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Mergulhando Na Adoração
Mergulhando Na Adoração
Renato Marinoni
Índice
Introdução
13 O protocolo celestial
16 O cântico do Senhor
17 No campo de batalha
Sei que o que vou dizer pode parecer clichê, mas é exatamente como
me sinto. Desde que comecei a escrever este material, no final de 2007, até a
sua publicação, em setembro de 2010, sonhei em como seria ter esse livro
publicado. Mesmo assim Deus me surpreendeu.
Não há palavras que consigam expressar minha gratidão a Deus e
minha alegria ao ouvir, ler no Twitter, Facebook, por e-mail testemunhos de
pessoas, ministérios, igrejas que foram abençoados através desta leitura.
O texto que você tem em mãos é basicamente o mesmo da 1ª edição,
claro que com algumas correções e também com alguns acréscimos que
julguei serem necessários. Costumo dizer que este texto desta edição
ampliada e revisada ficou mais “afiado”.
Além dessas pequenas modificações e acréscimos, também trazemos
a você no apêndice um guia de estudos em cima do conteúdo do livro, que foi
elaborado por mim e por minha irmã, Rebeca. Este guia tem o objetivo de
criar e facilitar a discussão em grupo dos assuntos tratados aqui.
Espero de todo o coração que vocês apreciem.
Cada vez mais tenho percebido a importância de falarmos,
discutirmos e refletirmos sobre o ministério de louvor e suas implicações. O
fato de você estar lendo este livro já é um sinal de que você está buscando se
capacitar mais. Deus o abençoe nesta leitura.
Renato Marinoni
Introdução
Renato Marinoni
Poços de Caldas, fevereiro de 2012.
PARTE I
O MINISTÉRIO DE LOUVOR
Capítulo 1 – Descobrindo o meu chamado específico
1) Orando e jejuando
Na vida cristã não existe atalho. A primeira forma de saber de Deus qual é o
nosso chamado, seja ele em que área for, é buscando a Sua presença. É com
muita oração que ouvimos a voz de Deus. É jejuando que nos tornamos mais
sensíveis à Sua voz. Ele é a fonte de todas as respostas. Não existe um manual
onde podemos encontrar tudo pronto. Precisamos buscar intimidade com o Pai
para saber onde Ele nos quer realizando a Sua obra.
A Bíblia nos diz no Salmo 139 que, antes mesmo que nascêssemos, todos os
nossos dias já estavam escritos. Deus plantou em cada um de nós talentos,
habilidades que Ele sabe que são necessários para cumprirmos o propósito d'Ele
em nossas vidas.
No nosso caso, envolvendo música e artes, se Deus te separou para estes
ministérios, Ele provavelmente colocou em você algumas habilidades. Talvez
Ele tenha te dado uma bela voz, uma boa afinação, facilidade com instrumentos,
capacidade de interpretação, uma boa elasticidade e jeito para dançar, uma
grande criatividade.
Esses são pequenos sinais de que talvez você tenha sido separado para
trabalhar com dança, teatro, pintura, música. Isso não significa que as pessoas já
nascem prontas. Pelo contrário. Mais à frente vamos falar detalhadamente sobre
isso, pois todas essas áreas artísticas requerem muito estudo, mas estamos
falando de habilidades naturais que nos apontam para algo, nos sinalizam
alguma coisa da arte de Deus, que nos criou.
Por exemplo, eu sei que não fui chamado para dançar. Como sei disso? Se
você me conhecesse concordaria comigo de primeira. Não tenho o equilíbrio
necessário para a dança. Não tenho a elasticidade necessária. O “swing”
necessário. Claro que talvez pudesse ter estudado e, com muito esforço, me
tornado um dançarino. Mas estamos falando de habilidades naturais. Você, que
quer se envolver com o departamento de música e artes, possui essa facilidade
com as notas, um bom ouvido musical, uma voz afinada, facilidade para
desenhar, expressar em movimentos o que está no coração?
Muitas pessoas não descobrem o seu lugar ministerial porque não estão
dispostas a se expor e a errar. Ficam sempre na sua zona de conforto, não
querendo ser repreendidas por ninguém. Mas para descobrirmos o nosso lugar
precisamos nos expor.
Peça para fazer um teste vocal. Peça a alguém que o ouça tocando. Faça
aulas de piano. Ou, quem sabe, de pintura. Não existe nada de errado em tentar.
É tentando que vamos descobrir se realmente gostamos de algo ou não. Como
saber se você prefere violão ou piano se você nunca tentou nenhuma das duas
opções? Como saber se você tem talento para a dança se você nunca se inscreveu
em uma aula?
Precisamos nos livrar do nosso orgulho e permitirmos a nós mesmos
que erremos. Mas para isso também precisamos estar dispostos a ser corrigidos e
rejeitados. Quem sabe você vai ouvir um “não” do regente do coral? Ou quem
sabe um “não” da líder do Ministério de Dança?
Muitas pessoas estão estagnadas porque um dia ouviram um “não” de
alguém e desde então nunca mais tentaram nada. Estão afundadas no ódio e no
rancor e na autocomiseração. Essa não é a postura correta. Precisamos saber que
poderemos ouvir um “não” ou uma crítica, e que isso irá doer sim, mas que
precisamos aprender com eles e continuar em frente, até encontrarmos o nosso
lugar.
Lembre-se: um ministério frutífero é composto por pessoas certas que
estão nos lugares certos. Descubra o seu lugar!
Capítulo 2 – O papel da música na sociedade, na Bíblia e no culto
A importância da música
A música na Bíblia
A música na adoração
E hoje?
1) Líder de louvor
2) Vocalistas (Backing vocals)
3) Instrumentistas
4) Sonoplasta
5) Responsável pela projeção das letras
1) Líder de louvor
Vamos ver quais são as notas que abrangem a extensão vocal de cada uma
das vozes. Deixo claro que essa classificação varia muito, sendo possível
encontrar outras extensões para cada voz; no entanto essas variações não
diferem muito das apresentadas abaixo:
Vozes femininas
Na maioria das vezes, lidamos com mezzo sopranos, ou seja, vozes que
não são sopranos de verdade, por não alcançarem as notas tão agudas, e também
não são contraltos verdadeiros, por não alcançarem as notas mais graves. Mas
classificamos como sopranos aquelas com maior facilidade para o agudo e como
contraltos aquelas com maior facilidade para o grave.
Vozes masculinas
Assim como acontece com as mulheres, a voz que é mais comum entre
os homens é o barítono, sendo que os barítonos com timbre mais grave,
chamados de baixos-barítonos, nós classificamos como baixos, e os barítonos
com timbres mais agudos, chamados de barítonos-altos, nós classificamos como
tenores.
O que precisa ficar bem claro sobre os backing vocals é que os arranjos
não precisam ser extremamente elaborados. Pelo contrário, eles podem ser
bastante simples. Mas eles fazem toda a diferença na sonoridade de uma música.
No início pode parecer muito difícil, mas, com a prática, tudo fica mais
fácil. O ouvido se acostuma com a novidade, e então os arranjos são feitos com
mais naturalidade.
Vamos ver como se faz um arranjo polifônico (de vozes) padrão.
Um acorde é formado basicamente por três notas, que denominamos
tríade. Essa tríade é formada pelos seguintes graus:
1) Tônica (I) – é a nota mais grave do acorde e a que dá nome a ele,
sendo a primeira nota da escala escolhida.
2) Terça (III) ou Mediante – é a terceira nota da escala escolhida e
determina se o acorde é maior ou menor.
3) Quinta (V) ou Dominante – é a nota mais importante da escala
depois da tônica e é a quinta nota da escala escolhida.
Um acorde não está limitado somente a essas três notas, podendo ser
acrescido de outros graus, de acordo com o arranjo e a sonoridade da música,
tais como a Sétima (VII), maior ou menor, a Nona, a Quarta (IV), ou
Subdominante, entre outros.
Identificadas as notas de cada acorde da música em questão, os arranjos
vocais devem ser feitos com base nestas notas, através dos seguintes passos:
3) Instrumentistas
Uma equipe de louvor é formada basicamente pelos seguintes
instrumentos:
- Teclado
- Violão
- Guitarra
- Bateria
- Baixo
É claro que uma equipe pode ter outros instrumentos além dos citados,
tais como violino, saxofone, flauta, entre outros, mas estão listados os
instrumentos básicos que compõem a equipe de louvor.
