da pobreza.
Entendia que o círculo vicioso desemprego – miséria – necessidades primárias só
poderia ser quebrado pela criação de trabalho. Dessa forma, apontava como objetivo
final da “nova política”, a “criação de trabalho” que seria atingido pelo correto
equacionamento de estratégias voltadas para a geração de novas oportunidades de
investimento principalmente nos setores industrial e comercial, considerados no
documento como os mais dinâmicos para o crescimento econômico e que deveriam
ser transformados em ferramentas indispensáveis na luta contra a miséria.
Os incentivos fiscais e financeiros base de sustentação do programa seriam
estabelecidos com base em renúncias diferenciadas de ICMS (podendo chegar até
75%). Estes incentivos seriam oferecidos por mecanismos e programas de caráter
regional para o Nordeste, merecendo destaque o Fundo de Investimentos do Nordeste
(FINOR) e o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), liberados
para empresas que atendessem ao perfil exigido pelos Programas do Estado. Além
disso, também seria realizado estudos para verificar a viabilidade de instalação de
empreendimentos industriais em pontos estratégicos bem como a capacitação de
pessoal para uso como mão de obra. (ARAÚJO, 2006).
O ponto fundamental deste programa é a interiorização da industrialização, ou
melhor, a desconcentração espacial das indústrias na RMF. O processo de
desconcentração da indústria pautava-se segundo Lima Junior (2011), na redução da
carga tributária, que ocorreria em maior valor para àquelas empresas que optassem
em instalar-se nos municípios fora da RMF, sendo que foi construído um mapeamento

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da distância dos municípios do Estado em um raio de 300 km, entre 300 e 500 km e
mais de 500 km. Os municípios foram identificados pela quantidade de polos formados
por cadeias produtivas, nas quais seriam beneficiados por incentivos à produção.
Dentre estes se destacam: os municípios da RMF, Sobral, Itapajé, Canindé,
Quixeramobim, Iguatu, Juazeiro do Norte, Tauá, Bela Cruz, Morada Nova e Crato.
Os resultados desta política segundo Arruda (1999) foi à vinda de indústrias
que obedeciam a critérios ditados pelas necessidades de redução de custo e de
fatores locacionais para os ramos que já possuíam tradição na região, do ponto de
vista dos mercados consumidores e do ponto de vista da experiência da mão de obra
local, fortaleceram os ramos industriais onde o Ceará já tinha tradição, como têxtil,
calçados, alimentos, metalurgia e embalagens, outro fator importante é que estes
empreendimentos na sua maioria são formados pelo capital local e por investimentos
de São Paulo e Rio Grande do Sul.
O resultado desta política no polo CRAJUBAR foi, de um lado houve um
aumento significativo no número de estabelecimentos industriais, estes elevaram-se
de 209 em 1990 para 1.473 em 2010, e empregos formais que em 1990 era 6.593
aumentando para 27.169 em 2010. Desta forma segundo Araújo (2006), as políticas
de incentivos fiscais adotadas pelo Estado do Ceará na década de 1990 acabaram por
consolidar um mercado de trabalho de tamanho considerável no Triângulo
CRAJUBAR. Além disso, de acordo com Beserra (2006), com o desenvolvimento da
industrialização outros equipamentos também chegam para dar suporte a tríade
CRAJUBAR. O SEBRAE tem uma parceria ativa com a FIEC e o SINDINDÚSTRIA, na
medida em que não só apoiam os micro e pequenos empresários com cursos de
capacitação, mas também elaboram projetos e acompanham a sua execução para a
instalação de novas unidades de produção. A SDLR é o braço do Governo que
gerencia muitas dessas atividades, inclusive orientando para a diversificação das
atividades industriais6. A FIEC e suas “casas” (SESC, SESI, SENAI), juntamente com
o SINE-IDT, encarregam-se de capacitar a mão de obra e encaminhá-las na medida
em que a demanda surge. Também com propósitos de capacitação foram implantadas
na região unidades do CENTEC e do CVT. É notório o surgimento de Faculdades
particulares que direcionam seus cursos para áreas específicas da administração,
marketing, ciências contábeis etc. intentando, de semelhante modo, capacitar (outro
tipo de) pessoal para as atividades na indústria. Não esquecendo-se da URCA, já
existente na região desde a década de 1980 e, recentemente, da UFC, que já instalou
de um campus no lugar.
Desta maneira o triângulo CRAJUBAR se tornou um dos polos de
desenvolvimento do Ceará, com uma das maiores concentrações populacionais e
principal eixo econômico do sul do Estado. Segundo o IBGE (2007), esses centros
constituem grandes aglomerações urbanas que se desenvolvem ao redor de um ou
mais núcleos urbanos ou de conurbações ( Juazeiro do Norte – Crato - Barbalha)
sendo denominado de Área de Concentração de População (ACP). São
caracterizadas pelo tamanho e densidade da população, grau de urbanização e
coesão interna da área (deslocamentos da população para trabalho ou estudo).
Juazeiro do Norte – Crato - Barbalha, capital regional C, faz parte da rede urbana de
Fortaleza, terceira maior em população do país (11,2%), abrangendo os Estados do
Ceará, Piauí e Maranhão e compartilha a área do Rio Grande do Norte com Recife.
Desta forma, o vale do Cariri transformou-se em um centro sub-regional com influência
em considerável área nordestina, atingindo desde os sertões piauienses, passando
por Pernambuco, até parte do extremo oeste da Paraíba. Diante deste contexto em
2009 é criada a Região Metropolitana do Cariri.

