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UNIVERSIDADE DA AMAZONIA

INSTITUTO DE CIENCIAS JURIDICAS


CURSO E BACHARELADO EM DIREITO

BELYNE FIGUEIREDO NASCIMENTO

HERANÇA DIGITAL: SUCESSÃO DE BENS PATRIMONIAIS NA ERA DIGITAL

BELÉM-PA
2023.1
BELYNE FIGUEIREDO NASCIMENTO

HERANÇA DIGITAL: SUCESSÃO DE BENS PATRIMONIAIS NA ERA DIGITAL

Trabalho de Conclusão de Curso de


Graduação apresentação ao Curso de
Direito da UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA,
como requisito para a obtenção de diploma
de bacharel em Direito. Orientador: Prof.ª
Flávia Christiane de Alcântara Figueira.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
Orientador: Prof.ª Flávia Christiane de Alcântara Figueira
(Universidade da Amazônia – UNAMA)

___________________________________________
Examinador externo:

NOTA: ______

BELEM PA
2023.
1 HERANÇA DIGITAL: SUCESSÃO DE BENS PATRIMONIAIS NA ERA DIGITAL
2
3 Belyne Figueiredo Nascimento1
4 Flávia Christiane de Alcântara Figueira 2
5
6 RESUMO
7 Este estudo aborda o direito à herança digital, considerando o rápido avanço da
8 tecnologia e a acumulação de patrimônio digital. O objetivo é investigar as
9 questões legais e éticas relacionadas à sucessão de bens patrimoniais digitais e
10 examinar lacunas na legislação. Será realizado um estudo da legislação, visando
11 identificar as abordagens adotadas e as soluções propostas para enfrentar os
12 desafios da herança digital. Serão discutidas questões como acesso e
13 transferência de contas, privacidade, proteção de dados e preservação do legado
14 digital. Serão analisados posicionamentos doutrinários e decisões judiciais
15 relevantes para estabelecer diretrizes claras. Serão propostos recomendações e
16 diretrizes para aprimorar a legislação, incluindo testamentos digitais e
17 conscientização da sociedade sobre o planejamento sucessório digital. Este
18 estudo contribui para a compreensão de um tema emergente e relevante,
19 buscando um arcabouço jurídico adequado à proteção dos bens patrimoniais
20 digitais, preservando memórias e interesses na era digital.
21
22 Palavras-Chave: Herança Digital, Bens Patrimoniais, Sucessão.

23

1 Graduanda em Direito pela Universidade da Amazônia – UNAMA. Contato:


belynefigueiredo@gmail.com
2 Prof.ª Flávia Christiane de Alcântara Figueira, professor(a) pertencente ao quadro docente da

Universidade da Amazônia - UNAMA


24 ABSTRACT
25 This study addresses the right to digital heritage, considering the rapid
26 advancement of technology and the accumulation of digital heritage. The objective
27 is to investigate the legal and ethical issues related to the succession of digital
28 heritage assets and to examine gaps in the legislation. A study of the legislation
29 will be conducted, aiming to identify the approaches adopted and the proposed
30 solutions to face the challenges of digital heritage. Issues such as account access
31 and transfer, privacy, data protection and preservation of the digital legacy will be
32 discussed. Doctrinal positions and relevant court decisions will be analysed to
33 establish clear guidelines. Recommendations and guidelines will be proposed to
34 improve legislation, including digital wills and society's awareness of digital
35 succession planning. This study contributes to the understanding of an emerging
36 and relevant theme, seeking an adequate legal framework for the protection of
37 digital heritage assets, preserving memories and interests in the digital age.
38
39 Keywords: Digital Heritage, Heritage, Succession.
40
41 SUMÁRIO: 1 Introdução. 2 O Conceito e a Importância do Direito à Herança
42 Digital. 2.1 Inclusão dos Bens Patrimoniais Digitais no Processo de Sucessão. 3 A
43 Legislação e suas Lacunas na Sucessão de Bens Patrimoniais Digitais. 3.1
44 Desafios Éticos na Herança Digital 4 Considerações Finais. Referências
45 Bibliográficas.

46
5

47
6

1. INTRODUÇÃO
48
49 A rápida evolução da tecnologia e a crescente digitalização de nossas vidas
50 têm levantado importantes desafios para o sistema jurídico, especialmente no que
51 se refere ao direito à herança digital de bens patrimoniais. Com a ampla utilização
52 de dispositivos eletrônicos e o acúmulo de ativos digitais valiosos, como contas
53 em redes sociais, arquivos pessoais, criptomoedas e outros elementos de valor
54 sentimental ou econômico, surge a necessidade de compreender e regular a
55 sucessão desses bens no contexto digital.
56 Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo investigar as
57 questões legais, éticas e práticas relacionadas ao direito à herança digital de bens
58 patrimoniais. A problemática central consiste na falta de uma regulamentação
59 adequada para tratar desse tema emergente, o que gera incertezas legais e
60 dificuldades na proteção e transferência desses ativos digitais após o falecimento
61 do titular.
62 As questões norteadoras deste estudo são: O que significa a sucessão de
63 bens? Qual é a conexão com os bens patrimoniais digitais? Quais são as
64 principais questões legais e éticas envolvidas no acesso e na transferência desses
65 ativos digitais? Quais são os desafios legais enfrentados na sucessão de bens
66 patrimoniais digitais?
67 Para alcançar esses objetivos e responder a essas questões, será adotada
68 uma metodologia baseada em pesquisa bibliográfica, atualizações da internet e
69 análise legislativa. Serão explorados estudos e artigos acadêmicos, bem como
70 decisões judiciais relevantes e posicionamentos doutrinários sobre o tema.
71 Adicionalmente, serão consideradas as iniciativas de autorregulação, como
72 testamentos digitais e poderes post-mortem, a fim de identificar boas práticas e
73 propor recomendações para aprimorar a legislação vigente.
74 Ao final deste estudo, espera-se contribuir para o avanço do conhecimento
75 e para a compreensão do direito à herança digital de bens patrimoniais. Por meio
76 da análise crítica das lacunas e desafios existentes, busca-se fornecer subsídios
77 para o desenvolvimento de uma legislação mais adequada e efetiva, garantindo a
7

