ELABORADO POR:

Dafne Barbosa Cor tez

AUTOR:

Marcelino Luciano Ramos

ILUSTRAÇÕES:

Carol Por to

Código do Livro
PDLP0002020784P220203000000
FICHA TÉCNICA
TÍTULO: O abraço

ANO: 2021 EDIÇÃO: 1ª

AUTOR: Marcelino Luciano Ramos

ILUSTRAÇÕES: Carolina Porto

EDITORA: Sancho Pança

GÊNERO LITERÁRIO: Narrativos: fábulas originais, da

literatura universal e da tradição popular, etc.

TEMAS:
• Cotidianode crianças nas escolas, nas famílias e
nas comunidades (urbanas e rurais).
• Relacionamento pessoal e desenvolvimento de
sentimentos de crianças nas escolas, nas famílias
e nas comunidades (urbanas e rurais).

CATEGORIA: Pré-escola – Para manuseio de crianças

pequenas

AUTORIA: Dafne Barbosa Cortez

• Mestra em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG.
• Especialista em Mídias na Educação pela UFOP.
• Licenciada em Letras (Língua Portuguesa) pela
Faculdade de Letras da UFMG.

REVISÃO DO MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR:

Natália Cristina Vieira

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

MATERIAL DE APOIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
SOBRE A OBRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
SOBRE O ESCRITOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
SOBRE A ILUSTRADORA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

EXPLORANDO A OBRA: A PRÉ-LEITURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

EXPLORE OS PARATEXTOS! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
EXPLORE A MATERIALIDADE DO OBJETO LIVRO! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

EXPLORANDO A OBRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
A LEITURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
APÓS A LEITURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
EXPLORE A RELAÇÃO DO TEXTO VERBAL COM AS ILUSTRAÇÕES! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
EXPLORE CONCEPÇÕES GEOGRÁFICAS TRABALHADAS NA OBRA! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
SOBRE A TEMÁTICA, O GÊNERO E A CATEGORIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
EXPLORE A RELAÇÃO COM OS IDOSOS A PARTIR DA LEITURA DE O ABRAÇO! . . . . . . . . . . . . . . . 15

OUTRAS PROPOSTAS DE ATIVIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

PROPONHA PRÁTICAS DE LITERACIA FAMILIAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
INTRODUÇÃO
Caro(a) educador(a),
Aqui está um pequeno guia para auxiliá-lo(a)
a trabalhar, em sala de aula, a obra O Abraço,
escrita por Marcelino Luciano Ramos e ilustra-
da por Carolina Porto. Nosso objetivo é ofe-
recer material de aperfeiçoamento, sugestões
para você ampliar seus estudos e melhorar
as ações que promovem a aprendizagem dos
estudantes. Também é nossa intenção sugerir
algumas atividades para colaborar com a pre-
paração das suas aulas. Neste material, prepa-
ramos propostas de trabalho compostas por
atividades de pré-leitura, leitura e pós-leitura,
enfatizando o aspecto lúdico de acordo com os
objetivos de aprendizagem da Educação Infan-
til estabelecidos pela BNCC (Base Nacional Co-
mum Curricular). Utilizamos como recurso pe-
dagógico a modelagem de aula com diversos
exemplos práticos de como trabalhar o livro
com seus alunos da pré-escola. É fundamental
criar um ambiente de aprendizagem no qual as
crianças são convidadas a participar, indagar
e/ou investigar.
O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR
Não podemos esquecer que elaborar as ati-
vidades de leitura literária é uma ação peda-
gógica muito importante, e que não devemos
deixar que as crianças simplesmente leiam as
obras. Devemos promover outras práticas em
torno da obra literária a fim de contribuir para
a vivência de boas experiências. É essencial
que o contato do aluno com a literatura, na
escola, não seja aleatório. O trabalho com os
livros deve, ainda, promover debates, refle-
xões e – por que não? – atividades lúdicas,
trabalhos manuais, desenhos e escrita, de-
pendendo da fase das crianças da sua turma.
Tudo isso deve abordar os livros e seus mais
diversos temas.
4
 O estudioso Antonio Candido1 afirmou, no
célebre O direito à literatura, que a leitura literária
é um bem simbólico ao qual todos nós temos
direito. Segundo Candido, ela nos humaniza e
coloca-nos diante de nossos próprios conflitos
e contradições. Considerando o exposto, pensa-
mos no importante papel que a literatura tem
no contexto escolar, pois, ao suprir a necessi-
dade humana de ficção e fantasia, essa arte
coloca-nos diante do próximo e de nós mesmos.
Isso permite-nos vivenciar experiências que, de
outra forma, não seriam possíveis.
No trabalho com a literatura com crianças
em sala de aula, professor(a), acreditamos ser
fundamental proporcionar o manuseio 2 das
obras pelos estudantes. Mesmo que a leitura
seja feita pelo(a) professor(a), e que as imagens
sejam – como devem – apresentadas enquanto
as palavras são lidas, é importante permitir que
os(as) pequenos(as) leitores(as) ou pré-leito-
res(as) peguem os livros em suas mãos. Isso
pode ocorrer após a leitura, ou até já pode ter
ocorrido antes, caso exista a possibilidade de
manter uma pequena – e de baixa estatura
– estante de livros na sala de aula. Além de
permitir que as crianças tenham os livros em
suas mãos em algum momento, também é de
enorme importância dar liberdade para que to-
dos expressem suas opiniões a respeito do que
foi lido. Os sentidos e as análises não podem
fechar-se apenas na leitura docente. Isso não
quer dizer que não se possa trabalhar com de-
terminados objetivos, com foco no desenvol-
vimento de certas habilidades, ampliando ao
máximo o poder do texto literário.
Por último – neste primeiro momento –,
professor(a), nunca é demais lembrar o que
nos ensina a professora e pesquisadora Mag-
da Soares3: ao trabalhar a literatura em sala
de aula, é necessário cuidar para que ela não
seja reduzida aos objetivos pedagógicos, para
que ela não seja simplesmente escolarizada.
Isto é, para que a arte literária não se preste
apenas – nem principalmente – ao ensino de
conteúdos, ou a objetivos claramente mora-
listas. A leitura literária requer sensibilidade e
um olhar aberto a várias leituras possíveis. E
trabalha não só a sensibilidade, mas também
a empatia dos alunos da pré-escola, como
orienta a BNCC4.
Vamos nos debruçar mais sobre a obra
O Abraço, de Marcelino Lu-
ciano Ramos, e pensar
em possibilidades
de trabalho com
esse livro?

