Você está na página 1de 41

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ
CURSO DE PEDAGOGIA

ALINE EVANGELISTA DE CARVALHO

O SIGNIFICADO DO BERÇÁRIO II PARA AS MÃES:


RELAÇÃO ESCOLA X FAMÍLIA

Jataí
2013
ALINE EVANGELISTA DE CARVALHO

O SIGNIFICADO DO BERÇÁRIO II PARA AS MÃES:


RELAÇÃO ESCOLA X FAMÍLIA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Federal de
Goiás, Campus Jataí, para obtenção do
título de graduação.
Orientadora: Profa. Msc. Dinara
Pereira Lemos Paulino da Costa.

Jataí
2013
ALINE EVANGELISTA DE CARVALHO

O SIGNIFICADO DO BERÇÁRIO II PARA AS MÃES:


RELAÇÃO ESCOLA X FAMÍLIA

Trabalho defendido no Curso de Pedagogia da Universidade


Federal de Goiás- Campus Jataí, para a obtenção de grau de licenciatura em
Pedagogia, aprovada em ______ de Março de 2013, pela banca
examinadora constituída pelos seguintes professores:

Professora Msc. Dinara Pereira Lemos Paulino da Costa


Presidente da banca

Professora Michele Cristina da Silva


Membro Avaliador
“As maiores aquisições de uma criança
são conseguidas no brinquedo, aquisições
que no futuro tornar-se-ão seu nível básico
de ação real e moralidade.” (Vygotsky,
1998)
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças para que eu


continuasse nesta caminhada. A meus pais, pelo apoio e compreensão além
de nunca ter me deixado desanimar por causa das dificuldades.
A meu companheiro e parceiro, Celso, pela paciência e renúncia,
que desde o começo me incentivou para que eu terminasse os estudos e
nunca me deixou desanimar por causa das atribulações.
As minhas inesquecíveis professoras, orientadora e avaliadora,
Dinara Pereira Lemos Paulino da Costa e Michele Cristina da Silva,
respectivamente, pela dedicação e paciência durante esta difícil parte do
curso.
RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia que se insere na linha da educação


infantil e tem como tema O SIGNIFICADO DO BERÇÁRIO II PARA AS MÃES:
RELAÇÃO ESCOLA X FAMÍLIA. Esta pesquisa tem como objetivo geral entender
qual o significado do berçário II para as mães, ou seja, o que elas pensam sobre a creche
e qual o papel desta instituição na vida destas mães. Tem como objetivo específico,
saber o porquê que estas mães deixam os filhos na creche. Os autores mais relevantes
desta pesquisa foram José Martins Filho (2007), Maria Clotilde Rossetti-Ferreira
(2000), além dos RCNEI’s da educação infantil (1998). Esta é uma pesquisa de campo,
em que foi aplicado um questionário contendo seis perguntas para as mães da turma do
berçário II, para que elas pudessem levar o questionário para casa e respondessem.
Nesta sala havia vinte e quatro crianças, ou seja, vinte e quatro mães e apenas dez
contribuíram para esta pesquisa. A análise dos dados foi realizada uma por uma e a
maioria das respostas iguais. De acordo com o questionário, as mães foram unânimes
quanto à segurança que a instituição e as educadoras passavam para as famílias daquelas
crianças, sendo a creche, uma segunda casa para os pequenos. Assim as mães da
contemporaneidade podem trabalhar tranqüilas quanto à segurança e aos cuidados do
seu filho na creche. A pesquisa mostra também o que as teorias apontam que é o papel
da creche como promotora do desenvolvimento da criança e sua ação complementar a
da família.

PALAVRAS CHAVE: família, mãe, creche, educação infantil.


SUMÁRIO
RESUMO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................08
2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E AS CRECHES NA
CONTEMPORANEIDADE........................................................................10
3 A CRIANÇA DO BERÇÁRIO II...............................................................18
4 METODOLOGIA........................................................................................27
4.1 DISCUSSÃO DOS DADOS – FALA DAS MÃES....................................27
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................36
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................38
7 ANEXO.........................................................................................................40
1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é fruto de uma avaliação da disciplina Trabalho de


Conclusão de Curso (TCC), do curso Pedagogia da Universidade Federal de Goiás-
Campus Jataí, que se insere na linha de Educação Infantil. A temática a ser
desenvolvida nesta pesquisa versa sobre O Significado do Berçário II para as mães –
Relação Escola x Família.
Comecei a me interessar pelo tema quando comecei a trabalhar em uma creche
municipal da cidade. Percebi que aquele lugar era importante para o desenvolvimento
daquelas crianças, mas o que ainda não entendia, talvez pelo fato de ainda não ser mãe,
era como que aquelas mães se sentiam ao deixar seus filhos naquele lugar, o quanto que
elas abdicavam de estar com seus pequenos para poderem trabalhar e manter do
sustento da família.
Acredito que esta pesquisa irá contribuir na decisão de deixar o filho na creche
ou não para muitas famílias. O trabalho também discute algumas idéias para melhorar o
atendimento das crianças neste tipo de instituição.
Durante a pesquisa, consegui encontrar diversos trabalhos sobre a temática,
alguns livros que falam a respeito da infância e as creches. Optei por esta determinada
creche pelo fato de estar trabalhando nela, pois minha jornada de trabalho era de oito
horas seguidas diárias e não havia tempo de fazer esta pesquisa em outra instituição,
pois a noite ainda tinha que estar na faculdade.
Esta pesquisa tem como objetivo geral entender qual o significado do berçário
II para as mães, ou seja, o que elas pensam sobre a creche, qual o papel desta instituição
na vida destas mães. Além de ter como objetivo específico, saber o porquê estas mães
optam por deixarem os filhos na creche.
Dentre os autores que me apoiaram nesta pesquisa estão, Maria Carmem
Silveira Barbosa (2006); Carlos Rodrigues Brandão (2007); Jean Le Boulch (1982);
José Martins Filho (2007); Zilma Moraes De Oliveira (1996); Maria Clotilde Rossetti-
Ferreira (2000); Emília Cipriano Sanches (2003); Kelly Cristina Teixeira (2012). Estes
são alguns dos autores citados na pesquisa além de alguns artigos acessados na internet
e a Constituição Federal da República Federativa do Brasil.
Esta é uma pesquisa de campo, em que foi elaborado um questionário de seis
perguntas para que as mães da turma do berçário II respondessem. Nesta sala havia
vinte e quatro crianças, ou seja, vinte e quatro mães e apenas dez contribuíram para esta
pesquisa. A análise dos dados foi feita uma por uma e prevalecendo a maioria das
respostas iguais.
No primeiro capítulo foi abordado a história da educação infantil desde a época
dos gregos e romanos até na atualidade, assim como a história das creches desde o seu
surgimento até nos dias atuais.
No segundo capítulo foi discutido a rotina das crianças do berçário II, ou seja,
crianças com faixa etária de um a dois anos. As suas capacidades, gostos, limites,
habilidades e indisciplina. Na segunda parte deste capítulo os dados coletados foram
discutidos, ou seja, as falas das mães. Como foram as respostas delas, no que mais elas
se assemelhavam ou diferenciavam em suas opiniões a respeito da função e importância
da creche em suas vidas.
Após a análise dos dados podemos concluir que todas as mães que
responderam as questões evidenciam a importância da creche no desenvolvimento dos
seus filhos e mencionam estarem seguras quanto a opção de deixá-los na creche.
2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E AS CRECHES NA CONTEMPORANEIDADE

