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HABEAS CORPUS COLETIVO: ANÁLISE SOBRE A NECESSIDADE DE

REGULAMENTAÇÃO DO INSTITUTO
HABEAS CORPUS COLLECTIVE: ANALYSE SUR LA NÉCESSITÉ DE METTRE EN
PLACE DES RÈGLEMENTS
Adriele Neves de Almeida¹
Acadêmica
Zacarias Alves de Araújo Neto²
Orientador
RESUMO
Este trabalho buscou demonstrar como a coletivização das demandas em relação ao direito de liberdade de
locomoção é latente em nossa sociedade, bem como a necessidade de regulamentação é plausível tendo em vista
a utilização do writ em questão. Buscou superar entendimentos de não se compatibilizar com o ordenamento
jurídico pátrio o habeas corpus coletivo. A discussão é importante na busca por evoluir na atuação de melhor
proteção da segurança jurídica e social da liberdade de locomoção, ainda, a análise proposta guia-se em ser
faísca para incentivar a reflexão pela otimização de instrumentos garantidores de direitos, considerando-os
pilares da vida em sociedade de forma segura. A academia como propulsora de conhecimento não deve se eximir
dessa discussão. Trabalhou-se com o seguinte problema: quais os motivos que justificam a utilização e
regulamentação do habeas corpus coletivo? Utilizou-se uma abordagem qualitativa, dando-se um enfoque
analítico, a pesquisa se deu de forma jurídico-teórica, utilizando dos procedimentos bibliográficos com estudo de
caso e pesquisa documental. Foi possível depreender a partir desta pesquisa que a possibilidade de utilização
com a efetiva regulamentação do instituto apresentado parte de uma visão de democracia constitucional que
busca dar efetividade aos seus institutos de forma plena, havendo a necessidade/possiblidade de regulamentação
do tema.

PALAVRAS-CHAVE
Habeas corpus coletivo. Democracia Constitucional. Ampliação de remédios fundamentais. Regulamentação.

RÉSUMÉ
Cette étude visait à démontrer comment la collectivisation des exigences pour le droit à la liberté de mouvement
est latent dans notre société et la nécessité d'une réglementation est plausible compte tenu de l'utilisation du bref
en question. A cherché à surmonter la compréhension de ne pas compatible avec le le droit d'habeas corpus
parentales collective. La discussion est importante dans la recherche de progrès dans l'exécution d'une meilleure
protection de la sécurité juridique et sociale de la liberté de mouvement, encore, l'analyse proposée est guidée
pour être étincelle pour encourager la réflexion sur l'optimisation des droits des instruments de garantie, compte
tenu des garants la vie dans la société en toute sécurité. Les universités en tant que pilote de la connaissance ne
devrait pas éviter cette discussion. Il a travaillé avec le problème suivant: quelles sont les raisons de l'utilisation
et la réglementation de l'habeas corpus collective? Nous avons utilisé une approche qualitative, donnant une
approche analytique, la recherche a moyen légal et théorique, en utilisant des procédures bibliographiques avec
étude de cas et la recherche de documents. Il était possible de conclure de cette étude que la possibilité d'une
utilisation avec la réglementation efficace de l'institut a présenté une partie d'une vision de la démocratie
constitutionnelle qui vise à donner effet à ses pleins instituts forment, il y a la besoin/possibilite de
réglementation du thème.

MOTS-CLÉS
Habeas corpus collective. La démocratie constitutionnelle. Expansion des recours fundamental. Règlementation.

¹Acadêmica do Curso de Bacharelado em Direito da Universidade Federal do Amapá.


² Coordenador e Professor do Curso de Direito da Universidade Federal do Amapá. Mestre em Direito
Ambiental e Políticas Públicas pela Universidade Federal do Amapá.
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1 INTRODUÇÃO
A premissa democrática de ver os direitos da sociedade, seja de forma individual ou
coletiva, garantidos por meio de institutos estatais mais efetivos possíveis, se manifesta como
preceito constitucional. Habeas data, mandado de injunção, mandado de segurança e habeas
corpus são os principais mandamentos constitucionais em nome da defesa dos direitos
fundamentais de todos.
Tais institutos encontram-se em constante evolução, consequência das mudanças
sociais, políticas, econômicas, culturais e jurídicas de cada Estado. Assim, sendo estes
instrumentos imprescindíveis para a segurança dos direitos sociais e individuais, a busca por
desenvolvê-los é necessária para a concretização e consolidação das garantias constitucionais.
Este estudo se desdobra sobre o tema da proteção da liberdade coletiva de locomoção,
manifestando-se na figura incipiente do habeas corpus coletivo. Considera-se que existem
interesses coletivos convergentes para uma proteção que pode ensejar a utilização do
mandamento, bem como a busca para não permitir abusos ou incertezas com novidades
jurídicas sem regulamentação, sendo importante uma reflexão sobre a legalidade do instituto e
de seu regramento estatal.
O objetivo desta investigação é expor a(s) causa(s) da necessidade de proteção da
liberdade coletiva de locomoção no ordenamento jurídico pátrio, demonstrando que o instituto
do habeas corpus coletivo deve ser regulamentado para efetivação e legitimação da defesa
desse direito.
A pesquisa se deu por um abordagem jurídico-teórica, acessando documentos e
julgados relativos ao tema, buscando em um primeiro momento compreender o mecanismo de
proteção da liberdade de locomoção por meio do habeas corpus e sua evolução histórica, que
culmina em uma possibilidade de alargamento de sua aplicação.
Abordou uma análise sobre as diversas formas de proteção de direitos coletivos, para
investigar como isso se dá em nosso ordenamento jurídico e como pode ser refletido no
âmbito da liberdade de locomoção, tendo em vista que este direito não poderia ser excluído do
rol de remédios constitucionais com objeto de garantia coletiva.
Estuda como a prática jurídica concebe e justifica a aceitação ou não do instituto, para
verificar se existe uma estabilidade ou não nessa concepção, bem como se esta discussão
alcança um questionamento abrangente no meio jurídico, se se faz presente na realidade dos
tribunais de nosso país.
Assim, se processou os argumentos que demonstram a importância de regulamentação
específica do instrumento, discutindo-se a plena aplicação e efetividade atribuídas aos direitos
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fundamentais, a característica extensiva dos remédios constitucionais, a impossibilidade de


