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Desde o seu surgimento, as revistas científicas constituem importantes

veículos de comunicação formal da ciência. Teve início no século XVII, na Europa,


com a criação das sociedades e academias científicas, que tinham por objetivo
reunir os especialistas e debater temas de interesse acadêmico ou social. As
revistas científicas, eram também denominadas periódicos científicos, e estas
surgiram como uma evolução da comunicação informal, que consistia no uso de
cartas, atas ou memórias das reuniões científicas para transferência da informação
entre pesquisadores.
Tal como a escrita, estudos e resultados de pesquisa que não sejam
divulgados nos meios de comunicação apropriados, neste caso, as revistas
científicas, correm o risco de não serem reconhecidos em sua importância. A revista
científica pode ser vista, como o canal formal utilizado no processo de comunicação
científica e os artigos científicos nelas inseridas, como a forma definitiva de
publicação dos resultados de pesquisa, que serão lidos e citados pela comunidade
científica. A divulgação do conhecimento nas revistas pode ser feita em diferentes
enfoques: as revistas científicas obedecem a certas características e padrões
estabelecidos pela comunidade acadêmica, enquanto as divulgações científicas, são
de caráter mais amplo, abrangendo várias áreas temáticas, escritas em linguagem
mais acessível.
A invenção da imprensa facilitou a transmissão da informação, antes restrita
aos livros e outras obras copiadas à mão existentes nos mosteiros, e permitiu que os
mesmos textos fossem lidos, comentados e comparados por distintas comunidades
e países. Nessa época, a comunicação entre os estudiosos, restritos às
universidades, acontecia por meio de correspondências, visitas e encontros
pessoais, tendo, possibilidades limitadas para disseminação de conhecimento. A
partir do século XVI, foram criadas as revistas científicas com a função de divulgar e
documentar as opiniões, idéias e resultados dos debates acadêmicos, comuns tanto
nas sociedades científicas, que eram mais relacionadas às áreas das ciências
exatas e médicas, como nas academias, que tinham um caráter mais humanista.
Desde as primeiras revistas, sua função principal é o registro e a difusão do
conhecimento científico existente, as funções das revistas são: preservação da
memória científica do conhecimento; formalização do conhecimento;
estabelecimento da ciência “certificada” isto é, do conhecimento que recebeu o aval
da comunidade científica; função social; função educacional; e canal de
disseminação da informação, através dos serviços de indexação e bibliotecas.
O fluxo editorial compreende, em linhas gerais, as seguintes etapas:
recebimento de trabalhos para publicação, pré-seleção dos trabalhos, seleção de
revisores, encaminhamento e acompanhamento do processo da revisão por pares,
contato com o(s) autor(es) sobre comentários dos revisores, aprovação ou rejeição
para publicação, revisão de texto, revisão gráfica e publicação.
Toda revista científica deve contar com a seguinte estrutura mínima: editor
científico, responsável pela manutenção da qualidade científica e editorial da revista,
corpo editorial, formado por pesquisadores da área e consultores, e secretaria.
A qualidade de uma revista científica não é um valor mensurável ou
completamente tangível, pois sua estrutura é formada por um conjunto de diversos
aspectos, como: conteúdo, forma de apresentação, normalização e produção
editorial. As principais características de uma boa revista científica, a qualidade de
conteúdo e forma, a regularidade de publicação, a facilidade de acesso aos leitores
e ampla divulgação. Os principais aspectos formais avaliados são: Periodicidade
epontualidade; Duração; Normalização; Trabalho Editorial; Difusão e Indexação;
Endogenia; e Indicadores bibliométricos.
A análise deve ser realizada por pesquisadores atuantes, com experiência e
uma visão ampla do contexto acadêmico-científico daquela comunidade específica.
Como toda avaliação baseada em julgamento pessoal, o resultado pode ser mais ou
menos subjetivo, dependendo da forma como o processo é conduzido. Em geral, os
seguintes pontos são analisados:
Caráter científico, onde o conteúdo científico de uma revista é o principal
aspecto que determina sua qualidade, e nesse quesito, são considerados a
publicação predominante de artigos resultantes de pesquisas originais, evitando a
inclusão excessiva de seções de menor impacto científico, como: notícias,
entrevistas, resenhas, traduções, etc.; O alinhamento temático dos artigos
publicados com a missão da revista; A utilização de metodologia e estrutura
adequadas na redação dos artigos; O mérito das contribuições publicadas para o
avanço do conhecimento, importância e originalidade para a área temática.
Revisão por pares, considerando que a validação da ciência depende do
reconhecimento emitido pela comunidade científica que a produz (Garvey, 1979), a
adoção de um processo de revisão por pares na seleção de trabalhos para
publicação é componente fundamental para garantir qualidade e credibilidade a uma
revista científica. É importante também fazer constar as datas de recepção e
aprovação dos artigos publicados.
Corpo editorial, na avaliação de qualidade de uma revista, considera-se
positiva a presença de um corpo editorial formado por pesquisadores reconhecidos e
atuantes na área, provenientes de várias instituições nacionais e estrangeiras. É
importante fazer constar a correta identificação da filiação institucional e geográfica
de cada um dos membros.
Apesar do avanço das publicações eletrônicas, o fluxo tradicional da
comunicação científica ainda permanece bem próximo do tradicional. Como
afirmaram Packer et al. (1998), “embora exista um número crescente de iniciativas
para a renovação do modelo de comunicação científica, a tendência dominante na
comunidade de editores e publicadores científicos é manter a sua essência e
aperfeiçoar progressivamente o seu funcionamento por meio de contribuições das
tecnologias de informação”.
Várias propostas e iniciativas surgiram desde o início do desenvolvimento da
publicação eletrônica e contribuíram para a renovação do processo de comunicação
científica tradicional. Dentre as principais tendências e perspectivas futuras para as
revistas científicas, destacam-se: a publicação totalmente eletrônica, o
gerenciamento eletrônico do fluxo editorial, a valorização do artigo como unidade
informacional, a interoperabilidade entre os sistemas e programas de revistas
eletrônicos existentes e o acesso aberto à informação. As versões impressas
deverão ser vistas como um subproduto das versões eletrônicas, invertendo o
processo atual.

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