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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

(ISCED-HUÍLA)

A LITERATURA INFANTIL E O HÁBITO DE LEITURA: UM ESTUDO


REALIZADO COM OS PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO DA
ESCOLA Nº 97 DE QUIPUNGO

Autores:

Faustino Ricardo Gomes Lourenço

Samuel Morais Macuva

Lubango

(2021)

0
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

(ISCED-HUÍLA)

A LITERATURA INFANTIL E O HÁBITO DE LEITURA: UM ESTUDO


REALIZADO COM OS PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO DA
ESCOLA Nº 97 DE QUIPUNGO

Trabalho apresentado para a obtenção do


Grau de Licenciado no Ensino da Língua
Portuguesa

Autores: Faustino Ricardo Gomes Lourenço e Samuel Morais Macuva


Tutor: Alexandre Sakukuma, Phd

Lubango

(2021)

1
Dedicatória

Dedicamos este trabalho aos alicerces das nossas


vidas, àqueles que infindavelmente sustentam toda
a nossa inspiração. Àqueles que sempre
aguentaram o nosso abandono nos longos dias e
noites, no percurso de elaboração deste projecto, e
ainda assim nos motivaram a prosseguir: a Deus e
às nossas famílias.

ii
2
Agradecimentos

A Deus: pai todo-poderoso e fonte de toda a sabedoria, pela vida e protecção


concedidas;

Aos nossos pais, nossas esposas e nossos filhos: que acreditaram em nós.
Sempre que precisámos de apoio e carinho, foram o nosso porto seguro e fonte de
inspiração;

Aos nossos professores e aos nossos colegas: pelo apoio prestado durante a fase
de elaboração, até a consumação desse grande fim. Em especial ao Professor
Doutor Alexandre Sakukuma, que sem piscar o olho aceitou o nosso pedido e abriu
uma vaga dentro do seu horário apertado para nos orientar em todas as fases do
projecto;

A todos (família e amigos) que de forma directa ou indirecta contribuíram


positivamente para o alcance deste grande objectivo.

iii
3
Resumo

O hábito de leitura tem vindo a tornar-se, entre diversos académicos, num assunto
de relevo, dado que hoje existe uma tendência enorme de o perder na sociedade.
Por isso, propusemo-nos a investigar o tema intitulado: “A Literatura Infantil e o
Hábito de Leitura: Um estudo realizado com os professores do ensino primário da
escola nº 97 de Quipungo”. Se ler é um acto de exercitar a mente, de alcançar o
entretenimento e deleites, por um lado, por outro, é um modo de construção do
conhecimento; por isso, enquanto professores e pais, preocupa-nos a perda dessa
prática.

O ensino primário constitui a raiz da educação do indivíduo e do hábito de leitura,


evidentemente, deve fazer parte desse suporte. Nossa pesquisa mostrou que a
literatura infantil é um recurso eficaz para se inculcar nos alunos o hábito de leitura,
de modo a mudar o curso que a sociedade tem vindo a tomar hoje quanto a este
assunto. Se é “de pequeno que se torce o pepino”, então é justo que para salvar este
nobre exercício torna-se necessário actuar desde a idade infantil, ligando as crianças
ao mundo da leitura desde a mais tenra idade na família e no ensino primário,
através da literatura infantil.

Os resultados do inquérito aplicado a 10 professores da escola em causa,


comprovaram a importante influência que a literatura infantil pode ter na formação do
hábito de leitura nos alunos do ensino primário.

Palavras-chave: Hábito de leitura, Literatura e Literatura infantil

4
iv
Abstract

The habit of reading has become, among several academics, a major issue, given
that today there is a huge tendency to lose it in society. With this research we tried to
know the influence that children's literature has on students' reading habits. For this
reason, we set out to investigate the topic “Children's Literature and the Reading
Habit: A study carried out with the teachers of the primary school of school nº 97 in
Quipungo. If reading is an act of exercising the mind, of reaching entertainment and
delights, on the one hand, on the other, it is a way of building knowledge; therefore,
as teachers and parents, we are concerned about the loss of this practice.

Primary education constitutes the basis of the individual's training and the reading
habit, obviously, must be part of that basis. Our research has shown that children's
literature is an effective resource to inculcate in boys the habit of reading, in order to
change the course that society has been taking today on this subject. If it is “small
that the cucumber is twisted”, then it is just that in order to save this noble exercise it
is necessary to act since childhood, linking children to the world of reading from an
early age in the family and in primary education through children's literature.

The results of the survey applied to teachers in the school under study proved the
important influence that children's literature can have on the formation of reading
habits in primary school students.

Keyword: Reading habit, Literature and Children's Literature

5
v
Índice

Dedicatória ………………………………………………………………………...….….......ii

Agradecimentos ………………………………………………………………….…..…….. iii

Resumo …………………………………………………………………………………........iv

Abstract ……………………………………………………………………………………… v

Índice ………………………………………………………………………………………… vi

Lista de siglas e acrónimos ………………………………………………………….… viii

Lista de gráficos …………………………………………………………………………......ix


Índice

0. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 11
0.1- Justificação do Trabalho e da Escolha do Tema............................................................ 13

0.2- Antecedentes do Tema....................................................................................................... 13

0.3- Identificação do Problema .................................................................................................. 15

0.4- Objectivos ............................................................................................................................. 16

0.5- Delimitação do Campo de Investigação .......................................................................... 16

0.6- Metodologia .......................................................................................................................... 17

0.7- População e Amostra.......................................................................................................... 17

CAPÍTULO I – A PROBLEMÁTICA DA DEFINIÇÃO DA LITERATURA INFANTIL ........................... 18


1.1. Conceito de Literatura Infantil ............................................................................................ 19

1.2. Características da Literatura Infantil ................................................................................. 20

CAPÍTULO II – LITERATURA INFANTIL E O HÁBITO DE LEITURA ................................................. 22


2.1. Influência da Literatura Infantil sobre o Hábito de Leitura ............................................ 23

2.2. Conceito de leitura............................................................................................................... 25

2.3. Os mediadores de leitura e a importância destes para a formação do Hábito de


Leitura................................................................................................................................................ 28

2.3.1. O Professor................................................................................................................... 28

6vi
2.3.2. A Biblioteca Escolar .................................................................................................... 30
2.3.3. A Família ....................................................................................................................... 32
CAPÍTULO III – ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS ................................................................... 35
3.1. Apresentação do Estudo ........................................................................................................ 36

3.2. Análise e Interpretação de Dados..................................................................................... 51

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES, SUGESTOES E PROPOSTAS METODOLÓGICAS ...................... 54


4.1. Conclusões ........................................................................................................................... 55

4.2. Sugestões ............................................................................................................................. 56

4.3. Propostas Metodológicas ................................................................................................... 57

Bibliografia ............................................................................................................................................ 58
Webgrafia ........................................................................................................................................... 60

Apêndice ........................................................................................................................................... 61

Apêndice 1 - Inquérito aos Professores ................................................................................... 62


Anexo 1: Credencial .................................................................................................................... 66

vii
7
Lista de siglas e acrónimos
CEJ – Ciências Económicas e Jurídicas

CFB – Ciências Físicas e Biológicas

N.M – Nível Médio

N.S – Nível Superior

PEA – Processo de Ensino-Aprendizagem

viii
8
Lista de gráficos Página

Gráfico nº 1 – Distribuição da amostra por Género…………….…..……………………….….46

Gráfico nº 2 – Distribuição da amostra por idade………………..…………………………..….47

Gráfico nº 3 – Nível académico da amostra ..………………………………………………..….48

Gráfico nº4 – Especialidade dos professores inqueridos…………………………….………. 48

Gráfico nº 5 – Tempo de serviço dos professores……………………………………….......... 49

Gráfico nº6 – Classes leccionadas pelos professores no ano lectivo de 2020……………… 50

Gráfico nº7 – Perda do hábito de leitura………………………………...……………………….51

Gráfico nº8 – Factores que estão na base da perda do Hábito de Leitura..…….…....…….. 52

Gráfico nº9 – O contributo da literatura infantil no desenvolvimento dos hábitos de


leitura…………………………………………………………………..…………...…….…….……. 53

Gráfico nº10 – Subgéneros da literatura infantil que despertam maior interesse nos
alunos………………………………………………………………………………………..…….…. 54

Gráfico nº11 – O Acesso dos alunos aos livros literários na escola primária nº 97 de
Quipungo…………………………………………………………………………………...………... 55

Gráfico nº12 – Formas como os professores descobrem as preferências de leitura dos


alunos............................................................................................................................…….. 56
Gráfico nº13: Principais dificuldades na implementação de actividades de leitura….……... 57

Gráfico nº14 – Os textos contidos nos manuais de leitura do ensino primário ajudam a criar
o gosto pela leitura?…………………………………………………………….………………..… 58

Gráfico nº15 – Motivos que fazem com que os textos contidos nos manuais de leitura não
tenham efeitos sobre o hábito de leitura…………….………………………..…………….……. 59

Gráfico nº16 – O que os professores têm feito para incentivar o hábito de leitura, de modo a
compensar a lacuna dos manuais de leitura do ensino primário ……………………………... 60
Gráfico nº17 – Estratégias usadas na aplicação de textos para a promoção do hábito de
leitura…………………………………………………………………………………………………. 61

Gráfico nº18 – A forma como os pais podem ajudar na promoção do hábito de leitura nos
seus educandos ………………………………………………………………………………….… 63

ix
9
0. INTRODUÇÃO

10
0. INTRODUÇÃO

A Leitura “é a capacidade que o indivíduo possui de, uma vez dominadas as técnicas
de decifração gráfica, poder interpretar, fazer inferências, analisar criticamente,
compreender o conteúdo de um texto, e posteriormente, utilizar essa informação na
construção do conhecimento em novos contextos. É no acto de ler que, por vezes, se
encontra um espaço lúdico e de evasão que abre as portas à imaginação e à
criatividade. Saber ler põe, assim, à disposição da pessoa, a possibilidade de
compreender melhor o mundo que a rodeia, bem como de dar resposta a solicitações
de natureza pessoal, social e profissional.” (SILVA P. A., 2012, p. 3)

Nestas palavras, demonstra-se a importância que a leitura possui ao influenciar


directamente na mente do leitor, proporcionando-lhe um desenvolvimento intelectual
mais completo.

