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Myako @CF diz:

Acordou na mesma neutralidade de sempre: acostumara-se com uma rotina que não fazia
mais sentido. Suspirou, olhando o espelho uma última vez antes de passar pela
porta. O corpo era impecável, sem marcas, cicatrizes, manchas, ou quilos extras. Os
cabelos, normalmente, tinham uma cor negra, brilhante, caindo-lhe pelos ombros. Os
olhos eram amarelos como o sol, mas sem o mesmo brilho: eram foscos em todos os
sentidos. Desceu as escadas e já foi recebida pela senhora. Senhora que ela chamava
de dona, e obedecia cegamente, pelo mero fato de não ter mais ninguém. Já enfiava-
lhe um vestido vermelho, apertado, puxando-a para que terminasse de se arrumar.

E em poucos minutos estava na vitrine, no mesmo pedestal circular, rodando, como um


manequim. Mudava a pose conforme a música de dentro da loja se alterava, e
observava a rua ocasionalmente com a visão de quem já não tem mais fé. Era ali que
vivia. Era ali que sobrevivia.

Maianne Ribeiro diz:


"É ela..."
O rapaz sorri, se aproximando da vitrine. Não era muito alto, nem velho: sequer
chegara aos dezoito anos, o que era claro pelo uniforme escolar que trajava.
Tornara-se um costume seu ir até a loja para observar a garota; de início, era
apenas uma obsessão pelas curvas da manequim, mas aos poucos ele começara a sentir
uma espécie de admiração. Quem era aquela garota que passava os dias ali, de pé,
quase imóvel, expondo as roupas que vendiam? Por que ela fazia isso? Do que ela
gostava? Era mais nova que ele? Mais velha? Provavelmente mais velha, ele pensava,
tentando criar as respostas para as perguntas que não tinha coragem nem
oportunidade para fazer.

Sentou num banco, colocando a mochila sobre o colo, voltando a observar a vitrine
com os olhos azul-céu, enquanto terminava de comer um pão torrado que era parte de
seu café da manhã. Olhou o relógio: logo seria hora de ir para a escola. Suspirou.
Não queria ir naquele dia. "Meu pai não precisa saber.", pensou, tentando deixar as
preocupações de lado.

Myako @CF diz:


Passaram-se os primeiros minutos, sem que ela estranhasse. Até que o ponteiro
acusou o primeiro minuto após uma hora feita. E os olhos, então, se fixaram no
rapaz. Lembrava-se dele. Todos os dias, por minutos, o percebia observando-a. Por
que ele ainda estava ali, após tanto tempo? E o pior: com os olhos fixos nela?

Quando a música acabou, e ela teve de mudar a pose novamente, o fez de forma a
poder observá-lo, ver o que ele planejava. Era como se, após tanto tempo, voltasse
a sentir algo. Uma curiosidade, uma esperança. Talvez uma admiração, pela beleza
dos olhos, pela inocência da expressão, pela força de vontade... Talvez algo.

Maianne Ribeiro diz:


O garoto cora de leve, ao vê-la se virar. "Ela está olhando... pra mim?", pensa.
Acena de leve. Sorri. Ignorava o celular que vibrava com a chegada da mensagem de
um colega de escola, inquirindo o motivo da ausência. Não pensava nisso, nem nos
professores, nem na matéria. Pensava nela. Pensava se poderia falar com ela.
Conversar. Rir. Brincar. Tocá-la, nem que fosse um aperto de mão. Ser amigo.

Myako @CF diz:


Estremeceu, sorrindo levemente antes de se forçar a voltar para a expressão neutra
de antes. Mas não era igual. Os olhos brilhavam, observando-o. Queria que aquele
momento durasse pela eternidade. Que aquela troca de olhares fosse eterna, tenra,
gentil, e não desaparecesse com os dias que viriam. Porque, ao contrário dele,
sabia que a possibilidade daquela sensação se tornar algo mais era... nula.

Maianne Ribeiro diz:


"Ela... sorriu..!"
O sorriso dele se abre ainda mais, e ele parece ter uma idéia. Pega a mochila,
revirando seus conteúdos, puxando de lá um caderno e uma caneta. Escrevera num
papel, erguendo-o para que a garota visse.
"Luen. Você?"

Myako @CF diz:


Ela estremece novamente, sentindo o rubor subir-lhe pelo rosto. Ainda hesita por
vários e vários instantes, enquanto ponderava se deveria falar.
"Lu", fez com os lábios, na primeira volta. E completou "na", na segunda.

Maianne Ribeiro diz:


"Bonito nome.", ele respondeu, escrevendo outra vez. "Que nem a dona."

Myako diz:
Ela cora violentamente, assumindo - com certa dificuldade - uma expressão de
espanto enquanto levava a mão a boca. Permaneceu assim por alguns instantes, até
ser girada de costas para ele, olhando a loja, e lembrando-se do que deveria fazer.
Suspirou internamente, sentindo uma certa tristeza, e voltou à pose e à
neutralidade.

Maianne Ribeiro diz:


"Desculpa, te atrapalhei.", escreveu, dando um sorriso culpado. Fica cabisbaixo por
um instante, mas não de tristeza. Estava pensando. Tendo idéias. Escrevia outra
vez.
"Quer almoçar comigo?"

Myako diz:
Luna hesita, pensando em como responder. E permaneceu silenciosa por alguns
minutos, até que uma letra dourada, feita de energia, surgida do nada, passou a
escrever na vitrine, desaparecendo rapidamente.
"Não almoço".

Maianne Ribeiro diz:


- Não?! - ele murmura pra si mesmo, com certo espanto. "Espírito? Sem cauda?",
pergunta, curioso.

Myako diz:
"Eu tenho.", e a cauda apareceu e desapareceu em instantes. "Mas pra manequim, não
posso mostrar."

Maianne Ribeiro diz:


Ela podia perceber o olhar curioso e interessado de Luen, mesmo com a distância e
os transeuntes que passavam entre os dois. Alguns até mesmo tinham parado para
observá-lo, e tentar entender aquela estranha conversa.
"Você sai? Que horas?"

Myako diz:
"Quando a loja fecha. Pra dormir."

Maianne Ribeiro diz:


"Quer sair comigo? Antes de dormir?"

Myako diz:
"Não sei se a dona deixa."

Maianne Ribeiro diz:


Ele parece pensativo, mais uma vez a mente maquinando alguma idéia para aproximar
os dois. O rapaz guarda o caderno e a caneta, pegando a mochila e jogando-a nas
costas. Se aproxima da vitrine, sorrindo, tocando o vidro.
- Confia em mim. - diz, antes de entrar na loja.

Myako diz:
A garota hesita, empalidecendo.
"Não...!", pensa, temendo o que ele iria aprontar.
-=-
- Bom dia, o senhor já foi atendido? - uma jovem provavelmente pouco mais velha que
ele, se aproxima.

Maianne Ribeiro diz:


- Não, acabei de chegar. - murmura, gentil. Tinha a voz de um adulto, mas carregada
do sentimento de uma criança transparente, inocente, sincera. - Eu posso falar com
a dona?

Myako diz:
Ela hesita, encarando-o.
- Algum assunto em particular...?

Maianne Ribeiro diz:


- Sobre aquela moça bonita ali na vitrine.

Myako diz:
- ...huh... só... só um momento. - murmura, afastando-se.

Maianne Ribeiro diz:


- Obrigado! - sorri, se virando para Luna, fazendo um sinal positivo com a mão
quando o pedestal gira o suficiente para que ela pudesse vê-lo.

Myako diz:
A espírito nega com a cabeça, um tanto horrorizada, reassumindo a expressão de
outrora quando vê a dona se aproximar dele. Era alta, esguia, e o observava com
desprezo.
- Em que posso ajudá-lo...? - murmura, seca.

Maianne Ribeiro diz:


- Olá, senhora. - diz, se curvando em respeito. - Eu queria pedir permissão para
levar aquela moça pra jantar comigo, quando ela sair do trabalho. Posso?

Myako diz:
- Ela só sai após a meia-noite.

Maianne Ribeiro diz:


- Não tem problema.

Myako diz:
- Se algo acontecer a ela, saiba que a culpa é sua. - sibila. - E ela precisa estar
de volta antes das cinco. Sem nenhum grama a mais.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu me responsabilizo. - sorri, se curvando outra vez. - Muito obrigado, senhora.

Myako diz:
- ...agora suma.

Maianne Ribeiro diz:


- Com licença.
Luen deixa a loja, rindo. Voltava para o banco, olhando para a manequim, alegre.
Escrevera outra vez. "Meia noite. Não esqueça."
Myako diz:
"Você conseguiu?!"

Maianne Ribeiro diz:


"Consegui. Pediu pra não te engordar =)"

Myako diz:
Ela sorri, tentando conter a felicidade, sem sucesso.
"=)?"

Maianne Ribeiro diz:


Ele desenha um sorriso bem grande no caderno, mostrando-o para a garota. Ria,
alegre.
"=D"

Myako diz:
"...sorriso?"

Maianne Ribeiro diz:


"É sim! \o/"

Myako diz:
"\o/...?"

Maianne Ribeiro diz:


Ele ri. Aponta para o círculo, e para a própria cabeça. Então, ele ergue os braços,
imitando a pose do pequeno desenho.

Myako diz:
Ela ainda hesita, encarando-o por alguns instantes antes de assentir com a cabeça,
sinalizando que entendera.

Maianne Ribeiro diz:


O rapaz balança a cabeça em aprovação. "De noite te ensino outros!"

Myako diz:
"...outros o quê?"

Maianne Ribeiro diz:


"Emoticons. Esses desenhos."

Myako diz:
"Ah... Entendi."

Maianne Ribeiro diz:


O rapaz parece enfim lembrar de algo. Faz um sinal para que a garota espere,
enquanto pegava o celular. Respondera as mensagens dos amigos apressadamente,
torcendo para que não tivessem alertado seu pai. Empalidece. Havia uma mensagem do
"velho".
"Preciso ir. Volto + tarde. Prometo."

Myako diz:
"Certo. Até logo."

Maianne Ribeiro diz:


Ele fica de pé, se afastando, apressado. "...meu pobre pescoço..."

Myako diz:
O dia parecia ter se arrastado. O costume com a neutralidade dera lugar a
esperança, e a ausência de Luen a levara embora. Anoitecera, e Luna estava deitada,
ainda no mesmo lugar, agora com um longo vestido negro que caía pelo pedestal.
Passara de meia-noite, e a dona a proibira de sair... "Precisamos chamar mais
atenção!", dissera. Passaria a noite ali, provavelmente sendo acordada pouco antes
do amanhecer para se arrumar...

Maianne Ribeiro diz:


Passos. Passos apressados, correndo na direção da loja. Luen se aproximava,
ofegante, os cabelos claros bagunçados, o corpo coberto de suor. Fizera menção de
sentar no banco, mas resistira à vontade, indo até a vitrine, batendo no vidro de
leve.
- Luna! Luna! - diz, tentando chamar a atenção da garota.

Myako diz:
Ela se levanta, encarando-o por vários segundos antes de sair do pedestal, tocando
o vidro.
"...o que houve?"

Maianne Ribeiro diz:


- Nada de mais. - ele ri. Era impressão dela, ou o lábio de Luen estava cortado?

Myako diz:
"...o que houve?", repete.

Maianne Ribeiro diz:


- Nada de mais, ora. Vem pra cá, vamos sair!

Myako diz:
"Não posso. Desculpe...", e hesita. "O que houve no rosto?"

Maianne Ribeiro diz:


O sorriso morre de imediato.
- ...como assim, não pode...? Ela... ela deixou.

Myako diz:
"Não, não me deixou sair...", e estremece, colocando as duas mãos no vidro. Parecia
preocupada. "O que te aconteceu...?"

Maianne Ribeiro diz:


- ...eu...
Ele encosta a testa no vidro, fitando o chão. Parece falar algo pra si, que a
garota não consegue ouvir.
- ...desculpa. - ergue o rosto de novo, dando um sorriso triste. - Você não escuta
direito aí dentro, né..?

Myako diz:
"É. O que houve....?"

Maianne Ribeiro diz:


- Briguei com meu pai. Nada de mais...

Myako diz:
"Encosta o rosto no vidro."

Maianne Ribeiro diz:


- Assim..? - murmura, encostando a face direita na vitrine.

Myako diz:
"Serve.", responde, e a energia amarelada parece se acumular em um ponto da
vitrine... até que desaparece, enquando o corte parecia diminuir, um calor
confortável tomando conta de parte de seu rosto.

Maianne Ribeiro diz:


- ...ei, isso é legal. - ele ri. - Obrigado!

Myako diz:
"De nada. Por que brigaram?"

Maianne Ribeiro diz:


- Várias coisas... quer mesmo saber? - suspira. - ...a dona tá aí?

Myako diz:
"Quero. Não."

Maianne Ribeiro diz:


- Em resumo... eu não sou o filho que ele quer. - ri. - Mas ele ainda é meu pai,
então eu tento não contrariar muito.

Myako diz:
"...isso machuca."

Maianne Ribeiro diz:


- Eu sei. Os socos dele também!

Myako diz:
Luna estremece violentamente.
"...não sorri assim. Dói."

Maianne Ribeiro diz:


- ...desculpa. - murmura, deixando o sorriso morrer.

Myako diz:
"Se afasta."

Maianne Ribeiro diz:


- ...huh?

Myako diz:
"Se afasta. Bastante."

Maianne Ribeiro diz:


- O que você vai fazer?!

Myako diz:
"Anda!"

Maianne Ribeiro diz:


Ele recua, confuso. "No... no que ela tá pensando..?"

Myako diz:
A garota respira fundo, hesitando por alguns instantes antes de recuar...
...e correr, se lançando contra o vidro. A vitrine se quebra, e ela cai no chão,
com vários cortes que logo se fecham - arrancando-lhe uma exclamação de dor - sem
deixar cicatrizes.
- ...v-vamos... - diz. A voz dela era baixa, quase como um sussurro, aveludada...

Maianne Ribeiro diz:


- LUNA!
Ele corre até ela, preocupado.
- Onde cê tá com a cabeça? Isso é perigoso!

