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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília


Departamento de Ciência da Informação
Curso de Biblioteconomia

FLÁVIO MANOEL DA SILVA

O bibliotecário como mediador e disseminador da leitura em redes sociais


durante a pandemia do COVID-19

MARÍLIA
2022
FLÁVIO MANOEL DA SILVA

O bibliotecário como mediador e disseminador da leitura em redes sociais


durante a pandemia do COVID-19

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


Conselho de Curso de Biblioteconomia da
Faculdade de Filosofia e Ciências, da
Universidade Estadual Paulista – UNESP –
Campus de Marília, para a obtenção do título
Bacharel em Biblioteconomia
Linha de Pesquisa: Ciência da informação
Orientador(a): Prof. Dr. Helen de Castro Silva
Casarin.

MARÍLIA
2022

FLÁVIO MANOEL DA SILVA


O bibliotecário como mediador e disseminador da leitura em redes sociais
durante a pandemia do COVID-19

Relatório de Qualificação do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado Conselho


de Curso de Biblioteconomia da Faculdade de Filosofia e Ciências, da Universidade
Estadual Paulista – UNESP – Campus de Marília, para a obtenção do título Bacharel
em Biblioteconomia

BANCA EXAMINADORA

Orientador: ______________________________________________________
Orientadora: Profº. Helen de Castro Silva Casarin UNESP - Universidade
Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Filosofia e Ciências,
Campus Marília

2º Examinador:
___________________________________________________
Profº. João Batista Ernesto de Moraes UNESP - Universidade Estadual
Paulista "Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus
Marília

3º Examinador:
___________________________________________________
Drª Maria Elisa Pickler Nicolino UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio
de Mesquita Filho” Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus Marília

Marília, de 18 de Março de 2022.


AGRADECIMENTO

À minha orientadora Profº. Helen de Castro Silva Casarin, pela orientação e auxilio
para conclusão deste trabalho. Aos professores da UNESP por todos esses anos de
ensino e aprendizagem que levarei para minha vida toda. Um agradecimento especial
a todos meus colegas de turma que viveram essa experiência universitária ao meu
lado, sendo eles João Pedro, Barbara, Nayara, Debora, Iago e Camila, todos me
ajudaram a seguir firme e concluir esse trabalho. E por último, mas não menos
importante, um agradecimento a minha família que sempre acreditou no meu
potencial.
RESUMO

Este trabalho teve como intuito ressaltar a importância da leitura e sua


mediação nas redes sociais e discutir o papel do bibliotecário como mediador
dentro dessas plataformas digitais. O trabalho tem por objetivo identificar a
atuação de bibliotecários como agente mediador e disseminador da leitura
durante a pandemia do COVID-19 entre o segundo semestre de 2020 e
primeiro semestre de 2021. Dentro do desenvolvimento dessa pesquisa, foi
utilizado como fundamentação teórica o conceito de mediação, o impacto das
redes sociais nas crianças e jovens durante a pandemia, o papel do
bibliotecário como mediador e disseminador de leitura. A pesquisa mostrou as
técnicas e ferramentas que os bibliotecários encontraram para quebrar as
barreiras que o isolamento social criou, utilizando a rede social Instagram para
manter a mediação da leitura. Nossa coleta de dados foi realizada através da
netnografia e foi aplicada nos perfis de quatro bibliotecárias que utilizam a
plataforma digital Instagram tendo como público-alvo leitores. Os resultados
pontuaram quais ferramentas do Instagram as bibliotecárias mais usam e como
elas interferem em seus seguidores, seja através de comentários ou curtidas
no geral os resultados se mostram positivos, pois com tais ferramentas as
bibliotecárias criam uma comunidade de leitores ativos e participativos.
Consideramos que as vertentes de leitura e mediação são diferentes nas
redes, pois ao lidarmos com usuários muito mais dinâmicos e que passam
maior parte do dia em suas redes sendo esses leitores 2.0 e com a vinda da
pandemia esse número de usuários apenas cresceu, por isso é importante que
bibliotecários ocupem todos os espaços, seja físico ou digitais para estimular a
mediação e disseminação de leitura.
Palavras –chaves: Mediação da leitura; Isolamento social; Instagram; leitores
2.0.
ABSTRACT

This work aimed to emphasize the importance of reading and its mediation in
social networks and to discuss the role of the librarian as a mediator within
these digital platforms. The objective of this work is to identify the role of
librarians as a mediating and disseminating agent of reading during the COVID-
19 pandemic between the second half of 2020 and the first half of 2021. Within
the development of this research, the concept of mediation, the impact of social
networks on children and young people during the pandemic, the role of the
librarian as a mediator and disseminator of reading. The research showed the
techniques and tools that librarians found to break the barriers that social
isolation created, using the social network Instagram to maintain the mediation
of reading. Our data collection was carried out through netnography and was
applied to the profiles of four librarians who use the digital platform Instagram
having readers as their target audience. The results pointed out which
Instagram tools librarians use the most and how they interfere with their
followers, whether through comments or likes in general, the results are
positive, because with such tools librarians create a community of active and
participatory readers. We consider that the reading and mediation aspects are
different in the networks, because when dealing with much more dynamic users
who spend most of the day on their networks, these readers are 2.0 and with
the coming of the pandemic this number of users only grew, so It is important
that librarians occupy all spaces, whether physical or digital, to stimulate the
mediation and dissemination of reading.
Keywords: Reading mediation; Social isolation; Instagram; readers 2.0.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1– Panorama Geral...................................................................................13


Figura 2 – Quanto tempo as crianças passam na frente da tela do smartphone..14
Figura 3 – Atividades em geral realizadas na internet...............................................15
Figura 4 – Gênero literário lido nos últimos 3 meses por plataforma.....................16
Figura 5 – Interesse por Literatura por faixa etária.................................................18
Figura 6 – Perfil das bibliotecárias..........................................................................32
SUMÁRIO

1 Introdução 7

2 Leitura e sua mediação em contexto de mídias sociais 10

2.1 Conceitos mediação de leitura 10

2.2 Mediações da leitura em mídia social 13

2.3 O papel do bibliotecário mediador da leitura nas redes sócia 19

3 A netnografia como método de coleta de dados em CI 23

4 Metodologia 27

4.1Apresentação dos resultados 30

4.2 Na categoria indicação de livros 31

4.3 Na categoria IGTV 40

4.4 Na categoria TOP’S 47

4.5 Na categoria gênero literário 51


4.6 Discussão dos resultados 54

5 Considerações finais 58

Referências 60
10

1 INTRODUÇÃO

A mediação de leitura é uma atividade comumente relacionada a


somente exercícios vinculados à fomentação da leitura, porém a mediação de
leitura vai muito além de somente possuir o material, pois o contato não irá
garantir o domínio. Delmanto (2007,p. 9) comenta sobre a reflexão que envolve
a atividade:

 
Se pensarmos no caso específico da leitura, sabemos que não
basta colocar as pessoas em contato com materiais escritos,
embora essa seja a primeira condição. É preciso incentivá-las a
fazer descobertas e ajudá-las a realizar escolhas, a compreender
textos mais complexos, a conseguir avanços na formação do
gosto.  

O mediador deve ser aquele capaz de realizar estímulos que ajudem a


ultrapassar todas as barreiras e limites vinculados à leitura, conseguindo
cativar crianças, jovens e desconstruir tais estereótipos que limitam a mediação
da leitura. A mediação de acordo com Barbosa (2013, p. 11):

O mediador é alguém que toma o texto como um monumento que


precisa ser explorado, olhado, analisado, desconstruído se
necessário, para que possa emergir a voz, a compreensão singular
daquele que lê. “Alguém que manifesta à criança, ao adolescente e
também ao adulto uma disponibilidade”, um acolhimento, uma
presença dialógica e que, principalmente, considera o outro – que
precisa ser levado ao texto – como um sujeito histórico, cultural,

Um dos estereótipos que envolvem o bibliotecário como mediador é o


fator que envolve o local físico ao relacionar o bibliotecário com a biblioteca ao
afirmar que atividades relacionadas a mediação da leitura, por exemplo,
somente podem ser feitas na biblioteca física pessoalmente. Porém em 2020 o
bibliotecário necessitou romper essa barreira. Em meados de 2020 o Brasil
entrou em estado de pandemia pela COVID-19 um vírus causado pelo
coronavírus chamado SARS-CoV-2 apresentando sintomas clínicos de alto
risco. Com o surgimento do vírus a Organização Mundial da Saúde (OMS)
declarou estado de pandemia e isolamento social, uma série de medidas e
protocolos de saúde foram tomadas e orientações de segurança para evitar o
11

aumento do vírus nas cidades, por isso escolas passaram a efetuar aulas  
remotamente online  assim como bibliotecas escolares como públicas
necessitaram buscar novas alternativas para manter suas atividades como
bibliotecários ativas, mas sendo de forma remota a partir do trabalho em Home
Office.

Procurando uma nova alternativa, muitos leitores e bibliotecários


decidiram utilizar de novas plataformas para manter a fomentação da leitura
viva durante o período de pandemia.   Os profissionais tiveram que quebrar
novas barreiras, além disso, atividades como mediação da leitura tiveram que
ser reestruturadas com auxílio de ferramentas tecnológicas. Os bibliotecários
precisaram elaborar estratégias que facilitassem o vínculo entre os leitores e os
mediadores durante a pandemia.

Por meio de plataformas digitais o mediador conseguiu criar um vínculo


para uma comunicação dinâmica entre os leitores e consumidores de conteúdo
das mídias sócias, através de Lives e postagens que incentivam e fomentam a
leitura os bibliotecários conseguiram criar uma comunicação mais participativa
e ativa com os leitores 2.0. A mediação ultrapassa as barreiras tradicionais e
adentra no mundo das redes sociais orientando aqueles sendo considerados
leitores 2.0 apontando características e reflexões facilitando a intervenção da
leitura através das plataformas.                  

