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METODOLOGIA DA PESQUISA EXEGÉTICA

FASCÍCULO 3: PASSO EXEGÉTICO 3: ESTRUTURA DA PASSAGEM

ESTRUTURA

Concluída a tradução da passagem, passa-se agora à apresentação da estrutura


da Carta Aos Hebreus e da estrutura da passagem que será considerada neste trabalho
exegético. Apresentar uma estrutura do livro, significa, segundo Wegner (1998, p. 88):
“familiarizar-nos com as disposições externas de seu conteúdo […] Baseia suas
descobertas unicamente na atenção concedida às partes exteriores do texto, ou seja,
na sua disposição, subdivisão, realce e conexão”. A forma específica de estruturação da
passagem, denominada estrutura diagramática, não está sendo contemplada nesta
fase.

Assim, visando uma compreensão global do texto apresentamos a seguinte estrutura:

1. A ESTRUTURA DO LIVRO

A estrutura do livro bíblico refere-se ao seu esboço com um ou mais níveis “de
modo a discernir e expressar a estrutura do texto e seu movimento.” De modo
específico, alude às “suas partes, divisões e subdivisões principais” (Gorman, 2017, p.
109); em outras palavras, a estrutura do livro bíblico é o resumo do livro no formato de
um esboço. Segue-se o esboço da carta Aos Hebreus (em dois níveis estruturantes):

I. EPIFANIA (1:1-4)
a. Deus falou por meio de Seu Filho (1.1-2)
b. A superioridade de Cristo (1.3-4)

II. SUPERIORIDADE DE JESUS (1.5-14)


a. A superioridade do Filho sobre os anjos (1.5-7)
b. A Deidade de Jesus (1.8-12)
c. Anjos a serviço do Filho (1.13-14)
III. ADVERTÊNCIA SOBRE A SALVAÇÃO (2.1-4)
a. A mensagem da salvação (2.1)
b. A importância de não negligenciar a grande salvação oferecida em Cristo
(2.2-4)

IV. JESUS, O SALVADOR DOS HOMENS (2.5-18)


a. O governo de Deus aos homens (2.5-7)
b. A exaltação do homem na criação (2.8-9)
c. O Autor da Salvação, sua humanidade e o sofrimento (2.10-16)
d. Jesus, o Sumo sacerdote que intercede por nós, e nos libertar do poder
do pecado e da morte (2.17-18)

V. SUPREMACIA DE CRISTO (3.1-6)


a. Jesus, o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão (3.1)
b. Comparação entre Jesus e Moisés (3.2-4)
c. A casa de Deus edificada por Cristo (3.5-6)

VI. A ADVERTÊNCIA CONTRA A DESCRENÇA (3.7-11)


a. Advertência ao coração empedernido (3.7-8)
b. Exortação a não seguir o exemplo de incredulidade no deserto (3.9-11)

VII. ADVERTÊNCIA PARA ENTRAR NO DESCANSO DE DEUS (4.1-13)


a. Vigilantes a palavra e as promessas de Deus (4.1-2)
b. Aqueles que creem entram no Seu descanso (4.3-5)
c. A desobediência de Israel no deserto e sua consequência (4.6-11)
d. A eficácia da Palavra (4.12-13)

VIII. JESUS, O GRANDE SUMO SACERDOTE COMPASSIVO (4.14-16)


a. Jesus e nossas fraquezas (4.14-15).
b. Graça e misericórdia ao nosso alcance (4.16).

IX. O SACERDÓCIO DE JESUS À SEMELHANÇA DE MELQUISEDEQUE (5.1-10)


a. Escolhido entre os homens (5.1)
b. O sumo sacerdote oferece sacrifício por nos (5.2-5)
c. Jesus, Sacerdote à semelhança de Melquisedeque (5.6-7)
d. Obediência por meio do sofrimento (5.8-10)

X. ADMOESTAÇÃO SOBRE A MATURIDADE ESPIRITUAL (5.11-14)


a. A necessidade do crescimento (5.11-12)
b. importância da maturidade espiritual, em detrimento do bem e do mal
(5.12-14)

XI. ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA (6.1-12)


a. Avançando em direção a maturidade espiritual (6.1-3)
b. A perseverança dos eleitos (6.4-6)
c. A analogia da terra infrutífera (6.7-8)
d. O caminho da salvação (6.9)
e. Sendo diligente até o fim (6.11-12)

