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(ISCED-HUÍLA)
Autores:
Lubango
(2021)
0
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
(ISCED-HUÍLA)
Lubango
(2021)
1
Dedicatória
ii
2
Agradecimentos
Aos nossos pais, nossas esposas e nossos filhos: que acreditaram em nós.
Sempre que precisámos de apoio e carinho, foram o nosso porto seguro e fonte de
inspiração;
Aos nossos professores e aos nossos colegas: pelo apoio prestado durante a fase
de elaboração, até a consumação desse grande fim. Em especial ao Professor
Doutor Alexandre Sakukuma, que sem piscar o olho aceitou o nosso pedido e abriu
uma vaga dentro do seu horário apertado para nos orientar em todas as fases do
projecto;
iii
3
Resumo
O hábito de leitura tem vindo a tornar-se, entre diversos académicos, num assunto
de relevo, dado que hoje existe uma tendência enorme de o perder na sociedade.
Por isso, propusemo-nos a investigar o tema intitulado: “A Literatura Infantil e o
Hábito de Leitura: Um estudo realizado com os professores do ensino primário da
escola nº 97 de Quipungo”. Se ler é um acto de exercitar a mente, de alcançar o
entretenimento e deleites, por um lado, por outro, é um modo de construção do
conhecimento; por isso, enquanto professores e pais, preocupa-nos a perda dessa
prática.
4
iv
Abstract
The habit of reading has become, among several academics, a major issue, given
that today there is a huge tendency to lose it in society. With this research we tried to
know the influence that children's literature has on students' reading habits. For this
reason, we set out to investigate the topic “Children's Literature and the Reading
Habit: A study carried out with the teachers of the primary school of school nº 97 in
Quipungo. If reading is an act of exercising the mind, of reaching entertainment and
delights, on the one hand, on the other, it is a way of building knowledge; therefore,
as teachers and parents, we are concerned about the loss of this practice.
Primary education constitutes the basis of the individual's training and the reading
habit, obviously, must be part of that basis. Our research has shown that children's
literature is an effective resource to inculcate in boys the habit of reading, in order to
change the course that society has been taking today on this subject. If it is “small
that the cucumber is twisted”, then it is just that in order to save this noble exercise it
is necessary to act since childhood, linking children to the world of reading from an
early age in the family and in primary education through children's literature.
The results of the survey applied to teachers in the school under study proved the
important influence that children's literature can have on the formation of reading
habits in primary school students.
5
v
Índice
Dedicatória ………………………………………………………………………...….….......ii
Resumo …………………………………………………………………………………........iv
Abstract ……………………………………………………………………………………… v
Índice ………………………………………………………………………………………… vi
0. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 11
0.1- Justificação do Trabalho e da Escolha do Tema............................................................ 13
2.3.1. O Professor................................................................................................................... 28
6vi
2.3.2. A Biblioteca Escolar .................................................................................................... 30
2.3.3. A Família ....................................................................................................................... 32
CAPÍTULO III – ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS ................................................................... 35
3.1. Apresentação do Estudo ........................................................................................................ 36
Bibliografia ............................................................................................................................................ 58
Webgrafia ........................................................................................................................................... 60
Apêndice ........................................................................................................................................... 61
vii
7
Lista de siglas e acrónimos
CEJ – Ciências Económicas e Jurídicas
viii
8
Lista de gráficos Página
Gráfico nº10 – Subgéneros da literatura infantil que despertam maior interesse nos
alunos………………………………………………………………………………………..…….…. 54
Gráfico nº11 – O Acesso dos alunos aos livros literários na escola primária nº 97 de
Quipungo…………………………………………………………………………………...………... 55
Gráfico nº14 – Os textos contidos nos manuais de leitura do ensino primário ajudam a criar
o gosto pela leitura?…………………………………………………………….………………..… 58
Gráfico nº15 – Motivos que fazem com que os textos contidos nos manuais de leitura não
tenham efeitos sobre o hábito de leitura…………….………………………..…………….……. 59
Gráfico nº16 – O que os professores têm feito para incentivar o hábito de leitura, de modo a
compensar a lacuna dos manuais de leitura do ensino primário ……………………………... 60
Gráfico nº17 – Estratégias usadas na aplicação de textos para a promoção do hábito de
leitura…………………………………………………………………………………………………. 61
Gráfico nº18 – A forma como os pais podem ajudar na promoção do hábito de leitura nos
seus educandos ………………………………………………………………………………….… 63
ix
9
0. INTRODUÇÃO
10
0. INTRODUÇÃO
A Leitura “é a capacidade que o indivíduo possui de, uma vez dominadas as técnicas
de decifração gráfica, poder interpretar, fazer inferências, analisar criticamente,
compreender o conteúdo de um texto, e posteriormente, utilizar essa informação na
construção do conhecimento em novos contextos. É no acto de ler que, por vezes, se
encontra um espaço lúdico e de evasão que abre as portas à imaginação e à
criatividade. Saber ler põe, assim, à disposição da pessoa, a possibilidade de
compreender melhor o mundo que a rodeia, bem como de dar resposta a solicitações
de natureza pessoal, social e profissional.” (SILVA P. A., 2012, p. 3)
Corroborando com esta ideia, MARTINS, (2006, citado por Moreira, 2017)1 define
leitura como sendo “um processo de compreensão de expressões formais e
simbólicas, não importando por meio de que linguagem”. Entende-se nesta definição
que ler não é apenas um processo de decifração de palavras, mas também uma
forma de perceber o mundo através de outras formas de linguagem.