[...]o leitor 2.0 deslocar-se-ia, no interior do hipertexto, por múltiplos


espaços, lendo múltiplas linguagens e desfrutando, no processo de
leitura, de múltiplos ambientes virtuais. Desta perspetiva, sugerimos
a ideia de que o leitor 2.0 parece ser moldado a partir do contexto
sociológico e ideológico da modernidade [...] ( MESTRE, 2017, p. 4)
 

 Como forma de avaliação do papel do bibliotecário como mediador da


leitura durante a pandemia em meados de 2020, foram analisados por meio da
netnografia as redes sociais desses profissionais durante o período de
pandemia no intuito de responder à pergunta: como os bibliotecários vêm
atuando durante o período de pandemia com auxílio das redes sociais,
especificamente a rede social instagram ?
12

Objetivo Geral

O presente trabalho objetiva identificar a atuação de bibliotecários como


agentes mediadores e disseminadores da leitura durante a pandemia do
COVID-19 em mídias sociais.

Objetivos Específicos

- Analisar o conceito da mediação de leitura em mídias sociais;

-Ressaltar o papel do bibliotecário como mediador da leitura em mídias


sociais; 

- Analisar as atividades de mediação de leitura realizadas por bibliotecários em


mídias sociais utilizando a netnografia,

Justificativa

O número de crianças que se encontram nas redes sociais cresceu


exponencialmente durante o período de pandemia, de acordo com a empresa
mobiletime a qual efetua pesquisas relacionadas a crianças e smartphones o
número de crianças que passam mais horas na frente de um smartphone
aumentou durante esse período de 2019 e 2020.  As mídias oferecem
características e mecanismos que auxiliam em conteúdo multimidiáticos
possuindo uma liberdade textual e linguística compartilhada. Através desta
questão nossa pesquisa observou que as redes sociais principalmente o
instagram favorece uma troca de informações e estimula um desenvolvimento
e participação ativa dos usuários. Desta forma este estudo foi analisado como
os bibliotecários utilizaram o instagram como estratégia de comunicação e
adaptação para atividades de mediação da leitura.   

 
13

2- Leitura e sua mediação em contexto de mídias sociais

2.1.Conceito de mediação de leitura

Conforme o “Dicio dicionário online da lingua portuguesa” mediação


significa: “Ação ou efeito de mediar, de auxiliar como intermediário entre
indivíduos ou grupo de pessoas; intervenção.” (MEDIAÇÃO, 2009). No
dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia, de Cunha e Cavalcanti (2008,
p.242) o significado de mediação se aproxima do âmbito cultural:

Aquele que exerce atividades de aproximação entre indivíduos e as


obras de cultura. [...] O mediador cultural é um profissional com
formação cada vez mais especializada, obtida, nos países da Europa,
sobretudo em cursos de graduação e pós-graduação. Bibliotecários,
arquivistas e museólogos – espécies de mediadores – tem uma
formação específica mais tradicional, embora seus respectivos
currículos venham passando por alterações substanciais.

A mediação pode ser interpretada como a construção de significados


sendo uma intervenção entre duas partes, o mediador e mediado, para Gomes
(2010, p.88)

A mediação relaciona-se com a comunicação e se caracteriza como


um processo de intersubjetividades, resultante da negociação e da
disputa de sentidos, que permite aos sujeitos ultrapassar e
interpenetrar esses sentidos e gerar novas significações. A mediação
se opõe ao imediatismo, porque demanda o jogo dialético, sem o qual
inexiste.

A noção de mediação sempre está acompanhada da prática destinada à


reflexão no intuito de aprofundar o ponto de vista do mediado, seja na
comunicação ou em estabelecer relações mútuas entre duas ou mais pessoas.
A mediação para Dantas (2008, p.4) é interpretada da seguinte maneira:

O ato de mediar significa fixar entre duas partes um ponto de


referência comum, mas equidistante, que a uma e a outra faculte o
estabelecimento de algum tipo de inter-relação, ou seja, as
mediações seriam estratégias de comunicação em que, ao participar,
o ser humano se representa a si próprio e o seu entorno,
proporcionando uma significativa produção e troca de sentidos.

 Estratégia de comunicação é algo intrínseco na formação de um bom


mediador, criar ambientes de inter-relações é algo já pressuposto no âmbito,
14

principalmente quando nos referimos à mediação da leitura, afinal a leitura


também é uma variação da comunicação.  Para Guimarães (2002, p.58) a
leitura e comunicação:

A comunicação deve-se, em grande parte, à leitura. Trata-se aqui da


leitura num sentido amplo, ou seja, da percepção do mundo pelo leitor
mais atento. Isso não exclui a necessidade da leitura de textos, que
dá sustentação lingüística e acrescenta conhecimentos aos
adquiridos na observação cotidiana.

No processo de comunicação o ser humano utiliza de diversos métodos


como: verbal, sonora e visual. A partir dessas combinações de linguagens uma
pluralidade de expressões se mistura em produções tanto linguísticas quanto
extralinguísticas nessa perspectiva a visão dessas linguagens se abrange,
então é preciso ampliar uma noção de leitura que acompanhe essa linguagem.

Tanto a linguagem quanto a leitura exercem um papel de representação


social, ler é conhecer o mundo através de conceitos e definições, extraindo
significado prévio e atribuindo ao mundo ao seu redor, por tanto não se lê,
apenas as palavras, mas a sociedade ao seu redor. De acordo com Becker e
Grosh o contato com a leitura e escrita não garante o letramento, é preciso
saber usar o ler e escrever, respondendo às exigências da sociedade com a
leitura se tornando um leitor letrado. Ser letrado vai muito além de somente ser
alfabetizado, o letramento está vinculado ao indivíduo usufruir de todos os
benefícios do ato de ler possuindo pensamento crítico, adquirindo
competências e habilidades exigidas pela sociedade. Para que o indivíduo
possua tais competências o exercício da leitura deve ser positivo e incentivado
desde a infância. Bahiana (2009, p.69) diz  que:

O hábito de ler normalmente adquirido na infância é desenvolvido aos


poucos, à medida que a mente evolui sua capacidade de
concentração na leitura, a literatura é própria para fazer pensar,
desenvolver o raciocínio, a capacidade de discernir e resolver por
conta própria.

           

O incentivo a leitura e a criação do hábito de ler é algo que pode ser


adquirido em casa com familiares, podendo ser pais ou tios, avós, o ideal é que
a criança tenha a mediação da leitura dentro de um ambiente de conforto
15

familiar onde irá exercitar gradativamente sua alfabetização e evoluir suas


capacidades de leitor, logo a família se torna um ponto crucial para o incentivo
na tenra idade enfatizando para a criança o prazer de ler.  Para Bortolin e
Almeida( 2002, p.8)  um mediador é todo:

 profissional que tem a responsabilidade de acompanhar um leitor


durante a sua formação ou mesmo depois de formado (na medida em
que a formação é continua) quando em dúvida ou desencorajado,
solicita uma sugestão. 

É importante salientar que embora o mediador não precise ser


necessariamente um bibliotecário ou alguém vinculado à educação, o mediador
deve ser um indivíduo que possui apreço pela leitura e sempre tendo como
objetivo a formação de leitores críticos e conscientes. Martins (2002) relata
algumas competências relacionadas a um bom mediador:

A formação de mediadores de leitura, de forma competente, além de


conhecimento e domínio de técnicas de motivação de leitura, exige
conhecimento linguístico e características bastante subjetivas, como:
afetividade, sensibilidade artística, valorização e respeito a criança e
ao jovem considerando seu universo cultural e simbólico. O processo
de formação de mediadores é uma ação complexa que envolve muito
mais do que competências técnicas, mas também competência
humana e competência política.

Quando referente a um bibliotecário como mediador da leitura, Bortolin (2010)


ressalta determinadas competências que devem ser desenvolvidas no aspecto
da mediação literária, como o fato de realizar pesquisas e trazer subsídios e
métodos novos, sempre aprendendo novas técnicas de mediação, conhecer
múltiplas linguagens e conseguir estudar os interesses do mediado. Partindo
desse pressuposto, apontamos outra competência que o mediador deve
possuir na sua formação nos dias atuais: portar conhecimento da mediação em
plataformas de redes sociais, com a propagação de tais mídias os leitores vêm
conquistando cada vez mais espaço na internet principalmente entre crianças e
adolescentes.
16

2.2  Mediação da leitura em mídia digital:

Com o avanço dos dispositivos digitais o número de crianças e


adolescentes que possuem tablets, ipads, smartphone, iphones, cresceu
massivamente no Brasil uma pesquisa efetuada em entre o site de notícias
Mobile Times e a empresa online Opinion Box apresentam um conjunto de
pesquisas periódicas sobre os hábitos de serviços móveis dos brasileiros
atuando em pesquisas como (mobiletime 2020) “Uso de Apps; Comércio
Móvel/pagamentos móveis; Mensageira móvel; Uso de smartphones por
crianças; Identificação e Autenticação Digitais; Uso de celulares.” Nossa
pesquisa pretende analisar os gráficos“ Uso de smartphone por crianças”  que
nos mostrou quantas crianças possuem seus próprios aparelhos ou utilizam de
seus responsáveis e quantas horas por dia essas crianças ficam na frente da
tela do dispositivo.

[imagem 1]
17

  Fonte:  PAIVA( 2020).

Ao analisarmos o gráfico iremos ver que crianças entre 0 a 3 anos


61 % utilizam o aparelho, seja próprio ou dos responsáveis, tal proporção tem
um salto significativo com crianças entre 4 a 6 anos com 89% possuem
smartphones ou utilizam dos responsáveis já crianças de 7 a 9 anos temos
95% sendo o maior grupo em questão, entre as crianças de 10 a 12 anos 76%
já possuem seu próprio smartphone e apenas 19 % utilizam dos responsáveis.
Entre o número de crianças com o aparelho, também foi criado um gráfico
mostrando as porcentagens altas ao relatar a quantidade de tempo que as
crianças passam na frente do aparelho.

[imagem 2]

  Fonte:  PAIVA( 2020).


18

É importante ressaltar que estes números relacionados à quantidade


de tempo que as crianças passam na frente da tela do smartphone estão
vinculados com o período de pandemia de 2020 onde diversos brasileiros
ficaram confinados dentro de suas residências, então o número de horas seria
algo significativo, fosse o uso do aparelho para entretenimento ou para assistir
às aulas online, o fato a ser acentuado é que os números de crianças
brasileiras passando tanto tempo na frente de telas de smartphone vêm
crescendo cada vez mais em todo Brasil. 