Myako diz:
- ...desculpe. - suspira, se levantando. - Podemos ir, agora... - adiciona,
fechando os olhos, e fraquejando, enquanto consertava o vidro.

Maianne Ribeiro diz:


Luen a abraça, num misto de carinho e medo.
- Quer descansar..?

Myako diz:
- Não precisa. - murmura. Era um tanto neutra, até mesmo perdida, como se jamais
tivesse saído daquela vitrine...

Maianne Ribeiro diz:


- Não precisa mesmo? - pergunta, soltando-a. Segurava apenas a mão da garota,
puxando-a na direção do banco.

Myako diz:
- ...mesmo. - e o segue sem hesitar, observando a rua.

Maianne Ribeiro diz:


- Então espera um pouquinho, EU preciso. - ri. - Vim correndo, de casa pra cá... me
atrasei.

Myako diz:
Ela assente com a cabeça.
- ...seu pai... deixou...?

Maianne Ribeiro diz:


- ...eu vir pra cá..?

Myako diz:
A garota repete o gesto.

Maianne Ribeiro diz:


- N... não. Ele me proibiu de sair de casa...

Myako diz:
- ...volta. - pede, segurando-lhe as mãos. - Sem briga. Sem machucados.

Maianne Ribeiro diz:


- ...não! Eu prometi que ia sair com você! - exclama.

Myako diz:
- ...não importa. - e faz um sinal negativo com a cabeça. - ...volta.

Maianne Ribeiro diz:


- Pra mim importa. Eu queria te ver...

Myako diz:
- ...já viu. Volta.

Maianne Ribeiro diz:


- Mas... Luna..! Eu não vou poder te ver outra vez! Sei lá por quanto tempo!

Myako diz:
- ...sem machucados, sem briga... eu fico bem...

Maianne Ribeiro diz:


Luen estremece, abaixando o olhar. Parecia tentar buscar argumentos, tentar buscar
um jeito de impedir isso... Mas não podia.
- ...posso só... só pedir um favor..?

Myako diz:
Ela assente com a cabeça.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu vou poder te ver de manhã, quando tiver indo pra escola. Promete que, quando
me ver, faz uma pose pra mim? A mesma pose, todo dia.

Myako diz:
- ...prometo...

Maianne Ribeiro diz:


- Obrigado... - murmura, dando um sorriso triste. - ...eu vou voltar a conversar
com você, quando eu puder...

Myako diz:
- ...sem problema... - e sorri. Um sorriso igual ao dele, dolorido, mas
conformado.

Maianne Ribeiro diz:


- ...tem problema sim. - sussurra. - Eu... eu ainda vou te tirar daí. Tá?

Myako diz:
Luna hesita.
- ...eu vou esperar...

Maianne Ribeiro diz:


- Confia em mim.
Ele beija a testa da garota, carinhoso. Não queria ir embora... mas precisava. Se
afasta, as mãos nos bolsos, cabisbaixo.

Myako diz:
Ela o segue, segurando-lhe a mão.

Maianne Ribeiro diz:


- ...Luna? - ele estremece, corando de leve. - O que foi?

Myako diz:
A garota beija a testa dele, gentil. O encara nos olhos, enfim, confiante.
- ...eu confio.

Maianne Ribeiro diz:


Luen não reprime um sorriso.
- Obrigado.

Myako diz:
- ...vai... - murmura, fazendo-lhe um último carinho na mão antes de soltá-lo,
afastando-se.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu vou voltar! - diz, alto o suficiente pra ela ouvir. - Vou voltar, sempre que
eu puder!
Myako diz:
- ...eu sei... - sussurra para si, acenando suavemente com a mão direita antes de
voltar para a vitrine, deitar no pedestal, e adormecer. Gastara energia demais, e
sentia o cansaço cobrando-lhe isso.

Maianne Ribeiro diz:


E, como prometera, estava de volta na manhã seguinte, um pouco mais cedo que de
costume. Trazia, além da mochila, uma pasta grande, com folhas em branco dentro
dela. Acenara para a garota, buscando um dos papéis maiores, com a mão livre.

Myako diz:
Ela se levanta, ajoelhando fora do pedestal, tocando a vitrine com a mão direita
enquanto a esquerda repousava sobre o coração.

Maianne Ribeiro diz:


"É a 'minha' pose..?", pensa, sorrindo. Pegara um lápis, traçando várias linhas
sobre o papel. Desenhava, observando-a com frequência, dedicado a fazer o melhor
desenho de sua vida.

Myako diz:
Luna permanecia imóvel, impassível, como uma verdadeira modelo diante do artista.
Ignorava os outros transeuntes, os funcionários da loja, o mundo ao redor.
Naquele momento, naquele breve momento, só haviam os dois, ligados pelo olhar e
pelo sentimento, e mais nada.

Maianne Ribeiro diz:


Os minutos passam mais rápido do que Luen esperava, e logo o alarme de seu celular
toca, alertando-o do horário da aula. O garoto guarda os materiais, apressado,
correndo para a escola.
O "ritual" se repete no dia seguinte, e no outro. Se prestassem atenção, os dois
podiam notar que algumas pessoas já se tornavam tão presentes quanto eles durante
as manhãs, observando aquele comportamento incomum do jovem e da manequim, e sua
estranha relação através do vidro.
Ao soar o alarme no terceiro dia, Luen pega o caderno, abrindo-o numa página que
deixara marcada.
"Amanhã é fim de semana. Não posso vir. Desculpa."

Myako diz:
Ela abaixa o olhar, assentindo com a cabeça.
"Divirta-se."

Maianne Ribeiro diz:


Ele nega com a cabeça. "Vai ser difícil...", pensa, se afastando. Seria um final de
semana longo, talvez um dos mais longos da vida de Luen até aquele momento. Enfim,
na segunda feira, estava de volta, sorridente, fazendo seu desenho. Terça feira.
Quarta feira.
Mas a manhã de quinta começou vazia.

Myako diz:
Mantivera a pose durante todo o fim de semana, como um tributo ao jovem desenhista.
E, depois, os dias voltavam a rotina normal...até que ele não apareceu.
A hora passava, alguns dos antigos espectadores estranhavam, e ela não fazia nada
além de permanecer na pose "dele" por todo o dia, esperando que, em algum momento,
ele fosse aparecer...

Maianne Ribeiro diz:


Minutos. Horas. Dias. Já era segunda feira outra vez, e não havia sinal dele.
Nenhum sinal.
Myako diz:
E a pose se mantinha. A visão já estava turva, e o corpo doía de forma quase
insuportável. Na verdade, já não sentia mais o corpo. Tentou, enfim, se levantar...
...caindo de lado, praticamente desacordada.
- É pelo desenhista? - uma mulher perguntou, escrevendo em uma pequena agenda.
Acompanhara o rapaz desde o começo, pois os horários eram os mesmos... - ...eu vou
achá-lo. - adiciona, quando ela assente com a cabeça. Apesar disso, Luna não tivera
tempo para ler a resposta, enquanto sentia a consciência se esvair pelo cansaço...

Maianne Ribeiro diz:


A busca pelo "desenhista da vitrine" começa pequena. A mulher conversara com alguns
amigos, que se mobilizaram para tentar descobrir onde o garoto estava. Poucos dias
depois, um site surgiu na internet, fazendo alusão ao fato, com fotos e descrições.
As visitas iam se acumulando cada vez mais, mas ainda não havia notícias de Luen...

Myako diz:
E o estado de Luna piorava rapidamente. Antes, ainda tinha forças para se manter na
pose do rapaz. Agora, ficava caída sobre o pedestal, com um aspecto doente. Os
cabelos negros cascateavam por cima do corpo, e a cauda de gato já podia ser vista.
A mão esquerda, porém, continuava sobre o peito, e a direita buscava, inutilmente,
tocar o vidro da vitrine...

Maianne Ribeiro diz:


Um mês se passara, sem notícias. Já era a metade do segundo mês, e a história do
casal separado por uma vitrine se espalhara a proporções absurdamente maiores.
Vários jornais contavam a saga dos dois, alguns fantasiando demais, outros
considerando algo banal... Mas, cada vez mais, as palavras alcançavam lugares mais
distantes.
Alcançavam Luen.

Myako diz:
E nada. Nada trazia felicidade a espírito. Estava muito mais magra, menor, pálida e
doente. Em vários momentos do dia podiam se ver médicos próximos a ela, invadindo a
vitrine, cuidando dela. A garota sequer se movia, observando o banco com um olhar
de desespero e tristeza profundos. Não fazia mais nada... Não conseguia fazer mais
nada.

Maianne Ribeiro diz:


O segundo mês se completara, e as esperanças pareciam se esvair junto com a vida da
garota. Era o fim: ela não viveria por muito mais tempo...
- É o desenhista! - grita um garoto.
Luen dispara por entre as pessoas, abrindo caminho como podia, apressado. Corria
até a vitrine, os olhos cheios de lágrimas, a pasta de desenho na mão.
- LUNA!

Myako diz:
- Lu... en... - sussurra, sorrindo levemente. Sentia as lágrimas lhe correrem pelo
rosto, ofegando, enquanto observava o que parecia ser ele...

Maianne Ribeiro diz:


Ele se afasta da vitrine, invadindo a loja e indo até o outro lado do vidro.
Sentara ao lado dela, abraçando-a, carinhoso.
- F... f-fica bem...

Myako diz:
- ...por... por que.... foi... em... bora...?

Maianne Ribeiro diz:


- M-meu pai... ele... a g-g-gente s-se mudou... do n-nada...
Myako diz:
- ...a-ah... - ela ri, tossindo, estremecendo em seguida.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu v-vou... te levar p-pra um hospital...

Myako diz:
- V-vai ficar... ficar comigo...?

Maianne Ribeiro diz:


- Vou... Eu n-não vou pra longe... d-de jeito nenhum... - sorri, apesar das
lágrimas, pegando-a no colo. - Con... c-confia... e-em mim...

Myako diz:
Ela sorri, colocando a mão sobre a dele, desajeitada.
- ...eu confio...

Maianne Ribeiro diz:


O rapaz caminha pra fora da loja, e logo é recebido por uma muralha de repórteres e
fotógrafos: a notícia de sua volta já tinha se espalhado.
- Saiam da frente! - grita, forçando a passagem através deles. - A Luna precisa ir
pro hosp--
- Tem uma ambulância chegando! - diz uma mulher. - Eu liguei!
- Obrigado... - murmura.
O veículo chega pouco depois, e Luen corre até lá, preocupado. Os médicos tomam a
espírito nos braços, dando os primeiros socorros a ela enquanto dirigiam para o
hospital. Ele acariciava o rosto da amiga, gentil, preocupado.
- Você precisa ficar bem...

Myako diz:
- ...eu vou... eu vou ficar... - sussurra, estremecendo. - ...você... você voltou
de... de vez, certo...?

Maianne Ribeiro diz:


Ele assente com a cabeça, sorrindo.
- De vez. Eu n-não vou embora. Eu quero f-ficar... com você.

Myako diz:
- E o... o seu... pai....?

Maianne Ribeiro diz:


- Saí de casa. Consegui uns trabalhos, economizei dinheiro... d-dá pra viver
enquanto não arranjo um emp-prego.

Myako diz:
- ...eu... - sussurra, perdendo a consciência novamente. - ...eu a...

Maianne Ribeiro diz:


- ...a...?
"...ama..?", pensa, corando. "N... não. Não deve s-ser isso."

Myako diz:
A garota só acorda várias horas depois, sentindo-se bem melhor. Se senta quase no
mesmo instante, estremecendo, enquanto procurava o rapaz com os olhos.
"Luen....!"

Maianne Ribeiro diz:


Ele estava sentado no chão ao lado da cama, cochilando, a cabeça apoiada no
colchão. Sorria.

Myako diz:
Ela sorri, hesitando por vários minutos antes de acariciar-lhe os cabelos,
cuidadosa. Ainda não sabia bem como agir, mas... queria fazer bem a ele, e
aproveitar todos os instantes que teriam juntos.

Maianne Ribeiro diz:


- ...Luna..? - sussurra, entreabrindo os olhos.

Myako diz:
- ...eu... - ri.

Maianne Ribeiro diz:


- Bom... dia..? - ele ri junto, passando a mão no rosto. - Aw, droga, eu não queria
ter dormido...

Myako diz:
- Não se preocupa... Acabei de acordar...

Maianne Ribeiro diz:


- Mesmo? E como se sente?

Myako diz:
- ...melhor...

Maianne Ribeiro diz:


Ele abre um sorriso largo.
- Mesmo?!

Myako diz:
- ...mesmo...

Maianne Ribeiro diz:


- Isso é ótimo! - ri. - Precisamos sair pra comemorar, depois!

Myako diz:
- ...que nem... aquele dia...?

Maianne Ribeiro diz:


- Nem saímos direito naquele dia... Dessa vez, a gente vai sair, conversar
bastante, se conhecer melhor...

Myako diz:
- Luen... - ela sorri, beijando-lhe a testa, gentil.

Maianne Ribeiro diz:


- Esse é o meu nome...- brinca, fechando os olhos ao sentir o beijo.

Myako diz:
A garota fica em silêncio.
- ...preciso voltar.

Maianne Ribeiro diz:


- ...voltar? Pra onde?

Myako diz:
- ...vitrine.
Maianne Ribeiro diz:
- ...não! - exclama, encarando-a. - Aquele lugar te faz mal! É uma... uma prisão!

Myako diz:
- ....é? - murmura, encarando-o de volta.

Maianne Ribeiro diz:


- Você não pode sair. Você não se diverte. Você... só trabalha. O dia todo. Todos
os dias.

Myako diz:
- ...eu me divirto.

Maianne Ribeiro diz:


- Se... diverte? Como?

Myako diz:
- ...você.

Maianne Ribeiro diz:


- Tem mais no mundo do que trocar mensagens através de uma parede de vidro... -
sussurra. - Eu gosto de conversar com você, e gosto muito... Mas eu quero mais que
isso. Eu quero que você possa se divertir conversando comigo assim, como a gente tá
falando agora. Que você possa rir do meu lado, brincar, sair, passear, ver filmes,
ouvir música, ou qualquer outra coisa... E não apenas escrever palavras breves no
ar enquanto finge ser um objeto.