78 proteção dos direitos sucessórios no contexto digital e a preservação dos


79 interesses e desejos dos indivíduos em relação ao seu patrimônio digital.
80
81 2. O CONCEITO E A IMPORTÂNCIA DO DIREITO À HERANÇA DIGITAL
82
83 Do latim, succedere, significa vir no lugar de alguém, ensina Carlos Roberto
84 Gonçalves (2011, p.19). Herança é a transferência do direito sucessório aos
85 herdeiros/legados por morte, por lei ou em testamento, podendo também ser
86 caracterizada como os direitos e deveres de um ato jurídico de uma pessoa em
87 lugar de outra, para um acordo entre pessoas vivas as relações têm
88 consequências, como a morte de alguém. Assim, são reconhecidas duas formas de
89 herança: em vida e causa de morte, respectivamente em razão que a sucessão é
90 uma transferência. Na Constituição Federal no no art. 5º, inciso XXX, cita sobre.
91
92 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
93 garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
94 inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
95 propriedade, nos termos seguintes:
96 XXX – é garantido o direito de herança”. (Constituição da República
97 Federativa do Brasil de 1988)
98
99 Os herdeiros que pode possui concorrer entre para herança na legislação
100 são o cônjuge ou companheiro sobrevivente; o herdeiro; o legatário; o
101 testamenteiro; o cessionário do herdeiro ou do legatário; o credor do herdeiro, do
102 legatário ou do autor da herança; o Ministério Público, havendo herdeiros
103 incapazes; a Fazenda Pública, quando tiver interesse; o administrador judicial da
104 falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge e
105 companheiro supérstite
106 O Direito da sucessão é um direito fundamental que esta no direito da 1ª
107 geração que prevalecer o direito individual contra ponto ao direito do estado que
108 seria 2ª geração
8

109 A importância das sucessões no direito civil. Porque o homem desaparece,


110 mas os bens continuam; porque a grande parte das relações humanas transmigra
111 para a vida dos que sobrevivem, dando continuidade, via relação sucessório, no
112 direito dos herdeiros, em infinita e contínua manutenção da imagem e da atuação
113 do morto, em vida para depois da morte (GONÇALVES, 2019, p,21).
114 Conforme o projeto de lei n.º 4.847, de 2012, que mencionar que o que é
115 herança digital do deputado Marçal Filho esse projeto foi arquivado.
116
117 Art. 1.797-A. A herança digital defere-se como o conteúdo intangível do
118 falecido, tudo o que é possível guardar ou acumular em espaço virtual, nas
119 condições seguintes:
120 I – senhas;
121 II – redes sociais;
122 III – contas da Internet;
123 IV – qualquer bem e serviço virtual e digital de titularidade do falecido.
124 (Projeto de Lei nº 4.847/2012)
125
126 Nesse contexto desse projeto detalha sobre a sucessão digital, que se
127 demostras os que sãos bens patrimoniais digitais que são tudo o que o individuo
128 adquiriu em ambientes virtuais.
129 Para Heloisa Helena Barboza e Vitor Almeida que mencionam sobre a
130 sucessão.
131
132 “Um dos efeitos jurídicos da morte mais cogitado é a transmissão da
133 herança, objeto do direito das sucessões. Com o falecimento do titular, a
134 personalidade se extingue e há perda da titularidade exercida sobre todos
135 os bens, exceção feita aos direitos vinculados à personalidade, que
136 igualmente perecem, como acima indicado. Ocorre, em consequência, a
137 sucessão, a continuidade em outrem de uma relação jurídica que cessou
138 para o respectivo sujeito. Conforme doutrina clássica de Carlos
139 Maximiliano, ‘sucessão é a transmissão de direitos’, uma alteração da
140 titularidade que pode ocorrer em vida (inter vivos) ou após a morte (causa
141 mortis). No primeiro caso a sucessão na titularidade se dá, no geral, a título
142 singular; no segundo pode ocorrer a título universal, configurando a
9

143 transmissão da herança e/ou a título singular, hipótese na qual se


144 transmite um legado.” (BARBOZA; ALMEIDA, 2021, p. 9)
145
146 Em considerar o princípio saisine no contexto mencionando, é fundamental
147 do direito de sucessão, com o falecimento do individuo automaticamente os bens
148 ficam com os herdeiros.
149 Diante dessa situação que o autor quer dizer que os bens são permanentes
150 e o humano faleceu e passar esses para os descendentes ou ascendentes
151 apresenta – lo como herdeiros dos bens diante dessa situação, além disso a carta
152 magna mencionar que todos têm direito a herança no artigo 5º XXX - é garantido o
153 direito de herança (JUSBRASIL, 2022, p/s). O legislador dispõe no art. 1.829 do
154 Código Civil, que dispõe:
155
156 A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
157 I - Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo
158 se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
159 separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no
160 regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens
161 particulares;
162 II - Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
163 III - ao cônjuge sobrevivente;
164 IV - Aos colaterais. (JUSBRASIL, 2022, s/p)

165
166 Nesse art. do código civil, sobre os herdeiros legítimos descendentes,
167 ascendentes, cônjuge e colateral eles concorrerão para herança do cujo perante a
168 legislação brasileira, mas não mencionar os herdeiros testamentários, mas o artigo
169 Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus
170 bens, ou de parte deles, para depois de sua morte (JUSBRASIL.2016, p/s)
171
172 Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os
173 havendo, os tios.
174 § 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos,
175 herdarão por cabeça.
10