A utilização de smartphones por crianças vêm se tornando algo


corriqueiro com a expansão do uso das tecnologias digitais. A prática de ver
vídeos, mandar áudios e escrever mensagens através desses dispositivos
móveis tornou- se algo comum para as crianças brasileiras. Pesquisa de
Retratos de Leitura no Brasil efetuada em 2020 para a 5.ª edição procura trazer
um perfil dos leitores no Brasil, falaremos especialmente nas crianças e nas
mídias sociais e bibliotecários. Em sua última edição em 2020 (FAILLA, 2020)
agrupou um número de dados referente a atividades realizadas na internet
entre outras atividades de leitores a qual iremos analisar neste trabalho.

[Imagem 3]

Fonte: FAILLA (2020)


19

Neste gráfico conseguimos ter uma visão mais ampla das atividades
realizadas na internet por faixa etária. Troca de mensagens no WhatsApp e
Facebook se encontram sendo as atividades mais frequentes, principalmente
para adolescentes entre 14 a 17 anos, porém quando analisamos atividades
focadas em leitura o percentual entre as crianças e adolescentes diminui, “Ler
notícias, jornais e revistas” se encontra entre 23% entre crianças de 5 a 13
anos e com 11 % com adolescentes de 14 a 17 anos, “ Ler textos ou estudos
em uma área de interesse “ ou “Ler livros”  não chegam nem mesmo a 15% se
analisamos os blocos referente a cada idade entre 5 a 17 anos.

Porém, se olharmos o gráfico e analisamos “enviar e receber e-mails“


“Acessar ou participar de redes sociais, blogs ou fóruns” entre qualquer outra
atividade que esteja relacionada com a leitura e escrita digital veremos que o
número de leitura digital é extremamente amplo. Devido ao avanço tecnológico
a informação e os meios de leitura e escrita estão sendo cada vez mais
direcionados ao mundo da internet, sejam meios como Facebook, Instagram,
WhatsApp entre outros.

[Imagem 4]
20

Fonte: FAILLA (2020)

Quando analisadas as atividades de leitura em plataformas de mídias


sociais vemos que os números são maiores que em materiais impressos.
Mensagens por WhatsApp  e redes sociais, como Facebook e Instagram se
encontram com porcentuais altos nos gêneros literários citados no gráfico
acima. Atualmente os leitores procuram interagir com diferentes suportes, as
mídias sociais possibilitam maior autonomia para o indivíduo, nesse novo
contexto social possui mais liberdade para explorar o texto e expressar suas
impressões de leitura estimulando uma participação ativa, pois ao ler uma
crônica em seu Instagram o leitor pode compartilha suas impressões sobre e
deixar comentários com outros leitores  transformando o ato solitário de ler em
um ato compartilhado, pois mesmo que a leitura tenha sido efetuada sozinha
no momento em que a criança ou adolescente deseja compartilhar suas
impressões sobre a leitura em suas redes sociais  ocorre uma troca de
compartilhamento de experiências e interpretações entre o grupo.     

Ao criar um grupo de leitura no WhatsApp, por exemplo, os leitores


acabam adquirindo total autonomia e fomentando a leitura, chegando até
mesmo a ter um papel de mediador, nesse sentido a independência dos
leitores nas mídias sociais ajudam a fomentar cada vez mais a leitura em tais
meios. Porém, esses elos de compartilhamentos podem trazer fragmentações
rasas, superficiais e pouco reflexivas de uma determinada leitura, pois muitas
vezes a leitura estimula em uma rede social possui um caráter superficial
devido à falta de um mediador com maior maturidade literária e educacional,
então é importante salientar que a leitura pelas redes sociais pode levar a uma
leitura preguiçosa e pouco explorada, como também pode trazer resultados
estimulantes e instigantes. O protagonismo do leitor nas redes sociais
possibilita um mar de ações e interações fazendo surgir uma nova realidade,
porém o papel de um bom mediador da leitura se torna ainda mais necessário,
pois ele irá guiar com maior experiência os leitores e ajudar a filtrar diferentes
experiências literárias. De acordo com Barbosa (2013, p. 11)

O mediador é alguém que toma o texto como um monumento que


precisa ser explorado, olhado, analisado, desconstruído se
21

necessário, para que possa emergir a voz, a compreensão singular


daquele que lê. “Alguém que manifesta à criança, ao adolescente e
também ao adulto uma disponibilidade”, um acolhimento, uma
presença dialógica e que, principalmente, considera o outro – que
precisa ser levado ao texto – como um sujeito histórico, cultural,
portanto, “construído por” e “construtor de palavras” carregadas de
sentidos.

Nesse sentido o mediador possui o papel de interpretar a mediação no


âmbito de redes sociais como aquele que irá trazer uma orientação,
compreensão e construção de sentidos para o mediado. Além disso, o
incentivo à leitura é um dos principais objetivos de um mediador. Ao voltarmos
a analisar os gráficos de Retratos da Leitura no Brasil 5.ª de 2020 vemos que o
interesse pela leitura é incentivado por:

[imagem 5]

Fonte: FAILLA (2020)

Ao analisarmos o gráfico referente ao interesse pela leitura e quem foi


o responsável por influenciar o leitor, vemos que os professores permanecem
na frente como os principais influenciadores, familiares como mães e amigos
possuem um percentual alto ao influenciar o gosto pela leitura, voltando a
ressaltar que um mediador não necessariamente precisa ser um educando,
mas também pessoas próximas. Quando paramos para analisar o percentual
de influenciadores digitais conseguimos interpretar que o número maior de
influência ocorre com adolescentes de 14 a 17 anos, além de possuir um
22

percentual razoável entre crianças de 5 a 13 anos. Um influenciador digital


segundo Silva e Tessarolo (2016) é um indivíduo que possui um grande
número de seguidores em mídias sociais e se destaca tendo grande
visibilidade e alcance de pessoas. O influenciador digital pode ser então
definido como um produtor de conteúdo que através de suas mídias sociais
conseguem influenciar no comportamento e persuadir as pessoas, possuindo
poder para engajar dentro e fora da internet. Porém, um influenciador difere de
um mediador, pois o engajamento oferecido pelo influenciador digital sempre
possui um cunho de Marketing e venda de algum item em específico nesse
caso do gráfico o influenciador digital poderia estar vinculado com alguma
editora para a divulgação de algum livro por isso gerou o interesse pela leitura
nas crianças e adolescentes.

Ao ressaltar a importância do influenciador digital conseguimos ter uma


visão melhor do que as crianças e adolescentes absorvem em suas redes
sociais quando procuram algo referente à leitura, porém o interesse motivado
pelos influenciadores digitais pode causar um impulso narrativo da  leitura de
modo superficial e raso, pois muitas vezes o intuito do influenciador digital está
vinculado ao Marketing de vendas e não necessariamente a mediação da
leitura, por isso a mediação da leitura em redes sociais efetuada por
mediadores capacitados como, por exemplo, bibliotecários, pode trazer mais
benefícios para os leitores que frequentam assiduamente as redes sociais.

2.3 O papel do bibliotecário como mediador da leitura nas redes sociais.

Os leitores vêm consumindo cada vez mais leitura nas redes sociais,
essas novas mídias trazem um protagonismo de empoderamento do leitor,
através de compartilhamento de seus interesses e experiências literárias em
comunidades como Instagram, por exemplo, o leitor gera participação um fluxo
de trocas de debates e experiências literárias. Através de uma comunicação
informal, o indivíduo inconscientemente começa a incentivar a leitura, pois
através dessas redes sociais o leitor desperta o interesse em outros indivíduos
através da fomentação. Porém, a mediação da leitura aplicada por
23

bibliotecários vai muito além de somente alentar e desperta o interesse no


indivíduo, para Dudziak (2003, p.31)

Profissionais flexíveis, multicapacitados, capazes de aprender ao


longo da vida. Informação, conhecimento e habilidade de lidar com
grandes massas de informações, assim como demandas pessoais e
profissionais, transformaram-se nos maiores determinantes dos
avanços sociais e econômicos.

Atualmente os leitores demonstram mais apreço por leituras vinculadas


às práticas das redes sociais onde podem se mostrar mais ativos e
participativos a relação do leitor com o texto em tais mídias faz  emergir um
protagonismo de acordo com Mestre( 2017, p.3) esses indivíduos são
denominados como leitor 2.0

O leitor 2.0 lê, essencialmente, de forma diferente e fá-lo desse modo,


sobretudo, porque os suportes com os quais tem contacto lhe
propiciam, pela sua natureza, um tipo de leitura que, contrariamente à
leitura característica dos suportes impressos – estável, contemplativa,
demorada – é, em alternativa, mais intensa, rápida e dinâmica.
Notase, aliás, neste sentido, que esta rapidez e este dinamismo são,
elas próprias, características herdadas do meio digital.

Tais práticas de leitura estão vinculadas com o ambiente, sendo


influenciados por suas vivências, afinal crianças e adolescentes passam maior
parte do seu dia a frente de smartphones tendo esses novos suportes
contribuído para ajudar a criar esses leitores 2.0 cuja comunicação e leitura
estão vinculadas às redes, adquirindo uma leitura mais frenética e rápida e
multimidiática, pois enquanto ler um conto no instagram o leitor pode estar em
simultâneo em um grupo de WhatsApp falando suas impressões sobre para
amigos e posteriormente ir para o Facebook procurar mais contos. Goicoechea
de Jorge (2011, p.3-4 apud MESTRE 2017, p. 4) fala que ”a sobrecarga
informativa a que estamos submetidos diariamente nos tem transformado e
isso afeta também a categoria de leitores em que nos convertemos”

Atualmente a leitura pode ser contemplada e encontrada em espaços


das redes sociais. Tomael e Marteleto (2006, p. 75) falam que redes sociais
são:
24

Um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades


sociais) conectadas por relacionamentos sociais, motivados pela
amizade e por relações de trabalho ou compartilhamento de
informações e, por meio dessas ligações, vão construindo e
reconstruindo a estrutura social.