Segundo o Diccionário da Lingua Portugueza (9ª Edição), Leitura é, “… acto de ler e


expor alguma doutrina como mestre; instrução que se colhe do que se lê.” (SILVA A.
d., s.d., p. 252) ou seja, é uma possibilidade que um individuo tem de adquirir,
perceber e fazer os outros entenderem certo assunto.

Corroborando com esta ideia, MARTINS, (2006, citado por Moreira, 2017)1 define
leitura como sendo “um processo de compreensão de expressões formais e
simbólicas, não importando por meio de que linguagem”. Entende-se nesta definição
que ler não é apenas um processo de decifração de palavras, mas também uma
forma de perceber o mundo através de outras formas de linguagem.

A pessoa que lê ganha novas tendências, novas culturas, novas realidades, enfim,
nova mentalidade, em função de novas viagens que vai fazendo por meio deste
exercício. “A dinâmica da leitura envolve a percepção de símbolos, a compreensão

1 Disponível em:
http://www.researchgate.net/publication/321586571_A_IMPORTANCIA_DA_LEITURA_NA_EDUC
ACAO_INFANTIL acessado a 11 de fevereiro de 2020, 17:32.

11
dos seus significados, a reacção consequente das experiências anteriores e a
integração de novas experiências.” (ÁLVARES, 2001, p. 41)

A criança, enquanto ser em crescimento, deve estar em constante contacto com o


mundo da leitura de modos a desenvolver o gosto por ela.

Porém, verifica-se, na prática, que muitas crianças, sobretudo no Ensino Primário,


não encaram ainda a leitura com agrado, nem como elemento essencial para a sua
aprendizagem.

Esta constatação deu-nos azo para realizar este trabalho, por isso, nos propusemos
a pesquisar as formas de promover o hábito de leitura nos alunos do Ensino
Primário, no caso em concreto, da Escola Primária nº 97 de Quipungo.

O presente trabalho obedeceu a uma estrutura dividida em quatro partes, sendo que
cada uma corresponde a um capítulo.

No primeiro capítulo foi apresentado e clarificado o conceito de literatura infantil e as


suas características.

No segundo capítulo, ressalta-se importância que a literatura infantil tem em suscitar


o hábito de ler. Abordou-se, ainda, sobre os principais mediadores para que o
processo de leitura se concretize e se torne um hábito, trata-se do professor, da
biblioteca escolar e da família.

No terceiro capítulo, fez-se a apresentação dos dados por meio de gráficos e uma
análise minuciosa dos resultados dos inquéritos realizados aos professores da
Escola nº 97 de Quipungo sobre o tema do trabalho, cujas respostas foram
comparadas em percentagens.

E finalmente, no quarto capítulo, apresentaram-se as conclusões a que se chegou


após a análise dos resultados dos inquéritos, bem como foram avançadas as
recomendações e propostas metodológicas para superar o problema estudado.

12
0.1- Justificação do Trabalho e da Escolha do Tema

Constata-se, hoje, no Ensino Primário e não só, o problema da perda do gosto pela
leitura em função de variadíssimos factores interligados: a aprendizagem lenta do
acto de ler, talvez relacionada com a qualidade dos professores direccionados às
escolas primárias (pois, raros são os alunos que sabem ler até a 4ª classe); a
indisponibilidade do material orientador para os professores; as planificações dadas
aos professores, que várias vezes não vão ao encontro do contexto, nem do alcance
dos objectivos predefinidos pelo ministério; o tempo atribuído ao ensino da Língua
Portuguesa e o tipo de textos seleccionados nessas aulas. Este último, considerámo-
lo ainda mais relevante, sem desprimor de outros factores, por ser um catalisador do
gosto pela leitura. É a partir do texto, o seu conteúdo, a estória que conta, o final que
encerra, que o aluno vai alimentar-se, procurando (ou pedindo do professor) por mais
textos parecidos de forma a “fomentar” a sua ânsia por estes contos; e dessa forma,
criar o hábito de leitura.

No presente trabalho, procuramos obter respostas sobre essa problemática que se


tem intensificado nos últimos anos. Acreditamos que o gosto pela leitura pode e deve
ser cultivado a partir da infância, usando livros ou textos adequados. Daí, que torna-
nos importante, pesquisar sobre A LITERATURA INFANTIL E O HÁBITO DE
LEITURA: UM ESTUDO A REALIZADO COM OS PROFESSORES DO ENSINO
PRIMÁRIO DA ESCOLA Nº 97 DE QUIPUNGO de modo a fazer frente ao problema
que afecta, fundamentalmente, às crianças.

Assim, cada vez mais, é necessário olharmos para a infância com o objectivo de
travar este “ócio” e tentar “salvar” a próxima geração.

0.2- Antecedentes do Tema

A nível académico e científico, há uma preocupação enorme em torno do assunto


“Hábito de Leitura”. Os trabalhos científicos que demonstram essa preocupação têm
o cuidado de referir a necessidade de se cultivar tal hábito desde o ensino primário,
com as crianças, tendo como fundamento a literatura infantil.
13
(MARAFIGO, 2012, p. 6) diz que “no processo de aprendizagem da leitura e da
escrita, a criança defronta-se com um mundo cheio de atracções (letras, palavras,
frases, textos, histórias) e se engaja neste universo, muito mais facilmente, se puder
participar integralmente dele, se o processo for transformado num grande acto lúdico
(participativo, prazeroso). Esta é a proposta que leva à criação do binómio aprende-
brincando”. A criança aprende brincando usando o vocabulário do seu dia-a-dia, de
forma a tornar a aprendizagem afectiva, agradável e significativa.

Para que se possa formar alunos leitores competentes, fluentes, críticos, é


necessário, que pais e professores incentivem à leitura durante toda a infância.
Desde pequena, a criança já deve ouvir estórias, pois esse processo enriquece o
contacto com o mundo da leitura. (FONSECA, 2015, p. 18)

De acordo ainda com o mesmo autor, esse primeiro contacto com a literatura é
fundamental no desenvolvimento da criança, pois, quanto mais estímulos ao mundo
da literatura, mais fácil será a formação do pequeno leitor.

Para ZILBERMAN (1998, citado por Miliavaca, S/D, p. 6)2, “a leitura para as crianças
deve ser feita em voz alta, tanto na escola como na família”. As obras infantis
apresentam um mundo encantado, onde a criança pode fantasiar várias coisas com
o seu enredo e personagens. É possível através de um livro realizar actividades
diversas, nas quais a criança coloca a sua imaginação e toda a sua criatividade em
prática, despertando muitas vezes um artista que está escondido dentro de si.

De acordo com (MESQUITA & PEDRO, 2014, pp. 105-106), os adultos deverão
desde muito cedo contar estórias às crianças, mesmo que elas não entendam tudo.
Em casa, ou no jardim escolar, a criança de 2, 3 anos vai começar a ter as suas
primeiras aulas de literatura – ela ouve a estória e de tanto ouvir, ela fixa, retém

2
Disponivel em:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://gephisnop.weebly.com/uploads/2/3/9/6/
23969914/a_importancia_da_literatura_na_educao_infantil.pdf&ved=2ahUKEwj8hrzL5_TqAhWRC2M
BHbY2Bp8QFjABegQICRAB&usg=AOvVaw0hagREyJA6QUekzOjt_xsH, acessado aos 06 de
fevereiro de 2020, 11:56

14
frases e pode até repeti-las. Com 3, 4 anos a criança pode seguir a estória pelas
imagens do livro, saber o nome de quem a escreveu, identificar a estória com o
nome e a fotografia do autor. Se assim fizermos, ao ir para a escola aos 6 anos, a
criança já saberá distinguir um livro de estórias de brincar de um livro didáctico. Ao
chegar à escola, a criança já terá amor pelo livro, porque a estória contada ou lida
em locais e tempos certos deram-lhe um momento de ternura, de atenção por parte
do adulto, de expectativa, surpresa, alegria e bem-estar.

Ao nível do ISCED-Huíla, alguns académicos mostram a sua preocupação em


relação à matéria. Quanto a isso, Moço et al (2014) afirmam que o objectivo principal
relativamente ao ensino da literatura tenha sido sempre o mesmo converter os
alunos e alunas em leitores frequentes, fazer com que a literatura entre para sempre
nas suas vidas. Em conjunto com o objectivo, vem ainda a quase certeza de que não
se sabe como iniciar esses alunos ao mundo de leitura. Daí que questionam:

Que podemos fazer ou dizer para lhes abrir essa porta [de iniciação à leitura
literária]? Como convence-los (ou anima-los) a ler? Como e quando nasce o
gosto pela leitura? Investigamo-nos como leitores à procura da obra que nos
activou o gosto e, outras vezes, limitamo-nos a procurar os culpados: a
televisão, o cinema, os videojogos… ainda que saibamos nós, leitores, que
nada é incompatível com a leitura. (MOÇO, MARTINS, LUCIANO, &
MATOSO, 2014, p. 26)

Já Capila e tal (2013), mostra que uma possível solução para o problema consiste
em trabalhar na mente do aluno. Para eles, “sensibilizar o aluno para o facto de que
uma obra pode sintonizar com outra, pode ser por ela interrogada… é provocar no
leitor um «efeito de espelho» na sequência do qual ele reencontra a sua liberdade de
pensar e adquire autonomia” (CAPILA, GASPAR, PEREIRA, JOÃO, & CHIELA,
2013, p. 66)

0.3- Identificação do Problema

A nossa experiência como professores de Língua Portuguesa nos tem levado a


conhecer diversos problemas ligados à leitura.