proibição do instrumento, bem como sobre a eficácia de ser meio de garantia da segurança
jurídica e do tratamento igual para todos.
Destaque-se que este trabalho considerou a hipótese de se a evolução jurídica dos
instrumentos constitucionais de defesa social e coletiva se põe na atualidade como desafio,
então a necessidade de regulamentação para legitimar ações que englobam tal defesa, a edição
de norma regulamentadora do instituto defensivo em análise se mostra necessária, para sua
eficácia e possibilidade de utilização por mais interessados que dele necessitar.
Frise-se que a busca por demonstrar tal posição foi dificultosa por haver pouca
produção relativa ao tema e mesmo a prática se prende a uma análise muito formal sobre ele,
não adentrando em enfrenta-lo de modo a satisfazer as interrogações que o rodeiam. Este é
um passo dentro de muitos que se fazem necessário em prol de discussão cara aos sujeitos da
atuação jurídica.

2 HABEAS CORPUS: ORIGEM E EVOLUÇÃO


Os institutos de proteção dos direitos fundamentais foram sendo moldados e
melhorados com o passar do tempo, de acordo com os novos desafios e necessidades que lhes
foram apresentados ao longo de sua utilização. Partindo do entendimento que nada no direito
nasce pronto e acabado, buscar as mudanças pelas quais passam os institutos jurídicos,
impulsiona a uma melhor reflexão sobre eles e suas características atuais.
O habeas corpus é instrumento constitucional de defesa do direito de liberdade de
locomoção, considerado de extrema valia pelos estudiosos do direito, trata-se de conquista
árdua dos indivíduos de terem garantidos de forma eficaz aquele que pode ser considerado
como um dos direitos mais importante a cada um, a liberdade de ir e vir.
Assim, tal instrumento necessita de um olhar pretérito para uma reflexão profunda de
seus desdobramentos atuais, neste sentido diz Silveira (2010), que há três correntes que
procuram explicar a origem do habeas corpus na dinâmica social, quais sejam: do direito
romano, da Magna Charta Libertatum e da Petition of Rights.
A primeira corrente remete ao interdicto de homine libero, que garantia ao cidadão
romano direito de locomoção, ou seja, a liberdade de ir, vir e ficar. Permitia-se, por meio
desta medida, que todo cidadão reclama-se a exibição de homem considerado livre (a ideia do
cidadão da antiguidade), estando ilegitimamente detido. Ainda nessa corrente, Sidou (apud
CHEQUER, 2014) informa a existência do interdictum de libiris exhibendis, o qual dava ao
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paterfamilias a oportunidade de reaver mulher, filho ou pupilo que estivessem com alguém
que não quisesse devolvê-los.
A segunda corrente, relativa a Magna Charta Libertatum, de 1215, reconhece como
origem do habeas corpus o direito inglês, no referido documento outorgado pelo Rei João
Sem Terra, no qual havia o preceito da impossibilidade de prisão arbitrária, devendo garantir-
se anteriormente à prisão a devida previsão legal e o julgamento adequado.
Afirmam Chequer (2014) e Silveira (2010), que a Charta foi um documento que
surgiu dos protestos dos membros da corte insatisfeitos com a condução sem freios do
governo por parte do Rei João Sem Terra, sendo importante na afirmação de proteção do
direito à liberdade, mas sem muita efetividade em virtude da conjuntura social e política da
época.
Em relação as previsões da Magna Charta, existiam três meios de proteção, conforme
Pontes de Miranda (apud CHEQUER, 2014), o writ de mão tomada, o writ de ódio et atia, e o
writ de homine replegiando. Surgiu, após, o writ of habeas corpus instrumento mais eficaz e
rápido para proteção do direito à liberdade.
A última corrente apoia-se na ideia de origem do habeas corpus no reinado de Carlos
II, em 1679, também da Inglaterra, com o habeas corpus act, o qual previa a apresentação do
preso ao juiz no prazo de 20 dias e somente era utilizado em prol de pessoas acusadas de
terem cometido crimes.
Massaú (2008) considera que foram nessas roupagens no direito inglês que os
contornos do que hoje se conhece como habeas corpus se iniciaram. O autor elucida que o
instituto sofreu certas alterações, percorrendo um caminho civilizador e detém atualmente
grande importância como instrumento de garantia do direito à liberdade de locomoção.
2.1 O habeas corpus no Brasil
No Brasil, historicamente atrasado em virtude do modelo de ocupação com uma
política exploratória tanto do povo quanto das riquezas, a garantia a liberdade encontrou
dificuldade, mas teve seu início já com as Ordenações com o que se chamava carta de seguro,
conforme aponta Massaú (2008).
Aparece somente em 1821, no Decreto de 23 de maio, conhecida Carta Magna pátria a
previsão que marcou a institucionalização do habeas corpus no país. Não trazia a
denominação específica adotada, mas havia menção à proteção ao direito de liberdade de
locomoção, “[...] esse Decreto não regulamenta e nem expõe o instituto do Habeas Corpus,
apenas insere no ordenamento jurídico princípios que, também, são inerentes ao mandado, o
do processo legal e da judicialidade.”, conforme diz Massaú (2008).
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A nomenclatura vigente foi utilizada somente no Código Criminal de 1830,