Em meados de março de 2020 a OMS (Organização Mundial da


Saúde) estabelece um protocolo de segurança do distanciamento social
declarando pandemia mundial a COVID-19, levando diversos brasileiros a se
manterem isolados em suas residências. O isolamento social trouxe novos
dilemas, hábitos e costumes  uma nova cultura de aulas remotas e trabalhos
em home Office, o distanciamento social fez com que a sociedade está cada
vez mais conectada a internet e utilizando inúmeras ferramentas de mídias
sociais, dentro desse novo convívio as redes sociais ganharam um novo
aspecto principalmente para os jovens, onde as redes adquiriram um caráter
mais “acolhedor” sendo vista como uma “bolha” onde o jovem e a criança
poderiam entrar em suas redes e se distanciar da pandemia. Embora de forma
superficial, as redes sociais ajudaram esses indivíduos a desconectar de tudo
que estava ocorrendo com o Brasil e o mundo. Em sua entrevista na revista
“Ciência e Saúde Coletiva “ em 2020 Suely Deslandes fala sobre as redes
sociais e o distanciamento social: 

Como indicam várias cartilhas e orientações de instituições de


saúde, a internet nesse momento de isolamento social possibilita
manter as interações com amigos, familiares e vizinhos. Mesmo
aqueles que não estão podendo fazer o isolamento social, com a
suspensão das aulas e de muitas frentes de trabalho, também estão
mais tempo em casa e acessando mais a internet. O acesso à
internet possibilita que muitos continuem a ter aulas, a manter
atividades de trabalho, a participar de atividades culturais e
artísticas e acessar suas redes de apoio. É através das redes
digitais que se tem acesso a informações sobre a pandemia e as
formas de proteção. A internet tem o papel fundamental de manter
uma certa rotina e parâmetros de "normalidade" nesse momento de
suspensão das atividades presenciais.

Mesmo antes da pandemia e do isolamento social o uso das redes


sociais por crianças e jovens já era uma atividade corriqueira, as redes sociais
se tornaram uma fiel companheira durante o isolamento, um local de
entretenimento para aqueles que procuram “desconectar” do mundo usufruindo
todo tempo possível nas redes.  
25

A partir dessa percepção atribuída acerca do comportamento dos


usuários durante a pandemia e fazendo um paralelo com as atividades de
leitura realizadas nas redes, visto que agora eles se encontram cada vez mais
conectados, como os bibliotecários podem se comunicar e levar a mediação da
leitura para esses grupos?   

Levando em consideração que o governo precisou empregar uma


ordem de fechamento das bibliotecas tanto de âmbito escolar quanto pública
muitos bibliotecários foram impelidos ao trabalho home office, porém como
manter o trabalho da mediação da leitura?  Na atual situação da pandemia a
realidade do mundo físico caminha lado a lado ao mundo virtual, sendo
necessário que o bibliotecário seja capaz de incorporar novas ferramentas no
seu cotidiano e que possibilitem uma nova mediação da leitura. Como
bibliotecários os mediadores da leitura devem sempre buscar melhorias e
aprendizagem procurando crescer cada vez mais suas competências e
qualidades, Rasteli e Cavalcanti (2013) traçam competências do profissional
mediador da leitura que podem ser adaptadas para as redes sociais:

-Ser leitor ativo;

 -Conhecer teorias da leitura;

- Valorizar as narrativas orais (Mediação Oral da Literatura)

-Viabilizar o acesso à informação em seus diferentes suportes

- Desenvolver a Advocacy em biblioteca pública;

 -Conhecer as políticas públicas para o livro e a leitura;

- Estar atento às multiplicidades culturais;

- Estabelecer relações afetivas com o leitor

- Trabalhar em equipe;

-Estabelecer parcerias.

- Ter competências aplicadas as TICs;


26

-Conhecer e utilizar as ferramentas da Web 2.0;

- Buscar a educação continuada;

O mediador deve ser uma pessoa atenta às possibilidades veiculadas


com o público, atento a explorar novas ferramentas, principalmente as de web
2.0, pois as redes sociais como Facebook, Instagram e WhatsApp, possuem
um impacto maior entre as crianças e adolescentes e a web 2.0 disponibiliza
diversas possibilidades direcionada a comunicação. 

3. A netnografia como método de coleta de dados em CI


O foco do nosso trabalho no momento, foi marcado por uma análise da
mediação da leitura, mais especificamente nos dispositivos móveis e nas
plataformas das redes sociais. Um dos métodos de pesquisa que vem sendo
utilizado no contexto das mídias e no ciberespaço da internet e no
desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação (TIC) é a
netnográfia  um método de pesquisa que possui um caráter voltado para
ambientes digitais através da observação e análises dos dados observados na
cultura da internet.

A netnográfia se deu origem através da etnografia “ termo etnografia


surgiu como um neologismo no início do século XIX. Porém, naquele momento
a palavra era utilizada em seu sentido restrito, isto é, como uma descrição das
etnias” (GÓMEZ PELLÓN,1995 apud, CORRÊA; ROZADOS,2017).A etnografia
possui sua base voltada para a antropologia, porém com o decorrer dos anos
as temáticas relacionadas a etnografia se ampliaram para outras áreas como, a
psicologia social, marketing e administração de empresas. Kozinets,
(2014) define a etnografia como:

O que é etnografia exatamente? Etnografia é uma abordagem


antropológica que adquiriu popularidade na sociedade, nos estudos
culturais, no marketing e na pesquisa de consumo, e em muitos
outros campos das ciências sociais. O termo se refere ao ato de
fazer trabalho de campo etnográfico e ás representações baseadas
em tal estudo.      

 
27

Contudo, com o surgimento e a popularização de novas tecnologias


trouxe para o pesquisador novas formas de agregar métodos a suas pesquisas
e dentro desse contexto que surgiu a netnografia sendo desenvolvida nos anos
90 no campo da pesquisa de marketing, sendo de certa forma muito
semelhante à etnografia, pois se baseava muito na observação e na
comunicação no campo, porém online. A netnografia não é um método
totalmente novo, mas uma evolução natural da etnografia acompanhando o
progresso das (TIC).

Kozinets (2010) apresenta algumas semelhanças entre a netnografia e


etnografia:

1. É naturalista, seguindo as expressões sociais em suas aparições


online.

2. É imersiva, levando o pesquisador a um entendimento profundo e


engajado.

 3. É descritiva, buscando transmitir a realidade rica das vidas dos


consumidores contemporâneos, com todos seus significados
culturais ocultos, bem como seus gráficos coloridos, desenhos,
símbolos, sons, fotos e vídeos.

4. É multi-métodos, combinando muito bem com outros métodos,


online e offline, como entrevistas e videografia. Como todos os
métodos, a netnografia funciona ainda melhor quando triangulada
com outras fontes de insights. Complemente a netnografia com
surveys, por exemplo, para validar a replicabilidade dos resultados.

 5. É adaptável, movendo-se sem dificuldades de fórums de


discussão para blogs, wikis, mundos virtuais, redes sociais,
podcasts, comunidades móveis online e offline e o que quer mais
que o futuro venha a trazer. 

A netnografia enfatiza a comunidade virtual enquanto a etnografia


parece recorrer a grupos sociais fora da internet, desse modo sendo uma
extensão que pesquisa grupos sociais no ciberespaço não sendo formado por
apenas um grupo homogêneo, afinal a internet é um local vasto com diversas
comunidades e pessoas diferentes. Os dados de uma pesquisa netnográfica
são produzidos através de observações pessoais de uma determinada
plataforma e principalmente sobre a comunidade que frequenta aquela
plataforma o pesquisador entra como um estrangeiro que desejava conhecer
um local desconhecido, uma cultura e comunidade nova, estando aberto a
28

analisar tudo ao seu redor, suas interações e significados, bem como as


relações criadas através daquele grupo, tudo é válido no momento de obter
dados de notas de campo online.

Entretanto a netnografia pode encontrar dificuldades em relação à


coleta de dados nas redes sociais, pois muito do conteúdo exposto nestas
plataformas não são produzidas para cunho de pesquisa e para coletas de
dados e estudo, por isso em determinados casos o pesquisador netnografico
deve avaliar o caráter público que está sendo analisado Corrêa e Rozados
( 2017), alega que dados obtidos na internet podem ser difíceis serem tratados
pelos seguintes motivos:

a) as informações para contato dos usuários podem não estar


disponíveis nos perfis; b) em algumas plataformas, os usuários
usam pseudônimos ou “avatares”, o que dificulta a verificação da
identidade;

 c) os usuários podem estar dispersos no território nacional ou


mesmo internacional;

d) por questões de logística o termo de consentimento informado


poderia ser enviado pela internet, porém a validade do documento
poderia ser questionada em função do formato digital,

 e) enviar os termos de consentimento informado em formato


impresso envolveria obter o endereço postal dos usuários, além do
alto custo para o pesquisador, e) o número de postagens e usuários
poderia ser muito grande para realizar este processo de caráter
burocrático.

Porém, publicações públicas devem consideradas principalmente em


redes sociais, já que muitos usuários dessas redes possuem consciência que
aqueles dados da plataforma estão disponíveis publicamente, em suma essa
realização da obtenção de dados realizada pelo pesquisado deve ser avaliada
de uma forma que possa se adaptar ao ambiente digital já que a ética
tradicional pode não se aplicar totalmente no mundo online.  Outro problema a
qual Corrêa (2017), alega relacionado que o pesquisador netnográfico deve
saber optar entre a realização de uma pesquisa ética tradicional ou buscar
formas de adaptar os padrões éticos para o ambiente digital, caso o
pesquisador opte entre a ética tradicional existe o risco de não conseguir
coletar dados o suficiente para a elaboração de um estudo, pois iria exigir que
29

o pesquisador entrasse em contato com todos os usuários daquela


comunidade escolhida, por isso deve ser proposto um olhar mais crítico sobre o
contexto inserido seu estudo, pois o mundo digital possui suas particularidades
que devem ser consideradas.

