Você está na página 1de 29

CAPITULO III – TINTAS

As tintas são materiais geralmente líquidos, viscosos ou sólidos em pó que, após


aplicação sob a forma de uma fina camada, a um substrato se converte num
filme sólido.

A tinta é muito comum e aplica-se a praticamente qualquer tipo de objectos.


Usa-se para produzir arte; na indústria: produção de automóveis, equipamentos,
tubulações, como protecção anti-ferrugem; na construção civil: em paredes
interiores, em superfícies exteriores.

Quando essa tinta não contém pigmentos, ela é chamada de verniz.


Por ter pigmentos a tinta cobre o substrato, enquanto o verniz deixa
transparente.

3.1 Composição da Tinta

A tinta é uma mistura devidamente estabilizada por três partes: pigmentos e


cargas em uma resina, aditivos e diluentes, formando uma película sólida, fosca
ou brilhante, na forma líquida tem a finalidade de proteger, embelezar (dar cor)
e revestir uma dada superfície.

3.1.1 Resina
É a parte não volátil da tinta, que serve para aglomerar as partículas de
pigmentos e é responsável pela transformação do produto, do estado líquido
para o sólido, convertendo-o em película.

As resinas são responsáveis pelas propriedades físico-químicas da tinta,


determinando, inclusive, o uso do produto e sua secagem.

3.1.2 Pigmentos
Material sólido finamente dividido e insolúvel. São utilizados para dar cor,
opacidade, certas características de resistência e outros efeitos.
São divididos em pigmentos activos, que conferem cor/opacidade, e inertes
(cargas), que conferem certas propriedades, tais como diminuição de brilho e
maior consistência.

3.1.3 Aditivos
Ingredientes que proporcionam características especiais às tintas. São utilizados
para auxiliar nas diversas fases de fabricação e conferir características
necessárias à aplicação. Os aditivos são para auxiliar na secagem da tinta.
Os aditivos mais comuns são os secantes, molhados, antiespumantes,
plastificantes, dispersantes, engrossantes, bactericidas, e outros.
3.1.4 Solventes
Líquido volátil, geralmente de baixo ponto de ebulição, utilizado na diluição de
tintas e correlatos.
Os solventes são utilizados em diversas fases de fabricação das tintas, ou seja,
para facilitar o empastamento dos pigmentos, regular à viscosidade da pasta de
moagem, facilitar a fluidez dos veículos e das tintas prontas na fase de
enlatamento. Na obra empregam-se solventes para melhorar a aplicabilidade da
tinta, alastramento, etc. Entre os solventes mais comuns estão a água, aguarrás,
álcoois, acetonas, xilol e outros.

São classificados em solventes activos ou verdadeiros (ésteres, cetonas


glicol éteres, e ésteres glicol éter), latentes (álcoois) e inactivos
(hidrocarbonos).
O diluente, auxilia no ajuste da viscosidade bem como veículo dos demais
componentes, podendo, ser doseados adequadamente, para facilitar a
aplicação das tintas.

3.2 Diluição de tintas

o Tinta na base de água (PVA): dilui com água;


o Tinta a base de óleo: dilui com solvente aguarraz (diluente para produtos
sintéticos de secagem mais lenta, como vernizes, lacas, esmaltes e
tintas. Não se deve usar em produtos base água e nitros);
o Tinta acrílica: dilui com água;
o Tinta automotiva: dilui com tinner (diluente para produtos de secagem
rápida a base de nitrocelulose, tais como seladoras, vernizes, lacas,
esmaltes e tintas. Não se deve usar em produtos base água e sintéticos).

O tinner e aguarraz são diluentes que auxiliam tanto a aplicação como a


secagem. Indicados para a limpeza de equipamentos de pintura em geral e para
diluição de produtos.

3.3. Qualidade das tintas, vernizes e complementos


Baseando-se em algumas características das tintas, de fácil observação,
podemos verificar, na obra, as condições de utilização do material,
nomeadamente as seguintes:

3.3.1 Estabilidade
Ao abrir a lata verificar se não há excesso de sedimentação, coagulação,
empedramento, separação de pigmentos ou formação de pele, de tal maneira
que não se torne homogénea através da simples agitação manual. A tinta nunca
deve apresentar odores pútridos ou vapores tóxicos.

2
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
3.3.2 Rendimento/ Cobertura
Essas características são funções da qualidade e quantidade de resinas e
pigmentos utilizados na formulação da tinta. Essa análise é feita de forma
comparativa, através de amostras, verificando-se ainda a aplicabilidade (se a
tinta se espalha facilmente, com bom alastramento e nivelamento, sem ficar
marcas de pincel ou rolo), a durabilidade (resistência as intempéries, maior ou
menor tempo de sofrer alterações) e a lavabilidade (deve resistir a acção dos
agentes químicos domésticos, tais como, detergentes, água sanitária, etc.).

3.4 Tintas usadas na construção civil


o Linha Esmalte
o Esmalte Sintético: a base de resina alquídica, pigmentos, aditivos
especiais e solventes, indicado para pintura de superfícies de
madeiras e ferro. Rende 10 a 12m2/ litro/ demão;
o Fundo Branco Fosco: indicado como primeira pintura para
madeira nova, como isolante e nivelador;
o Massa a Óleo: para corrigir e nivelar superfícies de madeira;
o Zarcão: de excelente poder anticorrosivo e antioxidante, e elevada
resistência ao atrito e à acção das intempéries anticorrosivo na
pintura externa e interna de superfícies metálicas do tipo ferrosas,
tais como: portões, tubulações, grades, condutores, etc. Fácil de
aplicar e tem secagem rápida.
Possui óptima cobertura, rendimento, alastramento, flexibilidade,
aderência e dureza.
o Aguarraz: diluente para produtos sintéticos de secagem mais
lenta, como vernizes, lacas, esmaltes e tintas. Não se deve usar
em produtos base água e nitros;
o Silicone Líquido: a base de resina de silicone, aditivos e
solventes alifáticos e aromáticos, indicados para superfícies
externas de tijolo a vista, reboco, betão, evita a infiltração de água.
Rende de 1 a 1,5m2/ litro/ demão.

o Linha PVA
o Látex PVA: produto a base de resina de acetato de polivinila,
pigmentos e solventes. Sobre o reboco rende 10 a 12m 2/ litro/
demão;
o Massa Corrida: também a base de resina PVA, utilizada para
nivelar e corrigir imperfeições da superfície interna de reboco,
rende de 2 a 3m2/ litro;
o Líquido Selador: a base de resina de PVA, aditivos e solventes,
indicado para selar paredes internas de reboco absorvente,
uniformizando a absorção, rende 10 a 13m 3/ litro;