Myako diz:
- ...mas...

Maianne Ribeiro diz:


- ...mas...?

Myako diz:
- ...mas isso faz mal. - murmura, enfim.

Maianne Ribeiro diz:


- Isso... o que? - estranha.

Myako diz:
- ...isso tudo. - estremece. - ...engorda. Deixa marca.

Maianne Ribeiro diz:


- Claro que não! - exclama, surpreso. - Eu não sou gordo, sou?

Myako diz:
- ...é.

Maianne Ribeiro diz:


- Aí, v... sou?! N... não, não sou! Sério!

Myako diz:
- ...não...?

Maianne Ribeiro diz:


- Não. Não mesmo. - murmura. - Quem te ensinou isso foi aquela dona?

Myako diz:
- ...é. - ela cutuca a própria barriga por cima da roupa, pensativa. - ...mas todas
são assim.

Maianne Ribeiro diz:


- Nem todas. - ri. - O mundo é bem maior do que aquela loja, ou aquela rua. E eu
quero te mostrar isso.

Myako diz:
- ...eu não tenho nada... - e volta a encará-lo - ...fora de lá...

Maianne Ribeiro diz:


- Você tem a mim.

Myako diz:
A garota estremece.
- ...tenho...?

Maianne Ribeiro diz:


- Tem sim. Confia em mim? - sorri, gentil.

Myako diz:
Luna suspira, segurando-lhe a mão.
- ...confio.

Maianne Ribeiro diz:


- Então pronto. Hoje, fica aqui descansando. Amanhã eu converso com a dona, tá?

Myako diz:
- ...fica comigo?

Maianne Ribeiro diz:


- Fico. - murmura, afagando os cabelos dela. - Fico sim.

Myako diz:
- ...bom... - ela fecha os olhos, pendendo um pouco a cabeça na direção da mão
dele.

Maianne Ribeiro diz:


Luen sobe para a cama, sentando sobre o colchão. Abraçava a garota, gentil,
fazendo-lhe mais carinho.

Myako diz:
- ...obrigada... - sussurra, estremecendo violentamente enquanto o rubor lhe subia
pelo rosto.

Maianne Ribeiro diz:


- V-você ficou vermelha. - murmura, corando de leve. - Quer... uh... que eu pare,
ou... ou algo assim..?

Myako diz:
- ...n-não... - responde, hesitante.

Maianne Ribeiro diz:


- C... c-certo. - diz, continuando o carinho. - ...desculpe ter demorado.

Myako diz:
A manequim estremece violentamente, se encolhendo. Sentia aquela tristeza voltar,
como uma memória que deve ser esquecida, ao mesmo tempo que agarrava-lhe as roupas,
temerosa que ele fosse embora de novo.
- ...d-doeu...
Maianne Ribeiro diz:
- ...em m-mim também... - sussurra, apertando o abraço. - ...esquece. É passado. Já
foi. Não adianta ficar lembrando.

Myako diz:
- ...m-mesmo....?

Maianne Ribeiro diz:


- Mesmo. Não vai acontecer de novo. É uma promessa.

Myako diz:
- ...t-tá...

Maianne Ribeiro diz:


O resto do dia se esvai, e logo chega a manhã seguinte. O rapaz guiava Luna pela
mão, gentil, para fora do hospital.
- Você já saiu da loja alguma vez? Sem contar aquela noite? - pergunta, pouco antes
de saírem.

Myako diz:
- ...n-não... - responde, recuando alguns passos ao ver os jornalistas.
- ...eles... dormiram... dormiram aqui...?

Maianne Ribeiro diz:


- Eu não sei. - murmura, abaixando o olhar por um instante. - ...sobe nas minhas
costas.

Myako diz:
- ...q-quê?!

Maianne Ribeiro diz:


- Sobe, vai!

Myako diz:
Ela ainda hesita, assentindo com a cabeça antes de fazer como ele pedira. A
gritaria, as perguntas, o assédio... Nada daquilo a assustava...

Maianne Ribeiro diz:


- Segura firme.
Luen respira fundo, e então dispara na direção da porta. Alguns repórteres,
assustados, acabam abrindo caminho, o que era suficiente para que o garoto
conseguisse empurrar os outros com o corpo, correndo pra longe do hospital.

Myako diz:
- ...c-cuidado... sem... sem machucados... - pede, fechando os olhos, preocupada.

Maianne Ribeiro diz:


- Não vou me machucar. - ri, sentindo o vento bater no rosto. - Aproveita e olha a
cidade!
Ele conhecia bem as ruas dali, parecendo saber para onde ia, ao invés de apenas
correr sem destino. Algumas pessoas se viravam para vê-los passar, algumas
reconhecendo-os, outras apenas resmungando, ou rindo, ou agindo como se não fosse
nada de mais.

Myako diz:
- ...você... ficou famoso... - murmura, entreabrindo os olhos para observar o que
passavam...
Maianne Ribeiro diz:
- Nós ficamos. Tinha gente vendo as nossas conversas, os dias que eu ia desenhar...
E aí essas pessoas começaram a me procurar, quando você adoeceu. A história
cresceu, e agora temos jornalistas na nossa cola. - brinca. - Já andou de metrô?

Myako diz:
- ...nós...? - sussurra, espantada. - ...t-tinha...? É-é... t-temos... - sorri de
leve, corando, sentindo o peito se aquecer. - ...metrô...? ...nunca...

Maianne Ribeiro diz:


- Nós. Tinha. Temos sim. - ri. - Vai andar hoje, então, a loja fica longe pra ir a
pé.
Ele entra numa espécie de cabine grande, com uma escada rolante que levava para o
subsolo: a estação de metrô.
- Desce. - diz. - Eu despistei eles.

Myako diz:
- ...t-tá... - responde, voltando ao chão. Parecia plenamente recuperada, apesar de
um pouco abatida, e observava tudo a sua volta com curiosidade e inocência. - ...é
grande...

Maianne Ribeiro diz:


- É, é sim. - ri de leve, estendendo a mão pra ela. - Vem comigo, a gente precisa
comprar as passagens.

Myako diz:
- ...eu não tenho dinheiro. - murmura.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu tenho.

Myako diz:
- ...mas...

Maianne Ribeiro diz:


- Sem mas. - ri. - É barato. Não se preocupa.

Myako diz:
- ...c-certo...

Maianne Ribeiro diz:


Ele vai até um dos guichês, comprando o par de passagens com uma garota que sorria
bastante, provavelmente tendo reconhecido os dois.
- Vem. - sorri, puxando-a na direção da plataforma. - Cuidado pra não cair ali, é
perigoso. Aquela coisa enorme de metal ali é um metrô, do outro lado. - e aponta
para a plataforma oposta.

Myako diz:
- ...c-certo... m-metrô, e-entendi... - murmura, prestando atenção onde pisava,
apesar de ainda atenciosa ao mundo ao redor, cuidadosa.

Maianne Ribeiro diz:


- Não precisa ficar com tanto medo assim, também. - ri, abraçando-a pelas costas,
brincalhão. - Eu não deixo você cair.

Myako diz:
- ...n-não deixa...? - sorri de leve, acariciando-lhe as mãos, arrepiada.

Maianne Ribeiro diz:


- Não, não deixo. Eu não vou deixar você se machucar, de jeito nenhum!

Myako diz:
- ...não mais...?

Maianne Ribeiro diz:


- Nunca mais. Eu vou fazer tudo o que eu puder pra você não se ferir. Eu prometo.

Myako diz:
- ...certo... - sorri, corando.

Maianne Ribeiro diz:


- ...o metrô tá chegando. - diz, sorrindo. - Vem comigo!
O rapaz guia Luna pra dentro do vagão, guardando o lugar para ela sentar,
cavalheiro. Acabara ficando de pé, sem encontrar nenhum outro banco vazio.

Myako diz:
- ...Luen... você está cansado... - murmura, encarando-o, preocupada.

Maianne Ribeiro diz:


- Nah, eu sobrevivo. - ri. - Não se preocupa. Eu tô bem.

Myako diz:
- ...mas...

Maianne Ribeiro diz:


- É rapidinho. Dez minutinhos.

Myako diz:
- ...mesmo?

Maianne Ribeiro diz:


- ...ok, um pouquinho mais. - ri. - Mas é rápido, mesmo assim. Você via os carros,
da vitrine, né?

Myako diz:
- ...eu já andei neles. - murmura. - ...pra festas.

Maianne Ribeiro diz:


- Ah, foi? - sorri. - Bem, o metrô é bem mais rápido. E não pega trânsito.

Myako diz:
- ...é? Isso é bom...

Maianne Ribeiro diz:


- É ótimo!
Uma estação. Duas. Três. Os dois descem na sexta estação, subindo de volta para as
ruas da cidade. Luna talvez reconhecesse aquele lugar: estavam a uma quadra apenas
da loja.

Myako diz:
- ...Luen... descansa...

Maianne Ribeiro diz:


- Nah, eu não prec--
A barriga do rapaz ronca, e ele cora violentamente.
- ...talvez eu precise comer.

Myako diz:
- ...comer... - murmura, pensativa. - ...vai lá. - sorri. - Eu espero.

Maianne Ribeiro diz:


- Vem comigo. Tem uma lanchonete aqui perto!

Myako diz:
- ...uhum. - e o segue.

Maianne Ribeiro diz:


- Quer comer alguma coisa, também? Uma salada, alguma coisa leve?

Myako diz:
- ...não. Comer faz mal.

Maianne Ribeiro diz:


- Comer faz bem. Comer demais é que faz mal.

Myako diz:
- ...eu não como. - murmura, encarando-o.

Maianne Ribeiro diz:


- Não vai querer nada? Nem um suco? São deliciosos! - diz, fazendo o pedido ao
balcão logo depois: um sanduíche natural e um suco de goiaba.

Myako diz:
Ela nega com a cabeça, observando-o.

Maianne Ribeiro diz:


- Tuuudo bem. Mas eu preciso comer, sou humano. - ri.

Myako diz:
- ...eu sei disso...

Maianne Ribeiro diz:


O rapaz pega o sanduíche e o suco, comendo apressadamente.
- Assim que... eu terminar... - diz, entre mordidas. - A gente vai... lá na loja.

Myako diz:
- ...sem pressa...

Maianne Ribeiro diz:


- Muita fome. - ri.

Myako diz:
- ...ah...

Maianne Ribeiro diz:


- ...pronto. - murmura ao terminar, levantando. - Alimentado, e descansado. Vamos
lá, agora?

Myako diz:
- ...vamos.

Maianne Ribeiro diz:


Ele toma a mão de Luna, caminhando na direção da loja. Algumas pessoas estavam lá,
como se apenas esperassem a chegada dos dois, aplaudindo. Luen cora.
- N-não precisa disso...

Myako diz:
- ...por que estão aplaudindo...?

Maianne Ribeiro diz:


- E-eu não sei... p-porque a gente voltou, a-acho...

Myako diz:
- ...entendo...

Maianne Ribeiro diz:


Uma espécie de corredor humano se forma, mais pessoas se juntando, algumas dando
votos de boa sorte e felicidade para os dois, ou até mesmo pedindo para que se
beijassem - o que faz o rapaz corar ainda mais. Enfim, entraram na loja, apenas os
dois.

Myako diz:
- ...por que pediram aquilo...? - sussurra, encarando-o, violentamente corada,
quando enfim entram na loja.

Maianne Ribeiro diz:


- E-eu não sei, t... talvez.. achem que somos n-namorados...

Myako diz:
- ...namorados... - ela hesita, pensando no significado da palavra.

Maianne Ribeiro diz:


- É-é... mas deixa isso, eu.. eu preciso falar com a dona. - diz, olhando em volta,
procurando a mulher com os olhos.

Myako diz:
- ...certo... - murmura. A mulher estava no fundo da loja, conversando com um homem
mais velho, de terno, parecendo respeitável.

Maianne Ribeiro diz:


- ...ali. - murmura. - Vem comigo..?

Myako diz:
Ela nega com a cabeça.
- ...preciso voltar.

Maianne Ribeiro diz:


- ...tudo bem. Não vai ser por muito tempo. - sorri, beijando a testa dela antes de
ir até a dona da loja. - Lembra de mim?

Myako diz:
- ...oh. Senhor Luen, como vai?

Maianne Ribeiro diz:


- Sabe até meu nome, que honra. - ri. - Eu vou bem, sim, e a senhora?

Myako diz:
- Melhor que nunca, ouso dizer. Em que posso ajudá-lo?

Maianne Ribeiro diz:


- Eu quero saber... o que eu preciso fazer pra tirar a Luna daquela vitrine. Pra
sempre.

Myako diz:
- O que precisa? - ela o encara, pensativa. - Como assim, rapaz?
Maianne Ribeiro diz:
- Exatamente isso. Ficar várias horas de pé numa vitrine, sem ao menos poder sair,
se divertir, nem sequer comer.. isso não é vida. Eu quero dar uma vida de verdade
pra ela. Uma vida lá fora.

Myako diz:
- ...você quer comprar a liberdade dela, é isso?

Maianne Ribeiro diz:


- Entenda como quiser.

Myako diz:
A mulher dá um sorriso cruel, pedindo um minuto enquanto se afastava com o homem.
Conversavam baixo, parecendo discutir algo...

Maianne Ribeiro diz:


"Não tenho um bom pressentimento quanto a isso...", pensa, estremecendo.

Myako diz:
- ...desculpe a demora. - sorri, encarando-o. - Você quer tirá-la da vitrine, é?

Maianne Ribeiro diz:


- É. Exatamente isso.

Myako diz:
- O que acha de meio milhão, em dinheiro vivo?

Maianne Ribeiro diz:


- Me... m... m-meio milhão..? - murmura, empalidecendo. "É... é m-muito
dinheiro..!"

Myako diz:
- Eu vou perder muito dinheiro com isso, entende? Ela é minha principal
publicidade. - sorri.

Maianne Ribeiro diz:


- ...e-e-entend-do... eu... eu vou... vou c-conseguir o dinheiro... - sussurra.
"...talvez daqui a vinte anos..."

Myako diz:
- ...deseja mais alguma coisa?

Maianne Ribeiro diz:


- Eu... p-posso a-ao menos falar com ela...?

