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REFERÊNCIA DO TEXTO LIDO CONFORME NORMA DA ABNT

MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Literatura científica, comunicação científica e ciência da


informação. Para entender a ciência da informação. Salvador: EDUFBA, p. 125-144, 2007.

A autora começa destacando o surgimento da Ciência da Informação. Segundo


a autora, ela tem origem no início do século XX e devido as preocupações que
se tinha de lidar com o grande volume de produções científicas que já não
conseguiam ser organizadas pelas tecnologias da época. Paul Otlet foi quem
estruturou as bases do que hoje entendemos como Documentação. Sua
preocupação consistia em garantir o acesso aos dados àqueles que
buscassem por eles. Para isso, sugeriu um acordo de cooperação entre as
nações que definisse diretrizes para classificação desses documentos.
Anos mais tarde, com o pós-guerra e o consequente aumento de produções
científicas relativas ao seu acontecimento, percebia-se a necessidade de
inovação para solucionar os problemas de armazenamento e classificação que
seguiam. Nos dias de hoje, porém, apesar dessa preocupação ainda ser
central para a ciência tratada, sua atenção tem voltado-se para outras
discussões. A proposta do capítulo visa discutir esse leque de perspectivas da
ciência da informação para o que é próprio do campo e de suas contribuições
ao que tange as produções científicas.
Na primeira seção, a autora vai discutir os interesses da ciência da informação
na comunicação científica. A autora enfatiza o papel que a comunicação tem
para ciência tendo em vista o momento em que um trabalho é colocado para
publicação. Segundo a autora, para um conhecimento ser considerado
científico ele precisa passar tanto pela avaliação de seus pares, que precisam
seguir critérios de apuração específicos, em momento prévio a públicação -
denominado de “avaliação prévia” -, quanto em momento posterior à sua
publicação, quando esse conhecimento fica exposto a julgo de todos e pode
servir como embasamento para novos estudos.
Além da publicação, é preciso que este conteúdo seja divulgado para que
possa ser lido. Para isso, é importante que os estudiosos da Ciência da
Informação se interessem não somente pelo entendimento dos tipos de
publicações, suas características e formas de divulgação; mas também
debruçar-se pelas estruturas dos processos e dos sistemas de comunicação
científica, levando em consideração os atores envolvidos, as áreas de
conhecimento à que se integram e o tempo ao qual se inserem. É neste
compasso e movimento unívoco que será possível contribuir para o legado que
Otlet defendia, trazendo insumos para a formulação de políticas nacionais e
internacionais sobre ciência e tecnologia, e em perspectiva maior, para o bem
estar social.
Na segundo seção, será dada atenção para as comunidades científicas.
Ancorada pelas definições de Ziman (1984), as comunidades científicas são os
grupos interligados as instituições formais e informais. As instituições formais
podem ser definidas pelas universidades e institutos de pesquisas, e as
informais são denominadas como “colégios invisíveis”. Os colégios invisíveis
são instituições não formais de trocas de informações, em que seus integrantes
são unidos pelo interesse em comum acerca de um tema, e interagem
profissionalmente entre si a partir dele. Não são definidos por um espaço físico
ou por atividades estruturadas, mas pela colaboração informal formada por
seus pesquisadores.
Nesse sentido, a comunicação por pesquisadores pode ser determinada
também entre formais e informais. A “comunicação informal” é marcada por
conversas menos estruturadas, como as discussões em sala de aula,
telefonemas, emails, ou reuniões restritas. Por outro lado, a comunicação
formal se dá pela elaboração de teses, dissertações, publicação de artigos,
participação em eventos de grande repercussão científica, e outros meios pelos
quais a sistematização do conhecimento se faz obrigatória. Segundo a autora,
a validação de um manuscrito por avaliação prévia de um especialista da
mesma área é o principal critério para consolidação do status científico.
Portanto, a comunidade científica delegou que avalidores mais experientes
tivessem essa primeira função de avaliar o manuscrito.
Esta etapa de avaliação é de importância para a Ciência da Informação porque
é ela quem define os critérios aos quais um determinado conhecimento será
julgado, publicado e consequentemente recuperado e citado por outros
estudos. Por sua vez, esses costumes de avaliação impactam diretamente na
forma como esses conhecimentos são produzidos, legitimados e utilizados.
Na terceira seção, a autora discorre sobre a literatura científica. A divulgação
dos resultados é conhecida pelos bibliotecários como um todo, podendo ser o
seu produto final em formato de um livro, uma dissertação, um artigo, etc.
Assim sendo, essa literatura pode ser divida em três categorias: literatura
primária, secundária e terciária. Estas categorias derivam da distância que
existem entre o autor e a informação disponibilizada. Em casos em que a
informação foi originada pelo autor da publicação, essa publicação é primária.
Se a publicação é um intermediário para publicação de outros autores, ela é
secundária ou terciária. Chama-se de literatura científica o conjunto de
publicações referentes a uma área específica.
Cada área do conhecimento tem sua preferência por tipo de divulgação.
Estudos indicam que as áreas das ciências naturais e exatas preferencialmente
divulgam seus resultados através de artigos científicos. As Engenharias, por
sua vez, optam por eventos científicos, portanto preferindo anais e
proceedings. Já as ciências sociais tem garantido determinado preferência aos
livros e aos capítulos de livros. Ainda sim, os artigos tem se mostrado