3
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
o Líquido Brilho: aplicado a última demão, para regular o brilho da
parede, incolor após a secagem, melhora as condições de
lavabilidade;
o Corantes: vendidos em frascos plásticos, bisnagas, utilizados
para coloração de látex, acrílico e tintas solúveis em água e outras
em pó e também para colorir rejuntamentos de azulejos e pisos.

o Linha Acrílica
o Látex Acrílico: apresenta semi-brilho e é fosco. A base é de
resina acrílica estirenada, pigmentos, aditivos e solventes,
indicado para pinturas de reboco, blocos de betão, amianto, massa
acrílica, massa corrida e repinturas. Rende 12 a 15m2/ litro/ demão;
o Massa Acrílica: também a base é de resina acrílica estirenada,
pigmentos, aditivos e solventes. Para nivelar imperfeições de
reboco, blocos, betão. Rende 2 a 2,5m2/ litro/ demão;
o Verniz Acrílico: também a base é de resina acrílica estirenada,
pigmentos, aditivos e solventes. Indicado para betão aparente.
Rende 12 a 15m2/ litro/ demão;
o Selador Acrílico: a base é de resina acrílica estirenada,
pigmentos, aditivos e solventes. Indicado para pinturas externas e
internas, dando aparência texturada. Rende 1 a 2m2/ litro/ demão;
o Acrílico para Pisos: a base é de resina acrílica estirenada,
pigmentos, aditivos e solventes, utilizado em pisos de quadras
poliesportivas, áreas de estacionamento, quintais. Rende 4 a 6m 2/
litro/ demão.

o Vernizes
o Verniz Filtro Solar: a base de resinas alquídicas, aditivos e
solventes, indicado para pintura de superfícies internas e externas
de madeira. Rende 8 a 12m2/ litro/ demão;
o Verniz Poliuretano: também a base de resinas alquídicas,
aditivos e solventes, para madeiras internas e externas, com o
mesmo rendimento que a anterior;
o Verniz Copal: também a base de resinas alquídicas, aditivos e
solventes, indicado para interiores, com o mesmo rendimento;
o Selador para Madeiras: a base de resina nitrocelulose, aditivos e
solventes, para preparação das madeiras internas, com o mesmo
rendimento. São utilizados para fechar poros e criar uma base
melhor para a aderência e o acabamento do produto final.

3.5 Pintura na Construção Civil

Na construção civil a pintura representa uma operação de grande importância,


uma vez que as áreas pintadas são, normalmente, muito extensas, implicando
um alto custo. Há uma tendência natural em considerar a pintura uma operação
de decoração, porém, além de decorar e proteger o substrato, a tinta pode

4
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
oferecer melhor higienização dos ambientes, servindo também para sinalizar,
identificar, isolar termicamente, controlar luminosidade e podendo ainda ter
suas cores utilizadas para influir psicologicamente sobre as pessoas.

À primeira vista, uma parede interna ou uma fachada bem acabada aparenta
formar a base ideal para receber uma pintura, entretanto, a pintura sobre
superfícies de reboco ou de betão não é assim tão simples como parece,
constituindo-se num problema com muitos riscos e dificuldades. Os materiais de
construção empregados na preparação e no acabamento das paredes são
quimicamente agressivos, podendo, consequentemente, atacar e destruir as
tintas aplicadas sobre elas.

Por exemplo:
o Alcalinidade das paredes pode provocar a saponificação das tintas
formando manchas, com posterior amolecimento ou descascamento do
filme;
o Presença de água pode promover o aparecimento de bolhas e impedir a
aderência das películas, além de favorecer a formação de mofo;
o Porosidade irregular pode causar variações no brilho, na cor ou
prejudicar a aderência da tinta;
o Presença de sais minerais pode causar a formação de depósitos
cristalinos, descascamento, empolamento, etc.

O resultado final de um sistema de pintura depende do adequado preparo da


superfície:
o A superfície deve estar firme, limpa, seca, isenta de poeira, gordura,
sabão, mofo, etc.;
o Todas as partes soltas ou mal aderidas devem ser eliminadas através de
raspagem ou escavação da superfície;
o Imperfeições profundas das paredes devem ser corrigidas com massa
acrílica em superfícies externas ou internas ou com massa PVA em
superfícies internas;
o Manchas de gordura ou graxa devem ser eliminadas com água e
detergentes;
o Paredes mofadas devem ser raspadas e a seguir lavadas com uma
solução de água e água sanitária (1:1) e a seguir lavadas e enxaguadas
com água potável;
o No caso de repintura sobre superfícies brilhantes, o brilho deve ser
eliminado com uma lixa fina.

3.6 Pinturas Usuais em Superfícies

A durabilidade e a integridade da pintura dependem das condições de qualidade


e do tipo de superfície a ser pintada.
Antes de pintar qualquer superfície, certifique-se de que ela esteja preparada de
acordo com as recomendações dadas no rótulo da embalagem e que a tinta seja

5
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
apropriada ao tipo da superfície. Além desses cuidados, outras considerações
devem ser levadas em conta em relação à superfície a ser pintada.

3.6.1 Betão e Reboco


Aguardar pelo menos 30 dias para cura total. Sobre rebocos fracos, deve-se
aplicar o fundo preparador de paredes para aumentar a coesão das partículas
da superfície, evitando problemas de má aderência e descascamento. Quando
essas superfícies tiverem absorções diferenciadas, deve ser aplicado um
selador acrílico pigmentado para uniformizar a absorção. O betão deve estar
seco, limpo, isento de pó, sujeira, óleo e agentes desmoldantes.

3.6.2 Pisos
Só podem ser pintados os tipos porosos, pois pisos vitrificados (betão liso,
ladrilhos, etc.) não proporcionam boa aderência. O piso deverá estar limpo e
seco, isento de impregnações (óleo, graxa, cera, etc.). Pisos de betão liso
(cimento queimado) devem ser submetidos a um tratamento prévio com solução
de ácido muriático e água (1:1), que terá a finalidade de abrir porosidade na
superfície. Após esse tratamento, o piso deve ser enxaguado, seco e então
pintado. O tratamento com ácido muriático é ineficaz sobre pisos de ladrilhos
vitrificados.