regulamentado posteriormente pelo Código de Processo Criminal de 1832, trazendo várias
previsões inovadoras que estão bastante consolidadas atualmente, conforme relata Chequer
(2014), quais sejam: disposição da interposição em nome próprio ou de outro, fundamentação
específica da petição, a apresentação do preso perante juiz ou Tribunal, entre outros.
Destaque-se que mudanças foram ocorrendo, entre elas duas em 1871, com o Decreto
2.033, do qual surgiu a variedade do instituto, o preventivo e o liberativo, e ainda o começo de
uma sistematização do princípio da igualdade, pois legitimou tanto o brasileiro quanto o
estrangeiro para propositura do mandado, conforme ensina Massaú (2008).
A consolidação constitucional desse instituto se deu em 1891, com a Constituição
Republicana, que pela primeira vez trouxe a previsão do habeas corpus, houve nesse período
a utilização do remédio como meio de proteção de outros direitos além do de locomoção, em
virtude do silencio da legislação sobre restrição de sua aplicação, sendo aceito esse
entendimento pelo STF, conforme diz Capez (2015).
Outras mudanças do texto foram surgindo em 1926, 1934 e 1946, que cuidaram de
definir em definitivo a atribuição de proteção do direito de locomoção pelo remédio, bem
como assentando a sua importância como meio de repelir atos ilegais sobre o direito de ir e vir
dos cidadãos.
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), de 5 de outubro de 1988,
cuida do habeas corpus no art. 5º, inciso LXVIII, no sentido de dar garantia aos indivíduos
em sua liberdade, na visão consolidada do cuidado com a dignidade da pessoa humana, que
foi elevado a fundamento da ordem constitucional vigente, também tratado no Código de
Processo Penal nos artigos 647 a 667, na parte de recursos, em que pese a doutrina majoritária
considera-lo ação autônoma, dando este diploma as orientações de seu processamento e
utilização.

3 OUTROS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS COM CARACTERÍSTICAS


COLETIVAS
Mandado de injunção, mandado de segurança, ação popular, ação civil pública e
habeas corpus são mandamentos em nome da defesa dos direitos fundamentais de todos,
visam garantir proteção mais plena possível em face de descompassos com a legalidade
cometidos por qualquer pessoa, são base para o respeito dos direitos constitucionalmente
protegidos.
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Tais institutos encontram-se em constante evolução, consequência das mudanças


sociais, políticas, econômicas, culturais e jurídicas de cada Estado. Assim, sendo estes
instrumentos imprescindíveis para a segurança dos direitos sociais e individuais, a busca por
desenvolvê-los é necessária para a concretização e consolidação das garantias constitucionais.
3.1 Formas coletivas
3.1.1 Mandado de Segurança Coletivo
Consagrado no ordenamento jurídico pátrio desde a Constituição de 1934, objetiva a
proteção de direito certo, ameaçado ou violado ilegalmente por alguma autoridade, previsto
atualmente no artigo 5º, inciso LXIX da CRFB, de 1988, regulamentado seu processamento
pela Lei nº 12.016 de 7 Agosto de 2009.
O texto constitucional prevê sua utilização coletiva por meio dos legitimados que
indica no art. 5º, LXX, “a” e “b” da CRFB de 1988:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: [...] LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a)
partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Mendes e Branco (2015), trazem uma visão geral de sua aplicação:
[...] tem utilização ampla, abrangente de todo e qualquer direito subjetivo público se,
proteção específica, desde que se logre caracterizar a liquidez e certeza do direito,
materializada na inquestionabilidade de sua existência, na precisa definição de sua
extensão e aptidão para ser exercido no momento da impetração.
É possível depreender pelo que dispõe a CFRF, de 1988, quando afirma que o
mandado de segurança cabe para resguardar direito líquido e certo não amparado por habeas
data ou habeas corpus, a natureza de ação constitucional residual e subsidiária atribuída ao
instituto. Mendes e Branco (2015), lembrando jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(STF), informam que a modalidade do coletiva do instituto obedece os princípios básicos de
sua forma individual que o informam e condicionam, esclarecem os autores que ainda assim é
uma ação coletiva plenamente aplicável as normas que lhes são conferidas.
Em relação à legitimação Mendes e Branco (2015) destacam que aos partidos políticos
exige-se a atuação em demandas dentro de suas finalidades, bem como que tenham
representação no Congresso Nacional; já as organizações sindicais, entidades de classe e
associações podem impetrar em favor de seus de seus membros, conforme seus estatutos e a
sua finalidade, não necessitando de autorização especial, conforme art. 21 da Lei
12.016/2009, neste caso a relação processual se dará em substituição de partes.
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3.1.2 Ação Popular