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3 Caracterização e Dinâmica Econômica da Região
Metropolitana Do Cariri (RMC)

A Região Metropolitana do Cariri (RMC) foi criada em 29 de junho de 2009,


pela Lei complementar estadual do Ceará nº78 de 2009. Segundo o Art. 1º (2009), a
Região Metropolitana do Cariri (RMC) foi criada, face ao que dispõe o Art. 43 da
Constituição Estadual, constituída pelo agrupamento dos municípios de Juazeiro do
Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e
Santana do Cariri para integrar a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comun.
De acordo com Cartaxo (2009), o objetivo principal da criação da RMC foi
constituir uma circunstância cultural e socieconômica capaz de compartilhar com
Fortaleza a atração de população, equipamentos, serviços e investimentos públicos e
privados, além de contribuir para o fortalecimento das cidades com capacidade para
absorver o crescimento urbano, e simultaneamente, proporcionar o desenvolvimneto
socieconômico e o combate a pobreza do Estado.
Um dos instrumentos utilizados para a criação da RMC foi o Conselho de
Desenvolvimento e Integração da Região Metropolitana do Cariri - CRMC, para
adequar administrativamente os interesses metropolitanos e apoiar os agentes
responsáveis pela execução das funções públicas de interesse comum, que será
regulado mediante decreto do Chefe do Poder Executivo, competindo-lhe, aprovar o
Plano Diretor de Desenvolvimento Metropolitano - PDDM, da RMC e todos os demais
planos, programas e projetos indispensáveis à execução das funções públicas de
interesse comum metropolitano, definir as atividades, empreendimentos e serviços
admitidos como funções de interesse comum metrolitano, criar Câmaras Técnicas
Setoriais, estabelecendo suas atribuições e competências e elaborar seu regimento
interno. (Art.5º, 2009)
O Fundo de Desenvolvimento e Integração da Região Metropolitana do Cariri -
FDMC, vinculado à Secretaria das Cidades do Estado do Ceará, é o regulador
mediante Decreto do Chefe do Poder Executivo, com a finalidade de dar suporte
financeiro, mediante financiamento sob a forma de empréstimo ou a fundo perdido,
para execução de atividades da Região Metropolitana do Cariri – RMC,
compreendendo, atividades de planejamento de desenvolvimento da Região
Metropolitana do Cariri – RMC, gestão de negócios relativos à Região Metropolitana
do Cariri – RMC, execução de funções públicas de interesse comum no âmbito
metropolitano, execução e operação de serviços urbanos de interesse metropolitano,
execução e manutenção de obras e serviços de interesse da Região Metropolitana do
Cariri – RMC e elaboração de planos e projetos de interesse metropolitano. (Art.7º,
2009)
O FDMC será constituído de recursos orçamentários destinados pela União
Federal, pelo Estado e pelos Municípios que integram a Região Metropolitana do
Cariri, recursos de operação de crédito com entidades nacionais e internacionais,
recursos provenientes de retorno financeiro de empréstimos e subempréstimos para
investimentos em obras, serviços e projetos de interesse metropolitano, renda auferida
com a aplicação de seus recursos no mercado financeiro, transferências a fundo
perdido proveniente de entidades públicas ou privadas nacionais e internacionais e
recurso provenientes de outras fontes. (Art.8, 2009º).
A Região Metropolitana do Cariri comprende uma área de 5.026 Km² e o censo
2010, o (IBGE, 2013) constatou uma população de 564.478 mil habitantes, como pode

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ser observado na tabela 1.