15
Com efeito, sentimo-nos na obrigação de trazer à tona a problemática relacionada
com a falta do hábito de leitura nos alunos do ensino primário.

Assim, a nossa investigação gira em torno do seguinte problema:

1- Que contributo a literatura infantil pode dar para a promoção e recuperação


hábito de leitura?

0.4- Objectivos

0.4-1. Geral:

✓ Conhecer a influência da literatura infantil sobre o hábito de leitura aos alunos


da Escola Primária Nº 97 de Quipungo;

0.4-2. Específicos:

✓ Reflectir acerca da importância dos textos literários infantis no processo de


ensino-aprendizagem;
✓ Analisar os dados recolhidos relativos ao hábito de leitura dos alunos;
✓ Propor metodologias para mitigar o problema no processo de Ensino-
Aprendizagem da leitura.

0.5- Delimitação do Campo de Investigação

O estudo sobre o Papel da Literatura Infantil no Desenvolvimento dos Hábito de


leitura foi realizado na Escola Primária Nº 97, localizada na Sede Municipal de
Quipungo.

Dentro da vasta área da Literatura, seleccionamos a parte que diz respeito à


Literatura infantil, própria da idade dos alunos que pretendemos estudar para aferir,
como esta pode influenciar o hábito de leitura dos alunos; o estudo visou propor
caminhos para ajudar a mitigar o problema.

16
0.6- Metodologia

Para dar respostas ao problema do nosso trabalho, utilizamos o Método Indutivo,


uma vez que o estudo foi realizado tendo em conta a população e a amostra
seleccionadas para a posterior generalização dos resultados.

Quanto ao procedimento técnico, utilizamos a Pesquisa Bibliográfica para a colecta


de dados que serviram de base para a análise e interpretação do assunto em causa.

Servirmo-nos, ainda, da técnica de aplicação de Inquéritos com o objectivo de colher


dados concretos e reais da população a ser estudada.

0.7- População e Amostra

Nesta pesquisa, tivemos uma população de 21 professores que leccionam na Escola


Primária nº 97. Tratando-se de monodocência, todos os professores desta escola
ministram a disciplina de Língua Portuguesa;

Desta feita, a amostra foi de 10 professores, representando assim 47,6% da


população.

Esta amostra foi Probabilística, onde qualquer professor que fez parte da população
poderia ter sido alvo da nossa pesquisa, desde que não se excedesse a
representatividade amostral. A respectiva selecção obedeceu ao critério da amostra
aleatória simples, pelo que cada elemento escolheu um número do sorteio que o
habilitou ou não a participar da pesquisa. O sorteio foi realizado nos dois períodos
(manhã e tarde), de modo a não excluir a probabilidade que cada um tinha de
participar, já que a população estudada está distribuída nesses turnos.

17
CAPÍTULO I – A PROBLEMÁTICA DA DEFINIÇÃO DA
LITERATURA INFANTIL

18
1.1. Conceito de Literatura Infantil

O termo Literatura apresenta variados conceitos, em diferentes épocas e diferentes


autores. Como detalha Aguiar e Silva (s.d.) na sua obra Teoria e Metodologia
Literárias, o mesmo significa:

• Conjunto de obras literárias de uma época ou de uma região […];


• Conjunto de construções que se distinguem e granjeiam feição especial
quer pela sua origem, quer pela sua temática ou pelo seu propósito […];
• Retórica, expressão artificial e falsa […];

O mesmo autor, define literatura como “uma arte que utiliza como meio de expressão
e comunicação a linguagem verbal, uma específica categoria da criação artística, um
conjunto de textos resultantes desta actividade criadora, uma instituição de índole
sociocultural”. (SILVA V. M., s.d., pp. 38-39)

Por inerência do tema e por questões de clarificação do nosso eixo orientador,


preferimos seguir o conceito de literatura como sendo “Conjunto de construções que
se distinguem e granjeiam feição especial quer pela sua origem, quer pela sua
temática ou pelo seu propósito […];”.

Este conceito leva-nos a pensar na existência de escritores de uma literatura


direccionada à crianças como público-alvo – a Literatura Infantil.

A literatura infantil é um subgrupo da literatura que traz consigo uma problemática


que parece não ter fim, sobretudo quanto à sua existência. Tal dúvida surge
fundamentalmente pelo facto do seu conceito não ser consensual.

Porém, a sua existência é confirmada pela produção de numerosas obras não só por
serem destinadas às crianças, como também assim serem classificadas.

Entende-se, portanto, por literatura infantil “a que é especialmente escrita ou que se


considera especialmente adequada para crianças e jovens” (TAVARES, 2010, p. 8).
Neste sentido, faz-se perceber que existe uma literatura com particularidades
próprias (temas, linguagem, imagem, etc) dirigida para crianças e jovens – o que de
algum modo pode, até certo ponto, mostrar que os adultos têm a sua.

19
1.2. Características da Literatura Infantil

A literatura infantil não tem seus limites claramente definidos, que a separe do tipo de
literatura orientado para jovens, porque quem a lê é que a define e a classifica como
sendo literatura para crianças e jovens. Esta é a razão pela qual Andrade (1994,
citado por Dias, 2010, pp. 25-26) questiona:

O género ‘literatura infantil’ tem a meu entender, existência duvidosa. Existirá


música infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma literatura deixa de
ser alimento para o espírito da criança ou do jovem e se dirige ao espírito do
adulto? Qual o bom livro para infantis, que não seja lido com interesse pelo
homem adulto? Que história de viagens ou aventuras, destinado a adultos,
que se não deva dar a crianças, desde que escrita em linguagem simples e
isenta de matéria escandalosa? Observados alguns cuidados de linguagem e
decência, a distinção preconceituosa se desfaz. Será a criança um ser à
parte, estranho ao homem, e reclamando uma literatura também à parte? …?3

Embora qualquer adulto possa, ler obras de literatura destinada para a infância, aliás,
é com este que a criança vai aprender a ouvir ou a ler estórias narradas e chegar a
percebê-las, a criança não terá a mesma liberdade por motivos próprios que não
devem ser ignorados e entregues ao consumo infantil: a presença do escândalo ou a
complexidade da linguagem.

É neste sentido que se enumeram as características deste tipo de literatura:

▪ Narrativas relativamente curtas – De uma maneira genérica jamais vão além


de 80 a 100 páginas;
▪ Prevalece no texto uma linguagem acessível, exibindo os factos ou histórias
de forma clara;
▪ Presença de estímulos visuais (cores, imagens, fotos, etc.), substancialmente
para a idade mais reduzida;
▪ Falta de assuntos de adultos e/ou não adequados a crianças. Isto abrange
guerras, crimes hediondos e drogas, por exemplo;

Disponivel em:
3https://www.researchgate.net/publication/334663323_Historias_de_Dona_Rachel_leitura_da_trilogia_

dedicada_ao_publico_infantil, acessado a 28 de julho de 2020, 18:49.

20
▪ Apreciação do carácter didáctico, educando ao jovem leitor preceitos da
sociedade e/ou condutas sociais;
▪ Preferência pelos diálogos e diferentes factos;
▪ Comummente os actores são crianças, que são os principais personagens
das histórias;
▪ Geralmente, as narrativas terminam em final feliz (TAVARES, 2010, pp. 9-10).

São essas as características que a distinguem da literatura para adultos; esta última
com um nível de linguagem mais elaborado, mais poético, e situações mais densas
na acção, cujas expressões são, em muitos casos, inadequadas à infância. Este é o
motivo de a criança ir crescendo de acordo com um tipo de literatura, colocando em
prova a sua maturidade, o modo de ver o mundo em que está inserido.

A problemática existente sobre a literatura infantil não recai simplesmente sobre a


sua definição, mas igualmente sobre os seus subgéneros. Isto ocorre devido a
exiguidade de conteúdos que os retratam. No entanto, ela está agrupada em género
Narrativo (que engloba o conto, a fábula, a lenda, o mito e a novela) e o poético
(onde podemos encontrar o poema narrativo, o descritivo, o expositivo e o poema
misto).4

4Artigo disponível em:


https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://www.grugratulinofreitas.seed.pr.gov.br/redeescola/
escolas/21/970/26/arquivos/File/materialdidatico/formacaodocentes/literinf/texto3.pdf&ved=2ahUKEwjOi-
fZ987qAhURQkEAHZU3CJ8QFjAAegQIBBAB&usg=AOvVaw3Iv60GZJgAI86sPX2LfKJD, consultado
a15/06/2020, 15:41

21
CAPÍTULO II – LITERATURA INFANTIL E O HÁBITO DE LEITURA

22
2.1. Influência da Literatura Infantil sobre o Hábito de Leitura

É quase impossível falar de literatura sem tocar em expressões como leitura e


escola. Uma vez introduzida na cultura escolar, a literatura torna-se numa ferramenta
que fornece aos alunos alto grau de compreensão do mundo em diferentes domínios
da vida.

…sua função é exactamente fazer com que a criança tenha uma


concepção holística de tudo que a rodeia, tornando-a mais
comunicativa e analítica, frente à veracidade social em que vive e
actua, fortalecendo seu pensamento organizado. A literatura infantil
tem a capacidade de desencadear o imaginário, de responder às
incertezas em relação a tantas perguntas, de reaver novas ideias
para resolver questões e impelir a curiosidade do pequeno leitor
(NASCIMENTO, 2006, p. 21).