Prevista no art. 5º, LXXIII da CRFB de 1988, regulamentada pela Lei nº 4.717 de 29
de Junho de 1965. Mendes e Branco (2015) lembram que conforme a CRFB de 1988, o
instituto tem o objetivo de anular ato lesivo ao patrimônio público ou aos bens de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, entendendo-se que a legitimidade é do cidadão, ou seja, a(s) pessoa(s)
quites com seus deveres civis e políticos.
Chequer (2013) ao lembrar ensinamento do Prof. Rodolfo Mancuso afirma que uma
ação pode ser considerada coletiva quando seu objeto tem dimensão metaindividual, não se
limitando somente ao sujeito passivo ou ativo dela, assim considera-se a ação popular como
demanda coletiva no sentido de que os bens públicos eventualmente lesionados serem de
interesse público, podendo prejudicar uma coletividade.
3.1.3 Ação Civil Pública
Disciplinada no art.129, III da CRFB de 1988 e regulamentada pela Lei nº 7.347 de 24
de Julho de 1985 destina-se ao amparo de direitos difusos e coletivos que se relacionem com
o patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, entre outros, conforme previsão legal.
Esta ação busca proteger bens que atingem a um número variado de pessoas. Os
legitimados para propositura aumentaram com a edição da Lei 7.347/85, conforme seu art. 5º,
que assim prescreve:
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o
Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade
de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída
há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.
É meio de afirmar a importância da ação, bem como de dar efetividade para a sua
utilização, resultado da orientação política e jurídica de combate efetivo aos prejuízos que
possam ser causados à sociedade em face dos atos danosos descritos na legislação, o seu viés
coletivo se delineia no mesmo sentido acima apontado na ideia do Prof. Rodolfo Mancuso,
trata-se de ação que visa proteger bens considerado coletivos, além de uma legitimidade ativa
representada pela possibilidade de atuação das associações civis.
3.1.4 Mandado de Injunção
É uma das ações constitucionais que tem um caráter declaratório de direitos na busca
pela concretização destes, por estarem de algum modo impedidos de se realizarem no plano
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fático em virtude da insuficiência normativa do poder público no âmbito de direitos afetos aos
direitos e liberdades constitucionais, e às prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
e à cidadania.
A previsão constitucional está no art. 5º, LXXI e na legislação ordinária com a Lei nº
13.300 de 23 de Junho de 2016, pontua Mendes e Branco (2015) que “[...] o instituto foi
criado com vistas a sanar o problema da ineficácia das disposições constitucionais que
concediam direitos sociais”, abarca direitos indispensáveis ao convívio social e a realização
da vida pessoal de todos.
Combate este instituto o estado de mora inconstitucional, chamado por Mendes e
Branco (2015) de estado de inconstitucionalidade omissiva, visando fomentar uma ação
positiva por parte da justiça (em sede de apreciação) e do poder legislativo (com o
cumprimento de decisão favorável quanto à sua mora) em prol de não tornar letra morta
disposições constitucionais tão caras ao cidadão, apontam os autores para uma admissão por
parte do judiciário “de uma <solução> normativa para a decisão judicial” (p. 1229) relativa ao
instituto.
Quanto a utilização coletiva, Lopes (s. d.) recorda que quando da falta de previsão
expressa constitucional sobre a possibilidade de utilização coletiva do instrumento, havia
entendimento do Supremo Tribunal Federal de ser possível seu manejo em face do que dispõe
o §2º do art. 5º da CRFB de 1988, que agrega direitos e garantias fundamentais não previstos
expressamente no texto constitucional, atribuindo a eles proteção plena.

4 HABEAS CORPUS COLETIVO


O habeas corpus pode ser definido como “Remédio judicial que tem por finalidade
evitar ou fazer cessar a violência ou coação à liberdade de locomoção decorrente de
ilegalidade ou abuso de poder” (CAPEZ, 2015). Depreende-se a função primordial de
garantidor de direito fundamental tão importante a todos, a liberdade, quando se observa toda
a estrutura social atual.
Importante a definição de Chequer (2014) sobre a figura coletiva do instituto:
[...] ação coletiva constitucional, com natureza de garantia constitucional
fundamental, de aplicabilidade imediata e de interpretação ampliativa, cabível para
tutelar o direito de liberdade de locomoção em todas as suas dimensões, sejam
difusas, coletivas ou situações individuais que hajam homogeneidade de questões de
fato ou de direito (p. 88).
Cabe uma análise sobre direitos coletivos, os quais têm previsão legal geral no art. 81
da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990:
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[...] Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único.
A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos,
assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim
entendidos os decorrentes de origem comum.
Assim, observa-se como definição pela legislação que os direitos difusos são aqueles
pertencentes a uma comunidade de pessoas indeterminadas e indetermináveis, onde o direito
pertence a um e a todos simultaneamente, estando ligadas por meio de uma circunstância
fática, conforme lembra Chequer (2014).
Ainda, a autora recorda que direitos coletivos em sentido estrito são aqueles
pertencentes a um grupo de pessoas indeterminadas, mas determináveis, havendo uma relação
jurídica prévia que as une; enquanto que os individuais homogêneos são os que se
individualizar as pessoas e o direito é divisível e distinguível entre os titulares.
A característica de direito fundamental dos direitos coletivos advém da sua própria
topografia na CRFB de 1988, que consta do Título relativo aos direitos e garantias
fundamentais, conforme analisa Almeida (2010).
A hipótese da figura coletiva desse instituto é inovadora e incipiente dentro do
ordenamento jurídico pátrio. Geraldo Prado, afirma que: “O contexto, pois de aferição do
cabimento do habeas corpus é o que se forma pela análise das circunstâncias fáticas que,
segundo o(a) impetrante [Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro], ameaçam a
liberdade de locomoção de um grupo de pessoas em regra vulneráveis”.
Ainda, o ensinamento de Sarmento, Borges e Gomes (2015) sobre a identificação da
realidade fática de aplicação do instituto:
Daí porque se pode afirmar que o instrumento processual do habeas corpus deve ter
amplitude correspondente às situações de ofensa ou de ameaça à liberdade de ir e vir
sobre as quais pretende incidir. Se a ofensa à liberdade for meramente individual, a
impetração de habeas corpus individual será suficiente. No entanto, para ofensas ao
direito de locomoção que apresentarem perfil coletivo, o ajuizamento de habeas
corpus coletivo é a providência que mais realiza o direito à efetiva tutela
jurisdicional. (p. 21)
Assim, a definição da possibilidade da demanda coletiva se dará de uma investigação
do caso concreto, culminando para ação que importe em coletivização da demanda em
respeito a amplitude do direito violado.
Em seus apontamentos, Chequer (2014), delineia as mudanças sofridas pelo instituto,
expondo que a democratização através da nova ordem constitucional, clama por uma
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interpretação extensiva dos instrumentos jurídicos institucionalizados por ser este o intuito de
uma ordem constitucional que busque o desenvolvimento social.
No que refere a legitimidade ativa para a demanda Chequer (2014) sugere que deva ser
compatível com as demandas constitucionais vigentes, apontando para o disposto no artigo 5º
da Lei de Ação Civil Pública, bem como aos próprios titulares do direito considerando a
disciplina pátria do instituto no ordenamento jurídico.
Quanto aos demais critérios formais sobre essa ação coletiva (competência, prazos,
recursos, etc), deve-se considerar as disposições cabíveis ao instituto individual e utilizado
aquilo que mais se adeque às formalidades das demandas coletivas a cada caso, tendo em
vista ainda não haver previsão específica no sistema jurídico pátrio, conforme aponta Chequer
(2014).
4.1 Casos concretos
4.1.1 HC Coletivo nº 207720-SP
Impetrado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, objetivou a suspensão da
eficácia de norma emanada pela juíza da Vara da Infância e da Juventude de Cajuru, onde
criou-se por meio de portaria o recolhimento das ruas de crianças e adolescentes
desacompanhados.
Importante a transcrição da ementa do julgado:
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. HABEAS CORPUS.
TOQUE DE RECOLHER. SUPERVENIÊNCIA DO JULGAMENTO DO
MÉRITO. SUPERAÇÃO DA SÚMULA 691⁄STF. NORMA DE CARÁTER
GENÉRICO E ABSTRATO. ILEGALIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Trata-
se de Habeas Corpus Coletivo “em favor das crianças e adolescentes domiciliados
ou que se encontrem em caráter transitório dentro dos limites da Comarca de
Cajuru-SP” contra decisão liminar em idêntico remédio proferida pela Câmara
Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 2. Narra-se que a Juíza da
Vara de Infância e Juventude de Cajuru editou a Portaria 01⁄2011, que criaria um
“toque de recolher”, correspondente à determinação de recolhimento, nas ruas, de
crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis: a) após as 23
horas, b) em locais próximos a prostíbulos e pontos de vendas de drogas e c) na
companhia de adultos que estejam consumindo bebidas alcoólicas. A mencionada
portaria também determina o recolhimento dos menores que, mesmo acompanhados
de seus pais ou responsáveis, sejam flagrados consumindo álcool ou estejam na
presença de adultos que estejam usando entorpecentes. [...] 8. Habeas Corpus
concedido para declarar a ilegalidade da Portaria 01⁄2011 da Vara da Infância
e Juventude da Comarca de Cajuru. (HC 207.720/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 23/02/2012).
(Grifou-se)
Observa-se que os pacientes do habeas corpus em questão eram todas as crianças e
adolescentes que poderiam vir a ser atingidos pela norma, Chequer (2014 – 2) ao comentar
esta decisão alerta para um abuso das possibilidades normativas do judiciário em relação à
criança e ao adolescente, com crescente emissões de normativas com tendência a fazerem
vezes de “toque de recolher”.
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É perceptível o desrespeito ao direito de liberdade de locomoção dos sujeitos neste