3.6.3 Madeira
Deve ser limpa, aparelhada, seca e isenta de óleos, graxas, sujeiras ou outros
contaminantes. Madeiras resinosas ou áreas com nós devem ser seladas com
verniz. Procedimento aconselhável é selar a parte traseira e cantos da madeira
antes de instalá-la, para evitar a penetração de humidade por esse lado. Uma
cuidadosa vedação de furos, frestas, junções é necessária para prevenir
infiltrações de água de chuva.

3.6.4 Ferro e Aço


Materiais muito vulneráveis à corrosão. Devem ser removidos todos os
contaminantes que possam interferir na aderência máxima do revestimento,
inclusive a ferrugem; o processo de preparo depende do tipo e concentração
dos contaminantes e as exigências específicas de cada tipo de tinta. Alguns
tipos de tinta têm uma boa aderência somente quando a superfície é preparada
com jateamento abrasivo, que produz um perfil rugoso adequado para a perfeita
ancoragem do revestimento.

4.6.5 Alumínio
É um metal facilmente atacado por ácidos ou álcalis, e sua preparação deve
constar de uma limpeza com solventes para eliminar óleo, gordura, graxas, ou

6
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
outros contaminantes. Aplicar inicialmente um primer de ancoragem para
garantir uma perfeita aderência do sistema de pintura.

3.6.6 Ferro Galvanizado


É um metal ferroso com uma camada de zinco, usado para dar proteção à
corrosão por mecanismos físicos e químicos, portanto, não é o ferro que será
pintado, mas sim zinco, que é um metal alcalino. As superfícies galvanizadas
devem ser limpas, secas e livres de contaminantes. Um primer específico para
este tipo de superfície, também denominado primer de aderência, deve ser
aplicado inicialmente.

3.6.7 Superfícies Mofadas


Devem ser cuidadosamente limpas, com a total destruição destas colônias. Para
tanto, deve-se escovar a superfície, e, a seguir, lavá-la com uma solução de
água potável e água sanitária (1:1), deixando agir por cerca de 30 minutos, após
o que a superfície deve ser novamente lavada com água potável, aguardando a
completa secagem antes de iniciar a pintura.

3.6.8 Superfícies já Pintadas


Quando a superfície estiver em boas condições, será suficiente limpá-la bem,
após um lixamento, e a seguir aplicar as tintas de acabamento escolhidas.
Quando em más condições, a tinta antiga deve ser completamente removida e
a seguir deve-se proceder como se fosse superfície nova.

3.7 Materiais Necessários


o Tintas
o Diluentes
o Plásticos antiderrapantes para o chão (mais grosso, maior resistência).
o Plásticos para móveis (fino moldável).
o Plástico envolvente para candeeiro de tecto e apliques.
o Chave de parafusos pequena (busca pólos) para desapertar e desligar
candeeiros, interruptores, tomadas, etc.
o Fita crepada larga (38 mm) para proteger rodapé e ombreiras das janelas
e portas.
o Plástico maleável mais estreito para protecção de parapeitos das janelas.
o Massa para fissuras e buracos.
o Espátula e betumadeira.
o Lixa para massas (220).
o Trincha para recortes.
o Trincha para aplicação de esmaltes ou vernizes.
o Rolo com cabo extensível.
o Escadote grande.

7
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
o Tabuleiros ou formas para espalhar a tinta.
o Saco plástico para lixo.
o Fato-macaco ou roupa confortável e para sujar.
o Boné.
o Luvas.
o Farrapos para limpar pingos de tinta.

A limpeza dos utensílios deve ser feita com o próprio diluente utilizado na tinta.
Para preservar sua saúde aconselha-se o uso de equipamentos de segurança
adequados, como óculos, máscaras e luvas para o manuseio e a aplicação deste
tipo de produto.

3.8 Preparação das Tintas


o Ao iniciar a preparação das tintas, deve-se ter o cuidado de
homogeneizar o conteúdo da lata demoradamente, para em seguida,
acrescentar os demais componentes.

o Se forem tintas bicomponentes, deverá haver muito cuidado no


agitamento para que o catalizador e a tinta fiquem uniformemente
misturados para que ela proporcione a protecção almejada para o aço.

o Na preparação de tintas, sejam elas monocomponentes (somente


diluídas) ou bicomponentes (catalizadas), o agitamento deverá ser feito
demoradamente, para que se tenha uma tinta adequadamente
preparada.

o Se a tinta tiver sido preparada conforme recomendações técnicas, e o


equipamento estiver funcionando correctamente, só poderá haver
problemas de aderência da tinta, se a superfície não estiver
adequadamente limpa ou se houver humidade no aço.

o O aço também não deve ser pintado com sua superfície muito aquecida
pelo sol. Isso causará bolhas na tinta aplicada.

o Na preparação da tinta (catálise), os percentuais de mistura desses dois


componentes devem ser rigorosamente executados, conforme
orientação do boletim técnico que acompanha o produto.

o Se essas misturas forem feitas em percentuais diferenciados do que é


recomendado, poderá haver pouca ou excessiva dureza final da película
curada, tendo como consequência, a fragilidade da película aplicada e o
início da ferrugem do aço.

o Para todas as tintas catalisadas, há um tempo de vida útil de sua mistura


a 25ºC.

8
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
o A exposição da tinta ou do equipamento ao sol, causará uma reacção
muito rápida na catálise do produto, que poderá provocar o entupimento
da mangueira e a perda na qualidade da tinta aplicada.

o Tanto a tinta como o equipamento, devem ficar abrigados em lugar que


haja sombra.

3.9 Principais Defeitos em Pintura

3.9.1 Descascamento
O descascamento ocorre quando a primeira demão de látex não foi diluída
convenientemente. Ocorre também quando se utiliza sobre caiação, que é uma
camada de pó, quando a pintura é executada directamente sobre superfícies
empoeiradas ou com partes soltas. É necessária a limpeza da superfície,
raspando, escovando e aplicando um selador.

3.9.2 Desagregamento
Caracteriza-se pelo descolamento da tinta da superfície, juntamente com partes
do reboco, esfarelando-se.
Ocorre quando a tinta é aplicada sobre reboco novo, não curado e pode ser
evitado aguardando-se o período mínimo de 30dias entre a sua conclusão e o
início da pintura.

3.9.3 Eflorescência
São manchas esbranquiçadas que surgem se a pintura for aplicada sobre
superfícies húmidas, sejam elas, reboco, novo ou velho, betão, fibrocimento e
tijolos. A secagem do reboco pela eliminação de água sob forma de vapor, que
arrasta o hidróxido de cálcio do interior para a superfície, onde se deposita,
causando a mancha.
O problema persiste enquanto a humidade e os sais solúveis não forem
eliminados e pode ser evitado aguardando-se um período mínimo de 30dias
após a conclusão do reboco para o início da pintura.