O maior problema que ocorre nas equipes, como já citei, é que
cada integrante se comporta como se fosse um solista, e não como se estivesse
atuando em uma equipe. No caso dos instrumentistas, ouso dizer que isso se
torna ainda mais recorrente.
Na maioria das equipes que vejo e escuto, o lema que predomina
é “Cada um por si”. E é por isso que o resultado às vezes é tão desastroso.
Precisamos saber qual é o papel de cada um e, dentro desse papel
preestabelecido, fazer o nosso melhor.
Novamente ressalto a importância do estudo, do aprendizado da
técnica. O que trago aqui são apenas algumas dicas para um melhor
funcionamento da banda de louvor.
Teclado
Bateria
Baixo
Guitarra
Cifras
Construindo a música
Ponte: parte da música que não é o verso, nem o coro, geralmente cantada só
uma vez e que tem o groove diferente de todo o resto da música. Geralmente a
ponte prepara a música para a modulação
TAG: é uma determinada frase da música que se repetirá muitas vezes, para que
facilite a ministração. O TAG também prepara o caminho para os cânticos
espontâneos.
4) Sonoplasta
Conclusão
(Baião, Janires)
Conclusão
Como disse, Ministério de Louvor não faz parte dos cinco ministérios
citados pelo apóstolo Paulo. Por isso, enquanto ministros de louvor
(instrumentistas, vocalistas, líderes de louvor) temos de achar o ministério que
Deus escolheu para trabalharmos e então passarmos a agir debaixo dessa unção,
usando os nossos dons para a edificação do Corpo de Cristo.
Não se limite à música, permita-se ser usado como um profeta, um
pastor ou como um evangelista, mestre ou apóstolo através da música!
PARTE II
3) O ministro precisa ter tido tempo para conhecer a igreja em que está
inserido
4) O ministro de louvor precisa ter uma boa atitude com o pastor, com a
igreja e com o conjunto de doutrinas desta igreja
Pode parecer absurdo para alguns, mas o que mais acontece são brigas e
desentendimentos entre ministros de louvor e pastores. Um sempre parece achar
defeitos no outro.
Sempre que participo de congressos e seminários para ministros de
louvor, percebo isso. Existem algumas reclamações recorrentes de um ministro
de louvor com relação a seu pastor. Vejamos algumas delas:
“Meu pastor não me dá suporte. Ele não apoia meu ministério.”
“Meu pastor não entende esse 'mover' na hora da ministração de
louvor.”
“Meu pastor sempre me dá pouco tempo para ministrar louvor.”
Você alguma vez já fez alguma dessas reclamações ou se sentiu assim?
Creia-me, isso é muito mais comum do que pensamos. Porém, essa insatisfação
não acontece somente de um lado. Ela é bilateral. Muitos pastores também
vivem insatisfeitos com seus ministros de louvor:
“Esse ministro é muito rebelde. Não respeita a minha liderança.”
“Esse ministro nunca se limita ao tempo de ministração que eu lhe dou.
Parece que quer ser o pregador do culto.”
Isso não é saudável em uma congregação. Um ministro de louvor
precisa ter um bom relacionamento com seu pastor. Um relacionamento de
confiança. Um relacionamento de discipulado. Um relacionamento de
submissão. Dois ministros de louvor que, na minha vida, e creio que na de
muitos, são referência e exemplo disso que estamos falando: Asaph Borba e
Adhemar de Campos.
Asaph e Adhemar estão no ministério há mais de trinta anos, e
continuam, desde o início, debaixo da mesma liderança. Sujeitam suas vidas à
autoridade de seus pastores, e eu creio que essa é uma das razões para os
ministérios tão frutíferos que eles exercem.
Muitos ministros não veem a hora de se tornarem famosos para poder se
desvincular da igreja local e de seu pastor. Isso não é o que a Bíblia nos ensina.
A Bíblia instrui a estarmos “plantados na casa do Senhor”, para florescermos
(Salmo 92:13).
Certa vez ouvi o Pr. Marco Antônio, pastor-sênior da Comunidade
Internacional da Zona Sul, no Rio de Janeiro, contando que realizou um evento
em Roma, na Itália, no qual teve Darlene Zschech como líder de louvor,
juntamente com toda a sua equipe de ministros da Austrália. E o Pr. Marco
Antônio contou que, antes do culto começar, Darlene, uma das líderes de louvor
mais respeitadas em todo o mundo, veio até ele perguntar se tinha alguma
música em mente para o momento de apelo após a palavra.
Darlene, em seu livro Adoração extravagante, diz: “A pior dificuldade
que costumo encontrar quando visito as igrejas é que os ministros de música não
sabem o que seu pastor quer. (...) Ele espera que trabalhemos em conjunto com
ele. Esse é o nosso trabalho”.
Isso reflete um coração de servo. Muitos ministros não fazem isso com
seu pastor. Humilhe-se perante o seu pastor. Respeite a sua liderança sobre você.
E Deus irá prosperar o seu caminho. Esteja plantado em uma igreja local. Esteja
submisso a uma liderança. E somente assim o seu caminho estará protegido.
Esse é um assunto sobre o qual não gostamos de falar muito. Mas você
conhece aquele tipo de pessoa que você nunca sabe se vai poder contar com ela
ou não na hora da ministração? Sabe aquele instrumentista ou vocalista que
nunca aparece no ensaio porque sempre tem um imprevisto justificável?
Eu sempre digo que é preferível trabalhar com cinco pessoas altamente
compromissadas com a obra do que ter cinquenta descompromissados, com os
quais você nunca sabe se poderá contar. Pessoas descompromissadas atrasam o
crescimento geral da equipe.
Quando assumimos uma posição, um cargo, assumimos também uma
responsabilidade. E responsabilidade muitas vezes implica em renúncias. Um
ministro de louvor precisa renunciar algumas coisas pela posição que ocupa. O
que significa isso?
Significa abrir mão de um passeio em que todo mundo vai, quando está
escalado para ministrar. Significa abrir mão de certos padrões de comportamento
que todos podem ter, mas que não é aconselhável para um ministro da Casa do
Senhor. Significa abrir mão de um joguinho de futebol no sábado à tarde para ir
ensaiar. Ou abrir mão de um tempo a mais com o namorado para chegar mais
cedo para orar pelo culto.
Precisamos ter em nossas equipes pessoas compromissadas com a obra
do Senhor, apaixonadas por Ele, e que, como consequência, cumprem com zelo
suas obrigações ministeriais.
Imprevistos acontecem, mas como a própria palavra diz, eles não
podem acontecer sempre, senão não seriam imprevistos! Preste bem atenção no
que eu vou dizer: o seu compromisso com as responsabilidades do ministério
reflete o seu amor e o valor que você atribui ao seu chamado e à obra do Senhor.
Uma pessoa que vive faltando em ensaios, ou chegando atrasada, ou
inventando desculpas demonstra que não prioriza o seu chamado ministerial.
Demonstra que não prioriza o Reino de Deus na sua vida. Por isso sempre
aconselho a líderes e coordenadores de ministérios a confrontarem tais pessoas
com essas questões, para que possamos ter em nossas equipes somente pessoas
verdadeiramente compromissadas com a obra.
Conclusão
Um líder de louvor precisa passar por uma preparação para estar mais
apto para a função que ocupará. Eu diria que a vida de um ministro, bem como a
de todo cristão, é uma eterna preparação. Mas vamos falar mais especificamente
de dois tipos de preparação pelos quais o líder e o ministro de louvor devem
passar: a preparação a longo prazo e a preparação a curto prazo.
Como dissemos no capítulo anterior, toda posição de autoridade traz
consigo responsabilidades, e um líder de louvor deve estar preparado para
assumir essas responsabilidades. Muitas vezes vejo pessoas que usam a
dependência do Senhor como desculpa para a falta de responsabilidade e para a
preguiça. O discurso que ouço é sempre o mesmo: “Não vou ensaiar porque eu
dependo da direção do Senhor” ou “Não preciso buscar uma direção para a
ministração antes porque o Senhor me direciona na hora no que devo fazer”. Ou
algumas vezes simplesmente esperamos que o Senhor faça por nós algo que é da
nossa responsabilidade.