1
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2011.
p. 171-193.
2
A BNCC também sugere o contato da criança da pré-escola com livros na habilidade (EI03EF03):
“Escolher e folhear livros, procurando orientar-se por temas e ilustrações e tentando identificar palavras
conhecidas.” Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-objetivos-de-apren-
dizagem-e-desenvolvimento-para-a-educacao-infantil. Acesso em 09 de maio de 2021.
3
Veja mais na obra: SOARES, Magda. A escolarização da leitura infantil e juvenil. In: EVANGELISTA, Aracy A. M.; BRANDÃO,
Heliana M. B.; MACHADO, Maria Zélia V. (Orgs.). A escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e juvenil. 2. ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2011. p. 17-48.
4
Entre tantas outras habilidades, a leitura de obras como A caixa de Theo apresenta potencial para trabalhar habilidades como as:
(EI03EO01), (EI03EO03) e (EI03EO04). Detalhamento das habilidades disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
abase/#infantil/os-objetivos-de-aprendizagem-e-desenvolvimento-para-a-educacao-infantil. Acesso em 09 de maio de 2021.

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 5

MATERIAL DE APOIO
Sobre a obra
O Abraço é uma linda narrativa metafórica escrita sobre o fim da
pandemia da Covid-19. Ela é apresentada sutilmente no início
da obra: “Na primeira manhã em que a tempestade passou
(...).” O protagonista é um menino, o Pedro, que quer aproveitar
aquele seu primeiro dia após a tempestade para fazer algo
muito grande. Toda a alegria por estar livre no mundo, vendo
sua cidade, seu estado e seu país novamente, é traduzida em
forma de vontade de dar grandes abraços. A ação é realizada
no final, quando o garoto corre para a casa do avô e dá um
longo e gostoso abraço no senhor. É uma ótima obra literária
para trabalharmos com as crianças da pré-escola e desen-
volvermos várias atividades em torno de questões vividas e
experimentadas em um período complicado.

Sobre o escritor
Marcelino Luciano Ramos, o Xibil, nasceu na pequena São Miguel
do Anta, no interior de Minas Gerais. Começou a encantar-se pelo
universo das narrativas ainda na infância, nas rodas de causo em
torno de fogueiras e fogões a lenha. Cresceu, graduou-se em
Artes Cênicas pela UFOP. Com o espetáculo “Causo de Brasêro”,
já se apresentou em mais de 60 cidades. Acumula participações
em festivais, congressos, simpósios de arte, literatura e con-
tação de história. Mora em Ouro Preto e desenvolve trabalhos
lítero-teatrais voltados a estimular sentidos e percepções, va-
lorizando a ancestralidade.

Sobre a ilustradora
Carolina Porto é ilustradora e designer. Carioca, formou-se em
Desenho Industrial pela PUC-Rio e especializou-se em Gestão
em Design pela ESPM. Já trabalhou para diversas editoras,
além de conduzir inúmeros projetos com sua própria marca.

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 6

EXPLORANDO A OBRA:
A PRÉ-LEITURA
Professor(a), o momento de pré-leitura é
muito importante para aguçar a curiosida-
de infantil acerca da obra que será lida. Criar
um suspense sobre o enredo ajuda a incitar
a vontade de leitura na criança. É importan-
te estabelecer uma atmosfera com questio-
namentos curiosos que só serão sanados,
resolvidos, pela experiência literária. O livro
deve ser objeto de respostas, de soluções às
perguntas, às indagações que foram expostas
ou que você conseguiu produzir no imaginário
dos seus alunos.

Explore os paratextos! observavam esse paratexto com muita aten-

É muito importante explorar todos os
paratextos da obra que você tem em mãos.
Eles são importantes para a compreensão da
narrativa e para a experiência literária que as
crianças podem vivenciar com a obra O Abraço.
Ademais, oferecem muitas possibilidades de
trabalho de leitura, de práticas reais de lin-
guagem e de construção de conhecimentos
gerais de escrita 5, significativas e adequadas
para a sua turma da pré-escola.
Estudos evidenciam a importância da capa
no processo de escolha da leitura pela criança.
Grossi (2018) estudou o poder sedutor das
capas nas escolhas literárias dos pequenos
e percebeu, após muita observação, que eles
ção e identificavam, nele, elementos que jus-
tificariam a sua escolha. Outros teóricos dis-
cutem a importância das capas, como Powers
(2008, p. 6), para quem são “parte integran-
te da história de qualquer livro” e servem de
“amostra das delícias que virão” em livros
ilustrados. Além disso, Powers (2008, p. 7)
defende que a capa cumpre um importante
papel “no processo de envolvimento físico
[da criança] com o livro, pois, embora não se
possa olhá-la enquanto se lê, ela o [livro] de-
fine como objeto a ser apanhado, deixado de
lado e talvez conservado ao logo do tempo”.
Por tudo isso, professor(a), a leitura que você
faz com suas crianças deve iniciar pela capa.