Uma criança que lê ou ouve a leitura de textos infantis com alguma constância, é
propensa a perceber mais rapidamente as diferentes situações da vida, porquanto a
literatura é a representação gráfica do mundo que nos rodeia. Desta forma, as
crianças devem ser iniciadas neste mundo desde a tenra idade, começando pela
família e dando continuidade na escola, numa abordagem mais ou menos adaptada
à sua idade. Pois, tudo deve ir do mais simples ao mais complexo.

Santos (s.d., citado por Paulino, 2012) defende que a promoção da leitura através da
literatura infantil nos alunos deve ser feita de uma forma progressiva e em momentos
próprios, uma vez que estes se encontram nos primeiros passos para a
descodificação do escrito; então, ele apresenta uma sugestão para este propósito:

… para que eles tenham contacto com a leitura e a produção de


textos, um dos caminhos é a «Hora da História», que traz noção de
texto e aguça a imaginação […] colocando em foco a leitura, o
letramento e a expressão de opiniões (PAULINO, 2012, p. 8).

É este momento que, em nosso entender, deveria ser criado no horário normal de
aulas, para dar a oportunidade, por um lado, de atribuir o valor real da literatura

23
infantil para o ensino primário, e, por outro, de fazer com que as crianças se
predisponham a ouvir ou a ler essas aventuras, produzindo uma interacção
proveitosa entre elas e o professor, bem como criar uma sincronia entre a
brincadeira, a criatividade, o prazer e a aprendizagem.

É relevante que haja um equilíbrio entre os exercícios ora mencionados a ponto de


não exceder um nem negligenciar outro. A criança aprende brincando, mas quando a
brincadeira é aproveitada de maneira certa. Este aproveitamento é e deve ser feito
pelo professor na sala de aulas ou não.

Os autores, na produção literária infantil, têm em atenção diferentes características


do público-alvo. Por isso, a Literatura Infantil

... se caracteriza pela forma de endereçamento dos textos ao leitor. A


época deles, em suas distintas faixas etárias, é conduzida em conta.
Os componentes que constituem uma obra do género devem
encontrar-se em harmonia com a capacidade de leitura que o leitor
prognosticado já granjeou. Assim, o autor selecciona uma forma de
mensagem que antecipa a faixa etária do provável leitor,
considerando os seus interesses e honrando às suas potencialidades.
A organização e o estilo das linguagens verbais e visuais buscam
adequar-se às experiências da criança. Os temas são seleccionados
de modo a ajustar às expectativas dos pequenos, ao mesmo tempo
que o foco descritivo deve admitir a superação delas (MACHADO,
s.d., p. 34).

É por isso que tanto no ambiente escolar, no familiar, quanto na biblioteca, deve
haver uma variedade de livros com diferentes temáticas de modo a ter uma
multiplicidade de opções a apresentar aos pequenos leitores, assim como para ter o
poder de escolha de temas e linguagens adequadas para cada idade.

Os benefícios da literatura infantil consistem na variedade de textos e de exercícios.

... muitos docentes ignoram o peso da leitura e da literatura e


abreviam a sua práxis pedagógica, muitas vezes, em textos
repetitivos com práticas orientadas e mecânicas, nos quais o área de

24
cogitação sobre si e sobre o mundo excepcionalmente depara lugar
(BARROS, 2013, pp. 21-22).

Torna-se necessário que os professores adoptem metodologias certas para o


tratamento de textos, de tal modo que sejam versáteis nas suas abordagens tendo
em conta o contexto sociocultural e económico dos alunos, aceitando (com as
devidas correcções) as reflexões apresentadas por estes – pois, nessa idade (do
ensino primário) o incentivo é mais relevante que a repreensão. Ao se considerarem
partícipes na análise do texto, sentir-se-ão exaltados e confiantes das suas opiniões;
isto construirá a sua auto-estima e os motivará a fazer mais leitura para contribuírem
na próxima actividade. É este prazer que se quer criar e, enquanto isso, sem
perceberem, os meninos estarão sendo treinados para futuros leitores.

Não basta ler para ou com as crianças, é necessário mostrar que a literatura infantil é
o espelho das sociedades, representa as formas de viver, de pensar de agir, de falar,
enfim, representa as tradições e culturas dos povos. Por isso, compreender a
literatura é perceber o mundo. A escola ou mesmo a família têm a missão de
relacionar o que se lê com a vida prática, daí a importância de não deixar escapar a
contextualização do conteúdo da obra. A criança deve saber que o seu futuro está
condicionado a viver em sociedade e para tal, precisa estar preparada para resolver
os problemas/dificuldades desta sociedade e até isso, a literatura pode fornecer.

É mostrando o verdadeiro papel da literatura infantil e proporcionando os deleites


presentes nela, através das suas características peculiares, que os alunos podem
criar o prazer de ler; este, por sua vez, quando várias vezes repetido de uma forma
divertida, produzirá o respectivo hábito nas crianças. A escola deve perpetua-lo, nos
níveis subsequentes ao primário, e assim teremos uma sociedade dominada pelo
hábito de leitura.

2.2. Conceito de leitura

“Ler é entrar em outros mundos possíveis. É indagar a realidade para compreendê-la


melhor, é se distanciar do texto e assumir uma postura crítica frente ao que se diz e

25
ao que se quer dizer, é tirar carta de cidadania no mundo da cultura
escrita...”(LERNER, s.d., citado por BARROS, 2013, p. 34)

Leitura é a “forma como o indivíduo interpreta os registos de ideias ou informações


presentes nos livros, jornais e dos mais variados textos que circulam na sociedade”
(ZACARIAS & PALMA, 2013, p. 6). Quer isto dizer que a leitura é a capacidade que o
indivíduo tem de interpretar e perceber determinada situação ou informação da
realidade.

O processo de leitura vai além da simples descodificação de palavras, pois,


entendemos que aqueles que não têm o domínio da escrita também podem fazer a
leitura – quando conseguem perceber determinada situação de comunicação. Por via
da oralidade, uma criança não letrada, por exemplo, ouvindo contos, pode consumar
o processo de leitura chegando a perceber o conteúdo do texto.

Souza (1992, citado por Albuquerque, 2013) diz que ler “[...] é interpretar uma
percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o
indivíduo a uma compreensão particular da realidade” (ALBUQUERQUE, 2013, p.
13).

Neste sentido, entende-se que a leitura não se limita apenas a percepção da vertente
verbal. Trata-se igualmente, neste caso, de leitura quando se percebe o conteúdo de
uma música, o quadro de um artista, os passos de uma coreografia, entre outras
formas de perceber circunstâncias diversas do universo.

Corroborando com esta ideia, Freire (1989, p. 9) no seu livro intitulado «A


Importância do Acto de Ler» afirma que “a leitura não é apenas a descodificação da
palavra escrita, de nada ela serviria se não tivéssemos a leitura do mundo, assim
sendo, a leitura do mundo precede a leitura da palavra...".Isto quer dizer que
qualquer texto ou obra literária tem uma ligação com o mundo real, ou seja, a
literatura é uma representação viva do viver em sociedade e sem essa relação, não
faria sentido a sua existência; não haveria importância da alfabetização se esta não
servisse para entender o mundo em que vivemos, tendo em conta variados
contextos.

26
Nesta óptica, o ensino da leitura verbal não se pode dissociar do contexto, pois para
além de ser motivador para a criança aprender sobre algo que ela conhece e vive,
ela também encontra razões óbvias em aprender mais sobre o desconhecido.

A criança, ao encontrar-se com o mundo mágico da literatura infantil, vivencia


experiências inimagináveis, capazes de activar ou mudar as suas emoções. É essa
reacção que se pretende, mas na perspectiva positiva, onde o pequeno leitor é
moldado a opinar, a criticar, a argumentar sobre a vida e a sociedade, participando
activamente dela, exercendo plenamente a sua cidadania. Este é o fim último da
leitura.

A leitura constitui no mundo de hoje elemento incontornável para se conhecer e


saber viver nele. Tal como se diz “conhecimento é poder”, e, certamente, parte
significativa deste conhecimento provém da leitura. Assim, ensinar a leitura,
sobretudo à criança possibilita e facilita a sua integração na comunidade em que vive
e não só, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento da sociedade.

A importância e necessidade de formar leitores infantis, precede o ensino das


técnicas de decifração do alfabeto ou palavras. A partir mesmo de casa, é necessário
que os pais comecem com o ensino da leitura do mundo através da literatura oral. A
este propósito, pode afirmar-se que

O livro é, de facto, um utensílio ideal no PEA. Basta pensar que não


há meio de comunicação em massa que não abranja um texto, no
qual só os vocábulos possam manifestar. Daí, o interesse da
formação para a leitura, mesmo antes de se começar o processo de
ensino. A convivência com as narrativas e com o livro em peculiar,
desde muito cedo, auxiliará a criança a adquirir segurança em si
mesma e o paladar pela descoberta de jovens histórias, novos
conhecimentos (TAVARES, 2010, p. 23).

O desenvolvimento da competência de leitura é uma tarefa de extrema importância,


por isso, deveria constituir-se na actividade mais relevante que todo e qualquer
professor teria de fazer, não importando a disciplina a leccionar, porque o acto de ler

27
não se circunscreve apenas às disciplinas de línguas (embora tudo comece por ali),
mas a todas as matérias científicas e não científicas.

É imprescindível, para o efeito, a presença de um adulto ou de uma instituição


dotada de competências capazes para mediar o processo de leitura no sentido de
compreender o mundo, despertar o gosto e o hábito de leitura, assim como, de
despertar o autor "oculto" de futuras literaturas adormecido no interior dessas
crianças.