Amar o chamado nos fala também de pagar o preço por ele. E nós
demonstramos esse amor não somente em palavras no momento da ministração,
mas nos momentos em que nos preparamos e abrimos mão de certas coisas tendo
em vista o nosso aperfeiçoamento ministerial em Cristo.
Vamos falar detalhadamente sobre cada uma dessas duas preparações
pelas quais o líder de louvor deve passar.
O desenvolvimento musical
A excelência musical
Outra coisa que precisamos compreender é que a música foi criada por
Deus. O que isso significa? Que todos os ritmos são de Deus. Não existe um
ritmo que seja mais de Deus do que outro. Anos atrás havia um preconceito
ferrenho contra o rock and roll. Muitos pastores e líderes cristãos se levantaram
para dizer que o rock and roll era música do diabo. Mas eles estavam
equivocados.
O que pode acontecer é haver músicas consagradas ao diabo, músicos
que se dediquem a ele, que trabalhem em prol da construção do seu reino, mas
nunca haverá um ritmo que pertença a ele. Muitas vezes somos cegados pela
religiosidade que domina nosso coração. Achamos que Deus só age em
determinada forma ou padrão. Encaixotamos um Deus que preenche todo o
Universo. Tentamos impôr limites ao próprio infinito.
Não podemos simplesmente entregarmos ritmos, instrumentos para o
diabo, como se fossem dele por direito. Lembro-me de um registro histórico que
diz que quando os Vencedores por Cristo gravaram o LP “De Vento em Popa”,
em 1977, eles usaram alguns instrumentos pouco usados no meio cristão, como
instrumentos de percussão, que na época eram considerados instrumentos usados
em rituais de macumba. Não foi à toa que discos foram quebrados em púlpitos
em vários lugares do Brasil.
Hoje vemos instrumentos de percussão sendo usados para a glória do
Senhor ao redor do globo. Eu creio de todo o coração que Deus está levantando
uma geração de músicos e ministros que irão redimir as artes em prol do Reino
de Deus. Que saberão usar todos os ritmos com sabedoria vinda do céu, em prol
do Evangelho. Samba, pagode, rock, axé, rap, reggae, pop, techno, tudo usado
na obra do Senhor e a seu serviço. Existe uma música do líder de louvor Beto
Tavares, missionário da Jocum, de que gosto muito, e é baseada no texto de
Sofonias 3:17. Essa música é um contagiante frevo! Ela traz em si um pedaço
das raízes culturais de nosso país. Ainda me lembro de uma versão do Salmo 23,
de composição de Gerson Ortega, em uma excelente bossa-nova. O que dizer da
“brasilidade” musical usada pelo grande compositor Janires, fundador do grupo
Rebanhão?
Não posso deixar de citar tantos músicos cristãos que têm feito música
cristã de qualidade e com brasilidade: Stênio Marcius, Gerson Borges, Carol
Gualberto, Gladir Cabral, Carlinhos Veiga, Jorge Camargo, Baixo e Voz, entre
tantos outros. Eu realmente encorajo você, leitor, a conhecer a obra desses
músicos. (Pra conhecer mais o trabalho maravilhoso que estes músicos
desenvolvem acesse: www.ajuntamento.org)
Os salmos nos ensinam a louvar ao Senhor com toda sorte de
instrumentos! (Salmo 150) Algo que creio ser importante ressaltar é que tudo o
que fazemos deve levar a marca da santidade. Esse deve ser o nosso árbitro. Se
fizermos uma música em ritmo de reggae, e ela trouxer em si a marca da
santidade, então ela estará aprovada. Se usarmos o rock and roll e trouxermos a
marca da santidade, então deveremos prosseguir.
Somente assim poderemos redimir as artes para o Senhor. Sempre sou
estimulado quando ouço a querida Helena Tannure, professora do CTMDT,
integrante do ministério Diante do Trono, falar sobre isso. Ela é uma pessoa que
sonha em ver isso concretizado: a Igreja usando as artes em prol do Reino de
Deus.
E isso não diz respeito só à música. Estamos falando de teatro, cinema,
literatura, pintura etc. Nós já temos tido um pequeno vislumbre do que artistas
cristãos podem produzir e do impacto que podem criar na sociedade.
Nós servimos a um Deus que é infinitamente criativo. Ele é o criador de
todas as cores, formas, sons. Ouvi certa vez o Dr. Pete Sanchez, diretor do
Instituto Integrity, pastor e líder de louvor, dizer que o diabo não pode criar nada
belo. Nele só existe trevas. Portanto, se ouvimos uma bela canção, mesmo que
não cristã, temos de saber que essa beleza foi originada em Deus, mesmo que a
música não esteja sendo usada para glorificar a Deus. Se um cantor possui uma
bela voz, esse belo talento veio de Deus, mesmo que não seja usado para exaltar
o nome do Senhor.
Não estou aqui incentivando a ouvirmos qualquer tipo de música,
mesmo as não cristãs, mas estou simplesmente mostrando como podemos nos
tornar religiosos e limitados. Como já disse, tentamos criar um padrão para que
tudo aconteça dentro dele. Seja desafiado a alargar as suas fronteiras e a perceber
que servimos a um Deus que não possui limites de criatividade, e que podemos
usar nossos talentos e habilidades para o fim ao qual eles foram criados:
glorificar a Deus.
Permita-se ser usado por Deus como instrumento na redenção da nossa
cultura secular e torne-se um agente de transformação.
Capítulo 10 – Um líder de louvor verdadeiramente líder
Este capítulo talvez seja um dos mais importantes deste livro. Confesso
que relutei para escrevê-lo por não me considerar completamente capacitado.
Mas resolvi escrevê-lo por sentir que Deus está me dirigindo a isso.
Lembro-me de um livro que vi certa vez, ainda não traduzido para o
português, de Kevin Navarro, chamado O líder de louvor completo. Neste livro,
o autor defende que, para um líder de louvor ser completo, ele precisa possuir
quatro elementos básicos: liderança, discipulado, teologia e veia artística.
Muitas vezes nos preocupamos somente com a parte do louvor, a parte
artística, ou nos preocupamos com o caráter do adorador, com buscarmos ser
discípulos de Jesus, mas negligenciamos a parte da liderança que está envolvida
nessa função.
Em março de 2008, participei de um grande evento na cidade de São
Paulo com o renomado palestrante e conferencista internacional John Maxwell,
especialista em liderança. Ao ouvi-lo falar naquele final de manhã e início de
tarde, fui lembrado pelo Espírito como é importante aplicarmos princípios de
liderança na área do Ministério de Louvor. Afinal, o próprio termo que usamos
para designar esta figura possui a palavra líder. Portanto, vou mesclar em minhas
reflexões algumas citações do Dr. John Maxwell.
Bem, vejamos a importância de termos muito claro em nós a consciência
de líderes e como podemos trabalhar alguns princípios de liderança. Quero
começar citando uma frase do Dr. Maxwell: “A boa liderança sempre faz
diferença”. É sobre isso que vamos refletir por alguns instantes.
Jesus foi nosso maior exemplo. Ele não se deixou levar pelos inúmeros
compromissos do ministério. Ele nunca colocou suas metas acima de pessoas.
Ele sabia abandonar a multidão para se dedicar a ouvir e atender uma só pessoa.
Ele sabia reconhecer uma necessidade mesmo em meio à multidão.
Em nossas ministrações, temos de valorizar as pessoas, cada indivíduo
deve se sentir amado e importante, mesmo que esteja no meio de uma multidão
de milhares de pessoas. Certa vez participei de um concerto com Marcos Witt.
Ainda me lembro de como fiquei impressionado com algo. Embora eu estivesse
no meio de uma multidão de mais ou menos dez mil pessoas, eu tive a impressão
de que naquele lugar só estávamos ele, eu e o Senhor.
Essa deve ser a nossa meta! Cada pessoa deve se sentir tocada através
de nossas ministrações. Cada pessoa deve se sentir valorizada por nós.
