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Transporte de sólidos

A importância do transporte de sólidos

O grande desenvolvimento dos conhecimentos práticos sobre esta operação


unitária decorre de uma série de fatores:
1º) A grande influência do transporte de sólidos na economia global de muitos
processos. Em alguns, o seu custo chega a atingir 80% do custo total da
operação.
2º) O encarecimento contínuo da mão de obra, forçando cada vez mais a
substituição do homem pela máquina, ou de um tipo de máquina por outro mais
moderno que requeira menos atenção humana.
3º) A necessidade do transporte de sólidos, em maior ou menor escala, em
praticamente qualquer tipo de indústria.
4º) A grande variedade de sólidos a transportar.
5º) A variabilidade das condições de transporte, da capacidade, espaço
disponível e economia de processo.

Classificação do equipamento de transporte


Duas classes gerais de equipamentos de transporte de sólidos podem ser
identificados:
1º Os que se movimentam com o sólido, como as pás carregadeiras, vagonetes,
empilhadeiras, caminhões, guinchos e guindastes.
2º) Aqueles cuja posição permanece fixa durante o transporte, muito embora
possuam partes móveis. Esses chamados transportadores são os
equipamentos de movimentação de sólidos, de interesse nos processos das
indústrias químicas.
Transportador de correia

É uma correia sem fim que se movimenta entre um tambor livre, no ponto de
alimentação, e outro de acionamento na extremidade de descarga. Durante todo
o percurso a correia apoia-se em roletes. Estes transportadores podem ser
horizontais ou inclinados, em comprimentos variam de poucos metros até
milhares de metros, movimentando o material a uma velocidade entre: 0,5 e 3
m/s.
Operam em temperaturas desde -30ºC até 60ºC. Quando são usadas
composições com materiais especiais pode trabalhar entre -50ºC e 100ºC. As
correias são fabricadas em couro, nylon, poliéster, pvc, polietileno, algodão,
porém as mais comuns são de borracha com reforço de lona ou fios metálicos.
A resistência mecânica pode chegar a 500 kg por centímetro de largura quando
há reforço metálico. As larguras são padronizadas variando de 2 em 2 polegadas
desde 4 polegadas até 80 polegadas.
Os roletes são montados em mancais comuns (bucha) ou em rolamentos. Os
roletes podem ser horizontais ou dois extremos inclinados, de modo a manter a
correia côncava formando uma calha transportadora. Todas correias com largura
superior a 14 polegadas trabalham sobre roletes inclinados.

Dimensionamento de um transportador

Os transportadores de correia são dimensionados com base em dados práticos.


Um projeto envolve as seguintes etapas:
- Verificação da inclinação máxima a ser respeitada.
- Escolha da velocidade de transporte.
- Cálculo da largura da correia.
- Cálculo da potência consumida.
- Detalhamentos gerais.
As figuras abaixo 1 e 2, apresentam esteiras de correia de grande extensão,
operando em mineradoras. A figura 3, apresenta esteiras de pequeno porte, para
operar no interior de plantas industriais.

Figura 1
Figura 2

Figura 3

Transportadores (Elevadores de caneca)


É um conjunto de canecas fixadas sobre correias verticais ou de grande
inclinação, ou em correntes que se movimentam entre uma polia ou roda dentada
motora superior e outra inferior que gira livremente.
As canecas movimentam-se geralmente no interior de caixas de madeira ou
aço, e são utilizados para elevação de produtos químicos, fertilizantes,
minérios, carvão e cereais. A altura de elevação pode chegar a 100 m.
Quando o material é aderente, usam-se canecas chatas e para materiais
pesados ou de granulometria grosseira, empregam-se canecas fechadas.
Geralmente a capacidade dos elevadores de canecas é moderada, até 50
t/h, muito embora haja instalações para capacidade de até 200 t/h.

Dimensionamento de um transportador de canecas


Os transportadores de caneca são dimensionados verificando os seguintes
dados:
- A escolha da velocidade de transporte.
- Cálculo das medidas das canecas.
- Determinação da potência necessária.
- Detalhamentos gerais.
A figura 4, apresenta o transportador com o detalhe das canecas movimentando-
se no interior de uma caixa de aço.

