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Perda de cobertura vegetal na Reserva do Riozinho Liberdade, no Vale do Juruá,

entre os anos de 2012 a 2019

A região do rio Liberdade, no Vale do Juruá acreano, passou a ser habitada no final do
XIX, no primeiro ciclo da borracha, sobretudo por imigrantes cearenses. O fim da
produção gomífera, provocou a migração dos seringueiros dos “centros” produtores de
borracha para as margens do rio Liberdade onde formaram comunidades. Hoje a
agricultura é a atividade econômica central e, em complemento, a população faz uso da
atividade de caça e pesca, bem como o uso de produtos da floresta madeireiros e não
madeireiros. Diante das mudanças recentes na região, este trabalho busca avaliar a perda
da cobertura florestal entre 2012 e 2019 no interior da Reserva Extrativista Riozinho da
Liberdade, localizada sobre os municípios de Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Marechal
Thaumaturgo e Porto Walter. Para quantificação da perda da cobertura florestal foram
utilizados dados geoespaciais do Departamento de Ciências Geográficas da
Universidade de Maryland para o programa Global Forest Change, que tem a finalidade
de caracterizar as mudanças na extensão e perda de cobertura florestal desde o início
dos anos 2000 a partir de imagens Landsat em uma resolução de 30 metros. Entre os
anos avaliados, constatou-se que houve uma perda da cobertura florestal equivalente a
2.803,45 hectares. Parte do desmatamento se concentra ao norte da Resex, no trecho da
BR-364 e o uso da terra é mais intensificado às margens dos rios, onde vivem as
famílias, com destaque para o Rio Liberdade, seu principal curso d’água. A Resex
indica uma adequação do modelo de unidades de conservação de uso sustentável como
uma alternativa de organização do território conciliando formas tradicionais de
organização social – visando a autonomia e liberdade desses povos – e as baixas taxas
de desmatamento, se comparada às áreas do entorno, como o PA Santa Luzia. A
Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade é, portanto, um processo em construção e
apresenta estratégias elaboradas e aplicadas pelos próprios moradores que conhecem as
peculiaridades do território, ajustadas de acordo com características históricas, culturais
e ambientais próprias.

Palavras-chave: comunidades, dados geoespaciais, desmatamento, extrativismo, resex.

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