A creche surgiu na Europa no final do século XVIII e início do século XIX e


atendia (guardava) crianças de 0 a 3 anos, durante o período de trabalho dos pais. Já no
Brasil, ela surge no final do século XIX, decorrente do processo de industrialização e
urbanização do país.
Para Sanches (2003, pag. 64) “nos anos 20, o Estado concedeu estímulos
fiscais ao atendimento à criança, onde o governo pôde oferecer funcionários,
professores, materiais pedagógicos e mobiliário escolar, cabendo à sociedade civil a
manutenção e prestação de serviços”.
Este mesmo autor nos mostra ainda que, o objetivo destas instituições era
modificar os hábitos e costumes das classes populares, adaptando-as à prática social da
classe dominante, ou seja, as famílias ricas não precisavam deixar seus filhos nestas
instituições, pois tinha m outros parentes ou as chamadas “criadeiras”, que eram pagas
para cuidar de crianças enquanto a família saía para trabalhar.
A clientela das creches acabava sendo crianças de famílias pobres que não
tinham onde ficar enquanto seus pais saíam para trabalhar. Tinha toda uma burocracia
para o funcionamento destas instituições, pois as instalações deveriam seguir
rigorosamente os preceitos de higiene e ainda sob orientação de médicos pediatras,
enfermeiras, assistentes sociais e assistentes treinados na área de higiene infantil. As
creches não tinham como preocupação a educação das crianças, pois era ligado à
assistência social, porém, os jardins de infância tinham fins educativos.
Em outubro de 1978 é lançado oficialmente o Movimento de Lutas por
creches, que se expandiu, em especial, nos grandes centros urbanos, exigindo do Estado
modificação e reorganização das políticas sociais. De acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional Nº 9394/96, em seu artigo Nº 29, determina que “a
educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.
E ainda, de acordo com a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 208, nos
diz que “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: “IV -
educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)”.
Desta maneira, podemos perceber que é direito da criança de zero a cinco anos
estar em uma instituição educacional. Como atualmente, estamos vivendo em uma
sociedade capitalista, vemos cada vez mais, mães, sendo provedoras de seus lares, pois
necessitam sair de casa para trabalhar e prover o sustento de sua família e como
conseqüência das exigências de realização pessoal destas mães, estas cada vez mais
colocam seus filhos mais cedo nas creches.
Estas instituições eram muito ligadas ao cuidado físico das crianças, pois
exigiam a presença de profissionais da saúde e para demonstrar esta ênfase a estes
cuidados, Sanches (2003, pag. 74) nos mostra uma rotina do berçário, na instituição
Casa da Pedra em 1980:
 7h30 - chegada e trocar; mamadeira e suco; atividades (solário e
engatinhar);
 10h30 - preparo para o almoço;
 11h00 - sopa e mamadeira;
 12h00 - repouso;
 14h30 - trocar;
 15h00 - merenda e mamadeira;
 15h30 - atividade;
 16h30 - trocar e banho, se necessário;
 17h30 - sopa e mamadeira;
 19h00 - saída;
O período de funcionamento destas instituições era de segunda a sexta das 7h
às 19h, durante 12 meses ao ano, não havendo férias coletivas. A distribuição das
crianças se dava por meios de módulos de atendimentos:
 Berçário menor (0 a 7 meses): 12 crianças para dois adultos;
 Berçário maior (8 meses a 1 ano e seis meses): 16 crianças para dois
adultos;
 Minigrupo (1 ano e sete meses a 2 anos e seis meses): 16 crianças para
dois adultos;
 Maternal I (2 anos e sete meses a 3 anos e 11 meses): 20 crianças para
um adulto;
A rotina na programação básica, em 1980, previa:
 7h às 8h30: triagem;
 9h: troca de roupa e desjejum;
 9h30: controle de esfíncter, a partir de 15 meses;
 8h – 10h: banho de sol, com atividade de estimulação para berçário e
atividades pedagógicas com as demais faixas etárias;
 9h30 – 10h: suco de frutas;
Como podemos perceber nestas rotinas, há sempre o cuidado da higiene e
alimentação restando pouco tempo para a educação. Vemos muitas creches superlotadas
e muitas pessoas não sabem se são escolas, depósito de crianças ou apenas uma válvula
de escape para poder colocar o filho e assim, os pais poderem trabalhar fora. Para
alguns, precisam trabalhar para manter o sustento da família, para outros, apenas por um
mero capitalismo ao qual vivemos, ou seja, comprar, comprar e comprar.
Com isso, temos percebido o quanto as crianças da contemporaneidade, estão
passando cada vez mais, menos tempo com suas famílias, pois precisam ficar em tempo
integral nas creches para que seus pais possam trabalhar, mas, infelizmente, nem sempre
acontece e aconteceu assim.
A educação da criança pequena constitui uma preocupação antiga,
encontrando-se registros a esse respeito em escritos deixados desde a antiguidade
clássica, por Platão (427-347 a C), referindo-se à educação da primeira infância através
de jogos educativos na família, com o objetivo de preparo para o exercício futuro da
cidadania.
Aristóteles (384-332 a C) propôs que dos cinco aos sete anos, as crianças
receberiam, em casa, educação para a higiene e o endurecimento, e dos cinco aos sete,
já deveriam assistir algumas lições. Nos séculos XI e XII, pensadores humanistas como
Erasmo (1465-1530) e Montaigne (1483-1553) propunham uma educação que
respeitasse a natureza infantil e estimulasse a criatividade articulando o jogo à
aprendizagem.
Assim, por muitos séculos, a responsabilidade com o cuidado e a educação das
crianças, foi atribuída para as famílias, principalmente para as mães através de sua
inserção nas práticas domésticas ou sociais dos adultos. Porém, não demorou muito para
as coisas mudarem em relação à criação destas crianças.
De acordo com Martins Filho (2007, p.17), “ao analisar a história da
humanidade, observa-se que a criança sempre foi tratada como descartável”. Explicarei
o porquê citando algumas atrocidades que as crianças eram submetidas na antiguidade.
Os gregos e romanos, por exemplo, matavam as crianças desvalidas, malformadas e as
defeituosas, pois era dado o direito ao pai de vida e morte sobre seus filhos.
Já os romanos, abandonavam e às vezes matavam os filhos indesejados sendo
que isso era muito freqüente naquela época. Pela manhã, quando os pescadores tiravam
suas redes do rio Tibre, vinham os peixes e os cadáveres de crianças pequenas e até de
bebês que as mães afogavam durante a noite.
Ainda, de acordo com Martins Filho (2007, p. 19), “Na idade média, as coisas
não eram melhores. A mortalidade infantil era realmente muito alta. Há relatos que
indicam que, em toda a Europa, o índice de mortalidade gerava em torno de 80% no
período do Renascimento, por exemplo,”.
Realmente, não existia infância na antiguidade. Muitas crianças nem chegavam
à adolescência, e as que chegavam, bem antes desta fase, eram abandonadas nas igrejas
ou nas casas de famílias ricas. Os maus-tratos contra as crianças, como: violência
doméstica, negligência ou abandono, sevícias ou abuso físico, síndrome de
Munchausen, síndrome do bebê sacudido, abuso sexual e psicológico eram freqüentes
assim como o trabalho escravo infantil.
Nesta questão do trabalho escravo, Martins Filho (2007) nos relata alguns
dados importantes:

Em alguns dados recentes sobre o trabalho infantil no mundo, descobrimos


que, na década passada, havia cerca de 256 milhões de crianças entre quatro e
quinze anos trabalhando (destas, 120 milhões em tempo integral, segundo
pesquisa da Confederação Mundial do Trabalho-CMT). A distribuição por
região se dava aproximadamente da seguinte maneira: 153 milhões na Ásia;
80 milhões na África; 17,5 milhões na América Latina e 5,5 milhões nos
Estados Unidos (entre 12 e 15 anos). Esses dados são da Organização
Mundial do Trabalho (OIT). (MARTINS FILHO, 2007, p. 40)

E ainda:

Alguns dados recolhidos de estatísticas disponíveis nos mostram números


assustadores. Calcula-se que vivem nas ruas, abandonadas, cerca de oito
milhões de crianças. Destas, muitas têm pais alcoólatras ou drogados. Muitas
nunca conheceram o pai ou não tem qualquer estrutura familiar consistente e
sadia que as ampare. (MARTINS FILHO, 2007, p. 46)

Definitivamente, não temos do que nos orgulhar sobre a história da infância.