Conclusão
Isso é algo com que realmente precisamos nos acostumar. Muitas vezes
ficamos tão envolvidos com a adoração que fechamos nossos olhos e nos
esquecemos de que estamos ali para servir à congregação. Sempre costumo
brincar dizendo que em um culto, além do pastor, somos os únicos que estamos
trabalhando. Não podemos nos desligar como se nada estivesse acontecendo.
De maneira direta, como sempre faz, Darlene Zschech aborda esse
assunto: “Adore a Deus com tudo o que você é, mas fique com 'um olho fechado
e o outro aberto'. É muito fácil ficar perdido no louvor, e isso é maravilhoso para
você, mas pode facilmente levá-lo a perder um momento grandioso. Você
precisa ficar atento ao que está acontecendo. O trabalho no palco é ficar atento
para que, como equipe, possamos fazer as pessoas ficarem juntas”.
Quando permanecemos de olhos abertos, podemos visualizar o que está
ocorrendo na congregação, se ela está recebendo e assimilando a ministração, se
está conseguindo fluir juntamente com a equipe na caminhada da adoração.
Quantas vezes todos da equipe de louvor estão à frente, de olhos fechados, e se
esquecem de que estão ali para ajudar a congregação a fluir junto com eles. Se
estamos à frente, temos de agir como esses canais e facilitadores.
Outro aspecto importante é que, permanecendo de olhos abertos,
poderemos estar atentos a tudo o que está acontecendo na congregação. Estamos
lidando com o mundo espiritual, travando uma verdadeira batalha, por isso
precisamos nos atentar para qualquer movimentação anormal na igreja ou
alguma intervenção não usual. Precisamos estabelecer comunicação visual com
todos os integrantes da equipe, para que haja um bom fluir da ministração.
Isso é especialmente importante para sonoplastas e responsáveis pela
projeção das letras. Quantas vezes o sonoplasta começa a adorar e se esquece de
ficar atento aos sinais dos ministros de louvor. Ou um responsável pelas letras
que se entrega em adoração e esquece completamente de acompanhar a
projeção.
Precisamos estar cientes de que estamos em serviço e, por isso, estar
atentos. É claro que também precisamos nos conectar com Deus e fluir em
adoração, e podemos fechar os olhos em alguns momentos, mas isso não pode
acontecer o tempo todo. Sempre digo, figurativamente, que devemos manter um
olho aberto, observando a congregação e qualquer eventualidade, e o outro
fechado, totalmente conectado em Deus e com a nuvem do seu agir.
Conclusão
A MINISTRAÇÃO DE LOUVOR
Capítulo 12 – A principal tarefa do líder de louvor
Evitando a manipulação
A Bíblia é tão maravilhosa que ela mesma nos ensina a como nos
aproximarmos da presença de Deus. É imprescindível, ao falarmos sobre o fluir
de uma ministração, que estudemos o que a Palavra nos ensina sobre o
protocolo, o processo que deve acontecer para que entremos na presença de
Deus.
Como eu já disse anteriormente, este livro tem como objetivo ser um
guia prático para um ministro de louvor e para o bom funcionamento de um
Ministério de Louvor, e não um livro sobre adoração e louvor. Nós temos
ótimos livros sobre esses assuntos em nosso país. Livros que tenho lido e que
muito têm me edificado.
Mas creio ser importante para um ministro de louvor, como condutor
principal de uma ministração, saber quais são os passos bíblicos para nos
aproximarmos do Senhor. Nossas ministrações devem manifestar esses três
passos. Tudo o que fizermos e cantarmos deve nos direcionar para o alvo final,
que é entrarmos na presença do Todo-Poderoso. Portanto vamos ver o que a
Bíblia nos ensina sobre o protocolo celestial.
A figura do tabernáculo
Ações de graças
O salmo 100:4a nos diz: Entrai por suas portas com ações de graças
(...). As ações de graças a Deus são a porta de entrada para a sua presença. No
tabernáculo podemos comparar este estágio com o átrio exterior. É o primeiro
estágio para atingirmos o Santo dos Santos. A primeira atitude que temos de ter
para entrarmos rumo ao Santo dos Santos é gratidão.
Como isso é difícil em nossos dias! Vivemos em um mundo cheio de
ingratidão, de insatisfação. As pessoas nunca estão contentes com o que têm. É
o consumismo gerando a insatisfação em nossos corações. Pense comigo se isso
não é verdade. Se temos alguma coisa legal, sempre aparece alguém com algo
melhor, que passamos a almejar.
Sempre achamos que alguém nos deve alguma coisa. Pensamos que o
governo está em dívida conosco. Que o nosso patrão está em dívida conosco.
Que a nossa família está em dívida conosco. Ou seja, sempre nos vemos como
vítimas da história e imaginamos como poderíamos ser muito mais felizes.
Mas veja o que diz Romanos 1:21: porquanto, tendo conhecimento de
Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se
tornaram nulos em seus próprios raciocínios.
Aquele que é ingrato não glorifica a Deus. E ainda mais, a ingratidão
gera a falta de discernimento. Veja o que diz o versículo acima. Por causa da
ingratidão, tornaram-se nulos em seus próprios pensamentos.
Nós precisamos viver uma vida regada pela gratidão. O nosso nível de
gratidão está diretamente relacionado ao nosso nível de espiritualidade. Se
queremos ser mais espirituais, devemos começar sendo mais gratos. Efésios
5:20 nos diz: dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de
nosso Senhor Jesus Cristo.
E talvez você pergunte como podemos ser gratos a Deus por tudo o que
nos acontece. O segredo está em conhecer verdadeiramente a Deus. Em minha
caminhada tenho descoberto que só poderemos ser verdadeiramente gratos se
conhecermos quem Deus é.
Se acharmos que Deus é um velho mal-humorado e se não soubermos
que Ele nos ama em todas as situações, não conseguiremos ser gratos. E eu não
estou falando de um conhecimento mental ou intelectual. Estou falando de um
conhecimento revelado, verdadeiro e profundo.
Quando sabemos em nossos espíritos que Deus nunca perde o controle
de nossas vidas, que Ele nunca se esquece de nós, que Ele nunca nos abandona,
podemos ser gratos a Ele, mesmo quando não entendemos o porquê de muitas
coisas. Não devemos ser gratos somente quando tudo está bem. Quando
confiamos inteiramente no Senhor, mesmo nas horas incertas poderemos ser
gratos. Esse era o segredo da gratidão do apóstolo Paulo, mesmo nas horas mais
difíceis. Por isso ele podia dizer para sempre sermos gratos por tudo (1
Tessalonicenses 5:18).
No átrio exterior do tabernáculo havia o altar de holocaustos e a bacia
de bronze. É ali que devemos oferecer esse sacrifício de ações de graças, nos
oferecermos como sacrifícios vivos. Abrirmos mão da nossa compreensão
humana, da nossa razão. Não é fácil termos sempre essa atitude de gratidão.
Muitas vezes não sentimos de fazê-lo, mas sabemos que devemos, pela fé. Esse
é o sacrifício.
É ali que devemos agradecer e nos lavar no sangue de Jesus. É nesse
momento que nos apropriamos do sangue de Jesus, que, como diz a Palavra em
Hebreus, é a nossa confiança para podermos entrar na sala do trono. Não é pelos
nossos merecimentos, mas pela graça e misericórdia do Senhor.
Quando somos gratos, nosso coração é liberto de medos, pois
experimentamos o amor do Senhor. Quando somos gratos, caminhamos em
direção ao Pai e alegramos o seu coração. Quando somos gratos, liberamos um
poder espiritual secreto, um poder que vem do próprio Deus em favor daqueles
que O amam. Quando somos gratos possuímos a paz de Deus em nosso espírito
e sabemos que nenhuma circunstância pode nos abalar, pois estamos firmados
na Rocha, por mais que as circunstâncias pareçam contrárias.