176 § 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos


177 unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um
178 daqueles.
179 § 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos
180 unilaterais, herdarão por igual. (JUSBRASIL, 2002.n.p)
181
182 Para o código civil os irmãos bilaterais são filhos do mesmo pai e a mesma
183 mãe, vai receber o dobro do que os irmãos laterais, além disso, os filhos que
184 receberem a herança destinada somente aos pais pode receberem por no lugar dos
185 pais falecidos.
186 A existência de entidades incorpóreas na sociedade atual é evidente, em
187 constante expansão e incontestável, considerando que:
188
189 A vida, cada vez mais experienciada em um meio virtual, faz com que os
190 bens corpóreos passem a ficar em segundo plano na lista de interesses
191 das pessoas na era contemporânea, lançando novas perguntas e gerando
192 novas demandas que clamam por soluções justas e modernas.
193 (GUILHERMINO, Everilda Brandão, 2021, p. 97)
194
195 A manifestação do universo da incorporeidade encontra sua justificativa na
196 concretização de uma nova realidade de conexões, na qual novos elementos
197 passam a ser valorizados e a matéria deixa de ser essencial. Por incorpóreo, como
198 ativos virtuais ou digitais, entende-se tudo aquilo que não possui materialidade, que
199 é desprovido de substância e requer uma plataforma ou recurso eletrônico para ser
200 disponível.
201 A herança digital é um instituto jovem no ordenamento jurídico brasileiro e
202 que ainda possui uma interpretação nublada, uma vez que as legislações não são
203 específicas para a forma como ocorre, ainda que haja o uso cada vez mais
204 frequente das redes sociais, não apenas como forma de lazer, mas como fonte de
205 renda. Apesar disto, a legislação existente tenta contribuir, dentro dos parâmetros
206 possíveis, para o conceituar e regulamentar da herança digital, a exemplo do
11

207 Código Civil de 2002, o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965 de 2014) e a Lei Geral
208 de Proteção de Dados (Lei 13.709 de 2018) (FREITAS; FONSECA, 2022, s/p).
209 Atualmente é fácil fazer uma conta em uma rede sociais com a idade de 18
210 anos, qualquer pessoa pode fazer é a decorrer que vai publicando e divulgada a
211 conta pode virar uma conta com valor econômico.
212 Na Roma antiga, os escravos não tinham filhos e tampouco herança para
213 repassar para os descendentes.
214 O manifesto comunista menciona que o direito de herança deveria ser
215 abolido, no entanto é uma ideologia que não aceita herança, que tudo deve ser do
216 estado é o mesmo pensamento do Fernando Haddad, o atual Ministro da Fazenda
217 do Brasil.
218
219 Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão
220 geralmente ser postas em prática: 3. Abolição do direito de herança.
221 (MARX e ENGELS s/p)
222
223 A ideologia comunista vai de encontro com princípio da dignidade e a
224 Constituição Federal, considerando que a herança não é um direito individual, mas
225 sim um direito do estado.
226 Para a Cintia Burille comenta:
227
228 O direito fundamental à herança acaba por desaguar em outros princípios
229 constitucionais como o da liberdade. Na medida em que, o ordenamento
230 atribui liberdade ao autor da herança de dispor de seus bens, mas limita o
231 exercício desse direito no principio da solidariedade familiar uma vez que a
232 lei garante a intangibilidade da legítima dos herdeiros necessários.
233 (BURILLE, 2023, p. 39)
234
235 Os princípios são intrínsecos ao homem, estão conectados, os princípios são
236 normas que leis não consegue expressar. Como o principio da dignidade humana
237 permear o direito da sucessão e o como a autora mencionar o principio da liberdade
238 e solidariedade, estão na doutrina brasileira.
12

239 A sucessão para juristas do direito são diferentes suas expectativas e


240 pensamento do mesmo, levando uma analise diferentes fazendo diferentes ações
241 em um só caso tendo em vista os aspectos da Maria Berenice.
242
243 A sucessão, isto é, a transferência de bens de uma pessoa a outra, pode
244 se dar de duas formas: por vontade das partes ou em razão da morte. Se
245 decorre da manifestação de vontade de duas ou mais pessoas, se diz que
246 a sucessão é inter vivos. Quanto aos direitos sucessórios, a transmissão
247 só pode ocorrer em razão da morte, daí causa mortis. (DIAS,2022. p.141)
248
249 E certo afirma que para Pablo Stolze e Rodrigo Pamplona sobre o conceito
250 de sucessão.

251 A título de informação terminológica, saliente-se ainda que o patrimônio


252 pode ser tanto líquido (conjunto de bens e créditos, deduzidos os débitos)
253 quanto bruto (conjunto de relações jurídicas sem esta dedução) —
254 compreendendo-se neste último o ativo (conjunto de direitos) e o passivo
255 (conjunto de obrigações) — não se descaracterizando a noção se os
256 débitos forem superiores aos créditos, pois o patrimônio exprimirá sempre
257 um valor pecuniário, seja positivo ou negativo. (GAGLIANO,FILHO,
258 2019.s/p)
259
260 Que independente da herança ser positiva ou negativa pode passar para os
261 herdeiros automaticamente caso eles renunciarem a herança no total e não parcial
262 como a maioria das decisões da jurisprudência e doutrina a respeito da renuncia da
263 sucessão no direito civil.
264
265 2.1. INCLUSÃO DOS BENS PATRIMONIAIS DIGITAIS NO PROCESSO DE
266 SUCESSÃO
267
268 Os bens digitais são divididos em bens não patrimoniais e os bens
269 patrimoniais que têm cunho de valores econômicos que podem ser criptomoedas
270 virtuais, moedas aéreas, crédito e avatares em jogos virtuais, itens pagos em
13

271 plataforma digitais entre outros. Os conteúdos existencial ou personalíssimo são


272 perfis de redes sociais, blogs, correios eletrônicos, mensagens privadas em
273 aplicativos, WhatsApp, telegrama. Além disso, conteúdo patrimonial e existencial
274 são perfis de digitais influentes em geral, ademais redes sociais que tenham
275 conteúdo econômico.
276
277 Os bens digitais podem ser configurados como todos aqueles conteúdos
278 constantes na web, passíveis ou não de valoração econômica, que
279 proporcionem alguma utilidade para o seu titular. Eles podem ser divididos
280 em 3 espécies: (i) os bens digitais patrimoniais; (ii) os bens digitais
281 existenciais; e (iii) os bens digitais híbridos. (FORUM,2023,S/P)
282
283 Tendo em vista a situação de bens digitais que conecta sobre a natureza
284 jurídica, alguns aspectos que são patrimoniais, existenciais e patrimoniais-
285 existenciais que devem ser explorados no direito de sucessão, como está na
286 referência.
287
288 “Os bens digitais patrimoniais são aqueles cuja natureza é meramente
289 econômica, a exemplo das moedas virtuais (Bitcoins), milhas aéreas, itens
290 pagos em plataformas digitais; já os bens digitais existenciais (ou bens
291 sensíveis), por sua vez, possuem natureza personalíssima, podendo ser
292 exemplificados através dos perfis de redes sociais, blogs, correio
293 eletrônico, mensagens privadas de aplicativos como o WhatsApp, entre
294 outros; e, por último, os bens de caráter híbrido, os bens digitais
295 patrimoniais-existenciais (ou patrimoniais-personalíssimos), os quais
296 perfazem um misto de economicidade e privacidade, como ocorre com os
297 influenciadores digitais, que são monetizados através da exploração de
298 postagens de natureza pessoal, a exemplo da plataforma do Instagram ou
299 Youtube.” (CARVALHO; GODINHO, 2019 apud ROSA; BURILLE, 2021, p.
300 247) Comentado [P1]: CADE ESSA REFERENCIA????