Diante de todos estes impasses, eu faço algumas indagações: será que os pais do século
XXI estão preparados para terem filhos? E a questão do trabalho? Eles colocarão os
filhos em tempo integral nas creches? Será que isso é bom para o desenvolvimento
intelectual, emocional e psicológico da criança ficar dez horas por dia longe dos pais?
Como estamos em um mundo capitalista, todos os adultos precisam trabalhar
para prover o sustento de suas famílias. Mas e as crianças? Onde ficam? Com quem
ficam? Com parentes? E as creches? Seria uma luz no fim do túnel? E quanto à
qualidade da educação dessas crianças? É melhor deixar na creche ou ficar, se possível,
com algum parente?
Esta decisão não é nada fácil, pois envolve o futuro de uma pessoa, que é seu
filho e toda a responsabilidade é sua. Segundo o dicionário de Língua Portuguesa
Melhoramentos (1997, p. 135), “creche significa um estabelecimento para crianças
cujas mães precisam trabalhar fora”.
Com isso, a instituição acaba sendo um refúgio para estas mães trabalhadoras e
as creches estão superlotadas e a educação destas crianças está ficando em segundo
plano. As salas estão cada vez mais cheias e os cuidados com a higiene e alimentação
tomam todo o tempo, sem falar a pausa para o descanso.
Desta maneira, não seria melhor deixar a criança com algum parente? E quanto
àquelas famílias que ficam com os filhos em casa o dia inteiro, mas não se preocupam
ou não tem condições de dar alguma educação “formal” para estas crianças? Será que
quantidade é o mesmo que qualidade ou vale mais que qualidade? Será que este é um
caso sem solução?
A educação da criança pequena atualmente passa a ser exercida fora do lar, ou
seja, nas instituições educacionais. Acaba sendo quase que uma guerra entre pais e
professores, pois um passa a responsabilidade para o outro em termos de limites,
disciplina e educação. Como nos diz Martins Filho (2007):

Neste tipo de relacionamento terceirizado, podemos observar outros


fenômenos. Quem educa? Quem orienta? Quem coloca normas, limites? A
educação tanto formal, acadêmica, como ética e moral, acaba sendo
transferida para as escolas; assim, os pais esperam que elas desempenhem
essa função. (MARTINS FILHO, 2007, p. 64).

Por isso que é essencial que pais e professores tenham um diálogo constante
sobre o desenvolvimento das crianças. Quando o pai ou a mãe deixa a criança na creche
desde muito bebê, acaba sendo o educador que vê seus primeiros passos, ouve sua
primeira palavra, ou seja, todo o desenvolvimento físico, intelectual é o professor que vê
e não os pais.
Assim, existe um ciúme ou até raiva entre pai e professor por causa disso. Na
relação entre pais e educadores deve existir espaço para expressar sentimentos,
facilitando a adaptação da criança na creche. As famílias se preocupam com o
funcionamento destas instituições, em questão da qualificação dos profissionais, da
qualidade dos alimentos, da higiene do local, etc.
De acordo com (Chaguri apud Rossett-Ferreira 2000, p. 39), “é preciso que
sejamos corajosos para lidar com estas emoções, pois existem medos, desconfianças,
mágoas e necessidade de aceitação.” Para que a criança se adapte bem a creche, ela
precisa se sentir em casa, ser bem cuidada e amada. Para isso, o educador precisa
conhecer suas manias, defeitos, gostos e desgostos. Assim, ele só descobre isto sobre a
criança, através dos pais, com muito diálogo, respeito e atenção.
Os professores devem organizar intencionalmente a vida da criança na escola
para provocar sua máxima aprendizagem, desenvolvimento e humanização. Para isso, a
creche precisa de rotina e para nos explicar melhor o conceito e importância da rotina,
Barbosa (2006) nos diz que:

Na palavra rotina está implícita uma noção de espaço e de tempo: de espaço,


uma vez que rotina trata de uma rota de deslocamentos espacial previamente
conhecida, como são os caminhos e as rotas e de tempo, por tratar-se de uma
seqüência que ocorre com determinada freqüência temporal. Elas são criadas
a partir de uma seqüência de atos ou de um conjunto de procedimentos
associados que não devem sair de sua ordem; portanto, as rotinas têm um
caráter normatizador. (BARBOSA, 2006, p. 45)

O autor nos explica ainda que “a rotina pedagógica é um elemento estruturante


da organização institucional e de normatização de subjetividade das crianças e dos
adultos que freqüentam os espaços coletivos de cuidados e educação”. Para ele, a rotina
da creche precisa de alguns elementos constitutivos.

“A organização do ambiente: o espaço físico é o lugar do desenvolvimento de


múltiplas habilidades e sensações e, a partir da sua riqueza e diversidade, ele
desafia permanentemente aqueles que o ocupam. Criou-se uma creche que,
em suas características internas, assemelhavam-se muito mais a um hospital
do que uma instituição para crianças sadias. O padrão das creches apresenta,
em geral, espaços bem definidos e estanques, onde há uma intensa
preocupação com o arejamento, o tipo de iluminação, o tamanho das salas, a
relação do espaço com o número de crianças, a limpeza constante, a saúde e o
resguardo do corpo; O uso do tempo: de acordo com a literatura pedagógica
brasileira, pode-se afirmar que o uso do tempo nas rotinas das creches, gira
em torno de duas temáticas básicas: por um lado, a concepção de que é na
infância que as crianças constroem as noções temporais e, portanto, faz-se
necessário criar circunstâncias ou situações em que elas possam estruturar tal
noção, e, por outro lado, a necessidade de organizar o trabalho com as
crianças de modo a harmonizar os objetivos, situações, suas características,
etc; A seleção e as propostas de atividades: os modelos de atividades de
rotina para as creches geralmente centram sua atenção no corpo das crianças
e em seus aspectos biológicos. Há uma ênfase grande nos cuidados, na
higiene, na alimentação e na saúde. As “horas de” são peculiares – fralda,
mamadeira, banho de sol, sesta, suco, banho – e aparecem também alguns
momentos de brincadeira e de atividades pedagógicas que, em geral, abrigam
as atividades lúdicas e expressivas; A seleção e a oferta de materiais: os
materiais são elementos essenciais na organização das rotinas. Sua existência,
sua variedade e sua exploração são fatos que levam a criar alternativas em
termos de atividades para os grupos. A existência de um amplo repertório de
materiais escolhidos pelos educadores, adequados às crianças, é um elemento
que pode ampliar a variedade das atividades das rotinas, dar tranqüilidade ao
educador para poder criar novas ações e não repeti-las, fazer com que as
crianças possam estar mais envolvidas nas suas ações, realizando
brincadeiras coletivas e individuais.”

Contudo, vimos à importância e algumas características das rotinas nas


creches, que servem para organizar as atividades durante o período que as crianças estão
na instituição e favorece também no desenvolvimento da criança, pois ela precisa saber
que tem horário de dormir, acordar, comer, tomar banho, brincar e aprender.
O trabalho educativo na creche requer conhecimento, por parte dos professores,
das teorias de desenvolvimento humano e do papel do adulto em tal processo. Sobre
como as crianças se desenvolvem, Oliveira aborda três concepções diferentes: “a
inatista, a ambientalista e a interacionista” (OLIVEIRA, 1996, p. 27).
A primeira, a Teoria Inatista, enfatiza os fatores biológicos do
desenvolvimento, onde as características de cada indivíduo seriam pré-determinadas
geneticamente. “Nesse caso o desenvolvimento seria como o desenrolar de um novelo,
no qual estão inscritas as características genéticas do indivíduo” (OLIVEIRA, 1996, p.
27).
Na segunda visão, a Teoria Ambientalista, o desenvolvimento da criança é um
produto do meio. A criança é “modelada” pela ação do adulto, através da estimulação.
São os estímulos externos que o comportamento, o caráter e os conhecimentos do
indivíduo.
Segundo a autora, a visão ambientalista “tem o mérito de chamar nossa atenção
para a plasticidade do ser humano, que pode adaptar-se a diferentes condições de
existência, aprendendo novos comportamentos, desde que existam certas condições
favoráveis” (OLIVEIRA, 1996, p. 29).
A visão ambientalista toma a criança como uma “tábua rasa”, onde só os
fatores externos são decisivos na constituição da personalidade e de conhecimento
humano.
A Teoria Interacionista contrapõe-se às duas outras, ao mesmo tempo em que
as completa. Assim define a autora:
A concepção interacionista considera que os dois elementos: o biológico e o
social, não podem ser dissociados e exercem influência mútua. As
características biológicas preparam a criança para agir sobre o social e
modificá-lo, mas esta ação termina por influenciar na construção das próprias
características biológicas da criança. (OLIVEIRA, 1996, p. 29)

A Teoria Interacionista representa outra visão da criança como ser que aprende
e se desenvolve, “ela deixa de ser um ser passivo, que aprende por meio de estímulos
viso-áudio-motores, e passa a ser reconhecida como ser pensante capaz de construir
hipóteses a partir da interação com outros sujeitos” (OLIVEIRA, 1996, p.31).
Diante do exposto, percebemos o quanto que o papel do professor da educação
infantil é de suma importância. Ele precisa ter o conhecimento do trabalho pedagógico
da creche para poder atender a todas às necessidades das crianças, valorizarem a
instância privada de cada aluno quanto conhecer sua realidade familiar. Assim, o
educador terá melhores condições para realizar um trabalho diferenciado em sua sala.
De acordo com o RCNEI (1998):