caso, caracterizada pela limitação, por meio de adoção de recolhimento forçado, sem respeito
as situações diversas que poderiam se apresentar. Como lembra o julgado, a intenção da
magistrada com a norma pode ter sido coberta pela preocupação, mas esbarrou na necessidade
de justificação coerente e respeitadora do direito individual à livre escolha de ir e vir.
4.1.2 HC nº142513/ES
Trata-se aqui de um habeas corpus individual impetrado por duas pessoas que se
encontravam presas em contêiners em virtude da superlotação em presídios no Estado do
Espírito Santo, sendo obrigados a permanecer em condições degradantes de confinamento, o
que conforme lembra o próprio julgado resultou em reclamações contra o ente federativo na
ONU.
Ocorreu que no caso em tela os julgadores da Sexta Turma do STJ decidiram por bem
estender a todos que estivessem na mesma situação os efeitos da decisão proferida, a qual
concedeu o direito aos impetrantes, obrigando serem colocados em prisão domiciliar em face
da precariedade do aprisionamento ao qual foram submetidos, conforme abaixo:
PRISÃO (PREVENTIVA). CUMPRIMENTO (EM CONTÊINER).
ILEGALIDADE (MANIFESTA). PRINCÍPIOS E NORMAS
(CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS). 1. Se se usa contêiner
como cela, trata-se de uso inadequado, inadequado e ilegítimo, inadequado e ilegal.
Caso de manifesta ilegalidade. 2. Não se admitem, entre outras penas, penas cruéis –
a prisão cautelar mais não é do que a execução antecipada de pena (Cód. Penal, art.
42). 3. Entre as normas e os princípios do ordenamento jurídico brasileiro, estão:
dignidade da pessoa humana, prisão somente com previsão legal, respeito à
integridade física e moral dos presos, presunção de inocência, relaxamento de prisão
ilegal, execução visando à harmônica integração social do condenado e do internado.
4. Caso, pois, de prisão inadequada e desonrante; desumana também. 5. Não se
combate a violência do crime com a violência da prisão. 6. Habeas corpus
deferido, substituindo-se a prisão em contêiner por prisão domiciliar, com
extensão a tantos quantos – homens e mulheres – estejam presos nas mesmas
condições. (STJ - HC: 142513 ES 2009/0141063-4, Relator: Ministro NILSON
NAVES, Data de Julgamento: 23/03/2010, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 10/05/2010) (Grifou-se)
Este caso se direciona para o entendimento de Sarmento, Borges e Gomes (2015),
quanto a isonomia no tratamento dos jurisdicionados, que faz importante uma atuação
homogênea do judiciário, para que não haja prejuízo a pessoas que se encontrem em situações
idênticas, as quais precisem se lançar a sorte para ver a efetivação de seus direitos, um dos
objetivos da coletivização das demandas em sede de proteção à liberdade de locomoção.
4.1.3 Medida Cautelar no HC Coletivo nº 119753/SP
O episódio trata-se de habeas corpus em favor da coletividade de pessoas presas em
regime inadequado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Osasco, neste caso houve
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indeferimento da liminar no writ sobre o fundamento da falta de especificação e identificação