Para Herrera e Passerino (2008) um dos desafios no método


netnográfico é:

[...] aplicação do método netnográfico dá-se principalmente na busca


por informantes confiáveis, pois ao mesmo tempo em que as
comunicações mediadas por computadores no ciberespaço permitem
flexibilidade e maior facilidade no processo de coleta de dados,
também acabam por levar a fontes nem sempre confiáveis, da
mesma forma como é comum encontrar informantes não regulares ou
instáveis, prejudicando a linearidade e ordenamento dos dados
obtidos, [...]

Quando abordado sobre as coletas de dados,  Kozinets (2014) fala


sobre três categorias de dados coletados em campo: dados arquivados, dados
extraídos e dados de notas de campo.  Os dados arquivados são vinculados às
publicações espontâneas dos participantes da pesquisa em suas comunidades
sem haver participação do pesquisador envolvido. O segundo se relaciona com
a participação do pesquisador e os membros da comunidade através de
questionários, entrevistas e comentários nas postagens.  Já os dados de notas
de campo consistem em anotações do netnográfico sobre aspectos da
comunidade pesquisada.

Kozenits (2014) ainda afirma que estudos de netnografia que apenas


consideram a comunicação, sem explorar os significados culturais e sócios do
“terreno” analisado, são apenas análises de conteúdo. A netnografia procura
uma incursão na comunidade virtual, estudando detalhadamente e observando
os participantes, apresentando uma coleta e interpretação dos dados, uma
manifestação social, uma forma de cultura na comunidade virtual. Por fim a
netnografia mesmo sendo relativamente nova, possui uma relação muito mais
social e possui uma maneira de olhar para o campo de pesquisa que procura
acentuar a cultura, não sendo apenas uma ordem de metodologias a serem
seguidas.
30

As redes sociais, assim como a netnografia são metodologias


extremamente recentes, e se apresentam como um terreno de estudo muito
fértil para estudo. Conforme Molina e Aguilar (2005) as redes sociais
expressam um conjunto de pessoas conectadas por relacionamentos em
comum, motivados por interesses e amizades compartilhando informações e
por meio dessas conexões, vão construindo comunidades sociais.
As redes sociais são sites em que usuários interagem entre si,
discutindo algum tema, alimentando o conteúdo ou colaborando para
o desenvolvimento de um site. As redes sociais são chamadas de
redes, pois os internautas estão interligados em rede compartilhando
informações e interagindo entre si. Os usuários estabelecem relações
sociais por meio de conversas, produção e troca de informações na
internet. (SILVA; BACALGINI, 2009).

Diante da quantidade de redes sociais existentes atualmente, nossa


pesquisa decidiu focar apenas na comunidade Instagram. De acordo com um
estudo elaborado pela Socialbackers (2020) a plataforma Instagram  se
encontrou em maior popularidade durante a pandemia tendo um aumento de
34,7 % a mais do que o Facebook; quando  comparado com os números de
2019 o Instagram cresceu 11,3 % enquanto o Facebook perdeu 17,6%, além
disso, o número de interações com o Instagram foi de 22 vezes maior durante a
pandemia.

5 METODOLOGIA / PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O objetivo deste trabalho é identificar a atuação do bibliotecário como


agente mediador e disseminador da leitura durante a pandemia do COVID-19
no Instagram. Pretendemos investigar se os leitores que atuam nessa
31

plataforma digital são leitores ativos e como compartilham tal espaço com perfil
de bibliotecários que atuam como mediadores da leitura. A hipótese é que as
redes sociais contribuem para a fomentação da leitura em período de
pandemia, pautando na multiplicidade do leitor 2.0 e como os bibliotecários
buscaram estratégias para manter o fluxo de mediação literária no ambiente
digital.

O presente trabalho é qualitativo, exploratório e descritivo. Uma pesquisa


qualitativa procura trazer informações que superem apenas estatísticas
baseadas apenas no fenômeno estudado.  Para Haguette (apud VALENTIM,
2005, p. 19)

A pesquisa qualitativa fornece uma compreensão profunda de certos


fenômenos sociais apoiados no pressuposto da maior relevância do
aspecto subjetivo da ação social face configuração das estruturas
sociais, seja, a incapacidade da estatística de dar conta dos
fenômenos complexos e dos fenômenos únicos.
 

O estudo também é de natureza descritiva, possui o intuito de descrever


as características dos usuários da rede estudada e o perfil dos bibliotecários e
sua atuação como mediador.
O processo descritivo visa à identificação, registro e análise das
características, fatores ou variáveis que se relacionam com o
fenômeno ou processo. Esse tipo de pesquisa pode ser entendida
como um estudo de caso onde, após a coleta de dados, é realizada
uma análise das relações entre as variáveis para uma posterior
determinação dos efeitos resultantes em uma empresa, sistema de
produção ou produto. (PEROVANO, 2014).

  

O campo empírico da pesquisa é a rede social Instagram, em particular


os bibliotecários que utilizam a plataforma para atividades de mediação da
leitura.

A pesquisa empírica tem a intenção de avançar ou aprimorar o


conhecimento sobre o mundo que nos cerca e, para isso, requer a
realização de experimentos ou, como é mais comum nas Ciências
Humanas e Sociais, de observações. Independentemente do tema ou
da área da pesquisa, o ideal seria observar todos os aspectos da
realidade, levando em conta todas as variáveis e reconhecendo as
peculiaridades de seus arranjos na composição de cada fenômeno.
(FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011, p. 55)
32

A internet pode representar desafios para o pesquisador,


principalmente quando o âmbito estudado é referente às redes sociais, uma
plataforma que possui facetas sociais, culturais e até mesmo políticas com
destaque nas relações e comunicações entre diversas comunidades e
usuários, por isso o estudo direcionado a tais relações exigem métodos mais
adequados para a coleta e análise das práticas sociais e culturais e a
netnografia que possui raízes na etnografia possui uma abordagem de
pesquisa adequada para uma rede social.

[...] a netnografia não busca retratar a risca e fielmente uma realidade,


mas sim uma descrição que parta de um esforço do observador em
perceber o ponto de vista do “nativo”, permitindo uma compreensão
dos fenômenos sociais envolvidos através do olhar do outro. Deste
modo, tanto a etnografia tradicional quanto a netnografia dão grande
importância à relação e comprometimento que o pesquisador tem
com seu objeto de estudo, inclusive no aspecto reflexivo que permeia
a análise que dará gênese à etnografia como resultado final.
(HERRERA; PASSERINO, 2008. p.4)

Para Kozinets(2002, apud NOVELI, 2010, p. 117-118) a netnografia


possui cinco fases: entrée cultural, coleta de dados, análise e interpretação,
validação com os membros pesquisados e ética de pesquisa. Entrée cultural
está relacionado ao objetivo da pesquisa e identificação da rede social; a
segunda envolve a coleta dos dados adquirida, assim como as notas do
pesquisador, análise é a classificação dos atos envolvendo a comunidade
digital, a quarta tem a ver com a validação de pesquisa junto aos indivíduos
pesquisados e permitir que o pesquisador opine sobre o que foi observado e se
está coerente com a realidade e por último esta referente ao anonimato dos
indivíduos pesquisados e o cuidado que pesquisador possui referente a ética
de conteúdos públicos e privados.

 Em nosso trabalho seguirmos todas as etapas. Nosso propósito é


mostrar como a mediação da leitura ocorre através da comunidade virtual
Instagram  especificamente na atuação dos usuários enquanto leitores 2.0 e os
bibliotecários. Iremos utilizar comentários, avaliações, feedback e atividades de
mediação dos bibliotecários nos perfis para ilustrar nossa pesquisa, visto que
nosso intuito é mostrar como esses perfis e leitores desta comunidade virtual
interagem com as atividades de mediação da leitura efetuadas por
bibliotecários online. 
33

A pesquisa foi dividida em três fases: a primeira foi observação do perfil


dos bibliotecários. Tendo a impossibilidade de analisar todos os perfis,
coletamos os dados a partir de amostragens, utilizando como critério:
bibliotecários com mais de 30 publicações, com mais de 100 seguidores e com
publicações recentes e com mais de 10 curtidas nas publicações.

A seleção dos perfis foi escolhida através da ferramenta hashtag, essa


ferramenta possui o objetivo de identificar o conteúdo publicado para que as
pessoas com o mesmo interesse no assunto consigam fazer pesquisas com
mais eficiência. Nessa pesquisa utilizamos a #bibliotecario como meio de
encontrar com maior facilidade os perfis dos profissionais. Foram selecionados
três perfis com as características pré-definidas já citadas, mais de 30
publicações no perfil, 100 seguidores e com publicações recentes com mais de
10 curtidas.

A segunda parte da pesquisa foi a análise do material das publicações


relacionadas à mediação da leitura, avaliando quais atividades de fomentação
da leitura e quais gêneros literários são disseminados para os usuários que
seguem o perfil.

Em terceiro foram avaliados os feedbacks para verificar se há


socialização e interação entre os usuários, se eles influenciam ou não o
conteúdo do bibliotecário através dos comentários, relacionar aspectos
considerados relevantes como participação ativa e comunicativa, por meio de
observações das interações sociais na rede.  A partir das postagens que
identificamos como relevantes para a pesquisa, fizemos uma coleta através de
prints deste material criamos uma tabela, onde analisamos as categorias das
publicações, frequência e porcentagem de cada publicação.

Cap 5.1 Apresentação e análise dos resultados

Neste capítulo estão reunidos os dados coletados nas redes sociais do


perfil de quatro bibliotecárias analisados sobre as atividades de mediação da
leitura realizadas durante a pandemia.