Embora não existam informações abrangentes sobre os profissionais que


atuam diretamente com as crianças nas creches e pré-escolas do país, vários
estudos têm mostrado que muitos destes profissionais ainda não têm
formação adequada, recebem remuneração baixa e trabalham sob condições
bastante precárias. Se na pré-escola, constata-se, ainda hoje, uma pequena
parcela de profissionais considerados leigos, nas creches ainda é significativo
o número de profissionais sem formação escolar mínima cuja denominação é
variada: berçarista, auxiliar de desenvolvimento infantil, babá, pajem,
monitor, recreacionista, etc. (RCNEI, 1998, p. 39)

Para muitos, a única finalidade da creche é a assistência à criança em relação a


cuidados com higiene, alimentação e saúde. E quanto à educação? Estas crianças não
têm este direito? Na creche, todas as turmas estudam cada uma do jeito que pode, de
acordo com a faixa etária. É atendida as necessidades quanto à saúde, higiene e
alimentação, mas também a educação. Como já dizia Brandão (2007) “ninguém escapa
da educação”, nem mesmo as crianças de zero a seis anos que frequentam as creches.
3 A CRIANÇA DO BERÇÁRIO II

Este capítulo tratará especificamente da criança do berçário II com faixa etária


de um a dois anos. Esta criança chega ao berçário muitas vezes sem falar ou falando
algumas palavrinhas, andando normalmente e com muita curiosidade. No começo elas
choram bastante por falta da família, mas quando passa esta fase de adaptação, elas
ficam super tranquilas em sala.
Como toda rotina de creche, no berçário precisa ter a maior parte da rotina para
cuidados de higiene e alimentação pelo fato da maioria das crianças ainda usarem
fraldas. Mas isto está mudando, pois atualmente a gestão da instituição exige que as
educadoras tenham planos de aula bem definidos com atividades coletivas e individuais,
por exemplo, para ser passado para estas turmas.
Esta é uma fase bem difícil, pode-se dizer, pois é nela que as crianças
descobrem que podem chorar e fazer todo tipo de birra ou até morder e bater no colega
para conseguir o que querem. Elas ainda não têm noção do coletivo, acham que tudo e
todos são delas e não gostam de dividir.
Com o passar do tempo, as educadoras conseguem reverter estas atitudes com
muito diálogo e brincadeiras coletivas. Nesta fase, podemos perceber o quanto as
crianças evoluem até o fim do ano, pois elas chegam à sala bem tímidas, e quase não
interagem com os colegas e com o restante da turma.
Pode-se dizer que depois das férias de julho, as crianças voltam bem evoluídas,
falando bastante, interagindo mais nas aulas, nos jogos que exigem atenção e raciocínio
como montar blocos lógicos, elas conseguem com muita facilidade. A família ajuda
bastante, também, pois enquanto as educadoras ensinam em sala, os pais ensinam em
casa.
Segundo o RCNEI (1998, p21) "a concepção de criança é uma noção
historicamente construída e consequentemente vem mudando ao longo dos tempos, não
se apresentando de forma homogênea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade
e época".
Em um mesmo local existem diferentes maneiras de se dirigir a uma criança
dependendo da classe social ou do grupo étnico a que pertencem. Muitas destas crianças
enfrentam um cotidiano bem difícil, pois não teve as mesmas oportunidades que tantas
outras pessoas tiveram.
O que mais vemos nas ruas atualmente são crianças abandonadas pela própria
sorte, roubando, matando e se drogando porque em casa não teve referência de uma
família honesta, de caráter e dedicada. Muitas delas abdicam da sua infância para terem
que trabalhar para sustentar o pai e a mãe que está em casa apenas escravizando o filho.
Há também outro lado da historia, a da criança que teve oportunidades na vida.
Com isso, os pais enchem-nas de tarefas, cursos e afazeres o dia todo e assim, os
pequenos ficam sem tempo até para brincar, curtir a melhor fase da vida que é a
infância.
Para explicar melhor, Teixeira (2009) diz o seguinte:

Deixar de ser criança no presente porque tem que ser algo no futuro, e sobre
isto vemos duas realidades infantis uma em que a criança fica atribuída a ter
muitas formações escolares (cursos) para prepará-la para o futuro na
sociedade; ou muitas atribuições (afazeres) para adquirir o perfil social que é
"ser ativo" atribuído de muitas tarefas o que acaba tirando o prazer da
infância, pois estas crianças passam a não ter tempo para o
brincar. (TEIXEIRA, 2009, p. 4)

A criança precisa aproveitar sua infância, inocência para no futuro, só ter boas
lembranças desta época. Estudar e brincar precisa estar presente no seu cotidiano, além
de ter uma família que a oriente e apoie em todas as suas decisões e atitudes. Acredito
que assim, esta criança terá um melhor desenvolvimento cognitivo, emocional, motor e
psicológico.
De acordo com o RCNEI (1998):

A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte
de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma
determinada cultura, em um determinado momento histórico. É
profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também
o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência
fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece
com outras instituições sociais. (RCNEI, 1998, p. 21)

Voltaremos agora a nossa discussão para a criança de um a dois anos, que nesta
fase cursa o berçário II. Para isto, começarei citando os objetivos gerais da educação
infantil de acordo com o RCNEI (1998):
Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais
independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas
limitações; Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas
potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de
cuidado com a própria saúde e bem-estar; Estabelecer vínculos afetivos e de
troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando
gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;
Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos
poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais,
respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se
cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio
ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e
necessidades; Utilizar diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral
e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de
forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos,
necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de
significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de
interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.
(RCNEI, 1998, p. 63)

Como estamos falando de crianças de um a dois anos, citarei os objetivos de


acordo com o RCNEI (1998) para crianças de zero a três anos:

Experimentar e utilizar os recursos de que dispõe para a satisfação de suas


necessidades essenciais, expressando seus desejos, sentimentos, vontades e
desagrados, e agindo com progressiva autonomia; Familiarizar-se com a
imagem do próprio corpo, conhecendo progressivamente seus limites, sua
unidade e as sensações que ele produz; Interessar-se progressivamente pelo
cuidado com o próprio corpo, executando ações simples relacionadas à saúde
e higiene; Brincar; Relacionar-se progressivamente com mais crianças, com
seus professores e com os demais profissionais da instituição, demonstrando
suas necessidades e interesses. (RCNEI, 1998, p.27)

Para complementar, citarei os conteúdos de acordo com o RCNEI (1998), para


crianças desta mesma faixa etária:

Comunicação e expressão de seus desejos, desagrados, necessidades,


preferências e vontades em brincadeiras e nas atividades cotidianas;
Reconhecimento progressivo do próprio corpo e das diferentes sensações e
ritmos que produz; Identificação progressiva de algumas singularidades
próprias e das pessoas com as quais convive no seu cotidiano em situações de
interação; Iniciativa para pedir ajuda nas situações em que isso se fizer
necessário; Realização de pequenas ações cotidianas ao seu alcance para que
adquira maior independência; Interesse pelas brincadeiras e pela exploração
de diferentes brinquedos; Participação em brincadeiras de “esconder e achar”
e em brincadeiras de imitação; Escolha de brinquedos, objetos e espaços para
brincar; Participação e interesse em situações que envolvam a relação com o
outro; Respeito às regras simples de convívio social; Higiene das mãos com
ajuda; Expressão e manifestação de desconforto relativo à presença de urina e
fezes nas fraldas; Interesse em desprender-se das fraldas e utilizar o penico e
o vaso sanitário; Interesse em experimentar novos alimentos e comer sem
ajuda; Identificação de situações de risco no seu ambiente mais próximo.
(RCNEI, 1998, p. 29)

As crianças nesta faixa etária simplesmente não ficam quietas, principalmente


quando aprendem a andar. Elas mexem em tudo, exploram cada lugar, cada objeto sem
nenhuma finalidade especifica. De acordo com o artigo da UNICEF:

Nessa fase, a criança está cheia de energia e entusiasmo. Aprende por meio
da exploração do ambiente, curiosidade, imitação e imaginação sem fim.
Quanto mais a criança é estimulada a falar, movimentar-se e descobrir, maior
será o desenvolvimento do seu cérebro e da coordenação fina dos seus
movimentos. Essas realizações ajudam a criança a se comportar com mais
competência e confiança. A criança, nessa fase, já pode engatinhar e andar e
se desloca pela casa. Abaixa-se, sem cair, para pegar objetos no chão.
(UNICEF, S/D)