dos afetados pela situação fática, conforme julgado:
Execução penal. Habeas corpus coletivo. Progressão ao regime semiaberto deferida
pelo Juízo da Execução Penal. Inexistência de estabelecimento prisional compatível.
Problema gravíssimo, notoriamente no Estado de São Paulo. Repercussão geral e
complexidade reconhecidas no RE 641.320. Convocação de audiência pública.
Pretensão de prisão albergue domiciliar. Pleito cautelar que, além de satisfativo,
abarca todos os presos, indiscriminadamente, que progrediram para o regime
semiaberto, mas permanecem no regime fechado. - Liminar indeferida. (STF - HC:
119753 SP, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 24/10/2013, Data de
Publicação: DJe-213 DIVULG 25/10/2013 PUBLIC 28/10/2013) (Grifou-se)
A decisão acima trata-se de pedido liminar, impetrado contra acórdão do Superior
Tribunal de Justiça – STJ, proferido em agravo regimental em recurso ordinário em habeas
corpus, cuja ementa interessa transcrever:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS
COLETIVO. EXECUÇÃO PENAL. PACIENTES INDETERMINADOS -
TODOS OS CONDENADOS QUE VÊM CUMPRINDO PENA NO CENTRO DE
DETENÇÃO PROVISÓRIA II DE OSASCO/SP COM DIREITO AO REGIME
SEMIABERTO - PEDIDO DE PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR. PETIÇÃO
INICIAL. REQUISITOS DO ART. 654, § 1º, ALÍNEA A, DO CPP.
AUSÊNCIA. 1. Não se olvida a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no
sentido de que, tendo sido o agente condenado ou promovido ao regime prisional
semiaberto/aberto, constitui ilegalidade submetê-lo, ainda que por pouco tempo, a
local apropriado a presos em regime mais gravoso, em razão da falta de vaga em
estabelecimento adequado. 2. Entretanto, conforme ressaltei na decisão agravada,
não se pode admitir habeas corpus coletivo, em favor de pessoas indeterminadas,
visto que se inviabiliza não só a apreciação do constrangimento, mas também a
expedição de salvo-conduto em favor dos supostos coagidos. 3. Com efeito, a teor
do disposto no art. 654, § 1º, alínea a, do Código de Processo Penal, a petição de
habeas corpus conterá o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer
violência ou coação, vale dizer, a identificação de quem esteja sofrendo o alegado
constrangimento ilegal. 4. Registro que não há obrigatoriedade legal de que se
formule um único pedido de habeas corpus para cada paciente, podendo a
impetração englobar duas ou mais pessoas, bastando que o cenário fático-processual
de cada um dos interessados seja comum para viabilizar a concessão da medida. 5.
Não obstante, a individualização dos vários pacientes é imprescindível, não bastando
a qualificação dos supostos coagidos como um grupo determinável de sujeitos que
se encontrem na mesma situação de fato. 6. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STJ - AgRg no RHC: 40334 SP 2013/0282121-4, Relator: Ministro
OG FERNANDES, Data de Julgamento: 03/09/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 16/09/2013). (Grifou-se)
Depreende-se do caso uma interpretação restritiva da possibilidade de utilização do
instituto em prol de um aspecto formal, que conforme a concepção do que é o habeas corpus
coletivo em sua perspectiva ampliativa aos direitos coletivos para proteção à liberdade de
locomoção, considera válida a indicação do universo definido de pessoas aos quais pode dizer
respeito, de acordo com o entendimento de Prado (2015) e Chequer (2014).
4.1.4 HC nº 0035227-28.2012.8.19.0066 TJ/RJ
Cuida este processo de habeas corpus impetrado em face dos Guardadores de veículos
trabalhando informalmente na Comarca de Volta Redonda no ano de 2014, os quais foram
13

enquadrados como incursos na capitulação do art. 47 do Decreto-Lei nº 3688/1941, e estavam


sendo removidos, autuados ou conduzidos pela força estatal.
Foi proferida decisão em primeira e segunda instâncias confirmando o writ em
proteção ao direito de continuarem os prejudicados em atuar naquela localidade na atividade
que desempenhavam.
Houve, entretanto interposição do RE 855810/RJ por parte do Ministério Público do
Estado do Rio de Janeiro, no qual há o questionamento sobre a possibilidade de utilização do
habeas corpus coletivo no ordenamento jurídico pátrio, tal recurso encontra-se com pedido de
repercussão geral sob análise, onde se busca justamente enfrentar esta questão de forma
definidora.
Esclarece-se que as informações trazidas derivam da notícia nos sítios eletrônicos
JOTA, andamento processual no Supremo Tribunal Federal, Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, bem nas considerações dos pareceres de Sarmento, Borges e Gomes (2015), e Prado
(2015) sobre o caso.
4.1.5 HC nº 360693/RJ
O objetivo desta ação é conceder aos apenados na Penitenciária Jonas Lopes de
Carvalho na cidade do Rio de Janeiro o direito de ver seus recursos apreciados pelo Tribunal
em detrimento de norma atravancadora, qual seja a condição de análise de dos pedidos de
benefícios aos presos deve ser precedida da digitalização dos processos físicos, procedimento
lento dentro do Tribunal.
O processo relativo a este HC ainda pende de julgamento final pelo Superior Tribunal
de Justiça, porém já consta decisões monocráticas no sentido de indeferimento do pedido
liminar, quanto do mérito (voto do relator), conforme abaixo:
EMENTA IMPETRAÇÃO COLETIVA. PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS EM FAVOR DE TODOS OS DETENTOS DA PENITENCIÁRIA
JONAS LOPES DE CARVALHO NO RIO DE JANEIRO. AUSÊNCIA DE
INDIVIDUALIZAÇÃO DA REALIDADE DE CADA DETENTO. ART. 654, §
1º, A, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Habeas Corpus não conhecido.
(STJ - HC: 369693 RJ, Relator: Min. Sebastião Reis Júnior, Data de Julgamento:
30/06/2016, Data de Publicação: DJe DIVULG 01/08/2016) (Grifou-se)
Percebe-se como a falta de previsão da figura coletiva do habeas corpus prejudica
decisões uniformes em relação a demandas coletivas pelo direito à liberdade.
4.1.6 HC nº 359374/SP
Trata de demanda impetrada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo que teve
como paciente três menores individualizados, bem como “todo e qualquer adolescente que
venha a ser internado provisoriamente perante a Vara da Infância e da Juventude de Santo
André” no ano de 2016, conforme identificação do julgado.
14