Myako diz:
- Não. - sorri.

Maianne Ribeiro diz:


- ...c... c-certo...
Ele olha na direção da vitrine, trêmulo, e então sai da loja. As lágrimas caíam
pelo rosto sem que Luen percebesse, enquanto caminhava inconscientemente até o
banco, se largando sobre ele.

Myako diz:
A multidão que se faz em volta dele é quase instantânea.
- O que você foi fazer?
- Qual a sua relação com ela?
- Tudo voltou a ser como antes?
- Como se conheceram?
Uma onda de perguntas se fazia ouvir, de vozes agitadas e repórteres quase loucos.

Maianne Ribeiro diz:


O rapaz cobre o rosto, agarrando os cabelos. Queria pensar. Queria bolar um plano,
um jeito de sair daquela situação. De conseguir aquele dinheiro. Não sabia como.
Não tinha como.
...ou tinha?
- ...meio milhão. - sussurra, erguendo o rosto outra vez. - Eu vou precisar de...
d-de meio milhão pra tirar ela de lá. Eu preciso de ajuda. Não precisa ser doação,
só... só me dá um trabalho. Qualquer coisa.

Myako diz:
Silêncio total, enquanto os jornalistas se encaravam, como se tentando entender o
que acontecia. Até que uma voz se ergueu, abrindo caminho.
- ...como assim "pra tirar ela de lá"?

Maianne Ribeiro diz:


- Tirar a Luna daquela vitrine. Aquilo é... escravidão.

Myako diz:
- Como assim?
- Ela é obrigada?
- Meio milhão?!
- Ela não recebe nada?
- Escravidão? Isso é crime!

Maianne Ribeiro diz:


- Ela fica na vitrine de manhã até a noite. Ela não sai. Por Deus, ela acha que
comer faz mal! - exclama. - Aquela mulher alienou a Luna desde sabe-se lá quando!

Myako diz:
- Isso é um absurdo!
- Por que ela não vai embora?
- Por que não tiram ela dali?
- Ela é um espírito, certo? Ela pode sumir!
- Chamem a polícia, isso é um crime terrível! Terrível!

Maianne Ribeiro diz:


- Eu não sei o que vocês vão fazer. - diz, ficando de pé. - Mas eu vou arranjar um
emprego.
Luen levanta, indo até a vitrine e tocando-a com a mão direita. O punho esquerdo,
cerrado, repousava sobre o peito esquerdo.
Sobre o coração.
- EU VOU TE TIRAR DAÍ! - grita, para que ela ouvisse. - Não importa quanto tempo
demore, mas eu vou conseguir!

Myako diz:
A garota se levanta, encarando-o com lágrimas nos olhos, antes de repetir a pose.
- ...o-bri-ga-da. - murmura, sorrindo...
...e caindo no chão, em seguida, se contorcendo de dor.
"Volte para o seu lugar.", uma voz dizia em sua mente. "Agora."
Ela respira fundo, voltando a se ajeitar no pedestal, ofegante e levemente trêmula.

Maianne Ribeiro diz:


- ...LUNA! - ele exclama, estremecendo. - O que...!
"O que foi isso?!"

Myako diz:
- O que aconteceu?
- Chamem um médico, ela ainda não se recuperou!

Maianne Ribeiro diz:


- Alguém ligue pra um médico, AGORA! - grita, preocupado. Entrava na loja,
irritado. - O que você tá fazendo com ela?!

Myako diz:
- ...Luen... sai... - a manequim se aproxima dele, tocando-lhe o ombro. - ...sai.

Maianne Ribeiro diz:


- Mas... Mas, Luna..! - murmura, confuso. - O que ela tá fazendo com você?! O que
foi aquilo?

Myako diz:
- ...nada...

Maianne Ribeiro diz:


- Foi alguma coisa sim. - diz - Não mente pra mim, me diz, o que foi?

Myako diz:
- ...sai.

Maianne Ribeiro diz:


- ...eu vou voltar. - sussurra. - Vou voltar todo dia pra te ver. E vou trabalhar,
pra te tirar daqui. Eu prometo.

Myako diz:
- ...eu confio.

Maianne Ribeiro diz:


- Pode confiar. - ele sorri de leve, meio triste. - Vai demorar, eu acho... mas eu
vou te fazer companhia, e vou te ajudar.

Myako diz:
- ...agora sai.

Maianne Ribeiro diz:


- Tá. Eu... eu volto amanhã. Preciso procurar trabalho hoje.
Ele hesita, e então a abraça, carinhoso.
- ...até... - sussurra, saindo logo depois, apressado, o olhar cheio de
determinação. Faria qualquer coisa, mas... iria tirá-la de lá.

Myako diz:
- Uma entrevista, rapaz!
- No que você trabalha?
- O que acha de um especial?
- Já pensou em fazer publicidade da sua história?
- Internet, internet!

Maianne Ribeiro diz:


- Eu sei desenhar, sei algumas coisas de manipulação de imagens e layout de
sites... mas eu posso fazer qualquer coisa. Eu vou estudar pro vestibular e fazer
uma faculdade decente de design. Se quiserem falar comigo, eu vou estar naquele
banco, todo dia. - murmura. - Agora, com licença. Eu preciso procurar um emprego
AGORA.

Myako diz:
- Vem comigo. - um homem o segura pelo braço, puxando-o para longe dos repórteres.
- Eu tenho uma empresa, e estamos precisando de uma ajuda extra na área de design.
Não sei se vou poder pagar muito, mas já é um começo. - ele sorri. - E a sua
publicidade fica garantida.

Maianne Ribeiro diz:


- ...obrigado. - sorri. - Muito obrigado, senhor.

Myako diz:
- Não se preocupe. Eu que agradeço, pela sua determinação. Você é uma raridade,
nesses tempos tão parados.

Maianne Ribeiro diz:


- Sou, é? - ri. - Ela é minha amiga... eu não posso deixar a Luna ficar desse
jeito. Isso não é vida.

Myako diz:
- Amiga?! Ora, tudo foi divulgado como "amantes separados por um vidro"!

Maianne Ribeiro diz:


- Fo... q-quê?! - ele cora violentamente.

Myako diz:
- Não leu os jornais?

Maianne Ribeiro diz:


- N-não... - murmura, envergonhado. - Meu pai tinha me botado num colégio muito
fechado, integral... E quando eu fiquei sabendo, acabei passando dias vendendo
desenhos na estação pra conseguir grana pro ônibus e voltar pra cá. Eu não tive
tempo pra ler...

Myako diz:
- ....como você vai se manter aqui?!

Maianne Ribeiro diz:


- Trabalhando..? - ri. - Eu vivo como der. Qualquer coisa, eu fico na casa de algum
ex-colega de sala por uns dias... ou durmo no banco, na frente da vitrine.

Myako diz:
- Você pode ficar na minha casa por uns dias, até achar um lugar pra ficar. -
suspira. - E é melhor aprender a usar os repórteres como vantagem. Eles podem te
dar tudo que você, sozinho, não conseguiria.

Maianne Ribeiro diz:


- Nossa, obrigado mesmo! - diz, um sorriso largo se abrindo no rosto. - O senhor
pode me ajudar? Com os repórteres?

Myako diz:
- Posso tentar. Só tentar.

Maianne Ribeiro diz:


- Já ajuda bastante. Mesmo.

Myako diz:
- Vamos, então, que temos um longo trabalho pela frente!

Maianne Ribeiro diz:


- Vamos!

Myako diz:
Ao contrário de antes, a manequim não mais saía da vitrine. Agora era mesmo uma
escrava, mantida imóvel sobre aquele pedestal, 24 h por dia. E tudo que aliviava
aquela dor enorme eram as palavras e a memória do desenhista. O carinho e a
dedicação dele.
A promessa.

Maianne Ribeiro diz:


E o garoto retorna no dia seguinte, indo sentar em seu costumeiro lugar no banco.
Trajava roupas novas, confortáveis mas bem arrumadas, e trazia consigo a pasta de
desenhos e uma segunda pasta, de onde tirara o notebook.
"Vou trabalhar aqui.", diz para Luna, digitando a mensagem na tela e virando-a para
a garota.

Myako diz:
"Que bom. =)"
- Luen, não é? - um dos repórteres do dia anterior se senta ao lado dele,
observando-os, curioso. - Já arrumou um emprego, pelo visto.

Maianne Ribeiro diz:


- Um homem que estava aqui ontem resolveu me ajudar. - diz, gentil. - E eu agradeço
muito a ele.

Myako diz:
- O que acha de uma entrevista, ao vivo, em um programa?

Maianne Ribeiro diz:


- ...uma entrevista, ao vivo? Claro. - ri. - Quando?

Myako diz:
- O que acha de depois de amanhã? Precisaremos que você chegue cedo, pra preparamos
tudo.

Maianne Ribeiro diz:


- Depois de amanhã, de manhã. Certo. - sorri.

Myako diz:
O homem tira um cartão do bolso, estendendo-o ao rapaz.
- 7h lá. - e sorri. - Agora eu tenho que ir, preciso resolver tudo. E boa sorte:
soube que os repórteres estão voltando pra cá!

Maianne Ribeiro diz:


- Vou precisar. - ri, guardando o cartão.
"Entrevista na tv, depois de amanhã. As pessoas vão ver, e, com sorte, me ajudar
pra te tirar daí."

Myako diz:
"Sério? Isso é ótimo!", pausa. "E o trabalho?"

Maianne Ribeiro diz:


"Não tenho horário fixo. Trabalho de tarde, aqui, com você."

Myako @CF diz:


"Vai ficar a manhã toda fora?"

Maianne Ribeiro diz:


"Acho que sim, não tenho certeza... Mas eu volto assim que terminar."

Myako @CF diz:


"Eu vou esperar, então."
Maianne Ribeiro diz:
"E eu vou voltar =D"
O rapaz fica no banco durante o dia inteiro, saindo apenas pra buscar o almoço. Já
era noite quando ele fica de pé, enfim, guardando o notebook. Ia até a vitrine,
como fizera no dia anterior, tocando o vidro com a mão direita e colocando o punho
fechado sobre o coração.
- Confia em mim. - sorri.

Myako @CF diz:


"Eu confio. ♥ "
E sorri de volta, imitando a pose.

Maianne Ribeiro diz:


Ele ri de leve, beijando a mão de Luna através do vidro, e então acena, se
afastando.

Myako @CF diz:


A manequim acena de volta, retornando ao trabalho. Seria uma noite longa...

Maianne Ribeiro diz:


Ver o rapaz ali, trabalhando, era rotina. Todos os dias - a não ser que tivesse
alguma entrevista - ele chegava, cedo, e só saía no meio da noite. Porém, depois da
segunda semana, aquilo parecia ter mudado um pouco. Luen não trazia mais o
notebook, e sim livros, estudando-os vigorosamente: o vestibular se aproximava.

Agora, já haviam se passado quase dois meses após a prova, e era o dia do
resultado. Ele chega no banco, se largando nele, o corpo jogado pra trás, olhando
para o alto. "Eu... eu nem acredito...", pensa.

Myako @CF diz:


"Bom dia...", escreveu. Tornara-se um tanto distante durante o período de estudos
do rapaz. Entendia que ele precisava estudar, e que aquele momento era importante
para ele... Mas não deixava de sentir-se incomodada por não conversarem. E acabara
se afastando, para proteger o próprio peito, esperando o momento certo para voltar
a se aproximar.

A mídia em volta de ambos parecia só aumentar, tornando o garoto e a manequim


famosos, dando-lhes visibilidade - e, para ele, propostas e mais propostas de
empregos e entrevistas - e uma ajuda descomunal. O movimento da loja havia crescido
de forma absurda, e a dona parecia extremamente feliz com isso. Luna, porém, vivia
o contrário: uma tristeza sem fim. Antes, ao menos, tinha direito de repousar em
uma boa cama e ter um quarto com seus pertences e memórias. E já faziam meses,
entretanto, que ela não saía daquela vitrine. O corpo já reclamava da posição em
que dormia, e era possível ver, em vários momentos do dia, a cauda de gato
aparecendo entre o tecido das finas peças.

Maianne Ribeiro diz:


E o rapaz sequer sabia do esforço de Luna; Afinal, durante as noites estivera
estudando...
Mas a placa erguida enquanto ele ria e chorava ao mesmo tempo, com apenas uma
palavra escrita em letras garrafais, provava que o esforço dele tinha sido válido.
"PASSEI!"

Myako @CF diz:


A espírito cola ao vidro, sorrindo abertamente, encarando-o.
"Parabéns! Parabéns, Luen, você mereceu!"

Maianne Ribeiro diz:


Ele se ajeita no banco, secando as lágrimas com uma das mãos, escrevendo com a
outra.
"Graças a você. Sua presença me inspira."

Myako @CF diz:


As pernas dela fraquejam, derrubando-a ao chão. Toda aquela apatia, toda aquela
frieza... caía por terra, enquanto ela sorria da forma mais sincera que já fizera
até aquele momento, hesitando antes de voltar a encará-lo, igualmente chorosa.
"...obrigada."

Maianne Ribeiro diz:


Ele vai até ela, tocando o vidro com as mãos.
- De nada... - sorri, o rosto ainda molhado. - As aulas são de manhã... Mas eu vou
continuar vindo de tarde. E vou ficar mais tempo de noite.

Myako @CF diz:


"Eu aguento. Qualquer coisa."

Maianne Ribeiro diz:


- Aguenta firme... eu vou te tirar daí. Já tô conseguindo um dinheiro legal, vai
demorar menos do que eu pensava.

Myako @CF diz:


"Não precisa se forçar demais. Eu espero o tempo que for."

Maianne Ribeiro diz:


- Mas eu não quero esperar. - ri.

Myako @CF diz:


O dia passaria normalmente, até o próximo... Onde, perto da hora do almoço, um
rapaz se aproxima de Luen.
- Rapaz. Tenho uma entrega pra você.

Maianne Ribeiro diz:


- ...pra mim? - ele estranha. - O que é?

Myako @CF diz:


Ele dá de ombros, colocando a caixa sobre o banco.
- Só me pediram para entregar.

Maianne Ribeiro diz:


- C... certo, obrigado. - murmura, abrindo a caixa, curioso. "O que é..?"