Em nossas ministrações, devemos dar oportunidade para as pessoas
expressarem sua gratidão ao Senhor. Devemos cantar canções que expressem
isso para gerarmos nos corações das pessoas da congregação esse sentimento de
gratidão. Devemos ensiná-las sobre como é importante esse exercício de darmos
graças a Deus. É nesse momento que devemos incentivá-las a pensar sobre o
sacrifício de Jesus e a se apropriarem do poder do seu sangue. Esse é o primeiro
passo para termos um encontro real com o Rei dos reis. Vejamos agora o
segundo passo.
Louvor
Adoração
Quando entramos no Santo dos Santos, não achamos rituais que nos
satisfaçam, não temos argumentos plausíveis, não temos mais palavras,
simplesmente estamos diante da presença do Deus de Israel. Aqui não há mais
nada senão um móvel. A arca da aliança. A própria presença de Deus manifesta
entre nós.
Quando o sumo sacerdote entrava pelo véu no Santo dos Santos e
ficava diante da arca, ele sabia que não havia mais o que pudesse fazer, a não ser
adorar ao Senhor. Diante da presença de Deus, ficamos sem reação, só
conseguimos adorá-Lo e adorá-Lo.
O Santo dos Santos é lugar de humilhação. É lugar de plena
consciência da nossa humanidade e de quão pequenos somos, mas também de
plena consciência da grandeza de Deus. Quando o sumo sacerdote entrava no
Santo dos Santos, ele estava, na verdade, entregando tudo o que tinha, inclusive
sua vida, pois não sabia se sairia vivo dali. O Santo dos Santos é um lugar de
entrega.
Aqui você não celebra mais os grandes feitos de Deus. Aqui você
simplesmente O adora por quem Ele é. O Santo dos Santos é um lugar de
adoração, de veneração suprema à presença de Deus.
É aqui que nós entregamos nossos sonhos, nossa vontade própria,
nossos pensamentos, nossa razão, enfim, toda a nossa vida. É aqui que
encontramos nossa plena realização pessoal.
Como ministros de louvor, nosso alvo deve ser guiar toda a
congregação até a entrada da sala do trono e então encorajá-la a entrar
confiantemente. Ali somente o sumo sacerdote entrava. A adoração verdadeira
acontece em um lugar de solitude. É só você e Deus. Por mais que você esteja
rodeado de pessoas em uma congregação, no Santo dos Santos é só você e Deus.
O Santo dos Santos não é um lugar para muitos, como o átrio exterior, mas um
lugar para poucos.
Baseado em minha própria experiência, posso lhe dizer que o Santo dos
Santos pode vir a ser um lugar frustrante para líderes de louvor. Quando
levamos a igreja até ali, nós já não sabemos mais o que falar ou o que fazer.
Subitamente todas as nossas direções se vão, e parece que tudo está saindo do
controle. Só nos resta nos entregarmos em adoração também.
Você já experimentou essa sensação? Eu já vivi experiências de ter me
jogado ao chão enquanto dirigia louvor, pois a presença de Deus era tão
palpável que eu sabia que não precisava mais dar uma única palavra de direção.
Tudo o que eu tinha a fazer era me render e adorar.
Quando tocamos a presença do Senhor, nossa vida é mudada para
sempre. Apenas um toque da presença do Senhor e somos transformados. Por
isso é tão importante que nós, como ministros de louvor, lideremos nossas
congregações até este ponto, para que vidas sejam renovadas e transformadas.
Foi diante da presença manifesta do Senhor que Isaías recebeu o seu
chamado. Foi diante dessa mesma presença que Saulo teve sua vida
completamente mudada. Foi diante do trono do Altíssimo que João caiu como
morto e ali pôde ser usado como mensageiro do Senhor.
Será que é isso que nós queremos? Será que é isso que estamos
buscando de todo o nosso coração? A minha oração é para que este seja o alvo
contínuo de nossas vidas e ministérios!
Conclusão
Dependência de Deus
O mover da nuvem
Novidade
Existe uma figura usada nas Escrituras para nos falar da presença de
Deus, que é o rio. O salmista fala do rio que flui do trono de Deus e que alegra a
cidade do Altíssimo (Salmo 46). Jesus disse que esse rio fluiria em nós, através
de nós e sairia de nós em direção a outros.
Bob Sorge, em seu livro Following the River, nos lembra de que só
experimentaremos a plenitude deste rio quando chegarmos “ao outro lado”, na
vida eterna, mas que podemos experimentar deste rio agora mesmo, nesta vida,
mesmo que em uma medida menor.
A figura do rio de Deus nos fala do agir do Espírito e nos traz um
elemento interessante. O leito por onde ele corre é sempre o mesmo. E o que
seria esse leito para nós? Os fundamentos da vida cristã: jejum, oração, leitura
da Palavra, intimidade com Deus, busca pela sua direção, uma vida de adoração.
Isso propicia um leito adequado para que as águas fluam por ele.
Mas as águas deste rio estão sempre se renovando. Não estamos
falando de uma “represa de Deus”. Não temos como estocar a direção do
Espírito. Essas águas estão sempre fluindo, e cabe a nós somente entrarmos
nessa correnteza.
A direção de ontem já não serve mais para hoje. Como isso é verdade!
Certa vez quando ministrei louvor em minha igreja local e naquele dia
realmente pudemos experimentar da presença do Espírito, bebermos das águas
do rio de Deus. No entanto, algumas semanas depois, fui ministrar novamente o
louvor. Ao perceber que a igreja não estava respondendo como eu esperava,
decidi cantar a mesma música pela qual experimentamos um tremendo agir de
Deus algumas semanas antes. Qual foi minha surpresa ao perceber que nada do
que havia acontecido estava se repetindo.
O rio de Deus não está preso a rituais ou a fórmulas mágicas. Guarde
bem essas palavras: não podemos controlar o rio de Deus. Ele flui livremente. E
para nadarmos neste rio devemos viver em novidade de vida no Espírito.
É a mesma figura do maná dado pelo Senhor para os hebreus no
deserto. Eles não podiam guardar, senão o maná apodrecia, exceto na sexta-
feira, por causa do sábado. Jesus também mencionou essa verdade na sua oração
do Pai Nosso: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje...” – o nosso sustento
diário.
É por isso que fluir juntamente com o rio de Deus é tão desafiador!
Sempre temos de estar atentos ao agir específico de Deus para aquele momento.
No próximo capítulo falaremos sobre o mover profético durante o momento de
louvor e adoração e veremos como fluir debaixo deste mover.
Capítulo 15 – O mover profético e o momento de louvor
O fluir espontâneo
Outro ponto que precisamos abordar neste capítulo é o fluir espontâneo
nas ministrações. Há alguns anos nós não tínhamos espaço para fluirmos
espontaneamente durante os momentos de louvor. Acabava uma música já
emendávamos em outra, uma atrás da outra, seguindo a lista de louvor.
Mas, de uns anos para cá, o Senhor tem trazido o entendimento do
poder do fluir espontâneo durante esses momentos de louvor. Estes momentos
espontâneos acontecem quando saímos da melodia e da letra preestabelecidas de
uma canção e começamos a cantar e a dizer coisas que não estavam preparadas
ou não foram ensaiadas.
Talvez você esteja se perguntando qual a função dessa ministração
espontânea, e eu gostaria de explicar isso porque creio que este é um assunto
relevante referente ao ministério de louvor, principalmente nos dias atuais.
O fluir espontâneo é uma das ferramentas que temos e que nos permite
que trazer para a nossa ministração algo fresco, a unção do momento. Assim
como podemos ter uma oração, oração em línguas com interpretação ou uma
exortação. Neste momento espontâneo, o Senhor pode nos trazer uma direção
fresca, algo revelado somente a nós para aquele momento.
Ali podemos nos dirigir ao Senhor com nossas próprias palavras e
encorajar a congregação a fazer a mesma coisa. Nós, ministros de louvor,
devemos incentivar as pessoas da igreja a abrirem seus lábios e se dirigirem ao
Senhor com suas próprias palavras.
Existe algo importante a ser dito. Muitas vezes podemos cantar as
canções sem nenhuma parte “improvisada” e isso ser algo espontâneo,
verdadeiro naquele momento. O importante é termos esse senso de que temos de
oferecer algo fresco para Deus, seja uma canção já escrita ou alguma palavra
que flui naquele momento.
