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Património Imaterial e Turismo

Aula 12/10/2020 (Segunda-feira)

O património provém do latim e está ligado á herança.

A partir de uma lenda (património Imaterial) procurou-se fortificar o turismo da região em que
esta incide. A próprias comunidades procuram resguardar as lendas sendo um património
material e cultural. Estes elementos podem ser utilizados para aumentar a procura turística de
determinada região.

1- Recursos culturais imateriais: conceitos e classificações

O património construído foi inicialmente o primeiro a ser reconhecido como património,


devido a que este permite ser visualizado de forma neutra, contrariamente ao património
Imaterial que apenas algumas pessoas mais afetadas a esse património são capazes de
reconhecer, ou seja, uma lenda é contada e transmitida através de peças de teatro por
exemplo, sendo que, este não é visualizado do mesmo modo que o património construído.

Conceito de património

 O conceito mais comum património é “algo que as gerações anteriores


criaram, conservaram e deixaram, com a ideia de que seria transmitido às
gerações futuras. Não é uma entidade constante: tempo e cultura afetam a
perceção e identificação do património e do seu valor, ou seja, o conceito de
património vai evoluindo.
 O património era associado a monumentos históricos: vestígios da
antiguidade, edifícios religiosos da idade média e alguns castelos. Inicialmente
o património era associado imediatamente a um monumento.
 A partir dos anos 50, o paradigma patrimonial passou a incluir todas as formas
de edificação: urbanas, rurais, eruditas, populares, faustosas ou utilitárias,
bem como os conjuntos edificados e suas envolventes.
 Passou-se a ter em conta e a incluir no património os objetos quotidianos e
testemunhos mais recentes da atividade humana. (património móvel)
 Em finais do séc. XX. a noção de património alarga-se ainda mais com a
inclusão de recursos intangíveis- imateriais (língua, lenda)
 Património é o uso contemporâneo do passado; O património esta associado a
um processo pelo qual as pessoas usam o passado;

Categorização do património

 Património natural
- Monumentos naturais (monumento natural das pegadas dos dinossauros em Torres
Vedras)
-Formações geológicas e fisiográficas
-Locais de interesse ou zonas naturais (lagoas, lagos, serras)
 Património cultural (associado à intervenção humana e pode ser material ou
Imaterial) Geralmente são artefactos físicos e atributos imateriais de um grupo ou
sociedade que são herdados de gerações passadas, sendo que, são guardados para
benefício das gerações futuras.
1. Material
- Monumentos: Obras arquitetónicas, de escultura ou de pintura, momentos,
elementos de caráter ecológico, inscrições e grutas;
-Conjuntos: grupos de construções isoladas ou reunidos que, pela sua arquitetura,
unidade ou posicionamento relativamente á paisagem possuem um valor
excecional do ponto de vista histórico, científico e artístico;
-Locais de interesse/sítios: obras do homem, ou obras combinadas entre o
homem e a natureza, e as zonas, incluído os locais de interesse arqueológico, com
um valor universal excecional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou
antropológico;
Ou

Classificação alternativa:

 Património cultural imóvel (monumentos, sítios arqueológicos:


arqueologia, arqueologia civil, arqueologia militar, arqueologia industrial)
 Património cultural móvel (pinturas, esculturas, moedas, manuscritos)
 Património cultural subaquático (embarcações naufragadas, ruínas e
cidades submersas)

2. Imaterial: Ao contrário dos bens materiais, este património não permite ser
descritos pelas suas caraterísticas físicas. Deste modo, o património imaterial são
objetos inaminados.

-Tradições orais e expressões, incluído a língua como vetor do património cultural imaterial:
provérbios, adivinhas, histórias, rimas de embalar, lendas, mitos, canções e poemas épicos,
rezas, cânticos, canções. Estes tipos de tradições transmitem conhecimentos, valores e
memória coletiva e desempenham um papel essencial na energia cultural de uma comunidade
ou grupo. A língua é um vetor do património cultural imaterial e por isso deve ser igualmente
protegida.

-Artes do espetáculo: música vocal ou instrumental, dança e teatro, pantomima, versos


cantados e determinadas formas de contar histórias. As artes do espetáculo incluem uma
grande diversidade das expressões culturais que, no seu conjunto, são testemunhos da
criatividade humana.