5
A esse respeito, veja mais em: https://novaescola.org.br/conteudo/9059/leitura-e-escrita-na-pre-escola. Acesso em 18 de abr. de 2021.

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 7

• Comece pelo título
O que as crianças esperam de um livro com
esse título? Que tipo de história elas acham
que ele contará? Elas já ouviram alguma his-
tória sobre abraço? Elas gostam de dar abra-
ço? Elas têm algo a dizer sobre abraços? Há
alguém na sala que não gosta de abraços?
Professor(a), é importante que você tenha
consciência, desde o início do trabalho com a • Abaixo dele, há a ilustração de uma cidade
obra de Marcelino Xibil Ramos, que a narra- e de muita área vegetal. As cores utilizadas
tiva foi produzida no período da pandemia da nos desenhos brincam com a realidade – a
Covid-19, durante o distanciamento físico criança é colorida em cores reais, mas a
pelo qual passamos para conter a propa- vegetação explora tons de azul que extra-
gação do novo coronavírus. Nesse período, polam os verdes comuns da botânica. Per-
como você sabe, a cultura do abraço foi res- gunte à sua turma sobre os tons utilizados
significada. Pode ser que quando você for para colorir os elementos da capa. Verifique
realizar a leitura da obra com sua turma, se notaram essas questões. Professor(a),
os abraços ainda estejam restritos. Ou não. análises como essas podem parecer com-
De qualquer forma, é importante ter ciência plexas para crianças da pré-escola, mas vale
desse contexto de produção da obra literária a pena instigá-las com perguntas que levem
porque pode surgir esse tipo de reflexão a esses caminhos. Muitas vezes nos surpre-
entre os estudantes da sua turma. endemos com as observações que ouvimos.
Esses momentos são muito importantes
• Mostre a capa para seus alunos
para a formação dos pequenos leitores li-
e explore a sua ilustração
terários – mesmo na fase de pré-leitores.
As crianças ainda estarão com o título na
cabeça, então é provável que continuem
fazendo inferências sobre ele. Quando
você, professor(a), orientar as crianças a
observarem a imagem, fazendo-lhes per-
guntas, é provável que elas tragam para
essa análise as pressuposições que faziam
pelas perguntas do título. Há uma imagem
do menino no centro da imagem, que dá
protagonismo à cena apresentada. Qual é
a postura dele? A posição de seus braços
transmite alguma mensagem?

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 8

 CIDADEZINHA QUALQUER
Carlos Drummond de Andrade

Casas entre bananeiras

mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
• Leia o texto da contracapa Devagar… as janelas olham.
para os seus alunos antes
de fazer a leitura do livro Eta vida besta, meu Deus.
Disponível em: https://poesiainfantilblog.
É muito provável que não conheçam algu- wordpress.com/drummond/. Acesso em 31
mas palavras utilizadas, como “estarre- de jul. de 2021.

ce”. Escreva os termos desconhecidos no

quadro, esclareça os seus sentidos para as
crianças. Pergunte à turma se, após ouvirem • Mostre as ilustrações das
a contracapa, as hipóteses que tinham so- páginas que vêm após a capa
bre a história que o livro contará mudaram. para a sua turma
O que elas representam? Elas têm alguma
• As crianças da sua turma conhecem o po-
relação com o título da obra, ou com a ilus-
eta Drummond, mencionado na contraca-
tração da capa? Qual?
pa? Professor(a), vale a pena aproveitar o
momento para apresentá-lo brevemente.
Embora não tenha escrito especificamente
para o público infantil, alguns de seus po-
emas apresentam boas possibilidades de
trabalhos com crianças da faixa etária da
pré-escola. É o caso, por exemplo, de “Ci-
dadezinha qualquer”, transcrito abaixo. Esse
exemplo inclusive dialoga com a ilustração
da capa e a cidade do protagonista da obra
– porque também é uma cidade pequena,
do interior de Minas Gerais, embora Ouro
Preto e Itabira sejam muito diferentes sob
vários aspectos. Leia-o com as crianças,
distribua folhas brancas e peça que ilustrem
elementos dessa cidadezinha do poema de
Drummond antes de partirem para a leitura
da obra de Xibil.

