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Diversidade Animal

Material Teórico
Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Priscila Granado

Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Equinodermos, Hemicordados e Cordados

• Filo Echinodermata

• Filo Hemichordata

• Filo Chordata

Nessa unidade veremos os organismos classificados como


deuterostômios, ou seja, neles o blastóporo origina o ânus.
Recomendo que vocês tenham bem fundamentado os conceitos
vistos até agora para que seja possível estabelecer relações
entre os invertebrados (vistos nas unidades anteriores) e os
organismos que veremos aqui. É importante notar o aumento
de complexidade, desenvolvimento morfológico e fisiológico e
a conquista de novos ambientes.

Como dito antes, é fundamental o estabelecimento das relações entre os organismos vistos
nas unidades anteriores e os que estão sendo vistos agora.

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Contextualização

Para esta última unidade da disciplina, assim como para as outras, é necessário que se
estabeleçam relações entre os organismos vistos nas unidades anteriores e os estudados na
presente unidade. Dessa forma, é possível ter uma visão mais ampla do processo evolutivo
nos organismos aqui estudados, como ocorreram as modificações morfológicas e fisiológicas
e como se deu a conquista de novos ambientes. O enfoque nessa unidade são os organismos
protostômios, ou seja, neles o blastóporo origina o ânus. Nesse grupo encontramos os
equinodermos, hemicordados e os cordados.

O Anfioxo e o Pré-vertebrado primitivo


Um pequeno animal marinho livre-natante, que passa a maior parte de sua vida semi-
enterrado no substrato da região entremarés de todos os oceanos da Terra, é considerado um
exemplo clássico no estudo da zoologia – o anfioxo. O seu corpo é transparente, compresso
lateralmente, alongado como o de um peixe e sem cabeça diferenciada. Embora sem
valor comercial e pouco conhecido das populações humanas, em algumas localidades do
hemisfério norte os anfioxos são tão abundantes que servem de alimento aos seres humanos,
a despeito de seu pequeno tamanho – cerca de cinco centímetros (...). O anfioxo exibe de
forma surpreendente as quatro características diagnósticas do filo Chordata: (1) a notocorda,
um elemento de suporte esquelético longitudinal e dorsal; (2) o tubo nervoso dorsal, oco, de
origem ectodérmica e localizado sobre e ao longo da notocorda; (3) as fendas faríngeas para a
alimentação por filtração; e (4) a cauda muscular pós-anal, para a propulsão (...). Por alguma
razão, o anfioxo não possui uma das mais importantes características dos vertebrados – a
cabeça diferenciada com órgãos sensoriais especiais, além dos requisitos básicos para uma
vida predatória ativa. A ausência de cabeça, junto com várias características especializadas,
sugere hoje aos zoólogos que o anfioxo representa uma saída precoce da principal linhagem
de descendência dos vertebrados. (...) (Roberts e Larson, 2004, p. 463)
Trecho retirado de: JR, C.P.H.; ROBERTS, L.S.; LARSON, A. Princípios integrados de Zoologia. 11ªedição. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2004, p.463.