301
302 . Os bens patrimoniais são aqueles que possuem conteúdo exclusivamente
303 patrimonial. Ex. moedas virtuais, milhas aéreas, créditos e avatares em jogos
304 virtuais, itens pagos em plataformas digitais, entre outro. Bens existenciais (ou
14

305 personalíssimo) são aqueles que possuem conteúdo de caráter exclusivamente


306 existencial. Ex. perfis de redes sociais, blogs, correio eletrônico, mensagens
307 privadas em aplicativos como o WhatsApp, Telegram, Messenger, e outros e
308 também, bens patrimoniais e existenciais são aqueles que possuem conteúdo
309 híbrido, ou seja, patrimonial e existencial. Ex. perfis em redes sociais que tenham
310 exploração econômica, mas que também apresentam conteúdo de cunho
311 personalíssimo.
312
313 3. A LEGISLAÇÃO E SUAS LACUNAS NA SUCESSÃO DE BENS
314 PATRIMONIAIS DIGITAIS
315
316 Dessa forma, faz-se necessário dizer algo sobre a utilização dos testamentos
317 como norma auxiliar da sucessão digital na necessidade de regulamentação de tais
318 institutos de acordo com as normas do direito brasileiro. No projeto de lei n° 6468,
319 DE 2019, Art. 1º. Esta Lei altera o art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
320 2002, que institui o Código Civil, a fim de dispor sobre a sucessão dos bens e
321 contas digitais do autor da herança. De autoria do Senador Jorginho Mello. Nessa
322 condição sobre a herança digital, ainda existe uma lacuna sobre o tema, não de
323 modo detalhado. Esse é um projeto da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 da
324 deputada Alê Silva, um pouco mais eficiente.
325
326 Art. 1.791-A Incluem-se na herança os direitos autorais, dados
327 pessoais e demais publicações e interações do falecido em
328 provedores de aplicações de internet.
329 § 1º O direito de acesso do sucessor à página pessoal do falecido
330 deve ser assegurado pelo provedor de aplicações de internet,
331 mediante apresentação de atestado de óbito, a não ser por
332 disposição contrária do falecido em testamento.
333 § 2º Será garantido ao sucessor o direito de, alternativamente,
334 manter e editar as informações digitais do falecido ou de transformar
15

335 o perfil ou página da internet em memorial (CÂMARA DOS


336 DEPUTADOS, 2020, s/p)
337
338 Entretanto, uma moeda descentralizada que o governo não pode controlar,
339 faz com que o direito individual prevalecer na forma da liberdade, para ela ser
340 absoluta não tem que ser social, mas sim individual, para que a justiça seja feita
341 corretamente de forma que o estado não tem que interferir nos direitos do indivíduo
342 para isso que é fundamental os bens digitais, porque não depende do estado e de
343 suas regulamentações para virar herança de bens patrimoniais.
344 A maioria dos casos de luta para receber os bens digitais são em casos de
345 pais e filhos e vice-versa em bens digitais que contas de redes sociais, e-mail e
346 outros. E um projeto de lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 do deputado Alfredo
347 Nascimento pode muda o Marco Civil da Internet.
348
349 Art. 10-A. Os provedores de aplicações de internet devem excluir as
350 respectivas contas de usuários brasileiros mortos imediatamente após a
351 comprovação do óbito.
352 § 1º A exclusão dependerá de requerimento aos provedores de aplicações
353 de internet, em formulário próprio, do cônjuge, companheiro ou parente,
354 maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o
355 segundo grau inclusive.
356 § 2º Mesmo após a exclusão das contas, devem os provedores de
357 aplicações de internet manter armazenados os dados e registros dessas
358 contas pelo prazo de 1 (um) ano, a partir da data do óbito, ressalvado
359 requerimento cautelar da autoridade policial ou do Ministério Público de
360 prorrogação, por igual período, da guarda de tais dados e registros.
361 § 3º As contas em aplicações de internet poderão ser mantidas mesmo
362 após a comprovação do óbito do seu titular, sempre que essa opção for
363 possibilitada pelo respectivo provedor e caso o cônjuge, companheiro ou
364 parente do morto indicados no caput deste artigo formule requerimento
365 nesse sentido, no prazo de um ano a partir do óbito, devendo ser
366 bloqueado o seu gerenciamento por qualquer pessoa, exceto se o usuário
367 morto tiver deixado autorização expressa indicando quem deva gerenciá-
368 la.
16

369
370 Conforme se pode constatar, ambas as proposições conferem aos
371 herdeiros do falecido o poder de determinar o destino dos bens digitais herdados.
372 Apesar de a última regra mencionar a eliminação imediata dos conteúdos após a
373 comprovação do óbito, essa prerrogativa é atribuída aos familiares do de cujus,
374 como se depreende de seu § 1º, levando em consideração tudo como se dever
375 fazer nas redes sociais. Mas na pratica é totalmente diferente as contas nas redes
376 sociais não são deletadas e nem as leis estão atualizadas.
377 Como amparo as ideias do jurista Flávio Tartuce:
378
379 [...] é preciso diferenciar os conteúdos que envolvem a tutela da
380 intimidade e da vida privada da pessoa daqueles que não o fazem para,
381 talvez, criar um caminho possível de atribuição da herança digital aos
382 herdeiros legítimos, naquilo que for possível. Entendo que os dados
383 digitais que dizem respeito à privacidade e à intimidade da pessoa, que
384 parecem ser a regra, devem desaparecer com ela. Dito de outra forma, a
385 herança digital deve morrer com a pessoa.
386
387 Por outro lado, os bens existenciais do destino carecem de uma definição
388 clara e imprecisões de forma e momento em ordenar a natureza da existência da
389 propriedade no ordenamento jurídico e a falta de consenso sobre o que constitui
390 os bens digitais, os bens existenciais esta ligada a personalidade do individuo, e
391 certo afirma que também deve excluir os bens da modalidade existencial com o
392 falecimento do dono.
393 De acordo com o enunciado 40 de Freitas e Fonseca (2022), a herança
394 digital pode ser incorporada à sucessão do seu titular, exceto quando há questões
395 relacionadas a direitos personalíssimos, direitos de terceiros e disposições de
396 última vontade em sentido contrário. Adicionalmente, outra sugestão se encontra no
397 Projeto de Lei n.º 6.468/2019, cujo texto legal é o seguinte:
398
17