Myako @CF diz:


Havia um pequeno bolo, simples, com um envelope ao lado. Dentro, um cartão.
"A vitrine."
E, no vidro, Luna o encarava, sorrindo.
"Parabéns!"

Maianne Ribeiro diz:


- ...ei. - ele ri, pegando a placa. "Como fez isso?"

Myako @CF diz:


"Trabalho em equipe."

Maianne Ribeiro diz:


"Belo trabalho.", sorri. "Obrigado."

Myako @CF diz:


"Você merece, já disse!"

Maianne Ribeiro diz:


"Naaaaah! Nada de mais!"

Myako @CF diz:


"Você se esforçou muito. Mereceu."

Maianne Ribeiro diz:


"Você merece 10x, se esforça muito mais que eu."

Myako @CF diz:


"O que eu faço é simples. Sobreviver. Você vive, e vive por dois. É muito mais."

Maianne Ribeiro diz:


"Sobreviver é bem mais difícil que viver, acredite."

Myako @CF diz:


"...é?"

Maianne Ribeiro diz:


"É. Porque quando você vive, tem conforto. Quando sobrevive... é lutar pra
conseguir se manter a cada dia."

Myako @CF diz:


Ela estremece violentamente, desviando os olhos dele por alguns instantes.
"...entendi."

Maianne Ribeiro diz:


"...desculpa? ó.ò"

Myako @CF diz:


"Não precisa se desculpar."

Maianne Ribeiro diz:


"Quando você sair, eu vou te dar um pedaço de bolo, pra você experimentar. Não faz
mal, juro!"

Myako @CF diz:


"...mas engorda..."

Maianne Ribeiro diz:


"Espíritos não engordam. Eu pesquisei."

Myako @CF diz:


"...não?!"

Maianne Ribeiro diz:


"Não. Você pode alterar seu corpo, certo? =)"

Myako @CF diz:


"...posso...?"

Maianne Ribeiro diz:


"Pode sim. Tenta mudar a cor do cabelo."

Myako @CF diz:


"...não. A dona vai brigar."
Maianne Ribeiro diz:
"Aw... E encurtar o cabelo um pouco? Ou deixar crescer?"

Myako @CF diz:


"Não posso."

Maianne Ribeiro diz:


"Tenta depois, então, quando ela sair. Ou quando for dormir."

Myako @CF diz:


"...eu não saio."

Maianne Ribeiro diz:


"...você não tem seu horário de dormir?"

Myako @CF diz:


Ela nega com a cabeça.
"Eu vivo aqui."

Maianne Ribeiro diz:


A expressão inicial é de surpresa.
E então, raiva.
"Eu vou na polícia. Ela não pode fazer isso!"

Myako @CF diz:


"Não! Por favor, não...!", pede, amedrontada. "Por favor, Luen...!"

Maianne Ribeiro diz:


O rapaz se aproxima da vitrine, o rosto vermelho.
- Eu não posso ficar aqui e não fazer nada enquanto ela te humilha e te força a
ficar 24h de pé num pedestal, sem dormir, sem comer, sem ganhar nada!

Myako @CF diz:


"...Luen, por favor... Não faz nenhuma loucura...", pede, colocando as mãos na
vitrine, pálida. Tremia, encarando-o. "Por favor."

Maianne Ribeiro diz:


- Ir na polícia não é loucura: é racionalidade.

Myako @CF diz:


"...por favor."

Maianne Ribeiro diz:


- ...por quê..? - sussurra, estremecendo.

Myako @CF diz:


"?"

Maianne Ribeiro diz:


- Por quê?!

Myako @CF diz:


"...pedido meu."

Maianne Ribeiro diz:


Ele engole em seco, encostando a testa no vidro, fitando o chão. Chorava, dando
pequenos socos fracos na vitrine, como se aquilo fosse capaz de escoar a frustração
que sentia. "Eu preciso ajudá-la... eu preciso..."
Myako @CF diz:
"Não chora...", pede, ajoelhando-se e olhando para cima, para o rosto dele, para
que o rapaz a visse. "Por favor."

Maianne Ribeiro diz:


- ...tá... Eu... eu não v-vou chorar... - diz, secando o rosto. - E-eu... eu vou
trabalhar o quanto eu puder... Eu vou te tirar daí... eu preciso...

Myako @CF diz:


"Não precisa."
E sorri, adicionando outra frase, embaixo.
"Só em te ver todo dia, eu já fico feliz."

Maianne Ribeiro diz:


Luen morde o lábio inferior, trêmulo.
- Vai ser b-b-bem m-mais feliz q... q-quando sair...

Myako @CF diz:


"Não preciso sair pra ser feliz, Luen. Não se force demais."

Maianne Ribeiro diz:


- Você ainda n-não conheceu alegria d-d-de verdade... - ri de leve. - Mas eu... eu
não vou exagerar.

Myako @CF diz:


"Eu confio em você."

Maianne Ribeiro diz:


- Pode confiar... - diz, a mão esquerda sobre o peito.
E o tempo passava, ora mais rápido, ora mais devagar, mas sempre caminhando pra
frente. As aulas de Luen já tinham começado, e ele saía da faculdade direto para a
frente da vitrine, contando todas as novidades para Luna.
"Tenho uma coisa legal pra te contar.", digitara no notebook, um sorriso largo no
rosto, no meio da nona semana de aula.

Myako @CF diz:


"O que foi?"

Maianne Ribeiro diz:


"Tô namorando."

Myako @CF diz:


"Sério? Isso é ótimo, Luen!"

Myako @CF diz:


"Fico feliz, mesmo! Vou adorar conhecê-la!"

Maianne Ribeiro diz:


"Aposto que vai...", responde. "Ah, eu já tô com mais de metade do dinheiro!"

Myako @CF diz:


"Sério?! Não tem se esforçado demais, tem?!"

Maianne Ribeiro diz:


"Não, não! Eu recebi várias doações, e uns trabalhos que pagaram bem..."

Myako @CF diz:


"...nossa."
Maianne Ribeiro diz:
"Mais alguns meses, e você sai."

Myako @CF diz:


"Eu aguento..."

Maianne Ribeiro diz:


"Sei que aguenta.", sorri. "Vai acabar logo."

Myako @CF diz:


"Quem aguentou alguns anos, aguenta alguns meses.", e sorri.

Maianne Ribeiro diz:


"Você é forte. Muito mais forte do que qualquer garota que já conheci. Qualquer
pessoa."

Myako @CF diz:


"Obrigada. Mas não tanto quanto você."

Maianne Ribeiro diz:


"Eu? Naaah!"

Myako @CF diz:


"É, é sim."

Maianne Ribeiro diz:


"Eu não conseguiria passar por nem metade do que você passa."

Myako @CF diz:


"Já passa muito mais."

Maianne Ribeiro diz:


"De jeito nenhum!"

Myako @CF diz:


"Claro que sim!"

Maianne Ribeiro diz:


"...se você diz... XD"

Myako @CF diz:


"Eu digo, sim..."

Maianne Ribeiro diz:


"Você é a melhor amiga do mundo, sabia?"

Myako @CF diz:


"...sou?!"

Maianne Ribeiro diz:


"É. A melhor de todas."

Myako @CF diz:


"...você também é o melhor amigo do mundo."

Maianne Ribeiro diz:


"Eu me esforço ao máximo pra ser.", sorri.

Myako @CF diz:


Os meses se arrastavam. Os dias pareciam tão breves, enquanto as noites solitárias
se arrastavam em meio à lágrimas e lamúrias. Luna continuava como manequim, já sem
as esperanças de outrora, sentindo uma estranha apatia, um estranho desânimo,
tentando escondê-lo do rapaz a todo custo...

Maianne Ribeiro diz:


- Ei, não puxa, não puxa!
- Então vem mais rápido! - ri.
Luen se aproximava da vitrine, e, nesse dia, não estava sozinho. Ao seu lado, vinha
uma garota de cabelos castanhos, presos num rabo de cavalo curto, e olhos da mesma
cor. Era bonita, um pouco menor que o rapaz, e andava ao lado dele, segurando seu
braço.
- Boa tarde, Luna! - ele diz, alegre. - Essa é a Nara, minha namorada!
- Olá! - acena.

Myako @CF diz:


"Olá, Nara. Olá, Luen.", responde, acenando gentilmente. "Como foi o dia?"

Maianne Ribeiro diz:


- Meio chato. Aquele professor é um mala.
- Concooordo! Eu quase dormi!

Myako @CF diz:


"Cuidado, vocês precisam estudar.", sorri.

Maianne Ribeiro diz:


- Estamos estudando. Ele é melhor que eu, vive me ensinando coisas, né?
- Nem tanto..!

Myako @CF diz:


"O Luen é bem dedicado aos estudos."

Maianne Ribeiro diz:


- Garoto de ouro!
- A-assim vocês me deixam com vergonha... - ri, meio corado.

Myako @CF diz:


"Mas é verdade!"

Maianne Ribeiro diz:


A garota para, encarando Luna por um instante.
- Você gosta bastante dele, né?

Myako @CF diz:


"Claro que gosto! Ele é meu melhor amigo!"

Maianne Ribeiro diz:


- É meu melhor amigo também. Com benefícios! - ri, puxando-o para um beijo.

Myako @CF diz:


A garota estremece violentamente, empalidecendo.
"Be...ne...fícios...?", pensa para si.

Maianne Ribeiro diz:


- N-Nara..! - ele cora violentamente. - O que...?
- Só um beijinho, bobo. - ri. - Quando você sair, você pode encontrar um namorado
também, Luna. Quem sabe, talvez ache um tão bom quanto o Luen!

Myako @CF diz:


"Tenho esperanças que sim..."

Maianne Ribeiro diz:


- Eu te ajudo a procurar, posso te apresentar gente da faculdade.
- Se eu não tiver tomando seu tempo, né?
- Ei, eu preciso dedicar um tempo à Luna também!
- Claaro, claaaro...

Myako @CF diz:


"...esse tom... doeu...", pensa, estremecendo.
"Vou adorar a ajuda."

Maianne Ribeiro diz:


- Aposto que ela aprende a se virar bem rápido...
- Não é assim, Nara. Ela viveu a maior parte da vida aí dentro, não vai ser fácil
se adaptar ao mundo aqui fora.
- Todo mundo se adapta sozinho.
- Todo mundo se adapta com os pais, desde criança. É diferente.

Myako @CF diz:


"Eu sei que eu aprendo rápido."

Maianne Ribeiro diz:


- Mas sabe que eu vou estar com você quando precisar. - ele sorri.
- E quando EU precisar?
- ...huh?
A garota o encarava, um tanto quanto irritada.
- O... o que eu fiz..?

Myako @CF diz:


"Ele vai te ajudar, Nara. Eu sei que vai."

Maianne Ribeiro diz:


- Claro que vou! Você é minha namorada!
- E se as duas precisarem de ajuda? Você não pode se dividir, pode?
- ...eu...

Myako @CF diz:


"Calma, é só uma suposição."

Maianne Ribeiro diz:


- Claro. Claro que é. - sussurra. - Eu vou pra casa. Tenho que estudar.
- Nara! E-esp--
- Tchau, Luen. - e sai.
- ...o que deu nela..?

Myako @CF diz:


"Eu fiz alguma coisa?"

Maianne Ribeiro diz:


- Não, não fez. - estranha. - E eu não entendi nada..

Myako @CF diz:


"Certo."

Maianne Ribeiro diz:


- Depois eu falo com ela. - suspira, sorrindo. - Preciso te fazer companhia um
pouco.
Myako @CF diz:
"Ela pareceu magoada."

Maianne Ribeiro diz:


- Mas... mas o que eu fiz?!

Myako @CF diz:


"Vai atrás dela e descobre."

Maianne Ribeiro diz:


- E você?

Myako @CF diz:


"Eu não vou sair daqui.", e ri.

Maianne Ribeiro diz:


- Mas... eu preciso te fazer companhia. Ficar do seu lado.

Myako @CF diz:


"Eu posso aguentar por hoje."

Maianne Ribeiro diz:


- ...tá. Tudo bem. - ele sorri. - Só hoje. Amanhã eu volto, tá?

Myako @CF diz:


Ela assente com a cabeça, sorrindo de volta.

Maianne Ribeiro diz:


Luen fecha o punho sobre o peito, e então se afasta, apressado.

Myako @CF diz:


Assim que ela o perde de vista, se senta sobre o pedestal, abraçando os joelhos,
chorosa. Sentia, agora, um enorme abismo entre eles. Um abismo que, pela dor que
causava, jamais seria reparado.
"...melhor amigo... com benefícios... ela... ela é a melhor amiga...", pensava,
escondendo o rosto nas pernas, desesperada. Ignorava a dor que lhe afligia, a voz
que dava ordens...
...ignorava a escuridão que a cercara.

Maianne Ribeiro diz:


Quanto tempo passara? Um minuto? Uma hora? Duas, talvez? Mais. Dias. A voz chamava
pela garota, alguém batendo no vidro.
- L-Luna... f...f-fala c-comigo, por f-f-favor... - Luen pedia, tremendo. - P... p-
por favor...

Myako @CF diz:


A manequim praticamente não se move. Em parte porque não queria, em parte porque o
corpo já estava dormente, e se recusava a responder. O máximo que ela faz é mover a
cabeça, encarando-o com os olhos amarelados, sem vida alguma, e o rosto marcado
pelo choro e pelo desespero dos últimos dias. Encarando-o. Encarando-o. Encarando-
o.
Como se não o visse. Como se o visse, e sofresse. Como se sofresse.

Maianne Ribeiro diz:


O rapaz também não parecia nada bem. Tinha as faces vermelhas, lavadas de lágrimas,
o corpo tremendo por inteiro. Parecia de pé por milagre, de tanto que fraquejava,
cansado das horas que passara ali, tentando chamar a atenção dela.
- Não m-me deixa... não v-v-você t-também...
Myako @CF diz:
"o que houve?", a letra era diferente. Não era mais caprichosa como a garota
costumava fazer. Era neutra, como as do notebook, imparciais e alheias a tudo que
haviam passado.

Maianne Ribeiro diz:


- N-Nara... ela... o nam-moro... a-a-acabou...