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Filo Echinodermata

Devido às características únicas encontradas nesse filo, vamos dedicar um pouco dessa
unidade para compreendermos melhor esses animais.
Os equinodermes são animais exclusivamente marinhos e os organismos mais bem conhecidos
pertencentes a esse grupo são as estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, pepinos-do-mar, ofiuroides
e crinoides. Dentre as características apresentadas por esses animais, as mais importantes são a
presença de um endoesqueleto formado por placas e espinhos, sistema hidrovascular (sistema
de canais derivado do celoma), pedicelárias (estruturas que ficam entre os espinhos e pés que
possuem formato de pinça e servem para remover detritos e outros animais que se aderem ao
equinoderme), brânquias dérmicas, simetria radial ou bilateral.
Esses organismos são deuterostômios, ou seja, neles o blastóporo origina o ânus, diferentemente
dos animais vistos até aqui em que o blastóporo originava a boca. Dentro do grupo dos animais
deuterostômios, também encontramos o filo Hemichordata e Chordata. Abaixo são apresentadas
algumas das características mais importantes desses animais tão peculiares:
1. Equinodermes não apresentam segmentação corporal, ou seja, o corpo não é metamérico;
2. Não apresentam cabeça ou cérebro, apenas poucos órgãos sensoriais como
receptores táteis e químicos e fotorreceptores. O sistema nervoso é composto por
um anel circum-oral e nervos radiais;
3. Possuem o endoesqueleto constituído de ossículos calcários ou espículas.
4. Apresentam sistema hidrovascular, sistema de canais que funcionam sob pressão;
5. Locomoção através dos pés ambulacrais,
6. Respiração é feita através das brânquias dérmicas;
7. Não possuem órgãos excretores;
8. Apresentam larva bilateralmente simétrica, mas depois tornam-se radicalmente simétricos.
9. Grande capacidade de regenerar partes perdidas.

O filo Echinodermata é dividido em cinco classes:


»» Classe Asteroidea: São as estrelas-do-mar

Fonte: Rpillon/ Wikimedia Commons

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

»» Classe Ophiuroidea: São os ofiuroides, serpentes-do-mar

Fonte: Mark Blaxter/ Wikimedia Commons

»» Classe Echinoidea: São os ouriços-do-mar e bolachas-do-mar

Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Sharon Mooney/ Wikimedia Commons

»» Classe Crinoidea: São os Lírios-do-mar

Fonte: NOAA Photo Library/ Wikimedia Commons

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»» Classe Holothuroidea: São os pepinos-do-mar

Fonte: Maxim Gavrilyuk/ Wikimedia Commons

Além dos equinodermes que acabamos de ver, outros dois filos também são deuterostômios,
ou seja, o blastóporo origina ânus. São os filos Hemichordata e Chordata.

Filo Hemichordata

O nome Hemichordata significa parcialmente chordata (cordado).


Acreditava-se algumas décadas atrás que hemicordados eram, na
verdade, pertencentes ao filo dos cordados, pois possuíam o que
acreditavam ser o cordão nervoso dorsal, fendas na faringe e uma
evaginação da região oral que interpretaram como sendo a notocorda.
Mais tarde descobriram que o que acreditavam ser a notocorda não
era, então foram separados em um filo a parte.

Hemicordados são organismos marinhos vivendo em águas rasas,


sendo que a maioria é sedentária ou séssil. Algumas espécies são
coloniais e vivem em tubos secretados pelos próprios organismos.
Apresentam como característica distintiva dos organismos vistos até
aqui o sistema respiratório formado por fendas faríngeas, que liga a
Fonte: Hunadam/ Wikimedia
Commons
faringe ao meio externo.

Filo Chordata
Os organismos mais populares pertencem a esse filo apresentam como característica comum
a presença da notocorda no início do desenvolvimento ou por toda a vida do animal. A
notocorda é uma estrutura composta de células formando um bastão semirrígido e envolvido
por uma bainha fibrosa podendo se estender ao longo de todo o comprimento do corpo entre
o sistema nervoso e o tubo digestivo.
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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Bainha elástica

Notocorda

Bainha fibrosa

Fonte: Biodidac

O filo Chordata é caracterizado por apresentar:


»» Simetria bilateral;
»» Corpo segmentado;
»» Três camadas germinativas (endoderme, mesoderme e ectoderme);
»» Notocorda presente ou no começo do desenvolvimento embrionário ou durante toda
a vida do animal;
»» Tubo nervoso dorsal único;
»» Bolsas faríngeas presente em algum estágio do desenvolvimento;
»» Músculos segmentares;
»» Coração ventral, sistema circulatório fechado;
»» Sistema digestivo completo;
»» Endoesqueleto constituído de cartilagem ou osso.