A pessoa que lê ganha novas tendências, novas culturas, novas realidades, enfim,
nova mentalidade, em função de novas viagens que vai fazendo por meio deste
exercício. “A dinâmica da leitura envolve a percepção de símbolos, a compreensão
1 Disponível em:
http://www.researchgate.net/publication/321586571_A_IMPORTANCIA_DA_LEITURA_NA_EDUC
ACAO_INFANTIL acessado a 11 de fevereiro de 2020, 17:32.
11
dos seus significados, a reacção consequente das experiências anteriores e a
integração de novas experiências.” (ÁLVARES, 2001, p. 41)
Esta constatação deu-nos azo para realizar este trabalho, por isso, nos propusemos
a pesquisar as formas de promover o hábito de leitura nos alunos do Ensino
Primário, no caso em concreto, da Escola Primária nº 97 de Quipungo.
O presente trabalho obedeceu a uma estrutura dividida em quatro partes, sendo que
cada uma corresponde a um capítulo.
No terceiro capítulo, fez-se a apresentação dos dados por meio de gráficos e uma
análise minuciosa dos resultados dos inquéritos realizados aos professores da
Escola nº 97 de Quipungo sobre o tema do trabalho, cujas respostas foram
comparadas em percentagens.
12
0.1- Justificação do Trabalho e da Escolha do Tema
Constata-se, hoje, no Ensino Primário e não só, o problema da perda do gosto pela
leitura em função de variadíssimos factores interligados: a aprendizagem lenta do
acto de ler, talvez relacionada com a qualidade dos professores direccionados às
escolas primárias (pois, raros são os alunos que sabem ler até a 4ª classe); a
indisponibilidade do material orientador para os professores; as planificações dadas
aos professores, que várias vezes não vão ao encontro do contexto, nem do alcance
dos objectivos predefinidos pelo ministério; o tempo atribuído ao ensino da Língua
Portuguesa e o tipo de textos seleccionados nessas aulas. Este último, considerámo-
lo ainda mais relevante, sem desprimor de outros factores, por ser um catalisador do
gosto pela leitura. É a partir do texto, o seu conteúdo, a estória que conta, o final que
encerra, que o aluno vai alimentar-se, procurando (ou pedindo do professor) por mais
textos parecidos de forma a “fomentar” a sua ânsia por estes contos; e dessa forma,
criar o hábito de leitura.
Assim, cada vez mais, é necessário olharmos para a infância com o objectivo de
travar este “ócio” e tentar “salvar” a próxima geração.
De acordo ainda com o mesmo autor, esse primeiro contacto com a literatura é
fundamental no desenvolvimento da criança, pois, quanto mais estímulos ao mundo
da literatura, mais fácil será a formação do pequeno leitor.
Para ZILBERMAN (1998, citado por Miliavaca, S/D, p. 6)2, “a leitura para as crianças
deve ser feita em voz alta, tanto na escola como na família”. As obras infantis
apresentam um mundo encantado, onde a criança pode fantasiar várias coisas com
o seu enredo e personagens. É possível através de um livro realizar actividades
diversas, nas quais a criança coloca a sua imaginação e toda a sua criatividade em
prática, despertando muitas vezes um artista que está escondido dentro de si.
De acordo com (MESQUITA & PEDRO, 2014, pp. 105-106), os adultos deverão
desde muito cedo contar estórias às crianças, mesmo que elas não entendam tudo.