-Práticas sociais, rituais e atos festivos: associados a atividades rotineiras que estruturam as
vidas das comunidades e dos grupos e que se afirmam importantes para os indivíduos
reafirmar a sua identidade dos intervenientes enquanto grupo ou comunidade. Estas práticas
são executadas em público ou em privado, podendo estar relacionado com o ciclo de vida dos
indivíduos e dos grupos, com o calendário agrícola ou com outros sistemas temporais.

-Conhecimentos e usos relacionados com a natureza e o universo (sinos, bom tempo/ mau
tempo): incluem o conhecimento, o saber-fazer, as competências, as práticas e as
representações desenvolvidas que perpetuam por comunidade ao longo da sua interação com
o meio ambiente. Estando relacionado com a sabedoria ecológica tradicional, o conhecimento
indígena, hábitos alimentares e crenças. O sino é um património material, mas como
apresenta diversos toques: toque de festividade, toque dos sinais (falecimento). Estes tipos de
toques estão associados a um património Imaterial.
-Técnicas artesanais tradicionais: este domínio surge associado ás competências e os
conhecimentos necessários á produção de um determinado produto artesanal. Procura-se
salvaguardar o artesanato tradicional, sobretudo o saber-fazer e dar a conhecer aos elementos
mais jovens da comunidade. Associado á produção de roupa, joias, trajes, artefactos
necessários aos festivais ou ás artes do espetáculo.

O património cultural imaterial é transmitido de geração em geração e é


constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu meio, da sua
interação com a natureza e da sua história, incutindo-lhes um sentimento de identidade e
continuidade.

De acordo com a UNESCO, apenas é considerado património cultural imaterial, aquele que seja
compatível com os instrumentos internacionais existentes em matéria de direito do homem,
bem como as exigências de respeito mútuo entre comunidades. Deste modo, atividades
consideradas inaceitáveis por um grande número de pessoas ou que possam gerar polémica,
como, por exemplo, a mutilação genital feminina ou tradições discriminatórias que excluam
determinados grupos com base em critérios como o género ou a etnia não são considerados
património cultural imaterial.

Sítios classificados como mistos: O património pode ter uma natureza mista, podendo haver
elementos que sejam património material e natural: paisagem do Douro- a intervenção
humana na criação dos socalcos. Outro exemplo passa por Ibiza- biodiversidade e cultura; e
Mont Perdu nos Pirenéus.

Resumidamente: O património material refere-se a uma presença física. Já os elementos e


valores imateriais são intangíveis, mas pertencem a comunidades e a lugares, e estão
geralmente associados a elementos materiais; por exemplo: desenvolvendo-se em torno de
monumentos (lendas, histórias, tradições) ou utilizando ferramentas (artesanato), objetos e
equipamentos (gastronomia, trajes e instrumentos musicais (dança), artefactos e peças
artísticas (festas, romarias).

Aula 14/10/2020

As organizações internacionais foram importantes para reconhecer a importância do


património e procurar realizar uma valorização.

Unesco: Foi fundada em 1945 em londres, como agência especializada das nações Unidas no
âmbito da cultura, ciência e educação. Procura promover a paz e a harmonia entre as nações,
nomeadamente no domínio do património ou salvaguarda do mesmo.

 Carta de Veneza.1964. ICOMOS (concelho internacional de monumentos e sítios)


contribui para salvaguarda do património e convoca as comunidades para a
salvaguarda
 Propriedade
 Marca de reconhecimento internacional e de salvaguarda
 Carta de
 Convenção para salvaguarda do Património cultural Imaterial. 2003 (UNESCO)
reconhece que o património cultural vai para além dos monumentos….
Património cultural Imaterial: A importância deste tipo de património não está propriamente
associada a uma manifestação cultural propriamente dita, mas sim a riqueza do conhecimento
e das competências que são transmitidas de uma geração para outra. O valor social e
económico dessa transmissão de conhecimento é relevante para todos os países e
comunidades. Deste modo, o património cultural Imaterial é:

 Tradicional, contemporâneo e vivo: inclui tradições passadas de geração em geração


que foram evoluindo ao longo dos tempos;
 Inclusivo: o património imaterial contribui para a coesão social, incentivando um
sentido de identidade….
 Representativo
 Baseado na comunidade

Turistas: aqueles que fazem dormida

Visitantes

O turismo é feito por turistas, contrariamente aos visitantes que não dormem no local que
visitam e apenas passam lá o dia.