Figura 4

Transportadores pneumáticos

É largamente usado na movimentação e elevação de sólidos na indústria


química.
O fluido motor no transportador pneumático é um gás, normalmente o ar ou um
gás inerte, fluindo em velocidades entre 10 e 36 m/s, e os diâmetros dos tubos
variam entre 50 3 400 mm.
São quatro os principais tipos de sistemas de transporte pneumático:
- Sistema a vácuo, útil na transferência de sólidos de múltiplos pontos
(como vagões, caminhões, navios) para um só ponto de entrega.
- Sistema de pressão positiva, que é melhor para os casos de um só ponto de
coleta e um ponto ou mais de entrega.
- Sistema combinado, vácuo e pressão positiva. Combina as vantagens dos
dois sistemas, de acordo com a necessidade solicitada.
- Sistema pré-fluidizado, é um mecanismo de transporte pneumático que
requer menos potência do que qualquer dos outros métodos.

As partículas a serem manuseadas podem variar de tamanho desde um pó fino


(acima de 100 microns) até “pellets” de 6,5 mm. As massas específicas
aparentes (densidade) podem variar de 16 kg/m3 a mais de 3200 kg/m3.

Os sistemas a vácuo são tipicamente limitados a fluxos de sólidos menores que


6800 kg/h e comprimento menor que 120 m.

Os sistemas pressurizados operam com pressões de 1 a 5 atm manométrica e


podem transportar partículas sólidas de tamanho menor que 6,5 mm. O seu uso
é indicado nos casos onde o fluxo de sólidos é necessário ultrapassar 9000 kg/h.
Tipicamente a perda de pressão no sistema está em torno de 0,5 atm.

Obs: A maioria dos transportadores pneumáticos é adquirida dos seus


fabricantes, mediante um projeto preliminar.

A figura 5 apresenta um equipamento de estrutura bastante simples, do


alimentador ao silo de armazenamento

Figura 5
Na figura 6, é apresenta um transportador pneumático na forma de tubo.

Figura 6

Transportadores de esteira

Este tipo de transportador é uma variante do transportador de correia


especialmente aplicável ao transporte pesado de materiais quentes e muito
abrasivos e curtas distâncias.
A esteira é geralmente metálica e construída com bandejas ou caçambas fixadas
numa correia ou corrente. As esteiras mais simples são de madeira e prestam-
se principalmente ao transporte de fardos.
O acionamento é feito por meio de correntes laterais e rodas dentadas. Muitas
vezes a construção é mais reforçada para atender às necessidades dos
transportes pesados. Algumas vezes são usados como alimentadores de outros
transportadores. Operam a baixa velocidades, entre 5 e 10 m/mim.

Dimensionamento de um transportador esteira


O dimensionamento de um transportador de esteira baseia-se:
- Dimensionamento da largura da esteira
- Escolha da velocidade de transporte
- Potência consumida.
Na figura 7, é apresentado a imagem de uma esteira modular.
Figura 7

Exercícios

1) O que significa transporte de sólidos?


2) Quais são as classes gerais do transporte de sólidos?
3) Qual o princípio básico para realizar o transporte de sólido através do
transportador pneumático?
4) Qual é a altura de elevação e qual a velocidade que opera o elevador de
caneca?
5) Qual o tipo de material é utilizado no transportador de esteira?
6) Faça uma abordagem da influência do transporte de sólidos no custo do
produto.
7) Porque o fluido do transportador de esteira, tem que ser um gás inerte?
8) Qual a diferença de um transportador pneumático a vácuo e a pressão
positiva?

Referências Bibliográficas

GOMIDE, R., Operações Unitárias “Operações com Sistemas Sólidos


Granulares” Volume 1, Edição do Autor, 1983, São Paulo.

MATOS, S.P., Operações Unitárias, 1ª Edição, Editora Erica/Saraiva,


2015, São Paulo.

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