399 Art. 1º. Esta Lei altera o art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
400 2002, que institui o Código Civil, a fim de dispor sobre a sucessão dos
401 bens e contas digitais do autor da herança.
402 Art. 2º. O art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, passa a
403 vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
404 “Art. 1.788. .................................................
405 Parágrafo único. Serão transmitidos aos herdeiros todos os conteúdos de
406 contas ou arquivos digitais de titularidade do autor da herança.” (NR)
407 Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.” (Projeto de Lei
408 nº6.468/2019)
409
410 O projeto de lei do senador Jorginho Melo, sobre heranças digitais como
411 tem demostrado no texto, é necessário uma lei, de forma escrita no Código Civil
412 no Brasil que ainda não existem, está tendo carências dessa forma de sucessão.
413
414 3.1. DESAFIOS ÉTICOS NA HERANÇA DIGITAL
415
416 Ao ocorrer o óbito, dá-se início à sucessão do falecido, contudo, o
417 inventário se torna essencial para viabilizar a formalização da transferência dos
418 bens que integram o conjunto hereditário, seja por meio de uma adjudicação ou
419 divisão. Como esta no Código Processo Civil no artigo 610, mencionar sobre o
420 testamento. A Lívia Leal faz referência.
421
422 Decerto que a afirmação da autonomia privada do usuário para deliberar
423 em vida sobre o destino do conteúdo inserido na rede é o melhor
424 caminho. Nesse cenário, os chamados testamentos eletrônicos adquirem
425 especial importância para o planejamento sucessório da herança digital.
426 A rigor, tais documentos seriam úteis não somente para a destinação dos
427 bens digitais patrimoniais, mas igualmente poderiam conter disposições
428 sobre o conteúdo de caráter existencial inserido na rede. Nada obsta que
429 o próprio testamento e o codicilo sejam utilizados com o mesmo fim,
430 embora a formalidade do primeiro e o desconhecimento do segundo
431 descortinem obstáculos à sua utilização. (TEXEIRA; LEAL 2021, p. 15)
432
18

433 O testamento digital deve ser a finalidade dos bens digitais, refere-se a um
434 testamento ou disposição de última vontade que é criado e armazenado em
435 formato digital. Em vez de ser registrado em papel, o testamento virtual é criado e
436 mantido em meios eletrônicos, como arquivos de computador, dispositivos de
437 armazenamento em nuvem ou plataformas específicas para esse fim. Em relação
438 à organização a os codicilos e sua relevância na administração dos bens digitais
439 herdados.
440 Realmente, num mundo em que os bens são cada vez mais intangíveis e
441 digitais, é preciso adequar a forma de dispor post mortem à rotina digital
442 da sociedade. Vale aqui lembrar o codicilo (CC, art. 1.881 e seguintes),
443 que é um escrito particular, datado e assinado pelo disponente, com
444 conteúdo específico, a saber, disposições de bens de pequeno valor e
445 aquelas que visam nomear ou substituir testamenteiros. (NEVARES, Ana
446 Luiza Maia, 2021, p. 188)
447
448 Por outro prisma, há aqueles que sustentam a predominância da última
449 declaração manifestada, mesmo que seja de natureza eletrônica. apoiadora desse
450 ponto de vista, Ana Luiza Nevares destaca que.
451
452 Assim, uma vez havendo conflito entre manifestação de vontade de um
453 testamento e aquela lançada na plataforma digital, deverá prevalecer a
454 última vontade do disponente. [...] se determinadas plataformas digitais
455 contêm termos de uso para o acesso aos dados e informações post
456 mortem, estas criam novas formas de manifestar a última vontade de seu
457 titular e, assim, deverão prevalecer sobre anteriores disposições
458 testamentárias. (NEVARES, Ana Luiza Maia, 2021, p. 188)

459
460 Caso o usuário faça o registro em um documento protocolado em cartório
461 ou simplesmente em uma anotação guardada em casa, não há nem mesmo a
462 garantia de que essa declaração será encontrada. A mesmas dificuldade se
463 estende aos codicilos. A falta de precisão nas formas de alegações torna ainda
464 mais descontente em concretizar a vontade. Existem incertezas quanto à natureza
465 dos atos admissíveis.
19

466 Na falta de testamento ou outro instrumento que registre claramente a


467 intenção inquestionável do usuário de proibir o acesso aos herdeiros. Os cenários
468 em que os sucessores de pessoas famosas falecidas continuam naturalmente a
469 explorar as contas digitais são uma forma de cumprir a sucessão integral, Os
470 herdeiros possuem o direito de entrar e utilizar essas informações. Conforme
471 mencionado pela Karina Fritz.
472
473 O tema é controverso, havendo quem entenda que os herdeiros podem
474 utilizar plenamente a conta, como fizeram por aqui no Instagram os
475 sucessores dos artistas Gugu Liberato, Hebe Camargo e Sérgio Augusto
476 Bustamante (Serguei). Talvez o uso pelos herdeiros dessas contas no
477 Instagram, empresa pertencente ao conglomerado Facebook, seja o
478 primeiro passo para o respeito espontâneo da regra da sucessão
479 universal. (FRITZ, Karina Nunes, 2021, p. 241)
480
481 De acordo com Everilda Brandão, é necessário estabelecer uma distinção
482 entre perfis comerciais e exclusivamente pessoais. Os perfis com conteúdo
483 claramente econômico, sem conexão direta com o nome ou identidade pessoal,
484 poderiam ser facilmente transferidos por sucessão.
485
486 Perfis digitais de conteúdo econômico, como aqueles cujo nome é
487 comercial, sem ligação com o nome de uma pessoa, ou ainda onde se
488 vendem produtos, como cursos ou eventos, o trato é diferente. Neles é
489 possível se falar em transmissão de titularidade. Seu conteúdo é
490 comercial, e não pessoal, mesmo que em muitas postagens ou
491 transmissão seja compartilhada a vida ou rotina do autor.
492 (GUILHERMINO, Everilda Brandão, 2021, p. 100)
493
494 Diante da problemática exposta, a ideia delineada por Karina Fritz revela
495 maior pertinência e adequação. Apesar das ressalvas de Everilda Brandão em
496 relação à continuidade da exploração dos perfis sociais dos falecidos, é imperativo
497 priorizar os direitos dos herdeiros nesta situação. Veja-se:
498
20