Em casa, ou no jardim escolar, a criança de 2, 3 anos vai começar a ter as suas
primeiras aulas de literatura – ela ouve a estória e de tanto ouvir, ela fixa, retém
2
Disponivel em:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://gephisnop.weebly.com/uploads/2/3/9/6/
23969914/a_importancia_da_literatura_na_educao_infantil.pdf&ved=2ahUKEwj8hrzL5_TqAhWRC2M
BHbY2Bp8QFjABegQICRAB&usg=AOvVaw0hagREyJA6QUekzOjt_xsH, acessado aos 06 de
fevereiro de 2020, 11:56
14
frases e pode até repeti-las. Com 3, 4 anos a criança pode seguir a estória pelas
imagens do livro, saber o nome de quem a escreveu, identificar a estória com o
nome e a fotografia do autor. Se assim fizermos, ao ir para a escola aos 6 anos, a
criança já saberá distinguir um livro de estórias de brincar de um livro didáctico. Ao
chegar à escola, a criança já terá amor pelo livro, porque a estória contada ou lida
em locais e tempos certos deram-lhe um momento de ternura, de atenção por parte
do adulto, de expectativa, surpresa, alegria e bem-estar.
Que podemos fazer ou dizer para lhes abrir essa porta [de iniciação à leitura
literária]? Como convence-los (ou anima-los) a ler? Como e quando nasce o
gosto pela leitura? Investigamo-nos como leitores à procura da obra que nos
activou o gosto e, outras vezes, limitamo-nos a procurar os culpados: a
televisão, o cinema, os videojogos… ainda que saibamos nós, leitores, que
nada é incompatível com a leitura. (MOÇO, MARTINS, LUCIANO, &
MATOSO, 2014, p. 26)
Já Capila e tal (2013), mostra que uma possível solução para o problema consiste
em trabalhar na mente do aluno. Para eles, “sensibilizar o aluno para o facto de que
uma obra pode sintonizar com outra, pode ser por ela interrogada… é provocar no
leitor um «efeito de espelho» na sequência do qual ele reencontra a sua liberdade de
pensar e adquire autonomia” (CAPILA, GASPAR, PEREIRA, JOÃO, & CHIELA,
2013, p. 66)
15
Com efeito, sentimo-nos na obrigação de trazer à tona a problemática relacionada
com a falta do hábito de leitura nos alunos do ensino primário.
0.4- Objectivos
0.4-1. Geral:
0.4-2. Específicos:
16
0.6- Metodologia
Esta amostra foi Probabilística, onde qualquer professor que fez parte da população
poderia ter sido alvo da nossa pesquisa, desde que não se excedesse a
representatividade amostral. A respectiva selecção obedeceu ao critério da amostra
aleatória simples, pelo que cada elemento escolheu um número do sorteio que o
habilitou ou não a participar da pesquisa. O sorteio foi realizado nos dois períodos
(manhã e tarde), de modo a não excluir a probabilidade que cada um tinha de
participar, já que a população estudada está distribuída nesses turnos.
17
CAPÍTULO I – A PROBLEMÁTICA DA DEFINIÇÃO DA
LITERATURA INFANTIL
18
1.1. Conceito de Literatura Infantil
O mesmo autor, define literatura como “uma arte que utiliza como meio de expressão
e comunicação a linguagem verbal, uma específica categoria da criação artística, um
conjunto de textos resultantes desta actividade criadora, uma instituição de índole
sociocultural”. (SILVA V. M., s.d., pp. 38-39)
Porém, a sua existência é confirmada pela produção de numerosas obras não só por
serem destinadas às crianças, como também assim serem classificadas.
19
1.2. Características da Literatura Infantil
A literatura infantil não tem seus limites claramente definidos, que a separe do tipo de
literatura orientado para jovens, porque quem a lê é que a define e a classifica como
sendo literatura para crianças e jovens. Esta é a razão pela qual Andrade (1994,
citado por Dias, 2010, pp. 25-26) questiona:
Embora qualquer adulto possa, ler obras de literatura destinada para a infância, aliás,
é com este que a criança vai aprender a ouvir ou a ler estórias narradas e chegar a
percebê-las, a criança não terá a mesma liberdade por motivos próprios que não
devem ser ignorados e entregues ao consumo infantil: a presença do escândalo ou a
complexidade da linguagem.