Vou tentar ser mais claro ainda. Podemos cantar “cânticos espontâneos”
e fazer isso de forma mecânica, assim como já vi ministros copiando até os
espontâneos de um CD. E podemos cantar uma canção que já cantamos
centenas de vezes e ela se tornar fresca pra nós naquele momento.
Dito isso, tecnicamente, para fluirmos espontaneamente, devemos estar
preparados como equipe. Para isso é necessário que haja uma boa comunicação
entre líder de louvor e equipe. É necessário que os instrumentistas estejam
preparados e saibam quais notas tocar nesses momentos. Os vocalistas devem
estar atentos e seguirem as direções do líder. O líder, por sua vez, deve ser
cuidadoso com o que vai ministrar, se está sendo bíblico, pois somos
responsáveis por aquilo que dizemos. Por isso um ministro de louvor deve
estudar as Escrituras regularmente, para poder ministrar de acordo com a
Palavra do Senhor. Se esses cuidados não forem observados, tudo vira uma
completa bagunça!
A seguir quero listar alguns cuidados práticos que devemos ter ao
fluirmos espontaneamente.
Um cântico novo
Minha experiência
Como acontece com muitas coisas no mundo espiritual, não existe uma
receita que garanta como ser bem-sucedido em fluir no cântico do Senhor. Às
vezes alguém me pergunta como eu recebo essas palavras em minha mente.
Sinceramente, nunca consegui explicar. É algo tão sobrenatural que não encontro
palavras para definir esse processo. Como dizia um querido mestre da Palavra
que muito abençoou minha vida, “somente sei que sei”. É uma testificação que
vem diretamente ao meu espírito. Mas eu creio que existam alguns princípios
que cooperam para que isso aconteça.
O primeiro princípio que existe é o de intimidade com Deus. Não existe
como Deus compartilhar o seu coração conosco se nós não tivermos intimidade
com Ele. E para termos essa intimidade, não existe um atalho, ou um caminho
mais fácil. Precisamos gastar horas com Ele, lendo a sua Palavra, adorando no
nosso lugar secreto.
Como tenho sido impactado nesses últimos tempos com relação a isso!
Muitas vezes, como ministros do Senhor, nos tornamos tão ativistas na obra de
Deus que nos esquecemos de investir horas na sua presença, ouvindo a sua voz,
nos aconchegando em seus braços de amor.
Não conseguimos liberar o cântico do Senhor se não estivermos cheios
da sua presença. Precisamos também estar cheios da sua Palavra. Como é
importante investirmos tempo lendo a Bíblia, meditando, deixando que cada
texto se torne vivo dentro de nós. Quando estamos cheios da Palavra,
diminuímos o risco de falarmos alguma heresia.
É tão fácil nos distrairmos e perdermos o foco da Palavra em nossa
vida. Temos tantos livros cristãos bons para ler, que nos edificam tanto, que até
mesmo substituímos a Bíblia.
Fico muito alarmado quando percebo que muitos ministros não
possuem um bom conhecimento da Palavra de Deus. Sobem para ministrar mas
estão vazios. Precisamos nos encher do conteúdo dessas Escrituras vivas.
Quando estamos cheios da Bíblia, o Senhor nos toca e nos usa para liberarmos
essas palavras.
Quando adquirimos intimidade com o Senhor, Ele nos dá uma série de
coisas que precisamos ter para liberarmos o seu cântico. Uma das coisas mais
importantes em relação ao cântico do Senhor é o discernimento vindo dEle.
Como isso é relevante! Precisamos ter um nível tal de intimidade com Deus a
ponto de sabermos quando uma palavra ou uma direção vem dEle e quando não
vem. Isso acontece com todos nós. Nossas mentes podem nos pregar peças, por
isso o discernimento é tão importante.
Nos dias de hoje, tenho visto tantas e tantas coisas que são feitas no
nome de Deus, tantos pastores e ministros que dizem “Deus está me dizendo”,
mas, se formos olhar nas Escrituras, não encontramos base bíblica para nada
disso. Isso é alarmante!
Eu tenho muito temor de falar coisas que Deus não me mandou falar.
Sempre peço ao Senhor que me direcione em cada palavra que irei proferir, para
que não venha a falar o que não devo. Por isso precisamos cada dia buscar do
Senhor o discernimento para saber o que procede dEle para sua Igreja.
Outra coisa que só aprendemos quando temos intimidade com Deus é a
desenvolver a nossa sensibilidade para o fluir profético, como discorri no
capítulo anterior. Mas essa sensibilidade também é desenvolvida com a
experiência. Quanto mais ousamos fluir no cântico do Senhor, mais sensibilidade
adquirimos para saber em quais momentos devemos fluir.
Tudo o que é feito em excesso deixa de ser sadio. Devemos sempre
ficar atentos se não estamos focando demais no fluir espontâneo, até mesmo no
cântico do Senhor, e com isso impedindo que as pessoas se conectem com Deus.
Até mesmo nossas ministrações espontâneas e nossas ministrações fluindo no
cântico do Senhor podem se tornar uma distração para a congregação. Esse não é
o nosso alvo. Devemos fazer tudo debaixo da direção do Espírito.
Outra coisa que creio ser extremamente importante sobre esse assunto é
que Deus flui através de nós, passando por nós. Você consegue entender o que
estou querendo dizer? Deus fala, Deus age, Deus move, mas Ele escolheu fazer
tudo isso através de nós. Ou seja, o mover de Deus passa pela nossa
humanidade, o cântico do Senhor passa pela nossa humanidade, por isso é tão
importante que sejamos naturais, e não “místicos” e “irreais”.
Tenho aprendido que o mover sobrenatural de Deus acontece na
simplicidade; nós é que gostamos de espetáculos. Eu quero te encorajar a ser
você mesmo, a deixar Deus te usar com as características que Ele mesmo
colocou em você.
Por último, neste capítulo estou ressaltando o fluir do cântico do Senhor
em um contexto de culto congregacional, mas o Senhor pode falar conosco,
cantar para nós em nosso momento devocional particular. Como é lindo quando
isso acontece. Deus já me tomou e falou comigo, cantou para mim quando eu
estava sozinho em meu quarto adorando-O ou orando. Na verdade, penso que,
como ministros de louvor, devemos ensinar a congregação que esse fluir não está
limitado ao momento de culto, mas que cada um pode desenvolver e
experimentar esse fluir do cântico do Senhor em seus momentos particulares
com Deus.
Temos de ter bem claro em nossas mentes que somos responsáveis por
tudo o que dizemos no altar, diante da congregação, especialmente se estamos
falando em nome de Deus. Muitas pessoas fogem dessa responsabilidade
dizendo que estavam como em um “transe” e não tinham domínio sobre o que
falavam.
Eu sou obrigado a discordar dessa postura, pois eu não encontro base
pra ela nas Escrituras. A Bíblia diz que o espírito do profeta está sujeito ao
profeta (1 Coríntios 14:32). Nós devemos ser completamente responsáveis por
aquilo que fazemos. Eu já fui tomado pela presença de Deus tão fortemente que
palavras começaram a jorrar dentro de mim, como se nem passassem pela minha
mente, fluindo diretamente do meu espírito, mas mesmo assim eu tinha todo o
controle sobre mim e sobre o que estava falando.
Uma diferença clara que vejo entre o agir de Deus e o agir do diabo é
que nosso inimigo, quando usa as pessoas, seus “cavalos”, ele as deixa
inconscientes, sem saber o que estão fazendo. Nosso Deus é um Deus que age
também em nossa consciência. Ele nos usa poderosamente, mas nunca nos deixa
sem controle do nosso próprio corpo e mente. Por isso o apóstolo Paulo nos fala
do culto racional.
Conclusão
O cântico do Senhor é algo tremendamente importante e deve ser
restaurado em nossas igrejas e em nossas vidas devocionais. O Senhor anseia por
dialogar com sua Igreja. Devemos ser canais livres e limpos por onde Ele possa
fluir. Por isso, devemos sempre vigiar nosso coração, nossas intenções, e, acima
de tudo, mantermos a nossa dependência do Senhor.
