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BEM VINDO AO CANAL PLANETA VIDA!

Hoje, vamos mergulhar ainda mais fundo e


descobrir um lugar fascinante, onde a vida é levada aos seus limites absolutos. Estamos nos
dirigindo ao fundo do Oceano Pacífico, onde o mar se expande em um abismo escuro e
misterioso. Nesse lugar, encontramos peixes que parecem não ter rostos, vastos campos de
bactérias e criaturas gigantes que nos lembram a vida em outro planeta. Preparem-se para
uma imersão no mundo oculto da Fossa das Marianas.

A infame Fossa das Marianas é uma depressão em forma de meia-lua localizada no fundo
do Oceano Pacífico. Com 2.550 quilômetros de comprimento e 69 quilômetros de largura,
ela se estende em um vazio negro puro. Em seu ponto mais profundo, encontra-se o
Challenger Deep, o local mais profundo conhecido na Terra, com incríveis 11.033 metros ou
36.200 pés abaixo das ondas. Essa trincheira faz parte de uma rede global de cicatrizes
profundas que cortam o fundo do oceano, formadas por um processo chamado subducção.

Na Fossa das Marianas, a borda oeste da placa do Pacífico é empurrada para baixo da placa
menor das Marianas, criando essa imensa fratura. O material derretido então sobe pelos
vulcões próximos à trincheira, formando as Ilhas Marianas nas proximidades. Mas é no
ponto mais profundo da fossa que encontramos uma zona pouco explorada do oceano,
conhecida como Zona Hadal, nomeada após o reino de Hades, o submundo da mitologia
grega. Esse título é apropriado para descrever um lugar onde condições de completa
escuridão, água ácida e gelada, falta de alimentos e pressão imensa criam um ambiente
desafiador para a sobrevivência das criaturas.

Durante muito tempo, acreditava-se que essa zona fosse um deserto, desprovida de
qualquer forma de vida. Era uma fronteira inalcançável e um vazio perigoso que nenhum
ser humano jamais poderia alcançar. No entanto, tudo isso estava prestes a mudar no
século XIX. Em 1875, as profundezas das Marianas foram sondadas pela primeira vez pela
tripulação do HMS Challenger. Eles lançaram uma linha de sondagem pesada ao lado do
navio e descobriram que precisavam de mais corda. A descoberta surpreendeu a todos,
pois não se esperava que houvesse um local tão profundo. A notícia de sua descoberta
despertou a atenção de pessoas ambiciosas. Saber que essa região existia não era o
suficiente, e alguns corajosos ousaram aventurar-se até o fundo.

Em 1960, 85 anos após a descoberta do Challenger Deep nessa viagem pioneira, dois
homens partiram em busca desse objetivo. Jack Picard e o Tenente da Marinha Don Walsh
embarcaram em um submersível apertado chamado Triester. Protegidos apenas por esse
veículo de fuga, eles enfrentaram uma descida de cinco horas repleta de desafios. A
pressão da água próximo ao fundo era quase mil vezes maior do que a pressão atmosférica
ao nível do mar. Durante a viagem, a janela de visualização do submersível acabou se
quebrando, limitando seu tempo no fundo do mar a apenas 20 minutos. Mesmo nesse
curto período, o que eles testemunharam deixou a comunidade científica em choque. Eles
encontraram vida, incluindo camarões pálidos e peixes linguados, além de um lodo
diatomáceo marrom-escuro que cobria o leito do mar. Picard descreveu esse momento
emocionante em um livro sobre a viagem, afirmando que ali estava a resposta que os
biólogos buscavam há décadas. A vida poderia existir nas profundezas mais extremas do
oceano?

A resposta é sim. Em 2012, James Cameron seguiu os passos do Triester a bordo do


Challenger, explorando as águas profundas. Ele também testemunhou os extensos tapetes
microbianos, aglomerados filamentosos de microorganismos com uma aparência bizarra,
que vivem a 10.912 metros ou 35.803 pés de profundidade, em um mundo sem luz solar.
São essas bactérias que sustentam criaturas mais complexas. Sem a luz do sol, os animais
maiores dependem da energia produzida pelas bactérias por meio de um processo
chamado quimiossíntese, o equivalente ao fundo do mar da fotossíntese.

A filmagem que você está vendo agora foi capturada em 1996 por um submersível japonês
não tripulado chamado Kiko. Ao atingir a profundidade de 10.897 metros, esse mergulho
marcou a maior descida já realizada por um submersível não tripulado na época. Seu
objetivo era coletar amostras das bactérias que Picard e Walsh haviam observado quase 40
anos antes. Eles descobriram que várias dessas espécies bacterianas pareciam ser
obrigatoriamente barofílicas, o que significa que prosperavam sob altas pressões
ambientais. Essa descoberta prova que a ideia de que a vida só poderia existir em
condições mais moderadas estava equivocada.

Mas em 1998, o Kiko retornou ao Challenger Deep e deparou-se com formas de vida mais
complexas, incluindo a Hyrundelia gigas, uma gigantesca espécie de anfípode. Essa
descoberta trouxe ainda mais mistério. As pressões extremas do fundo do mar fazem com
que o carbonato de cálcio, presente nas conchas dos anfípodes e de muitos animais
marinhos, se dissolva facilmente na água, deixando seus corpos moles vulneráveis.

A Fossa das Marianas continua a nos surpreender e a nos desafiar a entender as maravilhas
e os segredos que se escondem em suas profundezas. À medida que a exploração
submarina avança, novas descobertas e mistérios são revelados. É uma lembrança de como
nosso próprio planeta é vasto e misterioso, e de que ainda há muito a aprender sobre as
maravilhas que existem abaixo das ondas. Continuemos a nos maravilhar e a explorar os
mistérios da Fossa das Marianas e de outros lugares fascinantes em nosso mundo.
Obrigado por me acompanhar nesta jornada submarina, e até a próxima!

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