As possibilidades são infinitas para crianças desta idade, elas não gostam de
ficar sentadas por muito tempo, nem ficar quietas ouvindo uma pessoa falar. Adoram
correr, pular, ter muitos brinquedos ao seu alcance, dançar, ouvir a mesma história
várias vezes entre tantas outras possibilidades.
Em relação ao desenvolvimento psicomotor, o autor Le Boulch(1982, pag. 58)
diz que “entre 11 e 12 meses, a criança pode deslocar-se de pé com ajuda, assegurando-
se de uma mão, podendo pegar um objeto”. Logo ela aprende a se locomover sem ajuda
e aí ninguém mais segura, ela vai explorar todos os lugares possíveis para sanar suas
curiosidades.
Neste aspecto da necessidade da exploração da criança nesta faixa etária, o
mesmo autor nos diz o seguinte:

A necessidade de exploração, que constitui uma das atividades fundamentais


a partir dos 15 meses, tem sido objeto de numerosas pesquisas[...] A conduta
exploradora é uma resposta global do organismo a uma situação nova. É,
pois, a novidade do desencadeador do comportamento[...] As condutas
exploratórias são explicadas pelos mecanismos neuro-fisiológicos que agem
reciprocamente entre o córtex cerebral e a formação reticulada do tronco
cerebral[...] O acesso à locomoção vai multiplicar as possibilidades de
aquisição, graças à conduta de exploração. (LE BOULCH, 1982, pag. 59)
Desta maneira, vimos que é natural a necessidade da criança de exploração do
ambiente. Já em relação à percepção do espaço para estas crianças, Le Boulch(1982) diz
o seguinte:
O espaço da criança de 18 meses a 3 anos, que emerge do empirismo da ação,
não tem o caráter de nosso espaço euclidiano. Uma vez os objetos
individualizados em relação uns com os outros, a criança não dispõe de
referências fundamentais representadas pelas distâncias e os eixos. A
construção do espaço se faz a partir de intuições muito elementares. (LE
BOULCH, 1982, pag. 63)

Podemos perceber que a criança não tem a mesma noção de espaço como os
adultos, mas sim, se faz por mera intuição. Agora, o autor nos traz a questão do período
linguístico para estas crianças:

Instala-se entre os 12 e os 15 meses. Caracteriza-se pela utilização das


primeiras palavras. No começo, os primeiros elementos da linguagem não se
compreendem e nem serão utilizados mais tarde independentemente de seu
contexto situacional. Um mesmo elemento serve para designar situações
diversas. A linguagem ainda não tem adquirida sua autonomia em relação às
situações nas quais ela está implicada. A palavra é primeiro confundida com
a situação e com a coisa designada. A evolução é paralela ao
desenvolvimento psicomotor e este presta-lhe uma ajuda considerável.
Encontramos, nesta etapa, uma característica do pensamento mágico, que
consiste em verbalizar o nome das pessoas, das coisas, ou a designação de
acontecimentos através de qualidades dessas coisas e desses acontecimentos.
É entre 1 ½ ano e 2 anos que os sinais sonoros, permitirão evocar os objetos
ou as situações não atuais. (LE BOULCH, 1982, pag. 66)

Pelo que podemos perceber, quando a criança percebe ou entende o objeto ou


situação vivenciada, é que ela começa a querer falar. Depois que ela aprende a falar,
trocará o objeto ou a situação pela representação mental.
Diante de todas estas fases da criança e todo o desenvolvimento e progresso
que ela terá ou não, depende muito do estimulo que a família dará a esta criança. Como
a mãe é mais próxima e mais ligada ao filho pelo fato de gerir a criança, através do
olhar desta mãe, do sorriso, das brincadeiras, do toque, dos carinhos é que irá
desencadear todos os movimentos e atitudes da criança.
O papel dos pais é de suma importância nesta fase de desenvolvimento da
criança, pois sem estímulos, afetividade e paciência, o bebê terá seu desenvolvimento
retardado. De acordo com Le Boulch (1982), é pelo relacionamento afetivo com a mãe e
o desejo de vê-la feliz é que a criança é capaz de reagir a um gesto que a gratifica, como
agarrar um objeto que lhe é atirado.
Em relação ao aprendizado da limpeza, é por volta dos 15 meses que se pode
iniciar este aprendizado. Aos 2 anos a criança controlará os esfíncteres de dia e aos 3
anos à noite. De acordo com o autor, a educação deste controle deve ser efetuada em um
clima de segurança, afeição, de preferência pela mãe, em quem a criança tem confiança.
Se esta criança já estiver frequentando a creche, a família e as educadoras
precisam ter uma grande parceria para a retirada das fraldas. Em um primeiro momento,
explicar o quanto é desconfortável e ruim ficar com fezes e urina na fralda e por isso,
ela precisa dizer que está com a fralda suja, e mostrar o quanto é bom estar limpinho.
Quando a criança já fala que fez cocô ou xixi, pode-se começar a induzi-la a
nos dizer antes de fazer para que assim, as coloquemos no penico. A partir dos 15 meses
pode-se deixar a criança apenas de calcinha ou cueca para que ela comece a pedir para
usar o penico. Quando ela acostumar a ficar sem fralda e começar a gostar de usar o
penico, nem vai querer mais ficar com fralda.
Porém, para chegar a este ponto, a família tem que se dedicar e ter paciência,
assim como as educadoras. Não castigar a criança se por algum motivo não der tempo
de chegar ao penico e assim ela fazer xixi ou cocô no chão, na roupa ou em qualquer
lugar. No começo isso vai acontecer bastante, porém, é só conversar e explicar para o
pequeno que isto não pode acontecer que logo ele não fará mais.
Não podemos esquecer que crianças desta idade tem um problema muito
complicado em relação a limites e disciplina. Como ela está em uma fase de
descobertas, achará que pode tudo, além de querer tudo do jeito e na hora que ela quer
sem perceber que existe o outro e hora pra tudo.
A família nunca sabe a hora de colocar limites nos filhos e muito menos as
educadoras. Um joga a responsabilidade para o outro e nunca sabem a hora de dizer sim
e não acabando por ficarem divididos se optam por uma educação rígida ou liberal.
Então, como agir? Como educar colocando limites sem ser autoritário?
Diante disso, Pantoni (2000), nos diz o seguinte a cerca de limites:

Com medo de serem muito rígidos e prejudicarem o desenvolvimento da


criança, muitos pais evitam a todo custo dizer “não”, isto é, acabam por não
colocar limites no comportamento das crianças. Deixam de ser espontâneos,
ficam o tempo todo pensando se isso ou aquilo vai traumatizar seu filho.
Dessa forma, a criança não aprende quais são as regras, o que é certo e errado
na sua sociedade. Ou melhor, é educada para fazer o que quer, sem respeitar
o limite das outras pessoas. (PANTONI apud ROSSETTI-FERREIRA 2000,
p.169).
Os pais não tem que ter medo de dizer não, se tiver, só prejudicará o
desenvolvimento da criança. Uma educação sem limites e disciplina, forma apenas uma
criança sem caráter, egoísta e mal-educada. Ela precisa entender que não existe apenas
ela no mundo, mas sim, outras pessoas que como ela tem gostos, sentimentos e
necessidades assim como outrem.
A autora explica ainda que a hora de começar a colocar limites é desde bebê,
“desde bebê, a criança já está sendo trabalhada com relação aos limites e regras no seu
meio social. Uma organização da rotina da criança a educa sobre os momentos em que
ela pode ou não fazer uma coisa ou outra”. (PANTONI apud ROSSETTI-FERREIRA
171, p.169).
Sendo assim, basta cumprir horários de higiene, alimentação e repouso que
logo o bebê acostuma com esta rotina e não fica fazendo birra e chorando a todo o
momento para os pais atenderem seus desejos. Esta é a válvula de escape das crianças:
com o choro e a birra elas acham que conseguem tudo o que querem, apesar de muitas
vezes conseguirem mesmo.
A autora nos diz ainda que, “a birra e o choro normalmente são causados por
uma frustração naquele momento. Quanto mais birra a criança faz, mais nervosa ela fica
(pag. 173)”. Sem falar que ela acostuma a ter este comportamento porque sempre que
ela o faz, seus desejos são atendidos.
Os pais precisam tomar muito cuidado com estes comportamentos, pois quanto
mais a criança o faz, mais difícil é para parar. O ideal, segundo a autora, é ignorar estes
ataques e deixar a criança se acalmar. Em outras, é preciso confortá-la, dando um
abraço, secando suas lágrimas e o mais importante: dizendo que aquele comportamento
não vai mudar sua decisão.
Se acontecer estes comportamentos na creche, a autora nos explica o seguinte:

Na creche, em especial, o educador deve ser sensível e atento às diferenças.