Enquanto escrevo essas linhas, sinto da parte de Deus que devo, mesmo
de forma escrita, liberar sobre a sua vida, querido leitor, essa autoridade para
liberar o cântico do Senhor, porque eu realmente creio que ele é extremamente
importante e imprescindível para a edificação da Igreja. Eu profetizo sobre a sua
vida e libero no mundo espiritual a autoridade para que o cântico do Senhor flua
através de você e que, através da sua vida, a Igreja do Senhor seja edificada,
restaurada, ministrada, em nome de Jesus. Que você receba em seu espírito, na
hora em que estiver ministrando, ou até se preparando, palavras vindas
diretamente do trono para ministrar sobre a congregação. Em nome de Jesus.
Amém.
Capítulo 17 – No campo de batalha
A importância do discernimento
Conclusão
Minha intenção com este capítulo, e espero ter alcançado meu objetivo,
é conscientizar você, leitor, da importância de sabermos realmente o que estamos
fazendo quando ministramos louvor. De nada adianta tocarmos bem, termos uma
boa banda, fazermos bons arranjos, se não temos um direcionamento claro para
seguir. Busque do Senhor e siga a sua direção para cada ministração que você for
liderar.
PARTE IV
Grandes líderes de louvor sabem como extrair o melhor de cada grupo de canções, como se
fossem frescas, mesmo que já sejam familiares, centradas em Deus e facilmente aprendidas por todas
as faixas etárias.
Grandes líderes de louvor sabem como deixar as canções liderarem o louvor e como dar
aos adoradores a linguagem da adoração. Eles não sentem a necessidade de falar muito ou orar muito
para manter a energia fluindo.
Ele usa duas expressões-chaves neste texto, quando diz que estamos
construindo um pacote de adoração, e quando fala sobre deixarmos as canções
liderarem o louvor por si só.
Essa deve ser a nossa meta e o nosso objetivo: termos uma lista de
canções tão bem elaboradas que elas, sozinhas, sem ministrações, versículos,
orações e tudo o mais que falamos acima, comuniquem a direção que estamos
seguindo. É claro que todas essas coisas citadas são ferramentas que devemos
usar, mas devemos aprender a fazer uma lista de canções que colaborem e
indiquem o fluir daquela ministração específica.
Barry Liesch diz que as canções devem fluir cada uma para a outra, “e
transições devem ser feitas habilidosamente para produzir o efeito de uma peça
de roupa sem costuras”.
A montagem dessa lista vai muito além da concepção que muitos têm de
que, colocando uma música agitada no começo, outra mais embalada no meio e
uma mais lenta no final, teremos “músicas de adoração”. Vejamos o que
podemos aprender sobre isso.
Entendendo os ganchos
Uma lista de louvor bem feita é aquela que trabalha com os ganchos das
músicas. Vamos entender isso de forma mais profunda. Quando recebemos um
direcionamento, devemos começar a escolher as músicas dentro dele. Por
exemplo, se o Senhor nos deu a direção de começarmos com ações de graças,
devemos escolher uma canção que incentive as pessoas a agradecerem ao Senhor
pelo que Ele tem feito. Uma música perfeita para essa ocasião seria “Te
agradeço”, versionada pelo ministério Diante do Trono.
E assim vamos caminhando. Dentro de uma mesma ministração,
podemos ter vários temas que vão se sucedendo. Por exemplo, começamos com
arrependimento, passamos a cantar sobre perdão, e depois cantamos sobre
sermos agradecidos, em seguida exaltamos ao Senhor e terminamos a
ministração adorando-O pelo que Ele é.
Por isso é tão importante que entendamos o que são os ganchos de uma
música. Cada canção possui um tema específico e algumas frases que são mais
marcantes. A frase que fica na cabeça das pessoas é a frase forte da música. Por
exemplo, na canção “Sonda-me, usa-me”, de Aline Barros, a frase forte é o
pedido ao Senhor: “Usa-me, Senhor!”.
Essas frases fortes são o que nós chamamos de ganchos. São esses temas
fortes que vamos usar para conduzir a ministração, ligando gancho com gancho,
e assim vamos mudando de música. Sabendo qual é o gancho de cada cântico, o
ministro vai enfatizar essa seção da música.
Certa vez estávamos em Petrópolis, na região serrana do estado do Rio
de Janeiro, e eu liderava o louvor em uma querida igreja que havia nos
convidado. Eu havia feito a lista de louvor pensando em tudo o que estou
ensinando neste capítulo, mas mesmo assim alguns detalhes me fugiram, mas o
Espírito Santo, que é o melhor líder de louvor, nos lembra e nos ajuda.
Estávamos cantando a canção “Bem-aventurado”, da Hillsong,
versionada pela Aline Barros, e em seguida íamos cantar a canção “Rei dos
Reis”, do Diante do Trono. Enquanto cantávamos uma frase da primeira canção,
que diz “Que o teu Reino venha sobre nós, queremos tua glória sobre nós”, o
Espírito Santo chamou a minha atenção e imediatamente eu dei instruções para
que a equipe começasse a repetir essas duas frases somente.
Quando eu fiz isso, trouxe a atenção da igreja para essa parte da música.
E assim fiz o gancho para mudar para a música “Rei dos Reis”, que fala
justamente sobre vivermos o Reino de Deus. Glória a Deus pelo Espírito Santo,
que nos guia e nos inspira!
Você consegue compreender? Quando trabalhamos com os ganchos,
criamos uma transição mais tranquila de uma música para outra, evitando que a
congregação se disperse.
Outra coisa que devemos notar é que uma mesma música pode ter vários
ganchos, e podemos usá-los de acordo com o direcionamento preestabelecido.
Outro exemplo que podemos usar para ilustrar o que está sendo
explanado é ligarmos as músicas “Diante do trono, Senhor”, do ministro
Fernandinho, com a música “Eu nasci para adorar”, de Asaph Borba. A primeira
diz “Eu só quero Te adorar / Te adorar / Eu nasci pra Te adorar / Te adorar / E
dizer que Te amo / Te amo / Te amo...”, e a segunda também diz: “Eu nasci para
adorar / Eu nasci para adorar / Para proclamar a glória do Senhor / Para ser um
verdadeiro adorador”.
Muitas vezes o gancho não vai ser tão evidente quanto esse do exemplo
acima, por isso poderemos usar outras ferramentas que nos ajudarão a construir
esses ganchos, como ler um versículo, dar uma pequena palavra ou fazer uma
oração.
Você pode se questionar sobre o porquê de tudo isso. Talvez você ache
tudo isso desnecessário, mas eu posso garantir que, fazendo assim, nós tornamos
o “caminho da adoração” mais suave para que as pessoas passem. Nós as
ajudamos a não perder o foco da ministração.
Eu falei sobre a possibilidade de termos vários temas em uma mesma
ministração, como se estivéssemos percorrendo um roteiro preestabelecido, mas
algumas vezes o Espírito pode nos direcionar a ficarmos em apenas um tema
durante toda a ministração. Já fui direcionado pelo Espírito a exaltar o nome de
Jesus em toda a ministração. Por isso escolhi uma música de convite, uma
música de celebração, uma música de exaltação e outra de adoração que
colaborassem para que toda a congregação exaltasse o nome de Jesus.
A maior chave e o maior segredo que eu posso ensinar é que devemos
estar sempre com nossos ouvidos espirituais sensíveis para ouvirmos a direção
do Senhor para cada ministração.
Usando os medleys
Existe uma outra forma de ligarmos músicas diferentes, sem que seja
através dos ganchos. Para isso podemos usar os medleys.
Medley é o termo que se usa quando duas músicas são unidas em um
arranjo de forma que não haja intervalo entre elas ou até mesmo pareçam ser
uma mesma música. Quais são os benefícios de um medley?
Um primeiro benefício é o elemento surpresa para a congregação.
Podemos pegar duas músicas já bastante conhecidas da congregação e juntá-las
em um mesmo arranjo fazendo com que a congregação note que há uma
mudança. Com essa nova roupagem, estamos estimulando as pessoas a adorarem
de forma mais intensa.