Myako @CF diz:


"por quê?"
"Agora que tudo acabou... agora que tudo acabou, ele precisa de mim...?", pensa,
imóvel.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu... eu não s-sei... ela... ela f-ficou com ciúmes, e... e... m-merda...!

Myako @CF diz:


Ela hesita. Por vários minutos. Por uma eternidade, em sua cabeça. E enfim esconde
o rosto novamente.
"vá atrás dela."

Maianne Ribeiro diz:


- Eu t-tentei... eu p-passei... o d-d-dia t-tentando f-falar com ela, o-ontem...

Myako @CF diz:


"me esqueça. e vá atrás dela."

Maianne Ribeiro diz:


- ...eu não quero t-te esquecer!

Myako @CF diz:


"o problema sou eu, entre vocês. vá atrás dela."

Maianne Ribeiro diz:


Ele nega com a cabeça.
- Eu n-n-não vou t-te esquecer! - exclama. - Eu t-t-tenho uma promessa p-pra
cumprir!

Myako @CF diz:


"vá atrás dela."

Maianne Ribeiro diz:


- Você é m-mais importante!

Myako @CF diz:


A manequim não responde. Por vários minutos, permanece em silêncio. Impassível,
girando no pedestal.

Maianne Ribeiro diz:


- Luna! L-Luna, fala comigo, p-por favor..! Não m-m-me ignora!

Myako @CF diz:


A garota enfim se levanta, soltando um gritinho de dor, colocando as duas mãos no
vidro.
"Se eu sou mais importante, por que não tenho os benefícios que ela tinha?"

Maianne Ribeiro diz:


- ...você... t... t-tava com ciúme?
Myako @CF diz:
"Não!"

Maianne Ribeiro diz:


- Não são "b-benefícios", é... é d-diferente! Ela é... era... minha namorada...

Myako @CF diz:


"Ela disse "melhor amigo com benefícios", Luen! Não mente!"

Maianne Ribeiro diz:


- É s-só um jeito d-d-de dizer!

Myako @CF diz:


"Não pareceu!"

Maianne Ribeiro diz:


- Você ESTÁ com ciúmes!

Myako @CF diz:


"E se eu estiver?! Você é a ÚNICA pessoa que eu tenho, sabia?!"

Maianne Ribeiro diz:


Ele engole em seco, estremecendo.
- ...d-desculpe...

Myako @CF diz:


A manequim cai sentada para trás, voltando a chorar. Enfim se levanta, segurando a
expressão de dor, fazendo as poses de antes.
"Esquece. Como vai ficar a faculdade, agora?"

Maianne Ribeiro diz:


- Vai... vai ficar... normal, eu acho...

Myako @CF diz:


"Mesmo? E você?"

Maianne Ribeiro diz:


- Eu... eu vou ficar bem. Ainda tenho v-v-você... né..?

Myako @CF diz:


"Sempre."

Maianne Ribeiro diz:


- O-obrig... gado... - ele sorri de leve.

Myako @CF diz:


"Eu quem agradeço por tudo."

Maianne Ribeiro diz:


- Não. Eu...
O rapaz respira fundo, encarando-a.
- Eu aprendi muita coisa com você. Pra te ajudar, eu aprendi a ser forte. A lutar
pelo que eu quero. A trabalhar, a estudar, a ter um objetivo. Eu aprendi o que é
ter uma amiga de verdade, aprendi a... a ajudar, e ser ajudado. Você é... meu
mundo. Meu mundo inteiro. Você é tudo pra mim, Luna, eu...
Ele estremece, parando a frase no meio.

Myako @CF diz:


Ela sorri, deixando as lágrimas caírem pelo rosto.
"Eu aprendi a _viver_ com você.
Porque antes eu só sobrevivia, e aguentava tudo.
E agora eu aguento tudo, mas espero pelo novo dia."
E adiciona:
"Obrigada, Luen."

Maianne Ribeiro diz:


- Quando...
O rapaz parece hesitar, inseguro. Sentia o coração disparar, a garganta travando,
as mãos suando e tremendo.
- Q-quando você... s-s-sair...

Myako @CF diz:


"Quando eu sair...?"
Pergunta, se aproximando e encostando a testa no vidro, "colada" com a dele.

Maianne Ribeiro diz:


- Quer... q-quer... s... ser... M... m...

Myako @CF diz:


"...o que foi, Luen?"

Maianne Ribeiro diz:


- Quer... q... quer ser minha "amiga com benefícios"?!
"...eu falei..!"

Myako @CF diz:


Ela sorri.
- Quero!

Maianne Ribeiro diz:


- ...mesmo?! - ele exclama, abrindo um sorriso largo. - Você... namora comigo?

Myako @CF diz:


A garota empalidece, espantada, encarando-o.
"...namorar?"

Maianne Ribeiro diz:


- ...é. O... o que foi..?

Myako @CF diz:


"Eu não sei namorar."

Maianne Ribeiro diz:


- Eu t-também não sei direito... - ele ri, meio sem graça. - Mas a gente aprende.

Myako @CF diz:


"...mesmo...? Juntos...?"

Maianne Ribeiro diz:


- Juntos. - diz, espalmando a mão na vitrine. - Sempre juntos.

Myako @CF diz:


- ...sempre. - faz com os lábios, colocando a mão sobre a dele.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu... te amo.

Myako @CF diz:


A garota cora violentamente.
"Eu também te amo."

Maianne Ribeiro diz:


- Eu nunca achei que podia ficar tão feliz por ler uma frase... - diz, secando uma
lágrima que teimara em escapar.

Myako @CF diz:


"Vai ouvir, algum dia."

Maianne Ribeiro diz:


- Em b-breve. Consegui um trabalho que paga bem, devo terminar em umas duas, três
semanas no máximo... E então, eu fecho o meio milhão.

Myako @CF diz:


"Eu aguento mais esse tempo. E você?"

Maianne Ribeiro diz:


- Eu aguento também. Vou terminar isso de qualquer jeito. - ri.

Myako @CF diz:


"Falta pouco... Bem pouco."

Maianne Ribeiro diz:


- Já vai completar um ano que a gente se conheceu...

Myako @CF diz:


"Através de um vidro."

Maianne Ribeiro diz:


- Vamos comemorar nos encontrando do lado de fora. - ri.

Myako @CF diz:


"Vamos..."

Maianne Ribeiro diz:


Os dois ainda conversam por mais algumas horas, e então Luen vai embora. Parecia
mais alegre, mais comunicativo nas semanas seguintes...
Até que, enfim, o dia chegara. O rapaz carregava uma maleta negra, grande e pesada,
o meio milhão em dinheiro lá dentro. Caminhava a passos firmes para a loja, sério,
determinado. "O pesadelo acabou.", pensa.

Myako @CF diz:


A mídia toda o seguia. Era como se aquele fosse ser um espetáculo sem precedentes,
um feito que não podia ser perdido por ninguém, em lugar algum. A manequim
permanecera de costas para o vidro, observando o interior da loja, esperando que
tudo aquilo acabasse e ela enfim fosse para os braços do rapaz.
- Olá, em que posso ajudá-lo? - a dona sorri, se aproximando para atendê-lo.

Maianne Ribeiro diz:


- O dinheiro. Eu trouxe, todo. - diz, estendendo a maleta. - A Luna pode ficar
livre, agora?

Myako @CF diz:


- Eu preciso contar, antes.

Maianne Ribeiro diz:


- Como quiser. - sorri. - Está tudo aí.
Myako @CF diz:
Ela assente com a cabeça, se afastando. Só volta em torno de uma hora depois,
séria.
- Não está o dinheiro todo.

Maianne Ribeiro diz:


- ...do que está falando? Você pediu meio milhão. Eu trouxe!

Myako @CF diz:


- Eu te pedi UM milhão.

Maianne Ribeiro diz:


- ...quê? Não, não! O acordo foi meio milhão!

Myako @CF diz:


- Não, não foi. Eu quero um milhão, garoto, ou nada feito.

Maianne Ribeiro diz:


- Isso é... só... só pode ser b-brincadeira... alguma brinc-cadeira doentia...

Myako @CF diz:


- Você que não soube ouvir. Se manda, garoto. E eu fico com a maleta, pra pagar os
prejuízos e os tratamentos dela, por sua causa.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu vou ter que conseguir o dinheiro do ZERO?!

Myako @CF diz:


- A culpa é sua de ter causado tantos problemas, garoto!

Maianne Ribeiro diz:


Luen empalidece.
Treme.
Faz menção de falar.
Hesita.
Desmaia.

Myako @CF diz:


- LUEN! - a manequim grita, fazendo menção de correr até ele, caindo no caminho, se
contorcendo de dor.
"Não me desobedeça."
- ...Lu... en... - sussurra, se forçando a seguir na direção dele, sem ar, tocando-
lhe o rosto com ambas as mãos trêmulas, gentil. - Luen.... Luen...

Maianne Ribeiro diz:


- ...Lu... na..? - ele sussurra, a voz fraca, entreabrindo os olhos. Tinha febre.

Myako @CF diz:


"Volte para a sua vitrine. AGORA. Ou eu mato o garoto!"
A espírito cerra os dentes, apoiando o rapaz no próprio corpo com dificuldade,
levando-o até a vitrine. Ela senta no chão, apoiando-o em seu corpo, enquanto
escrevia no vidro.
"Preciso de uma ambulância."

Maianne Ribeiro diz:


- ...é... v-você..? - pergunta, estremecendo. - T-tá gelado... aqui...
Várias pessoas lêem a mensagem, e um dos rapazes grita um aviso de que estava
ligando pro hospital, puxando o celular e discando o número.
- Vai chegar em alguns minutos! - diz, avisando à manequim.
Myako @CF diz:
- ...calma. - sussurra, beijando-lhe o rosto. - Você já vai pro hospital.

Maianne Ribeiro diz:


- On... de..? N-não, eu... f-ficar...

Myako @CF diz:


- ...não.

Maianne Ribeiro diz:


- Não... q-quero f... ficar com você...

Myako @CF diz:


- ...você está mal...

Maianne Ribeiro diz:


- P... p-preciso... trab... ba... lhar...

Myako @CF diz:


- ...descansar.

Maianne Ribeiro diz:


- E... o d... dinheiro..?

Myako @CF diz:


- ...não importa.

Maianne Ribeiro diz:


- I-importa... v-você... fora d-daqui...

Myako @CF diz:


- ...você prometeu que ia ficar bem...

Maianne Ribeiro diz:


- ...e-eu... d... desc...
Ele não termina a frase, perdendo a consciência outra vez. Já podiam ouvir a sirene
da ambulância se aproximando...

Myako @CF diz:


Ela sorri, secando as lágrimas delicadamente.
"Cuidem dele.", pede, encarando as pessoas do outro lado do vidro.

Maianne Ribeiro diz:


- Você não vem? - pergunta o rapaz que ligara.

Myako @CF diz:


"Não posso."

Maianne Ribeiro diz:


- Nós vamos trazer seu garoto de volta. E o dinheiro. - diz, entrando na loja e
carregando Luen no colo. - Pode apostar, guria.

Myako @CF diz:


- ...obrigada. - sussurra, voltando a chorar. - Muito obrigada... Mas se ele ficar
bem, é o suficiente...

Maianne Ribeiro diz:


- ...ele vai voltar novo em folha. - sussurra, saindo, apressado.
Myako @CF diz:
E a manequim se senta sobre o pedestal, cabisbaixa. Não mais se levantava. Não
tinha mais forças, nem ânimo para continuar ali. Continuar vivendo. Sobrevivendo. E
todas as esperanças haviam se apagado.

Maianne Ribeiro diz:


A multidão fizera uma barreira na frente da loja, em protesto. Não deixavam
ninguém, que não fosse funcionário de lá, entrar. Contavam a todos que encontravam
sobre a ação da dona, que fizera Luen cair de cama e não retornar pelo quinto dia
seguido, já.

Myako @CF diz:


"...o que estão fazendo?", pergunta, enfim, se ajoelhando e tocando o vidro com as
duas mãos, curiosa.

Maianne Ribeiro diz:


- Oe, garota. - o rapaz responde. - Vamos fazer essa loja fechar. Ninguém mais vai
dar dinheiro pra mulher que tá te prendendo. Ela não vai ter opção, a não ser
fechar a loja e te soltar!

Myako @CF diz:


"...não! Não, vão embora!"
- ...isso... isso vai doer... - sussurra, amedrontada.
"Por favor, vão embora!"

Maianne Ribeiro diz:


- ...huh? Você enlouqueceu? A gente precisa faz--
- É o Luen! É o garoto!
As pessoas abrem um corredor, dando passagem ao jovem. A barba crescera no rosto,
fruto dos dias que passara de cama, e o olhar retomara o vigor de outrora.
Caminhava a passos firmes pra dentro da loja, sério, determinado. Ao seu lado,
havia uma mulher, alta, belíssima, os longos cabelos loiros caindo em cascatas pelo
corpo, os olhos escondidos por detrás de óculos escuros.
- A dona. - o rapaz praticamente rosna, ao entrar.

Myako @CF diz:


"Ele... ele está bem...", pensa, suspirando, aliviada.
- Que bom que o senhor já está melhor. - sorri.

Maianne Ribeiro diz:


- Cansei de ser bonzinho. - sibila. - Quanto?

Myako @CF diz:


- Já te dei o valor, garoto. - murmura.

Maianne Ribeiro diz:


- Um milhão?

Myako @CF diz:


Ela assente com a cabeça.
- Fora o prejuízo que esse protesto todo me arrumou.

Maianne Ribeiro diz:


- Dois milhões é o suficiente?
Quem falava era a mulher, parecendo encarar a dona, impassível.

Myako @CF diz:


- ...quem é você?
Maianne Ribeiro diz:
- Não me conhece? E diz que trabalha com moda...
Ela ri, tirando os óculos escuros, revelando um par de olhos cinzentos.
- Melinda Hardin. Prazer.

Myako @CF diz:


- S-s-senhorita H-H-Hardin...! - ela empalidece, encarando-a. - A... A que devo a
honra...?

Maianne Ribeiro diz:


- Dois milhões é suficiente? - murmura, repetindo a pergunta.