O património Imaterial Português

 O património cultural imaterial é património da humanidade (relacionado com a ação


humana).
 O património contruído ou material é património Mundial (não é propriedade de
todos, mas sim o valor desse património que é de todos)

 Dado a existir determinados ambientes que não tem propriamente um proprietário,


como é o caso do espaço e o fundo dos oceanos. De modo, a que os países mais ricos
se apoderam-se desses espaços em 1967, o embaixador Arvid Pardo de Malta, fez
aprovar que o fundo dos oceanos e espaço sideral está incluído no património
comum da humanidade.

Lista representativa do património cultural Imaterial (Portugal):

 Fado
 Dieta mediterrânica
 Cante alentejano
 Falcoaria
 Produção de figurado (bonecos) em barro de Estremoz
 Manufatura de Chocalhos Pardalinho, Alcáçovas
 Loiça de Bisalhães
 Festas de Inverno: Carnaval de Podence

Lista de património cultural Imaterial que necessita de salvaguarda urgente (Portugal)

 Manufatura de Chocalhos
 Processo de manufatura da olaria preta de Bisalhães
Turismo e património cultural imaterial

Identidade, autenticidade e tradição

 A palavra identidade provêm do latim: “identias”, que significa semelhante, qualidade


do que é idêntico
 Identidade é igualmente um processo de identificações historicamente apropriada que
conferem sentido ao grupo
 O património é um elemento fundamental na construção da identidade social/cultural
e, simultaneamente, é a própria materialização da identidade de um grupo/sociedade,
sendo que, expressa a identidade histórica e as vivências de um povo.

O património cultural imaterial é baseado na comunidade

 Tem de ser reconhecido como tal pelas comunidades ou grupos ou indivíduos;


ninguém mais pode decidir por eles que uma determinada expressão ou prática é o
seu património. O património também pode ser inclusivo, dado que o património
imaterial de um grupo pode ser semelhante ou igual a outros grupos. Como é o caso
da arte de falcoaria, dieta mediterrânica ou como é o caso da numeração, alfabeto e
tradições religiosas. Quando existe este tipo de ligação, pode originar uma maior
coesão social, incentivando um sentido de identidade, que ajuda os indivíduos a sentir-
se parte de uma ou de várias comunidades e da sociedade em geral.

Identidade e globalização

 Devido aos impactos da globalização, a ligação entre identidade e o lugar pode


desaparecer. O turismo ligado ao património imaterial pode fornecer uma fonte de
identidade. (González,2008). É necessário que os diferentes países tenham a sua
própria identidade para não existir culturas iguais. O país tem de afirmar a sua
identidade através da competitividade e diferenciação. Um país com caraterísticas
diferenciadoras (tradições, património) tem um maior interesse turístico.

Tendo em conta o impacto da globalização, Castells (2000, citado por González, 2008)
diferencia entre:

 “identidade defensiva”: é reativa e busca a segurança de identidade, tende a reforçar


as tradições locais.
 “identidade projetada”: processo aberto que compreende que a globalização oferece
oportunidades para escolher raízes identitárias em diferentes países, uma vez que
cada indivíduo tem uma multiplicidade de identificações.

Exemplo: Caso- Sevilha e “sevilhanas”

A dança tomou o nome da região e torna-se seu ícone e símbolo identitário. A dança sevilhana
evoluiu a partir das “seguidillas”, uma dança castelhana, do século XV. Mais tarde, foram
combinando com outro tipo de danças de diferentes comunidades.
Património e autenticidade (não se refere apenas a elementos do passado que não foram
evoluindo)

 Tradicional, contemporâneo e vivo simultaneamente «inclui tradições, passadas de


uma geração para outra, que evoluíram em resposta aos ambientes e contribuem para
nos dar um sentido de identidade e continuidade, bem como práticas rurais e urbanas
contemporânea.