Na situação utilizou-se do writ como forma de não permitir a manutenção de


adolescentes apreendidos por ato infracional no Distrito Policial da região por prazo superior
ao permitido, fato que vinha acontecendo em virtude da superlotação na Fundação Centro de
Atendimento Socioeducativo ao Adolescente – CASA do município.
Teve como Relator o Ministro do STJ Reynaldo Soares Damasceno, que em relação ao
direito coletivo aduzido fundamentou sua decisão de forma negativa, pois “não se admite a
impetração de habeas corpus coletivo, exigindo-se a identificação dos pacientes, nos termos
do artigo 654, § 1º, alínea a, do Código de Processo Penal”.
A decisão demonstra em arremate ao já apresentado nos exemplos acima, que em face
da utilização do writ coletivo para salvaguardar o direito de liberdade coletivamente violado,
há uma visão limitadora oriunda da falta de previsão legal para a efetiva proteção desse
direito.
4.2 Posição doutrinária sobre habeas corpus coletivo
O legislador pátrio não procurou a regulamentação específica da figura coletiva do
habeas corpus, porém com as crescentes mudanças sociais e jurídicas, conforme o direito à
liberdade vai cada vez mais dizendo respeito a diversas coletividades, a reflexão sobre uma
interpretação extensiva dos direitos fundamentais deve ser realizada e fomentada pela
sociedade.
Almeida (2010) ao falar dos direitos materialmente coletivos, explica a extensividade
que a estes deve ser dada:
“[...] não é compatível com o Direito Material Coletivo interpretação restritiva, mas
só extensiva, aberta e flexível, de forma a considerá-lo inclusive como cláusula
pétrea, pois a interpretação meramente literal da Constituição é inconciliável com o
modelo do constitucionalismo atual. Ele possui aplicabilidade imediata (art. 5º, § 1º,
da CFR/88) e sua interpretação tem que ser criativa e concretizante.” (página da
internet)
Sarmento, Borges e Gomes (2015) denotam a característica maleável do habeas
corpus “aos desafios que a cada tempo se apresentam à proteção da liberdade”, levando a
refletir sobre as mudanças pela qual passou, sendo em um primeiro momento aplicável a
qualquer caso que demandasse uma resposta sobre a proteção da liberdade contra injustiças,
limitando-se, depois, a proteção da liberdade de locomoção.
Afirmam os autores que a bem de haver sido limitado em sua aplicação ao caso
concreto, “não tornou o remédio processual inflexível. A multiplicidade de desafios que se
apresentam à proteção da liberdade de locomoção e a relevância desse bem jurídico em nosso
sistema constitucional continuaram a demandar tutela jurisdicional adaptável e informal, a fim
de lhe conferir proteção integral” (SARMENTO, BORGES e GOMES, 2015).
15

Continuando na defesa do instrumento, sustentam os autores o argumento da


promoção de economia e celeridade processuais, bem como do respeito à igualdade de
tratamento dos jurisdicionados e a plena possibilidade de acesso à justiça daqueles que se
encontram à margem do sistema jurisdicional e são os mais afetados pelo braço repressor do
Estado.
Este estudo demonstra uma visão de proteção da sociedade contra o crescimento a
passos largos de uma atuação do poder público em limitar direitos, seja por meio do
desrespeito ao direito de locomoção nos centros de aprisionamento (BRAGA, SILVA e
SHIMIZU, 2016); ou da incrementação de legislações incriminadoras fazendo crescer a ação
repressiva do Estado no seio social (LIMA, 2016).
Sarmento, Borges e Gomes (2015), delineiam a característica maleável, a
possibilidade de adequação do instituto às novas demandas sociais, havendo uma crescente
necessidade do aparelho jurídico, por meio tanto do poder legislativo, quanto do poder
judiciário e dos institutos jurídicos de acompanharem as mudanças, a complexidade das
relações para que as respostas para o povo sejam coerentes.
Assevera Chequer (2014) que o instituto de proteção à liberdade imprime a
característica de aplicação imediata e da busca pela máxima efetividade, referindo a direito
fundamental consagrado na Constituição Federal assumindo contornos de fruição que
independe de previsões ou prescrições complementares.
Ainda, Lilian Chequer (2014) leciona sobre a eficácia plena do writ e dessa forma
devendo ser aplicável as demandas tanto individuais como coletivas, devendo afastar-se da
ideia individualizada do direito de locomoção, possibilitando a impetração do instituto do
habeas corpus.
Quanto a esse aspecto, no caso específico aqui tratado, a necessidade da legislação
infraconstitucional se faz relevante pelo discurso exemplificado acima sobre a falta de
previsão legal do instituto, pelos órgãos jurisdicionais, quando da não concessão do writ, o
que obriga a pensar não só no discurso de sua aplicação independente da legislação, para que
não se permita o esvaziamento do direito da necessidade de sua previsão positivada.
Recorde-se o caso do Mandado de Injunção que apesar da previsão constitucional,
enfrentou muitos obstáculos em sua utilização, justamente pela deficiência da regulamentação
que trazia grandes embaraços para seu processamento, o que foi buscado otimizar com a
emissão da lei.
Ainda, outro argumento contrário ao instituto, que deve ser superado, é o de que ainda
que não proibido pela ordem jurídica vigente, o requisito inserto no Código de Processo
16