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 9

• Observe que após a folha de rosto há infor-
mações sobre o escritor e a ilustradora. Elas
estão escritas de forma divertida e adequa-
da ao seu público da pré-escola. Vale a pena
ler esses pequenos textos para as crianças
antes de começar a leitura da obra, para que
conheçam um pouco sobre eles. Pode ser
que na sua turma exista algum(a) futuro(a)
escritor(a) ou ilustrador(a), e conhecer um(a)
colega de profissão pode ser motivador!
Para meu filho Pedro,
meu Pai Vicente,
minha esposa Deborah
e todos que acreditam no abraço e no afeto
como forma de mudar o mundo.
• Leia o texto de dedicatória
para a sua turma
Seus alunos acreditam “no abraço e no afeto
como forma de mudar o mundo”? Por quê?
18/08/2021 13:23:39
Como? Eles já mudaram o dia de alguém
com algum afeto? Alguém já mudou o dia
deles com afeto, ou com um abraço?
Explore a materialidade
do objeto livro!
• Faça uma apreciação do livro como um ob-
jeto estético. Explore-o, e recomende aos
seus alunos que também façam isso. Indica-
mos O Abraço para manuseio6 dos estudan-
tes porque acreditamos que ter livros como
esse em mãos abre várias possibilidades
à criança pré-leitora de 4 e 5 anos. Nessa
exploração individual, muitas descobertas
podem ser feitas.
6
Além disso, a BNCC também sugere o contato da criança da pré-es-
cola com livros na habilidade (EI03EF03): “Escolher e folhear livros,
procurando orientar-se por temas e ilustrações e tentando identificar
palavras conhecidas.” Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.
gov.br/abase/#infantil/os-objetivos-de-aprendizagem-e-desenvol-
vimento-para-a-educacao-infantil. Acesso em 09 de maio de 2021.
10
EXPLORANDO A OBRA
A leitura
• Chame a atenção dos seus alunos para o
início da leitura. Nesse momento, profes-
sor(a), vale a pena utilizar as suas estraté-
gias rotineiras de leitura. Caso não tenha
alguma, invista nisso. A vivência literária
pode ser marcada por rituais agradáveis, a
fim de tornar a experiência positiva para as
crianças, como a utilização de músicas7 que
anunciam o início da leitura, com palmas,
ou um ritual de mudança da cena da sala de
aula. Vale a pena pensar em várias estraté-
gias, dependendo da sua situação escolar. O
ato de ler deve ser esperado pelas crianças
como o clímax da aula, e várias ações podem
colaborar para a produção dessa sensação.
• Não se esqueça de fazer a leitura com a
obra voltada para os estudantes, mesmo
que eles tenham edições em suas mãos,
como é a recomendação para O Abraço. É
importante que eles acompanhem a página
em que você está. Também é interessante
utilizar os dedos para apontar elementos
que você queira enfatizar.
• Professor(a), combine com sua turma que
a leitura não deverá ser interrompida. Caso
surja alguma palavra que desconheçam, ela
será esclarecida no final. O Abraço é uma obra
com vocabulário adequado às crianças da
pré-escola, possivelmente elas conhecerão
todas as palavras da narrativa. No entanto,
mesmo que não conheçam alguma, peça que
deixem para perguntar ou fazer comentários
no final. Sabemos que interrupções são es-
peradas mesmo havendo esses combinados,
mas é importante deixar claro o que você
espera das crianças durante a leitura.

7
Além disso, atividades musicais ajudam a criança da pré-escola a desenvolver outras habilidades. Por isso, a BNCC sugere o trabalho com músicas na
pré-escola em (EI03EF02): “Inventar brincadeiras cantadas, poemas e canções, criando rimas, aliterações e ritmos.” Disponível em: http://basenacional-
comum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-objetivos-de-aprendizagem-e-desenvolvimento-para-a-educacao-infantil. Acesso em 09 de maio de 2021.

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 11

• Nunca é demais lembrar que a leitura deve momentos, e você pode utilizar as estraté-
ser feita em um tom de voz e com ento- gias dos seus rituais de aula. Caso não tenha,
nação que favoreçam o conteúdo literário. também vale a pena investir em algum ritual,
Não é necessário fazer encenações, pois a em símbolos para o falar e o ser ouvido em
literatura por si só já é uma arte capaz de situações como essas de pós-leitura.
preencher o momento. No entanto, se for
confortável para você, professor(a), fazer Explore a relação do texto
vozes diferentes para o narrador e para o verbal com as ilustrações!
menino Pedro será interessante para marcar
Lajolo e Zilberman defendem que, “se a
os momentos de fala de cada um, e para
literatura infantil se destina a crianças e se
incrementar a vivência literária. Ou simples-
se acredita na qualidade dos desenhos como
mente caprichar na entonação, dando mais
elemento a mais para reforçar a história e a
ênfase às partes principais da narrativa. De
atração que o livro pode exercer sobre os pe-
qualquer maneira, é muito importante que os
quenos leitores, fica patente a importância da
momentos literários sejam muito agradáveis.
ilustração nas obras a eles dirigidas” (LAJOLO
Por isso, é interessante adotar estratégias
& ZILBERMAN, 2007, p. 12).
para garantir a tranquilidade nessas ocasi-
Outros muitos estudos abordam a impor-
ões. Combinar com profissionais da escola
tância da ilustração nas obras literárias produ-
para que esses momentos de leitura não
zidas para crianças. Professor(a), sabemos que
sejam interrompidos, garantir que não ocor-
as imagens são textos não verbais que podem
ram próximos ao horário do recreio, verificar
– e devem – ser lidos até pelos alunos que
ruídos externos e, se possível, ler as obras
ainda não foram alfabetizados. A análise das
literárias nas ocasiões mais silenciosas da
imagens da literatura infantil deve ser feita
rotina escolar – dentro e fora da sala.
com o mesmo rigor e empenho como ocor-
re na leitura das palavras. Os desenhos dos
Após a leitura bons livros literários, além de alimentarem o
• Garanta um momento para perguntas e ob- imaginário infantil e saciarem necessidades
servações das crianças após a leitura. Permi- imagéticas das crianças, trazem informações
ta que falem e garanta que sejam ouvidas pe- com grande potencial de exploração cognitiva.
los colegas. Possibilite esse momento antes
de fazer as suas perguntas e considerações
sobre a obra. É importante organizar esses