499 Apesar de a manutenção da conta da pessoa falecida em uma rede


500 social parecer, num primeiro momento, uma atitude um tanto mórbida e,
501 destarte, rechaçável, deve-se sopesar que a exploração econômica deste
502 perfil, dentro de limites bem definidos, além de ajudar a manter viva a
503 história do de cujus, pode render frutos mensais necessários para a
504 subsistência dos herdeiros dependentes, especialmente quando a
505 plataforma social foi a principal fonte de renda do morto, como já ocorre
506 de forma bastante significativa no Brasil. (HONORATO, 2021, p. 153)
507
508 O Instagram se reserva o direito de utilizar, distribuir, modificar, transmitir e
509 exercer outros direitos sobre o conteúdo compartilhado, publicado e carregado
510 pelos usuários. Estabelece uma concessão de licença para o uso do material,
511 mesmo sem a reivindicação da propriedade. Declara que essa licença terá
512 validade até que o conteúdo seja excluído dos sistemas da plataforma, de acordo
513 com os termos de uso estabelecidos:
514
515 Quando compartilha, publica ou carrega conteúdo protegido por direitos
516 de propriedade intelectual (como fotos ou vídeos) em nosso Serviço ou
517 em conexão com ele, você nos concede uma licença não exclusiva,
518 gratuita, transferível, sublicenciável e válida mundialmente para
519 hospedar, usar, distribuir, modificar, veicular, copiar, exibir ou executar
520 publicamente, traduzir e criar trabalhos derivados de seu conteúdo (de
521 modo consistente com suas configurações de privacidade e do
522 aplicativo). Esta licença se encerrará quando seu conteúdo for excluído
523 de nossos sistemas. Você pode excluir o conteúdo individualmente ou
524 todo o conteúdo de uma vez excluindo sua conta. Comentado [P2]: CADE A REFERENCIA NO FINAL DESSA
CITAÇÃO ???
525
526 O determinar quem tem o direito de acessar e gerenciar os ativos digitais do
527 falecido. As leis de propriedade intelectual e privacidade podem entrar em conflito
528 quando se trata de herança digital. A família tem o direito de acessar os dados. As
529 empresas de tecnologia devem conceder acesso aos familiares ou seguir as
530 políticas de privacidade do falecido. É necessário encontrar um equilíbrio entre o
531 direito à privacidade e o desejo dos familiares de acessar e preservar as memórias
532 digitais do falecido.
21

533
534 Entretanto, alguns parâmetros servem de base para tal arbitramento,
535 como bem pontua o Professor Marcos Ehrhardt Júnior, que destaca, por
536 exemplo, a possibilidade de cálculo da quantidade de acessos
537 multiplicado pelo valor monetário aplicado, para plataformas como o
538 Youtube, que monetiza o usuário de tal modo. Outros elementos também
539 podem ser investigados através das declarações de imposto de renda e
540 requerimentos de informações aos próprios patrocinadores, elementos
541 ainda muito frágeis para informação completa dos valores auferidos pela
542 página, sendo este um desafio que ainda permanecerá pendente de
543 solução. (HONORATO, 2021, p. 150.)
544
545 A plataforma do YouTube adota uma estratégia em que remunera os
546 usuários que atingem níveis de acesso, engajamento e visualizações de vídeos
547 publicados na rede, sendo capaz de fornecer informações sobre os ganhos
548 gerados por essa conta. No entanto, essa realidade é uma exceção. Em outras
549 redes sociais como o Instagram, não existe essa possibilidade de quantificação,
550 sendo necessário consultar cada marca patrocinadora e buscar os contratos
551 estabelecidos, como mencionado anteriormente.
552 A singular menção à potencialidade de transformar a página em um
553 memorial, por meio da opção do usuário enquanto vivo, é apresentada nas
554 Cláusulas suplementares dos Termos de Serviço da plataforma, com escassas
555 explanações, em uma cláusula formulada do seguinte modo:
556
557 Os usuários do Facebook agora podem atribuir um 'contato herdado'. Em
558 última análise, isso fornece a um usuário escolhido do Facebook acesso
559 às suas fotos e vídeos depois que você morre. Um contato herdado é
560 alguém que você escolhe para cuidar de sua conta se ela for
561 transformada em memorial. Depois que sua conta for transformada em
562 memorial, seu contato herdado terá a opção de fazer coisas. Comentado [P3]: CADE A REFERENCIA DESSA CITAÇÃO
NO FINAL????
563
564 Com base no art. 1.857 do Código Civil, é possível inferir que o falecido, por
565 meio de testamento, tem a capacidade de dispor de todos os seus bens ou de
22

566 parte deles, para que seja cumprido após a sua morte. O art. 1.881 do Código Civil
567 estabelece que:
568 Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito
569 particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o
570 seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas
571 pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como
572 legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal. (Lei nº
573 10.406, de 10 de janeiro de 2002)
574
575 Ao examinar a sucessão testamentária, é possível deduzir que o indivíduo
576 falecido, ao decidir sobre o destino de seu patrimônio, utiliza-se da autonomia
577 privada. Por último, é relevante destacar que este capítulo abordou de forma
578 concisa o Direito das Sucessões, deixando claro que esse ramo jurídico abrange
579 uma vasta gama de conteúdos e regras além do que foi apresentado aqui.
580 Sobre o testamento e o codicilo como forma de sucessão de bens digitais, a
581 Cintia Burille referir-se.
582
583 Existem várias opções ao titular de bens digitais, no sentido de
584 possibilitar as formas de gerenciamento do seu acervo para após a sua
585 morte, que pode, desde a forma mais simplificada, realizar algumas
586 definições diretamente com provedores que disponibilizam aos seus
587 usuários esse tipo de serviços, ou mesmo dispor a sua vontade via
588 testamento ou codicilo, meios que exigem maiores formalidade, variando
589 de grau a depender da escolha. (BURILLE, 2023, p.268)
590
591 Averígua-se, a herança digital pode ser acessível nos termos de uso das
592 plataformas digitais, no testamento e codicilos para os efeitos de sucessão dos
593 bens que não são bens palpável, e certo afirma que bens digitais estão crescendo
594 os usos atualmente, levando sobre as jurisprudências questionarem sobre as
595 possíveis transferências para os herdeiros os bens digitais.