Conceito de autenticidade em turismo foi evoluindo e é discutível:

O património imaterial não é apenas autêntico quando as tradições são realizadas por pessoas
locais, dado que o património imaterial pode ser reproduzido por pessoas não locais
mantendo assim a autenticidade.

González, 2008 diferencia os turistas “existenciais” que procuram elementos genuínos e o


espírito de tradição dos turistas de lazer (que procuram os estereótipos: por exemplo, uma
visita autêntica a Espanha deve envolver sol, touradas, residentes animados, sevilhanas, etc.

A autenticidade pode ser vista como a qualidade de ser “autêntico e real” ou “real e genuíno”

Os vários sentidos de autenticidade (Park, Choi &Lee) incluem:

a) Sinceridade completa sem fingir ou encenação


b) Um caráter efetivamente real contrastante com uma aparência enganosa
c) O que é genuíno ou verdadeiro, por exemplo, uma antiguidade verdadeira
d) O que é original, não copiado, por exemplo, um manuscrito escrito á mão
e) O que é marcado por uma conformidade próxima com um original: reproduzir de
forma precisa e satisfatoriamente as caraterísticas essenciais, por exemplo, um retrato
f) O que é “marcado pela conformidade com uma tradição generalizada ou longa e
preservada” por exemplo um retrato,
g) O que é oficial, autorizado ou legalmente validado

A autenticidade ou, pelo menos, a sua perceção é crucial no turismo patrimonial

 A busca de experiências autênticas é uma das principais tendências do turismo atual;


motiva turistas a viajar para lugares distantes e a querer experimentar períodos
históricos do passado
 A autenticidade dos destinos turístico, locais, eventos, culturas e experiências é
importante para académicos e agentes em relação ao planeamento, marketing e
gestão de turismo patrimonial
Belhassen, Caton & Steawart (2008) referem 3 dimensões do conceito (relacionadas com o
objetivo/recurso ou com a experiência do visitante). Dado que o visitante pode ter contacto
com diferentes autenticidades

 Autenticidade objetiva (real): relacionado com a autenticidade original. Corresponde


a experiências autênticas em turismo que são comparadas a experiências
epistemológicas (conhecimentos) (ou seja, cognição).
 Autencidade contruída (sociopolítica): refere-se á autenticidade projetada para
objetos pelos turistas em termos de suas imagens, expetativas, preferências, crenças,
poderes. Pode contribuir fortemente para a satisfação dos turistas patrimoniais
quando os recursos intangíveis se “materializam”
 Autenticidade existencial (fenomenológica): correspondem a experiências autênticas
no turismo que não está relacionado com a autenticidade dos objetos visitados

Aula 28/10/2020

Os recursos culturais imateriais enquanto produtos turísticos

Recurso Turístico Produto Turístico

Serviço;
Experiência;
Especificidades

Recursos turísticos: todos os bens e serviços que, por intermédio da atividade humana,
tornam possível a atividade turística e satisfazem as necessidades da procura (OMT,1978)

Recursos:

 Primários (=atrações) - Motivam a visita: Monumentos, paisagem natural, uma lenda


 Secundários (acessos, infraestruturas, serviços (hotel) e equipamentos)

Quando um recurso cultural imaterial atrai visitantes, transforma-se em atração, devendo ser
gerido como produto turístico.

O que são atrações de visitantes (ou atrações turísticas)? As atrações são inicialmente
baseadas em recursos e constituem os elementos centrais para o desenvolvimento de um
destino enquanto produto turístico. Deste modo, as atrações turísticas consistem em todos
aqueles elementos do espaço que permitem que os viajantes sejam trazidos para a atração.
Exemplos: Promoção, Transportes, Informação e serviços.