Disponivel em:
3https://www.researchgate.net/publication/334663323_Historias_de_Dona_Rachel_leitura_da_trilogia_
20
▪ Apreciação do carácter didáctico, educando ao jovem leitor preceitos da
sociedade e/ou condutas sociais;
▪ Preferência pelos diálogos e diferentes factos;
▪ Comummente os actores são crianças, que são os principais personagens
das histórias;
▪ Geralmente, as narrativas terminam em final feliz (TAVARES, 2010, pp. 9-10).
São essas as características que a distinguem da literatura para adultos; esta última
com um nível de linguagem mais elaborado, mais poético, e situações mais densas
na acção, cujas expressões são, em muitos casos, inadequadas à infância. Este é o
motivo de a criança ir crescendo de acordo com um tipo de literatura, colocando em
prova a sua maturidade, o modo de ver o mundo em que está inserido.
21
CAPÍTULO II – LITERATURA INFANTIL E O HÁBITO DE LEITURA
22
2.1. Influência da Literatura Infantil sobre o Hábito de Leitura
Uma criança que lê ou ouve a leitura de textos infantis com alguma constância, é
propensa a perceber mais rapidamente as diferentes situações da vida, porquanto a
literatura é a representação gráfica do mundo que nos rodeia. Desta forma, as
crianças devem ser iniciadas neste mundo desde a tenra idade, começando pela
família e dando continuidade na escola, numa abordagem mais ou menos adaptada
à sua idade. Pois, tudo deve ir do mais simples ao mais complexo.
Santos (s.d., citado por Paulino, 2012) defende que a promoção da leitura através da
literatura infantil nos alunos deve ser feita de uma forma progressiva e em momentos
próprios, uma vez que estes se encontram nos primeiros passos para a
descodificação do escrito; então, ele apresenta uma sugestão para este propósito:
É este momento que, em nosso entender, deveria ser criado no horário normal de
aulas, para dar a oportunidade, por um lado, de atribuir o valor real da literatura
23
infantil para o ensino primário, e, por outro, de fazer com que as crianças se
predisponham a ouvir ou a ler essas aventuras, produzindo uma interacção
proveitosa entre elas e o professor, bem como criar uma sincronia entre a
brincadeira, a criatividade, o prazer e a aprendizagem.
É por isso que tanto no ambiente escolar, no familiar, quanto na biblioteca, deve
haver uma variedade de livros com diferentes temáticas de modo a ter uma
multiplicidade de opções a apresentar aos pequenos leitores, assim como para ter o
poder de escolha de temas e linguagens adequadas para cada idade.
24
cogitação sobre si e sobre o mundo excepcionalmente depara lugar
(BARROS, 2013, pp. 21-22).
Não basta ler para ou com as crianças, é necessário mostrar que a literatura infantil é
o espelho das sociedades, representa as formas de viver, de pensar de agir, de falar,
enfim, representa as tradições e culturas dos povos. Por isso, compreender a
literatura é perceber o mundo. A escola ou mesmo a família têm a missão de
relacionar o que se lê com a vida prática, daí a importância de não deixar escapar a
contextualização do conteúdo da obra. A criança deve saber que o seu futuro está
condicionado a viver em sociedade e para tal, precisa estar preparada para resolver
os problemas/dificuldades desta sociedade e até isso, a literatura pode fornecer.
25
ao que se quer dizer, é tirar carta de cidadania no mundo da cultura
escrita...”(LERNER, s.d., citado por BARROS, 2013, p. 34)
Souza (1992, citado por Albuquerque, 2013) diz que ler “[...] é interpretar uma
percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o
indivíduo a uma compreensão particular da realidade” (ALBUQUERQUE, 2013, p.
13).
Neste sentido, entende-se que a leitura não se limita apenas a percepção da vertente
verbal. Trata-se igualmente, neste caso, de leitura quando se percebe o conteúdo de
uma música, o quadro de um artista, os passos de uma coreografia, entre outras
formas de perceber circunstâncias diversas do universo.
26
Nesta óptica, o ensino da leitura verbal não se pode dissociar do contexto, pois para
além de ser motivador para a criança aprender sobre algo que ela conhece e vive,
ela também encontra razões óbvias em aprender mais sobre o desconhecido.
27
não se circunscreve apenas às disciplinas de línguas (embora tudo comece por ali),
mas a todas as matérias científicas e não científicas.
2.3.1. O Professor
Durante o processo de ensinar a ler e a escrever, o professor não irá por de parte a
necessidade de ler para e com os seus alunos com o objectivo de criar ou manter o
“apetite” dos pequenos para com o livro, fundamentalmente os de seus interesses ou
preferências. Neste âmbito, o professor deve ter a capacidade de trazer para a aula
de leitura, uma diversidade de obras literárias.