Subfilo Urochordata
Urochordata significa notocorda na cauda e são mais conhecidos como tunicados. Essa
última denominação se dá pelo fato de que apresentam uma túnica composta de material inerte
contendo celulose que envolve todo o animal. Quando esses animais sofrem metamorfose,
perdem a notocorda (encontrada somente na cauda da larva) e o tubo nervoso se reduz a um
gânglio simples.
De maneira geral, o corpo desses animais é formado pela túnica, externamente, logo em
seguida vem o manto, uma membrana interna à túnica. Possuem o sifão inalante ou sifão oral
que corresponde à região anterior do animal e sifão exalante, correspondendo à porção dorsal
do organismo. Dentre os Urochordatas, os mais conhecidos são as Ascidias e Salpas.
Fotografias de organismos Urochordata. Fotografia (A)é uma ascídia; fotografia (B) são as salpas.

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Fonte: Nick Hobgood/ Wikimedia Commons Fonte: Centro de Biologia Marinha da USP/ cifonauta.cebimar.usp.br

Subfilo Cephalochordata
Pertencem a esse subfilo os famosos anfioxos. Organismos pequenos, finos, achatados
lateralmente e transparentes.
O grande conhecimento desses animais vem do fato de que eles apresentam as quatro
características dos cordados, ou seja, possuem notocorda, tubo nervoso dorsal, bolsas faríngeas
e cauda pós-anal. Por possuir essas características, muitos cientistas consideram o anfioxo
um descendente de um ancestral que originou tanto os Cefalochordata quanto os Vertebrata,
constituindo-se assim, um grupo irmão de vertebrados.

Fonte: Hans Hillewaert/ Wikimedia Commons

Subfilo Vertebrata (Craniata)


Vertebrados compartilham as características vistas até agora e que são comuns entre todos
os cordados, porém apresentam novas estruturas não compartilhadas com os demais subfilos.

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

A evolução dos vertebrados foi direcionada por adaptações como:


»» Presença de um endoesqueleto vivo: O endoesqueleto apresenta vantagem sobre
o exoesqueleto dos invertebrados, pois pode crescer junto com o corpo. Além disso,
funciona como suporte para os músculos e esses oferecem proteção e amortecem
o esqueleto de impactos que poderiam causar danos. O endoesqueleto pode ser
cartilaginoso ou ósseo.
»» Faringe e respiração eficiente: Para os cordados primitivos a faringe exerce
importante função porque auxilia na filtração das partículas. Para os vertebrados que
passaram do modo alimentar de filtração para a predação, a faringe modificou-se em
um aparato muscular que participa da alimentação.
»» Cabeça e sistema nervoso desenvolvido: Com a mudança do modo alimentar de
filtração para predação ativa, evoluíram órgãos sensoriais pares para percepção e captura
da presa. Esses órgãos são olhos, receptores de pressão, eletrorreceptores e receptores
químicos. O desenvolvimento da cabeça e órgãos sensoriais foi resultado do aparecimento,
no decorrer do processo evolutivo para esses animais, da crista neural e dos placódios
epidérmicos. A crista neural contribuiu para a formação do crânio, dos nervos cranianos,
esqueleto branquial e arcos aórticos. Os placódios epidérmicos originam nariz, olhos,
ouvidos, receptores de paladar e os mecanorreceptores da linha lateral.
»» Membros pares: As nadadeiras pares ou as pernas encontradas em vertebrados são
apêndices peitorais e pélvicos e tiveram sua origem para auxiliar na estabilidade da natação
para depois desenvolverem-se em pernas para locomoção em terra. A presença dos
membros articulados é importante principalmente para movimentos no substrato terrestre.

Verme de 500 milhões de anos pode ser antepassado mais antigo do homem

Ghedoghedo/ Wikimedia Commons

Com mais de 500 milhões de anos, o extinto Pikaia gracilens é o cordado mais primitivo já
encontrado, afirma estudo por Anderson Estevan.