3.9.4 Saponificação/ Calcinação


São manchas, seguidas frequentemente, pelo descascamento ou destruição da
tinta látex ou pelo retardamento indevido da secagem de esmaltes e tintas a
óleo, deixando a superfície com aspecto pegajoso podendo ocorrer
escorrimento do óleo. Causada pela alcalinidade natural da cal e do cimento do
reboco que na presença da humidade reage com acidez característica de alguns
tipos de resina. Pode ser evitado aguardando-se um período mínimo de 30dias
após a conclusão do reboco para o início da pintura.

9
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
3.9.5 Fissuras
Normalmente ocorre pelo tempo insuficiente de hidratação da cal antes da
aplicação do reboco ou camada muito grossa do reboco ou ainda, excesso de
cimento na mistura com a consequente retracção.

3.9.6 Manchas de pingos de chuva


Quando chove e a tinta não esta completamente seca.

3.9.7 Bolhas
Ocorrem normalmente, quando for utilizada massa corrida PVA em exteriores,
material que é indicado apenas para superfícies internas, quando a tinta não é
correctamente diluída, se for utilizada massa corrida muito fraca, quando a
superfície depois de lixada não é devidamente limpa de poeiras.

3.9.8 Defeitos em pintura sobre madeiras


Ocorrem pelo retardamento da secagem ou sua desuniformidade, em vista da
combinação das resinas da tinta com as da madeira.

3.10 Vantagens e Desvantagens

3.10.1 Tinta corante


Vantagens
o Custo mais baixo;
o Funciona melhor em cartuchos que estão um pouco entupidos;
o É mais "fina" e por isso é mais difícil de entupir;
o Excelente brilho.

Desvantagens
o Demora um pouco mais para secar que a pigmentada;
o Não é resistente a água, borra se entrar em contacto com água.

3.10.2 Tinta Pigmentada


Vantagens
o Resistente a água, não borra em contacto com gotas de água;
o Excelente para impressão de documentos que exigem longa
durabilidade;
o Excelente brilho.

Desvantagens

10
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
o Custo mais alto;
o Só funciona bem em cartuchos que estão em perfeito estado;
o Por causa dos pigmentos é mais fácil ocorrer entupimento.

Notas:
Metragem da pintura (m2)
Dividida por: rendimento do produto (m2/galão/demão) = quantidade de galões
necessários para efectuar a pintura de uma demão.
Não esquecendo que normalmente se utilizam 2 a 3 demãos de tinta em uma
pintura.
Questionário

1. Defina as tintas e os seus derivados.

2. De que depende o sucesso da qualidade final de uma pintura.

3. A que condições de utilização devem obedecer as tintas, os vernizes e


outros?

4. Na construção Civil usam se diversos tipos de tintas. Estas encontram-se


divididas em linhas de acordo com a utilização.
Diga quais são essas linhas e de exemplos das tintas que pertencem a cada.

5. Explique com se efectuam as pinturas sobre superfícies de betão, metálicas


e madeiras.

6. Que defeitos podem ocorrer nas pinturas?

7. Suponha que pretende-se pintar uma área igual a 160m2, de uma parede
pintada de Rosa Choque. Nº de demãos = 3; A = 160m 2 e Qte = 20L

11
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
CAPÍTULO V –PLÁSTICOS

Chamam-se plásticos aos materiais artificiais formados pela combinação do


carbono com o oxigénio, hidrogénio e outros elementos orgânicos e inorgânicos
que embora no seu estado final, em alguma fase de sua fabricação apresentam-
se sob condição de líquidos, podendo, então, ser moldados na forma desejada.

5.1 Classificação dos Plásticos

Os plásticos classificam-se em três principais grupos:

5.1.1 Termoplásticos
É um material polimérico sintético (polímero artificial de elevada massa
molecular, resultante das reacções químicas de polimerização), que quando
sujeito à acção de calor, apresenta alta viscosidade e facilmente se deforma
podendo ser remodelado e novamente solidificado mantendo a sua nova
estrutura. Estes materiais são altamente recicláveis.

5.1.2 Termofixos
São plásticos (polímero artificial) cuja rigidez não se altera com a temperatura,
diferente dos termoplásticos que amolecem e fundem-se. A determinadas
temperaturas, o polímero termofixo se decompõe.
Esta impossibilidade de fusão dificulta o desenvolvimento de um processo
adequado de reciclagem destes polímeros.

12
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
5.1.3 Elastómeros
São polímeros, que na temperatura ambiente podem ser alongados até duas ou
mais vezes seu comprimento e retornam rapidamente ao seu comprimento
original ao se retirar a pressão. Possuem, portanto, a propriedade da
elasticidade. Comummente são conhecidos como borrachas.
Este material é de reciclagem complicada pela incapacidade de fusão.

5.2 Vantagens e Desvantagens dos Plásticos sobre outros Materiais

5.2.1 Vantagens
Não se pode generalizar, no entanto, os plásticos apresentam como vantagens
o pequeno peso específico, são isolantes eléctricos (apresentando possibilidade
de coloração), relativo baixo custo, a facilidade de adaptação a produção em
série, estão imunes a corrosão e requerem de manutenção simples.

5.2.2 Desvantagens
Como desvantagens apresenta fraca resistência aos esforços de tracção, ao
impacto, a dilatação, a deformação sob carga, a rigidez, a resistência ao calor e
as intempéries.

5.3 Uso do Plástico no Sector de Construção Civil

Da durabilidade necessária às instalações hidráulicas e eléctricas até o cuidado


no acabamento de uma obra, o plástico aparece como elemento fundamental
para o sector de construção civil. Embora nem sempre aparente, como nas
tubulações que se escondem atrás das paredes, e em certos casos disfarçados,
como em pisos ou telhas que imitam peças de cerâmica, o plástico vem
aumentando a cada ano sua participação neste segmento. O segmento de
janelas, perfis plásticos, caixas de água, portas, pisos, telhas, banheiras,
móveis, além de tubos e conexões, mostram que hoje em dia, já é possível
construir uma casa utilizando apenas materiais plásticos.