28
Ademais, há muitos alunos cujas famílias não têm um ambiente de leitura, situação
que ocorre, porque os encarregados ou não dominam a descodificação de grafemas
ou porque suas famílias não lhes proporcionaram a cultura de leitura. O que dificulta
ainda mais a aprendizagem da mesma e do seu hábito pelos seu filhos, exigindo
muito mais do professor. Concomitantemente a isto, Moço et. al. (2014) afirmam que
“… a educação obrigatória constitui para a imensa maioria dos adolescentes e jovens
o único lugar onde têm a oportunidade de aceder ao conhecimento e à leitura dos
textos de literatura e à experiência da criação literária.” (MOÇO, MARTINS,
LUCIANO, & MATOSO, 2014, p. 29)
29
aprendizagem. O aluno deixa de ser mero receptor de informações moldadas
e transmitidas pelo professor, passando a ser estimulado e educado para ser
um cidadão com pensamento crítico-reflexivo. Professor e aluno aprendem
junto, o professor passa a ser o mediador, ajudando o aluno a analisar as
fontes de informação”. 5
É com base nestas interacções que o professor desenvolve no aluno uma visão
ampliada, ganhando maior confiança no que ele lê; deste modo sentirá, cada vez
mais, segurança, tornando-se mais consciente, produtivo e activo.
Ferreira (1986, citado por Cortelete, 2016), define biblioteca como: “1.Colecção
pública ou privada de livros e documentos congéneres, organizada para estudo,
leitura e consulta; 2. Edifício ou recinto onde se instala essa colecção; 3. Estante ou
outro móvel onde se guardam e/ou ordenam livros”. (CORTELETE, 2016, p. 15)
Em nosso entender, este conceito acaba por restringir os usuários dela, reservando o
privilégio apenas aos que têm algum trabalho científico ou equivalente, cuja solução
os obrigue a consultar o referido espaço. Tal situação, obriga que os seus utentes
sejam pelo menos letrados e/ou estudantes.
30
No entanto, deve-se ressaltar que o seu conceito não deve ser limitado à classe
letrada, pois ela para além de servir de estudo/pesquisa, leitura e de consulta, deve
suscitar também a curiosidade através do conto e o prazer à leitura, tal como afirma
Abramovich (2006, citado por Cortelete, 2016):
Calçada (2010, citada por Gonçalves, 2017), considera que uma Biblioteca escolar
deve ocupar-se de:
Trata-se de um local que pode ser usado por pessoas de todas as faixas etárias,
interessadas ao mundo da leitura ou da investigação, sejam elas letradas ou não.
Como diz o velho adágio popular, “é desde pequeno que se torce o pepino”, o
mesmo sucede com o mundo da leitura, pois é de capital importância que se comece
prematuramente o estímulo à ela, já que esse exercício madrugador contribui para
que a criança seja um sujeito crítico do seu habitat e, neste espaço ela amplia a sua
criatividade através do contacto com distintas obras, dentre elas, as de literatura
infantil, que para além de despertar a curiosidade, o gosto pelos livros e
consequentemente pela leitura, também aperfeiçoam a ortografia e enriquece o
vocabulário por abordarem vários assuntos de forma lúdica e estimulante.
31
o efeito e compreendam de facto o verdadeiro objectivo e o valor da existência deste
espaço na escola ou na comunidade.
Portanto, deve haver uma relação muito profunda entre o professor e o bibliotecário
escolar, fazendo com que para além dos alunos aprenderem na biblioteca
informações adicionais, também possam ter vários ângulos sobre o que lhes é
ensinado nas salas de aulas, tornando o conhecimento cada vez mais consolidado. É
preciso, por outro lado, que o professor e o bibliotecário escolar tenham
conhecimento profundo sobre os alunos, bem como saber filtrar o melhor para eles.
2.3.3. A Família
32
influenciado com marcas que se reflectem em vários domínios da vida dela, sendo
que para o caso da aquisição do hábito de leitura não é excepção. É na família onde
a criança pode encontrar o seu abc para o mundo das aventuras, da imaginação e
dos momentos de responsabilidade social, através da literatura infantil tanto oral,
quanto escrita.