12

Na obra O Abraço, podemos observar que
as imagens são produzidas de forma ampla,
explorando a área das páginas. O livro deve
ser, portanto, apreciado e apresentado aos
estudantes com as páginas bem abertas, para
que vejam as ilustrações por inteiro. As co-
res utilizadas são em tons alegres, em uma
cartela de cores que explora nuances mais
vibrantes, sem dar muito espaço para as to-
nalidades pastéis. Essa grandeza das imagens,
O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR
o explorar de todo o espaço das páginas, as
formas maiores e as cores alegres combinam
com o conteúdo verbal da obra: a alegria de
quem está saindo de um período de tempesta-
de, de isolamento, de limitações, de pandemia.
Além disso, conforme já foi observado na
análise da imagem da capa, podemos observar
que as cores utilizadas não se apegam à reali-
dade. Algumas retratam o mundo tal qual ele se
apresenta, como as que são usadas no menino,
no gramado e nos tons do céu das páginas ao
lado. E outras têm um caráter mais surreal,
como as utilizadas na coloração de elementos
naturais – as copas roxas e amarelas de algu-
mas árvores, gramados e colinas azuis e rosas.
A exploração de cores fantásticas nas ima-
gens está em harmonia com a narrativa – e seu
contexto. A obra de Marcelino Luciano Ramos
apresenta a saga de um menino que acorda mui-
to alegre e com uma grande vontade de abraçar
– sua cidade, seu estado, seu país. Trata-se de
uma vontade controlada por muito tempo, e só
possível de ser libertada agora, após um tempo
de limitações. Se não fosse uma situação tão
– lamentavelmente – familiar para nós, sobre-
viventes em 2021, seria uma narrativa extre-
mamente fantástica, digna de cores surreais. As
ilustrações parecem misturar essas sensações
do que é conhecido, real, prático, com o que é
absurdo, inacreditável, do campo das ilusões.
Professor(a), sabemos que essas discus-
sões são complexas para as crianças da pré-
-escola. No entanto, vale a pena perguntar
sobre as cores utilizadas nos elementos, sobre
suas correspondências com o mundo real. Elas
consideram necessário uma obra literária ser
fidedigna ao mundo em que elas vivem? Por
quê? Elas gostam das árvores coloridas de
forma diferente? E dos gramados e colinas
diferentes? Após a conversa, você pode distri-
buir folhas e tintas – comuns ou com texturas,
13
como tintas de areia – para produzirem paisa-
Professor(a),
gens usando as cores que desejarem. Estimule
Existem algumas possibilidades de mapas
as crianças a desenharem livremente, como digitais, e o Google Maps e o Google Earth
sugere a BNCC no objetivo de aprendizagem são algumas delas – e gratuitas. Veja o Pico
(EI03TS02): “Expressar-se livremente por da Neblina no Google Maps no link abaixo:
meio de desenho, pintura, colagem, dobradura https://www.google.com.br/maps/place/Pico+de+Nebli-
na/@0.8047434,-66.0154218,15z/data=!4m13!1m7!3m6!1s0x-
e escultura, criando produções bidimensionais
8dfec84ec3c772bb:0x893c90190ee17323!2sPico+da+Neb
e tridimensionais”8. lina!3b1!8m2!3d0.804722!4d-66.006667!3m4!1s0x8dfe-
c8495e17d55b:0xc77aae06c06dd14!8m2!3d0.8066665!-
4d-66.0050011?hl=pt-BR
Explore concepções
geográficas trabalhadas
na obra!
• Pergunte aos seus alunos quais elemen-
tos o menino Pedro quis abraçar. Eles lem-
bram-se da ordem em que esses elementos
aparecem no livro? Peça que procurem nas
páginas. Escreva os seus nomes no quadro.
• Se for possível, abra um mapa do mundo em
Foto: Pico da Neblina (AM) – Google Maps
um computador e apresente-o aos alunos © rodrigojasilva
em tela grande. “Navegue” de um lugar para
outro para que as crianças vejam a locali-
zação de cada um desses lugares. Saia do
ponto em que vocês estão estão e vá para a
cidade do menino Pedro, para o estado dele
– Minas Gerais. Mostre o Pico da Bandeira, o
Pico da Neblina. Mostre imagens do Monte
Everest à turma. As crianças perceberam
o sentido figurado produzido por meio das
imagens de Vila Rica, do Pico da Bandeira,
do Pico da Neblina e do Monte Everest? O
que eles representam? Quem eles represen-
tam? Até aqui, elas já entenderam por que textuais, caso não tenham criado. Crianças
Pedro está com tanta vontade de abraçar? na pré-escola apresentam grande capacida-
Quais são as hipóteses que elas levanta- de de criação de hipóteses9 e análises como
ram? Instigue-as a criarem as suas teorias essas. Vale a pena fazer tais provocações.

8
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-objetivos-de-aprendizagem-e-desenvolvimento-para-a-educacao-
-infantil. Acesso em 31 de jul. de 2021.
9
A habilidade (EI03EF07) afirma que a criança da pré-escola deve ser conduzida a “levantar hipóteses sobre gêneros textuais veiculados em portadores
conhecidos, recorrendo a estratégias de observação gráfica e/ou de leitura”. Veja mais em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/
os-objetivos-de-aprendizagem-e-desenvolvimento-para-a-educacao-infantil. Acesso em 14 de jun. de 2021.