A primeira bibliotecária, Elani Araújo do perfil “dicadebibliotecaria”, com


415 publicações e 6.526 seguidores com 58 postagens no segundo semestre
34

de 2020 e durante o primeiro semestre de 2021 conteve o total de e 35


postagens dando o total de 93 postagens entre o segundo semestre de 2020 e
primeiro semestre de 2021. Além disso, a bibliotecária Elani Araujo possui um
canal no Youtube com o mesmo nome “dicadebibliotecaria”. Seguindo, temos a
profissional Gabriela Pedrão com 1.664 publicações e 10.5 mil seguidores,
contendo 16 postagens no segundo semestre de 2020 e 11 postagens no
primeiro semestre de 2021, somando o total de 27 postagens voltadas para a
mediação da leitura e também possui um canal no Youtube com o nome “É o
ultimo eu juro!”. Patrícia Bezerra é a terceira bibliotecária e possui o perfil “uma
bibliotecária” com total 352 publicações e 2.146 seguidores, e 14 postagens no
segundo semestre de 2020. A bibliotecária possui um curso chamado “
Simbora Narra História 2.0”. A última bibliotecária é Leticia com o perfil
“Biblioleticia” com 58 publicações e 57,1 mil seguidores, 105 publicações no
segundo semestre de 2021.

As postagens da bibliotecária Patrícia Bezerra somente foram


publicadas durante o segundo semestre de 2020 e não possuem publicações
recentes em 2021 até o momento da coleta da pesquisa, assim como a
bibliotecária Leticia que começou seu Instagram no segundo semestre de 2021
e por isso não possui postagens para o segundo semestre de 2020 e nem para
o primeiro semestre de 2021. Nós decidimos escolher esses dois perfis devido
à falta de material de bibliotecários no Instagram ativos e voltados para a
fomentação da leitura e mesmo com o curto período de publicações as
bibliotecárias Patrícia Bezerra e Leticia se mostraram mediadoras competentes
em suas publicações.
Decidimos separar as publicações por seis categorias, sendo elas: indicação
de livros, IGTV/Reels, TOP’S, Gênero Literários entre eles, infantil,
infantojuvenil, romance e outros, postagens com mais de 10 comentários e
postagens com mais de 10 curtidas.

Quadro 1: total de postagens por categorias


Categorias frequência %
Indicação de livros 81 18%

IGTV / Reels 113 25%


35

TOP’S 33 7%

Gêneros Literários
Infantil 165 37%

Infantojuvenil 71 16%

Romance 50 11%

Outros
20 4%
Posts com mais de 10
comentários 94 21%
Posts com mais de 10
curtidas. 227 100%

5.2 Categoria indicação de livros:

Elani, entre as quatro profissionais, é a bibliotecária com maior número


de posts. A bibliotecária Elani Araújo possui o total de 46 postagens indicando
livros infantis e infantojuvenil, em suas postagens a bibliotecária costuma
colocar uma imagem da capa do livro e embaixo da ilustração uma pequena
resenha referente a história abordada no livro, além disso a bibliotecária
disponibiliza e-books gratuitos que podem ser baixados em um link em seu
perfil para baixar alguns livros.

[Imagem 6]
36

Fonte: Instagram @dicadebibliotecaria (2020 )

Elani Araújo utiliza de postagens mais curtas e dinâmicas para ressaltar


os aspectos do livro e da história, seus textos tendem a ser enxutos e de fácil
compreensão, os comentários em suas postagens são geralmente elogios ou
dúvidas de como baixar os e-books gratuitos, sua postagem com maior número
de comentários foi “Dica de Leitura Reinações de Narizinho” com 11
comentários.

[Imagem 7]
37

Fonte: Instagram @dicadebibliotecaria (2020 )

Os comentários dessa postagem estão mais vinculados a memória


afetiva que Reinações de Narizinho possui com leitores sendo uma leitura
clássica brasileira. Os demais comentários em outras postagens da
bibliotecária são elogios curtos, ressaltando a importância do livro ou
mostrando sua afeição pela história. Elani Araújo possui poucos comentários
em suas postagens, entre 46 postagens 5% delas não possui nenhum
comentário.

Em seguida a bibliotecária Leticia do “biblioleticia” com 20 posts


majoritariamente voltado para o público LGBTQIA+ em suas postagens
explorando temas como romance, comedia e suspense, em suas postagens a
bibliotecária utiliza uma foto da capa do livro e no segundo post coloca a
indicação de faixa etária, uma citação do livro e coloca uma nota com estrelas
de zero estrelas a cinco.
38

[Imagem 8]

Fonte: Instagram @biblioleticia (2021 )

[Imagem 09]
39

Fonte: Instagram @biblioleticia (2021 )

Na legenda do post Leticia faz uma resenha pontuando personagens,


narrativa, o que mais gostou e o que não gostou na leitura, sendo uma resenha
por tópicos e com escrita simples e de fácil compreensão curta e objetiva,
disseminando seu ponto de vista e atraindo mais pontos positivos do que
negativos sobre o livro. Além disso Leticia deixa explicito temas que podem ser
delicados para algumas pessoas e por isso deixa em destaque, como por
exemplo, este livro da imagem onde ela ressalta que ele possui: “Homofobia,
vicio, abuso, sexo e palavrões.

[Imagem 10]
40

Fonte: Fonte: Instagram @biblioleticia (2021 )

Biblioleticia possui comentários em suas postagens, sendo grande


maioria elogios, além disso, os seguidores ressaltam suas opiniões sobre a
leitura e pontuam sobre o que concordaram na resenha feita pela bibliotecária
tornando aba de comentários um local de discussão sobre a leitura, também
acabam marcando amigos que podem ter interesse na leitura. Entre as 20
postagens da bibliotecária Leticia 20% possuem mais de 10 comentários,
gerando um fluxo e interação constante com seus seguidores, um grupo
majoritariamente jovem, sendo uma comunidade ativa e muito participativa.
Seu post com maior número de comentários é do livro “Mentirosos” do autor E.
Lockhart com 46 comentários.

A terceira bibliotecária é Gabriela Pedrão, com 13 postagens


relacionadas a livro, suas postagens são acompanhadas por fotos onde ela
normalmente está segurando o livro nas mãos ou foto somente da capa do
livro. Na legenda da foto a bibliotecária faz resenhas com uma linguagem
informal e simples, mostrando grande conexão com os seguidores, além disso,
41

a bibliotecária utiliza de muitas # em suas legendas variando desde:


#literaturainfantil, #bibliotecaria,#leitura, sendo a bibliotecária entre as quatros
bibliotecárias que mais utiliza essa ferramenta, sendo usada com objetivo de
direcionar o usuário para uma publicação referente a leitura.

[Imagem 11]

Fonte: Instagram @gabrielabpedrao (2020 )

[Imagem 12]
42

Fonte: Instagram @gabrielabpedrao (2020 )

Entre as 13 publicações, 2% possuem mais 10 comentários, a


bibliotecária possui um perfil desde 2015 e por isso sua comunidade se
mostrou muito conectada. Além disso, Gabriela possui um canal no Youtube e
um clube de leitura e por isso vincula muito suas postagens com essas duas
outras plataformas, maior parte dos comentários são relacionados ao livro e
perguntas referente ao seu canal no Youtube e clube de leitura. O posts com
maior número de comentários foi do livro “As brasas” do autor Sándor Márai
com 34 comentários.

A quarta bibliotecária é Patrícia Bezerra do “uma bibliotecaria” seus


posts são majoritariamente voltados para contação de histórias e dicas para
bibliotecas escolares, por isso o número de postagens indicando apenas um
43

livro é menor sendo ao todo quatro postes publicados com a foto da capa do
livro ou ela segurando o livro, usando uma legenda rápida e simples.

[Imagem 13]

Fonte: Instagram @uma_bibliotecaria (2020 )

Sua postagem com maior número de comentários foi do livro “Guilherme


Augusto Araújo Fernandes” sendo uma postagem especial para o dia do livro
infantil com total de nove comentários elogiando pela indicação do livro e
ressaltando o carinho que possuem pela história do livro.

[Imagem 14]
44

Fonte: Instagram @uma_bibliotecaria (2020 )

5.3 Categoria IGTV

O IGTV é uma ferramenta utilizada para gravar vídeos com no máximo


60 minutos, entre os perfis analisados nessa pesquisa o perfil biblioleticia da
bibliotecária Leticia é o responsável pelo maior número de IGTV postados em
sua conta tendo o total de 75 vídeos possuindo um grande alcance de
visualizações e curtidas.

[Imagem 15]
45

Fonte: Instagram @biblioleticia (2021 )

A bibliotecária Leticia utiliza o IGTV para criar vídeos curtos e dinâmicos,


envolvendo unboxing que seria o ato de desembalar um produto e no caso dos
IGTV da bibliotecária seriam caixas com livros, os conteúdos dos vídeos variam
de livro para livro, porém sempre seguem com algumas características como
legendar seu vídeo abrangendo para o público com deficiência auditiva e
colocar a faixa etária de indicação do livro em destaque. Além dos unboxings
seus vídeos também possuem trends bem humoradas com brincadeiras
voltadas para leitores e livros em um estilo muito semelhante ao Tik Tok, maior
parte de seu conteúdo está voltado para a comunidade LGBTQIA+ sendo
histórias com diversas faixas etárias.

[Imagem 16]
46

Fonte: Instagram @biblioleticia (2021 )

A interação com seus seguidores é amigável e divertida possuindo uma


boa comunicação e troca de comentários, sendo uma comunidade jovem e
espontânea, principalmente em seus vídeos de Trends onde muitos
comentários ressaltam o humor do vídeo. 75 de seus vídeos no IGTV 39%
deles possui mais 10 comentários.

Elani Araújo do perfil “dicadebibliotecaria” se encontra sendo a segunda


bibliotecária que mais utilizou o IGTV entre 2020 e 2021 com total de 30 IGTV
ao todo, possuindo um grande alcance de visualizações e curtidas em seus
vídeos.

[Imagem 17]
47

Fonte: Instagram @dicadebibliotecaria (2020 )

O IGTV da bibliotecária Elani Araújo está vinculado a fazer pequenos


vídeos rápidos e dinâmicos com legendas simples e uma música de fundo
animada no intuito de mostrar livros infantis folheando as páginas, fazendo
trends e IGTV de interações como perguntando aos seguidores que tipo de
livros eles estão lendo no momento e dando dicas de leitura.

[Imagem 18]
48

Fonte: Instagram @dicadebibliotecaria (2020 )

A comunicação e interação com seus seguidores é muito ativa sempre


respondendo ou curtindo todos os comentários e tendo uma relação muito
afetiva e espontânea com os comentários que sempre são de carinho
elogiando os livros apresentados e também elogios a bibliotecária pelos seus
projetos no Instagram. Assim como a bibliotecária Gabriela Pedrão, Elani
Araújo possui um canal no Youtube e durante alguns IGTV ela vincula seu
Instagram com seu canal com o mesmo nome do perfil.