O que é um produto? Um produto é tudo aquilo que possa ser oferecido a um mercado para
satisfazer um desejo ou uma necessidade;

 Associado a bens físicos, serviços, experiências, eventos, lugares, pessoas,


propriedades, organizações, informação e ideias.
Produto turístico: quase tudo pode ser considerado um produto turístico desde que seja
utilizado pelos turistas:

 O conceito de um produto abrange: localizações específicas construídas, caraterísticas


naturais e culturais, incluindo atividades como passeios, explorar, fazer compras,
restaurantes, relaxar em uma praia.
 O produto não tem de ser comercial: muito dos que os turistas consomem é parte do
domínio público, disponível gratuitamente- ex: praia
 A especificação do consumo no destino diferencia: os produtos consumidos durante a
viagem dos produtos vendidos pelos agentes turísticos na origem (como pacotes
turísticos, viagens de incentivo)

O produto turístico trata-se mais de um serviço do que um bem tangível (Holloway,2002)

O serviço é um processo que consiste numa série de atividades mais ou menos tangíveis que
normalmente, mas não necessariamente sempre, têm lugar através de interações entre o
cliente e os empregados e/ou recursos físicos ou bens e/ou sistemas do prestador do serviço,
que são fornecidas como soluções para os problemas do cliente.

O produto turístico partilha das caraterísticas do serviço:

 Intangibilidade: não podem ser vistas ou tocadas porque não tem uma existência
física;
 Simultaneidade ou inseparabilidade: produção e consumo ocorrem ao mesmo tempo-
interação direta entre prestador e consumidor;
 Heterogeneidade ou variabilidade: num serviço temos vários indivíduos que prestam
o serviço. Devido a esta situação existe um guião que permite que os prestadores
realizem as funções. Deste modo, cada prestação varia em qualidade ao longo do
tempo, dependendo dos: prestadores, consumidores;
 Perecibilidade: apenas existem no momento em que são produzidos, porque não são
armazenáveis e as receitas resultantes da sua venda, se esta não se concretizar não é
recuperável. É necessário ter em conta da capacidade do hotel, do museu, da
iniciativa.

O produto turístico é antes de mais uma experiência com significado temporal prolongado,
sendo que começa por vezes a ser preparada com antecedência. Para o turista, o produto
cobre a experiência completa, desde o momento em que sai de casa até que a ela regressa.

O produto turístico é visto com base em diferentes perspetivas:

 Oferta (prestadores): produto particular e específico


 Procura (mercado/turistas): produto global e prolongado
Especificidades do produto turístico

 Exposição aos serviços é reduzida e intensa: a experiência turística tem uma duração
temporal reduzida e a intensidade da experiência é muito elevada, o que pode originar
qualquer incidente negativo ao ponto de condicionar toda a experiência;
 Maior grau de emoção e de irracionalidade no ato da compra: as caraterísticas
psicográficas do consumidor têm um papel decisivo na tomada de decisão;
 Local de consumo distante: o local de consumo pode ser distante do lugar de
residência ao ponto de tornar impossibilitada a testagem do produto.
 Importância dos canais de distribuição, devido a ser impossibilitada a testagem do
produto, a comunicação protagoniza pelos distribuidores é fundamental.
 Maior dependência de serviços complementares, dado que é necessária a intervenção
de entidades prestadoras de serviços para contribuir para o grau de satisfação final.
 Produto pessoal- o turismo é um produto totalmente baseado na produção e
consumo simultâneo, enquanto que em muitas indústrias de serviços, como bancos ou
seguradoras não há necessidade de o consumidor visitar pessoalmente o local de
produção.
 Participação do visitante no processo de produção da experiência turística- o turista
não é apenas um consumidor passivo, mas um parceiro proativo.
 Produto como experiência física e psicológica intensa, dado que vender uma viagem é
como vender um sonho, o que explica o elevado grau de expetativa pela importância
que assume para o turista.
 Investimento especulativo no ato de compra, sobretudo aquando a visita é a primeira
vez, o que acaba por envolver um certo risco pelo seu valor elevado por uma utilização
temporária de um ambiente estranho.