Tabela 1 - Área e população da RMC em 2010


Municípios Área (Km²) População (mil
habitantes)
Barbalha 569.508 55.323
Caririaçu 623.564 26.393
Crato 1.176.467 121.428
Farias Brito 503.622 19.007
Jardim 552.424 26.688
Juazeiro do 248.832 249.939
Norte
Missão Velha 645.703 34.274
Nova Olinda 284.401 14.256
Santana do 855.563 17.170
Cariri
Total 5.460.084 564.478
Fonte: IBGE (2013)

O Produto Interno Bruto da Região Metropolitana do Cariri em 2010, segundo o


IBGE (2013) foi de R$ 3,8 bilhões, sendo que os setores de serviço e indústria têm a
maior participação com valores de R$ 2,7 bilhões e R$ 673 milhões, respectivamente,
de acordo com a tabela 2.

Tabela 2 - PIB da RMC em 2010


Municípios Agropecuária Indústria Serviços Impostos Total
Barbalha 12.627,00 133.553,00 266.877,00 41.353,00 454.410,00
Caririaçu 7.384,00 11.682,00 72.643,00 3.369,00 95.078,00
Crato 21.879,00 125.149,00 617.150,00 82.251,00 846.429,00
Farias Brito 5.055,00 8.076,00 57.807,00 3.084,00 74.022,00
Jardim 11.041,00 9.064,00 79.329,00 3.325,00 102.759,00
Juazeiro do 5.910,00 336.084,00 1.422.691,00 195.284,00 1.959.969,00
Norte
Missão Velha 17.203,00 26.899,00 101.246,00 6.362,00 151.710,00
Nova Olinda 4.558,00 14.200,00 43.089,00 3.321,00 65.168,00
Santana do 13.223,00 8.558,00 49.713,00 2.081,00 73.575,00
Cariri
Total 98.880,00 673.265,00 2.710.545,00 340.430,00 3.823.120,00
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE (2013)

Pode-se observar que nos municípios pertencentes à Região Metropolitana do


Cariri, o setor de serviços é a principal atividade econômica, sendo que os ramos que
mais se destacam são o de comércio e o turismo.

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Gráfico 1: Participação dos municípios no PIB da RMC

4% 2% 2% Barbalha
2% Caririaçu
12%
Crato
22% Farias Brito

51% Jardim
Juazeiro do Norte
Missão Velha
2%
3% Nova Olinda
Santana do Cariri

Fonte: Elaboração própria com base em dados do IBGE (2013)

No que concerne a participação das cidades no PIB, nota-se que Juazeiro do


Norte é a principal cidade da RMC, e o seu PIB corresponde a 51% do PIB da região,
como pode ser observado no gráfico 1. A economia da cidade se baseia nos setores
industriais e de serviços. Na indústria se destacam os ramos, calçadista, sendo este o
maior polo Norte/Nordeste e o terceiro do país, têxtil, folheados, artesanato, bebidas,
máquinas, construção civil e metalurgia. No setor de serviços, o comércio se destaca
como o principal ramo, tanto no varejo quanto no atacado, tornando esta cidade um
centro regional. Também destaca-se no turismo religioso, por conta das romarias que
acontecem por todo o ano e como polo científico, no que concerne ao número de
cursos superiores existentes na cidade. (IBGE, 2013)
Crato e Barbalha também tem participação significativa no PIB da região, a
economia do Crato é baseada na agricultura nos cultivos de feijão, milho, mandioca,
arroz, algodão, cana-de-açúcar, castanha de caju, hortaliças, banana, abacate, na
pecuária há criação de bovinos, ovinos, caprinos, suínos, avicultura, destaca-se
também o extrativismo vegetal como a extração de madeira, pequi, coco babaçu, entre
outros. A mineração também está presente, com a extração de argila e rocha calcária,
há também a piscicultura nos açudes da cidade. (IBGE, 2013).
A cidade de Crato conta também com indústrias nos ramos calçadista,
alimentício e cerâmica, mas a principal atividade econômica do município é o setor de
serviços, no caso o ramo do comércio e o turismo ecológico na Chapada do Araripe. A
economia da cidade de Barbalha se baseia no comércio e na agricultura (cana-de-
açúcar), mas o setor industrial e de serviços vêm ganhando destaque, na indústria o
município conta com os ramos, calçadista, cimento, química e farmacêutica. No setor
de serviços além do comércio, outro ramo que se destaca são os serviços médicos
que atendem a toda região e o turismo, pois Barbalha se destaca pela sua cultura,
arquitetura colonial e seus balneários e clubes ao sopé da Chapada Nacional do
Araripe. (IBGE, 2013).