O IGTV da bibliotecária Gabriela Pedrão é composto por nove vídeos


relacionados a leituras do mês e series que está assistindo, nesses IGTV a
bibliotecária se comunica de modo informal e simples gerando maior conexão
com o público. No conteúdo do vídeo a bibliotecária lista os livros que terminou
naquele mês e fazendo breves apontamentos sobre o que achou da leitura e
49

logo em seguia aponta os livros que não terminou de ler e outros que deseja
começar.

[Imagem 19]

Fonte: Instagram @gabrielabpedrao (2020 )

Os comentários relacionados aos vídeos em sua grande maioria são


compartilhando suas opiniões sobre os livros a qual a bibliotecária apresenta e
também compartilham suas frustrações de leituras atrasadas juntamente com
alguns elogios, além disso, muitos inscritos utilizavam a aba de comentários
para pedir vídeos temáticos, principalmente pelo fato de Gabriela Pedrão
possui um canal no Youtube direcionado para biblioteconomia e biblioteca
escolar, assim como resenhas de livro.

[Imagem 20]
50

Fonte: Instagram @gabrielabpedrao (2020 )

Patricia Bezerra do perfil “uma_bibliotecaria” possui total de 10 IGTV


entre o ano analisado na pesquisa, dentre esses vídeos a bibliotecária faz
vídeos rápidos e dinâmicos focados em ajudar os bibliotecários que possuem
interesse em contação de história para crianças, nesses vídeos curtos ela faz
trends dando dicas simples e bem humoradas voltados para o mundo dos
contadores de história.

[Imagem 21]
51

Fonte: Instagram @uma_bibliotecaria (2020 )

5.4 Categoria TOP’

Na categoria TOP’S separamos todas as publicações que possuíam o intuito de


divulgar mais de um livro, as bibliotecárias utilizaram desse estilo de posts para indicar
livros, mas não necessariamente classifica-los como primeiro ou segundo lugar, os
TOP’S foram apenas um modo a qual elas encontraram para divulgar mais livros em
uma única postagem.

Ambas bibliotecárias Leticia do perfil “biblioleticia” e Elani Araújo do perfil


“dicadebibliotecaria” postaram ao todo 10 TOP’S em seus perfis, sendo Elani Araujo
mais focada em literatura infantil e Leticia em romances LGBTQIA+. O TOP com maior
número de curtidas da bibliotecária Elani Araújo é o post TOP 5 – Bibliografias para
inspirar crianças e jovens com total de 262 curtidas e 21 comentários.

[Imagem 22]
52

Fonte: Instagram @dicadebibliotecaria (2020 )

Separando o total de cinco bibliografias para crianças, a bibliotecária apresenta


diversas figuras importantes para a história, desde Marie Curie a uma coleção de que
apresenta bibliografias de personalidades negras trazendo maior representatividade
negra para o post. A postagem gerou engajamento positivo nos comentários com
muitos elogios e muitos seguidores pedindo o link para poderem comprar o livro
através da Amazon, pois a bibliotecária possuía um link de parceria.

O TOP da bibliotecária Leticia do perfil biblioleticia foi TOP 5 livros LGBTQIA+


com final feliz. 13.024 curtidas e 62 comentários, possuindo um foco maior na
comunidade LGBTQIA+ Leticia sempre aborda temáticas que envolvem a
comunidade, porém existem estereotípicos que envolve as histórias envolvendo
personagens da comunidade em que afirma que os finais sempre são tristes, por isso
nesse TOP a bibliotecária quebra esse estereotípico ao listar livros com finais felizes.
Na postagem Leticia faz uma pequena lista pontuando informações sobre a história e
coloca a classificação etária para cada livro.

[Imagem 23]
53

Fonte: Instagram @biblioleticia (2021 )

Os comentários dessa postagem variaram entre elogios e perguntas sobre qual


livro deveria começar ler primeiro, o engajamento como um todo se apresentou de
modo positivo e com muita participação dos seguidores que compartilharam suas
opiniões sobre os livros e marcando amigos com seus @ que possam ter interesse
nos livros indicados.

Patrícia Berezza possui o total de oito TOP’S focados para leitura infantil entre
os TOP’S “5 Livros legais para contar histórias sobre sentimentos”. Total 181 curtidas
e 11 comentários. Na legenda do post a bibliotecária ressalta a importância de ter
repertorio na hora de lidar com crianças pequenas em escolas e como trabalhar os
sentimentos delas através de histórias.

[Imagem 24]
54

Fonte: Instagram @uma_bibliotecaria (2020 )

O engajamento dos TOP foi positivo e agradou todos os seguidores que


comentaram com elogios, além disso o aplicativo a qual a bibliotecária usou
para ler os livros, também comentou agradecendo pela divulgação e
contribuição com o projeto dos livros, a bibliotecária sempre marca os @ das
editoras e dos aplicativos que utilizou para ler os livros e deixando especifico
que é não é uma “publi” termo usado para se referir a postagens em parcerias
com um terceiro, por isso Patrícia deixou esclarecido na legenda do poste.

Seguindo temos a bibliotecária Gabriela Pedrão com total de seis


postagens direcionadas aos TOP sendo sua postagem com maior número de
curtidas e comentários “ 8 Livros com protagonistas negras” com total de 1.095
curtidas e 85 comentários, na legenda da postagem a bibliotecária ressalta
como o racismo vem crescendo nos tempos atuais principalmente durante o
período pandêmico e por isso é importante lutar contra, cada um da sua forma,
por isso ela oferece livros, mostrando como a literatura pode ser poderosa, pois
oferece tanto conhecimento como identificação.

[Imagem 25]
55

Fonte: Instagram @gabrielabpedrao (2020 )

Os comentários da postagem geraram um engajamento muito positivo


com muitos elogios para os livros e comentários referentes à legenda da
bibliotecária ocorrendo uma discussão sobre o racismo e como a literatura
possui um papel importante, principalmente para as crianças que procuram
maior representação.

5.5 Categoria Gêneros Literários

As categorias de gêneros literários abordadas nas postagens dos perfis


analisados foram separadas em: livros infantis, infantojuvenil, romance e
outros. Os infantis foram classificados pela faixa etária indicado nos livros,
assim como os infantojuvenil, os de romance pelo gênero e os outros são livros
com menor frequência nas postagens, sendo livros desde terror a não ficção.
Os livros infantis são ao todo 165 postagens sendo a bibliotecária Elani Araújo
com maior número de publicações nesse gênero com 88 postagens em
seguida a bibliotecária Patrícia Bezerra com 42 postagens e Gabriela Pedrão
com 35 post do gênero literatura infantil, a bibliotecária Leticia não possui
56

postagens relacionadas a literatura infantil. O gênero infantojuvenil possui o


total de 71 postagens, a bibliotecária com maior número de postagens
infantojuvenil é bibliotecária Elani Araújo com 31 postagens do gênero
infantojuvenil, a bibliotecária Leticia possui o total de 23 postagens, Gabriela
Pedrão com nove postagens e Patrícia com oito posts. O gênero literário
romance tem o total de 50 postagens. A bibliotecária Leticia fez 43 posts com
livros no gênero romance e Gabriela Pedrão com total de sete postagens. A
última categoria foi classificada como outros, sendo essas postagens com
menor número de frequência, mas que ainda sim apareciam a bibliotecária
Gabriela Pedrão possui o total de 14 postagens que variam desde Borges a
Kafka e Metaliteratura, a bibliotecária Patrícia Bezerra possui 6 postagens
focadas em contação de história, mediação de leitura e técnicas de narração.

A bibliotecária a qual faz mais publicação por gênero literário é Elani


Araújo com total de 88 postagens de livros infantis, possuindo esse gênero
como seu principal alvo em seu perfil, gerando uma boa repercussão e
engajamento, principalmente pelo fato de muitos dos seus seguidores serem,
professores ou pais e que tem interesse em disseminar a leitura infantil para as
crianças.

[Imagem 26]
57

Fonte: Instagram @dicadebibliotecaria (2020 )

Leticia do perfil bibliotecia possui o maior número de postagens de


gênero de romance, sendo eles direcionados a romances LGBTQIA+ com total
de 43 postagens ao todo, os livros variam de faixa etária sendo desde 14 anos
a 18 anos, mas abrangendo um grande número de literatura para jovens,
utilizando de muitos TOPS e IGTV para disseminar o gênero.

[Imagem 27]
58

Fonte: Instagram @biblioleticia (2021 )

6 Analise Geral:

Observando os perfis das bibliotecárias vemos que elas promovem de


outras atividades na internet envolvendo a mediação e disseminação de leitura,
não se restringindo somente ao Instagram, utilizando de outras ferramentas
como Youtube, Podcast e Tik Tok. A internet possibilita a integração entre
mídias e atraindo públicos com objetivos em comum, então não é incomum
encontrar usuários que estão no Tik Tok para o Instagram. Pode-se observar
essa interação entre usuários nos comentários das postagens, onde
normalmente assuntos referentes ao Youtube ou outra plataforma estão
presentes. As interações entre os usuários nos perfis demonstram essa
conexão entre as diferentes mídias.

Ao avaliarmos as interações entre os usuários com base em seus


comentários referentes as postagens, destaca-se uma linguagem informal e
simples e sinaliza que os principais usuários são possivelmente leitores jovens,
essa argumentação talvez se explique pelo fato que obras consideradas
59

juvenis possuírem maior número de comentários. No entanto definir a idade de


um usuário em perfis como Instagram é muito difícil uma vez que é possível
alterar sua idade nas redes sociais, porém podemos apontar que livros de
cunho juvenil são predominantemente vistos nos perfis das bibliotecárias com
mais comentários e curtidas. Já postagens de cunho infantil possuem menos
comentários, pois o público voltado para esse tipo de leitura normalmente está
associado a adultos como pais e professores ou responsáveis por crianças
pequenas que estão à procura de leitura infantil.