596
23

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
597
598 A herança digital apresenta uma série de desafios éticos, especialmente em
599 relação à proteção de dados e à privacidade. A ausência de instruções claras, o
600 acesso aos dados, o tratamento de informações sensíveis e a decisão sobre a
601 remoção ou preservação dos ativos digitais são questões complexas que precisam
602 ser abordadas de forma ética e juridicamente sólida. É essencial desenvolver
603 políticas e regulamentações que abordem esses desafios de maneira equilibrada,
604 protegendo a privacidade dos falecidos e os direitos de suas famílias.
605 As propriedades digitais consistem em informações presentes no mundo
606 virtual, atribuídas a um indivíduo, independentemente de sua natureza patrimonial.
607 Dessa forma, os bens ou recursos digitais se tornam bens jurídicos sempre que se
608 tornam objeto de uma relação jurídica. Devido à sua natureza e classificação, eles
609 fazem parte do patrimônio dos usuários, dos titulares dos dados, incluindo seu
610 valor econômico dentro do conjunto de ativos patrimoniais. Portanto, do ponto de
611 vista jurídico, devem ser incorporados ao patrimônio hereditário na sucessão por
612 óbito.
613 Existe, também, a questão da inviabilidade de segregação dos recursos
614 digitais, diante do significativo volume de bens de natureza mista, que englobam
615 aspectos patrimoniais e financeiros coexistindo simultaneamente. Não é possível
616 estabelecer estruturas e metodologias sólidas e confiáveis para a distinção desses
617 dados, a fim de determinar o que poderia ou não ser transmitido aos familiares.
618 Portanto, a proposição da transmissibilidade parcial também apresenta desafios
619 na seleção do conteúdo que constitui a herança digital, o que pode resultar em
620 inúmeros conflitos entre herdeiros, partes interessadas e provedores virtuais.
621 A questão dos bens patrimoniais digitais no processo de sucessão é um
622 tema complexo e desafiador, devido à natureza única desses ativos e à falta de
623 legislação específica em muitas jurisdições. Os bens patrimoniais digitais podem
624 incluir uma ampla variedade de ativos, como contas de mídia social, contas de e-
625 mail, arquivos armazenados na nuvem, registros de propriedade intelectual e
626 outros tipos de informações digitais de valor econômico ou sentimental.
24

627 Salienta-se a relevância do assunto para o campo jurídico, assim como


628 para a sociedade atual, o que se fundamenta pela seleção do tema, considerando
629 que, conforme mencionado anteriormente, ao longo do estudo, a presença
630 crescente da herança digital no Brasil será cada vez mais frequente, uma vez que
631 nos dias presentes. A herança digital no Brasil tende a se tornar cada vez mais
632 difundida, uma vez que nos dias contemporâneos, as pessoas possuem facilidade
633 em adentrar o mundo virtual e, consequentemente, acabam por adquirir múltiplos
634 ativos digitais, que constituirão o seu patrimônio digital.
635 Enfatiza-se a relevância do assunto para o campo jurídico, assim como
636 para a sociedade atual, o que é justificado pela seleção do tema, conforme
637 mencionado ao longo do estudo, A presença da herança digital no Brasil tornar-se-
638 á cada vez mais frequente, uma vez que nos dias atuais, as pessoas possuem
639 facilidade em adentrar o mundo virtual, a fim de que os bens digitais e a existência
640 da sucessão levando as doutrinas e jurisprudências, que pode ser transmitido para
641 os herdeiros como testamento, codicilo e termos de uso das plataformas digitais.
642
643 REFERÊNCIAS
644 ASSOCIATION, Digital Legacy. Facebook Digital Assets and Digital Legacy
645 Tutorial. 2015. Disponível em: https://digitallegacyassociation.org/facebook-
646 tutorial/. Acesso em: 25 maio 2023. Comentado [P4]: ESSA REFERENCIA É AQUELA DO
FACEBOOK QUE EU REFIZ. AGORA TENTA PROCURAR E
647 COLOCAR (ASSOCITION, 2015) NO TEXTO E APAGA
648 BARBOSA, Heloisa Helena; ALMEIDA, Vitor. Tecnologia, morte e direito: em AQUELA OUTRA REFERENCIA DO FACEBOOK QUE EU
GRIFEI DE AMARELO!!
649 busca de uma compreensão sistemática da “herança digital”. In: TEIXEIRA,
650 Ana Carolina Brochado; LEAL, Livia Teixeira (Coord.). Herança digital:
651 controvérsias e alternativas. Indaiatuba: Foco, 2021.
652
653 BARBOSA, Heloísa Helena; ALMEIDA, Vitor. Tecnologia, Morte e Direito. In:
654 TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; LEAL, Lívia Teixeira (Coords.). Herança
655 Digital: Controvérsias e Alternativas. Indaiatuba: Foco, 2021, p. 15. Comentado [P5]: SÃO A MESMA REFERENCIA NÉ?
656 EU NÃO APAGUEI UMA PORQUE FIQUEI COM MEDO DE
657 BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n. 12.965, de 23 de abril de 2014. MEXER NO SEU TRABALHO, ENTÃO VEJA DENOVO QUAL
Q CERTA E APAGUE A ERRADA!!!
658 Disponível:
659 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=156428
660 5&filename=PL%207742/2017. Acesso em: 18 de mai. 2023.
661
662 BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n. 4.847, de 10 de janeiro de
663 2002. Disponível:
25