2.3. Os mediadores de leitura e a importância destes para a


formação do Hábito de Leitura

2.3.1. O Professor

O professor é um dos elementos do triângulo didáctico-pedagógico (aluno, professor


e conteúdo). É a entidade responsável pela orientação da actividade didáctica na
sala de aulas, servindo de elo entre as diferentes matérias e os alunos/educandos.

De acordo com Fernandes (2000, citado por Albuquerque, 2013), o papel do


professor na sala de aulas passa por orientar os conhecimentos prévios dos alunos:

[...] o aluno ao ingressar na escola já possui determinados


conhecimentos. Mas, ele carece de muitos outros saberes
indispensáveis à plenitude da sua vida em todos os sentidos. A
criança que inicia a carreira escolar já é um falante, fez uso da
linguagem, entende e fala a Língua Portuguesa. Mas não sabe
escrever nem ler os registos verbais escritos. E essa competência ela
espera adquirir na escola... (ALBUQUERQUE, 2013, p. 14)

Durante o processo de ensinar a ler e a escrever, o professor não irá por de parte a
necessidade de ler para e com os seus alunos com o objectivo de criar ou manter o
“apetite” dos pequenos para com o livro, fundamentalmente os de seus interesses ou
preferências. Neste âmbito, o professor deve ter a capacidade de trazer para a aula
de leitura, uma diversidade de obras literárias.

28
Ademais, há muitos alunos cujas famílias não têm um ambiente de leitura, situação
que ocorre, porque os encarregados ou não dominam a descodificação de grafemas
ou porque suas famílias não lhes proporcionaram a cultura de leitura. O que dificulta
ainda mais a aprendizagem da mesma e do seu hábito pelos seu filhos, exigindo
muito mais do professor. Concomitantemente a isto, Moço et. al. (2014) afirmam que
“… a educação obrigatória constitui para a imensa maioria dos adolescentes e jovens
o único lugar onde têm a oportunidade de aceder ao conhecimento e à leitura dos
textos de literatura e à experiência da criação literária.” (MOÇO, MARTINS,
LUCIANO, & MATOSO, 2014, p. 29)

O professor deve cultivar o afecto com os seus alunos, trabalhando de forma


conjunta na leitura, aceitando a interpretação que os meninos fazem, orientando-os
para uma reflexão comum; sem deixar de parte a questão do afecto e da motivação,
ao valorizar as suas capacidades de elaborar entendimentos diferenciados de acordo
a sua cultura, os conhecimentos prévios e a convivência com os seus colegas. Ao
negligenciar estes aspectos, o professor estará criando condições para uma leitura
monótona, desfavorecendo o objectivo fundamental da leitura literária – o hábito de
leitura.

Comungando com a mesma ideia, CAPILA et al (2013) dizem:

“[...] precisa-se que a actividade se integre em outro formato que não é o da


aula clássica onde, normalmente, o professor expõe, o aluno toma nota, o
professor explica, o aluno ouve, o professor pergunta, o aluno responde.
Contrariamente a isto, deve-se primar por uma aula de leitura integrada, onde
a actividade é executada por todos: os alunos realizando as tarefas e o
professor orientando-as.” (CAPILA, GASPAR, PEREIRA, JOÃO, & CHIELA,
2013, p. 70)

Segundo Marachini (2000, citado por Cruz, 2008, p.1023)

“o papel da escola e do professor não é divulgar informações, mas sim


instigar o conhecimento. A escola da informação e da memorização deve dar
lugar à escola do conhecimento e da descoberta. Desse modo, o professor
deixa de ser transmissor de conhecimento e passa a ser mediador da

29
aprendizagem. O aluno deixa de ser mero receptor de informações moldadas
e transmitidas pelo professor, passando a ser estimulado e educado para ser
um cidadão com pensamento crítico-reflexivo. Professor e aluno aprendem
junto, o professor passa a ser o mediador, ajudando o aluno a analisar as
fontes de informação”. 5

É com base nestas interacções que o professor desenvolve no aluno uma visão
ampliada, ganhando maior confiança no que ele lê; deste modo sentirá, cada vez
mais, segurança, tornando-se mais consciente, produtivo e activo.

Portanto, o professor é o garante da criação do hábito de leitura nos alunos ou a sua


continuidade naqueles que já o trazem do seio familiar. Por este motivo, ele deve
inventar tempos e espaços para a leitura literária, participar de circuitos de literatura
fora da escola, flexibilizar categorias ou textos para os seus alunos, revitalizar
actividades de ouvir e contar estórias… Importa realçar que a selecção adequada de
livros, a predisposição que os alunos têm no momento da escolha das obras, a
valorização que o professor fizer dos seus argumentos e a motivação para a
resolução de diferentes desafios, são elementos que influenciarão o gosto pela
leitura.

2.3.2. A Biblioteca Escolar

Ferreira (1986, citado por Cortelete, 2016), define biblioteca como: “1.Colecção
pública ou privada de livros e documentos congéneres, organizada para estudo,
leitura e consulta; 2. Edifício ou recinto onde se instala essa colecção; 3. Estante ou
outro móvel onde se guardam e/ou ordenam livros”. (CORTELETE, 2016, p. 15)

Em nosso entender, este conceito acaba por restringir os usuários dela, reservando o
privilégio apenas aos que têm algum trabalho científico ou equivalente, cuja solução
os obrigue a consultar o referido espaço. Tal situação, obriga que os seus utentes
sejam pelo menos letrados e/ou estudantes.

5Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v29n105/v29n105a05.pdf, acessado a 09/03/2021,


12:01min.

30
No entanto, deve-se ressaltar que o seu conceito não deve ser limitado à classe
letrada, pois ela para além de servir de estudo/pesquisa, leitura e de consulta, deve
suscitar também a curiosidade através do conto e o prazer à leitura, tal como afirma
Abramovich (2006, citado por Cortelete, 2016):

“[...] Um lugar onde se possa folhear qualquer espécie de livro


publicado, brincar com dicionários e buscar palavras novas, imagens
em livros de arte ou em revistas ou jornais do antigamente...
(CORTELETE, 2016, p. 11)

Calçada (2010, citada por Gonçalves, 2017), considera que uma Biblioteca escolar
deve ocupar-se de:

“fazer mais e melhores leitores, leitores analíticos, leitores utilizadores


de bibliotecas (…) leitores consumidores de livros, mas também
leitores digitais competentes, criativos, capazes de utilizar os
diferentes suportes de escrita e leitura, as novas técnicas de
reprodução e disseminação da informação, de forma eficaz e
crítica...” (GONÇALVES, 2017, p. 22)

Trata-se de um local que pode ser usado por pessoas de todas as faixas etárias,
interessadas ao mundo da leitura ou da investigação, sejam elas letradas ou não.

Como diz o velho adágio popular, “é desde pequeno que se torce o pepino”, o
mesmo sucede com o mundo da leitura, pois é de capital importância que se comece
prematuramente o estímulo à ela, já que esse exercício madrugador contribui para
que a criança seja um sujeito crítico do seu habitat e, neste espaço ela amplia a sua
criatividade através do contacto com distintas obras, dentre elas, as de literatura
infantil, que para além de despertar a curiosidade, o gosto pelos livros e
consequentemente pela leitura, também aperfeiçoam a ortografia e enriquece o
vocabulário por abordarem vários assuntos de forma lúdica e estimulante.

Para isso, é fundamental que na implementação de uma biblioteca escolar se


comece pela formulação de um plano protagonizado por pessoas competentes para

31
o efeito e compreendam de facto o verdadeiro objectivo e o valor da existência deste
espaço na escola ou na comunidade.

Entretanto, não bastam os recursos materiais, a figura do bibliotecário é


incontornável, pois é ele quem intermedeia a relação
informação/aluno/conhecimento. Por isso, este elemento não pode ser visto apenas
como um localizador de livros; ele, dentre muitas funções, de acordo com Hillesheim
& Fachin (1999, citados por Costa, 2013),

“O bibliotecário escolar deve estar consciente do seu papel como


educador, como mediador entre a informação e o usuário. Precisa
criar projectos de estímulo à leitura e se programar para ensinar
alunos e professores a realizarem pesquisa bibliográfica. Desse
modo, o bibliotecário escolar, assim como o professor, devem actuar
como educadores e trabalhar em prol da educação.” (COSTA, 2013,
p. 32)

Portanto, deve haver uma relação muito profunda entre o professor e o bibliotecário
escolar, fazendo com que para além dos alunos aprenderem na biblioteca
informações adicionais, também possam ter vários ângulos sobre o que lhes é
ensinado nas salas de aulas, tornando o conhecimento cada vez mais consolidado. É
preciso, por outro lado, que o professor e o bibliotecário escolar tenham
conhecimento profundo sobre os alunos, bem como saber filtrar o melhor para eles.

2.3.3. A Família

A família é o núcleo fundamental de qualquer sociedade. Ao ser assim, ela é o centro


das atenções dos seus filhos, tanto pelo lado positivo, quanto pelo negativo, a
depender daquilo que os seus exemplos de vida demonstram.

Trata-se de um espaço onde a criança se sente segura, aprende a conviver com a


sociedade, moldando o seu comportamento no modelo da família em que se
encontra. É na família que a criança estabelece os primeiros contactos, bem como é
onde permanece por mais tempo e, por via disso, o indivíduo é fortemente

32
influenciado com marcas que se reflectem em vários domínios da vida dela, sendo
que para o caso da aquisição do hábito de leitura não é excepção. É na família onde
a criança pode encontrar o seu abc para o mundo das aventuras, da imaginação e
dos momentos de responsabilidade social, através da literatura infantil tanto oral,
quanto escrita.