A análise deste pequeno verme fossilizado pode revelar pistas sobre a


evolução humana
A análise de um verme que viveu há mais de 500 milhões de anos pode revelar mais um
degrau na descoberta de nossos ancestrais. Isto porque um novo estudo publicado no
periódico científico Biological Reviews propõe que o extinto Pikaia gracilens é o ancestral do
grupo dos cordados mais primitivo já encontrado.

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Conduzida por paleontólogos britânicos e canadenses, a pesquisa baseou-se em um fóssil
encontrado nas Montanhas Rochosas do Canadá, na jazida conhecida como Xisto de Burgess,
na província da Columbia Britânica.
Durante os estudos, os cientistas identificaram no verme uma notocorda (estrutura primitiva)
que se tornaria parte da coluna vertebral dos vertebrados, assim como tecidos musculares
chamados miômeros em 114 espécimes fósseis desta criatura.
Descoberto em 1911, o Pikaia gracilens era considerado um antepassado das minhocas, mas
após este estudo, seus hábitos e a sua importância para a evolução poderão ser revistos.
Texto retirado de: http://viajeaqui.abril.com.br/materias/noticias-verme-evolucao

Subfilo Vertebrata: Os peixes


Esses organismos se adaptaram muito bem ao ambiente que possuem hegemonia: a
água. Seja em um rio, lagos ou mares, os peixes conseguem modificar a composição dos
fluidos corpóreos, pois possuem órgãos para trocas de água e sais, ficar suspensos no líquido
variando a flutuabilidade neutra adicionando ou removendo ar de uma estrutura denominada
bexiga natatória e podem projetar-se para frente, fazer movimentos em ângulos utilizando
as nadadeiras. Também possuem uma importante estrutura denominada linha lateral que
auxilia na percepção do ambiente.

Superclasse Agnatha – Peixes sem maxilas


Os componentes dessa superclasse além de não
apresentarem maxilas, também não possuem ossos
internos, escamas e nadadeiras pares. Apresentam aberturas
branquiais em forma de poros e o corpo em formato de
enguia. A superclasse é dividida em duas classes:
»» Classe Myxini: as feiticeiras ou peixes-bruxa
- Apresentam corpo em formato de enguia, sem
escamas na pele, somente com glândulas de muco.
Não apresentam apêndices pares, o esqueleto é fibroso
e cartilaginoso. São animais exclusivamente marinhos
que se alimentam de anelídeos, moluscos, crustáceos e
Fonte: Arnstein Rønning/ Wikimedia Commons peixes mortos ou quase morrendo.

»» Classe Cephalaspidomorphi: As Lampreias – Apresentam corpo em formato de enguia


também, não possuem apêndices pares e o esqueleto pode ser fibroso ou cartilaginoso.
Algumas espécies de lampreias são parasitas e possuem boca em formato de ventosa e
dentes pequenos e afiados utilizados para perfurar a presa e assim a lampreia conseguir
sugar seus fluidos corpóreos. As espécies de lampreias não parasitas não se alimentam
depois que se tornam adultas. O canal alimentar desses animais degenera e depois de
algum tempo eles desovam e morrem.

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Fonte: Geomyces.destructans/ Wikimedia Commons

Classe Chondrichthyes: Os peixes cartilaginosos


Os organismos pertencentes a essa classe possuem órgãos dos sentidos extremamente
desenvolvidos, maxilas potentes, musculatura para natação e hábitos predatórios. E a principal
característica desse grupo é a presença de um esqueleto cartilaginoso. Pertencem a essa classe
os bastante conhecidos tubarões, raias e quimeras.