Proposta de classificação dos produtos turísticos (vários baseados em recursos culturais


imateriais) - McKercher,2015

 Produtos relacionados com o prazer: eventos pessoais, comidas e bebidas, desporto


 Busca do desenvolvimento pessoal: História (descendência) de família, Turismo
religioso; Turismo médico e aprendizagem
 Negócios
 Natureza

Recurso Turístico Produto turístico

Planeamento e Gestão
Componentes de um recurso enquanto produto (Turley,1997)

1. Recurso nuclear (associado a um sítio+ serviço de apoio);


2. Ambiente envolvente: ambiente sociocultural, natural e económico, incluindo
o apoio de outros elementos do sistema turístico;
3. Visitantes: caraterísticas, atividades e benefícios procurados;
4. Informação: facilita a consciência da existência da atração, acesso e
compreensão do visitante;
5. Gestão e operações: atividades e responsabilidades organizacionais e
empresariais.

Processo de planeamento:

 Inventário dos recursos existentes


 Categorização e avaliação desses recursos
 Determinação das prioridades relativamente a legislação, recursos financeiros,
humanos, equipamentos, conservação, interpretação e marketing.
 Gestão: formulação de princípios sobre os quais assenta toda a gestão, denominada de
filosofia de gestão (salvaguarda e acessibilidade)

Implica definir: Política de salvaguarda; Relação com a comunidade; Tipos de


visitantes; Acessibilidade e capacidade de carga e Interpretação e serviços para os
visitantes

Fatores de sucesso e tendências: Sustentabilidade, multisensorialidade e turismo criativo e


cocriação. A multisensorialidade é a experiência que estimula vários sentidos, permitindo
assim que as experiências turísticas mais satisfatórias e memoráveis. Deste modo, os produtos
turísticos devem atingir os cinco sentidos. Em turismo, a palavra paisagem (Landscape) é hoje
alargada ao conceito de “sensescape”, como palco multissensorial da experiência.

Podemos concluir que o turismo contribui para o desenvolvimento sustentável do destino se:

 Sustentar as caraterísticas culturais da comunidade recetora;


 Contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos residentes;
 Estimular o emprego de residentes locais nas atividades económicas que integram a
indústria turística;
 Sustentar, valorizar e conservar a paisagem e os habitats, considerando os limites de
capacidade de carga definidos;
 Estimular um equilíbrio entre o crescimento potencial do turismo e as necessidades de
conservação do ambiente;
 Minimizar os impactos ambientais e socioculturais negativos;
 Otimizar a satisfação dos visitantes e dos residentes;
 Sustentar a indústria turística.
Turismo criativo e cocriação: A cocriação de experiências pressupõe a participação ativa do
visitante e interações com outros visitantes, staff ou residentes, contribuindo para uma
experiência única, personalizada e de valor aumentado.

 Storytelling (emoção, partilha, comunicação, marketing, experiência, história)

Aula 9/11/2020

O turismo na valorização e conservação do património cultural imaterial

 Desenvolvimento sustentável: o desenvolvimento que satisfaz as necessidades


presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as
suas próprias necessidades.

1. Sustentabilidade ambiental: interagir de forma responsável com o planeta


para preservar os recursos naturais e evitar pôr em risco a capacidade das
gerações futuras de satisfazerem as suas necessidades.
2. Sustentabilidade social: o turismo não deve ser uma forma de eliminar as
culturas, mas sim um modo de preservar essas culturas tradicionais
procurando prevenir a exploração de pessoas e comunidades.
3. Sustentabilidade económica: refere-se a práticas que apoiam o crescimento
económico a longo prazo sem afetar negativamente os aspetos sociais,
ambientais e culturais da comunidade.

O turismo sustentável satisfaz as necessidades presentes dos turistas e das regiões recetoras,
enquanto protege e realça as oportunidades para o futuro. É perspetivado por forma a
conduzir a uma gestão de todos os recursos com vista a que as necessidades económicas,
sociais e estéticas possam ser preenchidas, enquanto se mantêm a integridade cultural, os
processos ecológicos essenciais, a diversidade biológica e os sistemas de suporte da vida.
(OMT,1998)

Turismo sustentável necessita de um Planeamento, participação da comunidade e proteção


dos recursos comunitários

Conceito central- capacidade de carga: “o número de pessoas que podem usar o sítio sem uma
inaceitável alteração do ambiente físico e sem um inaceitável declínio da qualidade da
experiência vivida pelos visitantes”.

O turismo sustentável está associado a um conflito potencial entre os interesses dos recursos
e dos visitantes. Os consumidores estão mais sensibilizados pelas questões verdes e
sustentabilidade e hoje em dia procura-se novas formas de turismo, com um impacto muito
menor.