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 14

• Se possível, professor(a), prepare alguns um assunto que lamentavelmente fez parte
mapas geográficos impressos e leve para do cotidiano familiar e precisa ser trabalhado
a aula. Leitura de mapa é uma habilida- também com as crianças da pré-escola. Uma
de complexa para trabalhar com crianças boa forma de fazer isso é por meio da litera-
da pré-escola, mas podemos aproveitar tura infantil – e o livro sensível que você tem
a curiosidade despertada pela leitura de em mãos faz isso de forma suave e eficaz. A
O Abraço para promover brincadeiras com obra de Marcelino também aborda questões
mapas. Podemos convidar a turma a colorir, que tratam do relacionamento pessoal e do
simplesmente, mapas da cidade, do estado, desenvolvimento dos sentimentos das crian-
do país e do mundo, ou fazer recortes e co- ças nas famílias e nas comunidades, uma vez
lagens10 com partes do mapa, formando um que fala da necessidade e da vontade de abra-
grande painel do mapa do mundo na sala, çar – e do afeto que esse gesto representa.
bem lúdico e infantil, no qual podem ser
destacados os pontos percorridos pelo me-
nino Pedro. Podem ser em poucas unidades,
e impressas de forma que fiquem fáceis de
recortar, como em continentes. Distribua-as
para a turma recortar ou, já recortadas, para
colorir ou pintar com diversos materiais.
Quem sabe você não consegue parceria com
algum(a) professor(a) de Geografia, caso
existam outros segmentos educativos na
sua escola, para falar um pouco sobre sua
disciplina ou responder às perguntas das
crianças? Promover momentos interdisci-
plinares e produzir trabalhos assim ajuda a
ampliar a experiência literária das crianças.

Sobre a temática, Explore a relação com os

o gênero e a categoria
A obra O Abraço, de Marcelino Luciano Ra-
mos – ilustrada por Carolina Porto – é uma
narrativa infantil que promove uma reflexão
lúdica e metafórica sobre algumas questões
vividas no período de pandemia na segunda
década do século XXI. Trata-se, portanto, de
idosos a partir da leitura
de O Abraço!
No final da narrativa de O Abraço, o menino
Pedro resolve a sua grande vontade de abraçar
indo à casa do seu avô dar um abraço nele. Era
algo que Pedro não fazia há muito tempo – em
outra referência às restrições vividas durante

10
Como recomenda a habilidade (EI03TS02): “Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções
bidimensionais e tridimensionais”. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-objetivos-de-aprendizagem-e-de-
senvolvimento-para-a-educacao-infantil. Acesso em 22 de jun. 2021.