Subclasse Elasmobranchii: Tubarões e raias


Nesses animais já encontramos apêndices pares, no caso, as nadadeiras que em conjunto com
a musculatura auxiliam em uma locomoção bastante eficiente. Apresentam clásper, estrutura
utilizada na cópula. A pele é coriácea e coberta com escamas placóides dérmicas, com função
de redução da turbulência da água ao longo do corpo durante a natação. Além de órgãos do
sentido bastante eficientes, esses animais localizam as presas através de mecanorreceptores no
sistema de linha lateral. Os eletrorreceptores, chamados de ampolas de Lorenzini, encontram-se
na cabeça e também auxiliam na localização da presa.

Fonte: Rodtico21/ Wikimedia Commons Fonte: Till Krech/ Wikimedia Commons

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Subclasse Holocephali: As quimeras
Uma das características que diferencia esses animais dos elasmobrânquios é a presença de grandes
placas achatadas nas maxilas ao invés de dentes. Atualmente há poucas espécies sobreviventes.

Fonte: Clark Anderson/ Wikimedia Commons

Osteichthyes: Peixes ósseos


No período do médio Siluriano surgiram peixes com esqueleto interno constituído por
ossos, dessa linhagem originaram-se os peixes ósseos e tetrápodes atuais. Esses organismos
são unidos pela presença do osso endocondral (osso que substitui a cartilagem durante o
desenvolvimento), possuem pulmões ou bexiga natatória originados a partir do tubo digestivo,
além de apresentarem várias estruturas cranianas e dentárias. Dentre as várias adaptações
encontradas nesses animais e que contribuíram para o sucesso desse grupo, podemos citar
o opérculo. Essa estrutura encontra-se sobre as brânquias e é composto por placas ósseas e
mantido por uma série de músculos. Esse conjunto de fatores aumentou a eficiência respiratória
desses animais porque quando a água se movimenta cria um movimento de rotação para fora
do opérculo, o que cria uma pressão negativa e faz a água circular entre as brânquias.

Classe Actinopterygii: Peixes de nadadeiras raiadas


De maneira geral, as características encontradas nos peixes pertencentes a essa classe são: o
esqueleto desses animais é constituído por ossos de origem endocondral, as nadadeiras caudais
são heterocercas em formas ancestrais e homocercas nas formas mais derivadas, respiração feita
por brânquias e bexiga natatória auxiliando na flutuação. A principal linhagem desse grupo é a
dos peixes teleósteos, os peixes ósseos modernos.

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Fonte: Zaur Abbaszade/ Wikimedia Commons

Classe Sarcopterygii: Peixes de nadadeiras lobadas


Esse grupo é representado por apenas sete espécies, e os antigos componentes possuíam
pulmões e brânquias e a cauda era heterocerca. Durante a evolução desses animais, a coluna
vertebral mudou a orientação e a cauda transformou-se em simétrica e as nadadeiras medianas,
dorsais e ventrais foram para a parte posterior e formaram uma nadadeira contínua.

Fonte: OpenCage/ Wikimedia Commons

Subfilo Vertebrata: Classe Amphibia


Um dos pontos fundamentais que precisam ser considerados para essa classe é a sua conquista
do ambiente terrestre. Há muitas diferenças físicas entre o ambiente aquático e o terrestre que
precisam ser levadas em consideração quando consideramos esse processo evolutivo. Essas
mudanças incluem quantidade de oxigênio, densidade, regulação da temperatura e diversidade
de habitats. Vamos ver detalhadamente como esses fatores influenciam:
»» Oxigênio: Este elemento químico é mais abundante no ar do que na água, então
os animais terrestres conseguem obtê-lo mais facilmente já que também possuem
estruturas adequadas para utilizá-lo com os pulmões.
»» Densidade: O ar é menos denso e menos viscoso do que a água fornecendo pouca
sustentação contra a gravidade o que demandou, por parte dos organismos terrestres, o
desenvolvimento de membros e esqueleto fortes para que tivessem uma sustentação firme.
»» Temperatura: O ar varia de temperatura mais facilmente do que a água, dessa forma,
os ambientes terrestres mudam a temperatura com mais frequência. Assim, animais
terrestres desenvolveram estratégias fisiológicas comportamentais para não sofrer com
extremos térmicos, como a homeotermia em aves e mamíferos.

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»» Variedade de habitats: Pelo fato do ambiente terrestre oferecer ambientes
diversificados, como diferentes tipos de florestas, desertos e savanas e mais fácil
conseguir lugar para refúgio do que no ambiente aquático.

Tendo esses fatores em mente, vamos ver como começou a conquista do ambiente terrestre
Primeiramente, verifica-se nesses organismos a presença de um esqueleto mais forte e o
deslocamento dos órgãos dos sentidos da linha lateral para sentidos como olfato e audição que
se tornaram mais apurados. Muitas espécies de anfíbios ainda são dependentes da água em
pelo menos algum estágio da vida. Alguns sofrem metamorfose, assim, depositam seus ovos na
água e depois que eclodem passam a fase larval nela, quando juvenis é que vão para a terra.
A pele desses animais é fina, necessitando de umidade para que não resseque, além disso,
anfíbios são ectotérmicos, ou seja, a temperatura corpórea é determinada pela temperatura do
ambiente, sendo assim, a distribuição desses animais se dá em ambientes mais frescos e úmidos.

Vamos saber um pouco mais sobre esses organismos por meio das diferentes ordens que
compõem a classe.

Ordem Gymnophiona: As cecílias


Esses animais são alongados, não possuem membros e são de hábitos fossoriais. Os olhos
são diminutos sendo que algumas espécies nem os possui.

Fonte: Ariovaldo Giaretta/ Wikimedia Commons

Ordem Caudata: Salamandras


São anfíbios que possuem cauda, os membros encontram-se em ângulo reto em relação ao
corpo sendo que os membros anteriores e posteriores possuem tamanho aproximadamente
igual. Nessa ordem, encontramos as formas aquáticas e aquelas que sofrem metamorfose, tendo
a fase aquática e a terrestre.

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Fonte: Orizatriz/ Wikimedia Commons

Ordem Anura: Sapos e Rãs


Os integrantes desse grupo são bastante conhecidos e são encontrados em uma variedade de
habitats. Sapos e rãs não possuem cauda, apresentam reprodução através da água, dessa forma,
precisam estar sempre próximos de lugares com fonte de água e o fato de serem ectotérmicos
não permite que habitem regiões muito frias como as polares e subárticas.

Fonte: Patrick Coin/ Wikimedia Commons

Subfilo Vertebrata: Classe Reptilia


Como vimos na classe anterior, os anfíbios começaram a conquistar uma independência
do ambiente aquático, porém ainda necessitam dela para deposição dos ovos, já que esses
não possuem casca, ou mesmo para desenvolvimento das larvas para aqueles que não têm
desenvolvimento direto.

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Aqui, com os répteis, veremos que já há uma total independência da água, pois esses organismos
desenvolveram um ovo com casca em que, os processos de desenvolvimento do embrião que
dependiam de água anteriormente, acontecem nesse ovo envolto por membranas extraembrionárias
que oferecem todos os recursos necessários para o desenvolvimento desses organismos. Uma dessas
membranas é o âmnion, camada mais interna que envolve o ovo. Os organismos ancestrais que
adquiriram essa independência da água com o desenvolvimento do ovo são denominados amniotas,
e a divergência desse grupo originou os répteis, aves e mamíferos.

Aqui consideramos ainda Reptilia como classe para fins didáticos e facilitar nosso estudo,
porém a classe não é mais considerada um táxon válido, pois não se trata de um grupo
monofilético (inclui todos os descendentes do ancestral comum), e sim um grupo parafilético
(não inclui todos os descendentes de seu ancestral comum). Répteis são considerados amniotas
que não são aves.

Répteis têm como características:

»» Pele resistente, seca e coberta por escamas que os protegem da dessecação e agressões.

»» O ovo recoberto pela casca que contém alimento e proteção necessários para o
desenvolvimento desses organismos no ambiente terrestre.

»» As maxilas desses animais são fortes, resistentes e projetadas de maneira que consigam
capturar ou triturar suas presas.

»» Fazem fecundação interna, pois possuem órgão copulatório.

»» Eficiente sistema circulatório, com separação do sangue oxigenado do não-oxigenado.

»» Pulmões mais desenvolvidos do que de anfíbios, pois dependem muito deles para
trocas gasosas.

»» Desenvolveram estratégias de economia de água, com a presença de estruturas com


glândulas de sal que eliminam uma secreção hiperosmótica e excreção na forma de
ácido úrico.

»» Melhor sustentação do corpo e membros mais desenvolvidos para caminhar no


ambiente terrestre.

»» Sistema nervoso mais complexo que de anfíbios. Possuem o órgão de Jacobson que
é um órgão olfativo bastante desenvolvido em serpentes e lagartos e os odores são
transportados até esse órgão através da língua.

Os répteis são divididos em Anápsidos e Diápsidos:


»» Anápsidos: Animais que têm um crânio sem as aberturas temporais, logo depois da
região orbital. Representantes desse grupo são as tartarugas.

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Fonte: U.S. Fish and Wildlife Service Southeast Region/ Wikimedia Commons

»» Diápsidos: Esses animais possuem dois pares de aberturas temporais no crânio.


Representantes desse grupo são os lagartos, serpentes, anfisbenas, crocodilos e jacarés.

Fonte: Kamalnv/ Wikimedia Commons

Subfilo Vertebrata: Aves


Esses organismos apresentam como característica distintiva a presença de penas, um caráter
de identificação bastante seguro e único. Além dessa, também apresentam membros anteriores
transformados em asas, mesmo que algumas não as utilizem para voar, membros posteriores
adaptados para andar, nadar ou empoleirar e todas têm bico córneo e põe ovos.

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Vamos ver quais são as principais características dessa classe.
»» Corpo dividido em cabeça, pescoço, tronco e cauda. O pescoço geralmente é mais longo
para que haja melhor equilíbrio e armazenamento de alimento.
»» Membros anteriores modificados para voo e os posteriores são variáveis sendo adaptados
para empoleirar, andar ou nadar.
»» Corpo recoberto por penas e os pés com escamas, não possuem glândulas sudoríparas,
mas apresentam glândula uropigiana (glândula de óleo) na base da cauda.
»» Esqueleto compostos por ossos com cavidades aéreas, possuem bico, não possuem
dentes, cauda curta (geralmente), possuem um único osso no ouvido médio.
»» Sistema nervoso bem desenvolvido.
»» São endotérmicos.
»» Respiração através dos pulmões, apresentam sacos aéreos e a siringe, utilizada para o canto.
»» Não há bexiga urinária (o que diminui o peso para o voo), eliminam ácido úrico.

Quando analisamos atentamente as características das aves, verificamos que apresentam uma
série de adaptações que possibilitaram o sucesso desses organismos para o voo. Primeiramente,
apresentam os membros anteriores modificados em asas, o esqueleto é constituído por ossos
perfurados, que permitem leveza e resistência ao animal. Os sacos aéreos além de auxiliarem
na respiração das aves também ajudam a resfriá-las depois de terem realizado muitos exercícios
e na flutuabilidade do animal. O fato de não apresentarem bexiga urinária faz com que não
armazenem líquidos ficando mais leves para voar.