5.3.1 Os principais tipos e suas aplicações


o PVC (policloreto de vinila)
É o plástico de maior utilização, notadamente em arremates, torneira,
azuleijos, espaçadores, mantas de impermeabilização, calhas, etc),
esquadrias (portas e janelas), telhas, revestimentos de fachadas,
forros e divisórias, pisos, tubos e conexões, calhas e mantas de
impermeabilização, electricidade, etc.

13
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
o Poliuretano
Usado para molduras e perfis de acabamento, caixas d'água e
drenagem de solo.

o Poliestireno
Tem superfícies brilhantes e polidas, resiste pouco ao calor e é
quebrado devido à pouca flexibilidade, bastante utilizado em
aparelhos de iluminação mais económicos. Existe o polietileno de alto
impacto, mais resistente, utilizado na fabricação de assentos
sanitários, bancos, e peças hidráulicas (sifões, válvulas e outras).

o Polietileno
Tem baixo custo e é de fácil trabalhabilidade, é flexível e tem fracas
propriedades mecânicas e baixa resistência ao calor. Grande
utilização sob a forma de folhas de rolo, para protecção de paredes,
lajes e materiais contra a chuva, cobertura de equipamentos,
formação de pequenos lagos para represamento, etc.

o Nylon
É um dos plásticos mais nobres e de melhor qualidade. Usado como
reforço de telhas plásticas, em buchas de fixação e como ferragens
para armários (dobradiças, trincos, puxadores, etc).

o Fiberglass
É a combinação de vidro com resina poliéster ou com epóxi e
melaminas. Convenientemente projectado, forma uma estrutura
semelhante ao betão onde a resina seria betão e as fibras de vidro as
armaduras. Pela facilidade de moldagem é bastante utilizado no
fabrico de banheiras, pisos de Box, pias, reforço em conexões de
PVC, reparos em tubulações de ferro fundido, como telhas e também
como camada impermeabilizante em lajes.

o Acrílicos
São plásticos nobres, de qualidade óptica e aparência semelhante ao
mais fino vidro. Podem ser leitosos, utilizados para difusão de luz nos
aparelhos de iluminação, box de banheira, etc.

o Resinas Alquídicas, Fenólicas e Vinílicas


São largamente usadas nas indústrias de tintas e vernizes,
principalmente o PVA. Resinas vinílicas associadas com outros
elementos, por exemplo o amianto, geralmente destinado a piso de
pequena espessura (paviflex). As resinas fenólicas são empregadas
nos laminados plásticos (fórmica) e no revestimento de chapas de
madeira modificada (duraplac).

o Resina Epóxi

14
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
São aplicadas principalmente como revestimento por sua dureza e
resistência para o betão (tintas anti-corrosivas, pintura em pó como
base).

o Hypalon e o Neoprene
São elastómeros ou borrachas sintéticas usadas para
impermeabilização, apresentando boa qualidade de resistência a
intempéries, a luz solar e ao calor.
O hypalon é revestimento aplicado aos rolos, pincéis ou pulverização
sobre vários tipos de superfícies, impermeabilizando.
O neoprene possui diversas aplicações, como gaxetas, para vedação
de paredes e esquadrias, em juntas de expansão e como base
antivibratória.

o Silicones
São obtidos a partir de silício e especialmente indicados para a
protecção de superfícies sujeitas a intempéries. A aplicação do
silicone confere ao azulejo, tijolo, reboco ou betão uma tensão
superficial sensivelmente menor que a água. A silicone sem ter a sua
tensão superficial rompida, escorre a superfície sem encharca-la.
Essa aplicação tem o nome de hidrofugação. Como o betume, as
silicones são utilizados em vedação de juntas as mais diversas.

o Policarbonato
Utiliza-se para coberturas e fachadas em que se deseje efeito de
transparência.

Questionário

1. Defina plásticos.

2. Explique como se classificam os plásticos.

3. Refira-se as aplicações do

a) PVC
b) Nylon
c) Fiberglass
d) Silicone

4. Aponte as vantagens e desvantagens dos plásticos sobre outros


materiais.

15
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
CAPITULO VI - MADEIRAS

As árvores produtoras de madeira de construção são do tipo exogênico, que


crescem pela adição de camadas externas, sob a casca.
A madeira é um material heterogéneo, em que as suas características
dependem do ambiente em que a árvore cresce.

6.1 Estrutura e Crescimento das Árvores

As árvores crescem em média cerca de 12 cm por ano, e a estrutura da madeira


divide-se em três partes:
o Raiz, que tem a função de suportar a árvore ao solo e permite a
passagem de sais minerais e água nas células por penetração;
o Fuste, que suporta a árvore face ao vento e sob a acção de gravidade,
conduz sais minerais até as folhas;
o Copa (folhas e ramos), permite a obtenção de oxigénio e hidratos de
carbono necessárias a subsistência da árvore através de substâncias
orgânicas.

O crescimento da árvore, quer em altura, quer em diâmetro resulta da actividade


de um conjunto de células localizadas nos arredores do tronco na qual não
ocorre o espaçamento da parede celular, mantendo a capacidade de se
dividirem.
O crescimento da árvore ocorre em três direcções:
o Longitudinal, permitindo o transporte da seiva;
o Tangencial, em que as células dividem-se de forma a proporcionar o
crescimento diametral;
o Radial, em que se desenvolvem células do xilema das gimnoespermas
(traqueideos) que combinam a função de condução e sustentação das
plantas.
Para o dimensionamento importam as propriedades nas direcções das fibras
principais e na direcção perpendicular a elas.

16
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
Assim, um corte transversal num tronco de árvore, permite observar que este é
formado por vários anéis circulares concêntricos, que correspondem ao
crescimento da árvore e que organizam a sua estrutura:
o casca: protecção externa da árvore, formada por uma camada externa
morta, de espessura variável com a idade e as espécies, e uma fina
camada interna, de tecido vivo e macio, que conduz o alimento preparado
nas folhas para as partes em crescimento.

o Lenho: é a parte do tronco de onde se extrai a madeira, compreendida


entre a casca e a medula, e divide-se em duas zonas:

o alburno ou branco: camada formada por células vivas que


conduzem a seiva das raízes para as folhas.

o cerne ou durâmen: com o crescimento, as células vivas do


alburno tornam-se inactivas e constituem o cerne, de coloração
mais escura, passando a ter apenas função de sustentar o tronco.

o medula: tecido macio em torno do qual se verifica o primeiro crescimento


da madeira, nos ramos novos.

As madeiras de construção devem ser retiradas de preferência do cerne, a


madeira do alburno é mais higroscópica que a do cerne, sendo mais sensível do
que esta última à decomposição por fungos, mas aceita melhor a penetração
por agentes protectores, como alcatrão e certos sais minerais.