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 15


O vento soprou frio em suas costas e,
num rompante, recordou algo que não
fazia desde o início daqueles tempos
de isolamento.
Naquele exato momento, Pedro abraçou o mundo.
o período de distanciamento da pandemia da
Covid-19. O que o faz ter a ideia de ir à casa do
avô é, também metaforicamente, um descon-
forto provocado por um vento frio que bate em
suas costas enquanto ele pensava em como
saciar a sua grande vontade de abraçar.
Pedro corre até a casa do avô Vicente. Eles
não falam nenhuma palavra, apenas abrem os
braços, em posição parecida com a que Pedro
está na capa do livro, e se dão um abraço lon-
go e bom. “Naquele exato momento, Pedro
abraçou o mundo.” E realizou a sua vontade
no encontro com o avô.
Professor(a), a leitura da obra O Abraço abre
boas possibilidades para trabalhar temas re-
lacionados ao relacionamento e cuidado com
os idosos. Sabemos que a população brasileira
está a cada dia atingindo idades mais avança-
das de expectativa de vida, e que muitas crian-
ças convivem com seus avós cada vez mais
– e são cuidadas por eles em muitos casos.
É muito importante promover momentos de
reflexão e conversas sobre o relacionamento,
a valorização e até os cuidados que podemos
ter no convívio com os idosos. Para esse mo-
mento, se for possível, vale a pena assistir a
um fragmento do filme “Up – Altas aventuras”
(2009) com as crianças. Na obra, o menino
protagonista tem a oportunidade de passar um
tempo com o vizinho, um idoso que acabou de
ficar viúvo e enfrenta dificuldades com a sua
moradia. No período que passam juntos, as
duas gerações aprendem e ensinam, em uma
troca de experiências rica e muito afetiva. É
possível estabelecer várias reflexões usan-
do esse filme e o livro O Abraço. Esse tipo de
atividade pode ser muito enriquecedor para a
experiência literária das crianças.
16
OUTRAS PROPOSTAS
DE ATIVIDADES
Proponha práticas de literacia familiar
Professor(a), é muito importante fazer com
que as atividades de leitura literária extrapo-
lem a sala de aula, principalmente nessa fase
de pré-leitores(as) em que seus estudantes
encontram-se. Nessa fase, as crianças es-
tão, geralmente, em um nível de letramento
em que têm muitas curiosidades acerca do
mundo da escrita, e é importante permitir que
o vivenciem fora da sala de aula. Afinal, as
O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR
práticas de leitura e escrita não são – ou não
devem ser – limitadas à escola. Street (2003,
apud PICCOLI, 2010) lembra-nos que desig-
namos por letramento os usos que fazemos
da escrita em nossa sociedade. É, também,
relacionado aos conhecimentos que veicula-
mos pela escrita, pelos modos como usamos
a escrita para comunicarmo-nos e relacionar-
mo-nos com as outras pessoas, pela maneira
17
como a escrita é usada para dizer e dar forma
ao mundo. É importante, nesta fase da pré-
-escola, investir em estratégias que reúnam
a família em torno de obras literárias e suas
leituras. Sabemos que alguns estudantes têm
o privilégio de estarem em famílias leitoras de
literatura, mas vários outros não têm. É papel
da escola tentar contagiar pais, avós, irmãos,
tios, entre outros familiares, às leituras de
literatura, sobretudo.
A respeito do valor da leitura literária pela
sociedade, vários estudiosos defendem que
tem impacto na organização e representa-
ção do imaginário antropológico e cultural da
raça humana em que culturas formam-se,
encontram-se e modificam-se. Sanfelici e Sil-
va (2017) afirmam que o leitor de literatura
competente e bem-formado pode vir a enga-
jar-se em debates diversos e relevantes sobre
culturas, ideias e valores, por meio da sua
fruição dos textos literários. Os teóricos ainda
defendem que, dessa forma, ele não apenas
desenvolve sua capacidade interpretativa e
posicionamento crítico como sujeito, como
também se prepara melhor para as realidades
variadas que pode encontrar ao longo de sua
vida. “Tal leitor inevitavelmente desenvolve
um repertório cultural mais complexo, que
possibilita sua formação como sujeito de mo-
dos mais amplos e amadurecidos.” (SANFELICI
& SILVA, 2017, p. 277).
Por tudo isso, professor(a), vale a pena in-
vestir em deveres de casa literários para os
alunos fazerem com os responsáveis. Enviar
os livrinhos para casa e solicitar a simples ta-
refa de os adultos lerem a obra com as crian-
ças já pode ser bem enriquecedor e válido para
levar a literatura para o ambiente familiar. Ou
pedir que a criança reconte a história em casa,
com o auxílio das imagens.
Além disso, a obra O Abraço apresenta al-
gumas outras possibilidades, uma vez que
trata de limitações vividas pela família nos
anos 2020 e 2021 – relacionadas às restri-
ções para conter o avanço da pandemia da
Covid-19. Pode ser que as crianças não se
lembrem desse período muito bem. Profes-
sor(a), vale a pena convidar as famílias a pro-
duzirem um breve relato pessoal de narrati-
vas de memórias de como foi passar por esse
período pandêmico. Tal redação pode prezar
por questões mais leves e orientadas por um
18
roteiro simples. A ideia é que pais/responsá-
veis e filhos reúnam-se para escrever algu-
mas memórias, enviem-nas para a escola e,
depois, você pode devolvê-las e sugerir que
guardem para serem lidas pelas crianças de-
pois de alguns anos. Você pode sugerir tópicos
para serem abordados, como: quais foram as
atividades de lazer encontradas e praticadas
pela família durante o distanciamento social?
A criança teve alguma mudança de compor-
tamento específica? Do que a família sentiu
mais falta nesse período de restrições? O que
mais mudou na rotina familiar? A criança de-
senvolveu novos hobbies nessa época? E a
família? Como era o contato com as pessoas
idosas da família? Houve medidas restritivas
para cuidar delas de forma mais criteriosa,
uma vez que pertenciam ao grupo considerado
de maior risco inicialmente?
Professor(a), caso você julgue delicado
sugerir a produção de tal relato, outras ati-
vidades interessantes para serem realizadas
com as famílias a partir da leitura de O Abraço
são as que envolvem a promoção de eventos
em que os avós são os protagonistas. Assim
como o menino Pedro encontrou a sua
satisfação no abraço que deu no
avô Vicente, a escola também
pode organizar momen-
tos em que as crianças
desenvolvam ativida-
des prazerosas com os
avós. Tais encontros são
muito comuns em ambientes escolares na
época do Dia dos Avós, mas é muito válido
organizá-los, também, a partir de leituras li-
terárias e em períodos letivos diferentes, para
evidenciar que os idosos devem ser valori-
zados não apenas em datas comemorativas.
Considere a possibilidade de convidar os avós
das famílias de sua turma a oferecerem ofici-
nas em que ensinem as crianças a desenvolve-
rem produtos que não saibam – e que sejam
interessantes e possíveis para as crianças da
pré-escola. Exemplos de atividades que cos-
tumam agradar as crianças são aquelas em
torno da produção de pipas, biscoitos, bolos,
manutenção de hortas e produção de outros
brinquedos a partir de elementos da natureza.
Seja como for, professor(a), o importante é
levar a leitura literária de O Abraço e de outras
obras às casas dos estudantes, e proporcionar
a presença da literatura na vida das crianças
fora da escola. Essas são práticas que favo-
recem o avanço do letramento literário dos
seus pequenos estudantes.
19
 produção acadêmica na área da educação é muito im-

REFERÊNCIAS portante para os rumos dos trabalhos que surgem após

o dele. Pesquisa de caráter bibliográfico, a investigação
de Piccoli inicialmente trata da origem dos termos para,
em seguida, falar da abrangência do letramento – cons-
GROSSI, M. E. de A. A literatura infantil pelo olhar tituído pelos elementos de oralidade, leitura e escrita.
da criança. 2018. Tese (Doutorado em Educação) –
Texto adaptado. Original disponível em: https://seer.ufrgs.
Faculdade de Educação, Universidade Federal de
br/educacaoe realidade/article/download/8961/10285.
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018. Acesso em 13 de maio de 2021.
A pesquisa de Grossi analisa a recepção por crianças
de livros literários produzidos no ano de 2015, con- POWERS, Alan. Era uma vez
siderados Altamente Recomendáveis pela Fundação uma capa. Ilustração de Otacílio
Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Os pequenos Nunes. São Paulo: Cosac Naify,
leitores que participaram da pesquisa encontram-se no 2008. 144 p.
1º Ciclo de Formação Humana de uma escola pública.
Ela pesquisa temas como: que critérios são utilizados Essa obra ilustrada inaugurou uma
pelas crianças no momento em que escolhem um livro nova linha editorial na Cosac Naify:
para ler? Que elementos dos livros, considerados Alta- livros que discutem criticamente
mente Recomendáveis pelos adultos, atraem a atenção literatura para crianças e jovens. Organizado crono-
das crianças? No processo de leitura compartilhada logicamente, o livro recupera duzentos anos de histó-
dos livros, escolhidos pelas crianças, quais seriam as ria do livro para crianças comentando a capa de mais
questões levantadas por elas em relação ao texto verbal de 400 títulos que marcaram a produção editorial no
e visual? Trata-se de um estudo essencial para quem mundo todo. Além de registrar a evolução das técnicas
estuda a literatura no universo infantil – como recep- de impressão, tipos de papéis e encadernações, o
ção, fenômeno, evento, prática e vivência. professor inglês de design Alan Powers destaca os
principais ilustradores, autores e editores que contri-
Texto adaptado. Original disponível em: https://
buíram para mudar a história do livro para crianças.
repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-BA7M7M/1/
tese__doutorado___maria_elisa.pdf. Acesso em 13 de Texto adaptado. Original disponível em: https://www.
maio de 2021. amazon.com.br/Era-Uma-Vez-Capa/dp/8575036882.
Acesso em 13 de maio de 2021.