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Com relação ao emprego, as cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha
tem a indústria, o comércio e serviços como setores com o maior número de pessoas
ocupadas. Porém, as outras seis cidades da Região Metropolitana dependem da
administração pública para empregar a população, isto reflete o baixo dinamismo
econômico das cidades de porte pequeno, pois estas apresentam pequeno setor
industrial e comércio limitado, como notado na tabela 3.

Tabela 3 – Emprego Formal na Região Metropolitana do Cariri em 2010


Barbalha Caririaçu Crato Farias Jardim Juazeiro Missão Nova Santana Total
Brito do Norte Velha Olinda do Cariri
Extrativa Mineral 34 0 64 0 0 44 0 133 64 339
Indústria de 2.974 2 4.571 18 78 10.244 78 330 8 18.303
Transformação
Seviços 2 0 78 43 0 384 0 0 0 507
Indústriais de
Utilidade Pública
Construção Civil 100 217 548 3 5 1.732 208 1 0 2.814
Comércio 949 88 3.536 67 96 10.666 149 87 49 15.687
Serviços 1.771 48 4.241 26 98 8.064 90 43 24 14.405
Administração 1.561 1.584 3.322 1.046 1.729 8.364 1.228 816 992 20.642
Pública
Agropecuária 86 2 80 0 7 5 315 0 18 513
Total 7.477 1.941 16.440 1.203 2.013 39.503 2068 1410 1155 73.210
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS - MTE (2013)

Os municípios da RMC têm o ramo de serviços como principal setor


econômico. A participação deste no PIB varia de 59%, em Barbalha a 78% em Farias
Brito. A segunda atividade mais importante para a maioria dos municípios é a indústria,
principalmente nas três cidades que formam o triângulo CRAJUBAR, nestas cidades
os setores da indústria de transformação que mais se destacam são: produtos de
minerais não metálicos, metalurgia, madeira, mobiliário, vestuário, calçados e artefatos
de tecidos e produtos alimentares. Especificamente para o caso de Juazeiro do Norte
há um relativo sucesso de couro, peles e produtos similares, e, em grau menor, dos
setores da indústria química e de borracha. Estes casos estão justificados pela
vocação calçadista do parque industrial juazeirense, o qual acaba gerando efeitos de
cadeia nos setores ofertantes de semi-elaborados.
Porém, a agropecuária se destaca como o segundo setor com maior
participação no PIB em Santana do Cariri, 18% e Jardim 11%. A participação elevada
dos serviços nesses municípios (com exceção de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha)
não sugere um crescimento significativo no processo de urbanização, mas que estes
dependem basicamente de pequenos comércios com poucos efeitos de
encadeamento na dinâmica econômica.
Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha são as três principais cidades da RMC, em
termos econômicos, pois os PIB’s das três juntas equivalem a 85% do PIB da RMC,
também concentram a maior parte da população da RMC (75%). De acordo com Lima
Junior (2011), os três centros urbanos que formam o polo do CRAJUBAR
desenvolveram uma dinâmica diferenciada a partir de fatos ligados à sua história e
riquezas naturais. Tais fatos foram responsáveis pela atração de contingentes

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populacionais do sul e de outras regiões do estado e de estados vizinhos. As
atividades econômicas derivadas deste processo de aglomeração populacional
permitiram, portanto a continuidade do crescimento, atraindo atenção de políticas de
investimento em infraestrutura, oferta de serviços públicos como saúde e ensino
superior e ação de setores privados e contribuiu para a criação da Região
Metropolitana.