Penal, sobre a necessidade de identificação das pessoas para as quais o remédio é requerido,
impede a concessão do direito.
Há de se especificar, como convergem os autores citados, em especial Prado (2015), a
coletividade atingida e não membros individuais, devendo ser plausível a determinação
informada sobre aquela coletividade, que vai se manifestar pela própria plausibilidade da
ameaça à liberdade de locomoção dos membros da coletividade em questão.
Há também de se considerar uma visão ampliativa dos remédios constitucionais
assentada pelo Supremo Tribunal Federal, conforme lembram Sarmento, Borges e Gomes
(2015), que busca a intensificação e fortalecimentos desses institutos, Chequer (2014) no
mesmo sentido diz que a garantia do habeas corpus não deve sofrer limitações.
Posiciona-se a autora no sentido de uma interpretação ampla, conforme a Constituição
Federal de 1988, com uma ampliação do conceito do instituto, bem como de sua abrangência
e aplicação, para garantia eficaz e adequada da proteção ou restabelecimento da liberdade de
locomoção dos seres.
Essa visão extensiva, no entendimento de Chequer (2014) é própria dos sistemas
democráticos constitucionais, que convergem para propiciar o pleno desenvolvimento de seus
cidadãos em todos os aspectos da vida. Há uma preocupação em efetivar as garantias escritas
na ordem constitucional como demonstração da postura estatal de melhorar a vida do ser
individual que lhe compõe.
Isso advém de uma construção histórica de que o direito à liberdade de
locomoção foi pensado para que se contivesse o poder e arbítrio dos entes públicos sobre o
corpo do indivíduo (FERREIRA, apud CHEQUER, 2014), pois era em demasiado vulnerável
no meio social, bastando às vezes a mais simples das justificativas para impor restrições ao
direito de locomoção.
Logo a resposta eficiente, que preze pela efetividade, em busca de uma construção de
direitos sólidos na sociedade urge como responsabilidade de todos, “a tutela jurisdicional
efetiva impõe que os instrumentos processuais sejam aptos para responder de modo adequado
à violação dos direitos materiais que visam salvaguardar” (SARMENTO, BORGES e
GOMES, 2015, pg. 20).
Frisa-se, finalmente, que a regulamentação em atenção aos pressupostos expostos é
fundamental, traz um simbolismo para consolidação e transforma pensamentos na ordem
social e principalmente na jurídica, grande gargalo do writ ora pensado. Imprime um caráter
de utilidade, aquilo que se postula em seus enunciados, corroborando com os argumentos
sobre sua necessidade, aplicação e legitimidade de utilização por todos.
17

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa procurou fazer uma análise mais aprofundada do tema proposto. A
questão da regulamentação do Habeas corpus coletivo partiu de uma análise sobre sua
utilização atual e das decisões que lhes são conferidas, atentando para a falta de uniformidade
destas em virtude do não enfrentamento da possibilidade de utilização, bem como da falta de
previsão legal expressa.
A utilização do writ se justifica pois:
a) A origem e evolução do instituto apontam para uma racionalização social dos meios
de proteção de direitos fundamentais, que buscam protegê-los de forma plena e eficaz, que foi
propiciando ao longo do tempo sua utilização por qualquer pessoa, o que pode ensejar a sua
boa adequação às demandas coletivas.
b) Há uma série de institutos jurídicos de proteção de direitos fundamentais que
abarcam as duas dimensões de direitos, tanto coletivos quanto individuais, um em especial
que ainda que não conste com expressa previsão coletiva na CRFB de 1988, teve essa
dimensão aglutinada com a legislação infraconstitucional, qual seja o Mandado de Injunção
Coletivo com a Lei 13.300/2016.
c) A análise da prática jurídica com os casos concretos estudados propiciou constatar
que a falta de previsão legal expressa não engessou a utilização do writ coletivo, pois existem
demandas reais nesse sentido sendo julgadas pelos tribunais, existindo como se percebeu pela
pesquisa uma posição de não acolhê-lo, mas que não é uniforme à guisa de decisões contrárias
encontradas.
d) Os pensadores a favor da utilização, ainda que sem regulamentação, do tema se
debruçam sobre a característica de direitos fundamentais dos direitos coletivos, a plena
aplicabilidade daqueles, a possibilidade de interpretação extensiva dos direitos fundamentais.
Ainda, abordam a flexibilidade do instituto ao longo do tempo, sendo, por isso, possível ser
estendido aos direitos coletivos.
Pelo exposto, a regulamentação do instituo do habeas corpus coletivo é devida para
um atendimento satisfatório da proteção à liberdade, como busca pela melhor resposta
possível quando este direito for violado em face de uma coletividade. Deve se otimizar os
direitos e os instrumentos que lhes buscam proteger.
Uma resposta consistente que preze pela efetividade, busca uma construção sólida de
direitos na sociedade, e assim sendo responsabilidade de todos. Não bastam as discussões
para aplicação do habeas corpus coletivo com o que já se tem posto atualmente, há de se
produzir o diploma jurídico necessário para possibilitar um enraizamento da importância
18

desse instrumento, que abarque os formalismos tão suscitados pelos julgadores e consolide
entendimentos tendentes na direção de uma utilização que se busca consolidar no
ordenamento jurídico pátrio.
Entende-se assim a regulamentação por meio da legislação adequada, meio de
promover uma confiança nas instituições, pois traz a pessoa como prioridade nessa ordem
constitucional democrática, propiciando os instrumentos adequados a proteção plena de
direitos em obediência a uma materialidade da democracia para todos.

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347.81077
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Habeas corpus coletivo: análise sobre a necessidade de


regulamentação do instituto / Adriele Neves de Almeida; orientador,
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20 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Fundação


Universidade Federal do Amapá, Coordenação do Curso de Direito.

1. Habeas-Corpus. 2. Democracia. 3. Medicamentos essenciais. I.


Araújo Neto, Zacarias Alves de, orientador. II. Fundação Universidade
Federal do Amapá. III. Título.

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