Cada família tem seus valores e costumes. Cada uma tem sua forma de
educar os filhos e de julgar a forma do educador da creche. É preciso que pais
e educadores troquem informações para não haver mal-entendidos. Afinal, a
família e a creche não querem que as crianças precisem fazer birra. Para isso,
as crianças devem ter as regras bem marcadas e espaço para se expressarem.
E os pais e educadores precisam trabalhar em conjunto. (PANTONI apud
ROSSETTI-FERREIRA 2000, p.173).

Deste modo, é de suma importância que haja uma cumplicidade entre a família
e as educadoras por meio de trocas de informações para não haver mal-entendidos.
Desta maneira, a criança terá um bom comportamento com limite e disciplina tanto em
casa como na escola.
A cerca da disciplina, a autora nos diz que na creche, por exemplo, as
educadoras precisam pensar bastante nas atividades propostas e na rotina, pois se não
souberem elaborá-las, só incentivará a falta de disciplina na criança, pois:

Desde cedo, o educador deve começar a introduzir algumas regras. Para isso,
montar atividades diárias como conversas de roda pode ser muito
interessante. Na roda é possível estabelecer, junto com as crianças, regras
necessárias em jogos e brincadeiras, bem como sobre a vez de cada um falar,
os momentos de sentar ou de levantar, etc. as regras podem ser registradas
conjuntamente com as crianças em quadros de avisos a serem dependurados
em locais de fácil acesso, lembrando sempre o combinado. (FRAZATTO
apud ROSSETTI-FERREIRA 2000, p.175).

Diante do exposto, podemos perceber o quanto é importante estabelecer regras


nas crianças desde muito cedo, assim, elas serão capazes de conviver em harmonia com
todos a sua volta, sabendo que ela é um ser humano que têm direitos e deveres na
sociedade como todos os outros, e para isso, precisa respeitar os limites de cada pessoa.
Outra fase que a criança desta faixa etária passa é a das mordidas, mas de
acordo com a autora, é normal pois o primeiro contato que a criança tem com o mundo é
pela boca e morder faz parte disso. Pela mordida a criança tem muitas possibilidades:

Quando surgem os dentes, começam as mordidas. Vindo da boca, não podia


ser diferente: a mordida também é uma maneira de conhecer o mundo. E é
também uma forma de comunicação com ele. Mordendo um objeto, a criança
pode perceber muitas coisas. A diferença entre duro e mole, por exemplo.
Também pode perceber a novidade que é o susto, o choro ou o espanto da
criança mordida. Descobrir que a outra reage à mordida é uma grande
aventura! Morder pode ser fascinante. Tão fascinante que a criança pode
querer repetir. (MELLO e VITORIA apud ROSSETTI-FERREIRA 2000,
p.166)

Para a criança, a mordida tem como função a defesa e o descobrimento.


Sempre que ela quer algo que está com outra pessoa ou criança, ela entende que
conseguirá através da mordida. Quando ela percebe que a criança mordida reage através
do choro, susto ou espanto, ela acha fascinante e sempre terá a mordida como válvula de
escape.
Para a autora, tem algumas atitudes que o educador precisa tomar para que
diminuam as mordidas, pois não há receita para acabar com elas:
Para acabar com as mordidas é preciso que o educador e a equipe da creche
pensem sobre todos os aspectos envolvidos no dia-a-dia daquele grupo de
crianças. É preciso tentar descobrir quais são os fatores que estão fazendo
isso acontecer. É preciso pensar sobre a rotina, o espaço, a quantidade e a
variedade de brinquedos. Enfim, é preciso estar atento aos detalhes. Muitas
vezes são os detalhes os fatores desencadeadores das mordidas. (MELLO e
VITORIA apud ROSSETTI-FERREIRA 2000, p.167)

Por isso, é preciso que o educador esteja muito atento aos fatores que poderiam
ter levado a criança a morder. É bom ter sempre muita variedade de brinquedos na sala
para que não haja disputa por algum, nunca dar mais atenção a uma criança do que para
outra para não haver ciúmes entre tantos outros fatores.
Assim como toda criança, a que está no berçário II precisa de muito carinho,
respeito, atenção, cuidados e muito amor principalmente nas fases citadas, das
mordidas, do choro e das birras assim como quando há a falta de limites e disciplina.
Estas são apenas fazes e é absolutamente normal todas as crianças passarem por elas.
Conforme elas vão crescendo e desenvolvendo a fala e a psicomotricidade, estas
atitudes vão desaparecendo.
4 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de campo realizada em uma Instituição Municipal


CMEI na cidade de Jataí – GO. De acordo com GIL (2002):

O estudo de campo tem profundidade procurando muito mais o


aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das
características da população segundo determinadas variáveis. Como
consequência, o planejamento do estudo de campo apresenta muito maior
flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados
ao longo da pesquisa. (GIL, 2002, p. 53)

Como podemos perceber, o estudo de campo apresenta maior flexibilidade,


pois, mesmo mudando os objetivos da pesquisa, o estudo acontecerá normalmente sem
afetar o andamento do projeto. Ainda, segundo GIL (2002):

Exige do pesquisador que permaneça o maior tempo possível na comunidade,


pois somente com essa imersão na realidade é que se podem entender as
regras, os costumes e as convenções que regem o grupo estudado” (Gil, 2002,
p. 53).

No estudo de campo, o pesquisador realiza a maior parte do trabalho


pessoalmente, é enfatizada a importância de o pesquisador ter tido ele mesmo uma
experiência direta com a situação de estudo. Foi isso que realmente aconteceu, pois
trabalhando na instituição pesquisada, pude realmente compreender os motivos das
mães deixarem os filhos ali.

Coleta de dados

Os dados foram coletados por meio de um questionário com perguntas abertas


em que os sujeitos da pesquisa tinham a liberdade de expressar seu pensamento e
sentimento em relação ao local em que deixam seus filhos o dia todo.
Podemos perceber que estas mães não têm outra escolha a não ser deixar os
filhos na creche. Todas precisam trabalhar, pois todas têm família para sustentar. Isso
mostra que na contemporaneidade as mães estão, cada vez mais, entrando no mercado
de trabalho em busca de sua independência financeira.

4.1 DISCUSSÃO DOS DADOS – FALA DAS MÃES


Esta parte do trabalho irá discutir sobre o questionário aplicado em uma
determinada creche municipal da cidade para as mães do berçário II. Nesta sala havia
vinte e quatro crianças, ou seja, entreguei o questionário para vinte e quatro mães e
apenas dez me devolveram.
As perguntas do questionário foram as seguintes:
1. Por que seu filho está na creche?
2. O que significa a creche para você?
3. Como você se sente ao deixar seu filho na instituição?
4. Ao deixá-lo, como ele fica?
5. Ao buscá-lo, como o encontra?
6. Você acha que seu filho tem aprendido algo na creche?