“A construção de um hábito de leitura é um processo que ocorre a


longo prazo e quanto mais cedo acontecer o estímulo, melhor será a
qualidade da formação do leitor [...] tal estímulo deve ser cultivado no
seio da família, sendo que as escolas e bibliotecas darão
continuidade ao processo.” (RODRIGUES, 2016, p. 14)

Se a família não proporcionar à criança um ambiente com a leitura, estará a diminuir


significativamente a oportunidade desta ser uma potencial leitora e, aumentar as
suas chances de ser futuramente um adulto pobre em vários sentidos, pois, a leitura
oferece ao indivíduo muitas vias favoráveis para conhecer o mundo e dele desfrutar
com inteligência. Uma família que lê bastante, faz também bons leitores, o que
igualmente pode valer pelo lado oposto.

As crianças a que, desde cedo, são lidas estórias têm maior probabilidade de
ganharem o gosto pela leitura, pois, estarão habituadas a ouvir esses contos,
marcando a sua vida na infância, e criará nelas uma ânsia capaz de ser apenas
saciada pela busca por mais aventuras, viajando assim para mundos cheios de
beleza, imaginação, prazer e desafios cada vez maiores que exigirão muito mais de
si, provocando uma ampliação da percepção do mundo delas e do mundo que as
rodeia. É essa capacidade que tornará a criança habituada a ouvir estórias ser
diferente de outras na escola e na vida prática.

É por este motivo que é importante, não só corrigir o caminho do jovem que não lê,
mas começar desde a mais tenra idade a fazer a leitura de textos ou livros infantis
para as nossas crianças e continuar a motivá-las a prosseguirem com a prática
durante toda a vida.

33
Yunes (2003, citado por Souza, 2009), clarifica a responsabilidade que a família tem
neste âmbito ao afirmar que “[...] o hábito de leitura inicia-se antes da criança
aprender a ler: neste paradoxo regista-se a decisiva influência do contar/ouvir
histórias, para uma relação satisfatória com o universo da ficção”. (SOUZA, 2009, p.
16)

Em síntese, podemos afirmar que é na família e na escola primária (auxiliada com a


biblioteca escolar) onde o hábito de leitura de cada um toma um rumo específico e a
presença dos três mediadores é de carácter imperioso, se quisermos formar uma
sociedade realmente leitora, uma vez que:

✓ Ao professor (na escola/sala de aulas) incumbe-se o dever de tornar a leitura


um exercício de prazer e, de forma sistemática, ir incluindo questões ou jogos
que exijam mais desses alunos, de tal forma que estes prevejam quase
sempre as (re)acções dos personagens de acordo as diferentes situações
com as quais estejam envolvidos, bem como pensar no desfecho da estória;
✓ À biblioteca (escolar) responsabiliza-se pela questão de possuir em suas
prateleiras ou no seu baú uma variedade de livros de literatura infantil, que
atraiam a atenção dos leitores em formação e a presença de um bibliotecário
competente, capaz de atender às necessidades fundamentais dos alunos:
leitura, pesquisa, educação (no sentido de fornecer valores úteis à sociedade),
aprendizagem, o uso da informação, da comunicação e das tecnologias.
✓ À família (em casa, desde a tenra idade), cabe o dever de promove o hábito
de leitura desde a mais tenra idade e garantir a sua continuidade na escola.
Aliás, se a escola não efectua a leitura recreativa, o pai ou a mãe têm todo o
poder de aproveitar o tempo de sobra para fazê-lo em casa ou na biblioteca
da escola, da vila ou da cidade. Uma família que lê bastante, faz também bons
leitores, o que igualmente pode valer pelo lado oposto.

34
CAPÍTULO III – ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS

35
3.1. Apresentação do Estudo

O presente estudo foi realizado com os professores da Escola Primária nº 97 de


Quipungo. E os gráficos abaixo demonstram a composição da amostra, bem como
os resultados do inquérito aplicado.

Gênero da amostra
5 5
5
4
3
Gênero da amostra
2
1
0
Masculino Feminino

Gráfico nº 19 – Distribuição da amostra por Género

A amostra da pesquisa apresenta um equilíbrio ao nível do género, sendo 50%


feminino e 50% masculino.

Distribuição da amostra por idade


3
3

2.5
2 2
2

1.5
1 1 1 Distribuição da amostra por
1 idade

0.5
0
0
Entre Entre Entre Entre Entre Entre Maior
18 a 25 26 a 30 31 a 35 36 a 40 41 a 45 46 a 50 de 50
anos anos anos anos anos anos anos

Gráfico nº 20 – Distribuição da amostra por idade

36
A idade representativa da nossa amostra é compreendida no intervalo de 26 e 30
anos de idade, com 30%, portanto, é maioritariamente jovem.

Distribuição da amostra por nível acadêmico


8
8
7
6
5
4
3 Distribuição da amostra por
2
nível acadêmico
2
1 0 0 0
0

Gráfico nº 3 – Nível académico da amostra

Como se pode constatar no gráfico acima, é o nível médio que mais se destaca na
escolaridade dos professores, com uma percentagem de 80%.

37
Especialidade dos Professores
6
6
5
4
3
2 1 1 1 1
1 Especialidade dos
0 Professores

Gráfico nº 4 – Especialidade dos professores inqueridos

Como evidenciado no Gráfico acima, grande parte da amostra, 60%, fez a


especialidade de CEJ no ensino médio.

Distribuição da amostra por tempo de serviço


5
5

4.5

3.5

2.5
2 Distribuição da amostra
2 por tempo de serviço

1.5
1 1 1
1

0.5

0
De 0 a De 6 a De 11 a De 16 a Mais de
5 anos 10 anos 15 anos 20 anos 20 anos

Gráfico nº 5 – Tempo de serviço dos professores

38
Mais de 50% dos professores passou o período probatório (mais de 5 anos) e
encontra-se em efectivo serviço, o que dá uma possibilidade de um grau de
experiência aceitável.

Classes leccionadas pelos professores inqueridos


5
5
4
3
2
2 Classes leccionadas pelos
1 1 1
professores inqueridos
1
0 0
0

Gráfico nº 6 – Classes leccionadas pelos professores no ano lectivo de 2020

Parte representativa do conjunto estudado, correspondente a 50% lecciona


actualmente a 6ª classe, indicador que nos permite aferir que os mesmos terão
passado pelas classes inferiores, tratando-se de um ciclo repetitivo.

39
Questão nº 1:

Com certeza, já ouviu falar sobre “hábito de leitura”. Concorda com a tese segundo a
qual a sociedade tem vindo a perder o hábito de leitura?

A sociedade tem vindo a perder o hábito


de leitura. Concorda?
8
8
7
6
5 A sociedade tem vindo
4 a perder o hábito de
3 2 leitura. Concorda?
2
1 0
0
Sim Não Talvez

Gráfico nº 7 – Perda do hábito de leitura

80% dos professores inqueridos responderam que sim, já ouviram falar sobre o
hábito de leitura e concordam com a tese colocada, o que permitiu a prossecução do
resto da investigação.

40
Questão nº 1.1:

Se sim, o que pode estar na base de tal facto?

Factores que estão na base da perda do Hábito de Leitura

7
7
6
5 5
4
3
2
2 1
1
0

Factores que estão na base


da perda do Hábito de
Leitura

Gráfico nº 8 – Factores que estão na base da perda do Hábito de Leitura

Nesta questão, conclui-se que a falta de cultura de leitura na família, aliada à falta de
livros apropriados que agucem o gosto pela leitura são variáveis eleitas que estão na
base da perda do hábito de leitura, numa percentagem de 70% e 50%
respectivamente.

41
Questão nº 2:
Acha que a literatura infantil pode ajudar a desenvolver hábitos de leitura nos
alunos?

Acha que a literatura infantil pode ajudar a


desenvolver hábitos de leitura nos alunos?
10
10
Acha que a literatura
infantil pode ajudar a
5
desenvolver hábitos de
0 0 leitura nos alunos?
0
Sim Não Talvez

Gráfico nº 9 – O contributo da literatura infantil no desenvolvimento dos hábitos de leitura

Nesta questão, todos os professores (que correspondem a 100%) responderam


positivamente.

Questão nº 2.1:

Que subgéneros de Literatura Infantil podem despertar maior atenção?

Os subgêneros da Literatura Infantil que podem


despertar maior atenção dos meninos
10
10
8 7
6
4 4
2
2 1
Os subgêneros da Literatura
0 0 Infantil que podem despertar
0
maior atenção dos meninos

Gráfico nº 10 – Subgéneros da literatura infantil que despertam maior interesse nos alunos

42
Os inqueridos responderam que os subgéneros de Literatura Infantil que podem
despertar maior atenção são Fábulas (100%) e Banda Desenhada (70%), com base
na representação gráfica acima.

Questão nº 3:

Além do manual de leituras, como os alunos desta escola têm acesso aos livros
literários?

O acesso a livros literários


9
9
8
7
6
5
4
3
2 1
1 0 0 0
0 O acesso a livros literários

Gráfico nº 11 – O Acesso dos alunos a livros literários na escola primária nº 97 de Quipungo

A maior percentagem de escolha (90%) recai para a opção segundo a qual “os
alunos não têm acesso aos livros, além do manual de leitura, como se demonstra no
gráfico nº 11.

43
Questão nº 4:

Enquanto professor de português, de que forma descobre as preferências de leitura


dos alunos?

Formas de descobertas das preferências de


leitura dos alunos
9
9

2
1
1
0 0
0

Formas de descobertas das


preferências de leitura dos
alunos

Gráfico nº 12 – Formas como os professores descobrem as preferências de leitura dos alunos

90% da amostra indicou que descobre as preferências de leitura dos alunos


mediante um diálogo.