Os troncos de árvores crescem pela adição de anéis em volta da medula; os


anéis são formados por divisão de células em uma camada microscópica situada
sob a casca, denominada câmbio ou líber, que também produz células da
casca.

As células da madeira, denominadas fibras, são como tubos de paredes finas


alinhados na direcção axial do tronco e colados entre si.
As fibras têm a função de conduzir a seiva por tensão superficial e capilaridade
através dos canais formados pelas cadeias de células.

17
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
6.2 Propriedades Físicas das Madeiras

6.2.1 Higrospicidade
Capacidade da madeira para absorver humidade da atmosfera envolvente e de
a perder por evaporação (retracção).

A humidade da madeira tem grande importância sobre as suas propriedades.


O grau de humidade é o peso da água contida na madeira expresso como uma
percentagem do peso da madeira seca em estufa a 103±2ºC. A quantidade de
água retida nas células das madeiras recém cortadas ou verdes varia muito com
as espécies e estações do ano. A humidade é cerca de 50% nas madeiras mais
resistentes podendo chegar a 100% nas muito macias.

Ph − P0
H=  100%
P0

A humidade na madeira verde se apresenta sob três formas: água de


constituição (fixada no protoplasma das células vivas); água de impregnação ou
de adesão (que satura a parede das células); água livre ou de capilaridade (que
enche os canais do tecido lenhoso).

Exposta ao meio ambiente, a madeira perde humidade continuamente até atingir


um ponto de equilíbrio, que depende da humidade atmosférica, assim é
chamada seca ao ar.

A madeira seca ao ar apresenta teores de humidade entre 10% e 30%.


Inicialmente é evaporada a água livre ou de capilaridade, o fim da evaporação
da água de capilaridade é chamado de ponto de saturação PS, nesta etapa a
madeira mantém somente a água de impregnação e de constituição. O ponto de
saturação, em geral, corresponde a teores de humidade entre 20% e 30%. Após
o PS, a evaporação prossegue com menor intensidade até atingir o nível de
humidade de equilíbrio HE, que é função da temperatura e da humidade
ambiente, adopta-se como condição padrão de referência para as propriedades
de resistência e rigidez a humidade de equilíbrio de UE=12%.

Retracção da madeira: as madeiras sofrem retracção ou inchamento com a


variação da humidade, o fenómeno é mais importante na direcção tangencial,
sendo, na direcção radial, cerca de metade da tangencial. Na direcção
longitudinal a retracção é menos pronunciada.
A variação volumétrica é aproximadamente igual a soma das três retracções
lineares ortogonais.

18
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
6.2.2 Flexibilidade
Capacidade da madeira para flectir por acção de forças exercidas sobre si, sem
quebrar.

Dilatação linear: O coeficiente de dilatação linear das madeiras, na direcção


longitudinal, varia de 0,3x10-5 0,45x10-5 ºC, assim é 1/3 menor do que o
coeficiente de dilatação do aço. Na direcção tangencial ou radial o coeficiente
fica na ordem de 4,5x10-5 ºC.

6.2.3 Durabilidade
Propriedade que mede a resistência temporal da madeira aos agentes
prejudiciais, sem putrificar.

Deterioração da madeira: como já mencionamos a madeira está sujeita a


acção de ataques biológicos e a acção do fogo. A vulnerabilidade da madeira
de construção ao ataque biológico depende da camada do tronco onde foi
extraída a madeira, da espécie da madeira, pelas condições ambientais,
contacto com o solo e água.
Utilizando-se tratamento químico pode-se aumentar a capacidade da madeira
aos ataques biológicos. Por ser combustível é frequentemente considerada um
material de pequena resistência ao fogo, porém quando correctamente
projectadas e construídas, apresentam óptimo desempenho à acção do fogo.

As peças robustas de madeira, possuem excelente resistência ao fogo, pois se


oxidam lentamente devido à baixa condutividade de calor, guardando um núcleo
de material íntegro.
As peças esbeltas de madeira e as peças metálicas das ligações requerem
protecção contra a acção do fogo.

6.3 Propriedades Químicas das Madeiras

A composição química da madeira é constituída principalmente por dois tipos de


compostos: os componentes estruturais e os componentes não estruturais.
Nos componentes estruturais incluem-se a celulose, as hemi-celuloses e a
lenhina, que são macro-moléculas responsáveis pelas propriedades mecânicas
da madeira.
19
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
A composição química da madeira oscila percentualmente entre 40 a 50 de
celulose, 20 a 30 de hemiceluloses e 20 a 35 de lenhina.
Quanto aos componentes não estruturais são constituídos por substâncias com
massa molecular baixa ou média, do tipo orgânico ou inorgânico, vulgarmente
denominados por extractivos e cinzas. Quimicamente a madeira pode conter
extractivos numa percentagem que varia entre 0 e 10.

Estas componentes são responsáveis por todas as propriedades da madeira,


tais como, a higroscopicidade e resistência ä corrosão.

6.4 Propriedades Mecânicas das Madeiras

o Resistência à compressão: Resistência da madeira a forças que tendem


a encurtar o seu comprimento;
o Resistência à tracção – Resistência da madeira a forças com tendência
a estender o seu comprimento;
o Resistência à flexão – Resistência da madeira a forças ao longo do seu
comprimento;
o Dureza – Resistência oferecida pela madeira a forças de penetração.

6.5 Defeitos das Madeiras

As peças de madeira podem apresentar defeitos de crescimento, produção,


secagem e de conservação.

6.5.1 Defeitos de crescimento


o Nós: imperfeições nos pontos onde existiam galhos. Os galhos vivos na
época do abate da árvore produzem nós firmes e os galhos mortos
produzem nós soltos, estes últimos podem cair durante a serragem da
peça produzindo furos. Nos nós, as fibras longitudinais sofrem desvios de
direcção o que baixa a resistência à tracção.

o Gretas ou Ventas: separação entre os anéis anuais, provocada por


tensões internas devidas ao crescimento lateral da árvore, ou por acções
externas, como flexão devida ao vento.

6.5.2 Defeitos de produção


o Fendas: aberturas nas extremidades das peças, produzidas pela
secagem mais rápida da superfície. Podem ser evitadas mediante a
secagem lenta e uniforme da madeira.

o Fibras Reversas: fibras não paralelas ao eixo da peça, podem ser


provocadas por causas naturais ou serragem. As causas naturais devem-

20
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
se a proximidade de nós ou ao crescimento das fibras em forma de
espiral. A serragem da peça em plano inadequado pode produzir peças
com fibras inclinadas em relação ao eixo. As fibras reversas reduzem a
resistência da madeira.