O maior desafio é compatibilizar atividades turísticas com os princípios e objetivos relativos á


sustentabilidade, ao desenvolvimento local, á qualidade de vida das populações e, ao mesmo
tempo, proporcional aos visitantes uma experiência turística agradável e o menos possível
condicionada. Isto é, tentar minimizar tensões e ampliar cumplicidades.

Deste modo, como é que se pode permitir que as pessoas visitem e experienciem o património
sem que o mesmo património se degrade tanto ao ponto de perder o seu valor e atratividade
Experiência de visita: autenticidade e cultura pós-moderna

 Autenticidade: Os turistas olham apenas superficialmente para o país que visita,


explorando-o somente com o olho da sua máquina fotográfica.
 Cultura pós-moderna
1. Novas tecnologias: criação e recriação de ambientes de lazer, desaparecem
barreiras espaciais e temporais entre o turismo e a atividade não-turística;
2. Predomínio da cultura visual sobre o conhecimento, espetacularidade das
culturas pós-moderna;
3. MCdisneyzação: experiências turísticas previsíveis, homogéneas, eficientes,
dominados por tecnologias não humanas, em ambientes controlados.
4. Pressão de velocidade/tendências em sentido contrário: procura de experiências
genuínas, imersivas e co criativas.

Conservação de recursos materiais e imateriais:

 Valores culturais: identidade, artístico ou técnico, singularidade


 Valores contemporâneos: económico, funcional, educacional, social e político

Potencias benefícios do turismo (Page et al)

 Conservação de edifícios históricos: usos alternativos


 Requalificação de ambientes locais: áreas locais, costeiras, urbanas
 Proteção da vida selvagem: oferta de uso económico alternativo
 Preservação de recursos imateriais: através de eventos, festivais, museus centrados
em recursos imateriais, storytelling, workshops, recriações

O turismo na valorização e conservação do património cultural imaterial: abadia de Santa


maría la real, sofreu uma renovação de modo a preservar este património, Nazaré, recriação
de arte xávega, Viana do castelo, Festas da senhoria da Agonia.

Por vezes a importação de outras tradições pode ameaçar tradições locais: Dia das Bruxas
Aula 11/11/2020

A gastronomia como património cultural imaterial

A gastronomia é uma parte incontornável do património cultural e a sua preservação é


essencial para o reconhecimento das caraterísticas dos lugares e das que o habitam. A
gastronomia é igualmente um produto de interesse económico elevado, designadamente por
via do turismo gastronómico. Todos os destinos têm um potencial gastronómico, mas é
importante ter produtos distintivos para afirmar a identidade do lugar para aumentar a
atratividade do destino.

 Designações usadas, por vezes, como alternativas: “culinary tourism”, “food tourism”,
“gastronomic tourism”
 Designação também comuns: “food and wine tourism”; “Tasting tourism” e “Gourmet
tourism”

Termos mais focados no consumidor:

1. Turismo culinário: é uma forma de turismo que enfatiza significativamente


uma relação entre residente e visitante, criada através da comida como
cultura, sugerindo uma ligação inegável e intrínseca entre alimentação e
cultura.
2. Turismo de alimentação: refere-se a experiências físicas, motivadas pelo
desejo de se envolver com alimentos locais
3. Turismo gastronómico: diz respeito ao lugar da comida na cultura do anfitrião.
O uso deste termo procura incluir e reconhecer a importância das bebidas

Turismo de alimentação reside na própria experiência física e sensorial. O turismo culinário


concentra-se nas informações culturais obtidas por meio dessa experiência física, referindo-se
mais à experiência cultural dos turistas.

Experiência de turismo gastronómico: corresponde a um conjunto de atributos (atratividade


da comida e do ambiente, qualidade de serviço) após uma estadia num destino turístico, onde
o turista se envolve numa atividade relacionada com a gastronomia. Mesmo que a
gastronomia não seja a principal motivação para a escolha de um destino, tem um papel cada
vez mais importante como motivação secundária ou parcial dos turistas.