44
Questão nº 5:

Quais são as principais dificuldades na implementação de actividades de leitura na


sala de aulas?

Principais dificuldades na implementação de


actividades de leitura
8
8

6 5
4
4

2 1
0
Principais dificuldades na
0
implementação de
actividades de leitura

Gráfico nº 13 – Principais dificuldades na implementação de actividades de leitura

Tal como evidenciado na questão nº 3 (onde se verificou a ausência de livros


literários), a escassez do material didáctico para a leitura é igualmente tida como a
principal dificuldade na implementação de actividades de leitura, com uma
percentagem de 80%.

45
Questão nº 6:

Os textos contidos nos Manuais de Leitura do ensino primário ajudam os alunos a


criarem o gosto pela leitura?

Os textos contidos nos Manuais de Leitura do ensino


primário ajudam os alunos a criarem o gosto pela
leitura?

8 7

6 Os textos contidos nos


Manuais de Leitura do ensino
4 primário ajudam os alunos a
2
1 criarem o gosto pela leitura?
2

0
Sim Não Talvez

Gráfico nº 14 – Os textos contidos nos manuais de leitura do ensino primário ajudam a criar o gosto pela leitura?

De acordo com os professores inqueridos, 70% responderam que os textos contidos


nestes manuais não ajudam os alunos a criarem o gosto pela leitura, 20%
responderam que sim e 10%, talvez.

46
Questão Nº 6.1:

Se sim, por que não produzem efeitos esperados, no que diz respeito ao hábito de
leitura?

Por que motivo os textos contidos nos manuais de leitura não


produzem efeitos esperados, no que diz respeito ao hábito de
leitura?
2
2
1.8
1.6
1.4
1.2 1 1
1
0.8
0.6
Por que motivo os textos contidos
0.4
nos manuais de leitura não
0.2 0 0 produzem efeitos esperados, no
0 que diz respeito ao hábito de
leitura?

Gráfico nº 15 – Motivos que fazem com que os textos contidos nos manuais de leitura não tenham efeitos sobre o
hábito de leitura

Os inqueridos que responderam que sim, argumentaram que apesar dos referidos
textos ajudarem a promover o hábito de leitura, outros motivos condicionam o

47
processo, dentre estes sobressai o de os alunos não se aplicarem, com uma
percentagem de 20%.

Questão nº 6.2:

Se não, o que tem feito para incentivar o gosto pela leitura nos alunos?

O que os Professores têm feito para incentivar o gosto de


leitura nos alunos?
6
6

4
4

2
2 O que os Professores têm feito
para incentivar o gosto de leitura
1 nos alunos?
1

0
Motivar os Ler Dar Recomendar
encarregados textos/obras pequenos aos alunos
de educ. a literárias prêmios aos que leiam
comprarem com os que lêem um certos
livros alunos texto ou livro textos/obras
literários e conseguem para
recontar a trabalhar na
estória estória em
sala de aulas

Gráfico nº 16 – O que os professores têm feito para incentivar o hábito de leitura, de modo a compensar a lacuna
dos manuais de leitura do ensino primário

48
A opção ler textos ou obras literárias com os alunos é a actividade mais praticada
(com 60%) pelos professores que entendem que os textos contidos nos manuais de
leituras do ensino primário não activam o gosto pela leitura.

Questão nº 7:

Quê estratégias tem aplicado na utilização de textos de formas a promover o Hábito


de Leitura?

Estratégias aplicadas na utilização de textos de formas a


promover o hábito de leitura
9
9
8 7
7
6
5
4 3
3 2
2
1 0 0 0 Estratégias aplicadas na
0 utilização de textos de formas a
promover o hábito de leitura

Gráfico nº 17 – Estratégias usadas na aplicação de textos para a promoção do hábito de leitura

Tal como demonstrado no gráfico nº 17, de forma a promover o hábito de leitura


mediante o uso de textos, 90% dos inqueridos opta pela estratégia de leitura e conto
na sala.

49
Questão nº 8: De quê forma os pais poderiam ajudar para promover o hábito de
leitura nos educandos?

De quê forma os pais poderiam ajudar a promover o hábito


de leitura nos seus educandos?

8
8
7 7 7
7

3
2
2

1
0
0

De quê forma os pais poderiam


ajudar a promover o hábito de
leitura nos seus educandos?

Gráfico nº 18 – A forma como os pais podem ajudar na promoção do hábito de leitura nos seus educandos

50
A população estudada (80%) considera que a estratégia mais acertada para ajudar a
ultrapassar o problema da falta do hábito de leitura é a de os pais criarem condições
como comprar livros literários infantis e visitar bibliotecas.

3.2. Análise e Interpretação de Dados

O inquérito que foi realizado aos professores, respeitou o equilíbrio do género (50%
para masculino e 50% para feminino), o que de certa forma permitiu ter um
conhecimento mais abrangente sobre a forma de como os dois lidam com o processo
de ensino da leitura.

Outrossim, parte dos inqueridos (30%) é jovem com idade compreendida dos 26- 30
anos. Situação que pode ser considerada importante para a obtenção de resultados
satisfatórios no que concerne a aprendizagem da leitura nos alunos, pois, é a fase
mais produtiva de qualquer ser humano.

Aliado a isto, vale referenciar que 50% destes professores já se encontra em efectivo
serviço numa periodicidade de 6 – 10 anos, tendo passado o período probatório, que
é de 5 anos, estabelecido pelo Ministério da Educação de Angola. Os dados
referidos comprovam a experiência adquirida por eles e permitiram dar informações
seguras e com verdade sobre as dificuldades atinentes a aquisição da leitura.

Adicionalmente a estes importantes dados, 50% dos inqueridos lecciona a 6ª classe,


o que possibilitou deduzir que os mesmos terão leccionado em todas as classes do
ensino primário por se tratar dum ciclo que se repete, possibilitando conhecer a
realidade de todas.

Mas, contrariamente a tudo isto, deve-se ressaltar que 80% destes professores
possui apenas o nível médio. Realidade que em nosso entender pode ser
desfavorável neste processo, concorrendo para desabilitá-los, porque para além
deste factor, maior parte deles (60%) é formada em Ciências Económicas e
Jurídicas, especialidade que em nada se relaciona com o trabalho do professor e,
pouco ou nada contribui para efectivação desta árdua e nobre tarefa de ensinar a ler.

51
Na primeira questão, 80% dos professores inqueridos respondeu positivamente à
pergunta, de que realmente se está a perder o hábito de leitura. E tal como afirmado
no argumento do gráfico, deu-se razão a nossa indagação, permitindo,
consequentemente a continuação do estudo.

Tende a perder-se o hábito de leitura, porque, segundo eles, falta esta cultura no
seio das famílias e de livros adequados; indicadores que mais uma vez revelam o
importante papel da família e dos livros adequados neste processo.

Para a questão nº2, os inqueridos foram unânimes (100%) em apontar a utilização da


literatura infantil como solução para suscitar o gosto de leitura, sendo os subgéneros
fábula e banda desenhada, as variedades eleitas. A literatura infantil é atractiva, pois,
os textos desta natureza tratam os assuntos de forma prazerosa e encantadora,
fazendo com que o aluno aprenda – brincando.

Quanto à terceira questão, 90% dos inqueridos respondeu que os alunos não têm
acesso a livros, além do manual de leitura; uma situação considerada
constrangedora. Por isso, há necessidade de a escola e a família procurarem usar
textos realmente catalizadores no caso em concreto os de literatura infantil.

Relativamente à quarta questão, 90% dos professores inqueridos tem o


conhecimento das preferências de leitura dos alunos através do diálogo com eles, o
que permite o desenvolvimento eficiente do hábito de leitura dos alunos.

Na questão nº 5, sobre as principais dificuldades existentes aquando da


implementação de actividades de leitura, 80% aponta a escassez de material
didáctico como principal dificuldade. O que explica o número significativo de alunos
com dificuldades de leitura ou mesmo sem saberem ler, fenómeno que ocorre
igualmente em classes terminais do ensino primário, cujo perfil de saída é saber ler e
escrever.

52
De realçar que não é possível realizar este tipo de actividade sem que haja livros,
pois, é no livro que se encontram textos literários infantis que irão persuadir o aluno a
gostar de ler.

Na sexta questão, 70% dos inqueridos, afirma que os textos contidos nos manuais
do ensino primário não ajudam a criar o gosto pela leitura. O que explica a tendência
de os alunos olharem para a leitura como exercício obrigatório. Assim, há
necessidade urgente de se incluir nestes manuais textos que suscitem a curiosidade
requerida.

Quanto à sétima questão, 90% dos professores inqueridos afirma que a estratégia
aplicada na utilização de textos, de forma a promover o gosto pela leitura, é a leitura
e o conto na sala. Estratégia que consideramos eficaz se a selecção do texto for
competente e aliada ao conto de estória que atraia a atenção dos alunos, fazendo
com que eles vivam a estória de facto.

E, finalmente, para a oitava questão, 80% dos inqueridos afirma que os pais devem
ajudar a promover o hábito de leitura nos seus educandos através da criação de
condições (compra de livros infantis, visita a bibliotecas, livrarias). Ainda assim,
outras opções mereceram destaque dos inqueridos (com 70% de escolha) como é o
caso de os pais contarem estórias para os filhos, bem como falarem com os mesmos
sobre a importância da leitura.