4 Considerações Finais

A ocupação do espaço antecede o modo de produção capitalista, essa


característica está gravada no espaço pelas marcas de cada etapa do modo de
produção, desde a fase comercial até o capitalismo financeiro. Mas foi na fase do
capitalismo industrial que a ocupação do espaço tornou-se intensa. O espaço passa a
ser o instrumento capitalista de acumulação, devido seu caráter de aglomeração,
fundamental para a reprodução do capital e da força de trabalho. Por isto a
urbanização não deve ser tomada apenas pelo elevado número de pessoas que
passaram a viver em cidades, mas pela mudança no papel desempenhado pelas
cidades e na estrutura interna delas. Castells (2009) sugere que ao invés de se falar
de urbanização, que se fale de produção social das formas espaciais, na perspectiva
de apreender as relações entre o espaço construído e as transformações estruturais
de uma sociedade.
Sposito (2005) entende a urbanização como processo, e a cidade, forma
concretizada deste processo e entender a cidade hoje exige uma volta às suas origens
e a tentativa de reconstruir, ainda que de forma sintética, a sua trajetória. “A cidade de
hoje é o resultado cumulativo de todas as outras cidades de antes, transformadas,
destruídas, reconstruídas, enfim produzidas pelas transformações sociais ocorridas
através dos tempos, engendradas pelas relações que promovem estas
transformações”. (SPOSITO, 2005, pág. 11).
Neste contexto a formação do polo CRAJUBAR está associada à circulação
dos excedentes agrícolas produzidos e reproduzidos sob a hegemonia do capital
mercantil e em decorrência do desenvolvimento da pecuária extensiva que promoveu
a ocupação territorial do Ceará. A partir da ocupação territorial do Cariri cearense via
expansão da agropecuária, este passa por um período pré-industrial com o surgimento
de indústrias de origem agrícola e pecuária. Porém foi na década de 1960 que a
industrialização ocorreu de fato no CRAJUBAR, nesse período as teorias de polo de
desenvolvimento norteavam as discussões sobre planejamento regional, dentro deste
contexto o governo estadual cearense passa a promover a industrialização nas
regiões menos favorecidas, dentre elas o Cariri, pois a região apresentava vantagens
econômicas por ser um tradicional centro comercial e agrícola.
Desta forma a estrutura industrial do Cariri foi modificada, no entanto na
década de 1990 a região se consolida como polo industrial, neste período o Ceará
passava por mudanças políticas, o Estado passa a ser comandado pelos empresários
do Centro Industrial do Ceará (CIC), eles passam a enxergar a industrialização como
“motor” do desenvolvimento do Estado, passando a promover o programa de atração
de indústrias via incentivos fiscais, o principal objetivo do programa era industrializar o
interior para desconcentrar a Região Metropolitana de Fortaleza. O Cariri foi
beneficiado com a vinda principalmente de indústrias calçadistas, desta forma o
triângulo CRAJUBAR se tornou um dos principais polos de desenvolvimento do Ceará.
Posto isto, percebe-se que os investimentos alocados para o triângulo

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CRAJUBAR fez com que este se tornasse um polo industrial e comercial e contribuiu
para a formação de um sistema urbano ramificado, localizado distante da capital e
num espaço privilegiado em meio às adversidades climáticas do semiárido nordestino,
ele desenvolveu-se numa dinâmica diferenciada a partir dos fatos relacionados à sua
história e riquezas naturais. Tais fatos são responsáveis pela atração de contingentes
populacionais do sul e de outras regiões do estado e também de estados vizinhos. As
atividades econômicas derivadas deste processo de aglomeração populacional
permitiram, portanto a continuidade do crescimento, atraindo atenção de políticas de
investimento em infraestrutura, oferta de serviços públicos como saúde e ensino
superior e ação de setores privados e contribuiu para a criação da Região
Metropolitana, porém percebe-se que os investimentos na região concentram-se nas
três cidades que compõem o triângulo CRAUBAR e que as demais cidades
desempenham papel secundário na região: exercem em grau maior uma relação de
dependência para com o Crajubar, e não ainda de interdependência – física e
funcional – como verificado em relação a aquelas três cidades.
Por isso torna-se necessário um esforço conjunto dos entes participantes da
região para ações de planejamento para melhoria da qualidade de vida e da economia
metropolitana, não apenas em torno do núcleo CRAJUBAR, com o intuito de se
alcançar uma maior integração e a construção de uma identidade metropolitana.

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