As crianças a que, desde cedo, são lidas estórias têm maior probabilidade de
ganharem o gosto pela leitura, pois, estarão habituadas a ouvir esses contos,
marcando a sua vida na infância, e criará nelas uma ânsia capaz de ser apenas
saciada pela busca por mais aventuras, viajando assim para mundos cheios de
beleza, imaginação, prazer e desafios cada vez maiores que exigirão muito mais de
si, provocando uma ampliação da percepção do mundo delas e do mundo que as
rodeia. É essa capacidade que tornará a criança habituada a ouvir estórias ser
diferente de outras na escola e na vida prática.
É por este motivo que é importante, não só corrigir o caminho do jovem que não lê,
mas começar desde a mais tenra idade a fazer a leitura de textos ou livros infantis
para as nossas crianças e continuar a motivá-las a prosseguirem com a prática
durante toda a vida.
33
Yunes (2003, citado por Souza, 2009), clarifica a responsabilidade que a família tem
neste âmbito ao afirmar que “[...] o hábito de leitura inicia-se antes da criança
aprender a ler: neste paradoxo regista-se a decisiva influência do contar/ouvir
histórias, para uma relação satisfatória com o universo da ficção”. (SOUZA, 2009, p.
16)
34
CAPÍTULO III – ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS
35
3.1. Apresentação do Estudo
Gênero da amostra
5 5
5
4
3
Gênero da amostra
2
1
0
Masculino Feminino
2.5
2 2
2
1.5
1 1 1 Distribuição da amostra por
1 idade
0.5
0
0
Entre Entre Entre Entre Entre Entre Maior
18 a 25 26 a 30 31 a 35 36 a 40 41 a 45 46 a 50 de 50
anos anos anos anos anos anos anos
36
A idade representativa da nossa amostra é compreendida no intervalo de 26 e 30
anos de idade, com 30%, portanto, é maioritariamente jovem.
Como se pode constatar no gráfico acima, é o nível médio que mais se destaca na
escolaridade dos professores, com uma percentagem de 80%.
37
Especialidade dos Professores
6
6
5
4
3
2 1 1 1 1
1 Especialidade dos
0 Professores
4.5
3.5
2.5
2 Distribuição da amostra
2 por tempo de serviço
1.5
1 1 1
1
0.5
0
De 0 a De 6 a De 11 a De 16 a Mais de
5 anos 10 anos 15 anos 20 anos 20 anos
38
Mais de 50% dos professores passou o período probatório (mais de 5 anos) e
encontra-se em efectivo serviço, o que dá uma possibilidade de um grau de
experiência aceitável.
39
Questão nº 1:
Com certeza, já ouviu falar sobre “hábito de leitura”. Concorda com a tese segundo a
qual a sociedade tem vindo a perder o hábito de leitura?
80% dos professores inqueridos responderam que sim, já ouviram falar sobre o
hábito de leitura e concordam com a tese colocada, o que permitiu a prossecução do
resto da investigação.
40
Questão nº 1.1:
7
7
6
5 5
4
3
2
2 1
1
0
Nesta questão, conclui-se que a falta de cultura de leitura na família, aliada à falta de
livros apropriados que agucem o gosto pela leitura são variáveis eleitas que estão na
base da perda do hábito de leitura, numa percentagem de 70% e 50%
respectivamente.
41
Questão nº 2:
Acha que a literatura infantil pode ajudar a desenvolver hábitos de leitura nos
alunos?
Questão nº 2.1:
Gráfico nº 10 – Subgéneros da literatura infantil que despertam maior interesse nos alunos
42
Os inqueridos responderam que os subgéneros de Literatura Infantil que podem
despertar maior atenção são Fábulas (100%) e Banda Desenhada (70%), com base
na representação gráfica acima.
Questão nº 3:
Além do manual de leituras, como os alunos desta escola têm acesso aos livros
literários?
A maior percentagem de escolha (90%) recai para a opção segundo a qual “os
alunos não têm acesso aos livros, além do manual de leitura, como se demonstra no
gráfico nº 11.
43
Questão nº 4:
2
1
1
0 0
0
44
Questão nº 5:
6 5
4
4
2 1
0
Principais dificuldades na
0
implementação de
actividades de leitura
45
Questão nº 6:
8 7
0
Sim Não Talvez
Gráfico nº 14 – Os textos contidos nos manuais de leitura do ensino primário ajudam a criar o gosto pela leitura?
46
Questão Nº 6.1:
Se sim, por que não produzem efeitos esperados, no que diz respeito ao hábito de
leitura?