Myako @CF diz:


Ela hesita.
- E publicidade...

Maianne Ribeiro diz:


- Vai ser publicidade o suficiente o fato de que sua ex-garota vai estar desfilando
pra mim.

Myako @CF diz:


- E o nome da loja vai circular nisso?

Maianne Ribeiro diz:


- Claro.

Myako @CF diz:


- ...dois milhões são suficiente. - e sorri, vitoriosa.
"Dois milhões e meio pra me livrar de um estorvo."

Maianne Ribeiro diz:


- Ótimo. - sorri. Ela mexe em algo no celular e, poucos instantes depois, um
segurança se aproxima, trazendo as maletas de dinheiro. - Está aí. Confira, se
precisar.

Myako @CF diz:


- Me dê algum tempo, então, para conferir. - e se afasta com as maletas, sorrindo.
Os minutos se arrastavam e, estranhamente, a manequim se encolhera em um canto da
vitrine, de costas para o vidro, abraçada ao próprio corpo...

Maianne Ribeiro diz:


- ...Luna..? - Luen se aproxima dela, preocupado. - O que houve?

Myako @CF diz:


- ...n-n-na...da...

Maianne Ribeiro diz:


- Não mente pra mim! O que tá acontecendo?!

Myako @CF diz:


Ela nega com a cabeça, se encolhendo ainda mais. Aquilo doía... doía demais...

Maianne Ribeiro diz:


Ele fica de pé, correndo na direção em que a dona se afastara. "O que ela tá
fazendo com a Luna?!"

Myako @CF diz:


A porta estava trancada...
Maianne Ribeiro diz:
O rapaz toma distância, se jogando contra a porta, tentando arrombá-la.
- SAIA DAÍ!

Myako @CF diz:


- ...o que foi? - sussurra. - Eu estou contando o dinheiro.

Maianne Ribeiro diz:


- O que você fez com a Luna..? - rosna.

Myako @CF diz:


- Eu estou contando o dinheiro, olhe a distância que há entre nós!

Maianne Ribeiro diz:


- ...continue a contar. Eu quero ver.

Myako @CF diz:


- Como quiser. - suspira, sentando-se e voltando a contar o dinheiro.

Maianne Ribeiro diz:


- Quem tem um acordo com a Luna?

Myako @CF diz:


- Eu. Por quê?

Maianne Ribeiro diz:


- Eu vou pedir pra ela desfazer esse acordo. Assim, você não pode tentar controlar
ela de novo.

Myako @CF diz:


- Eu posso desfazer o acordo agora, se você quiser.

Maianne Ribeiro diz:


- ...desfaça.

Myako @CF diz:


A mulher assente com a cabeça, fechando as maletas e subindo as escadas de uma
porta lateral.
- Se for para desfazer, que seja em um local confortável.
"Luna. De pé."

Maianne Ribeiro diz:


- Que seja. Peça pra Luna vir aqui.

Myako @CF diz:


- Você não me dá ordens, garotos. - e fecha a porta atrás de si.

Maianne Ribeiro diz:


- ...maldita... - resmunga, correndo pra perto de Luna. Sabia que desfazer o acordo
iria fazê-la sentir uma dor muito forte... e que fazer um acordo entre os dois
doeria ainda mais. Ainda assim, era a melhor opção: quanto mais demorassem pra
fazer essa "troca", maior seria o sofrimento...

Myako @CF diz:


A garota estava de pé, trêmula, apertando o corpo. Até que empalidece, urrando de
dor, caindo no chão em seguida. Ela chorava, se contorcendo, os olhos abertos
tentando buscar uma ajuda que não viria...
Maianne Ribeiro diz:
Ele a pega no colo, apressado, correndo pra fora da loja.
- Termine o acordo com aquela mulher! - grita para Melinda ao passar por ela. Havia
uma ambulância já esperando pelos dois, e Luen entra nela, deitando a garota-
espírito na maca. - Vai ficar tudo bem... eu prometo...

Myako @CF diz:


- ...Luen... - sussurra, entre as tentativas de respirar, enquanto buscava uma das
mãos do rapaz, fraca.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu tô do seu lado... - diz, segurando a mão dela. - Eu tô aqui... eu... eu não
vou te abandonar...

Myako @CF diz:


A manequim sorri, perdendo a consciência em seguida. Só voltaria a si horas e horas
depois...

Maianne Ribeiro diz:


E despertaria numa cama de hospital, Luen na cama ao lado, fitando o teto. Não
parecia ter notado que a garota acordara.

Myako @CF diz:


- Luen... - sussurra, se virando para ele. Apesar da fraqueza, sorria...

Maianne Ribeiro diz:


- ...Luna! - ele senta na cama de imediato, olhando pra ela. - Como você tá? E sua
barriga? Tinha um ferimento nela, eu... eu fiquei muito preocupado...

Myako @CF diz:


A garota sorri.
- ...eu estou bem. - se senta, cuidadosa. - Tinha...? - e levanta o vestido,
olhando a barriga. - ...não tem marca.

Maianne Ribeiro diz:


O garoto cora violentamente, tentando falar algo.
- A... a-ab... b-baixa... - balbucia.

Myako @CF diz:


- ...viu? Eu já estou bem. - a garota se levanta, indo se sentar na beirada da cama
dele.

Maianne Ribeiro diz:


- Vi, s... s-sim... - sussurra, ainda corado. - ...v... você vai... precisar fazer
o-o-outro a-acordo...

Myako @CF diz:


- ...é... senão não fico...

Maianne Ribeiro diz:


- Faz... c-comigo.

Myako @CF diz:


- ...depois.

Maianne Ribeiro diz:


- Tudo bem, você... você precisa descansar mais. - murmura, coçando a nuca.
- ...mas agora você tá livre.
Myako @CF diz:
- ...vamos ficar juntos...?

Maianne Ribeiro diz:


- Claro. - sorri.. - Somos... amigos com benefícios. Somos namorados.

Myako @CF diz:


- ...é... - sorri, corando. - ...somos...

Maianne Ribeiro diz:


- Posso.... posso fazer uma coisa? Prometo que não dói, não machuca, nada disso.
Vai ser bom.

Myako @CF diz:


Luna assente com a cabeça, encarando-o.

Maianne Ribeiro diz:


Ele ainda hesita uma ou duas vezes antes de colar os lábios aos dela, abraçando-a,
gentil. Todo aquele ano de distância, todo aquele sentimento acumulado... Tudo
aquilo explodia de uma vez só, sendo transmitido por uma única coisa: o beijo.

Myako @CF diz:


Ela estremece violentamente, retribuindo os gestos lentamente. Primeiro, o abraço.
Depois, o beijo. E logo sentia que o coração parecia aquecido, querendo sair do
peito de tão rápido que batia. Sentia-se bem. Como jamais se sentira antes.

Maianne Ribeiro diz:


- Esse... é... - sussurra. - O p-primeiro passo de um namoro...

Myako @CF diz:


- ...é bom... muito bom...

Maianne Ribeiro diz:


- T-tem mais coisa, mas... a... a-acho que... a gente mal começou, e...

Myako @CF diz:


- ...huh? - o encara, estranhando.

Maianne Ribeiro diz:


- ...depois. Daqui a alguns meses.

Myako @CF diz:


- ...fiquei curiosa.

Maianne Ribeiro diz:


- H-Huh?! - ele cora.

Myako @CF diz:


- ...o que é?

Maianne Ribeiro diz:


- O... o q-que..? A o-o-outra c-coisa..?

Myako @CF diz:


- ...é.

Maianne Ribeiro diz:


- ...eu... ah... n-não sei explicar...
Myako @CF diz:
- Tudo bem. - ri, beijando-lhe a testa. - ...eu espero.

Maianne Ribeiro diz:


- M-mesmo? Sem p-p-problema..?

Myako @CF diz:


- ...só em ficar assim, já fico feliz...

Maianne Ribeiro diz:


- Eu vou te fazer muito mais feliz que isso... muito mais.

Myako @CF diz:


- ...eu acredito...

Maianne Ribeiro diz:


- Não precisa ter medo de falar, sabia? Pode falar o que vier na sua cabeça. Pode
falar alto. Você tá livre.

Myako @CF diz:


- ...mas...

Maianne Ribeiro diz:


- Sem mas. Tá aqui fora comigo, não é..?

Myako @CF diz:


A garota ri, corando.
- ...é! Eu... Eu sou livre, agora, certo?

Maianne Ribeiro diz:


- É sim. Completamente livre! Pode até ter cauda, se quiser!

Myako @CF diz:


- ...gasto menos energia, assim... - comenta, fazendo a cauda aparecer novamente.

Maianne Ribeiro diz:


- É bonita. Eu nunca tinha visto de perto direito...

Myako @CF diz:


- É? É macia, pelo menos... - murmura, acariciando a mão dele com a ponta da cauda.

Maianne Ribeiro diz:


- ...beeem macia... - sorri, brincando com a cauda dela. - Tão fofinha..!

Myako @CF diz:


- Eu cuido bem dela. - ri, tocando as recém-surgidas orelhas com as mãos. - E cuido
bem delas...

Maianne Ribeiro diz:


- ...orelhinhas! Você fica ainda mais linda com elas!

Myako @CF diz:


- ...o-obrigada... - e cora, acariciando-lhe o rosto.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu fiz um acordo pra te tirar de lá... espero que não me bata por isso. - ri. - O
que acha de ser modelo?

Myako @CF diz:


- ...mas... eu não tenho corpo pra isso!

Maianne Ribeiro diz:


- Olha... erm... ah... - ele cora. - Tem... tem sim.

Myako @CF diz:


- ...m-mesmo?!

Maianne Ribeiro diz:


- T-tem, você... é... l-linda... mais q... que... ah... - sussurra, a voz abaixando
enquanto o rubor subia ainda mais.

Myako @CF diz:


- Obrigada, Luen... - murmura, beijando-lhe o rosto suavemente. - E... e você?
Prefere que... que eu mude alguma coisa?

Maianne Ribeiro diz:


- Você é perfeita do jeito que é.

Myako @CF diz:


- P-p-p-perfeita?!

Maianne Ribeiro diz:


- A não ser que exista algo acima da perfeição. Aí você estaria nesse nível.

Myako @CF diz:


Ela estremece, abraçando-o firmemente.
- L-Luen...

Maianne Ribeiro diz:


- ...posso te beijar de novo..?

Myako @CF diz:


- ...quando quiser...

Maianne Ribeiro diz:


Ele puxa Luna pra si, beijando-a passionalmente. Deitara na cama, torcendo para que
aquele momento se extendesse por uma vida inteira...

Myako @CF diz:


A modelo estremece, retribuindo da melhor forma que conseguia. Mantinha o abraço,
aproveitando cada segundo dos momentos ao lado dele...

Maianne Ribeiro diz:


Os dias seriam caóticos dali pra frente. A primeira semana fora lotada de
entrevistas, fotos, repórteres, e até mesmo fãs. O rapaz lidava com mais
naturalidade com tudo aquilo: já se acostumara, ao longo do ano.

Myako @CF diz:


Luna agia com uma neutralidade quase profissional, fingindo estar confortáveis em
situações que, Luen podia perceber pela força que usava nas mãos que o seguravam,
certamente não estava. Mas sorria, e sorria naturalmente, feliz por ter saído
daquela vitrine, e por estar, enfim, próxima a ele.

Maianne Ribeiro diz:


- Preparada? - ele sussurra, sorrindo, acariciando-lhe o rosto. Era o dia do
primeiro desfile dela, e a mídia em peso aparecera para assistir.

Myako @CF diz:


- ...nem um pouco. - sorri, nervosa, estremecendo com o carinho. Sabia o que fazer.
Sabia como fazer. Mas não sabia se faria.

Maianne Ribeiro diz:


- Confia em mim, vai dar tudo certo. - ri. - Confie em você, também. Está linda,
sabia?

Myako @CF diz:


- Eu confio~! - e suspira, se acalmando. - ...mesmo? Obrigada, Luen...

Maianne Ribeiro diz:


- Mais linda a cada dia que passa. - murmura, beijando-lhe a testa. - Preciso ir
pro meu lugar, tá? Vou estar te assistindo.

Myako @CF diz:


- ...não fica fora da minha visão. - pede, segurando-lhe as mãos. - ...por favor...

Maianne Ribeiro diz:


- Quando você entrar, eu vou estar de frente pra você. Na ponta da passarela. Tá
bom assim?

Myako @CF diz:


Ela assente com a cabeça.
- ...muito.

Maianne Ribeiro diz:


- Tem uma surpresa pra você no final da noite. - sorri. - Você vai gostar.

Myako @CF diz:


- ...não me deixe ansiosa, Lu!

Maianne Ribeiro diz:


- Foi mal, Lua! - ri de leve. - Vou pro meu lugar, tá? Quero te ver no seu melhor.

Myako @CF diz:


- ...eu vou dar o meu melhor. - sorri, encostando a testa na dele. - Prometo.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu confio em você.
Luen levanta, se afastando enquanto vestia o paletó, impecável, indo para a
platéia. Aquela seria uma noite memorável...

Myako @CF diz:


E a espírito daria o seu melhor. Um rastro de pequenos pontos luminosos, dourados,
se fazia atrás dela enquanto andava, e o que chamava mais atenção - além da
passarela circular com duas pontas, a entrada e a parada, - era o fato de, a cada
volta completa, a roupa se alterar no próprio corpo da modelo, com uma luz forte,
que se espalhava e caía como faíscas antes de desaparecer...

Maianne Ribeiro diz:


"...linda...", o rapaz pensa, corando, o queixo caído. Observava-a como se
hipnotizado, os olhos não desgrudando da modelo em momento algum. Por um instante,
lembrou-se do desejo adolescente - que parecia tão distante - que o fizera se
aproximar da vitrine pela primeira vez. Mas, agora, era diferente: não era desejo.
Não era paixão.
Era amor.

Myako @CF diz:


E o desfile segue, com a garota-espírito mostrando tudo que aprendera naqueles
poucos dias. Enfim sai da passarela, sumindo da vista de todos, e se deixando cair
ajoelhada, ofegante.
"...eu... eu consegui...", pensava, sorrindo.