De acordo com a primeira pergunta, as respostas foram as seguintes:


 Mãe 1:
Meu filho está na creche, porque eu preciso trabalhar e fazer o curso superior
no matutino.
 Mãe 2:
Porque a creche hoje em dia é um lugar onde além de cuidar, ensina e educa
minha filha. Preciso trabalhar o dia inteiro e não tenho com quem deixá-la.
 Mãe 3:
Meu filho está na creche porque eu e meu marido trabalhamos e consideramos
o melhor local para passar a maior parte do dia.
 Mãe 4:
Porque trabalho o dia todo e não ganho o suficiente para pagar uma babá.
Também, porque a creche é um meio de desenvolvimento para ele por se relacionar
com diversas crianças ele já tem evoluído bastante.
 Mãe 5:
Porque nós responsáveis, precisamos trabalhar o dia todo e não temos com
quem deixá-lo.
 Mãe 6:
Está na creche porque eu preciso trabalhar para nos sustentar e a creche é
mais segura do que deixar em minha casa com uma babá.
 Mãe 7:
Porque preciso, pois sou sozinha com ela e tenho que trabalhar para manter
ela e as dívidas do mês, pagar o aluguel e também para que ela aprenda.
 Mãe 8:
Para ser amparada enquanto estamos trabalhando e ao mesmo tempo ser
desenvolvida nos aspectos cognitivo, afetivo e motor. Ser acompanhada e orientada,
conviver socialmente com outras crianças, aprender ciências naturais, sociais, dividir e
brincar.
 Mãe 9:
Para que nós pais, tenhamos condições para trabalhar.
 Mãe 10:
Em primeiro lugar, para eu poder trabalhar, em segundo para ela aprender a
socializar com outras pessoas e os colegas e a começar a ter um aprendizado
pedagógico.
De acordo com a segunda pergunta, as respostas foram as seguintes:
 Mãe 1:
A creche significa o segundo lar para meu filho que já está inserido na
sociedade desde os seis meses.
 Mãe 2:
Uma escola onde as crianças brincam, comem, dormem, estudam, aprendem a
ter disciplina, a cumprir horários; uma segunda casa cheia de alegria e inocência.
 Mãe 3:
Espaço de aprendizagem e convivência com outras crianças, momento
educativo, recreativo e prazeroso, percepção de horários e lições diárias.
 Mãe 4:
Um lugar seguro em que deixo meus filhos, pois sei que aqui existem pessoas
qualificadas e de confiança que cuida muito bem deles.
 Mãe 5:
Significa aprendizado, estudo e muita responsabilidade.
 Mãe 6:
A creche para mim é o segundo lar.
 Mãe 7:
Pra mim é como se fosse a segunda casa dela porque ela sai daqui sem dar
trabalho e alegre.
 Mãe 8:
Uma instituição governamental com a finalidade do desenvolvimento integral
da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e sociológico.
 Mãe 9:
Um lar para meu filho, pois é neste ambiente que ele passa a maior parte do
seu tempo de segunda a sexta-feira.
 Mãe 10:
Um lugar seguro com profissionais competentes a quem confio à segurança da
minha filha e aprendizado.
De acordo com a terceira pergunta, as respostas foram as seguintes:
 Mãe 1:
Às vezes sinto muita vontade de não levá-lo, tenho vontade de cuidar dele em
casa, mas a necessidade fala mais alto, tenho dó dele ficar sem mãe o dia todo.
 Mãe 2:
Com o coração apertado por ter que ficar longe dela; mas fico segura e
confiante porque sei que ela será bem cuidada, que receberá amor, carinho, atenção e
a melhor educação.
 Mãe 3:
Me sinto tranquila, pois o local é bom e apropriado para receber meu filho. A
instituição se demonstra responsável e ativa, não havendo nada no momento do que
queixar-me.
 Mãe 4:
Bem. Pois as professoras recebem as crianças com muito bom humor, ele fica
feliz e nunca se queixa da creche. Se ele não fosse bem cuidado aqui certamente não
iria querer voltar e ele sempre vem feliz da vida.
 Mãe 5:
Me sinto feliz de saber que posso contar com as monitoras para melhor
cuidado e segurança dos alunos.
 Mãe 6:
Me sinto protegida, pois confio na instituição.
 Mãe 7:
Me sinto segura e tranquila porque sei que ela é bem cuidada.
 Mãe 8:
Sinto-me segura e acolhida, pois confio no ambiente escolar e nos educadores
ali presentes e creio ser um local onde minha filha esteja estabelecendo vínculos com as
crianças e adultos presentes além de ampliar suas relações sociais e afetivas.
 Mãe 9:
Segurança. Sei que a instituição possui profissionais qualificados para
desempenhar a função atribuída.
 Mãe 10:
Segurança, amor, carinho e competência.
De acordo com a quarta pergunta, as respostas foram as seguintes:
 Mãe 1:
Às vezes ele chora pra não ficar na creche, mas ele também não chora e gosta
de estar lá. Penso que os dias que ele está com sono é o dia que ele chora pra não ficar.
 Mãe 2:
No inicio é um pouco difícil, mas agora ela fica feliz da vida, puxando a sua
mochilinha e dando tchau pra mim com o rosto cheio de sorriso e alegria.
 Mãe 3:
Hoje como já está mais acostumado fica bem, sem chorar e, e logo as
professoras lhe dão atenção, o que faz ele se distrair para minha retirada.
 Mãe 4:
Ele fica muito bem, as professoras sempre recebem as crianças com muita
alegria e animação e esse bom humor contagia eles.
 Mãe 5:
Às vezes chora por estar cansado, com sono, mas sempre nem dá moral se a
gente foi embora ou não.
 Mãe 6:
Ás vezes dormindo ou chorando e brincando muitas vezes.
 Mãe 7:
Feliz quando vê os coleguinhas da salinha.
 Mãe 8:
Às vezes resiste devido ao vínculo materno, porém, quando estimulada a ir
com determinada professora, reage com calma e aprovação.
 Mãe 9:
Na maioria dos dias bem, é raro o dia que ele fica chorando.
 Mãe 10:
Tranquila.
De acordo com a quinta pergunta, as respostas foram as seguintes:
 Mãe 1:
Ao buscá-lo ele está brincando e está acompanhado pela professora. Ele fica
feliz ao me ver para buscá-lo.
 Mãe 2:
Sempre alegre, cantando, assistindo a um filme ou brincando com os
coleguinhas.
 Mãe 3:
Ainda o encontro chorando algumas vezes querendo colo. Às vezes limpo e
bem cheirosinho, outras vezes sujo porque não deu tempo do banho.
 Mãe 4:
Sempre feliz, limpo e de muito bom humor.
 Mãe 5:
Quase sempre limpinho, tomado banho, mas sempre jantado só me esperando.
 Mãe 6:
Feliz e algumas vezes já pediu pra ficar.
 Mãe 7:
Alegre e bem cuidada.
 Mãe 8:
Entrosada e interagindo com os colegas, brincando faceira inserida no
ambiente.
 Mãe 9:
Alegre.
 Mãe 10:
Feliz, brincando.
De acordo com a sexta pergunta, as respostas foram as seguintes:
 Mãe 1:
Penso que ele é mais evoluído intelectual e moralmente do que as crianças que
não vão à creche. Sabe falar baixo ao público e se comportar. Já tem interesse em
escrever e finge que está lendo livro às vezes e conta os números até cinco.
 Mãe 2:
Sim. Todos os dias ela aprende um pouco. Músicas, figuras, cores, objetos,
danças, animais, a dividir, compartilhar, ter horários, etc.
 Mãe 3:
Sim, principalmente quanto às refeições, pois ele sabe sentar e se comportar a
mesa, já canta, fala muito e brinca. E outro ponto positivo foi os horários para dormir,
pois já sabe os rituais do sono, e hoje já consigo colocá-lo mais cedo na cama.
 Mãe 4:
Sim, ele se desenvolveu bastante, é o primeiro ano que ele fica na creche e já
aprendeu muita coisa. Canta as músicas que as professoras ensinam e muitas outras
coisas. Particularmente eu só tenho a agradecer o carinho e respeito que elas têm com
meus filhos.
 Mãe 5:
Sim, ele já aprendeu a andar, a falar e hoje já sabe contar e é bem
desenvolvido com todas as coisas.
 Mãe 6:
Sim, várias coisas.
 Mãe 7:
Sim, aprendeu a falar e a contar.
 Mãe 8:
Sim, apesar de estar com dois anos e cinco meses ela demonstra bem as
habilidades desenvolvidas na creche, como cantar, comer com colher, reconhece partes
do corpo, vira páginas de uma a uma, pede para ir ao banheiro, reconhece quando faz
algo de errado.
 Mãe 9:
Sim, neste mês estão encerrando o ano letivo e sinto extremamente grata aos
profissionais, pois com certeza acrescentaram muito para o desenvolvimento do meu
filho. Quando ele entrou na creche, falava poucas palavras, hoje já forma algumas
frases, com certeza se estivesse em casa o desempenho não seria o mesmo.
 Mãe 10:
Ela tem aprendido muito, se desenvolveu super bem, o maior progresso dela
foi socializar com os coleguinhas.
De acordo com a primeira pergunta, as respostas não foram muito diferentes.
Estavam sempre relacionadas à segurança que a instituição passava para estas mães e
por isso elas deixavam os filhos lá. Além de segurança, as mães disseram que deixavam
os filhos na creche porque precisavam trabalhar para manter o sustento da família.
Algumas são provedoras do lar, outras ajudavam no sustento da família.
Além de que a maioria das mães não tinha outro lugar para deixar os filhos e
por isso era mais seguro ficar na creche do que em casa com uma babá. Para algumas, a
creche não é simplesmente um local para deixar o filho para dormir, comer e brincar,
mas sim, um local de aprendizado e desenvolvimento que, certamente uma babá não
ofereceria para uma criança.
De acordo com a segunda pergunta, as respostas foram unanimes em relação à
segurança das crianças e pelo fato de a instituição ser a segunda casa das mesmas. Pois