relevantes para todas as áreas.
Na quarta seção, a autora se debruça sobre o campo de pesquisa da ciência
da informação sobre a comunicação científica. Seguindo as informações
dispostas até este momento, a autora vai enfatizar que os interesses dos
estudiosos da informação são pertinentes a todos esses momentos do
processo de desenvolvimento do conhecimento científico, passando pelo
momento de concepção da ideia a ser trabalhada, levando em consideração os
canais de coleta de informação, ao momento em que o conhecimento é
finalmente divulgado e os processos pelos quais esse conhecimento passa até
ser divulgados. São igualmente relevantes as respostas da sociedade sobre o
trabalho divulgado.
Modelos de representação da produção do conhecimento científico foram
propostos e ressalvam o reconhecimento da relação entre os atores envolvidos
- pesquisadores, seus pares e os usuários - para os processos de
comunicação, os fatores que impactam seu desenvolvimento e divulgação,
como os fatores externos relativos as especificidades da área do
conhecimento, e os fatores externos, como os processos de financiamento, os
métodos de avaliação e o contexto social de publicação, além dos processo de
acesso e armazenamento desse conhecimento.
Os artigos científicos, sendo predominante em todas as áreas, tem recebido
maior atenção pelos estudiosos. Sua estrutura composta por introdução,
desenvolvimento, conclusão, identificação de autoria, palavra–chave e
referencias bibliográficas; podem ser fonte de estudos, sendo as citações
motivo de maior objetivação, por esse ser o material pelo qual pode-se
identificar autor originário daquela informação e onde ela pode ser encontrada.
O não reconhecimento da autoria é caracterizado como plágio.
Além disso, são fontes privelegiadas para entedimento do fluxo das redes em
que se integram os autores, as ideais e as tendencias de avanço do
conhecimento produzido. O fator de impacto é um importante indicador para
compreender a influencia de determinado autor a um tema. Esse é calculado
através do número de citações desse autor. Complementar a esta prática de
estudo quantitativo, entrevistas com esses autores tem garantido maior
entendimento a esses estudos ao propiciar qualitativamente profundidade aos
problemas estudados.
A quinta seção é dedicada a entender os impactos das tecnologias para o
processo de comunicação científica. Entedendo que os avanços tecnológicos
são de suma importância para o desenvolvimento de técnicas de classificação
que contemplem o volume de informações produzidas, modificiando e
ampliando as fontes de angariação de informação. Este processo pode ser
visto a partir da postura adotada pela CAPES em relação ao fomento as
bibliotecas de universidades, que fora paulatinamente tendo seus recursos
enderaçados aos serviços de indexação eletrônicos. Além disso, as novas
tecnologias foram importantes para diminuir barreiras geográficas, facilitando o
contato entre pesquisadores distantes e a colaboração entre eles. Todos esses
efeitos são de interesse dos estudiosos da Ciência da informação.
Na última seção, a autora vai tratar sobre “o movimento em prol do acesso livre
ao conhecimento científico e tecnológico”. Trata-se de uma seção que vai
identificar o papel dos periódicos para o fluxograma acima descrito. Esses
periódicos são ligados a instituições de pesquisa e editoras comerciais, e são
classificados e hierarquizados com base na opinião da comunidade científica
sobre ele. No momento em que o autor submete seu artigo a um desses
periódicos, esse autor para de ser seu dono. Isso significa que ele não poderá
distribuir seu conteúdo como queira, embora seja dono de sua ideia. Segundo
a autora, é impossível manter um bom programa de pesquisa sem um bom
acervo periódicos, por isso um esforço para manter uma coleção de periódicos
sempre foi visado por seus programas.
Essa condição tem gerado a insurgencia de editoras predatórias que, ao
visarem lucro, aumentaram o valor de suas assinaturas e portanto dificultaram
o acesso desses programas a esses trabalhos. Esse fenômeno ficou conhecido
como “a crise dos periódicos” e teve maior repercussão em países em
desenvolvimento como o Brasil, que viram como insustentavel a continuidade
dessas assinaturas. Esse fator desencadeou o movimento pelo acesso livre ao
conhecimento científico, que propõe a gratuidade ao acesso a esses
periódicos. Apesar de utópico, a autora indifica que esse movimento é
importante em um mundo em que o acesso à ciência se faz cada vez mais
necessário para a sobrevivência da propria ciência e da sociedade.
A autora traz ainda a importancia dos “Repositórios institucionais” para garantia
de acesso gratuito aos trabalhos produzidos por seus membros institucionais.
Embora esses repositorios não avaliem os trabalhos, seria da responsabilidade
de seu autor em depositar seus trabalhos previamente avaliados. Apesar de
haver relutancia da comunidade cientifica em aderir a esse movimento, é
possivel identificar a revolução desse ato para a ciência ao observarmos que o
número de citações de trabalhos com acesso gratuito é maior do que os
acesso exclusivo por assinatura.
Em suma, entendendo-se todos os aspectos discutidos acima, o controle
relacionado a indexação, distribuição e acesso à informação tem efeitos
sociais, políticos e econômicos que vão além da publicação em si. A ciencia da
informação contribui efetivamente para esses entendimentos.

OBSERVAÇÕES - IMPORTÂNCIA DO TEXTO P/ O TEMA DA AULA

O texto serve de maneira complementar ao que viemos discutindo durante toda


a disciplina até aqui. Do processo de angariação de informação, ao processo
de sintetização dessa informação para conceber um novo conhecimento, o
texto reúne todas as etapas pelas quais precisamos passar para termos um
material publicado.

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