Os defeitos de produção podem ser acentuados pela escolha inadequada de


desdobro que por sua vez, pode agravar os defeitos decorrentes do processo
de secagem.

6.5.3 Defeitos de secagem


o Abaulamento: encurvamento na direcção da largura da peça.

o Arqueadura: encurvamento na direcção longitudinal, isto é, do


comprimento da peça.

o Esmoada ou Quina Morta: canto arredondado, formado pela curvatura


natural do tronco. A quina morta significa elevada proporção de alburno.

6.5.4 Defeitos de conservação


o Bolor: fungos esbranquiçados que se desenvolvem na superfície da
madeira sob acção de humidade e calor.

o Apodrecimento: decomposição da madeira por agentes biológicos.

o Furos de Insectos: perfurações provocadas por insectos na madeira não


tratada.

6.6 Cuidados na construção


o Simples e eficientes ventilações através de caixas-de-ar em soalhos,
evitando o apodrecimento;
o Drenagem da água das chuvas;
o Execução cuidada de redes de água e esgotos para prevenir fugas;
o Camada de ar que se deixa entre os guarnecimentos das portas e as
paredes contra as quais se apoiam por intermédio de pequenos tacos
embebidos naquelas, pode prolongar a vida de serviço destes elementos.

6.7 Tipos de Madeira Usada na Construção

As madeiras utilizadas na construção podem classificar-se em duas categorias:


madeiras maciças e madeiras industrializadas.

21
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
6.7.1 Madeiras maciças
o madeira bruta ou roliça: empregada em forma de tronco, servindo para
estacas, escoramentos, postes, colunas.
Estas madeiras, que não passaram por um período longo de secagem,
ficam sujeitas a retracção transversal que provoca rachaduras nas
extremidades. Para evitar rachaduras nas extremidades, recomenda-se
revestir as secções de corte com alcatrão ou outro impermeabilizante.

o madeira falquejada: tem as faces laterais aparadas a machado, formando


sessões maciças, quadradas ou rectangulares, é utilizada em estacas,
pontes e etc.
Obtida de troncos por corte com machado. No falquejamento do tronco,
as partes laterais cortadas constituem em perda. Podem ser obtidas
secções maciças falquejadas de grandes dimensões, como, por exemplo
30X30 ou mesmo 60X60.

22
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
o madeira serrada: é o produto natural mais utilizado. O tronco é cortado
nas serrarias, em dimensões padronizadas para o comércio, passando
depois por um período de secagem. Apresenta limitações geométricas
tanto em termos de comprimento quanto em dimensões da secção
transversal.
As madeiras serradas são vendidas em secções padronizadas, com
bitolas nominais em centímetros ou polegadas.

6.7.2 Madeiras industrializadas


o madeira compensada: é o produto mais antigo, formado pela colagem de
três ou mais lâminas finas alternadamente ortogonais nas direcções das
fibras em ângulo recto. Os compensados podem ter três, cinco ou mais
laminas, sempre em número impar.

As madeiras compensadas apresentam uma série de vantagens em relação as


madeiras maciças:
o podem ser fabricadas em folhas grandes, com defeitos limitados;
o apresentam menor retracção e inchamento, graças a ortogonalidade de
direcção das fibras nas camadas adjacentes;
o são mais resistentes na direcção normal as fibras;
o apresentam menos trincas na cravação de pregos.

o madeira laminada e colada: é o produto estrutural, formado pela


associação de lâminas de madeira seleccionada, coladas com adesivos
e sob pressão, formando grandes vigas. A madeira seleccionada é
23
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
cortada em lâminas, de 15mm a 50mm de espessura, formando peças de
grande comprimento.
O processo de fabricação consiste na secagem das lâminas, execução
de juntas de emendas, colagem sob pressão, acabamento e tratamento
preservativo. De particular importância são as emendas das lâminas,
alguns tipos de emendas são ilustrados abaixo. As emendas são
geralmente distribuídas ao longo da peça de forma desordenada. As
emendas denteadas são mais eficientes do que as emendas com
chanfro, além de serem mais compactas. Os produtos estruturais
industrializados de madeira laminada e colada são fabricados sobre
rígidos padrões de qualidade.

Em relação à madeira maciça este material apresenta as seguintes vantagens:


o é mais homogénea, pois os nós são partidos e distribuídos mais
aleatoriamente;
o permite a confecção de peças de grandes dimensões;
o permite melhor controlo de humidade das lâminas, reduzindo defeitos
provenientes de secagem irregular;
o permite a selecção de lâminas de qualidade nas regiões de maiores
tensões;
o permite a construção de peças de eixo curvo.

o madeira recomposta: sob esta denominação encontram-se produtos na


forma de placas desenvolvidos a partir de resíduos da madeira serrada e
compensada convertidos em flocos, lamelas ou partículas colados sob
pressão. Em geral não são consideradas materiais de construção devido
a baixa resistência e durabilidade, sendo muito utilizadas na indústria de
móveis.

6.8 Produção

O beneficiamento da madeira consiste nas seguintes etapas:

24
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
6.8.1 Corte e desdobro
O corte da madeira deve ser feito preferencialmente no período do inverno,
época que a vida vegetativa das árvores é reduzida e a quantidade da seiva que
nutrem fungos e insectos destruidores da madeira é menor.
A madeira cortada neste período seca melhor e mais lentamente, reduzindo o
aparecimento de fendas causadas pela retracção. De seguida, passa-se ao
desdobro, etapa onde são obtidos pranchões com espessura entre 7 e 20cm.

6.8.2 Secagem
A madeira contém quantidades variáveis de água. Logo de derrubada, a
percentagem de água é bastante elevada, que influencia significativamente no
peso da madeira.
O grau de humidade é o peso da água contida na madeira expresso como uma
percentagem do peso da madeira seca em estufa a 103±2ºC ou ainda, seca ao
ar, que consiste em empilhar as madeiras, onde haja perfeita circulação de ar.

A secagem ao ar é mais económica, a madeira apresenta menos defeitos, tem


facilidade de ser feita e apresenta relativa eficiência, mas este processo é
desvantajoso devido a demora da secagem e pelo perigo de ocorrerem
incêndios.