lá elas aprendem diversas coisas como pensar no coletivo, cumprirem regras e horários,
enfim, interagindo com outras crianças e professoras além de estar sendo moldadas para
conviver na sociedade.
A terceira pergunta obteve respostas iguais em relação à segurança novamente.
As mães confiam plenamente na instituição e nas profissionais ali presentes para dar o
melhor para aquelas crianças. Proteção, amor, afeto e respeito são as palavras que mais
se pode ver nas respostas destas mães de acordo com a postura das educadoras.
A quarta pergunta também não teve respostas muito diferentes, algumas mães
disseram que quando deixam os filhos na instituição eles ficam chorando. Porém, por
causa do sono, pois as crianças precisam estar na creche às sete da manhã, então a
maioria chega dormindo. Quando alguma chega chorando, as educadoras logo desviam
a atenção delas para que os pais possam ir embora e logo as crianças já estão brincando
e sorrindo para os colegas.
A quinta pergunta obteve respostas unânimes em relação à felicidade com a
qual as crianças estavam na hora da saída. Algumas crianças nem queriam ir embora,
outras não viam a hora dos pais chegarem, mas sempre animadas e ansiosas. Algumas
iam embora limpas, outras sujas pelo fato de não dar tempo de dar banho em todas, mas
sempre jantadas.
A última questão também teve respostas bem parecidas, as mães disseram que
as crianças estão aprendendo diversas coisas como cantar, falar, pedir para ir ao
banheiro, contar (algumas crianças já contam até cinco), já tem horários para comer,
dormir e tomar banho quando estão em casa, a pensar no coletivo e já tem a noção de
quando fazem algo de errado.
As mães, por fim, agradeceram as educadoras pelo carinho e atenção que
deram às crianças e realçaram a importância de aquelas crianças terem passado aquele
ano na creche, pois elas evoluíram bastante em todos os sentidos, afetivo, motor,
intelectual, etc, pois se elas estivessem em casa não teriam tido toda esta evolução.
Por meio deste questionário, pude perceber o quanto estas mães são gratas pelo
carinho e afeto que as educadoras deram para aquelas crianças durante o ano. Percebi
que há um vinculo afetivo muito grande entre as educadoras, crianças e a família das
crianças. O diálogo esta presente em todos os momentos em sala e com isso o
desenvolvimento da turma obteve êxito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio deste trabalho, pude perceber o quanto é importante o papel da creche
da vida das crianças. A instituição não é um lugar apenas para que a criança passe o dia
enquanto a família está trabalhando, não é apenas uma segunda opção. A creche é uma
segunda casa onde as crianças aprender a ter disciplina, cumprir regras e horários, a
dividir com o outro colega, a socializar com outras crianças e adultos, enfim, são tantas
as vantagens que se fosse para ficar em casa, às vezes elas não teriam toda esta
evolução.
Por outro lado, é triste deixar o filho em uma escola e saber que ele passa mais
tempo com os outros, do que com sua própria família. Acaba que você perde os
primeiros passos do filho, a primeira palavra que ele fala, a primeira vez que ele usou o
penico, enfim, a maioria das evoluções da criança, quem vê é as educadoras e não os
pais.
Será que vale a pena? Não seria melhor fazer um esforço e deixar a criança
com algum parente ou trabalhar meio período para ficar mais tempo com o filho? Por
outro lado, não tem como negar a diferença do desenvolvimento de um bebê que só fica
em casa com a família e de outro que fica o primeiro ano de vida na creche.
Eu já tive a oportunidade de ver uma menina de nove meses chegar à
instituição e não ter a coordenação motora do pescoço para sentar porque só ficava no
colo. Neste sentido, o papel da creche é de suma importância para o desenvolvimento
dos bebês, mas para isto, a família paga um preço muito alto, que é deixar o filho a
maior parte do dia na instituição.
Então, o que fazer? Com quem deixar a criança? Na creche ou em casa? Em
qualquer das opções, o desenvolvimento da criança será melhor ou pior? Penso que
ninguém terá esta resposta, às vezes a criança que fica em casa tem um ótimo
desenvolvimento e outra, começa a andar, por exemplo, depois de um ano e meio.
Creio que vai da necessidade de cada família deixar o filho ou não na creche,
apesar de que há muitas crianças em creche que as mães não trabalham e colocam os
filhos na instituição tirando a vaga de outra criança que não tem outra opção além de
ficar lá.
Todas as crianças tem o direito à educação como vimos na constituição federal,
art. 208: o dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: “iv -
educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
(redação dada pela emenda constitucional nº 53, de 2006).
Quem pode dizer que a criança precisa ou não de estar na creche? Como
vimos, é um direito de toda criança até cinco anos estar na creche ou pré-escola. Apenas
a família sabe da necessidade de colocar o filho na creche. Penso que precisaria
melhorar o salário dos professores, haver mais respeito e menos preconceito com estes
profissionais.
O certo é que para essas mães a creche cumpre um papel importantíssimo, que
é dar segurança, afeto e proporcionar o desenvolvimento das crianças de maneira feliz.
As respostas das mães evidenciam isso, sem a menor dúvida. A creche pesquisada dá o
que a mães precisam.
Melhorar as condições de trabalho dos professores, haver apenas a quantidade
de crianças que a sala comporta para que haja um melhor desenvolvimento e interação
destas. Além disso, haver comunicação, respeito e colaboração entre a família e as
educadoras para que desta forma, facilite a adaptação da criança na creche.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por amor e por força- Rotinas na Educação
Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação? São Paulo: Brasiliense, 2007. - -
(Coleção Primeiros Passos; 20)
BRASIL. Ministério Da Educação E Do Desporto. Secretaria De Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério
da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Vol. 1 – Brasília:
MEC/SEF, 1998. 3v.:il.
BRASIL. Ministério Da Educação E Do Desporto. Secretaria De Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério
da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Vol. 2 – Brasília:
MEC/SEF, 1998. 3v.:il.
BRASIL. Ministério Da Educação E Do Desporto. Secretaria De Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério
da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Vol. 3 – Brasília:
MEC/SEF, 1998. 3v.:il.
Como é a criança de um a dois anos. Disponível em
WWW.unicef.org/brazil/pt/UNICEF_a4_pg01a11.pdf acessado em 10/12/2012.
Constituição Federal Da República Federativa Do Brasil. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/superior/legisla_superior_const.p
df acessado em 10/11/2012.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas,
2002.
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos seis anos.
Trad. Por Ana Guardiola Brizolara. Porto Alegre, Artes Médicas, 1982.
MARTINS FILHO, José. A criança terceirizada: Os descaminhos das relações
familiares no mundo contemporâneo. Campinas, SP: Papirus, 2007.
Melhoramentos minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia
Melhoramentos, 1997.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes et al. Creches: Crianças, faz de conta & cia. 5 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
Política Nacional da Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos
à Educação. Brasília: MEC/SEI. 2005. Disponível em HTTP:// www.mec.gov.br
ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde “org”. Os fazeres na educação Infantil – 2º
ed. rev. ampl. - São Paulo: Editora Cortez, 2000.
SANCHES, Emília Cipriano. Creche: realidade e ambiguidades. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2003.
TEIXEIRA, Kelly Cristina. Infância e Atualidade: A Concepção de Infância na
Prática Educativa, 2009. Disponível em:
http://www.pedagogia.com.br/artigos/infanciaatualidade/index.php?pagina=0 acessado
em 20/10/2012.
Anexo 01
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ

QUESTIONÁRIO PARA MÃES E/OU RESPONSÁVEIS DAS CRIANÇAS QUE


FREQUENTAM O BERÇÁRIO II

1. Por que seu filho está na creche?


________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
2. O que significa a creche para você?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
3. Como você se sente ao deixar seu filho na instituição?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
4. Ao deixá-lo, como ele fica?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
5. Ao buscá-lo, como o encontra?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
6. Você acha que seu filho tem aprendido algo na creche?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

OBRIGADA PELA PARTICIPAÇÃO!

Você também pode gostar