Gráfico nº 15 – Motivos que fazem com que os textos contidos nos manuais de leitura não tenham efeitos sobre o
hábito de leitura
Os inqueridos que responderam que sim, argumentaram que apesar dos referidos
textos ajudarem a promover o hábito de leitura, outros motivos condicionam o
47
processo, dentre estes sobressai o de os alunos não se aplicarem, com uma
percentagem de 20%.
Questão nº 6.2:
Se não, o que tem feito para incentivar o gosto pela leitura nos alunos?
4
4
2
2 O que os Professores têm feito
para incentivar o gosto de leitura
1 nos alunos?
1
0
Motivar os Ler Dar Recomendar
encarregados textos/obras pequenos aos alunos
de educ. a literárias prêmios aos que leiam
comprarem com os que lêem um certos
livros alunos texto ou livro textos/obras
literários e conseguem para
recontar a trabalhar na
estória estória em
sala de aulas
Gráfico nº 16 – O que os professores têm feito para incentivar o hábito de leitura, de modo a compensar a lacuna
dos manuais de leitura do ensino primário
48
A opção ler textos ou obras literárias com os alunos é a actividade mais praticada
(com 60%) pelos professores que entendem que os textos contidos nos manuais de
leituras do ensino primário não activam o gosto pela leitura.
Questão nº 7:
49
Questão nº 8: De quê forma os pais poderiam ajudar para promover o hábito de
leitura nos educandos?
8
8
7 7 7
7
3
2
2
1
0
0
Gráfico nº 18 – A forma como os pais podem ajudar na promoção do hábito de leitura nos seus educandos
50
A população estudada (80%) considera que a estratégia mais acertada para ajudar a
ultrapassar o problema da falta do hábito de leitura é a de os pais criarem condições
como comprar livros literários infantis e visitar bibliotecas.
O inquérito que foi realizado aos professores, respeitou o equilíbrio do género (50%
para masculino e 50% para feminino), o que de certa forma permitiu ter um
conhecimento mais abrangente sobre a forma de como os dois lidam com o processo
de ensino da leitura.
Outrossim, parte dos inqueridos (30%) é jovem com idade compreendida dos 26- 30
anos. Situação que pode ser considerada importante para a obtenção de resultados
satisfatórios no que concerne a aprendizagem da leitura nos alunos, pois, é a fase
mais produtiva de qualquer ser humano.
Aliado a isto, vale referenciar que 50% destes professores já se encontra em efectivo
serviço numa periodicidade de 6 – 10 anos, tendo passado o período probatório, que
é de 5 anos, estabelecido pelo Ministério da Educação de Angola. Os dados
referidos comprovam a experiência adquirida por eles e permitiram dar informações
seguras e com verdade sobre as dificuldades atinentes a aquisição da leitura.
Mas, contrariamente a tudo isto, deve-se ressaltar que 80% destes professores
possui apenas o nível médio. Realidade que em nosso entender pode ser
desfavorável neste processo, concorrendo para desabilitá-los, porque para além
deste factor, maior parte deles (60%) é formada em Ciências Económicas e
Jurídicas, especialidade que em nada se relaciona com o trabalho do professor e,
pouco ou nada contribui para efectivação desta árdua e nobre tarefa de ensinar a ler.
51
Na primeira questão, 80% dos professores inqueridos respondeu positivamente à
pergunta, de que realmente se está a perder o hábito de leitura. E tal como afirmado
no argumento do gráfico, deu-se razão a nossa indagação, permitindo,
consequentemente a continuação do estudo.
Tende a perder-se o hábito de leitura, porque, segundo eles, falta esta cultura no
seio das famílias e de livros adequados; indicadores que mais uma vez revelam o
importante papel da família e dos livros adequados neste processo.
Quanto à terceira questão, 90% dos inqueridos respondeu que os alunos não têm
acesso a livros, além do manual de leitura; uma situação considerada
constrangedora. Por isso, há necessidade de a escola e a família procurarem usar
textos realmente catalizadores no caso em concreto os de literatura infantil.
52
De realçar que não é possível realizar este tipo de actividade sem que haja livros,
pois, é no livro que se encontram textos literários infantis que irão persuadir o aluno a
gostar de ler.
Na sexta questão, 70% dos inqueridos, afirma que os textos contidos nos manuais
do ensino primário não ajudam a criar o gosto pela leitura. O que explica a tendência
de os alunos olharem para a leitura como exercício obrigatório. Assim, há
necessidade urgente de se incluir nestes manuais textos que suscitem a curiosidade
requerida.
