Prof. Christian Pelegrini, USCS - Universidade de São Caetano do Sul.
Modelo com base em KOPPLIN, Elisa & FERRARETTO, L. A. Técnica de Redação
Radiofônica. Porto Alegre, Ed. Sagra-DC Luzzatto, 1992.
Sobre a formatação da lauda, é importante considerar alguns aspectos que
tornam mais fácil compreender suas características tão peculiares. A formatação vêm de uma época em que as redações de rádio ainda trabalhavam com máquinas datilográficas. Por causa disso, certos símbolos gráficos foram alterados para garantir que a lauda tivesse boa legibilidade. Por exemplo, o ponto final de um texto (.) vai se tornar, na lauda de rádio, uma barra (/). Assim, em uma máquina datilográfica com muito uso, cujo tipo metálico do ponto final já estivesse um pouco gasto, ainda se conseguiria marcar o final da frase sem problemas. Um outro aspecto essencial está no uso que a lauda costumava ter. Por muitas décadas, o rádio foi feito “ao vivo”. Embora já houvesse tecnologia de gravação, o usual era preparar as laudas para que fossem lidas ao microfone “no ar”. Mesmo com a possibilidade de gravar e depois editar, ainda era mais fácil fazer uma boa leitura de um trecho longo do texto para não precisar retalhar a fita e reconstruí-la depois (não nos esqueçamos que o uso de computadores para edição de áudio é algo com menos de 15 anos). Assim, era essencial que a lauda tivesse fácil navegação visual por parte dos envolvidos na gravação (atores/locutores, diretores, técnicos de som etc). A forma do roteiro é feita para que cada um localize a sua parte e a faça no momento exato. Neste ponto, podemos nos perguntar porque a lauda não se transformou e se adaptou às novas tecnologias. A resposta tem vários fatores. O primeiro é que inegavelmente esta formatação de lauda é muito adequada para registrar não só o texto verbal (as falas, locuções etc), mas toda a gama de elementos da linguagem radiofônica (os efeitos, as músicas, as interpretações para-verbais, a sintaxe de tudo isso etc). Com o uso desta formatação, colocamos na própria lauda a forma como queremos que os elementos se juntem na composição do spot: quando entra a música, quanto tempo dura o efeito sonoro, como as falas são pronunciadas etc. Ao mandarmos uma lauda como esta a uma produtora, damos uma instrução muito precisa sobre como queremos o resultado final. A segunda razão é que uma mesma lauda pode ser usada por todos os envolvidos na gravação / edição da peça. A lauda funciona como um roteiro único para todos, em todas etapas do trabalho. Não devemos esperar que esse modelo seja universal. Rádios diferentes (e produtoras diferentes) podem ter modelos diferentes desse. Devemos estar atentos a isso e sabermos nos adaptar. No entanto, uma questão importante neste aspecto é que este modelo é bastante “amigável”: não é difícil entender o que a lauda pede (embora, no início, seja um pouco chato escrever a lauda). Título: (___/___) Agência / Produtor: Duração: 30 ``
TEC. Roda TRILHA “Nick Drake – Way to Blue” – 3`` e vai à BG
Instruções para formatação: 1) Prefira fonte ARIAL ou TIMES NEW ROMAN, 14 a 16, sempre preto em papel branco; 2) Evite itálico ou negrito, assim como cores diferentes; 3) Marque as deixas em caixa alta; 4) Nunca invada a área das deixas com texto ou qualquer tipo de marcação; 5) Sublinhe a marcação do TEC; 6) Indique em caixa alta TRILHA, EFEITO, BG, CORTA, SILÊNCIO; 7) Nunca use exclamação (substitua por instruções entre parentes, antes da fala); 8) Use interrogação espanhola (no início e no final do texto); 9) Substitua o ponto final da frase por barra. Na última fala da lauda, use barra dupla (//) para sinalizar final de gravação de voz; 10) Nunca hifenize palavras; 11) Nunca corte falas de uma frase para outra; 12) Use numerais, ordinais, porcentagens e frações por extenso (ex.: décimo segundo, mil quatrocentos e cinqüenta e seis, vinte por cento); 13) Nunca grampeie as páginas (use clipe de papel e deixe as folhas soltas durante a gravação); 14) Quando houver mais de uma página, use numeração no canto superior direito. O formato deve ser página atual/ páginas totais (ex.: 01/05, 02/05, 03/05, 04/05, 05/05); 15) Quando houver mais de uma página, repita o cabeçalho no verso das páginas;
Algumas operações mais comuns ficam exemplificadas graficamente abaixo. Em vermelho
está a locução. Em azul e verde estão a música 1 e a música 2, respectivamente.
Roda TRILHA:
TEC. Roda TRILHA “música 1” 3`` e vai a BG
LOC. Nononono nonono nonono nono/
Sobe TRILHA:
LOC. .....nonononono nonono nononono nonono//
TEC. Sobe TRILHA “música 1”- 3`` e CORTA
Cortina (trecho musical usado para separar dois blocos de locução):