XII. A PROMESSA DE DEUS E A ESPERANÇA (6.13-20)


a. Promessa e aliança – esperança da alma (6.13-19)
b. Jesus, como precursor e Sumo Sacerdote à semelhança de
Melquisedeque (6.20)

XIII. A EXCELÊNCIA DO SACERDÓCIO DE MELQUISEDEQUE (7.1-3)


a. Melquisedeque e sua bênção a Abraão (Hebreus 7.1-2)
b. O sacerdócio levítico (7.3)

XIV. O SACERDÓCIO DE MELQUISEDEQUE SUPERIOR AO DE ARÃO (7.4-10)


a. Abraão enaltece Melquisedeque (7.4-7)
b. Abraão devolve o dizimo ao Senhor (Hebreus 7.8-10)

XV. O SACERDÓCIO DE CRISTO À SEMELHANÇA DE MELQUISEDEQUE (7.11-28)


a. A necessidade de um novo sacerdote (7.11)
b. Novo sacerdote, nova lei (7.12)
c. Jesus é sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque,
tornando a antiga lei obsoleta (7.13-19)
d. Jesus, o Fiador da nova aliança (7.20-23)
e. Jesus, Sumo Sacerdote perfeito e eterno (Hebreus 7:24-25)
f. Jesus, o Sumo Sacerdote adequado para sempre (7.26-28)

XVI. O SUMO SACERDOTE DE UMA ALIANÇA SUPERIOR (8.1-6)


a. Jesus, o Sumo Sacerdote e sua Majestade celestial (8.1)
b. Um tabernáculo eterno (8.2-5).
c. Jesus é o mediador de uma aliança superior (8.6)

XVII. A NOVA ALIANÇA E SEU CONTRASTE COM A ANTIGA (8.7-13)


a. Jeremias profetiza a nova aliança com Israel (8.7-9)
b. A nova Leis escrita nos corações e mentes (8.10-12)
c. A eterna nova aliança (8.13)

XVIII. O TABERNÁCULO TERRENO E SEU SERVIÇO (9.1-10)


a. O tabernáculo terreno (9.1-5)
b. As ofertas e sacrifícios são ineficientes para aperfeiçoar a consciência do
adorador (9.6-9)
c. A velhas ordenanças são substituídas pela nova ordem da graça (9.10)
XIX. O MINISTÉRIO DE CRISTO NO TABERNÁCULO CELESTIAL (9.11-28)
a. Cristo e o tabernáculo celestial (9.11-12)
b. O sangue de Cristo e a purificação dos crentes (9.13-14)
c. Cristo, o Mediador da nova aliança, proporcionando redenção dos
pecados cometidos sob a antiga aliança (9.15-20)
d. A lei e a sua exigência do derramamento de sangue para o perdão (9.21-
22)
e. O tabernáculo terreno e o tabernáculo celestial (9.23-24)
f. Cristo é a salvação daqueles que O aguardam (9.25-28)

XX. A SUPERIORIDADE DO SACRIFÍCIO DE CRISTO (10.1-18)


a. A antiga aliança é uma sombra dos bens futuros (10.1)
b. A ineficácia dos antigos sacrifícios (10.2)
c. O sacrifico e oferta que Deus requer (10.5-9)
d. Santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, oferecida de uma vez
por todas (10.10-18)

XXI. O ACESSO À PRESENÇA DE DEUS PELO SANGUE DE JESUS (10.19-31)


a. Em Cristo podemos nos achegar a Deus (10.19-22)
b. Encorajando uns ao outros na perseverança da fé, ao amor e às boas
obras, (10.23-25)
c. Advertência solene contra o pecado e a terrível expectativa de
julgamento (10. 26-31)

XXII. A DEFINIÇÃO DE FÉ (11.1-2)


a. Certeza e convicção (11.1)
b. Pela fé o testemunho foi alcançado (11.2)

XXIII. A FÉ E A CRIAÇÃO (11.3)


a. A Criação do universo pela palavra de Deus como um ato de fé (11.3)