Quanto à sétima questão, 90% dos professores inqueridos afirma que a estratégia
aplicada na utilização de textos, de forma a promover o gosto pela leitura, é a leitura
e o conto na sala. Estratégia que consideramos eficaz se a selecção do texto for
competente e aliada ao conto de estória que atraia a atenção dos alunos, fazendo
com que eles vivam a estória de facto.
E, finalmente, para a oitava questão, 80% dos inqueridos afirma que os pais devem
ajudar a promover o hábito de leitura nos seus educandos através da criação de
condições (compra de livros infantis, visita a bibliotecas, livrarias). Ainda assim,
outras opções mereceram destaque dos inqueridos (com 70% de escolha) como é o
caso de os pais contarem estórias para os filhos, bem como falarem com os mesmos
sobre a importância da leitura.
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CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES, SUGESTOES E PROPOSTAS
METODOLÓGICAS
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4.1. Conclusões
55
4.2. Sugestões
56
4.3. Propostas Metodológicas
57
Bibliografia
CAPILA, A. M., GASPAR, E. B., PEREIRA, J. A., JOÃO, L. A., & CHIELA, L. T.
(2013). As vertentes da oralidade, leitura, escrita, gramática e literatura no programa
de metodologia do ensino do portugues da EFP. Lubango-Angola: Monografia de
Licenciatura. ISCED-Huíla.
58
MARAFIGO, E. C. (2012). Importância da literatura infantil na formação de uma
sociedade de leitores. São Joaquim-Brasil: Tese de Pós-Graduação. Faculdade
Estadual de Educação, Ciência e Letras de Paranavaí.
MESQUITA, H., & PEDRO, G. (2014). Livro do aluno de língua portuguesa: 1º ciclo
do ensino secundário, 9ª classe. Luanda: Plural Editores.
MOÇO, F. A., MARTINS, J., LUCIANO, R., & MATOSO, V. d. (2014). A literatura na
sala de aula: A poesia de Alda Lara. Lubango-Angola: Monografia de Licenciatura.
ISCED-Huíla.
59
Webgrafia
CRUZ, J. M. O. (s/d) Processo de ensino-aprendizagem na sociedade da informação.
Recuperado http://www.scielo.br/pdf/es/v29n105/v29n105a05.pdf, acesso:
09/03/2021, 12:01;
60
Apêndice
61
Apêndice 1 - Inquérito aos Professores
I. CARACTERIZAÇÃO DO DOCENTE
«Marque com um x os quadrados que se apresentam nas opções achadas correctas/verdadeiras.»
0. Género: M F
1. Idade: entre 18 – 25 26 – 30 31 – 35 36 – 40 41 – 45
46 – 50 maior de 50
2. Formação académica:
Técnico médio Bacharel Licenciado Mestre Doutor
2.1. Especialidade ____________________________________________________________.
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2. Acha que a literatura infantil pode ajudar a desenvolver hábito de leitura nos alunos?
Sim Não Talvez
3. Além do manual de leituras, como os alunos desta escola têm acesso a livros literários?
Através da biblioteca da sala de aulas.
Pela Biblioteca/sala de leitura escolar.
Biblioteca/sala de leitura Municipal.
Partilha e empréstimo de livros entre alunos.
Não têm acesso a livros, além do manual de leituras.
6.1. Se sim, por que não produzem efeitos esperados, no que diz respeito ao hábito de leitura?
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6.2. Se não, o que tem feito para incentivar o hábito de leitura nos alunos?
Motivar os encarregados de educação a comprarem livros literários.
Ler textos/obras literárias com os alunos.
Dar pequenos prémios aos alunos que lêem um texto ou livro e conseguem contar a
respectiva história a outros.
Recomendar aos alunos que leiam certos textos ou obras para trabalhar na história
em sala de aulas.
8. De quê forma os pais poderiam ajudar para promover o hábito de leitura nos educandos?
Devem criar condições (comprar livros infantis, visitar bibliotecas, livrarias...) para
proporcionar mais gosto pela leitura aos seus filhos.
Falar com os filhos sobre a importância da leitura nas suas vidas.
Ler ou contar histórias servindo-se de uma biblioteca que podem ter em casa.
Melhorar o acompanhamento dos filhos tanto em casa como na escola.
Exigir mais da escola para a construção de uma biblioteca.
Incentivar os professores a pautarem mais pela leitura de textos literários nas aulas de
língua.
64
Anexo
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Anexo 1: Credencial
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