664 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=5633
665 96. Acesso em: 19 de mai. 2023. Comentado [P6]: COLOQUEI BRASIL NA FRENTE AGORA
TEM QUE ENDIREITAR NO TEXTO!!!
666
667 BRASIL. Câmera dos Deputados. Projeto de Lei n. 1689/2021. Disponível:
668 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2280
669 308 Acesso em: 01 dez. 2022.
670
671 BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei n. 6.468 de 2019. Altera o art. 1.788 da
672 Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, para dispor sobre
673 a sucessão dos bens e contas digitais do autor da herança. Disponível:
674 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/140239. Acesso: 23
675 de maio de 2023.
676
677 BURILLE, Cíntia. HERANÇA DIGITAL. Limites e possibilidades da sucessão
678 causa mortis dos bens digitais. São Paulo: Juspodim, 2023, p.39.
679
680 DIAS, Maria Berenice, Manual das Sucessões: 8ª ed. Juspoivm, 2022.
681
682 FACEBOOK , Associação Legado Digital, Tutorial de ativos digitais e legado digital
683 do Facebook, disponível: https://digitallegacyassociation.org/facebook-tutorial/
684 acesso: 23 de maio de 2023. Comentado [P7]: PROCURA O TEXTO QUE FALA DESSA
REFERENCIA AQUI
685
686 FORUM. O que são bens digitais e as suas possibilidades de sucessão. EU JÁ ENDIREITEI ESSA REFERENCIA AQUI É A
ASSOCIATION E TA GRIFADA DE VERMELHO
687 Disponível em: https://www.editoraforum.com.br/noticias/o-que-sao-bens-digitais-
688 e-as-suas-possibilidades-de-sucessao/. Acesso em: 18 de mai. 2023. QUANDO VOCE ENCONTRAR ESSA REFERENCIA NO TEXTO
PODE APAGAR ESSA AQUI E COLOCAR O (ASSOCIATION,
689 2015)
690 FREITAS, Samara Oliveira; FONSECA, Isa Omena Machado de. A possibilidade
691 jurídica do uso do testamento na herança digital diante da ausência de
692 instrumentos específicos. 2022. IBDFAM. Disponível em:
693 https://ibdfam.org.br/artigos/1886/A+possibilidade+jur%C3%ADdica+do+uso+do+t
694 estamento+na+heran%C3%A7a+digital+diante+da+aus%C3%AAncia+de+instrum
695 entos+espec%C3%ADficos. Acesso em: 18 mai. 2023.
696
697 FRITZ, Karina Nunes. A Garota de Berlim e a Herança Digital. In: TEIXEIRA,
698 Ana Carolina Brochado; LEAL, Lívia Teixeira (Coords.). Herança Digital:
699 Controvérsias e Alternativas. Indaiatuba: Foco, 2021, p. 241.
700
701 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil:
702 Direito das Sucessões. 6. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
703
704 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Sucessões.
705 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
706
26

707 GUILHERMINO, Everilda Brandão. Direito de Acesso e Herança Digital. In:


708 TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; LEAL, Lívia Teixeira (Coords.). Herança
709 Digital: Controvérsias e Alternativas. Indaiatuba: Foco, 2021, p. 97, 100.
710
711 HONORATO, Gabriel; LEAL, Lívia Teixeira. Exploração econômica de perfis de
712 pessoas falecidas. In: TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; LEAL, Lívia Teixeira
713 (Coords.). Herança Digital: Controvérsias e Alternativas. Indaiatuba: Foco,
714 2021, p. 153.
715
716 INSTAGRAM. Termos de Uso. Disponível em:
717 https://www.facebook.com/help/instagram/581066165581870?helpref=hc_fnav.
718 Acesso em: 20 mai. 2023.
719
720 JUSBRASIL, Inciso XXX do Artigo 5 da Constituição Federal de 1988.
721 Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729874/inciso-xxx-do-artigo-
722 5-da-constituicao-federal-de-1988/artigos. Acesso em: 29 nov. 2022.
723
724 JUSBRASIL. Artigo 1843 da lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Disponível
725 em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604014/artigo-1843-da-lei-n-10406-de-
726 10-de-janeiro-de-2002. Acesso em: 18 mai. 2023.
727 JUSBRASIL. Resumo de sucessões testamentárias. Disponível em:
728 https://jus.com.br/artigos/51979/resumo-de-sucessoes-testamentarias. Acesso em:
729 29 nov. 2022.
730
731 JUSBRASIL. Sucessão Legitima. Disponível em:
732 https://ribeirooliveiraadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/114684196/sucessao-
733 legitima. Acesso em: 25 nov. 2022.
734
735 Manifesto do Partido Comunista. Marx e Engels
736 https://livros01.livrosgratis.com.br/cv000042.pdf. Acesso: 13 de mai. de 2023.
737
738 NEVARES, Ana Luiza Maia. Testamento Virtual: Ponderações sobre a Herança
739 Digital e o Futuro do Testamento. In: TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; LEAL,
740 Lívia Teixeira (Coords.). Herança Digital: Controvérsias e Alternativas.
741 Indaiatuba: Foco, 2021, p. 188.
742
743 ROSA, Conrado Paulino da; BURILLE, Cíntia. A regulação da herança digital:
744 uma breve análise das experiências espanhola e alemã. In: TEIXEIRA, Ana
745 HONORATO, Gabriel; LEAL, Lívia Teixeira. Exploração econômica de perfis de
746 pessoas falecidas. In: TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; LEAL, Lívia Teixeira
747 (Coords.). Herança Digital: Controvérsias e Alternativas. Indaiatuba: Foco,
748 2021, p. 150.
749
750 TARTUCE, Flávio. Herança digital e sucessão legítima: primeiras reflexões.
751 Revista Jurídica Luso-Brasileira, ano 5, n. 1, 2019. p. 878. Disponível em:
27

752 https://www.cidp.pt/publicacao/revista-juridica-lusobrasileira-ano-5-2019-n-1/186.
753 Acesso em: 19 mai. 2023.
754
755 TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; LEAL, Livia Teixeira (Coord.). Herança
756 digital: controvérsias e alternativas. Indaiatuba: Foco, 2021.
757
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760
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