Maianne Ribeiro diz:


"Conseguiu.", responde, alegre. O acordo permitia que conversassem através de seus
pensamentos, o que os tornara ainda mais próximos. "Descansa um pouco, a Melinda
vai fazer um discurso, e eu ouvi falar que vai te chamar na passarela rapidinho, só
pra te apresentar melhor ao público."
-=-
- Senhoras e senhores. - a empresária subira ao palco, sorrindo, a voz amplificada
através de um pequeno microfone preso na alça de seu vestido. - Eu sou Melinda
Hardin, como muitos de vocês já sabem, e é uma honra estar aqui nesta noite,
apresentando um talento tão grandioso.

Myako @CF diz:


"Aw... Eu aguento.", ri, se sentando. Aproveitava pra beber água, limpar o suor do
rosto, e refazer ao menos a maquiagem básica. "Saindo daqui, o que acha de irmos a
um restaurante? A Melinda já deixou!"

Maianne Ribeiro diz:


"Ótima idéia.", ri de leve. "Um restaurante, então. Pra comemorar."
-=-
- Na verdade... são dois talentos.
Um pequeno burburinho se espalha pelo auditório, a maior parte do público se
fazendo a mesma pergunta.
"Dois?"

Myako @CF diz:


"Certo!", e sorri, se olhando no espelho. Mas pára em seguida. "...dois?!"

Maianne Ribeiro diz:


Luen não responde, apenas mantendo o sorriso que tinha no rosto.
- Eu gostaria de chamar aqui o estilista responsável pela criação dessas roupas
maravilhosas. Suba ao palco... Luen Berschten.

Myako @CF diz:


"...O QUÊ?! Foi você quem desenhou as roupas?!"

Maianne Ribeiro diz:


"Surpresa!"
O rapaz sobe ao palco, sob uma chuva de aplausos, acenando para os presentes.
Cumprimentara Melinda, cordial, ficando no centro da passarela enquanto ela deixava
os holofotes.
- Boa noite. - diz, a voz suave. - Eu queria contar uma história pra vocês. A
história de um garoto de dezessete anos, e uma manequim.

Myako @CF diz:


"...seu...seu... Ora, seu...!"

Maianne Ribeiro diz:


"Não me odeie, Lua~", pede, brincando.
- Começou como coisa de adolescente, sabe? - ri. - Eu vi uma garota linda, vestida
com roupas lindas, de pé numa vitrine. Eu passei a admirá-la, todos os dias, antes
de ir pra escola, e quando voltava pra casa. Virou rotina: eu sempre estava lá, nos
mesmos horários, todos os dias.

Myako @CF diz:


"...sempre... sempre estava, e sempre me olhava com aquela mesma curiosidade..."
Maianne Ribeiro diz:
- E ela me via lá, também. Era uma estranha ligação, uma estranha relação... -
suspira. - Mas, um dia, isso mudou. Cinco minutos. Dez minutos. Eu pensei "hoje não
vou à escola", e fiquei. Uma hora. Vi que ela olhava pra mim... e acenei. Ela
sorriu. E então, tudo mudou.

Myako @CF diz:


"D-droga, Lu...", pensava, tentando conter as lágrimas, inutilmente. "D-droga..."

Maianne Ribeiro diz:


- Eu peguei meu caderno, e comecei a conversar com ela. Pedi à dona da loja para
que a deixasse sair à noite comigo. Combinamos o horário. Meu pai... - ele hesita.
- ...nós não somos muito amigos. Ele me chamou pra casa, quando soube que eu faltei
aula. Nós brigamos quando ele me proibiu de sair. Eu caí no sono enquanto botava
gelo no rosto, pra diminuir o inchaço, e... acabei me atrasando. A dona já havia
proibido a Luna de sair, e eu a deixara triste, e preocupada.

Myako @CF diz:


"...mas... mas se não fosse por isso, nós... nós não teríamos ficado tão
próximos... E nada... nada disso estaria acontecendo..."

Maianne Ribeiro diz:


- ....isso... só nos deixou ainda mais próximos. - ri, secando uma lágrima que
escapara de um dos olhos. - Eu prometi que voltaria a passar na loja, de manhã, e
pedi um favor a ela: uma pose, especial para mim. Todos os dias, durante uma
semana, eu passava dez minutos desenhando o mais fervorosamente que podia,
retratando a beleza dela com a maior perfeição que minhas mãos eram capazes de
criar.

Myako @CF diz:


"...eu não acredito que você está falando isso... eu...", ela sorri, levando as
mãos ao peito, chorando cada vez mais. Não ligava mais para a maquiagem, nem para a
imagem que devia manter.

Maianne Ribeiro diz:


"Tem mais. Muito mais."
- Só que um dia, eu não voltei. Eu não pude voltar. Meu pai me matriculou num
colégio de outra cidade, de período integral, e me isolou do meu pequeno mundo. Me
afastou dela. Achei que iria enlouquecer: a saudade, a perda, a solidão, o stress
do colégio... tudo aquilo me afetava. Eu cheguei a parar de desenhar: não tinha
ânimo. Emagreci. Tive insônia. Em um mês.

Myako @CF diz:


"...você sofreu muito, esse tempo todo... Tudo... Tudo por minha causa...", e ri,
meio culpada.

Maianne Ribeiro diz:


"Se é assim... você também sofreu. Por minha causa. Se tem culpa, eu também tenho."
- Até que eu vi uma coisa familiar no jornal. A manchete era essa: "o desenhista e
a manequim". Olhei. Li. Era... a minha história. A nossa história. - murmura. - Eu
fugi de casa, e fui pra uma rodoviária. Eu vendia meus desenhos a quem passasse, a
qualquer preço que estivessem dispostos a pagar. Algumas pessoas me reconheceram, e
eu agradeço a cada uma delas... E eu consegui voltar. O estado de saúde da Luna era
péssimo, e nós precisamos levar ela pra um hospital. Mas... ela tinha que voltar
pra vitrine. E eu tinha que tirá-la de la.

Myako @CF diz:


"Não tivemos muito tempo juntos, mas... eu lembro que foram essas memórias que me
mantiveram pelos outros meses..."

Maianne Ribeiro diz:


"Não tire as palavras da minha boca..!", ele pensa, segurando um riso leve.
- A dona pediu meio milhão pela liberdade da Luna. Em dinheiro. Eu era um
adolescente fugido de casa, sem escola e sem emprego. E foi aí que eu vi vocês. Eu
vi a multidão que nos apoiava. Vi os repórteres, as câmeras, os jornais. Vi uma
saída, a ajuda que eu precisava. O primeiro a me ajudar foi o Mike, meu novo "pai".
- ri. - Ele me deu casa, e um trabalho. Daí pra frente, várias outras oportunidades
vieram, e eu juntava cada centavo que podia, economizando ao máximo. Estudei para o
vestibular. Passei. A Luna comemorou comigo... até me mandou um bolo.

Myako @CF diz:


A modelo gargalha, corando violentamente.
"E você lembra disso...!"

Maianne Ribeiro diz:


"Claro que lembro! E estava delicioso!"
- Eu acabei arranjando uma namorada, na faculdade, mas... Ela sentia ciúmes. "De
quê?", eu me perguntava. A Luna era uma amiga. Uma grande amiga.
Luen balança a cabeça, sorrindo.
- Não, não era. Ela era muito, muito mais que isso... mas eu ainda não tinha
conseguido enxergar. O fim do namoro abriu meus olhos. Era ela, a manequim que eu
sempre admirei, a mulher que eu amava. A mulher que eu queria ao meu lado, como
amiga, companheira, confidente.

Myako @CF diz:


"...e tudo isso através de um vidro...", ela ri, divertindo-se ao lembrar de tudo
aquilo. Eram memórias tristes, mas apenas em parte. Toda aquela história os unia
ainda mais, e ela sabia que as conversas que tiveram não eram mentiras. "...você é
louco, Luen. Completamente louco!"

Maianne Ribeiro diz:


"Completamente louco... por você."
- Acaso do destino, ou não... Já se passara um ano desde o dia em que tivemos nossa
primeira conversa, e eu caminhara para a loja, o dinheiro na mão. Entreguei-o à
dona... e ela pediu mais. Um milhão, além daquilo que eu já entregara. "Pra pagar
os custos", ela disse. Eu passei mal, desmaiei. Na minha cabeça, eu achava que ia
morrer. Mas... eu estou aqui. - sorri. - Melinda me procurou, enquanto eu ainda
estava de cama. Me ofereceu um emprego, uma grande oportunidade. Ela me ofereceu...
isso tudo. - e abre os braços. - Mais que isso. Ela me ofereceu o dinheiro que
salvaria a Luna daquele inferno.

Myako @CF diz:


"...eu fiquei preocupada... durante aqueles dias, eu fiquei com medo que você fosse
sumir de novo... com muito medo."

Maianne Ribeiro diz:


"Eu precisava voltar. Eu prometi que não ia te deixar sozinha... e você confiava em
mim."
- Eu a salvei? Não. Todos nós a salvamos. Sem a ajuda monumental que recebi, desde
o primeiro desenho na rodoviária até as maletas cheias de notas que pagaram a
liberdade dela, nada disso teria acontecido. Eu me sinto no enorme dever de
agradecer a todos vocês. Muito, muito obrigado.

Myako @CF diz:


"Sempre confiei. Desde o primeiro instante, até hoje."
E aplausos, muitos aplausos. Todos ali sorriam, parabenizando-o pelo esforço com as
acaloradas palmas. Todos faziam parte daquela história. Como amigos, ajudantes,
pessoas que haviam espalhado a notícia, ou feito doações. Não só eles, porém. Havia
uma infinidade de pessoas, dentro e fora dali, que contribuiram para que tudo desse
certo.

Maianne Ribeiro diz:


- Eu gostaria de fechar a noite... - murmura, quando os aplausos cessam. - Chamando
a segunda estrela da noite. Luna, por favor, venha até aqui. - sorri.

Myako @CF diz:


"...A MELINDA ia me chamar, né?!", ri, limpando apressadamente o rosto para
amenizar a maquiagem borrada. A modelo se levanta, respirando fundo, e vai até ele.
Caminhava calmamente, e a roupa não era desenhada pelo rapaz.
Era o mesmo vestido que usara no primeiro dia que saíra da vitrine.

Maianne Ribeiro diz:


"Não podia estragar a surpresa.", ri junto, tomando a mão dela entre as próprias e
beijando-a, cavalheiro.
- Eu quero te dar dois presentes. Queria a opinião de todos; o pequeno, ou o
grande, primeiro? O que acham?

Myako @CF diz:


"...presentes...?!"
As opiniões se dividiam, e, no meio da gritaria, era difícil definir qual era a
vontade da maioria.
"...o pequeno."

Maianne Ribeiro diz:


- Ela escolheu o pequeno. Nada mais justo que atender o pedido de uma dama, não é?
O rapaz respira fundo, encostando um dos joelhos no chão enquanto buscava algo no
bolso.
- Você me daria a honra... - sussurra, abrindo uma pequena caixa negra de veludo.
Uma caixa de aliança. - ...de te ter como esposa?

Myako @CF diz:


- ...quê? - sussurra, a voz falha. Corara de forma violenta, tremendo, sem saber o
que dizer. A garota-espírito abria e fechava a boca, buscando palavras que não
vinham, ofuscadas pelo sentimento que batia em seu peito, ofuscadas pelo sorriso
que mantinha na face, e pelas lágrimas que escorriam de seus olhos. - ...s-s-
seria... seria um... um p-p-pr-prazer... Luen...

Maianne Ribeiro diz:


- O p-prazer... é... é m-meu... - murmura, ficando de pé. Pegara na mão direita da
mulher, gentil, colocando-lhe a aliança no dedo. Tremia.

Myako @CF diz:


Ela estremece, acariciando-lhe o rosto suavemente, antes de fazer o mesmo com ele.
"...eu te amo, Luen..."

Maianne Ribeiro diz:


"Eu também te amo..."
- A-agora... o segundo presente.
Melinda voltara ao palco, sorrindo. Trazia consigo um embrulho retangular, leve,
entregando-o a Luna.
- Boa sorte, para os dois. - murmura, beijando as testas de ambos antes de se
afastar.
- Pode... pode abrir.

Myako @CF diz:


"...esse... foi o pequeno...?", ri, encarando-o, enquanto abria o embrulho
cuidadosamente.

Maianne Ribeiro diz:


"É. Agora é o grande."
Dentro do embrulho, havia um quadro. Na verdade, era uma folha de papel grande, uma
moldura fina e simples em volta dele, protegendo-o, preservando-o. Era o desenho de
uma garota de cabelos negros e olhos amarelos, ao lado de um pedestal. Estava de
joelhos, a mão esquerda sobre o coração, a direita encostando numa parede de vidro.
Do outro lado da vitrine, havia um garoto de cabelos loiros e olhos azuis como o
céu, espelhando a pose da garota, a mão esquerda aberta tocando a dela através
daquela barreira transparente, o punho direito sobre o coração.
Luen.
E Luna.

Myako @CF diz:


Ela não se move, chocada, observando o desenho. Tremia, sorrindo nervosamente,
envergonhada com o presente inesperado. Chorava, sentindo as pernas fraquejarem,
derrubarem-na no chão, mas não se importava. Mantinha o quadro junto ao peito,
cuidadosa, deixando as lágrimas escorrerem, fartas, e caírem sobre o vidro,
silenciosas.
"...eu te amo, Luen... eu te amo... eu te amo..."

Maianne Ribeiro diz:


- Eu espero... que eu seja um marido bom o suficiente pra te dar presentes ainda
melhores. Dias ainda melhores. Uma vida ainda melhor... - sussurra, agachando ao
lado dela, beijando-lhe os lábios. O auditório aplaudia vigorosamente, todos de pé,
assobiando, gritando. Queriam que os dois fossem felizes.

Myako @CF diz:


"...e é. Eu sei que é.", pensa, retribuindo o jeito de forma passional,
acariciando-lhe os cabelos com uma das mãos, delicada.

Maianne Ribeiro diz:


O desfile se encerrara. Todos já haviam se encaminhado para as saídas, assim como
Luen e Luna, o rapaz guiando-a, sorrindo de orelha a orelha, orgulhoso, alegre.
- Então... jantar?

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