XXIV. OS PRIMEIRS EXEMPLOS (11.4-7)


a. A fé de Abel, que ofereceu um sacrifício aceitável a Deus (11.4)
b. A fé de Enoque, que agradou a Deus (11.5-6)
c. A fé de Noé, e a obediência à ordem de Deus (11.7)

XXV. O CHAMADO A FÉ (11.8-22)


a. A fé de Abraão, que obedeceu ao chamado de Deus e peregrinou em
terra estrangeira (11:8-22)

XXVI. LIBERTOS PELA FÉ (11.23-29)


a. A fé de Moisés, que renunciou aos prazeres do Egito e conduziu os
israelitas à libertação (11.23-29)

XXVII. DO EGITO AOS MARTIRES DA IGREJA PRIMITIVA – UMA CAMINHADA DE FÉ


(11.30-40)
a. Transpondo o deserto e conquistando a terra pela fé (11.30-31)
b. Superando as adversidades pela fé (11.32-34)
c. Mártires - O mundo não era digno deles (11.35-40)

XXVIII. EXORTAÇÃO À PERSEVERANÇA NA FÉ (12.1-3)


a. Correndo com perseverança a corrida da fé (12.1)
b. Fitando os nossos olhos no Autor e Consumador da fé (12.2-3)

XXIX. A DISCIPLINA DE DEUS E A SANTIFICAÇÃO (12.4-13)


a. A disciplina seguida com paciência produz fruto de justiça (12.4-11)
b. Seguindo o caminho da santidade (12.12-13)

XXX. RESPONDENDO AO CHAMADO (12.14-29)


a. Paz e santificação o caminho ao Senhor (12.14)
b. O Reino não será jamais abalado (12.15-28)
c. Adoração, revência e temor (12.29)

XXXI. EXORTAÇÕES PARA A VIDA CRISTÃ (13.1-6)


a. Externando amor fraternal e hospitalidade aos que necessitam (13.1-3)
b. Matrimônio sem mácula (13.4-5)
c. Um Deus plenamente fiel (13.6)

XXXII. O ENSINO E A LIDERANÇA (13.7-17)


a. Seguindo os líderes que ensinam a Lei de Deus (13.7)
b. Um coração alicerçado na graça não é levado por heresias (13.8-9)
c. Um sacrifício de louvor contínuo, agradável a Deus (13.10-12)
d. Socorrendo os necessitados (13.16)
e. A obediência e o respeito aos líderes espirituais (13.17)

XXXIII. O RESPEITO ÀS AUTORIDADES E A ORAÇÃO (13.18-19)


a. A intercessão uns pelos outros (13.18-19)

XXXIV. UMA PRECE DE ENALTECIMENTO (13.20-21)


a. Um pedido de aperfeiçoamento a Deus pelos irmãos

XXXV. CUMPRIMENTOS (13.22-24)


a. Expressão de amor fraternal (13.22-24)

XXXVI. PROCLAMAÇÃO DA BÊNÇÃO FINAL (13.25)


a. A Graça de Deus sobre todos os fiéis (13.25)

A passagem submetida à exegese neste trabalho encontra-se na XXII (vigésima


segunda seção), do esboço da carta (A DEFINIÇÃO DE FÉ - 11.1-2), e dentro desta, na
primeira e na segunda divisão (a. Certeza e convicção, Hb 11.1 e b. Pela fé o
testemunho foi alcançado, Hb 11.2), em que o autor passa a tratar da fé e toda sua
influência na metanarrativa bíblica. Se faz necessário assim, para o bom desempenho
da interpretação, uma subdivisão do texto a ser analisado, ou seja, que a passagem
seja reestruturada.

REFERÊNCIAS

WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: manual de metodologia. São Leopoldo:


Sinodal; São Paulo: Paulus, 1998.
GORMAN, Michael J. Introdução à exegese bíblica. São Paulo: Thomas Nelson, 2017.
STUART, Douglas; FEE, Gordon D. Manual de exegese bíblica: Antigo e Novo
Testamentos. São Paulo: Vida Nova, 2008.
BIBLIA. Bíblia Sagrada. Corrigida e Revisada Fiel. Trad. João Ferreira de Almeida. São
Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana, 1994.
BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Nova Almeida Revista e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica
do Brasil, 2017.
BIBLIA. Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada. 2ª. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,
2008.
BÍBLIA. Bíblia de Genebra com Notas. 2ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2015.

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