Experiência gastronómica
Alimentação e território: Todos os destinos têm um potencial gastronómico, mas é
importante ter produtos gourmet ou sobretudo distintivos para aumentar a atratividade do
destino

As caraterísticas geográficas de um território influenciam marcadamente a agricultura


desenvolvida, a cultura das comunidades e por conseguinte, a gastronomia desse território.
Deste modo, o território pode ser lido através da gastronomia.

É um valioso elemento diferenciador da oferta turística. Interage com o setor pecuário,


transportes, agricultura, etc. A alimentação é importante para a economia de uma região dado
que é um valioso elemento diferenciador da oferta turística e é extremamente importante
para a atividade turística.

Os novos tempos:

Procura de turismo gastronómico: a procura turística mudou a nível das motivações,


experiência, em exigência, em busca de personalização e o mercado tem vindo a ajustar-se
com a oferta que procura ser diferente.

Hoje, o turista deseja que a sua vontade e expetativas sejam atendidas, que os produtos e os
serviços sejam diferenciados e procuram essencialmente uma experiência marcante, que o
conduza uma nova experiência sensorial. O turista gastronómico procura diferentes tipos de
experiências.

Pós-modernidade

 Cultura do excesso, cujos pilares assentam nas noções de hipermodernidade,


hiperconsumo e hipernarcisismo. O individualismo pós-moderno é marcado por
hedonismo, atração por novidades e pela vontade de expressar uma identidade
singular.

Turismo gastronómico é prosumer: este termo deriva de produção por consumidores. O


controlo do mercado turístico passou do produtor para o consumidor: não se quer só um
serviço mais uma experiência memorável. As vivências e o próprio elemento são experiências.
Na cocriação da experiência, o consumidor assume um papel ativo e central.
Influencia da globalização na oferta e procura de turismo gastronómico/A diversificação é um
elemento importante para o turismo gastronómico

Experiência gastronómica pode favorecer cocriação, através da participação do visitante:

 Nos modos de alimentação das comunidades recetoras


 Na cultura que envolve as práticas alimentares
 Na experienciação de elementos culinários

Permite proporcionar um melhor entendimento das comunidades e da sua cultura e tem um


grande impacto no desenvolvimento local.

A experiência gastronómica pode ser uma storytelling dado que procurasse criar uma
narrativa da gastronomia no destino turístico. A valorização da identidade, da singularidade e
da notoriedade.

Resumindo o turismo gastronómico:

 É a experiência multissensorial (estimula todos os sentidos)


 É fundamental para a preservação do património cultural e deve estar associada a
autenticidade territorial
 Cria desenvolvimento local e cria emprego
 Reduz a sazonalidade
 Valorizado através de formas de competição, esforços coletivos e inclusivos (os
maiores e os mais pequenos stakeholders).
 A experiência é local, mas a divulgação é global

Turismo gastronómico e política de turismo

Gastronomia e vinhos como complemento da experiência turística: muitos turistas consideram


a gastronomia na fase de planeamento e organização da viagem, assumindo-a como um
importante fator de avaliação.

Portugal é competitivo relativamente á gastronomia devido:

 Variedade e riqueza da gastronomia nacional, classificada como bem imaterial do


património cultural português;
 Qualidade e diversidade dos vinhos
 Doçaria tradicional e conventual muito apreciada
 Qualidade do peixe e do marisco;
 Crescente qualificação dos chefes nacionais;
 Existência de marcas relevantes (cataplana, pastel de nata, vinhos do porto e da
madeira, chefes portugueses).

Aula 18/11/2020
As línguas como Património Cultural Imaterial

O português é uma das primeiras línguas cultas da europa medieval.

A noção de língua é sobretudo institucional, política: na maior parte dos casos são as
fronteiras, e não propriamente fatores de semelhança ou disparidade linguística, que
delimitam duas línguas.

O mirandês é um dialeto de Portugal promovido a língua em 1999. Um dialeto está


relacionado com o modo de falar. Existem outros dialetos falados, mas não oficiais como é o
caso do Minderico, barranquenho, o caló português (utilizado pela comunidade cigana em
Portugal)). Há igualmente dialetos falados por comunidades imigrantes bastante falados, como
o crioulo cabo-verdiano.

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