LAJOLO, Marisa & ZILBERMAN,

SANFELICI, Aline de Mello; SILVA,
Regina. Literatura Infantil
Fábio Luiz da. A formação do leitor
Brasileira. História & Histórias.
literário na escola e a presença
6ª edição. 7ª impressão. São
da indústria cultural no processo.
Paulo: Ática, 2007. 186 p.
Revista Linhas. Florianópolis, v.
Nessa obra, as especialistas em lite- 18, n. 36, p. 273-284, jan./abr.
ratura infantil e letramento literário 2017.
discorrem sobre a história da lite-
O tema geral do ensaio é o processo
ratura infantil, suas práticas e usos em sala de aula.
de formação do leitor de literatura, especificamente vis-
Bibliografia básica e essencial para os estudos e tra-
to a partir de como as relações entre a indústria cultural
balhos práticos na área.
e a escola afetam, positiva e negativamente, a formação
desse leitor. O objetivo é contribuir com o debate sobre
PICCOLI, Luciana. Alfabetizações, formação de leitores a partir de reflexões críticas ela-
Alfabetizações,
Alfabetismos e
Alfabetismos e Letramentos: boradas com o método de levantamento bibliográfico
Letramentos:
trajetórias e
trajetórias e conceitualizações. e sistematização de reflexões. Os resultados mostram
conceitualizações
Luciana Piccoli
RESUMO - Alfabetizações, Alfabetismos e Letramentos: trajetórias e conceituali-
zações. As definições de alfabetização, alfabetismo e letramento estão relacionadas aos
Educ. Real., Porto Alegre, v. 35, n. que uma das principais preocupações dos educadores
no processo escolar diz respeito à seleção de produtos
diferentes olhares lançados sobre tais processos. Este estudo teórico trata, portanto, da
trajetória desses conceitos abordados por diferentes autores em um recorte da produção

3, p. 257-275, set./dez., 2010.

acadêmica na área da educação, constituindo-se como uma pesquisa de caráter bibliográ-
fico. Inicialmente, faz-se uma incursão sobre a origem dos termos para, depois, demar-
car a abrangência do letramento – constituído pelos elementos oralidade, leitura e escri-
ta – e especificar os conceitos de práticas e eventos a partir dos Novos Estudos do
Letramento, dada a produtividade teórico-metodológica dos mesmos para o desenvol-

da indústria cultural para uso em sala de aula, pois tal

vimento de pesquisas em educação. Como resultado, salienta-se o caráter múltiplo e
social das práticas de letramento, descritas através de eventos observáveis e compreen-
didas em seus contextos de origem.
Palavras-chave: Alfabetização. Alfabetismo. Letramento. Oralidade, Leitura e
Escrita. Práticas e Eventos de Letramento.
ABSTRACT - Literacy: history and concepts. The definition of the phenomenon of

A teórica Luciana Piccoli desenvol-

literacy is linked to the different views cast upon such process. The present theoretical

indústria mostra-se adultocêntrica e ideologicamente

investigation deals with the history of this concept as approached by several authors
inside a segment of the production of scholars in the educational field, therefore assuming
the character of a bibliographical research. Initially, an in-depth analysis of the origin of
the word literacy is made, leading, afterwards, to the delimitation of the reaches of
literacy - encompassing the elements of orality, reading and writing - and to the
specification of the concepts of practices and events based on New Literacy Studies,

ve, ao longo do texto, uma aborda-

given their theoretical-methodological productivity for the development of researches
in education. As a result of this study, the multiple and social character of the literacy

carregada, além de conceber o consumidor como objeto

practices that are described through observable events and understood in their context
of origin becomes evident.
Keywords: Literacy. Orality. Reading and Writing. Literacy Practices and Events.

Educ. Real., Porto Alegre, v. 35, n. 3, p. 257-275, set./dez., 2010.

Disponível em: <http://www.ufrgs.br/edu_realidade> 257

gem geral sobre as definições de e não como sujeito.

alfabetização, alfabetismo e letramento e relaciona
Texto adaptado. Original disponível em: https://www.
esses conceitos a diferentes olhares teóricos lança- researchgate.net/publication/316449424_A_formacao_do_
dos sobre tais processos. Entre os diferentes autores leitor_literario_na_escola_e_a_presenca_da_industria_
recortados pela autora, destacamos Brian Street, cuja cultural_no_processo. Acesso em 13 de maio de 2021.

O ABRAÇO . LIVRO DO PROFESSOR 20