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universitárias brasileiras
Fátima Manieiro do Amaral1
RESUMO
As editoras universitárias brasileiras são instituições importantes no campo
acadêmico brasileiro seja para autores e ou leitores. Tais editoras têm atualizado
suas práticas diante da expansão das tecnologias disponíveis e desenvolvidas para
o setor editorial. Considerando ainda que as editoras brasileiras no contexto
universitário lidam com recursos públicos, associa-se às discussões sobre
publicações em acesso aberto. Este trabalho, então, apresenta alguns dados obtidos
através da aplicação de um questionário às editoras universitárias brasileiras de
instituições públicas. Os resultados evidenciam que há uma forte tendência na
publicação de e-books em acesso aberto a partir de financiamento público sem
influenciar negativamente na venda de livros impressos.
Palavras-chave: editoras universitárias; publicação de livros; acesso aberto;
modelos de negócios.
INTRODUÇÃO
1 UFScar; fatima.mdoamaral@gmail.com
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Sendo um órgão a serviço da universidade, as editora universitárias podem
lidar com recursos próprios ou públicos. A discussão sobre a utilização de recursos
públicos na divulgação científica evoca sempre o tema do Acesso Aberto que visa à
ampla divulgação dos resultados de pesquisas a todos os interessados como direito
do cidadão.
Tendo como foco as pesquisas realizadas nas universidades, as editoras
universitárias delimitam os temas sobre os quais publicam; em geral, essas
publicações são livros. Com o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC), o livro ganha novos suportes, por exemplo, o livro digital ou e-
book. Andrade e Araújo (2017) concluem que o mercado editorial deve também
modificar-se a fim de atender ao consumidor digital, não apenas na construção de
um site com catálogo ou loja virtual, mas também nas suas políticas editoriais. Os
autores ainda consideram que dois movimentos influenciam nessa mudança de
atuação: o uso de plataformas de publicação e gerenciamento de e-books e o
movimento do acesso aberto.
O acesso aberto, conceito integrante da filosofia da Ciência Aberta, trata
sobre a divulgação científica e orienta, segundo Iniciativa de Budapeste pelo Acesso
Aberto (BOAI, 2002), que todos os resultados de pesquisas científicas feitas com
financiamento público estejam disponíveis na internet e sem custos para leitura,
download, cópia, impressão, distribuição, busca e uso por qualquer interessado, seja
um pesquisador, estudante ou cidadão.
O acesso aberto se apresenta como uma proposta que extrapola uma teoria,
pois, é uma concepção que se guia pela prática e pela necessidade objetiva de
comunicação, um mecanismo valorizado pelo princípio de visibilidade da ciência,
aspecto relevante para construção de uma nação cidadã, sobretudo na condição de
um sistema de pesquisa público brasileiro (financiado, principalmente, com
investimentos públicos, em instituições públicas).
Desta forma, este trabalho se propõe a traçar um cenário da publicação de
livros em acesso aberto pelas editoras universitárias brasileiras. Tendo como
objetivos específicos identificar quais editoras publicam livros em acesso aberto,
quais os modelos de negócios apoiam essas publicações, além de coletar relatos
sobre experiências interessantes na publicação científica neste contexto.
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Na próxima seção, serão explicitados os procedimentos metodológicos para
coleta dos dados e os resultados obtidos.
2Os dados apresentados neste trabalho fazem parte da coleta de dados da pesquisa em andamento
de mestrado intitulada “Editoras universitárias brasileiras e livros em Acesso Aberto: publicação,
modelos de negócios e políticas editoriais”.
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A atuação das editoras universitárias revela que a maioria delas comercializa
e também disponibiliza livros em acesso aberto, totalizando 70,3% das respostas.
Em seguida estão as editoras que exclusivamente disponibilizam suas publicações
em acesso aberto, representando 24,3%. E apenas 5,4% exclusivamente
comercializam suas publicações. Assim sendo, percebemos que há uma tendência
das editoras universitárias brasileiras a realizarem publicações em acesso aberto,
mostrando que as práticas de Ciência Aberta e do Acesso Aberto estão difundidas
entre essas instituições.
Sobre tipos de publicação considerando a relação entre suporte (impresso ou
digital) e comercialização ou disponibilidade em acesso aberto, as editoras
participantes da pesquisa evidenciaram que 74,3% trabalham com livros impressos
para comercialização; 62,9% com livros impressos para doação ou distribuição sem
custos; 28,6% com livros digitais/e-books para comercialização, 100% com livros
digitais/e-books em acesso aberto e 2,9% com capítulos em acesso aberto. É
relevante destacar que tal pergunta estava em uma sessão do questionário
direcionada apenas para as editoras que publicam livros em acesso aberto de
maneira exclusiva ou não, por isso todas assinalaram, para tipos de publicação, a
opção “livros digitais/e-books em acesso aberto”.
Os dados acima evidenciam que a comercialização de e-books é menos
recorrente. Já os livros impressos são comercializados por várias editoras,
reforçando os dados explicitados anteriormente na qual a maioria das instituições
participantes funciona sob um modelo de negócios híbrido comercializando e
disponibilizando em acesso aberto. Um dado bastante interessante e inesperado é a
quantidade (superior a 60%) das editoras que trabalham com a doação ou
distribuição de livros impressos sem custos; doação que geralmente ocorre para as
bibliotecas universitárias da própria instituição em primeiro lugar, mas também para
outras bibliotecas com as quais as editoras mantêm algum tipo de parceria. Outro
destaque é que mesmo com a alta porcentagem de editoras publicando e-books
completos em acesso aberto, a publicação de capítulos nas mesmas condições não
acompanha os altos índices; pode-se inferir disso que existem outras questões em
jogo na disponibilização que podem ser técnicas, opções de gestão das publicações
ou mesmo falta de prática.
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Questionadas sobre a forma de financiamento dos livros em acesso aberto, a
maioria das editoras respondeu que os recursos para tais publicações são oriundos
do orçamento da própria editora ou da universidade. Em segundo lugar, são
financiadas a partir de recursos providos pelos autores; em terceiro, por agências de
fomento. Além do mais, algumas editoras afirmaram que obtém recursos para
publicação de livros em acesso aberto através de parcerias com outras instituições
e/ou combinam duas fontes de recursos financeiros. Observe a tabela abaixo:
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SciELO, desde 2012 foram feitos mais de 20 milhões de downloads gratuitos de
seus livros.
Por sua vez, a EdUEPG relatou uma experiência negativa com a abertura de
algumas de suas publicações como o seguinte relato evidencia:
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recomendações para instituições de longa permanência" (7.648
downloads).
225
tenho informação suficiente para responder” foram marcadas por 5,7% editoras
cada.
Nesta seção o objetivo foi expor a metodologia de aplicação do questionário
às editoras universitárias e os principais resultados obtidos. Além de dados
estatísticos, apresentou-se dados qualitativos nos quais as editoras puderam relatar
experiências com a publicação de livros em acesso aberto. Na seção seguinte,
serão feitas as considerações finais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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BUFREM, Leilah Santiago. Editoras Universitárias no Brasil: Uma crítica para a
reformulação da prática. 2ª ed. São Paulo: Edusp, 2015.
PENIER, Izabella; EVE, Martin Paul; GRADY, Tom. COPIM: Revenue Models for
Open Access Monographs 2020. União Européia: COPIM, 2020. Disponível em:
https://zenodo.org/record/4011836#.YXiZMp7MKUl. Acesso em: 26 out. 2021.
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