Enquanto que, a secagem artificial tem como vantagens, remover facilmente a


água contida na madeira, tornando-a praticamente esterilizada; não há
necessidade de grandes áreas para acumular o estoque, não há perigo de
incêndios e os pedidos urgentes podem ser prontamente atendidos. É
desvantajoso porque diminui a sua resistência.

A secagem apresenta as seguintes vantagens:


o evita estragos de insectos e fungos;
o aumenta a durabilidade em serviço;
o evita contracções e fendas;
o aumenta a resistência;
o diminui o peso;
o prepara a madeira para tratamentos preservativos e outros industriais.

6.8.3 Preservação
Os produtos químicos utilizados nos processos de preservação da madeira
devem apresentar toxidez suficiente para afastar organismos xilófagos.
6.8.3.1 Preservativos Oleosos e Óleos Soluveis
o Creosoto de alcatrão da hulha: é um produto destilado do alcatrão
procedente da carbonização da hulha betuminosa, ä altas temperatura.

o Creosato de madeira (alcatrão de madeira): é obtido como subproduto da


destilação da madeira.

25
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
o Creosato de lignito: devido a sua reduzida densidade obtém-se boas
penetrações durante o tratamento sob pressão.

o Creosato fortificado: foi desenvolvido em virtude de certos organismos


apresentarem uma tolerância maior que a média.

o Compostos de boro: possuem propriedades fungicidas, insecticidas e


ignífugas, sendo preservativos eficientes desde que são usados sozinhos
e que a madeira não seja posta com o solo.

o Insecticidas: substâncias químicas empregadas para eliminar insectos.


Os insecticidas podem ser classificados de diversas formas, de acordo
com sua eficiência num estágio de vida do insecto ou segundo a sua
natureza química.

6.8.3.2 Métodos preventivos

o Controlo da deterioração das toras: desdobro rápido, submersão e


aspersão de água.

o Controlo da deterioração da madeira serrada: uma das medidas


preventivas é a secagem rápida em estufas ou em altas temperaturas. A
madeira é esterilizada e seca rapidamente, onde não é possível o
desenvolvimento de organismos xilófagos. Outra medida é a secagem ao
ar.

o Processos sem pressão: quando não há pressão externa aplicada


para forçar a penetração do preservativo na madeira. As etapas do
processo são: difusão, capilaridade, absorção térmica,
pincelamento ou aspersão; estes processos requerem
investimentos mínimos.
o Imersão rápida: que consiste na imersão da madeira durante um
tempo muito curto.
o Processo de difusão: o fenómeno da difusão só ocorre quando a
madeira se encontra inicialmente com elevado teor de humidade.
A madeira é imersa na solução.
o Processo de substituição de seiva: as peças são colocadas na
posição vertical ou inclinada, com a base imersa na solução
preservativa. A medida que se processa a evaporação da água, a
solução preservativa penetra por difusão e capilaridade.
o Banho quente-frio: este processo é indicado quando a madeira
estiver seca. As peças são inicialmente colocadas em banho
quente por um período de tempo suficiente para que a madeira
entre em equilíbrio térmico com a solução e ocorra a expansão de
ar das células da madeira. Então as peças são transferidas para o
banho frio. Voltando ä temperatura ambiente, o ar remanescente

26
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
na madeira se contrai e então ocorre a absorção do líquido
preservativo.
o Processo com pressão: os processos de impregnação com
pressões superiores à atmosférica são os mais eficientes em razão
da distribuição e penetração mais uniforme do preservativo na
peça tratada. Há maior controlo do preservativo absorvido,
resultando na garantia de uma protecção efectiva com economia
de preservativos.

6.9 Tratamento da Madeira

6.10 Vantagens e Desvantagens do Uso da Madeira como Material de


Construção

As madeiras são utilizadas como material de construção devido a:


o baixa massa volúmica e elevada resistência mecânica;
o qualidade estética;
o conforto térmico;
o emprego de ferramentas simples;
o absorve choques sem estilhaçar;
o capacidade de resistir esforços de compressão e tracção;
o flexibilidade construtiva.

27
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
E não é utilizada como estrutura permanente pelos seguintes aspectos:
o material fundamentalmente heterogéneo e anisotrópico;
o Madeira de coníferas: fck = 20 a 30 MPa; ftk = 26 a 45 MPa; peso
específico 5 a 6 kN/m3
o Madeira de dicotiledôneas: fck = 25 a 70 MPa; ftk = 32 a 80 MPa;
peso específico 6 a 10 kN/m3
o pouca durabilidade quando não são tomadas medidas preventivas;
o instabilidade dimensional;
o material combustível;
o ecologicamente incorrecto; porque ela melhora a qualidade do ar pela
fixação do CO2; mantêm da biodiversidade de fauna e flora associadas;
reduz de áreas erodidas e do transporte de sedimentos;
o muito sensível ao ambiente;
o material caro.

Notas:
Considera-se a madeira “comercialmente seca” logo que o seu teor de água
atinja os 20%.
Pelo processo de secagem ao ar, o teor de água pode descer cerca de 18 a
14%, dependendo das condições ambientais.
Para utilizações que requerem teores de água baixos, por exemplo (8 a 12%), é
geralmente necessário proceder a uma secagem artificial.

Do ponto de vista de humidade, conforme o teor de humidade, as madeiras


classificam-se portanto em:

o Madeira verde: quando h > 30%

o Madeira semi-seca: humidade acima de 23%

o Madeira comercialmente seca: quando 18 ≤ h ≤ 20%

o Madeira seca ao ar: 14% ≤ h ≤ 18%

o Madeira dessecada: 0% < h < 14% (em geral, só por secagem artificial)

o Madeira anidra: com 0% de humidade.

Abaixo de 20% a madeira pode considerar-se ao abrigo do ataque dos agentes


de destruição, sendo este teor o mínimo como ambiente favorável ä proliferação
de fungos e bactérias.

28
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil
Questionário

1. Explique como se classificam as madeiras?

2. Diga quais são as propriedades das madeiras e descreva-as?

3. Apresente as vantagens e desvantagens do uso da madeira na construção


civil.

4. Os defeitos da madeira podem ser de diversas origens. Diga quais são e


explique como ocorrem.

5. Quais são as fases de produção da madeira?

6. Explique como se pode fazer a secagem da madeira?

7. Quais são as vantagens e desvantagens da secagem natural e artificial da


madeira?

8. Qual é a desvantagem da madeira recomposta?

9. Quais são as vantagens da secagem da madeira?

29
Sebenta de Materiais de Construção II, Engenharia Civil

Você também pode gostar