53
CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES, SUGESTOES E PROPOSTAS
METODOLÓGICAS

54
4.1. Conclusões

Pesquisado o assunto nos capítulos I e II e analisados os dados fornecidos pelos


professores, fomos capazes de aferir as seguintes conclusões sobre a existência do
problema e as suas causas:

✓ A perda do hábito de leitura, além da falta da cultura de leitura na família, tem


sido causada também pela falta de livros literários que agucem o gosto por ela
e a insuficiência de professores qualificados no domínio da literatura no ensino
primário;
✓ A escassez do material didáctico para a leitura constitui a maior dificuldade na
implementação de actividades de leitura na sala de aula;
✓ Os textos contidos nos manuais de leituras do ensino primário também não
ajudam a promover o gosto de leitura, daí que os alunos consideram a leitura
como uma actividade obrigatória;
✓ A pressão sofrida para o cumprimento do programa, a fraca qualidade que os
professores direccionados para este nível têm e a inexistência de um
momento reservado para a leitura literária são outras causas que contribuem
para a falta do hábito de leitura;
✓ A solução do problema passa pela conjugação de esforços direccionados para
a infância, onde a ferramenta mais adequada é obviamente a literatura infantil,
servindo-se da fábula, género que desperta maior atenção dos alunos;

55
4.2. Sugestões

✓ De modo a ter resultados esperados, urge a necessidade de se reforçar os


papéis de cada instituição. A família precisa de instituir um momento de conto
no lar; assim, a criança sairá de casa com um certo “apetite” pelos livros e
suas estórias;
✓ No que toca à falta de livros literários, tanto a família quanto a escola podem
ajudar a coleccionar livros, possibilitando, deste modo, a criação de pequenas
bibliotecas domiciliares a médio prazo e escolares, a longo prazo, já que estas
não existem nas escolas;
✓ O tempo para trabalhar com textos literários, fundamentalmente no ensino
primário, deve ser reservado, aliviando, assim, a pressão que os professores
sofrem ao ministrarem as suas aulas; pois, o fim último da educação é
influenciar o intelecto de um indivíduo, tornando-o num sujeito útil à
sociedade, desenvolvendo neste a capacidade de pensar por si mesmo. É aí
onde entra a função da literatura, ao libertar a mente do leitor a formar opinião
própria sobre determinadas situações;
✓ Uma vez que os textos contidos nos manuais de leituras do ensino primário
não activam o gosto pela leitura como desejado, os professores podem criar
mecanismos, procurar obras ou textos literários que atendam os objectivos
pretendidos de formas a colmatar essa insuficiência, mas com maior rigor;
✓ Dado que os professores do ensino primário, pelo nível de ensino e cursos
frequentados, não possuem a qualificação necessária para superar o
problema investigado, caberá à direcção escolar agendar seminários de
capacitação em matérias de literatura infantil e o hábito de leitura.

56
4.3. Propostas Metodológicas

Como realçado ao longo desta pesquisa, tudo começa da base, da família, e a


escola não se encontra preparada o suficiente para contrapor essa realidade, tão
séria a ponto de afectar já um grande número de alunos. Desta feita, apresentamos
as seguintes propostas metodológicas:

✓ Leitura e reconto na sala: o professor pode cativar a atenção dos alunos


no momento da leitura, se informa-los que logo a seguir pedirá para que
alguns recontem uma parte do texto. Porém, isso apenas será possível se
o texto for curto e a leitura bem feita. Uma outra possibilidade desta
modalidade é permitir que os alunos o façam na biblioteca escolar (caso
exista) com ajuda do bibliotecário ou em casa com o acompanhamento dos
pais, durante determinado tempo e levar a estória à sala de aulas e fazer
os seus colegas entende-la, com o apoio do seu professor;
✓ Jogo de palavras: escolhem-se palavras do texto de forma aleatória ou
mesmo propositada pelo professor para que os alunos as localizem, num
tempo relativamente curto, e dá-se incentivos ao vencedor por conhecer
melhor o texto;
✓ Representação cénica: o professor pode dividir a turma para esta
actividade, em particular (com o objectivo de cada aluno representar uma
personagem do texto) e ensaia-los para o dia da apresentação, diante de
uma plateia formada pelo resto dos colegas da turma ou pelos de outras
turmas da escola;
✓ Concursos de leitura entre alunos: este pode acontecer na mesma
turma, entre turmas da mesma escola ou de escolas diferentes, a medida
em que a complexidade avaliativa aumentar;
✓ Promoção de feiras da literatura infantil: que pode ser posta em prática
pela escola, sob impulso do professor e com ajuda dos pais que
posteriormente poderão acompanhar os seus educandos a visitarem a
mesma feira.

57
Bibliografia

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fZ987qAhURQkEAHZU3CJ8QFjAAegQIBBAB&usg=AOvVaw3Iv60GZJgAI86sPX2Lf
KJD, acesso: 15/06/2020, 15:41.

60
Apêndice

61
Apêndice 1 - Inquérito aos Professores

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


(ISCED – HUILA)

Inquérito aos Professores


Senhor (a) professor (a), somos estudantes finalistas do ISCED-Huíla do curso do Ensino do
Português, e este inquérito destina-se à recolha de dados para a elaboração do trabalho de fim de
curso para a obtenção do grau de Licenciatura sob o tema “A LITERATURA INFANTIL E O
HÁBITO DE LEITURA: UM ESTUDO A REALIZAR COM OS PROFESSORES DO
ENSINO PRIMÁRIO DA ESCOLA Nº 97 DE QUIPUNGO”, cujo objectivo principal é propor
estratégias para fomentar o gosto pela leitura. As respostas são anónimas e servirão só para o fim
científico e académico.

I. CARACTERIZAÇÃO DO DOCENTE
«Marque com um x os quadrados que se apresentam nas opções achadas correctas/verdadeiras.»

0. Género: M F
1. Idade: entre 18 – 25 26 – 30 31 – 35 36 – 40 41 – 45
46 – 50 maior de 50
2. Formação académica:
Técnico médio Bacharel Licenciado Mestre Doutor
2.1. Especialidade ____________________________________________________________.

3. Tempo de serviço (anos)


entre 0 – 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 mais de 20
4. Classe que lecciona: Iniciação 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª
II – ACTIVIDADES REFERENTES À LEITURA
1. Com certeza, já ouviu falar sobre “hábito de leitura”. Concordas com a tese segundo a qual
a sociedade tem vindo a perder o hábito de leitura?
Sim Talvez Não
1.1. Se sim, o que pode estar na base de tal facto?
Insuficiência de professores qualificados.
Falta de sala de leitura.
Falta de cultura de leitura na família.
Falta de livros apropriados.

62
2. Acha que a literatura infantil pode ajudar a desenvolver hábito de leitura nos alunos?
Sim Não Talvez

2.1. Que subgéneros de Literatura Infantil podem despertar maior atenção?


Banda desenhada Poesia Colecções Fábulas
Texto dramático Contos Tradicionais Provérbios

3. Além do manual de leituras, como os alunos desta escola têm acesso a livros literários?
Através da biblioteca da sala de aulas.
Pela Biblioteca/sala de leitura escolar.
Biblioteca/sala de leitura Municipal.
Partilha e empréstimo de livros entre alunos.
Não têm acesso a livros, além do manual de leituras.

4. Enquanto professor de português, de que forma descobre as preferências de leitura dos


alunos?
Através de diálogo com os alunos sobre as suas preferências de leitura.
Utilização dos livros que integram os armários da escola, uma vez que estes já tiveram
uma selecção prévia.
Partilha com outros professores ou alunos no sentido de obter uma maior diversidade
de livros.
Outra ________________________________________________________________

5. Quais são as principais dificuldades na implementação de actividades de leitura na sala de


aulas?
Os alunos vêem a leitura como uma obrigação.
Escassez de materiais didácticos para a leitura.
Não há, no programa, momento reservado para a leitura.
Pressão para o cumprimento do programa da disciplina.
Outras _______________________________________________________________
6. Os textos contidos nos Manuais de Leitura do ensino primário ajudam os alunos a criarem
o gosto pela leitura?
Sim Não Talvez

6.1. Se sim, por que não produzem efeitos esperados, no que diz respeito ao hábito de leitura?

Os professores usam os manuais disponíveis de forma inadequada.


Os docentes não suscitam curiosidade nos seus alunos.
Os professores existentes não estão qualificados para os resultados esperados.
Os alunos que temos não se aplicam.
Os alunos sentem-se obrigados a ler.

63
6.2. Se não, o que tem feito para incentivar o hábito de leitura nos alunos?
Motivar os encarregados de educação a comprarem livros literários.
Ler textos/obras literárias com os alunos.
Dar pequenos prémios aos alunos que lêem um texto ou livro e conseguem contar a
respectiva história a outros.
Recomendar aos alunos que leiam certos textos ou obras para trabalhar na história
em sala de aulas.

7. Quê estratégias tem aplicado na utilização de textos de formas a promover o


Hábito de Leitura?

Leitura e conto na sala.


Criar momentos só de leitura.
Dramatização
Reconto pelas crianças.
Visitas a bibliotecas.
Oferecer livros às crianças.
Outras: ______________________________________________________________

8. De quê forma os pais poderiam ajudar para promover o hábito de leitura nos educandos?

Devem criar condições (comprar livros infantis, visitar bibliotecas, livrarias...) para
proporcionar mais gosto pela leitura aos seus filhos.
Falar com os filhos sobre a importância da leitura nas suas vidas.
Ler ou contar histórias servindo-se de uma biblioteca que podem ter em casa.
Melhorar o acompanhamento dos filhos tanto em casa como na escola.
Exigir mais da escola para a construção de uma biblioteca.
Incentivar os professores a pautarem mais pela leitura de textos literários nas aulas de
língua.

Muito obrigado pela atenção dispensada!

64
Anexo

65
Anexo 1: Credencial

66

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