Outro benefício é que evitamos a pausa que se estabelece enquanto
trocamos de uma música para outra. Durante esses breves segundos de transição,
as pessoas podem se distrair do objetivo principal e começarem a divagar sobre
coisas não relacionadas ao momento de adoração. Quando excluímos essa pausa,
excluímos automaticamente essa possibilidade de distração.
Eu gosto muito de usar medleys. Meus companheiros de equipe sempre
brincam quando sugiro um novo medley: “Lá vem o Renato com seus medleys!”
Mas realmente creio que ele seja uma ferramenta poderosa que podemos usar em
nossas ministrações. Mas como funciona um medley na prática? Como podemos
unir duas músicas diferentes em um mesmo arranjo?
A primeira coisa que precisamos observar é a tonalidade dessas
músicas. O mais simples é pegarmos músicas na mesma tonalidade, mas não se
resume só a isso. As músicas não necessariamente precisam estar no mesmo
tom, mas para isso alguns aspectos técnicos musicais precisam ser observados,
como empréstimos modais, homônimos e relativos. Estes são aspectos mais
elaborados e que requerem maior conhecimento musical e de como fazer um
bom arranjo.
Além da tonalidade, devemos observar também o andamento das
canções. Para que elas se encaixem perfeitamente, precisamos atentar ao ritmo
em que estamos tocando a primeira canção e o ritmo em que deveremos tocar a
segunda. Algumas músicas simplesmente não se casam, não combinam. Outras
podem ser unidas somente com um arranjo instrumental mais elaborado. No
entanto, outras podem ser unidas com muita facilidade por possuírem um
andamento semelhante e por estarem na mesma tonalidade.
Um medley bem feito vai além do lado musical e entra na esfera do
conteúdo das letras. Já vi medleys de duas músicas com a mesma tonalidade,
com andamentos compatíveis, mas com um pequeno detalhe esquecido: as letras
não tinham nada em comum!
Precisamos analisar também esse elemento de conteúdo, além dos
elementos musicais, para que tenhamos um medley feito de forma adequada.
Alguns são tão bem feitos que, para muitas pessoas, as duas músicas se tornam
apenas uma. Um exemplo disso é o medley feito pelo Pr. Adhemar de Campos
com quatro músicas – três versões e uma de sua autoria. São elas “Louvemos ao
Senhor”, “Magnifiquemos”, “Hosana”, e “O motivo do louvor”. O medley é tão
bem feito que muitas pessoas nem sequer sabem que são quatro músicas
diferentes e outras são incapazes de definir onde cada uma começa e termina.
1) O tempo de ministração
2) O público-alvo
É bom também evitar uma lista de louvor com músicas com as quais a
igreja não esteja familiarizada. Quando cantamos muitas músicas novas,
impedimos que as pessoas se concentrem totalmente na adoração. Elas precisam
ficar seguindo a letra, prestando atenção na nova melodia, tentando aprender
como cantá-la. Isso impede que a igreja “decole” em adoração. Quando
cantamos uma música com que a igreja já está familiarizada, as pessoas podem
se concentrar somente em adorar, pois já sabem a letra e a melodia.
Entenda bem o que estou dizendo. O outro extremo também deve ser
evitado. O ministro de louvor deve estar sempre buscando as boas músicas novas
que estão surgindo no meio cristão. As músicas que estão sendo geradas no
“agora” refletem o mover de Deus no “agora”, ou pelo menos deveriam.
Eu amo, valorizo, canto as músicas mais antigas. Além disso, ainda
ensino sobre elas e como elas devem ser valorizadas, mas músicas novas devem
ser sempre incluídas em nossos repertórios, com equilíbrio. Elas trazem um
sentimento de surpresa. A igreja se sente motivada.
A quantidade correta de músicas novas a ser ensinada para a
congregação varia de igreja para igreja. Em algumas, pode-se ensinar uma
música nova por semana que a igreja consegue absorver. Em outras, pode-se
ensinar apenas uma por mês, pois a assimilação acontece de forma mais lenta.
Aprenda a conhecer a sua igreja, e traga elementos novos para a mesa!
Assegure-se de repetir a canção ensinada. Sempre que ensino uma canção nova,
procuro repeti-la mais do que o normal, para que as pessoas já consigam
aprender ou pelo menos se familiarizar com a melodia e a letra. Depois repita a
canção nas semanas consecutivas, para que as pessoas possam cantá-la sem
preocupação.
O que acontece muitas vezes é que músicas e mais músicas vão sendo
ensinadas, mas ninguém se preocupa com o fato de que elas não estão sendo
assimiladas, são cantadas apenas uma vez e esquecidas. Precisamos repeti-las e
garantir que a igreja consiga incorporá-las ao repertório de adoração.
Visito muitas igrejas que ainda estão cantando somente canções da
década de 1990. Essas músicas, em sua maioria, são lindas, mas, como disse,
precisamos buscar o novo. O salmo 96 nos encoraja a sempre termos um cântico
novo para cantarmos ao Senhor.
Voltando a falar sobre o que deve ser evitado, não faça um repertório de
muitas músicas novas. Já tive essa infeliz experiência. Muitas vezes, na ânsia de
querermos trazer tudo de uma vez só, cantamos várias canções novas, e as
pessoas da congregação se sentem desmotivadas e perdidas.
Muitas vezes, quando viajava (e ainda viajo) com a banda do CTMDT,
sempre nos preocupávamos em saber quais canções a igreja tinha o costume de
cantar. Lembro-me de ver o Paulinho olhando a pasta de transparências para
saber com quais canções a igreja já estava familiarizada. Muitas vezes perguntei
ao líder de louvor da igreja que estávamos visitando, ou até mesmo ao pastor, se
eles conheciam tais ou tais cânticos. Com isso, evitamos que a igreja se torne
expectadora, mas sim participante.
Mas algo que preciso ressaltar é que, em todas as igrejas, sempre
fazemos questão de ensinar uma música que seja. Uma música que vai marcar
aqueles dias, que quando as pessoas ouvirem vão se lembrar daqueles
momentos. Você consegue se lembrar de uma canção que marcou aquele
acampamento de carnaval? Ou uma música que te lembra de algum Congresso
em sua igreja? Isso é saber lidar com o poder de uma nova canção de forma
adequada. Seja um bom “guia”! Faça tudo com equilíbrio e sabedoria do Senhor.
Capítulo 20 – O uso de sinais na facilitação do fluir
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
GONZALEZ, Justo. A era dos mártires. São Paulo, Vida Nova, 1980.
WITT, Marcos. O que fazemos com estes músicos? São Paulo, W4ENDOnet
Comunicação e Editora, 2008.
Na internet
http://www.danwilt.com/great-worship-leaders-consistency/
Table of Contents
Introdução à edição ampliada e revisada
Introdução
PARTE IO MINISTÉRIO DE LOUVORCapítulo
Capítulo 1 – Descobrindo o meu chamado específico
Capítulo 2 – O papel da música na sociedade, na Bíblia e no culto
Capítulo 3 - O Ministério de Louvor – sua função e anatomia
Capítulo 4 – Os cinco ministérios e o ministro de louvor
PARTE IIA FIGURA DO LÍDER DE LOUVOR
Introdução à parte II
Capítulo 5 – Entendendo o que é um líder de louvor
Capítulo 6 – Funções de um líder de louvor
Capítulo 7 – Qualificações de um líder de louvor
Capítulo 8 – A preparação de um líder de louvor
Capítulo 9 – O líder de louvor e a música
Capítulo 10 – Um líder de louvor verdadeiramente líder
Capítulo 11 – Conselhos gerais para um líder de louvor
PARTE IIIA MINISTRAÇÃO DE LOUVORCapítulo
Capítulo 12 – A principal tarefa do líder de louvor
Capítulo 13 – O protocolo celestial
Capítulo 14 – Fluindo com o rio de Deus
Capítulo 15 – O mover profético e o momento de louvor
Capítulo 16 – O cântico do Senhor
Capítulo 17 – No campo de batalha
Capítulo 18- Seguindo uma direção clara
PARTE IVFERRAMENTAS PARA UMA MINISTRAÇÃO
EFICAZCapítulo
Capítulo 19- Como montar uma lista de canções que colaborem no fluir
Capítulo 20 – O uso de sinais na facilitação do fluir
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA