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REGULAMENTAÇÃO DO INSTITUTO
HABEAS CORPUS COLLECTIVE: ANALYSE SUR LA NÉCESSITÉ DE METTRE EN
PLACE DES RÈGLEMENTS
Adriele Neves de Almeida¹
Acadêmica
Zacarias Alves de Araújo Neto²
Orientador
RESUMO
Este trabalho buscou demonstrar como a coletivização das demandas em relação ao direito de liberdade de
locomoção é latente em nossa sociedade, bem como a necessidade de regulamentação é plausível tendo em vista
a utilização do writ em questão. Buscou superar entendimentos de não se compatibilizar com o ordenamento
jurídico pátrio o habeas corpus coletivo. A discussão é importante na busca por evoluir na atuação de melhor
proteção da segurança jurídica e social da liberdade de locomoção, ainda, a análise proposta guia-se em ser
faísca para incentivar a reflexão pela otimização de instrumentos garantidores de direitos, considerando-os
pilares da vida em sociedade de forma segura. A academia como propulsora de conhecimento não deve se eximir
dessa discussão. Trabalhou-se com o seguinte problema: quais os motivos que justificam a utilização e
regulamentação do habeas corpus coletivo? Utilizou-se uma abordagem qualitativa, dando-se um enfoque
analítico, a pesquisa se deu de forma jurídico-teórica, utilizando dos procedimentos bibliográficos com estudo de
caso e pesquisa documental. Foi possível depreender a partir desta pesquisa que a possibilidade de utilização
com a efetiva regulamentação do instituto apresentado parte de uma visão de democracia constitucional que
busca dar efetividade aos seus institutos de forma plena, havendo a necessidade/possiblidade de regulamentação
do tema.
PALAVRAS-CHAVE
Habeas corpus coletivo. Democracia Constitucional. Ampliação de remédios fundamentais. Regulamentação.
RÉSUMÉ
Cette étude visait à démontrer comment la collectivisation des exigences pour le droit à la liberté de mouvement
est latent dans notre société et la nécessité d'une réglementation est plausible compte tenu de l'utilisation du bref
en question. A cherché à surmonter la compréhension de ne pas compatible avec le le droit d'habeas corpus
parentales collective. La discussion est importante dans la recherche de progrès dans l'exécution d'une meilleure
protection de la sécurité juridique et sociale de la liberté de mouvement, encore, l'analyse proposée est guidée
pour être étincelle pour encourager la réflexion sur l'optimisation des droits des instruments de garantie, compte
tenu des garants la vie dans la société en toute sécurité. Les universités en tant que pilote de la connaissance ne
devrait pas éviter cette discussion. Il a travaillé avec le problème suivant: quelles sont les raisons de l'utilisation
et la réglementation de l'habeas corpus collective? Nous avons utilisé une approche qualitative, donnant une
approche analytique, la recherche a moyen légal et théorique, en utilisant des procédures bibliographiques avec
étude de cas et la recherche de documents. Il était possible de conclure de cette étude que la possibilité d'une
utilisation avec la réglementation efficace de l'institut a présenté une partie d'une vision de la démocratie
constitutionnelle qui vise à donner effet à ses pleins instituts forment, il y a la besoin/possibilite de
réglementation du thème.
MOTS-CLÉS
Habeas corpus collective. La démocratie constitutionnelle. Expansion des recours fundamental. Règlementation.
1 INTRODUÇÃO
A premissa democrática de ver os direitos da sociedade, seja de forma individual ou
coletiva, garantidos por meio de institutos estatais mais efetivos possíveis, se manifesta como
preceito constitucional. Habeas data, mandado de injunção, mandado de segurança e habeas
corpus são os principais mandamentos constitucionais em nome da defesa dos direitos
fundamentais de todos.
Tais institutos encontram-se em constante evolução, consequência das mudanças
sociais, políticas, econômicas, culturais e jurídicas de cada Estado. Assim, sendo estes
instrumentos imprescindíveis para a segurança dos direitos sociais e individuais, a busca por
desenvolvê-los é necessária para a concretização e consolidação das garantias constitucionais.
Este estudo se desdobra sobre o tema da proteção da liberdade coletiva de locomoção,
manifestando-se na figura incipiente do habeas corpus coletivo. Considera-se que existem
interesses coletivos convergentes para uma proteção que pode ensejar a utilização do
mandamento, bem como a busca para não permitir abusos ou incertezas com novidades
jurídicas sem regulamentação, sendo importante uma reflexão sobre a legalidade do instituto e
de seu regramento estatal.
O objetivo desta investigação é expor a(s) causa(s) da necessidade de proteção da
liberdade coletiva de locomoção no ordenamento jurídico pátrio, demonstrando que o instituto
do habeas corpus coletivo deve ser regulamentado para efetivação e legitimação da defesa
desse direito.
A pesquisa se deu por um abordagem jurídico-teórica, acessando documentos e
julgados relativos ao tema, buscando em um primeiro momento compreender o mecanismo de
proteção da liberdade de locomoção por meio do habeas corpus e sua evolução histórica, que
culmina em uma possibilidade de alargamento de sua aplicação.
Abordou uma análise sobre as diversas formas de proteção de direitos coletivos, para
investigar como isso se dá em nosso ordenamento jurídico e como pode ser refletido no
âmbito da liberdade de locomoção, tendo em vista que este direito não poderia ser excluído do
rol de remédios constitucionais com objeto de garantia coletiva.
Estuda como a prática jurídica concebe e justifica a aceitação ou não do instituto, para
verificar se existe uma estabilidade ou não nessa concepção, bem como se esta discussão
alcança um questionamento abrangente no meio jurídico, se se faz presente na realidade dos
tribunais de nosso país.
Assim, se processou os argumentos que demonstram a importância de regulamentação
específica do instrumento, discutindo-se a plena aplicação e efetividade atribuídas aos direitos
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paterfamilias a oportunidade de reaver mulher, filho ou pupilo que estivessem com alguém
que não quisesse devolvê-los.
A segunda corrente, relativa a Magna Charta Libertatum, de 1215, reconhece como
origem do habeas corpus o direito inglês, no referido documento outorgado pelo Rei João
Sem Terra, no qual havia o preceito da impossibilidade de prisão arbitrária, devendo garantir-
se anteriormente à prisão a devida previsão legal e o julgamento adequado.
Afirmam Chequer (2014) e Silveira (2010), que a Charta foi um documento que
surgiu dos protestos dos membros da corte insatisfeitos com a condução sem freios do
governo por parte do Rei João Sem Terra, sendo importante na afirmação de proteção do
direito à liberdade, mas sem muita efetividade em virtude da conjuntura social e política da
época.
Em relação as previsões da Magna Charta, existiam três meios de proteção, conforme
Pontes de Miranda (apud CHEQUER, 2014), o writ de mão tomada, o writ de ódio et atia, e o
writ de homine replegiando. Surgiu, após, o writ of habeas corpus instrumento mais eficaz e
rápido para proteção do direito à liberdade.
A última corrente apoia-se na ideia de origem do habeas corpus no reinado de Carlos
II, em 1679, também da Inglaterra, com o habeas corpus act, o qual previa a apresentação do
preso ao juiz no prazo de 20 dias e somente era utilizado em prol de pessoas acusadas de
terem cometido crimes.
Massaú (2008) considera que foram nessas roupagens no direito inglês que os
contornos do que hoje se conhece como habeas corpus se iniciaram. O autor elucida que o
instituto sofreu certas alterações, percorrendo um caminho civilizador e detém atualmente
grande importância como instrumento de garantia do direito à liberdade de locomoção.
2.1 O habeas corpus no Brasil
No Brasil, historicamente atrasado em virtude do modelo de ocupação com uma
política exploratória tanto do povo quanto das riquezas, a garantia a liberdade encontrou
dificuldade, mas teve seu início já com as Ordenações com o que se chamava carta de seguro,
conforme aponta Massaú (2008).
Aparece somente em 1821, no Decreto de 23 de maio, conhecida Carta Magna pátria a
previsão que marcou a institucionalização do habeas corpus no país. Não trazia a
denominação específica adotada, mas havia menção à proteção ao direito de liberdade de
locomoção, “[...] esse Decreto não regulamenta e nem expõe o instituto do Habeas Corpus,
apenas insere no ordenamento jurídico princípios que, também, são inerentes ao mandado, o
do processo legal e da judicialidade.”, conforme diz Massaú (2008).
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fático em virtude da insuficiência normativa do poder público no âmbito de direitos afetos aos
direitos e liberdades constitucionais, e às prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
e à cidadania.
A previsão constitucional está no art. 5º, LXXI e na legislação ordinária com a Lei nº
13.300 de 23 de Junho de 2016, pontua Mendes e Branco (2015) que “[...] o instituto foi
criado com vistas a sanar o problema da ineficácia das disposições constitucionais que
concediam direitos sociais”, abarca direitos indispensáveis ao convívio social e a realização
da vida pessoal de todos.
Combate este instituto o estado de mora inconstitucional, chamado por Mendes e
Branco (2015) de estado de inconstitucionalidade omissiva, visando fomentar uma ação
positiva por parte da justiça (em sede de apreciação) e do poder legislativo (com o
cumprimento de decisão favorável quanto à sua mora) em prol de não tornar letra morta
disposições constitucionais tão caras ao cidadão, apontam os autores para uma admissão por
parte do judiciário “de uma <solução> normativa para a decisão judicial” (p. 1229) relativa ao
instituto.
Quanto a utilização coletiva, Lopes (s. d.) recorda que quando da falta de previsão
expressa constitucional sobre a possibilidade de utilização coletiva do instrumento, havia
entendimento do Supremo Tribunal Federal de ser possível seu manejo em face do que dispõe
o §2º do art. 5º da CRFB de 1988, que agrega direitos e garantias fundamentais não previstos
expressamente no texto constitucional, atribuindo a eles proteção plena.
[...] Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único.
A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos,
assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim
entendidos os decorrentes de origem comum.
Assim, observa-se como definição pela legislação que os direitos difusos são aqueles
pertencentes a uma comunidade de pessoas indeterminadas e indetermináveis, onde o direito
pertence a um e a todos simultaneamente, estando ligadas por meio de uma circunstância
fática, conforme lembra Chequer (2014).
Ainda, a autora recorda que direitos coletivos em sentido estrito são aqueles
pertencentes a um grupo de pessoas indeterminadas, mas determináveis, havendo uma relação
jurídica prévia que as une; enquanto que os individuais homogêneos são os que se
individualizar as pessoas e o direito é divisível e distinguível entre os titulares.
A característica de direito fundamental dos direitos coletivos advém da sua própria
topografia na CRFB de 1988, que consta do Título relativo aos direitos e garantias
fundamentais, conforme analisa Almeida (2010).
A hipótese da figura coletiva desse instituto é inovadora e incipiente dentro do
ordenamento jurídico pátrio. Geraldo Prado, afirma que: “O contexto, pois de aferição do
cabimento do habeas corpus é o que se forma pela análise das circunstâncias fáticas que,
segundo o(a) impetrante [Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro], ameaçam a
liberdade de locomoção de um grupo de pessoas em regra vulneráveis”.
Ainda, o ensinamento de Sarmento, Borges e Gomes (2015) sobre a identificação da
realidade fática de aplicação do instituto:
Daí porque se pode afirmar que o instrumento processual do habeas corpus deve ter
amplitude correspondente às situações de ofensa ou de ameaça à liberdade de ir e vir
sobre as quais pretende incidir. Se a ofensa à liberdade for meramente individual, a
impetração de habeas corpus individual será suficiente. No entanto, para ofensas ao
direito de locomoção que apresentarem perfil coletivo, o ajuizamento de habeas
corpus coletivo é a providência que mais realiza o direito à efetiva tutela
jurisdicional. (p. 21)
Assim, a definição da possibilidade da demanda coletiva se dará de uma investigação
do caso concreto, culminando para ação que importe em coletivização da demanda em
respeito a amplitude do direito violado.
Em seus apontamentos, Chequer (2014), delineia as mudanças sofridas pelo instituto,
expondo que a democratização através da nova ordem constitucional, clama por uma
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interpretação extensiva dos instrumentos jurídicos institucionalizados por ser este o intuito de
uma ordem constitucional que busque o desenvolvimento social.
No que refere a legitimidade ativa para a demanda Chequer (2014) sugere que deva ser
compatível com as demandas constitucionais vigentes, apontando para o disposto no artigo 5º
da Lei de Ação Civil Pública, bem como aos próprios titulares do direito considerando a
disciplina pátria do instituto no ordenamento jurídico.
Quanto aos demais critérios formais sobre essa ação coletiva (competência, prazos,
recursos, etc), deve-se considerar as disposições cabíveis ao instituto individual e utilizado
aquilo que mais se adeque às formalidades das demandas coletivas a cada caso, tendo em
vista ainda não haver previsão específica no sistema jurídico pátrio, conforme aponta Chequer
(2014).
4.1 Casos concretos
4.1.1 HC Coletivo nº 207720-SP
Impetrado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, objetivou a suspensão da
eficácia de norma emanada pela juíza da Vara da Infância e da Juventude de Cajuru, onde
criou-se por meio de portaria o recolhimento das ruas de crianças e adolescentes
desacompanhados.
Importante a transcrição da ementa do julgado:
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. HABEAS CORPUS.
TOQUE DE RECOLHER. SUPERVENIÊNCIA DO JULGAMENTO DO
MÉRITO. SUPERAÇÃO DA SÚMULA 691⁄STF. NORMA DE CARÁTER
GENÉRICO E ABSTRATO. ILEGALIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Trata-
se de Habeas Corpus Coletivo “em favor das crianças e adolescentes domiciliados
ou que se encontrem em caráter transitório dentro dos limites da Comarca de
Cajuru-SP” contra decisão liminar em idêntico remédio proferida pela Câmara
Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 2. Narra-se que a Juíza da
Vara de Infância e Juventude de Cajuru editou a Portaria 01⁄2011, que criaria um
“toque de recolher”, correspondente à determinação de recolhimento, nas ruas, de
crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis: a) após as 23
horas, b) em locais próximos a prostíbulos e pontos de vendas de drogas e c) na
companhia de adultos que estejam consumindo bebidas alcoólicas. A mencionada
portaria também determina o recolhimento dos menores que, mesmo acompanhados
de seus pais ou responsáveis, sejam flagrados consumindo álcool ou estejam na
presença de adultos que estejam usando entorpecentes. [...] 8. Habeas Corpus
concedido para declarar a ilegalidade da Portaria 01⁄2011 da Vara da Infância
e Juventude da Comarca de Cajuru. (HC 207.720/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 23/02/2012).
(Grifou-se)
Observa-se que os pacientes do habeas corpus em questão eram todas as crianças e
adolescentes que poderiam vir a ser atingidos pela norma, Chequer (2014 – 2) ao comentar
esta decisão alerta para um abuso das possibilidades normativas do judiciário em relação à
criança e ao adolescente, com crescente emissões de normativas com tendência a fazerem
vezes de “toque de recolher”.
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Penal, sobre a necessidade de identificação das pessoas para as quais o remédio é requerido,
impede a concessão do direito.
Há de se especificar, como convergem os autores citados, em especial Prado (2015), a
coletividade atingida e não membros individuais, devendo ser plausível a determinação
informada sobre aquela coletividade, que vai se manifestar pela própria plausibilidade da
ameaça à liberdade de locomoção dos membros da coletividade em questão.
Há também de se considerar uma visão ampliativa dos remédios constitucionais
assentada pelo Supremo Tribunal Federal, conforme lembram Sarmento, Borges e Gomes
(2015), que busca a intensificação e fortalecimentos desses institutos, Chequer (2014) no
mesmo sentido diz que a garantia do habeas corpus não deve sofrer limitações.
Posiciona-se a autora no sentido de uma interpretação ampla, conforme a Constituição
Federal de 1988, com uma ampliação do conceito do instituto, bem como de sua abrangência
e aplicação, para garantia eficaz e adequada da proteção ou restabelecimento da liberdade de
locomoção dos seres.
Essa visão extensiva, no entendimento de Chequer (2014) é própria dos sistemas
democráticos constitucionais, que convergem para propiciar o pleno desenvolvimento de seus
cidadãos em todos os aspectos da vida. Há uma preocupação em efetivar as garantias escritas
na ordem constitucional como demonstração da postura estatal de melhorar a vida do ser
individual que lhe compõe.
Isso advém de uma construção histórica de que o direito à liberdade de
locomoção foi pensado para que se contivesse o poder e arbítrio dos entes públicos sobre o
corpo do indivíduo (FERREIRA, apud CHEQUER, 2014), pois era em demasiado vulnerável
no meio social, bastando às vezes a mais simples das justificativas para impor restrições ao
direito de locomoção.
Logo a resposta eficiente, que preze pela efetividade, em busca de uma construção de
direitos sólidos na sociedade urge como responsabilidade de todos, “a tutela jurisdicional
efetiva impõe que os instrumentos processuais sejam aptos para responder de modo adequado
à violação dos direitos materiais que visam salvaguardar” (SARMENTO, BORGES e
GOMES, 2015, pg. 20).
Frisa-se, finalmente, que a regulamentação em atenção aos pressupostos expostos é
fundamental, traz um simbolismo para consolidação e transforma pensamentos na ordem
social e principalmente na jurídica, grande gargalo do writ ora pensado. Imprime um caráter
de utilidade, aquilo que se postula em seus enunciados, corroborando com os argumentos
sobre sua necessidade, aplicação e legitimidade de utilização por todos.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa procurou fazer uma análise mais aprofundada do tema proposto. A
questão da regulamentação do Habeas corpus coletivo partiu de uma análise sobre sua
utilização atual e das decisões que lhes são conferidas, atentando para a falta de uniformidade
destas em virtude do não enfrentamento da possibilidade de utilização, bem como da falta de
previsão legal expressa.
A utilização do writ se justifica pois:
a) A origem e evolução do instituto apontam para uma racionalização social dos meios
de proteção de direitos fundamentais, que buscam protegê-los de forma plena e eficaz, que foi
propiciando ao longo do tempo sua utilização por qualquer pessoa, o que pode ensejar a sua
boa adequação às demandas coletivas.
b) Há uma série de institutos jurídicos de proteção de direitos fundamentais que
abarcam as duas dimensões de direitos, tanto coletivos quanto individuais, um em especial
que ainda que não conste com expressa previsão coletiva na CRFB de 1988, teve essa
dimensão aglutinada com a legislação infraconstitucional, qual seja o Mandado de Injunção
Coletivo com a Lei 13.300/2016.
c) A análise da prática jurídica com os casos concretos estudados propiciou constatar
que a falta de previsão legal expressa não engessou a utilização do writ coletivo, pois existem
demandas reais nesse sentido sendo julgadas pelos tribunais, existindo como se percebeu pela
pesquisa uma posição de não acolhê-lo, mas que não é uniforme à guisa de decisões contrárias
encontradas.
d) Os pensadores a favor da utilização, ainda que sem regulamentação, do tema se
debruçam sobre a característica de direitos fundamentais dos direitos coletivos, a plena
aplicabilidade daqueles, a possibilidade de interpretação extensiva dos direitos fundamentais.
Ainda, abordam a flexibilidade do instituto ao longo do tempo, sendo, por isso, possível ser
estendido aos direitos coletivos.
Pelo exposto, a regulamentação do instituo do habeas corpus coletivo é devida para
um atendimento satisfatório da proteção à liberdade, como busca pela melhor resposta
possível quando este direito for violado em face de uma coletividade. Deve se otimizar os
direitos e os instrumentos que lhes buscam proteger.
Uma resposta consistente que preze pela efetividade, busca uma construção sólida de
direitos na sociedade, e assim sendo responsabilidade de todos. Não bastam as discussões
para aplicação do habeas corpus coletivo com o que já se tem posto atualmente, há de se
produzir o diploma jurídico necessário para possibilitar um enraizamento da importância
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desse instrumento, que abarque os formalismos tão suscitados pelos julgadores e consolide
entendimentos tendentes na direção de uma utilização que se busca consolidar no
ordenamento jurídico pátrio.
Entende-se assim a regulamentação por meio da legislação adequada, meio de
promover uma confiança nas instituições, pois traz a pessoa como prioridade nessa ordem
constitucional democrática, propiciando os instrumentos adequados a proteção plena de
direitos em obediência a uma materialidade da democracia para todos.
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