Fonte: Joao Carlos Medau/ Wikimedia Commons

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Subfilo Vertebrata: Classe Mammalia


Mamíferos apresentam como características determinantes:
»» Assim como as penas estão para as aves, os pelos estão para os mamíferos. A presença
de pelos em um organismo já o caracteriza como mamífero.
»» Mamíferos são homeotérmicos, o que permite atividades em diversos horários inclusive
atividades noturnas.
»» Possuem placenta, estrutura que permite aos filhotes obter nutrientes e ficarem
protegidos durante o período de desenvolvimento.
»» Apresentam dentes especializados em diferentes funções, o que permitiu diferentes
especializações alimentares.
»» Possuem órgãos dos sentidos e sistema nervoso bastante desenvolvido.
»» Apresentam glândulas sudoríparas, odoríferas, sebáceas e mamárias.
»» Possuem diafragma muscular, estrutura que auxilia nas trocas gasosas.
»» Sistema excretor com rins e ureteres que se abrem em uma bexiga.
»» Tendo visto as características gerais de mamíferos, vamos dedicar um pouco do nosso
estudo à evolução humana.

É de grande conhecimento que, a partir das publicações de Charles Darwin, verificou-se


que macacos e seres humanos possuem um ancestral comum. Na época em que essa ideia foi
lançada, ela foi duramente questionada. No entanto, hoje em dia, já temos evidências fósseis e
citológicas de que há grandes semelhanças entre macacos e nós.
Seres humanos pertencem ao grupo dos primatas, e como todo organismo assim denominado,
possuem dedos preênsis, unhas no lugar de garras e olhos voltados para frente. Os primeiros
organismos primatas eram bem pequenos e com hábitos noturnos. Esses se dividiram em
duas linhagens, a dos prossímios (lêmures, társios e Lóris) e outra originou os símios (macacos
pequenos e grandes).
Os prossímios possuem mãos e pés preênseis que permitem apreensão e manipulação de
alimentos, e manuseio de ferramentas. Também apresentam órgãos dos sentidos bastante
desenvolvidos, visão frontal e periférica de qualidade, além de coordenação muscular. Todos
esses aspectos permitiram o sucesso para a vida arborícola.
Os símios tornaram-se animais mais diurnos que noturnos, assim, a visão tornou-se o sentido
principal, permitindo até que percebessem cores. Esses animais, talvez impulsionados pela
grande quantidade de comida no solo, deixaram os hábitos arborícolas e tornaram-se terrícolas.
Os primeiros fósseis que são “quase humanos” datam de 4,4 milhões de anos atrás e o nome
desse primeiro registro encontrado é Australopithecus afarensis. Nosso gênero Homo surgiu
entre 3 e 4 milhões de anos atrás e o estabelecimento do Homo sapiens aconteceu somente
depois do desaparecimento do Homo erectus há aproximadamente 300.000 anos atrás.

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Os processos que direcionaram a evolução de nossa espécie foram os mesmos que
proporcionaram a evolução de todos os outros organismos. Mas, ao contrário dos outros
animais, temos cultura, linguagem e capacidade de pensar, características não genéticas que
também permitem nosso desenvolvimento.

Fonte: Kenny Ross/ Wikimedia Commons Fonte: James Phelps/ Wikimedia Commons Fonte: Marcel Burkhard/ Wikimedia Commons

Fonte: Malene Thyssen/ Wikimedia Commons Fonte: Anton Nossik/ Wikimedia Commons

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Material Complementar

Para ampliar os conceitos aprendidos nessa unidade, veja também o material aqui sugerido:

Capítulo 22 do livro: BRUSCA, R.C.; BRUSCA, G.J. Invertebrados. 2.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007.

Capítulos 25, 26, 27, 28, 29 e 30 do livro: JR, C.P.H.; ROBERTS, L.S.; LARSON, A. Princípios
integrados de Zoologia. 11.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

Livro: O Macaco Nu. Autor: Desmond Morris, Editora Record, 2001.

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Referências

BRUSCA, R.C.; BRUSCA, G.J. Invertebrados. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

JR, C.P.H.; ROBERTS, L.S.; LARSON, A. Princípios integrados de Zoologia. 11.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

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Unidade: Equinodermos, Hemicordados e Cordados

Anotações

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