As avaliações nos comentários tendem a ser mais positivas que


negativas, variando desde comentários de elogios a observações mais
detalhadas, os comentários dos usuários estão totalmente interligados as
resenhas nas legendas que as bibliotecárias fazem, ou seja, se a resenha
considera aspectos relevantes na construção literária como, enredo,
personagens, temáticas e estilo, nota-se que os comentários serão mais
aprofundados e com maior engajamento, mas quando a resenha na legenda é
mais simples os comentários também iram seguir com essa linguagem, por
isso postagens que possuem resenhas bem desenvolvidas e pontuadas
tendem a ter maior engajamento nos comentários.

O engajamento entre as postagens das bibliotecárias se mostrou maior


em posts onde ocorre a divulgação de livros como em TOP’S, esse estilo de
postagem tende a agradar maior número de usuários, principalmente TOP’S
temáticos, seja devido a uma data especifica ou gênero literário, esse tipo de
postagem agrega mais no engajamento, pois com uma quantia maior de livros
compartilhando o mesmo posts a chance de agradar usuários diferentes é mais
fácil, então caso um livro não chame atenção o outro possivelmente irá, assim
como todos os livros também podem, por isso postagens em TOP’S são tão
populares entre os perfis das bibliotecárias. Além dos TOP’S outro meio de
postagem com muito engajamento é o IGTV uma ferramenta própria do
Instagram que permite fazer vídeos de até 60 minutos. Os vídeos das
bibliotecárias variam entre vídeos curtos, estilo Tik Tok com trends que seria
as “tendencias” mais usadas, sendo esse estilo de vídeo muito mais atraente
para os usuários, pois tendo um público majoritariamente jovem esse estilo de
vídeo se torna mais chamativo.
60

Em relação ao Instagram como meio de mediação e disseminação de


leitura, existe uma conexão entre os usuários e bibliotecários, pois mesmo que
o ato de ler seja uma experiência particular e individual os leitores desejam
compartilhar suas experiências e devido a popularidade do Instagram o leitor
encontra um meio digital como mecanismo de comunicação. Através desses
perfis criados por essas profissionais, as bibliotecárias dessa plataforma atuam
como influenciadoras e essa relação se torna notória ao constatarmos pelo
número de seguidores que seus perfis possuem, gerando uma afinidade entre
os usuários e bibliotecárias, esses perfis também utilizam de recursos da
plataforma para poder ouvir a opinião dos usuários, seja através do “gostei” ou
comentários o ambiente é feito para dar voz aos leitores. Entregando um
feedback para os perfis e desse modo as bibliotecárias projetam resenhas ou
indicações, através desses feedbacks que as bibliotecárias conseguem
assumir seu papel nas redes criando um elo de compartilhamento de
experiências de leitura e exaltando a sua importância, transformando um ato
solitário em algo compartilhável, construindo conexões e uma comunidade
ativa.

Procurando trazer um discussão referente a trabalhos e artigos que


envolvam a mediação da leitura nas redes sociais durante o período
pandêmico, nós fomos atrás de temáticas que envolvam tais características,
porém como a pandemia sendo algo relativamente recente, assuntos
envolvendo a mediação da leitura, redes sociais e COVID-19 não foram
encontrados, mas através de nossa pesquisa encontramos um trabalho de
doutorado de intitulado “Práticas de leitura e mediação literária na plataforma
digital Skoob” da estudante Lucilene Cordeiro da Silva Messias,(MESSIAS,
2019). A plataforma Skoob é uma rede social utilizada por leitores que desejam
compartilhar suas leituras, seja através de resenhas ou comentários em postes
a observação ocorreu no período entre 2018 e começo de 2019 antes da
ocorrência pandêmica do COVID 19, sua pesquisa foi dividida em duas partes,
sendo a observação do perfil leitor e dos recursos existentes na Skoob
coletando apenas amostragem de perfis ativos que resenham mais de 10
títulos e obtiveram mais de 10 comentários nas resenhas e que tivessem um
número significante de seguidores. Os critérios utilizados pela Lucilene
61

Cordeiro da Silva Messias apontam para as atividades dos leitores na


plataforma que muito se assemelham com os leitores encontrados no
Instagram, pois se mostram um grupo majoritariamente jovem e com interesse
em leitura de cunho mais juvenil e tendo avaliações mais positivas que
negativas nos comentários tendo uma interação entre os usuários muito
pacifica com linguagem simples e informal. Porém um ponto ao qual Messias
(2019) critica em sua pesquisa é o fator dos leitores muitas vezes fazerem
avaliações superficiais sem aspectos relevantes para a obra em seus perfis na
Skoob e ressalta que o debate que se estabelece a partir daquela resenha é
fraco devido à falta da experiência literária e de mediação e ao contrário da
nossa pesquisa onde os perfis no Instagram são gerados por bibliotecárias
com suporte didático, as resenhas encontradas no Skoob tendem a diminuir a
obra como um todo. Este sem dúvidas é uma das maiores diferenças entre
nossa pesquisa no Instagram em perfis de bibliotecárias e a pesquisa da
estudante Lucilene Cordeiro da Silva Messias na plataforma da Skoob com
perfil de leitores mediadores, os parâmetros para avaliar qualitativamente as
obras literárias são diferentes, no Instagram as bibliotecárias não se reprimem
somente a resenhas nas legendas, como fazem Reels ou IGTV e TOP’S
entregando maiores ferramentas no momento da mediação de uma obra, além
de possuírem mais experiências no ato de mediar, afinal a mediação se
encontra sendo uma das principais características para um bom profissional
bibliotecário, enquanto na Skoob devido a um número reduzido de ferramentas
se limitam mais as resenhas escritas. Outros pontos envolvendo as diferenças
das plataformas se encontram em destaque entre as duas pesquisas, pois
dentro da Skoob existem ferramentas a qual o Instagram não possui, como por
exemplo, baixar livros em PDF, porém o comportamento dos leitores nos
comentários das postagens se mostrou muito semelhante e em ambas
pesquisas concordamos que os leitores 2.0 se mostram muito mais atraídos
pela leitura conjunta na internet, pois mesmo que a leitura se mostre uma
pratica solitária os leitores 2.0 procuram comunidades de leitores em redes
sociais para compartilhar suas leituras encontrar amigos com gostos em
comum e indicações de livros, sejam de bibliotecários em seus perfis ou de
leitores nas redes.
62

7 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O período pandêmico do COVID-19 transformou o modo como as pessoas


enxergavam e se relacionavam com as redes sociais. As redes se tornaram um
meio de escapismo da sociedade e um acalento durante o isolamento social,
os usuários encontraram um meio de fuga e entre essas redes sociais. O
Instagram foi a plataforma com maior número de crescimento, possuindo
ferramentas como: posts, reels e IGTVS para preencher a plataforma. Essa
nova dinâmica entre os usuários em relação ao Instagram nos fez indagar
como se encontrava a relação de leitura na plataforma, afinal a leitura também
se modificou com o surgimento da internet e das redes sociais, além disso o
número de perfis no Instagram aumentou exponencialmente durante a
pandemia, tendo a partir dessa percepção atribuída acerca do comportamento
dos perfis. Através de nossa pesquisa fizemos um paralelo com as atividades
63

de leitura realizadas nas redes, visto que agora tudo se encontra cada vez mais
conectados, como os bibliotecários se comunicaram entregaram a mediação da
leitura para esses grupos?   
Fatores que foram ressaltados acerca desses usuários nessa pesquisa é o
modo como o sujeito leitor das redes sociais assume um comportamento muito
distinto e dinâmico, visto que a interação nas redes pode ser tanto textual,
visual e sonoro sendo algo associado a diferentes tipologias textuais, exigindo
do leitor um conhecimento e capacidade específicos envolvendo o digital.
Devido a este aspecto do isolamento social e desses leitores 2.0 os
bibliotecários necessitaram desenvolver novas técnicas relevantes acerca da
pratica de leitura nas plataformas como um meio de quebrar as barreiras do
isolamento social e manter as atividades de mediação com caráter educativo e
vinculado com o lazer, proporcionando ao usuário diversas formas de uma
atividade de mediação de leitura.
Através dos resultados desse trabalho, apontamos que as mudanças
relacionadas às práticas de mediação de leitura durante o período pandêmico,
trouxeram uma nova visão relacionada aos bibliotecários, quebrando o
estereótipo de que um bibliotecário necessita de uma biblioteca para exerce
sua profissão, com o Instagram os bibliotecários se mostram versáteis
utilizando de ferramentas da própria plataforma, seja com posts de indicações,
reels ou IGTV, demonstrando que o ato de mediar pode ir muito além de
somente entregar um livro a uma pessoa.
Os bibliotecários assumiram um papel de mediadores ativos, ou mesmo
influenciadores e sendo denominados pela comunidade do Instagram como
“Bookstagram” que seria a junção de book, livro em inglês e Instagram, ou seja,
perfis que possuem o intuito da disseminação de livros e da leitura e a partir
desses perfis, influenciando ativamente na motivação e nas práticas literárias
de seus seguidores exercendo seu papel de mediador em uma nova vertente
digital para leitores 2.0.
No Instagram os bibliotecários criam um vínculo e estabelecem dinâmicas de
comunidade leitora orientando e disponibilizando recursos, como links para e-
book gratuitos e resenhas bem elaboradas ou apenas uma troca de
socialização e compartilhar informações e saberes sobre as obras. O
Instagram representa uma plataforma de socialização onde os indivíduos
64

encontram uma plataforma versátil e fértil para exploração e foi através desses
mecanismos que os bibliotecários exploraram a leitura na atualidade, novos
espaços e novas maneiras, trazendo reflexões e circulando obras para todas
as idades e gêneros. A pandemia nos mostrou uma realidade a qual muitas
bibliotecas necessitaram fechar suas portas, porém esse impacto apenas
serviu para mostrar que bibliotecários são diversos e estão sempre preparados
para espalhados, seja pelas bibliotecas públicas ou pela internet.
Dessa forma concluímos este trabalho ressaltando a importância da mediação
da leitura nas redes sociais, principalmente em período pandêmico.

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